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LUCILENE COLARES RODRIGUES
A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA:
“Vendedores Ambulantes”
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE
CURSO DE ARTES VISUAIS
Campo Grande – MS
2010
LUCILENE COLARES RODRIGUES
A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA:
“Vendedores Ambulantes”
Relatório técnico - cientifico apresentado ao
Curso de Graduação em Arte Visual -
Bacharelado da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul como requisitos final à
obtenção do titulo de Bacharel em Artes
Visuais.
Orientador: Prof. Me. Darwin Antonio Longo
de Oliveira.
Campo Grande – MS
2010
LUCILENE COLARES RODRIGUES
A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA:
“Vendedores Ambulantes”
Relatório técnico - cientifico apresentado
ao Curso de Graduação em Artes Visuais-
Bacharelado da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul como requisito final à
obtenção do título de Bacharel em Artes
Visuais.
Orientador: Profº. Me Darwin Antonio
Longo de Oliveira.
Campo Grande, MS______de __________ de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Profº. Me. Darwin Antonio Longo de Oliveira
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
__________________________________________
Profª. Drª. Carla Maria Buffo de Cápua
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
__________________________________________
Profª. Ma. Priscilla de Paula Pessoa
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
AO ALEXANDRE, MEU MARIDO E AMOR
Pois para mim ele é sinônimo de amor, persistência,
estímulo, incentivo, inteligência, dedicação e paciência.
AMOR, incondicionalmente dedicado a mim e aos nossos
filhos. PERSISTÊNCIA e ESTÍMULO, por nunca me deixar
desistir, mesmo nos momento mais delicados, quando eu
julgava que não daria conta, ele estava ali me
INCENTIVANDO a buscar nos estudos a minha realização
pessoal. INTELIGÊNCIA, por ser quem é. E DEDICAÇÃO,
pelas inúmeras vezes que deixou o seu trabalho para me levar
ou me buscar em algum lugar com aquelas telas, a
PACIÊNCIA de ficar me esperando por horas em frente ao
bloco 8 da UFMS.
Se hoje estou finalizando este trabalho, me graduando em
Artes... é graças as suas palavras, sua dedicação, seu amor,
seu incentivo, enfim é graças a ele. Por isso dedico ao meu
amado marido tudo que conquistei e que estou conquistando
hoje.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois, sem sua ajuda, nada teria sido possível.
Aos Profº Me. Darwin Antonio Longo de Oliveira, Profª Drª. Carla Maria Buffo
de Cápua, Profª Ma. Aline Cerutti, pelo incentivo e por aceitar a orientação deste
trabalho.
Ao Alexandre meu amado e companheiro, cujas palavras de incentivo, força,
carinho, pela incansável disposição e que muito me ajudou, foram essenciais para a
conclusão deste trabalho, meus sinceros agradecimentos. Aos meus filhos Vinicius,
Alexandre Jr. e Julianna pelo amor incondicional e compreensão pelos momentos de
ausência.
A minha nora Karla, minha Profª de desenho e pintura Raquel, minha amiga
Isabel, e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para o
sucesso do meu trabalho, enfim o meu muito OBRIGADO.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar à banca examinadora, a materialização dos
trabalhos realizados para a conclusão do Curso de Artes Visuais – Bacharelado. A
linguagem artística escolhida foi a pintura, com o tema A Temática Social na Pintura
Trabalhadores Ambulantes do MS e como proposta apresentar uma pesquisar
teórica e prática sobre pintura, especificamente pintura com estética de tendência
figurativa e teor social, tendo como tema os ambulantes de Campo Grande, pessoas
anônimas atuando na rua, vendendo produtos variados, tirando desse trabalho seu
sustendo e o de sua família. A Produção plástica do tema social proposto permite o
uso das cores impressionistas, cores claras e cores escuras, grande quantidade de
tinta, perspectiva e detalhes que tem função de demonstrar a pintura figurativa
Impressionista. Há ainda referências visuais dos artistas como, Jean-Francois Millet,
Paul Cézanne e outros que trabalharam com temáticas sociais.
Palavras-Chave: Artes plásticas. Vendedores ambulantes. Teor social na pintura.
Estética figurativa.
ABSTRACT
The aim of this paper is to present to the bank examiner, the materialization of the
work for completion of the School of Visual Arts – Bachelor. The language was
chosen artistic painting on the theme. The Thematic Social Workers in Painting from
Ambulates MS and as a proposal to present a theoretical and research a proposal to
present a theoretical and research practice of painting, especially painting aesthetic
trend figurative and social content, and as its theme the street from Campo Grande,
anonymous people working in the street, selling various products, making this
sustaining their work and that of his family. Production Plastic social issue proposed
allows the use of colors Impressionists, light colors and dark colors, great ink,
perspective and detail that has demonstrate the function of figurative painting
Impressionist. There are also visual cues from artists like Jean François Millet, Paul
Cézanne and others who worked with social issues.
Keywords: Visual arts. Hawkers. Social content in paint. Figurative aesthetics.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12
2 O TEMA SOCIAL NA PINTURA E AS INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS ......................14
2.1 O Fim Do Ideal Clássico Na Pintura ................................................................14
2.2 O Realismo Do Século XIX..............................................................................15
2.3 Impressionismos Como Estética......................................................................20
2.4 Paul Cézanne ..................................................................................................22
2. 5 O Muralismo Para O Povo..............................................................................24
2.6 O Modernismo Para O Brasileiro .....................................................................27
2.7 Artes Plásticas Em Mato Grosso Do Sul..........................................................31
2.8 Fotografias.......................................................................................................33
2.8.1 Fotógrafos lambe-lambe ...........................................................................33
2.8.2 Vendedor de redes....................................................................................34
2.8.3 Pipoqueiro .................................................................................................35
2.8.4 Sorveteiro..................................................................................................36
2.8.5 Vendedores de morango...........................................................................37
2.8.6 Vendedor de coco .....................................................................................38
2.8.7 Vendedor de chipa ....................................................................................39
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................40
3.1 A Definição do Tema e a Pesquisa de Campo ................................................40
3.2 Materiais Utilizados..........................................................................................41
3.3 A Produção Artística ........................................................................................41
3.3.1 Trabalhos desenvolvidos...........................................................................42
3.4.1. Obra: Sonhador........................................................................................45
3.4.2 Obra: Tarde na Praça................................................................................46
3.4.3. Obra: Jovem Aprendiz..............................................................................47
3.4.4 Obra: Tarde de Sol....................................................................................48
3.4.5 Obra: A Espera..........................................................................................49
3.4.6 Obra: Chipa Morena..................................................................................50
3.4.7 Obra: Moça do Coco .................................................................................51
CONCLUSÃO............................................................................................................52
REFERÊNCIAS.........................................................................................................53
ANEXOS ......................................................................Erro! Indicador não definido.
LISTA DE FIGURAS
Figura Figura 1 – Jean-François Millet: As Respigadeiras (1857)
Óleo sobre tela, 81 x 101 cm. Paris, Musée d’Orsay............................................................................16
Figura 2 – Jean-François Millet: O Ângelus (1858-9)
Óleo sobre tela, 0,55 x 0,66 cm. Paris, Musée d’Orsay........................................................................16
Figura 3 - Gustave Courbet: As Peneiradoras de trigo (1850)
Óleo sobre tela, 165 x 238 cm. Paris, Musée du Petit-Palais................................................................17
Figura 4 – Gustave Courbet: Enterro em Ornans (1847)
Óleo sobre tela, 1,74 x 4m. Paris, musée du Petit Palais......................................................................18
Figura 5 – Gustave Courbet: O quebra-predas, (1849)
Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Milão, coleção particular....................................................................18
Figura 6 – Foto: Lu colares....................................................................................................................19
Figura 7 – Paul Cèzanne: Monte Sainte-victoire, (1904-1906)
Óleo sobre tela, 0,60 x 0,73 cm. Zurique, Kunsthaus............................................................................23
Figura 8 – Diego Rivera: Vendedora de Flores, (1942)
Óleo sobre tela, 1,21 x 1,21 cm. Cidade do México..............................................................................25
Figura 9 – David Alfaro Siqueiros: Mãe Camponesa, (1930)
Óleo sobre tela, 2,25 x 1,79 cm. Museu de Arte Moderna, Cidade do México.....................................25
Figura 10 – José Clemente Orozco: As lutas Proletárias, (1941)
Afresco. Museu, Escola México, Chile..................................................................................................26
Figura 11 – Lu Colares: Vendedor de coco (2010)...............................................................................26
Figura 12 – Tarsila do Amaral: Vendedor de Frutas, 1925
Óleo sobre tela, 108 x 84 cm. Col. Gilberto C.B de Mello.....................................................................28
Figura13 – Tarsila do Amaral: Operários, (1933)
Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, São Paulo..........28
Figura 14 – Cândido Portinari: O Café, (1934)
Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Museu nacional de Belas Artes, Rio De Janeiro...............................29
Figura 15 – Renata Gimenes: Vendedor de frutas (2009). Fonte: www.inclusivecities.org..................30
Figura 16 – Autoria: Ilton Silva: Peão. Fonte: iltonsilva.com http://www.br/galeria/...............................32
Figura 17 – Autoria: Darwin Longo. Fonte: www.overmundo.com.br/agenda/professor-de-arte..........32
Figura 18 – Fotógrafo lambe-lambe (2005). Autoria: Lu Colares..........................................................33
Figura 19 – Vendedor de redes (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................34
Figura 20 – Pipoqueiro (2005). Autoria: Lu Colares..............................................................................35
Figura 21 – Sorveteiro (2005). Autoria: Lu Colares..............................................................................36
Figura 22 – Vendedores de morangos: (2005). Autoria: Lu Colares....................................................37
Figura 23 – Vendedor de coco (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................38
Figura 24 – Vendedora de bilhete da sorte (2005). Autoria: Lu Colares...............................................38
Figura 25 – Vendedor de chipa (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................39
Figura 26 – Fotocopia quadriculada (2010). Autoria: Lu Colares..........................................................42
Figura 27 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................42
Figura 28 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................42
Figura 29 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................43
Figura 30 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................43
Figura 31 – Sonhador (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 1x1 m...........................................................................................................................45
Figura 32 – Tarde na Praça (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................46
Figura 33 – Jovem Aprendiz (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................47
Figura 34 – Tarde de Sol (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................48
Figura 35 – A Espera (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................49
Figura 36 – Chipa Morena (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................50
Figura 37 – Moça do Coco (2010). Autoria: Lu Colares
Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................51
INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso – TCC do curso de Artes Visuais –
Bacharelado teve por objetivo principal transformar as idéias, insights ou inspiração
em forma material, dentro da pintura.
A arte de pintar encontra-se inserida nas artes plásticas, desde os tempos
mais remotos. A pintura é uma das manifestações mais inerentes ao ser humano,
que dela já fazia uso nos primórdios da história, com as pinturas rupestres.
A arte tem a função de levar, através de suas diversas formas de
manifestações e manipulações, um conteúdo pré-estabelecido pelo seu responsável
ou criador, ou seja, a arte é um mecanismo de expressão pelo qual o homem
materializa suas emoções ou idéias para aqueles que este objeto de criação venha
ter contato. É através deste contato que o expectador percebe aquilo que foi
expresso pelo criador do objeto.
Segundo Fischer (1981) na pré-história os homens pintavam nas paredes das
cavernas o seu cotidiano: a caça de animais, seus afazeres domésticos, a coleta,
seus rituais de magia, sua sexualidade. O homem através dos tempos foi sempre
inventando formas de se comunicar entre si e criou conceitos sobre sua própria
existência, seu lugar no mundo.
Pode-se dizer que ignoramos como e quando a arte começou, mas segundo
Gombrich (1979), ela é transmitida de mestre a discípulo, e de discípulo a admirador
ou copista, a que vincula a arte do nosso tempo à arte do Nilo de cinco mil anos
atrás.
No nosso século a arte tem um papel diferente, pois, em tempos de crises
mundiais e catástrofes ambientais, não basta que a arte seja somente a expressão
de beleza ou de decoração. Vivemos em um mundo de miséria, desigualdades
sociais, corrupção, violência e outras diversidades, portanto a arte pode oferecer
subsídios de conscientização e de representação de diversos fatos do cotidiano.
As bases teóricas adotadas e que serviram como eixos condutores do
presente trabalho foram extraídos das reflexões a partir da seguinte leitura básica: A
História da Arte (GOMBRICH, 1979); A Necessidade da Arte (FISCHER, 1981); Arte
Moderna (ARGAN, 1992); História das Artes (CAVALCANTI, 1978).
