PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
Código florestal é ameaça ao mangue
1. QUEM TEM A BASE IDEAL,
VOA MAIS LONGE.
Bruno Lopes Pinho
3º Lugar Geral EPCAr no Brasil, de mais de
10 mil inscritos para 180 vagas.
APROVADOS NA EPCAr
Daniel Augusto da Silva Lima
Franklin Pimentel Fayal
Guilherme Rodrigues dos Santos
Haniel Silva Santos
Karin Samer Zahlan
APROVADOS NA AFA
João Luiz Vieira Maciel Borges
Marcel Assunção Lobo
Caio Bittencourt Freitas
Vitor Vilhena de Oliveira
Nélio Dias Santos Júnior
EPCAr
O Ideal levou o 3O
lugar
geral do Brasil, aprovando
6 alunos, de um total de
8 aprovados no Pará, na
Escola Preparatória
de Cadetes do Ar.
AFA
Na Academia
da Força Aérea, dos
8 aprovados no Pará,
5 são do Ideal.
SOU IDEAL TODA VIDA. TODA VIDA IDEAL
3 3 2 3 - 5 0 5 1www.grupoideal.com.br/militar
OLIBERALBELÉM, DOMINGO, 6 DE OUTUBRO DE 2013 ATUALIDADES 7
Revista amplia o debate sobre sustentabilidade no Pará. Páginas 8 e 9. CIDADES
OSWALDOFORTE/ARQUIVOOLIBERAL
Saúde dosmanguezais representa também o meio de sobrevivência das famílias que vivem da cata do caranguejo
Pesquisadores se juntam à comunidade para restaurar os manguezais
“Solo do mangue
tem muitos
sedimentos que
sequestram
carbono”
Código Florestal é ameaça ao mangue
O
Pará tem 28.705 hecta-
res de manguezais sob
ameaça, o equivalente
a 10% da área total de man-
gue. Devido ao Novo Código
Florestal, instituído pela Lei
Federal 12.651/2012, áreas de
mangues conhecidas como
apicuns podem ser usadas
para atividades econômicas,
comoocultivodecamarãoem
cativeiro e produção de sal. Na
Amazônia Legal podem ser
utilizados 10% dos mangues
e no restante do Brasil 35%. O
Pará é a segunda unidade fe-
derativaquemaispossuiáreas
de mangues, com 287.081 ha,
perdendo apenas para o Ma-
ranhão, que tem 541.431 ha.
Em todo o território nacional
estão ameaçados pela expan-
são econômica 195.485 ha. O
Brasil possui o maior espaço
de mangue da América Latina
(50%) e o terceiro no mundo
(7%) com 1.225.444 ha, segun-
do dados da Organização das
Nações Unidas (ONU).
De acordo com pesquisas
da professora da Universidade
de São Paulo (USP) e especia-
lista em manguezais, Yara No-
velli, a expansão de atividades
econômicas é preocupante,
pois esses ecossistemas são
NO PARÁ
Mais de 28 mil
hectares poderão
servir a atividades
econômicas
O pescador Moisés da
Silva Araujo, 34 anos, mora
na comunidade de Taperas-
sucampo, zona rural de Bra-
gança, e sofreu com a devas-
tação do mangue. Ao longo
dos últimos 20 anos, o local
foi sendo desmatado por in-
tegrantes da própria comu-
nidade. Com isso, a pesca foi
se afastando cada vez mais
da comunidade. “Antes fica-
va mais próximo para pegar
caranguejo e pescar. Hoje é
mais ou menos duas horas
de canoa para pescar. Antes,
eram 10 minutos, nem preci-
sava pegar canoa”, compara.
No entanto, a situação tem
mudado desde 2005, quan-
do projetos do Laboratório
de Ecologia de Manguezal
VITO GEMAQUE
DaRedação
importantes para o equilí-
brio ambiental. Segundo ela,
mesmo sendo consideradas
Áreas de Proteção Permanen-
tes (APPs) pelo Código Am-
biental, ao longo dos últimos
25 anos o País já perdeu cerca
de 50 mil hectares e os danos
ambientaispodemseaprofun-
dar.“Osmanguesocorrempor
todo o litoral brasileiro. Cerca
de 75% das espécies marinhas
dependem da saúde dos man-
guezais.Vemososregistrosde
mais perdas na quantidade de
espécies sem eles”, ressalta.
Além de ser o local da
base alimentar de espécies
marinhas, os mangues são
regiões de transição entre os
sistemas aquático e terrestre,
com diversas especificidades,
como a baixa concentração de
oxigênio, regime de mares e
riqueza em matéria orgânica.
