O estudo capturou pequenos mamíferos no Parque Nacional da Serra da Canastra e seu entorno para analisar a presença de Trypanosoma cruzi e Leishmania spp. Foram encontrados anticorpos para T. cruzi em 7,95% dos animais e 2,27% apresentaram anticorpos para Leishmania spp, todos no entorno do parque. O estudo fornece novos registros de espécies para a região.
Detecção de infecção por Leishmania e Trypanosoma em mamíferos no Parque Nacional da Serra da Canastra
1. Dados da solicitação
Número Tipo da solitação Titulo do projeto
Detecção de infecção natural
por Leishmania spp e
Trypanosoma cruzi em
Autorização para atividades
18635 mamíferos silvestres no
com finalidade científica
Parque Nacional da Serra da
Canastra e entorno, Minas
Gerais.
Dados do pesquisador
Nome Nacionalidade CPF Fone E-mail
PAULO
(0xx21) 2562- dandrea@ioc.fio
SÉRGIO D Brasileira 06263919892
1572 cruz.br
ANDREA
Resultados/Discussão
Pergunta/Item Resposta
Foram capturados 138 espécimes das
ordens Rodentia e Didelphimorphia. O
sucesso de captura foi de 6% com uma
riqueza de 15 espécies, sendo 9 roedores e 6
marsupiais. Os espécimes de
Brucepattersonius sp., G. agilis e L.
crassicaudata foram encontrados
exclusivamente no interior do
PNSC,enquanto Calomys sp. e C. philander
foram encontradas apenas no entorno. O
sucesso de captura foi maior no interior do
PNSC (7%) do que no entorno.
Apresentamos o primeiro registro de
ocorrência de A. montensis,
Brucepattersonius sp., Calomys sp., N.
Resultados / Discussão: lasiurus, O. delator e M. sorex, ampliando
assim a riqueza de espécies conhecida na
região. Destacamos que a ocorrência de
Calomys laucha previamente registrada na
literatura para região seria provavelmente
um erro de identificação, pois esta espécie
ocorre somente no sul do Brasil. Em
relação à infecção por T. cruzi e
Leishmania sp., dos 88 pequenos
mamíferos avaliados pela Reação de
Imunofluorescência Indireta sete (7,95%)
apresentaram anticorpos IgG anti-T. cruzi
circulantes, sendo 6 marsupiais e 1 roedor.
Todos oriundos da região do Vão dos
Cândidos. Dois roedores capturados
próximo ao lixão de São Roque
2. Pergunta/Item Resposta
apresentaram anticorpos IgG anti-
Leishmania sp. (prevalência de 2,27%).
Quatorze animais (15,9%), sendo 4
marsupiais, 9 roedores e 1 jaguatirica
apresentaram parasitemia patente por T.
cruzi, sendo possível o isolamento em doze
delas, todos da região do Vão dos
Cândidos. A caracterização por PCR
multiplex do gene mini-exon identificou a
infecção por TcI em todos os isolados.
Cabe descatar que este é o primeiro relato
de Leopardus pardalis infectada por T.
cruzi. Os animais capturados dentro do
parque foram negativos nas provas
sorológicas e parasitológicas para ambas
infecções. A parasitemia patente encontrada
nos pequenos mamíferos silvestres e no
carnívoro amostrado indica que estes
animais estão inseridos no ciclo de
transmissão do T. cruzi, que também inclui
triatomíneos silvestres e cães domésticos
(que foram encontrados infectados em
coleta paralela em diferentes áreas do
entorno do parque). Estas espécies estão
atuando na amplificação da população do
parasito (alta possibilidade de transmitir o
T. cruzi para o vetor). A presença de
elevada prevalência de cães infectados por
T. cruzi em todas as localidades avaliadas
mostra que o ciclo de transmissão está
ocorrendo principalmente no peridomícilio
das áreas rurais em todo entorno do parque.
Ressaltamos que a presença de um cão
infectado por T. cruzi é um indicativo da
presença do parasito em áreas onde estes
animais circulam. Não há indícios que a
presença de cães infectados por T. cruzi
seja fator de risco para a ocorrência de
casos humanos e, portanto, a eutanásia
neste caso não é recomendada.
Informações para UC
Unidade de conservação Pergunta/Item Resposta
Os animais capturados
Recomendações ao
dentro do parque foram
manejo/gestão da unidade de
negativos nas provas
PARQUE NACIONAL DA conservação federal ou à
sorológicas e parasitológicas
SERRA DA CANASTRA proteção das espécies, como
para ambas infecções. A
também à(s) cavidade(s)
parasitemia patente
subterrânea(s) (se houver).
encontrada nos pequenos
3. Unidade de conservação Pergunta/Item Resposta
mamíferos silvestres e no
carnívoro amostrado indica
que estes animais estão
inseridos no ciclo de
transmissão do T. cruzi, que
também inclui triatomíneos
silvestres e cães domésticos
(que foram encontrados
infectados em coleta paralela
em diferentes áreas do
entorno do parque). Estas
espécies estão atuando na
amplificação da população
do parasito (alta
possibilidade de transmitir o
T. cruzi para o vetor). A
presença de elevada
prevalência de cães
infectados por T. cruzi em
todas as localidades
avaliadas mostra que o ciclo
de transmissão está
ocorrendo principalmente no
peridomícilio das áreas
rurais em todo entorno do
parque. Ressaltamos que a
presença de um cão
infectado por T. cruzi é um
indicativo da presença do
parasito em áreas onde estes
animais circulam. Não há
indícios que a presença de
cães infectados por T. cruzi
seja fator de risco para a
ocorrência de casos humanos
e, portanto, a eutanásia neste
caso não é recomendada.
Outro aspecto a considerar é
a escassez de fontes
alimentares para
triatomíneos silvestres em
áreas alteradas, como na
região do Vão dos Cândidos,
devido à perda de habitat,
pode fazer com que esses
insetos invadam áreas
domiciliadas em busca de
alimento, onde os animais
domésticos (especialmente
4. Unidade de conservação Pergunta/Item Resposta
os cães) passam a estar mais
expostos que o homem. A
via de infecção nesses
animais pode ocorrer de
diferentes formas, entre elas:
(i) eliminação do parasito
pelas fezes dos triatomíneos,
durante repasto sanguíneo;
(ii) ingestão (acidental ou
não) de triatomíneos
infectados; (iii) ingestão de
alimentos contaminados por
fezes de triatomíneos e (iv)
predação de pequenos
mamíferos silvestres e
sinantrópicos infectados pelo
parasito. Nossa proposta, que
vem sendo trabalhada em
diversas áreas desde então, é
que os animais domésticos
sejam considerados como
animais sentinelas para áreas
com risco de transmissão
para o homem. Assim, uma
vigilância epidemiológica
nos cães domésticos pode ser
utilizada como uma primeira
medida na avaliação de áreas
de risco.