A pesquisa em Arte tem como objetivo a criação poética em artes visuais
sobre a temática “A temática Social na Pintura: Trabalhadores Ambulantes do MS”,
cuja temática trata sobre a Arte social. A proposta que é apresentada neste trabalho
consiste em mostrar através da pintura vendedores ambulantes de pipoca, sorvetes,
redes, doces, etc., passando reflexões sobre suas condições de trabalho, seu
momento psicológico, relacionada ao comércio informal no espaço público e os
estilos de vida configurados a partir das práticas e saberes desses vendedores das
ruas do centro de Campo Grande-MS.
O estudo da parte estética está fundamentado em alguns artistas de
diferentes movimentos que exploraram a pintura social. Dentre eles está Jean-
François Millet (1814-1875), Gustave Courbert (1819-1877), Rivera (1886-1957),
Siqueiros (1896-1974), Orozco (1883-1949), Cândido Portinari (1903-1962) e Tarsila
do Amaral (1886-1973).
A metodologia consistiu no estudo das obras e da vida dos autores de
referência, leitura dos autores indicados para consolidação do suporte teórico e
seleção das fotografias para criação das telas. A análise dos trabalhos encontra-se
no corpo do presente relatório.
Este relatório está dividido em dois capítulos:
CAPITULO 2 - O tema social na pintura e as influências estéticas no estudo
do Realismo, do Movimento Muralista Mexicano, do Modernismo Brasileiro e das
Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul. Neste capítulo descreve-se a natureza
realista da proposta e relaciona-se a mesma escolha da temática “Vendedores
Ambulantes”.
CAPITULO 3 – Fala-se do processo metodológico e da análise das criações,
apresentando a feitura das obras, por meio de pesquisas, fotos, e materiais
utilizados na produção das pinturas.
2 O TEMA SOCIAL NA PINTURA E AS INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS
Neste capítulo é apresentado, por meio da história da pintura nas artes
plásticas a partir do século XIX, o advento da temática social e seus expoentes
através do estudo do Realismo, do Movimento Muralista Mexicano, do Modernismo
Brasileiro e das Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul.
Também neste capítulo, apresenta-se paralelamente a temática social, a
maior inspiração para este trabalho, na figura do vendedor ambulante com
influências estéticas das cores Impressionistas para a realização da produção
artística.
2.1 O Fim Do Ideal Clássico Na Pintura
Renunciando a inovações derivadas de modelos clássicos, tanto na temática
como no estilo de pintar, e idealizando novos conceitos de caráter revolucionários e
bastante expressivos, os pintores no século XIX começam a contemplar e
representar o aspecto social e político, realizando muitas obras com cenas e
pessoas reais em seu cotidiano simples, afirmando a autonomia e assumindo a total
responsabilidade do seu agir, ou seja, o artista não se abstrai da realidade histórica;
declara explicitamente, pelo contrário, ser e querer ser do seu próprio tempo.
[...] a atividade artística torna-se uma experiência primária e não mais
derivada, sem outros fins além do seu próprio fazer-se. À estrutura
binária da mimesis segue-se a estrutura monista da poiesis, isto é, do
fazer artístico, e, portanto, a oposição entre a certeza teórica do
clássico e a intencionalidade romântica (poética) (ARGAN, 1992, p.11)
2.2 O Realismo Do Século XIX
Segundo Cavalcanti (1978) o Realismo, se desenvolveu ao lado da crescente
industrialização das sociedades, O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o
conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza
convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas,
deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.
A pintura caracteriza-se, sobretudo, pelo princípio de que o artista deve
representar a realidade com objetividade, sem deixar-se envolver por sentimentos,
cautela ou preferências. Ao artista não cabe “aperfeiçoar” artisticamente a natureza,
pois a beleza está na realidade tal qual ela é. Sua função é apenas revelar os
aspectos mais característicos e significativos da realidade.
Em vista disso, a pintura realista deixou completamente de lado os temas
mitológicos, bíblicos, históricos e literários, pois, o que importa é a criação a partir de
um fato real e não imaginado.
A volta do artista para a representação da realidade teve como conseqüência
sua politização. Isso porque, se a industrialização trouxe um grande
desenvolvimento tecnológico, ela provocou também o surgimento de uma grande
massa de trabalhadores, vivendo nas cidades em condições precárias e trabalhando
em situações desumanas. Surge então a chamada “pintura social”, denunciando as
injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a
opulência da burguesia.
No século XIX, durante a Revolução de 1848, houve uma grande mudança
nas convenções que governam a temática da pintura. Antes, nas academias era
preponderante a idéia que as pinturas para serem importantes, deveriam representar
pessoas importantes, e que trabalhadores e camponeses forneciam temas
adequados somente para as cenas de gente, na tradição dos mestres holandeses.
Segundo Gombrich (1979) François Millet (1814-75) com a temática
dominante do trabalho rural pintou em 1857 “As Respigadeiras” (figura 1) e “O
Ângelus” em (1858-59) (figura 2), duas obras de extrema importância para o
Realismo, ele fez a disposição do movimento e da distribuição das figuras que
conferem estabilidade no todo e nos faz compreender que o pintor considerava o
trabalho da colheita uma cena de solene importância, como se pode ver nas
imagens a seguir.
Figura 1 – Jean-François Millet: As Respigadeiras (1857)
Óleo sobre tela, 81 x 101 cm. Paris, Musée d’Orsay.
Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean
Figura 2 – Jean-François Millet: O Ângelus (1858-9)
Óleo sobre tela, 0,55 x 0,66 cm. Paris, Musée d’Orsay.
Fonte: Argan (1992, p.73)
De acordo com Cavalcanti (1978) o pintor que deu um nome a esse
movimento foi Gustave Courbet (1819-77), quando ele abriu uma exposição
individual intitulada Le Réalisme, G. Courbet. O seu “realismo” iria marca uma
revolução na arte.
Numa técnica de pinceladas pastosas, triturando e argamassando as tintas
fixavam com realismo (o que parecia vulgar e grosseiro às sensibilidades habituadas
ao idealismo neoclássico), temas do cotidiano, especialmente tipos e cenas das
classes populares como podemos observar na obra a seguir (Figura 3).
Figura 3 - Gustave Courbet: As Peneiradoras de trigo (1850)
Óleo sobre tela, 165 x 238 cm. Paris, Musée du Petit-Palais.
Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean
Para Argan (1992), Courbet crê que a força da obra reside na pintura e não
no objeto. As bases do Realismo, que lança em 1847, são Enterro em Ornans (figura
4) e O quebra-pedras (figura 5), nos quais mais do que representar a realidade,
identifica-se com ela.
Segundo Argan (1992), Courbet quer viver a realidade como ela é, nem bela
nem feia: para chegar a isso, não tendo outro caminho, desfazem-se de todos os
esquemas, preconceitos, convenções, tendências do gosto. Para tocar a verdade,
ele elimina a mentira, a ilusão, a fantasia. Tal é o seu “realismo”, princípio antes
moral do que estético: não culto e amor, devota imitação, mas pura e simples
constatação do verdadeiro de acordo com as obras seguinte.
Figura 4 – Gustave Courbet: Enterro em Ornans (1847)
Óleo sobre tela, 1,74 x 4m. Paris, musée du Petit Palais.
Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean
Figura 5 – Gustave Courbet: O quebra-pedras, (1849)
Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Milão, coleção particular.
Fonte: Argan (1992, p.92)
O Realismo se torna um grande parâmetro para este trabalho, ao se tratar de
uma temática social, mostrando em alguns momentos o trabalhador simples, como
os das minhas criações, nas quais apresento os vendedores ambulantes que
trabalham muitas vezes sem regularização de seu espaço e suas mercadorias.
Justifico esse paralelo da figura do trabalhador por meio da obra de François Millet
(1814-75), demonstrando o retrato real de uma pessoa em busca de sua
sobrevivência e simplicidade, de modo contemplativo e grandioso.
A foto seguir (figura 6) caminhão do ambulante vendedor de frutas capta essa
simplicidade do real, mas de certo modo também capta uma beleza poética, na qual
o vendedor posicionado em uma rua de grande fluxo espera seus clientes com as
frutas organizadas em seu caminhão.
Figura 6 – Caminhão do Vendedor de frutas
Fonte: Lu Colares, 2010
2.3 Impressionismos Como Estética
Segundo Cavalcanti (1978), o Impressionismo foi o movimento mais
revolucionário ocorrido na história da pintura do Ocidente, desde a Renascença aos
fins do século XIX.
Nenhum outro movimento pode ser comparado, tanto pela nova visão plástica
do mundo que se revelou, como pelas originais inovações que introduziu no domínio
da técnica da pintura. Contribuiu direto e decisivo para a formação das primeiras
grandes escolas da pintura moderna, no começo do século XX.
Segundo Gombrich (1979), Manet e seus seguidores descobriram que, se
olharmos a natureza ao ar livre, não vemos os objetos individuais, cada um com sua
própria cor, mas uma brilhante mistura de matizes que se combinam em nossa
mente.
Em 1863, os pintores acadêmicos recusaram-se a aceitar as obras de Manet
para a exposição oficial, no Salão dos Artistas Franceses. Uma onda de agitação
popular levou as autoridades a exibirem todas as obras que haviam sido recusadas
pelo júri numa mostra especial que recebeu o nome de “Salão dos Recusados”.
O público compareceu, principalmente para rir daqueles que haviam recusado
a aceitar o veredicto dos seus superiores. Entretanto, nessa época, as pinturas de
Manet eram feitas com inspiração em Frans Hals, em Giorgione e Ticiano, em
Velásquez e Goya, tornando difícil a compreensão da violência entre artistas e
críticos.
Manet dava um tratamento, que ao ar livre e sob plena luz do dia, as formas
redondas parecem às vezes planas, como manchas coloridas, obtendo o efeito que
ele desejava explorar, dando a impressão de real profundidade.
Apesar de Édouard Manet não ter se considerado um impressionista, foi em
torno dele que se reuniu grande parte dos artistas que posteriormente foram
chamados de impressionistas.
Entre esses pintores que se juntaram a Manet e ajudaram a desenvolver
essas idéias estava um obstinado jovem de Le Havre, Claude Monet (1840-1926).
Monet insistiu com seus amigos para que abandonassem seus ateliês e só
voltassem a dar uma pincelada diante do “motivo”.
A “natureza” ou o “motivo” muda de minuto a minuto, com a mudança do sol,
das nuvens ou do vento que quebra o reflexo na água e o artista não dispõe de
tempo para combinar suas cores. Ele deve usá-las de imediato, em rápidas
pinceladas, cuidando menos dos detalhes e mais do efeito geral produzindo pelo
todo.
Em 1874 preparava-se, no estúdio do fotógrafo Nadar, em Paris, uma
exposição. Continha uma tela de Monet que o catálogo descrevia com o nome
“Impressão: Nascer do Sol”. No dia seguinte, um dos críticos falava ironicamente do
acontecimento, tachando-o de "os impressionistas". Nascia, assim, uma
denominação que se tornaria famosa no mundo todo: O IMPRESSIONISMO.
Segundo Cavalcanti (1978, p.216), as principais características da pintura
Impressionista são:
1º - A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz
solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam
constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.
2º - As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser
humano para representar imagens e não existe na natureza.
3º - As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual
que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam
representá-las no passado.
4º - Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores
complementares.
5º - As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta
do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas
pinceladas.
O Impressionismo se apresenta em minhas criações por meio da estética, nas
quais também não apresentam contorno, há a ausência do preto, e são
representadas por meio de cores puras e vibrantes.
2.4 Paul Cézanne
Paul Cézanne foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho
forneceu as bases da transição das concepções do fazer artístico do século XIX
para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado
como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do
século XX.
Paul Cézanne nasceu em Aix-en-Provence em 10 de janeiro de 1839 e
morreu na mesma cidade em 22 de outubro de 1906. Em 1852 ingressou no Collège
Bourbon, de Aix, onde se tornou amigo íntimo de Émile Zola, que teve grande
influência em sua formação literária. Aprendeu o desenho e os primeiros rudimentos
da pintura sob a orientação de Gilbert, na Escola de Belas-Artes de Aix.
Embora contrário à vocação artística do filho, seu pai, banqueiro em Aix,
permite-lhe afinal estudar pintura em Paris, de abril a setembro de 1861. Cézanne
candidata-se à Escola de Belas Artes, mas foi recusado e volta à sua cidade.
Retornará a Paris, contudo, teve que trabalhar em atelier particular, a Académie
Suisse. Nos anos seguintes, nos quais alternou estadas em Paris, com retiro em Aix,
a casualidade propiciou-lhe o encontro com pintores dos quais se aproximava pelo
talento: Monet, Sisley, Guillaumin, Bazille, Renoir, Manet.
Nessa época, ele tem grande admiração por Delacroix e Courbet. Pinta uma
série de obras de inspiração romântica.