“Servem de proteção para as
áreas costeiras.Emmomentos
que você vai ter grandes even-
tos climáticos, elas vão barrar
essas situações e impedem a
erosão”, explica a pesquisado-
ra da Universidade Federal do
Pará (UFPA), Erneida Coelho,
que trabalha há cinco anos no
manguezal do município de
Bragança, nordeste paraense.
No Pará, um dos maiores
exemplos de degradação des-
temeioambientefoiaconstru-
çãodarodoviaPA-458,queliga
BragançaàpraiadeAjuruteua.
Devido ao empreendimento
foram perdidos cerca de 26
km de floresta. “Não houve
nenhum estudo de impacto
ambiental e tivemos um im-
pacto em todo o lado oeste da
estrada, que morreu”, relata. A
degradação pode ser constada
na diminuição do tamanho
dos caranguejos. “À medida
que você tem esse fator de de-
gradação nessas áreas, toda a
populaçãoquesobrevivedisso
será afetada. Se eles não têm
esserecursos,deondeelesvão
se manter?”, indaga Yara.
ALTERNATIVAS
Os manguezais podem ser
utilizados como espaços de
manejo sustentável e também
para o sequestro de carbono,
já que são fixadores de gás
carbônico (CO²). “Os sedimen-
tos dos mangues conseguem
manter mais de 15 vezes gás
carbônico do que as florestas
tropicais mais conhecidas. O
solo do mangue tem muitos
sedimentos que sequestram o
carbono”, explica a professora
Yara.
Tanto órgãos governamen-
taiscomooMinistériodoMeio
Ambiente(MMA)eaSecretaria
de Estado do Meio Ambiente
(Sema), quanto os pesquisado-
res concordam que o Estado
possui os manguezais mais
bem conservados de todo o
Brasil e com uso sustentável.
A fiscalização é dividida entre
as diferentes esferas do poder
público. “Nós podemos dizer
que, apesar do nordeste para-
ense ter mais de 300 anos de
colonização, os manguezais
ainda estão altamente conser-
vados e produtivos”, constata
o diretor de áreas protegidas
da Sema, Crisomar Lobato. De
acordo com dados do MMA,
54% dos manguezais do Pará
estãoabrigadosemdezUnida-
desdeConservação(UC),todas
deusosustentável,sendouma
Área de Proteção Ambiental
(APA) e nove Reserva Extrati-
vistas (Resex) marinhas.
SegundoCrisomar,asame-
aças na Amazônia Legal são a
super-exploraçãodocarangue-
jo,apescapredatória,aprodu-
ção de lixo do turismo de ve-
raneio, a falta de saneamento
eaconcentraçãodapopulação
nas zonas costeiras. “Na zona
costeira da Amazônia há 32
habitantes por quilômetro
quadrado, em comparação
com quatro por quilômetro
quadrado em outras áreas. É
umaconcentraçãomuitogran-
de”, diz ele.
(LAMA) da Universidade Fe-
deral do Pará (UFPA) come-
çaram a ser implantados.
Moisés virou monitor de
um projeto de restauração
das áreas degradadas com
o replantio de árvores. Ele
cuida do viveiro de mudas
de árvores. “Teve uma me-
lhora, a partir de 2005, para
cá. Nós estamos com mais
conhecimento do que é de-
vastar o mangue e temos
ações de conscientização”,
relata Moisés, que também
propaga informações nas
escolas da região. A melho-
ria do meio ambiente au-
menta a qualidade de vida
da comunidade, já que as
atividades de subsistência
tem um melhor resultado.
O projeto desenvolvido
em parceria com as comu-
nidades de Tamatuateua e
Taperassucampo, já replan-
tou cerca de 10 mil mudas
desde 2005, segundo a pro-
fessora da UFPA, Eneida Co-
elho, uma das responsáveis
pelo projeto. “No início tí-
nhamos viveiros que eram
depredados, hoje tem uma
consciência da comunidade
em cuidar daquele viveiro.
Você vê plantas de mais de
3 metros em Tamatuteua.
Em áreas antes devastadas
de três hectares temos ár-
vores de 1,20m a 3m. Nes-
sas áreas é visível o retorno
do caranguejo, que passa a
habitar esse ambiente revi-
talizado”.
ELIVALDOPAMPLONA/ARQUIVOOLIBERAL.
Recuperação do mangue abre novas perspectivas para as populações tradicionais