Em janeiro de 1872, estabelecer-se em Pontoise, onde se acha Pissarro, que
o encaminha para a pintura ao ar livre do Impressionismo. Inicia-se então a
verdadeira carreira do artista.
Após uma fase inicial dedicada aos temas dramáticos e exagerados próprios
do período “romântico-expressionista”, depois a grande mudança, os
impressionistas, até que Cézanne compreendeu que a partir desta “tortuosidade”
deveria aprender era consigo mesmo, investigar a fundo o seu próprio “eu” mais
intimo e secreto, a fim de que nascesse da evolução do gênio mais original do
século XIX, tudo o que se constituiu a base da pintura moderna para o século
seguinte.
Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em
benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu
a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram
essenciais para suas composições únicas.
Cézanne pinta principalmente a paisagem e a representação de naturezas
mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar
as suas paisagens estudava-as e analisava os seus valores plásticos, reduzindo-as
depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas paralelas.
Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinam-se à unidade de
composição. As suas paisagens são sutilmente geométricas. Cézanne pintou
especialmente a sua Provença natal (figura 7). (BIBLIOTECA DE ARTE, 1973)
Figura 7 – Paul Cèzanne: Monte Sainte-victoire, (1904-1906)
Óleo sobre tela, 0,60 x 0,73 cm. Zurique, Kunsthaus.
Fonte: Argan (1992, p.115).
As minhas criações de temática realista dos vendedores ambulantes foram
pintadas com a teoria das cores impressionistas, mas com pinceladas pós-
impressionistas, portanto para realizar minhas pinturas busquei as pinceladas de
Paul Cézanne, na qual apresenta a força do gesto do pintor e dá maior expressão
para o tema abordado. As produções plásticas serão explicitadas no próximo
capítulo que trata dos procedimentos metodológicos
2. 5 O Muralismo Para O Povo
De acordo com enciclopédia Gênios da Pintura (1969), o Muralismo
mexicano, importante escola da pintura moderna, foi um movimento artístico singular
e de extrema importância para a arte mundial do século XX.
O traço fundamental deste movimento é a intervenção social e política através
da arte, levando-a ao povo e, através dela, transmitindo uma mensagem de
otimismo e solidariedade em relação à sociedade e à humanidade. A temática
central é o povo mexicano, a sua vida, a sua história e os seus valores, a melhor
forma de fazer passar a mensagem ao povo de um modo simples e compreensível.
Isto foi realizado através de uma técnica extraordinária, a pintura mural, que tornava
a arte acessível às massas e que foi levada a cabo com grande talento pelos
grandes pintores mexicanos Orozco, Rivera e Siqueiros, entre outros.
Rivera, Siqueiros e Orozco, fundam o “Sindicato dos Pintores”, e passam a
produzir obras que pudessem ser vistas por todos, a qualquer momento, não em
museus ou em instituições às quais o povo nunca teve acesso, mas em locais
públicos, escolas, repartições oficiais. Nesse contexto nasceu o muralismo.
As obras: Vendedora de Flores (figura 8), Mãe Camponesa (figura 9) e As
Lutas Proletárias (figura 10) são exemplos claros do Muralismo, no sentido realista
popular e político, das representações do povo mexicano.
Em outras palavras, a pintura mural exprime, quanto ao conteúdo, dois
aspectos básicos: confere à massa anônima da população indígena o
direito de ser protagonista da arte de seu país; revive o orgulho pelo
grandioso passado asteca. É uma reivindicação social e um cântico
altivo. É a revelação dos humildes e a celebração da raça. (GÊNIOS
DA PINTURA, 1969, p.5)
Figura 8 – Diego Rivera: Vendedora de Flores, (1942)
Óleo sobre tela, 1,21 x 1,21 cm. Cidade do México.
Fonte: lucaasblog.blogspot.com/2009/06/o-mexico-e-o
Figura 9 – David Alfaro Siqueiros: Mãe Camponesa, (1930)
Óleo sobre tela, 2,25 x 1,79 cm. Museu de Arte Moderna, Cidade do México.
Fonte: www.hispanista.com.br/revista/imagens/artigo1.jpg
evista/imagens/artigo1.jpg
Figura 10 – José Clemente Orozco: As lutas Proletárias, (1941)
Afresco. Museu, Escola México, Chile.
Fonte: www.hispanista.com.br/revista/imagens/artigo1.jpg
O Muralismo do século XX me proporcionou um sentimento de revelação da
massa anônima e humilde. Ao se tratar da temática, esse movimento artístico de
forte impacto contribui muito para minha realização artística, pelo fato de que
pessoas simples são representadas como protagonistas da obra, igualmente as
minhas criações, nas quais os vendedores ambulantes se tornam superiores e
determinados em suas funções, sem perder a dignidade e a esperança, como
podemos ver na imagem a seguir de um vendedor de coco (figura 11).
Figura 11 – Vendedor de coco
Fonte: Lu Colares, 2010
2.6 O Modernismo Para O Brasileiro
Segundo Gonçalves (2007) a arte brasileira sofreu mudanças no período
entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial, mudança esta de formação artística,
quanto na critica e em aspectos sócio-culturais. O Modernismo no Brasil tem como
marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de
1922, considerada um divisor de águas na história da cultura brasileira. O evento -
organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da
Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às
correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte
acadêmica. Uma das saídas foi explorar eventos ruidosos, como a chamada
Semana de 22 ou a inserção da Revista Antropofagia em periódico de grande
circulação, o Diário de São Paulo, lido pelas famílias tradicionais. A defesa de um
novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país
faz do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção
realizada sob a influência de 1922. Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade
e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di
Cavalcanti, na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua
abrangência e heterogeneidade.
Apesar da força literária do grupo modernista, as artes plásticas estão na
base do movimento. O impulso teria vindo da pintura, da atuação de Di Cavalcanti à
frente da organização do evento, das esculturas de Brecheret e, sobretudo, da
exposição de Anita Malfatti, em 1917.
Tarsila do Amaral não esteve presente ao evento de 1922, o que não tira o
seu lugar de grande expoente no modernismo brasileiro. Associando a experiência
francesa - e o aprendizado com André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger - aos
temas nacionais, a pintora produz uma obra emblemática das preocupações do
grupo modernista. Não que ela tenha sido nacionalista ou sua obra, na realidade seu
desejo era inscrever sua identidade, conferindo-lhe forma e delineando limites, ser
profunda e universal a partir do seu chão, um exemplo dessa busca é a obra
Vendedor de Frutas (figura 12) da fase Pau-brasil. Talvez seja dessa artista a
linguagem mais instigante e polêmica nas artes visuais dos anos 1920. O final da
década de vinte é marcado por mudanças políticas e Tarsila não escapa a elas, o
que acaba repercutindo em sua pintura conduzindo-a a arte social, enfocando a
massa de imigrantes e os movimentos sociais em torno das melhorias de condições
de trabalho nos anos 30 do século XX, demonstrada na obra Operários (figura 13).
Figura 12 – Tarsila do Amaral: Vendedor de Frutas, 1925
Óleo sobre tela, 108 x 84 cm. Col. Gilberto C.B de Mello
Fonte: Mestres das Artes no Brasil, Trasila do Amaral (2005 p.22).
Figura 13 – Tarsila do Amaral: Operários, (1933)
Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, São Paulo.
Fonte: Mestres das Artes no Brasil, Trasila do Amaral (2005, p.29).
Com a inflexão nacionalista do período, exemplarmente representada por
Cândido Portinari, Portinari pode ser tomado como expressão típica do modernismo
de 1930. À pesquisa de temas nacionais e ao forte acento social e político dos
trabalhos, o artista destacava em suas obras momentos de lazer e descanso, assim
humanizando o homem do campo (figura 14). Modernistas da primeira geração
despertaram para a situação discriminatória diante do negro em nossa sociedade, e
Di Cavalcanti conferirá nobreza a essa vertente.
Figura 14 – Cândido Portinari: O Café, (1934)
Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Museu nacional de Belas Artes, Rio De Janeiro.
Fonte: aprendemos-mikasmi.blogspot.com/2008/11/porti
Aos poucos, sua inclinação muralista revela-se com vigor nos painéis
executados para o Monumento Rodoviário, na Via Presidente Dutra, em 1936, e nos
afrescos do recém construindo edifício do Ministério da Educação e Saúde, no Rio
de Janeiro, realizados entre 1936 e 1944. Estes trabalhos, como conjunto e como
concepção artística, representam um marco na evolução da arte de Portinari,
afirmando a opção pela temática social, que será o fio condutor de toda a sua obra a
partir de então.
A pintura modernista do Brasil tem uma forte apelação para o tema social,
muito expressivo que demonstra a identidade do brasileiro, portanto se torna
essencial para a fundamentação das minhas obras.
Se tratando apenas da temática segui as obras de Tarsila do Amaral e
Cândido Portinari dois pintores que me revelaram a grandeza desse tema social,
A foto a seguir (figura 15) do vendedor ambulante de frutas caracteriza
bastante o meu trabalho, na qual o personagem principal posa e oferece seu produto
idealizando sua própria realidade.
Falando de arte modernista brasileira, Tarsila do Amaral igualmente a essa
foto retratou um vendedor de frutas (figura 12).
Figura 15 – Vendedor de frutas
Fonte: Renata Gimenes, 2009, www.inclusivecities.org
2.7 Artes Plásticas Em Mato Grosso Do Sul
Os movimentos das Artes Plásticas em Mato grosso do Sul antecedem a
Divisão do Estado ocorrida em 1977. Antes da criação do Estado do MS é criada a
AMA – Associação Mato-grossense de Artes com o objetivo de proteger, incentivar e
divulgar a produção artística do MS.
Segundo Menegazzo (1992), por ocasião da Divisão do Estado, a maioria dos
artistas da terra decidiu ficar, privilegiando o surgimento de novos grupos, entidades,
o desenvolvimento de uma linguagem e, essencialmente, a busca de uma identidade
própria.
Os artistas que provocaram o movimento das artes no Estado continuam
produzindo. Thétis Selingardi representa o abstracionismo em sua máxima
expressão. Nelly Martins trabalha com técnicas variadas.
Temos o figurativismo, desfeito em técnicas expressionistas, em trabalhos de
Therezinha Neder, Darwin Longo, Irani Bucker, Élios Longo de Oliveira (Lelo),
Masahito Fujita, Rubén Dario, com temática, que vão da interiorização do homem e
suas angústias as cenas do cotidiano, ainda que fora de sua função freqüente.
Há artistas que procuram demonstrar a imagem plástica, através de rigorosa
pesquisa de materiais e de técnicas, cujos resultados podem chegar ao humor,
como os trabalhos de Sandra Vissoto e Heron Zanatta; ao onírico da imaginação de
Júlio César Alvarez, ou à sensualidade das texturas das obras de Richard Perassi; e
linguagem de experimentação, com referências regionais de Jonir Figueredo.
O desenho e suas técnicas têm lugar de evidência em mato Grosso do Sul,
através de Vânia Pereira, Emilce Thomé (Miska), Carla de Cápua, Marlene Mourão
(Peninha) e Marcelo Lima.
Segundo Menegazzo (1992), a figura humana é o elemento que resumi a obra
de Ilton Silva, questionado sua natureza, valores e significados. Do trabalhador que
luta pelo direito de viver, a angústia do desencontro, Ilton desnuda a realidade. A
partir de 1980, deu início a obra marcada pela preocupação social. Cortadores de
cana, lenhadores, ervateiros, peão (foto 16) surgem nas telas como símbolos de
miséria e de opressão.
Ilton Silva tem uma visão segura da função da arte e do artista na sociedade,
como agentes de transformações.
Figura 16 - Obra: Peão, Autoria: Ilton Silva
Fonte: iltonsilva.com http://www.br/galeria/
Segundo Menegazzo (2005), o artista plástico Darwin Longo apresenta uma
grande produção a partir de 1980, ficou famoso como pintor figurativo, em obras que
apresentam o cotidiano urbano, por meio de cenas nas quais o homem é o
personagem central. Traduz de forma sensível o trabalho, a vida de laranjinhas,
garis, ciclista, camelô, pipoqueiros (figura 17) pessoas que o talento do artista tirou
do anonimato.
Figura 17 – Autoria: Darwin Longo
Fonte: www.overmundo.com.br/agenda/professor-de-arte...
2.8 Fotografias
Todas as fotografias foram impressas em tamanho (1ox15) no papel
fotográfico brilhante. As etapas para a confecção das obras foram: selecionar as
imagens (Figura 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25), essas imagens foram fotocopiadas,
depois quadriculadas e passadas para o suporte.
2.8.1 Fotógrafos lambe-lambe
De acordo com os estudos de Fukelman e Lima (2003), o fotógrafo lambe-
lambe, também conhecido como fotógrafo de jardim, por utilizar muitas vezes um
jardim para o fundo das fotos, é um profissional em extinção. Presente a partir do
século XIX nos espaços públicos das cidades brasileiras teve um papel importante
na popularização da fotografia no Brasil.
Existem algumas explicações para a origem do termo lambe-lambe: lambia-se
a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão ou se lambia a chapa para
fixá-la, ou a origem pode estar ligada ao antigo processo da ferrotipia.
Figura 18 – Fotógrafo Lambe-lambe
Fonte: LuColares, 2005
2.8.2 Vendedor de redes
Segundo Cavalcanti Neto (2009) a origem da rede de dormir no Brasil
antecede à ocupação portuguesa, era utilizada entre os povos indígenas antes do
processo de colonização. A atribuição do nome “rede” deu-se pela semelhança das
malhas com a rede de pescar. Foi rápida a incorporação da rede de dormir pelos
portugueses.
Com a influência portuguesa na produção artesanal de redes de dormir, foi
pouco a pouco sendo modificada pela habilidade da mulher portuguesa. A rede de
dormir passou, com o tempo, a ser utilizada, também como meio de transporte,
principalmente para as classes mais abastadas. Servia para transportar doentes,
feridos, além de mortos, quando estes eram sepultados.
Com o advento da industrialização houve uma mudança na comercialização
da rede, esta era realizada no âmbito local, principalmente nas feiras. Com a
produção em larga escala a comercialização da rede passa a ser feita pelos redeiros
itinerantes, que trabalham se deslocando de uma cidade para outra, vendendo as
redes na rua, de forma ambulante.
Figura 19 – Vendedor de redes. Na esquina da
Av. Afonso Pena de Campo Grande/MS
Fonte: Lu Colares, 2005
2.8.3 Pipoqueiro
De acordo com Lubatti, (2000), pipoqueiro é quem faz e vende pipoca. Há
vários tipos de pipoqueiros nas ruas. Uns trabalham com carrocinha e são
praticamente fixos. Outros são vendedores de pipoca ocasionalmente: biscateiros,
desempregados e aposentados que trabalham somente nos finais de semana e dias
festivos. De toda forma, são ambulantes e desempenham atividades folclóricas
recorrendo à técnica espontânea para vender o produto e apresentá-lo ao público.
Esses pipoqueiros não são simplesmente vendedores de pipoca, eles são
personagens de uma história tradicional, onde o costume de se comer pipoca com
queijo quando se vai ao centro fazer compras, na saída da missa ou no fim da aula é
muito grande.
A maioria dos pipoqueiros está há anos na profissão. Muitas vezes a arte
passa de pai para filho. E as pipocas, assim como os queijinhos, ficam cada vez
mais gostosas com a prática destes mestres.
Figura 20 – Pipoqueiro. Na Praça Ari Coelho, Campo Grande/MS
Fonte: Lu Colares, 2005
2.8.4 Sorveteiro
De acordo com Virgínia Brandão (2010), o sorvete, surgiu muito antes da
primeira geladeira. Sua origem é cheia de controvérsias e lendas, mas a versão
mais aceita atribui sua autoria aos chineses, por volta de 1000 a.C, quando, algum
cozinheiro criativo experimentou usar flocos de neve para produzir uma iguaria
diferente.
Segundo a Grande Enciclopedia Illustrata della Gastronomia (Selezione dal
Reader's Digest, 2000), até meados do século XVI, o sorvete continuava a ser
preparado com água. Só em 1671, na Inglaterra, o leite ou seu creme, ovos e
aromatizantes foram incorporados ao sorvete pelo francês DeMirco.
No Brasil foram os cariocas os primeiros brasileiros a experimentar a delícia
gelada que já fazia sucesso em boa parte do mundo. No dia 23 de agosto de 1834,
Lourenço Fallas inaugurava na cidade do Rio de Janeiro, dois estabelecimentos
destinados à venda de gelados e sorvetes. A evolução do sorvete no Brasil deu-se
a passos curtos, de forma artesanal, com uma produção em pequena escala e em
poucos locais. A distribuição em escala industrial no País só aconteceu a partir de
julho de 1941 quando, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundada a U.S. Harkson do
Brasil, a primeira indústria brasileira de sorvete. Contava com 50 carrinhos, quatro
conservadoras e sete funcionários. Dezoito anos mais tarde, a Harkson mudou seu
nome para Kibon.
Figura 21 – Sorveteiro. Na Praça Ari Coelho em Campo Grande/MS
Fonte: Lu Colares, 2005
2.8.5 Vendedores de morango
De acordo com a equipe do DestaqueSP (2008), com a chegada do inverno o
morango invade feiras, supermercados e até as ruas, sendo vendido em
convidativas barraquinhas a preços bem atraentes. Isto porque em junho começa a
safra do morango, que pode ser facilmente encontrado até o mês de outubro.
Ao sair de casa é comum encontrar um vendedor que, desde bem cedo,
escala diversas caixas de morango em um tablado de madeira quase que na
vertical.
Aquela imensidão rubra é originária da Europa e típica de países frios,
pertence à mesma família das rosáceas, assim como a pêra, cereja e maçã. No
Brasil, as plantações de morangueiros são encontradas entre o sul de Minas Gerais
até o norte do Rio Grande do Sul, com focos principais nas cidades paulistas de
Atibaia, Jundiaí e Piedade. Os italianos foram quem desenvolveram a técnica de
plantio há quase 80 décadas. Mas, foi nos anos 60 que a fruta começou a ser
consumida comercialmente no Brasil.
Figura 22 – Vendedores de morangos, na Av. Afonso Pena,
Campo Grande/MS
Foto: Lu Colares, 2005
2.8.6 Vendedor de coco
De acordo com Lana Angélica Braudes Silva (2010), o fruto do coqueiro e da
família das palmáceas, o coco é um fruto que possui mais ou menos um milhão de
espécies diferentes. Trazido pelos portugueses em 1553, o coco da Bahia é o mais
comum e mais consumido no Brasil. Seu período de safra é entre os meses de
janeiro e julho. Pode ser conservado por até dois meses se mantido fechado e,
quando aberto, por até cinco dias se mantido sob refrigeração. O coco verde,
quando está adequado para consumo, tem a casca fibrosa, e a polpa tenra e de
consistência cremosa. À medida que amadurece, a quantidade de água diminui e a
polpa fica mais consistente.
Os cocos verde, são vendidos por ambulantes em praças, nas ruas, em
praias, possui maior quantidade de líquido que os maduros e têm polpa tenra, sendo
muito apreciados como bebida e no preparo de cocadas moles.
Figura 23 – Vendedor de coco. Figura 24 – Vendedora de Bilhetes da sorte,
Na Praça Ari Coelho, Campo Grande/MS na Rua 14 de julho, Campo Grande/MS
Fonte: Lu Colares, 2005 Fonte: Lu Colares, 2005
2.8.7 Vendedor de chipa
Segundo Sigrist (2000), o Estado de Mato Grosso do Sul, por fazer fronteira-
seca com o Paraguai, também possui costumes e culturas características daquele
país. Um dos aspectos interessantes de ser abordado sobre esta cultura é a
culinária da região. Além das comidas com nome em guarani, mais consumidas do
lado paraguaio da fronteira, podem-se destacar as comidas típicas não só de Pedro
Juan, mas também muito consumidas do lado brasileiro da fronteira, tais como o
arroz carreteiro, sopa paraguaia, churrasco com mandioca e a tradicional chipa
paraguaia. Semelhante ao pão de queijo, a chipa já é tradicional em todo o estado
de Mato Grosso do Sul. Feita com queijo, leite, ovos e polvilho, em Campo Grande é
vendida nas ruas, por ambulantes (Figura 26).
Figura 25 – Vendedor de chipa, na Rua 14 de Julho,
Campo Grande/MS
Fonte: Lu Colares, 2005
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo é relatado o método prático-teórico percorrido para a
realização do trabalho plástico, desde a pesquisa até a ação, apresentando a
análise e o significado de cada criação realizada.
Conforme Vergara (1999) foi utilizado: revisão bibliográfica e observação,
através de pesquisas teóricas aliadas a atividade práticas, às quais foram
desenvolvidas de acordo com o referencial do universo dos artistas que foram
estudados inicialmente, até a definição da linha de trabalho que foi desenvolvida.
3.1 A Definição do Tema e a Pesquisa de Campo
Com a definição do tema, iniciou-se a pesquisa sobre artistas que fizeram
obras com a temática social citado no capítulo 1 como referências, iniciou-se a etapa
de estudo das obras desenvolvidas por esses artistas, e a aplicação de seus estilos
nos trabalhos realizados conforme o tema proposto.
A pesquisa de campo pretendeu mostrar a realidade dos trabalhadores
informais, suas preocupações e incertezas de vendas do seu produto até o fim do
dia de sua labuta. Foram utilizadas fotografias de pessoas anônimas das ruas de
Campo Grande/MS, no momento em que elas estavam trabalhando com o comércio
informal que permitiu as obras.
Em todo o mundo, uma grande e talvez crescente parcela da força de
trabalho informal opera nas ruas das cidades, nas calçadas e em outros locais
públicos, vendendo de tudo, desde produtos frescos até equipamentos eletrônicos.
Vendedores ambulantes incluem todos que vendem mercadorias ou serviços em
espaços públicos. Nem todos os vendedores ambulantes trabalham sem licença ou
proteção legal, mas a maioria trabalha.
A maior parte dos negócios de rua são operações individuais que usam mão-
de-obra familiar gratuita na medida da necessidade. Alguns trabalham sob o conforto
de bancas cobertas; outros simplesmente se agacham ao lado de uma cesta ou
cobertor exibindo sua mercadoria.
3.2 Materiais Utilizados
Os materiais empregados basicamente foram fotografias, fotocópias das
fotografias, telas, lápis, tintas a óleo, pincéis.
A relação custo/benefício desses materiais faz com que o investimento
realizado seja viável, uma vez que tanto os pincéis como as tintas poderão ser
utilizados em outros trabalhos.
3.3 A Produção Artística
Para a criação artística do trabalho foi necessário seguir algumas etapas. A
escolha das cenas a serem pintadas foi baseada nas fotografias feitas nas ruas de
Campo Grande/MS, e no conteúdo teórico abordado anteriormente, a temática
Social nas Artes. O trabalho pretende demonstrar nas pinturas os sentimentos, a
dor, a falta de perspectiva de um futuro melhor, a incerteza da venda, o momento
psicológico do ambulante que labuta na rua, sem nenhuma garantia que à volta pra
casa terá o sustento dele e o de sua família.
Foram feitas 07 (sete) obras, em óleo sobre tela, com a teoria das cores
impressionistas, mas com pinceladas pós-impressionistas.
Essas imagens foram fotocopiadas, depois quadriculadas (Figura 26) e
passadas para o suporte.
Figura 26 – Fotocópia quadriculada
Fonte: Lu Colares, 2010
3.3.1 Trabalhos desenvolvidos
Após passar o desenho para a tela, usando carvão, separo as tintas que vou
usar. Com as tintas óleo na paleta, começo a fazer o fundo (Figura 27, 28). Uso o
amarelo, os vermelhos, os azuis, o branco, o violeta. Uso a cor pura sem mistura na
paleta.
Figura 27 – Pintura na tela Figura 28 – Pintura na tela
Fonte: Julianna Colares Fonte: Julianna Colares
As misturas de violeta, vermelho e azul, conseguem fazer a cor escura. O
vermelho, amarelo Nápoles, o branco e as tintas que fazem a cor escura dão a
modulação ao rosto, aos braços e as pernas da figura; o cabelo é pintado com
amarelo, vermelho e as tintas que fazem a cor escura; o branco e o violeta dar
volume à blusa da figura; a saia é pintada de azul, branco e de violeta; o violeta com
o azul faz a sombra; o piso é feito de pinceladas de vermelho, amarelo, branco; o
carrinho é pintado de verde, amarelo, branco, violeta (Figura 29, 30)
Figura 29 – Pintura na tela
Fonte: Julianna Colares
Figura 30: Pintura na tela
Fonte: Julianna Colares
3.4 Análises Das Obras
Em um resumo geral, a realização deste trabalho não teve qualquer ambição
de representar, narrar ou reler outras obras. Desejava desde o início passar a maior
pureza e harmonia para as pinturas, acontecendo tudo de forma racional. Meu
trabalho tem como objetivo a composição estética através de uma poética individual.
As obras apresentadas são focadas no trabalho informal de vendedores
ambulantes, o seu dia a dia de trabalho nas ruas de Campo Grande/MS.
O conjunto é formando por uma série de 07 (sete) obras (Figura 31, 32, 33,
34, 35, 36, 37), em óleo sobre tela, e todas têm a mesma temática, que é a arte no
contexto social, representado o trabalhador informal.
As obras tiveram uma grande influência de Paul Cézanne, procurei usar nas
pinceladas, as distorções formais e alterações de perspectivas em benefício da
composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Usei cores do
impressionismo para definir diferentes volumes que foram essenciais para as
composições, modulando as cores em curtas pincelados para dar a impressão do
volume, procurado construir a imagem com materiais da pintura.
As obras têm as características do pós-impressionismo, pois, a pintura é
definida nos seus valores específicos: a cor e bidimensionalidade; há a valorização
dos sentimentos dos trabalhadores, e de seus anseios.
As pesquisas teóricas muito contribuíram para minhas realizações, tendo em
vista a minha pouca experiência em pintura, procurei representar o trabalhador com
expressividade poética, priorizando a função estética e estimulando a afetividade
que eu desejava retratar.
3.4.1. Obra: Sonhador
No trabalho “Sonhador” (Figura 31), usei cores frias e pinceladas curtas no
fundo contrastando com as mercadorias e a vestimenta do vendedor para realçar a
atitude do personagem; busquei representar um ambulante, homem humilde, que
exerce a ocupação de vendedor de redes, porém, a pessoa que retratei na obra é
altiva, demonstra em sua atitude despreocupação com sua condição social, obter
sucesso ou não nas vendas talvez para ele não seja primordial, o que importa é ser
um homem livre, dono do seu próprio negócio, onde o que importa é conseguir seu
sustento no dia-a-dia.
Figura: 31
Obra: Sonhador
Autoria: Lu Colares
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensão: 1 x1 m
Ano: 2010
Campo Grande – MS
Fonte: Julianna Colares
3.4.2 Obra: Tarde na Praça
Na obra “Tarde na Praça” (Figura 32) represento um jovem trabalhador,
usando cores puras sem misturá-las na paleta, com pinceladas curtas e rápidas
fazendo o volume das árvores. O jovem ambulante encontra-se numa praça,
aguardando a chegada da tarde, quando crianças, jovens e adultos, durante o
passeio, saborearão suas deliciosas pipocas que já estão prontas à espera dos
importantes fregueses.
Figura 32
Obra: Tarde na Praça
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
3.4.3. Obra: Jovem Aprendiz
A obra “Jovem Aprendiz” (Figura 33) retrata o início de um dia de trabalho do
vendedor de morangos, sentado em uma esquina, ele demonstra paciência em
ensinar o ofício ao jovem, mostrado os frutos de boa qualidade depositados em
caixas de madeira. O vendedor de morangos, é um ambulante fixo, devido ao tipo de
sua mercadoria é impossível sua locomoção pela cidade. Nessa obra usei a cor
amarelo ao fundo em contraste com o azul da cor da camiseta, modulação cromática
que transita do amarelo, passando pelo laranja, chegando ao vermelho.
Figura 33
Obra: Jovem Aprendiz
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
3.4.4 Obra: Tarde de Sol
A obra “Tarde de Sol” (Figura 34) representa um ambulante de grande
importância nos dias ensolarados, trazendo conforto às pessoas vendendo seus
deliciosos sorvetes de frutas; é difícil nos dias de verão não vermos caminhando
pelas ruas da cidade ou nas praças um sorveteiro com sua carrocinha colorida.
Nessa obra usei vários tons de verdes, azul, branco e violeta para dar massa as
folhagens, com pinceladas curtas e com tinta pura modelei os troncos, no chão usei
o branco, o amarelo Nápoles, o azul, para as sombras e para dar volume usei o
violeta.
Figura 34
Obra: Tarde de Sol
Autor: Lu Colares
Dimensão: 120x80
Técnica: Óleo sobre tela
Campo Grande/MS
Ano: 2010
Fonte: Julianna Colares
3.4.5 Obra: A Espera
A obra “A Espera” (Figura 35) representa os apetrechos de um fotografo de
praça, conhecido também como lambe-lambe a espera de clientes. No passado
suas habilidades e artes perpetuavam momentos alegres, de pessoas que
passeavam à tarde nas praças de sua cidade, esta ocupação já não são mais
encontradas nos grandes centros tendo em vista o acesso da população às
máquinas digitais e celulares. Nessa obra usei a cor verde das folhagens em
contrate com o vermelho, verde, azul, branco e violeta que usei para modelar os
troncos, e o amarelo e o vermelho do chão; para modelar e dar volume ao guarda-
sol, ao pano que cobre a màquina fotográfica e a cadeira usei cores frias.
Figura 35 Obra: A Espera
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
3.4.6 Obra: Chipa Morena
A obra “Chipa Morena” (Figura 36) é a representação do famoso vendedor de
chipas. É encontrado em quase todos os terminais de ônibus ou nas ruas do centro
de nossa cidade, oferecendo seus produtos, o vendedor de chipas no Brasil, é um
ambulante tipicamente regional, só encontrado no estado do Mato Grosso do Sul,
pois sua origem vem do Paraguai. Nessa obra usei o amarelo no fundo manchado
de vermelho, azul, branco; as caixas pintadas de vermelho, amarelo, azul, branco e
violeta, fazendo contraste com a cor da roupa da figura e a caixa de armazena as
chipas.
Figura 36
Obra: Chipa Morena
Autor: Lu Colares
Dimensão: 120x80
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
3.4.7 Obra: Moça do Coco
A obra “Moça do Coco” (Figura 37) representa uma vendedora de coco,
mulher jovem com traços indígenas, mostra o dia-a-dia desta trabalhadora informal.
Nesta obra com as cores dei um tratamento de volume, fazendo que as pernas e os
braços da figura ficassem torneados; o tom de pele e a iluminação do ambiente
ficaram em harmonia.
Figura 37
Obra: Moça do Coco
Autor: Lu Colares
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensão: 120x80
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
CONCLUSÃO
A pintura acompanha o ser humano por toda a sua história. É fruto da
conquista do homem que vive em sociedade.. A Pintura foi uma das principais
formas de representação dos povos medievais, do Renascimento até o século XX.
Mas é a partir do século XIX com o crescimento da técnica de reprodução de
imagens, graças à Revolução Industrial, e com o advento da fotografia, a função
principal da pintura de cavalete, a representação de imagens, enfrenta uma
competição difícil. Essa é, de certa maneira, a crise da imagem única e o apogeu de
reprodução em massa.
Com o Realismo a pintura figurativa passa a ser um instrumento de expor a
miséria que o Estado gera na Revolução Industrial, retrata trabalhadores que só
ganha para seu sustento.
No século XX, esta estética serviu de modelo para artistas com ideais de uma
sociedade justa. A partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias, os
pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram , criando novas formas
de representação e expressão visual.
Para a construção das obras deste Trabalho de Conclusão de Curso
pesquisou-se sobre a produção da pintura na Historia da Arte feita por artistas de
vários períodos. Esses estudos foram de grande importância para a concepção das
obras que compõem este trabalho.
A partir dessas pesquisas, procurei aumentar o conhecimento pessoal. Em
conseqüência, nasceu um trabalho bastante expressivo. A escolha da temática foi a
partir de um trabalho que fiz no curso de fotografia no primeiro ano da graduação.
Quando o artista pretende reproduzir em seu quadro uma realidade que lhe é
familiar, como sua realidade natural e sensível ou sua realidade interna, a pintura é
essencialmente a representação pictórica de um tema: é uma pintura figurativa. O
tema pode ser uma paisagem (natural ou imaginada), uma natureza morta, uma
cena mitológica ou cotidiana, mas independente disto a pintura manifestar-se-á
como um conjunto de cores e luz.
REFERÊNCIAS
ARGAN, G. C. Arte moderna. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992
BRANDÃO, V. História do sorvete. Disponível em:< http://correiogourmand. com.
br/ info_01_cultura_gastronomica_01_09_a.htm > Acesso em: 14/09/2010.
BIBLIOTECA de arte. V. VIII. São Paulo: Três 1973.
CALVACANTI, C. História das artes. 3 ed. Rio de Janeiro: Rio, 1978.
CAVALCANTI NETO, M. O. Rede de dormir Disponível em:
<http://nataldeontem.blogspot.com/2009/03/ rede-de-dormir.html >Acesso em
14/09/2010.
DESTAQUESP. Morango – a fruta do Pecado Disponível em:
<http://www.destaquesp.com/index.php/Gastronomia>Acesso em 14/09/2010.
FISCHER, E. A necessidade da arte. 9 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.
FUKELMAN, C; P. S. L. Artes de sobrevivência em ofícios ambulantes.
Disponível em:<www.mao.org.br/fotos/pdf/biblioteca/fukelman>Acesso em
14/09/2010.
GENIOS da pintura. V. VIII. São Paulo: Abril Cultural, 1969.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. 13 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
GONÇALVES, E. R. Modernização e modernidade na arte brasileira do século
XX. São Paulo: Editora Imprensa Oficial, 2007.
LUBATTI, M. R S. Lambe-lambe e fotógrafo ambulante. Disponível em:
<www.jangadabrasil.com.br >Acesso em 13/09/2010.
ROSA, M. G. S.; I. D; Y. P. Artes plásticas em Mato Grosso do Sul. Campo
Grande/MS, 2005.
ROSA, M. G. S.; M. A. M; I. N. D. R. Memória da arte em Mato Grosso do Sul:
história de Vida. Campo Grande, MS: UFMS/CECITEC, 1992.
SIGRIST, M. Chão batido: a cultura popular de Mato Grosso do Sul: folclore,
tradição. Campo Grande: Ed. UFMS, 2000.
SILVA, L. A. Água de coco. Disponível em:<http://www.nutricaoemfoco.com.br>
Acesso em 13/09/2010.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
Portfólio
Obra: Moça do Coco
Autor: Lu Colares
Dimensão: 120x80
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/Ms
Fonte: Julianna Colares
Obra: Jovem Aprendiz
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
Obra: Chipa Morena
Autor: Lu Colares
Dimensão: 120x80
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
Obra: Tarde na Praça
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
Obra: Sonhador
Autoria: Lu Colares
Dimensão: 1 X1 m
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande – MS
Fonte: Julianna Colares
Obra: Tarde de Sol
Autor: Lu Colares
Dimensão: 120x80
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
Obra: A Espera
Autor: Lu Colares
Dimensão: 1x1
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 2010
Campo Grande/MS
Fonte: Julianna Colares
Currículo
1. INFORMAÇÕES PESSOAIS
Nome: Lucilene Colares Rodrigues
Data de Nascimento: 23/ 07/1960
RG: 114203413-9 MEx
CPF: 758.743.857-20
Endereço: Rua Colheiro, 864, Recanto dos Pássaros, Campo Grande/MS
Estado Civil: Casada
E-mail: lucilenecolares@hotmail.com
Telefone: 67 3391-4554 / 67 84672094
2. FORMAÇÃO
Artes Visuais – UFMS (2005-2010)
CURSOS DE EXTENSÃO:
Oficina: Desenvolvimento Artístico com Técnica digital (outubro/2009)
3. EXPOSICÕES
Exposição coletiva de Escultura: Cabeças (junho/2006) UFMS
Exposição coletiva de Escultura: Luz e sombras (setembro/2006) UFMS
Exposição coletiva de Escultura: Produção Seriada (novembro/2006) UFMS
Exposição coletiva de Escultura: Formas Orgânicas (junho/2009) UFMS
Exposição coletiva de Escultura: Relevo Narrativo (outubro/2009) UFMS
Exposição no Festival de Arte e Tecnologia: Obra: Faces do Casamento
(21 a 23/outubro/2009) SESC – Horto em Mato Grosso do Sul
4. EVENTOS
1º Festival de Arte e Tecnologia de Campo Grande/MS (outubro/2009)
Ciclo de Debates Arte Agora - 1º edição (julho/2009)
Ciclo de Debates Arte Agora - 2º edição (agosto/2009)
Ciclo de Debates Arte Agora - 3º edição (setembro/2009)
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  • 1. LUCILENE COLARES RODRIGUES A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA: “Vendedores Ambulantes” UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE CURSO DE ARTES VISUAIS Campo Grande – MS 2010
  • 2. LUCILENE COLARES RODRIGUES A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA: “Vendedores Ambulantes” Relatório técnico - cientifico apresentado ao Curso de Graduação em Arte Visual - Bacharelado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisitos final à obtenção do titulo de Bacharel em Artes Visuais. Orientador: Prof. Me. Darwin Antonio Longo de Oliveira. Campo Grande – MS 2010
  • 3. LUCILENE COLARES RODRIGUES A TEMÁTICA SOCIAL NA PINTURA: “Vendedores Ambulantes” Relatório técnico - cientifico apresentado ao Curso de Graduação em Artes Visuais- Bacharelado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito final à obtenção do título de Bacharel em Artes Visuais. Orientador: Profº. Me Darwin Antonio Longo de Oliveira. Campo Grande, MS______de __________ de 2010. COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________ Profº. Me. Darwin Antonio Longo de Oliveira Universidade Federal de Mato Grosso do Sul __________________________________________ Profª. Drª. Carla Maria Buffo de Cápua Universidade Federal de Mato Grosso do Sul __________________________________________ Profª. Ma. Priscilla de Paula Pessoa Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • 4. AO ALEXANDRE, MEU MARIDO E AMOR Pois para mim ele é sinônimo de amor, persistência, estímulo, incentivo, inteligência, dedicação e paciência. AMOR, incondicionalmente dedicado a mim e aos nossos filhos. PERSISTÊNCIA e ESTÍMULO, por nunca me deixar desistir, mesmo nos momento mais delicados, quando eu julgava que não daria conta, ele estava ali me INCENTIVANDO a buscar nos estudos a minha realização pessoal. INTELIGÊNCIA, por ser quem é. E DEDICAÇÃO, pelas inúmeras vezes que deixou o seu trabalho para me levar ou me buscar em algum lugar com aquelas telas, a PACIÊNCIA de ficar me esperando por horas em frente ao bloco 8 da UFMS. Se hoje estou finalizando este trabalho, me graduando em Artes... é graças as suas palavras, sua dedicação, seu amor, seu incentivo, enfim é graças a ele. Por isso dedico ao meu amado marido tudo que conquistei e que estou conquistando hoje.
  • 5. AGRADECIMENTOS A Deus, pois, sem sua ajuda, nada teria sido possível. Aos Profº Me. Darwin Antonio Longo de Oliveira, Profª Drª. Carla Maria Buffo de Cápua, Profª Ma. Aline Cerutti, pelo incentivo e por aceitar a orientação deste trabalho. Ao Alexandre meu amado e companheiro, cujas palavras de incentivo, força, carinho, pela incansável disposição e que muito me ajudou, foram essenciais para a conclusão deste trabalho, meus sinceros agradecimentos. Aos meus filhos Vinicius, Alexandre Jr. e Julianna pelo amor incondicional e compreensão pelos momentos de ausência. A minha nora Karla, minha Profª de desenho e pintura Raquel, minha amiga Isabel, e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso do meu trabalho, enfim o meu muito OBRIGADO.
  • 6. RESUMO O objetivo deste trabalho é apresentar à banca examinadora, a materialização dos trabalhos realizados para a conclusão do Curso de Artes Visuais – Bacharelado. A linguagem artística escolhida foi a pintura, com o tema A Temática Social na Pintura Trabalhadores Ambulantes do MS e como proposta apresentar uma pesquisar teórica e prática sobre pintura, especificamente pintura com estética de tendência figurativa e teor social, tendo como tema os ambulantes de Campo Grande, pessoas anônimas atuando na rua, vendendo produtos variados, tirando desse trabalho seu sustendo e o de sua família. A Produção plástica do tema social proposto permite o uso das cores impressionistas, cores claras e cores escuras, grande quantidade de tinta, perspectiva e detalhes que tem função de demonstrar a pintura figurativa Impressionista. Há ainda referências visuais dos artistas como, Jean-Francois Millet, Paul Cézanne e outros que trabalharam com temáticas sociais. Palavras-Chave: Artes plásticas. Vendedores ambulantes. Teor social na pintura. Estética figurativa.
  • 7. ABSTRACT The aim of this paper is to present to the bank examiner, the materialization of the work for completion of the School of Visual Arts – Bachelor. The language was chosen artistic painting on the theme. The Thematic Social Workers in Painting from Ambulates MS and as a proposal to present a theoretical and research a proposal to present a theoretical and research practice of painting, especially painting aesthetic trend figurative and social content, and as its theme the street from Campo Grande, anonymous people working in the street, selling various products, making this sustaining their work and that of his family. Production Plastic social issue proposed allows the use of colors Impressionists, light colors and dark colors, great ink, perspective and detail that has demonstrate the function of figurative painting Impressionist. There are also visual cues from artists like Jean François Millet, Paul Cézanne and others who worked with social issues. Keywords: Visual arts. Hawkers. Social content in paint. Figurative aesthetics.
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12 2 O TEMA SOCIAL NA PINTURA E AS INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS ......................14 2.1 O Fim Do Ideal Clássico Na Pintura ................................................................14 2.2 O Realismo Do Século XIX..............................................................................15 2.3 Impressionismos Como Estética......................................................................20 2.4 Paul Cézanne ..................................................................................................22 2. 5 O Muralismo Para O Povo..............................................................................24 2.6 O Modernismo Para O Brasileiro .....................................................................27 2.7 Artes Plásticas Em Mato Grosso Do Sul..........................................................31 2.8 Fotografias.......................................................................................................33 2.8.1 Fotógrafos lambe-lambe ...........................................................................33 2.8.2 Vendedor de redes....................................................................................34 2.8.3 Pipoqueiro .................................................................................................35 2.8.4 Sorveteiro..................................................................................................36 2.8.5 Vendedores de morango...........................................................................37 2.8.6 Vendedor de coco .....................................................................................38 2.8.7 Vendedor de chipa ....................................................................................39 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................40 3.1 A Definição do Tema e a Pesquisa de Campo ................................................40 3.2 Materiais Utilizados..........................................................................................41 3.3 A Produção Artística ........................................................................................41 3.3.1 Trabalhos desenvolvidos...........................................................................42 3.4.1. Obra: Sonhador........................................................................................45 3.4.2 Obra: Tarde na Praça................................................................................46 3.4.3. Obra: Jovem Aprendiz..............................................................................47 3.4.4 Obra: Tarde de Sol....................................................................................48 3.4.5 Obra: A Espera..........................................................................................49 3.4.6 Obra: Chipa Morena..................................................................................50 3.4.7 Obra: Moça do Coco .................................................................................51 CONCLUSÃO............................................................................................................52 REFERÊNCIAS.........................................................................................................53
  • 10. LISTA DE FIGURAS Figura Figura 1 – Jean-François Millet: As Respigadeiras (1857) Óleo sobre tela, 81 x 101 cm. Paris, Musée d’Orsay............................................................................16 Figura 2 – Jean-François Millet: O Ângelus (1858-9) Óleo sobre tela, 0,55 x 0,66 cm. Paris, Musée d’Orsay........................................................................16 Figura 3 - Gustave Courbet: As Peneiradoras de trigo (1850) Óleo sobre tela, 165 x 238 cm. Paris, Musée du Petit-Palais................................................................17 Figura 4 – Gustave Courbet: Enterro em Ornans (1847) Óleo sobre tela, 1,74 x 4m. Paris, musée du Petit Palais......................................................................18 Figura 5 – Gustave Courbet: O quebra-predas, (1849) Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Milão, coleção particular....................................................................18 Figura 6 – Foto: Lu colares....................................................................................................................19 Figura 7 – Paul Cèzanne: Monte Sainte-victoire, (1904-1906) Óleo sobre tela, 0,60 x 0,73 cm. Zurique, Kunsthaus............................................................................23 Figura 8 – Diego Rivera: Vendedora de Flores, (1942) Óleo sobre tela, 1,21 x 1,21 cm. Cidade do México..............................................................................25 Figura 9 – David Alfaro Siqueiros: Mãe Camponesa, (1930) Óleo sobre tela, 2,25 x 1,79 cm. Museu de Arte Moderna, Cidade do México.....................................25 Figura 10 – José Clemente Orozco: As lutas Proletárias, (1941) Afresco. Museu, Escola México, Chile..................................................................................................26 Figura 11 – Lu Colares: Vendedor de coco (2010)...............................................................................26 Figura 12 – Tarsila do Amaral: Vendedor de Frutas, 1925 Óleo sobre tela, 108 x 84 cm. Col. Gilberto C.B de Mello.....................................................................28 Figura13 – Tarsila do Amaral: Operários, (1933) Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, São Paulo..........28 Figura 14 – Cândido Portinari: O Café, (1934) Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Museu nacional de Belas Artes, Rio De Janeiro...............................29 Figura 15 – Renata Gimenes: Vendedor de frutas (2009). Fonte: www.inclusivecities.org..................30 Figura 16 – Autoria: Ilton Silva: Peão. Fonte: iltonsilva.com http://www.br/galeria/...............................32 Figura 17 – Autoria: Darwin Longo. Fonte: www.overmundo.com.br/agenda/professor-de-arte..........32 Figura 18 – Fotógrafo lambe-lambe (2005). Autoria: Lu Colares..........................................................33 Figura 19 – Vendedor de redes (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................34 Figura 20 – Pipoqueiro (2005). Autoria: Lu Colares..............................................................................35 Figura 21 – Sorveteiro (2005). Autoria: Lu Colares..............................................................................36 Figura 22 – Vendedores de morangos: (2005). Autoria: Lu Colares....................................................37
  • 11. Figura 23 – Vendedor de coco (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................38 Figura 24 – Vendedora de bilhete da sorte (2005). Autoria: Lu Colares...............................................38 Figura 25 – Vendedor de chipa (2005). Autoria: Lu Colares.................................................................39 Figura 26 – Fotocopia quadriculada (2010). Autoria: Lu Colares..........................................................42 Figura 27 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................42 Figura 28 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................42 Figura 29 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................43 Figura 30 – Pintura na tela (2010). Autoria: Julianna Colares...............................................................43 Figura 31 – Sonhador (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 1x1 m...........................................................................................................................45 Figura 32 – Tarde na Praça (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................46 Figura 33 – Jovem Aprendiz (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................47 Figura 34 – Tarde de Sol (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................48 Figura 35 – A Espera (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 1x1...............................................................................................................................49 Figura 36 – Chipa Morena (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................50 Figura 37 – Moça do Coco (2010). Autoria: Lu Colares Óleo sobre tela, 80x120.........................................................................................................................51
  • 12. INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso – TCC do curso de Artes Visuais – Bacharelado teve por objetivo principal transformar as idéias, insights ou inspiração em forma material, dentro da pintura. A arte de pintar encontra-se inserida nas artes plásticas, desde os tempos mais remotos. A pintura é uma das manifestações mais inerentes ao ser humano, que dela já fazia uso nos primórdios da história, com as pinturas rupestres. A arte tem a função de levar, através de suas diversas formas de manifestações e manipulações, um conteúdo pré-estabelecido pelo seu responsável ou criador, ou seja, a arte é um mecanismo de expressão pelo qual o homem materializa suas emoções ou idéias para aqueles que este objeto de criação venha ter contato. É através deste contato que o expectador percebe aquilo que foi expresso pelo criador do objeto. Segundo Fischer (1981) na pré-história os homens pintavam nas paredes das cavernas o seu cotidiano: a caça de animais, seus afazeres domésticos, a coleta, seus rituais de magia, sua sexualidade. O homem através dos tempos foi sempre inventando formas de se comunicar entre si e criou conceitos sobre sua própria existência, seu lugar no mundo. Pode-se dizer que ignoramos como e quando a arte começou, mas segundo Gombrich (1979), ela é transmitida de mestre a discípulo, e de discípulo a admirador ou copista, a que vincula a arte do nosso tempo à arte do Nilo de cinco mil anos atrás. No nosso século a arte tem um papel diferente, pois, em tempos de crises mundiais e catástrofes ambientais, não basta que a arte seja somente a expressão de beleza ou de decoração. Vivemos em um mundo de miséria, desigualdades sociais, corrupção, violência e outras diversidades, portanto a arte pode oferecer subsídios de conscientização e de representação de diversos fatos do cotidiano. As bases teóricas adotadas e que serviram como eixos condutores do presente trabalho foram extraídos das reflexões a partir da seguinte leitura básica: A História da Arte (GOMBRICH, 1979); A Necessidade da Arte (FISCHER, 1981); Arte Moderna (ARGAN, 1992); História das Artes (CAVALCANTI, 1978).
  • 13. A pesquisa em Arte tem como objetivo a criação poética em artes visuais sobre a temática “A temática Social na Pintura: Trabalhadores Ambulantes do MS”, cuja temática trata sobre a Arte social. A proposta que é apresentada neste trabalho consiste em mostrar através da pintura vendedores ambulantes de pipoca, sorvetes, redes, doces, etc., passando reflexões sobre suas condições de trabalho, seu momento psicológico, relacionada ao comércio informal no espaço público e os estilos de vida configurados a partir das práticas e saberes desses vendedores das ruas do centro de Campo Grande-MS. O estudo da parte estética está fundamentado em alguns artistas de diferentes movimentos que exploraram a pintura social. Dentre eles está Jean- François Millet (1814-1875), Gustave Courbert (1819-1877), Rivera (1886-1957), Siqueiros (1896-1974), Orozco (1883-1949), Cândido Portinari (1903-1962) e Tarsila do Amaral (1886-1973). A metodologia consistiu no estudo das obras e da vida dos autores de referência, leitura dos autores indicados para consolidação do suporte teórico e seleção das fotografias para criação das telas. A análise dos trabalhos encontra-se no corpo do presente relatório. Este relatório está dividido em dois capítulos: CAPITULO 2 - O tema social na pintura e as influências estéticas no estudo do Realismo, do Movimento Muralista Mexicano, do Modernismo Brasileiro e das Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul. Neste capítulo descreve-se a natureza realista da proposta e relaciona-se a mesma escolha da temática “Vendedores Ambulantes”. CAPITULO 3 – Fala-se do processo metodológico e da análise das criações, apresentando a feitura das obras, por meio de pesquisas, fotos, e materiais utilizados na produção das pinturas.
  • 14. 2 O TEMA SOCIAL NA PINTURA E AS INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS Neste capítulo é apresentado, por meio da história da pintura nas artes plásticas a partir do século XIX, o advento da temática social e seus expoentes através do estudo do Realismo, do Movimento Muralista Mexicano, do Modernismo Brasileiro e das Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul. Também neste capítulo, apresenta-se paralelamente a temática social, a maior inspiração para este trabalho, na figura do vendedor ambulante com influências estéticas das cores Impressionistas para a realização da produção artística. 2.1 O Fim Do Ideal Clássico Na Pintura Renunciando a inovações derivadas de modelos clássicos, tanto na temática como no estilo de pintar, e idealizando novos conceitos de caráter revolucionários e bastante expressivos, os pintores no século XIX começam a contemplar e representar o aspecto social e político, realizando muitas obras com cenas e pessoas reais em seu cotidiano simples, afirmando a autonomia e assumindo a total responsabilidade do seu agir, ou seja, o artista não se abstrai da realidade histórica; declara explicitamente, pelo contrário, ser e querer ser do seu próprio tempo. [...] a atividade artística torna-se uma experiência primária e não mais derivada, sem outros fins além do seu próprio fazer-se. À estrutura binária da mimesis segue-se a estrutura monista da poiesis, isto é, do fazer artístico, e, portanto, a oposição entre a certeza teórica do clássico e a intencionalidade romântica (poética) (ARGAN, 1992, p.11)
  • 15. 2.2 O Realismo Do Século XIX Segundo Cavalcanti (1978) o Realismo, se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades, O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade. A pintura caracteriza-se, sobretudo, pelo princípio de que o artista deve representar a realidade com objetividade, sem deixar-se envolver por sentimentos, cautela ou preferências. Ao artista não cabe “aperfeiçoar” artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é. Sua função é apenas revelar os aspectos mais característicos e significativos da realidade. Em vista disso, a pintura realista deixou completamente de lado os temas mitológicos, bíblicos, históricos e literários, pois, o que importa é a criação a partir de um fato real e não imaginado. A volta do artista para a representação da realidade teve como conseqüência sua politização. Isso porque, se a industrialização trouxe um grande desenvolvimento tecnológico, ela provocou também o surgimento de uma grande massa de trabalhadores, vivendo nas cidades em condições precárias e trabalhando em situações desumanas. Surge então a chamada “pintura social”, denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. No século XIX, durante a Revolução de 1848, houve uma grande mudança nas convenções que governam a temática da pintura. Antes, nas academias era preponderante a idéia que as pinturas para serem importantes, deveriam representar pessoas importantes, e que trabalhadores e camponeses forneciam temas adequados somente para as cenas de gente, na tradição dos mestres holandeses. Segundo Gombrich (1979) François Millet (1814-75) com a temática dominante do trabalho rural pintou em 1857 “As Respigadeiras” (figura 1) e “O Ângelus” em (1858-59) (figura 2), duas obras de extrema importância para o Realismo, ele fez a disposição do movimento e da distribuição das figuras que conferem estabilidade no todo e nos faz compreender que o pintor considerava o
  • 16. trabalho da colheita uma cena de solene importância, como se pode ver nas imagens a seguir. Figura 1 – Jean-François Millet: As Respigadeiras (1857) Óleo sobre tela, 81 x 101 cm. Paris, Musée d’Orsay. Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean Figura 2 – Jean-François Millet: O Ângelus (1858-9) Óleo sobre tela, 0,55 x 0,66 cm. Paris, Musée d’Orsay. Fonte: Argan (1992, p.73)
  • 17. De acordo com Cavalcanti (1978) o pintor que deu um nome a esse movimento foi Gustave Courbet (1819-77), quando ele abriu uma exposição individual intitulada Le Réalisme, G. Courbet. O seu “realismo” iria marca uma revolução na arte. Numa técnica de pinceladas pastosas, triturando e argamassando as tintas fixavam com realismo (o que parecia vulgar e grosseiro às sensibilidades habituadas ao idealismo neoclássico), temas do cotidiano, especialmente tipos e cenas das classes populares como podemos observar na obra a seguir (Figura 3). Figura 3 - Gustave Courbet: As Peneiradoras de trigo (1850) Óleo sobre tela, 165 x 238 cm. Paris, Musée du Petit-Palais. Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean Para Argan (1992), Courbet crê que a força da obra reside na pintura e não no objeto. As bases do Realismo, que lança em 1847, são Enterro em Ornans (figura 4) e O quebra-pedras (figura 5), nos quais mais do que representar a realidade, identifica-se com ela. Segundo Argan (1992), Courbet quer viver a realidade como ela é, nem bela nem feia: para chegar a isso, não tendo outro caminho, desfazem-se de todos os esquemas, preconceitos, convenções, tendências do gosto. Para tocar a verdade,
  • 18. ele elimina a mentira, a ilusão, a fantasia. Tal é o seu “realismo”, princípio antes moral do que estético: não culto e amor, devota imitação, mas pura e simples constatação do verdadeiro de acordo com as obras seguinte. Figura 4 – Gustave Courbet: Enterro em Ornans (1847) Óleo sobre tela, 1,74 x 4m. Paris, musée du Petit Palais. Fonte: conversamos.files.wordpress.com/2009/08/glean Figura 5 – Gustave Courbet: O quebra-pedras, (1849) Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Milão, coleção particular. Fonte: Argan (1992, p.92)
  • 19. O Realismo se torna um grande parâmetro para este trabalho, ao se tratar de uma temática social, mostrando em alguns momentos o trabalhador simples, como os das minhas criações, nas quais apresento os vendedores ambulantes que trabalham muitas vezes sem regularização de seu espaço e suas mercadorias. Justifico esse paralelo da figura do trabalhador por meio da obra de François Millet (1814-75), demonstrando o retrato real de uma pessoa em busca de sua sobrevivência e simplicidade, de modo contemplativo e grandioso. A foto seguir (figura 6) caminhão do ambulante vendedor de frutas capta essa simplicidade do real, mas de certo modo também capta uma beleza poética, na qual o vendedor posicionado em uma rua de grande fluxo espera seus clientes com as frutas organizadas em seu caminhão. Figura 6 – Caminhão do Vendedor de frutas Fonte: Lu Colares, 2010
  • 20. 2.3 Impressionismos Como Estética Segundo Cavalcanti (1978), o Impressionismo foi o movimento mais revolucionário ocorrido na história da pintura do Ocidente, desde a Renascença aos fins do século XIX. Nenhum outro movimento pode ser comparado, tanto pela nova visão plástica do mundo que se revelou, como pelas originais inovações que introduziu no domínio da técnica da pintura. Contribuiu direto e decisivo para a formação das primeiras grandes escolas da pintura moderna, no começo do século XX. Segundo Gombrich (1979), Manet e seus seguidores descobriram que, se olharmos a natureza ao ar livre, não vemos os objetos individuais, cada um com sua própria cor, mas uma brilhante mistura de matizes que se combinam em nossa mente. Em 1863, os pintores acadêmicos recusaram-se a aceitar as obras de Manet para a exposição oficial, no Salão dos Artistas Franceses. Uma onda de agitação popular levou as autoridades a exibirem todas as obras que haviam sido recusadas pelo júri numa mostra especial que recebeu o nome de “Salão dos Recusados”. O público compareceu, principalmente para rir daqueles que haviam recusado a aceitar o veredicto dos seus superiores. Entretanto, nessa época, as pinturas de Manet eram feitas com inspiração em Frans Hals, em Giorgione e Ticiano, em Velásquez e Goya, tornando difícil a compreensão da violência entre artistas e críticos. Manet dava um tratamento, que ao ar livre e sob plena luz do dia, as formas redondas parecem às vezes planas, como manchas coloridas, obtendo o efeito que ele desejava explorar, dando a impressão de real profundidade. Apesar de Édouard Manet não ter se considerado um impressionista, foi em torno dele que se reuniu grande parte dos artistas que posteriormente foram chamados de impressionistas. Entre esses pintores que se juntaram a Manet e ajudaram a desenvolver essas idéias estava um obstinado jovem de Le Havre, Claude Monet (1840-1926). Monet insistiu com seus amigos para que abandonassem seus ateliês e só voltassem a dar uma pincelada diante do “motivo”.
  • 21. A “natureza” ou o “motivo” muda de minuto a minuto, com a mudança do sol, das nuvens ou do vento que quebra o reflexo na água e o artista não dispõe de tempo para combinar suas cores. Ele deve usá-las de imediato, em rápidas pinceladas, cuidando menos dos detalhes e mais do efeito geral produzindo pelo todo. Em 1874 preparava-se, no estúdio do fotógrafo Nadar, em Paris, uma exposição. Continha uma tela de Monet que o catálogo descrevia com o nome “Impressão: Nascer do Sol”. No dia seguinte, um dos críticos falava ironicamente do acontecimento, tachando-o de "os impressionistas". Nascia, assim, uma denominação que se tornaria famosa no mundo todo: O IMPRESSIONISMO. Segundo Cavalcanti (1978, p.216), as principais características da pintura Impressionista são: 1º - A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol. 2º - As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens e não existe na natureza. 3º - As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado. 4º - Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. 5º - As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. O Impressionismo se apresenta em minhas criações por meio da estética, nas quais também não apresentam contorno, há a ausência do preto, e são representadas por meio de cores puras e vibrantes.
  • 22. 2.4 Paul Cézanne Paul Cézanne foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das concepções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. Paul Cézanne nasceu em Aix-en-Provence em 10 de janeiro de 1839 e morreu na mesma cidade em 22 de outubro de 1906. Em 1852 ingressou no Collège Bourbon, de Aix, onde se tornou amigo íntimo de Émile Zola, que teve grande influência em sua formação literária. Aprendeu o desenho e os primeiros rudimentos da pintura sob a orientação de Gilbert, na Escola de Belas-Artes de Aix. Embora contrário à vocação artística do filho, seu pai, banqueiro em Aix, permite-lhe afinal estudar pintura em Paris, de abril a setembro de 1861. Cézanne candidata-se à Escola de Belas Artes, mas foi recusado e volta à sua cidade. Retornará a Paris, contudo, teve que trabalhar em atelier particular, a Académie Suisse. Nos anos seguintes, nos quais alternou estadas em Paris, com retiro em Aix, a casualidade propiciou-lhe o encontro com pintores dos quais se aproximava pelo talento: Monet, Sisley, Guillaumin, Bazille, Renoir, Manet. Nessa época, ele tem grande admiração por Delacroix e Courbet. Pinta uma série de obras de inspiração romântica. Em janeiro de 1872, estabelecer-se em Pontoise, onde se acha Pissarro, que o encaminha para a pintura ao ar livre do Impressionismo. Inicia-se então a verdadeira carreira do artista. Após uma fase inicial dedicada aos temas dramáticos e exagerados próprios do período “romântico-expressionista”, depois a grande mudança, os impressionistas, até que Cézanne compreendeu que a partir desta “tortuosidade” deveria aprender era consigo mesmo, investigar a fundo o seu próprio “eu” mais intimo e secreto, a fim de que nascesse da evolução do gênio mais original do século XIX, tudo o que se constituiu a base da pintura moderna para o século seguinte. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu
  • 23. a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram essenciais para suas composições únicas. Cézanne pinta principalmente a paisagem e a representação de naturezas mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar as suas paisagens estudava-as e analisava os seus valores plásticos, reduzindo-as depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas paralelas. Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinam-se à unidade de composição. As suas paisagens são sutilmente geométricas. Cézanne pintou especialmente a sua Provença natal (figura 7). (BIBLIOTECA DE ARTE, 1973) Figura 7 – Paul Cèzanne: Monte Sainte-victoire, (1904-1906) Óleo sobre tela, 0,60 x 0,73 cm. Zurique, Kunsthaus. Fonte: Argan (1992, p.115). As minhas criações de temática realista dos vendedores ambulantes foram pintadas com a teoria das cores impressionistas, mas com pinceladas pós- impressionistas, portanto para realizar minhas pinturas busquei as pinceladas de Paul Cézanne, na qual apresenta a força do gesto do pintor e dá maior expressão para o tema abordado. As produções plásticas serão explicitadas no próximo capítulo que trata dos procedimentos metodológicos
  • 24. 2. 5 O Muralismo Para O Povo De acordo com enciclopédia Gênios da Pintura (1969), o Muralismo mexicano, importante escola da pintura moderna, foi um movimento artístico singular e de extrema importância para a arte mundial do século XX. O traço fundamental deste movimento é a intervenção social e política através da arte, levando-a ao povo e, através dela, transmitindo uma mensagem de otimismo e solidariedade em relação à sociedade e à humanidade. A temática central é o povo mexicano, a sua vida, a sua história e os seus valores, a melhor forma de fazer passar a mensagem ao povo de um modo simples e compreensível. Isto foi realizado através de uma técnica extraordinária, a pintura mural, que tornava a arte acessível às massas e que foi levada a cabo com grande talento pelos grandes pintores mexicanos Orozco, Rivera e Siqueiros, entre outros. Rivera, Siqueiros e Orozco, fundam o “Sindicato dos Pintores”, e passam a produzir obras que pudessem ser vistas por todos, a qualquer momento, não em museus ou em instituições às quais o povo nunca teve acesso, mas em locais públicos, escolas, repartições oficiais. Nesse contexto nasceu o muralismo. As obras: Vendedora de Flores (figura 8), Mãe Camponesa (figura 9) e As Lutas Proletárias (figura 10) são exemplos claros do Muralismo, no sentido realista popular e político, das representações do povo mexicano. Em outras palavras, a pintura mural exprime, quanto ao conteúdo, dois aspectos básicos: confere à massa anônima da população indígena o direito de ser protagonista da arte de seu país; revive o orgulho pelo grandioso passado asteca. É uma reivindicação social e um cântico altivo. É a revelação dos humildes e a celebração da raça. (GÊNIOS DA PINTURA, 1969, p.5)
  • 25. Figura 8 – Diego Rivera: Vendedora de Flores, (1942) Óleo sobre tela, 1,21 x 1,21 cm. Cidade do México. Fonte: lucaasblog.blogspot.com/2009/06/o-mexico-e-o Figura 9 – David Alfaro Siqueiros: Mãe Camponesa, (1930) Óleo sobre tela, 2,25 x 1,79 cm. Museu de Arte Moderna, Cidade do México. Fonte: www.hispanista.com.br/revista/imagens/artigo1.jpg evista/imagens/artigo1.jpg
  • 26. Figura 10 – José Clemente Orozco: As lutas Proletárias, (1941) Afresco. Museu, Escola México, Chile. Fonte: www.hispanista.com.br/revista/imagens/artigo1.jpg O Muralismo do século XX me proporcionou um sentimento de revelação da massa anônima e humilde. Ao se tratar da temática, esse movimento artístico de forte impacto contribui muito para minha realização artística, pelo fato de que pessoas simples são representadas como protagonistas da obra, igualmente as minhas criações, nas quais os vendedores ambulantes se tornam superiores e determinados em suas funções, sem perder a dignidade e a esperança, como podemos ver na imagem a seguir de um vendedor de coco (figura 11). Figura 11 – Vendedor de coco Fonte: Lu Colares, 2010
  • 27. 2.6 O Modernismo Para O Brasileiro Segundo Gonçalves (2007) a arte brasileira sofreu mudanças no período entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial, mudança esta de formação artística, quanto na critica e em aspectos sócio-culturais. O Modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor de águas na história da cultura brasileira. O evento - organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica. Uma das saídas foi explorar eventos ruidosos, como a chamada Semana de 22 ou a inserção da Revista Antropofagia em periódico de grande circulação, o Diário de São Paulo, lido pelas famílias tradicionais. A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país faz do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção realizada sob a influência de 1922. Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade. Apesar da força literária do grupo modernista, as artes plásticas estão na base do movimento. O impulso teria vindo da pintura, da atuação de Di Cavalcanti à frente da organização do evento, das esculturas de Brecheret e, sobretudo, da exposição de Anita Malfatti, em 1917. Tarsila do Amaral não esteve presente ao evento de 1922, o que não tira o seu lugar de grande expoente no modernismo brasileiro. Associando a experiência francesa - e o aprendizado com André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger - aos temas nacionais, a pintora produz uma obra emblemática das preocupações do grupo modernista. Não que ela tenha sido nacionalista ou sua obra, na realidade seu desejo era inscrever sua identidade, conferindo-lhe forma e delineando limites, ser profunda e universal a partir do seu chão, um exemplo dessa busca é a obra Vendedor de Frutas (figura 12) da fase Pau-brasil. Talvez seja dessa artista a linguagem mais instigante e polêmica nas artes visuais dos anos 1920. O final da década de vinte é marcado por mudanças políticas e Tarsila não escapa a elas, o
  • 28. que acaba repercutindo em sua pintura conduzindo-a a arte social, enfocando a massa de imigrantes e os movimentos sociais em torno das melhorias de condições de trabalho nos anos 30 do século XX, demonstrada na obra Operários (figura 13). Figura 12 – Tarsila do Amaral: Vendedor de Frutas, 1925 Óleo sobre tela, 108 x 84 cm. Col. Gilberto C.B de Mello Fonte: Mestres das Artes no Brasil, Trasila do Amaral (2005 p.22). Figura 13 – Tarsila do Amaral: Operários, (1933) Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, São Paulo. Fonte: Mestres das Artes no Brasil, Trasila do Amaral (2005, p.29).
  • 29. Com a inflexão nacionalista do período, exemplarmente representada por Cândido Portinari, Portinari pode ser tomado como expressão típica do modernismo de 1930. À pesquisa de temas nacionais e ao forte acento social e político dos trabalhos, o artista destacava em suas obras momentos de lazer e descanso, assim humanizando o homem do campo (figura 14). Modernistas da primeira geração despertaram para a situação discriminatória diante do negro em nossa sociedade, e Di Cavalcanti conferirá nobreza a essa vertente. Figura 14 – Cândido Portinari: O Café, (1934) Óleo sobre tela, 0,45 x 0,54 cm. Museu nacional de Belas Artes, Rio De Janeiro. Fonte: aprendemos-mikasmi.blogspot.com/2008/11/porti Aos poucos, sua inclinação muralista revela-se com vigor nos painéis executados para o Monumento Rodoviário, na Via Presidente Dutra, em 1936, e nos afrescos do recém construindo edifício do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, realizados entre 1936 e 1944. Estes trabalhos, como conjunto e como concepção artística, representam um marco na evolução da arte de Portinari, afirmando a opção pela temática social, que será o fio condutor de toda a sua obra a partir de então. A pintura modernista do Brasil tem uma forte apelação para o tema social, muito expressivo que demonstra a identidade do brasileiro, portanto se torna essencial para a fundamentação das minhas obras.
  • 30. Se tratando apenas da temática segui as obras de Tarsila do Amaral e Cândido Portinari dois pintores que me revelaram a grandeza desse tema social, A foto a seguir (figura 15) do vendedor ambulante de frutas caracteriza bastante o meu trabalho, na qual o personagem principal posa e oferece seu produto idealizando sua própria realidade. Falando de arte modernista brasileira, Tarsila do Amaral igualmente a essa foto retratou um vendedor de frutas (figura 12). Figura 15 – Vendedor de frutas Fonte: Renata Gimenes, 2009, www.inclusivecities.org
  • 31. 2.7 Artes Plásticas Em Mato Grosso Do Sul Os movimentos das Artes Plásticas em Mato grosso do Sul antecedem a Divisão do Estado ocorrida em 1977. Antes da criação do Estado do MS é criada a AMA – Associação Mato-grossense de Artes com o objetivo de proteger, incentivar e divulgar a produção artística do MS. Segundo Menegazzo (1992), por ocasião da Divisão do Estado, a maioria dos artistas da terra decidiu ficar, privilegiando o surgimento de novos grupos, entidades, o desenvolvimento de uma linguagem e, essencialmente, a busca de uma identidade própria. Os artistas que provocaram o movimento das artes no Estado continuam produzindo. Thétis Selingardi representa o abstracionismo em sua máxima expressão. Nelly Martins trabalha com técnicas variadas. Temos o figurativismo, desfeito em técnicas expressionistas, em trabalhos de Therezinha Neder, Darwin Longo, Irani Bucker, Élios Longo de Oliveira (Lelo), Masahito Fujita, Rubén Dario, com temática, que vão da interiorização do homem e suas angústias as cenas do cotidiano, ainda que fora de sua função freqüente. Há artistas que procuram demonstrar a imagem plástica, através de rigorosa pesquisa de materiais e de técnicas, cujos resultados podem chegar ao humor, como os trabalhos de Sandra Vissoto e Heron Zanatta; ao onírico da imaginação de Júlio César Alvarez, ou à sensualidade das texturas das obras de Richard Perassi; e linguagem de experimentação, com referências regionais de Jonir Figueredo. O desenho e suas técnicas têm lugar de evidência em mato Grosso do Sul, através de Vânia Pereira, Emilce Thomé (Miska), Carla de Cápua, Marlene Mourão (Peninha) e Marcelo Lima. Segundo Menegazzo (1992), a figura humana é o elemento que resumi a obra de Ilton Silva, questionado sua natureza, valores e significados. Do trabalhador que luta pelo direito de viver, a angústia do desencontro, Ilton desnuda a realidade. A partir de 1980, deu início a obra marcada pela preocupação social. Cortadores de cana, lenhadores, ervateiros, peão (foto 16) surgem nas telas como símbolos de miséria e de opressão. Ilton Silva tem uma visão segura da função da arte e do artista na sociedade, como agentes de transformações.
  • 32. Figura 16 - Obra: Peão, Autoria: Ilton Silva Fonte: iltonsilva.com http://www.br/galeria/ Segundo Menegazzo (2005), o artista plástico Darwin Longo apresenta uma grande produção a partir de 1980, ficou famoso como pintor figurativo, em obras que apresentam o cotidiano urbano, por meio de cenas nas quais o homem é o personagem central. Traduz de forma sensível o trabalho, a vida de laranjinhas, garis, ciclista, camelô, pipoqueiros (figura 17) pessoas que o talento do artista tirou do anonimato. Figura 17 – Autoria: Darwin Longo Fonte: www.overmundo.com.br/agenda/professor-de-arte...
  • 33. 2.8 Fotografias Todas as fotografias foram impressas em tamanho (1ox15) no papel fotográfico brilhante. As etapas para a confecção das obras foram: selecionar as imagens (Figura 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25), essas imagens foram fotocopiadas, depois quadriculadas e passadas para o suporte. 2.8.1 Fotógrafos lambe-lambe De acordo com os estudos de Fukelman e Lima (2003), o fotógrafo lambe- lambe, também conhecido como fotógrafo de jardim, por utilizar muitas vezes um jardim para o fundo das fotos, é um profissional em extinção. Presente a partir do século XIX nos espaços públicos das cidades brasileiras teve um papel importante na popularização da fotografia no Brasil. Existem algumas explicações para a origem do termo lambe-lambe: lambia-se a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão ou se lambia a chapa para fixá-la, ou a origem pode estar ligada ao antigo processo da ferrotipia. Figura 18 – Fotógrafo Lambe-lambe Fonte: LuColares, 2005
  • 34. 2.8.2 Vendedor de redes Segundo Cavalcanti Neto (2009) a origem da rede de dormir no Brasil antecede à ocupação portuguesa, era utilizada entre os povos indígenas antes do processo de colonização. A atribuição do nome “rede” deu-se pela semelhança das malhas com a rede de pescar. Foi rápida a incorporação da rede de dormir pelos portugueses. Com a influência portuguesa na produção artesanal de redes de dormir, foi pouco a pouco sendo modificada pela habilidade da mulher portuguesa. A rede de dormir passou, com o tempo, a ser utilizada, também como meio de transporte, principalmente para as classes mais abastadas. Servia para transportar doentes, feridos, além de mortos, quando estes eram sepultados. Com o advento da industrialização houve uma mudança na comercialização da rede, esta era realizada no âmbito local, principalmente nas feiras. Com a produção em larga escala a comercialização da rede passa a ser feita pelos redeiros itinerantes, que trabalham se deslocando de uma cidade para outra, vendendo as redes na rua, de forma ambulante. Figura 19 – Vendedor de redes. Na esquina da Av. Afonso Pena de Campo Grande/MS Fonte: Lu Colares, 2005
  • 35. 2.8.3 Pipoqueiro De acordo com Lubatti, (2000), pipoqueiro é quem faz e vende pipoca. Há vários tipos de pipoqueiros nas ruas. Uns trabalham com carrocinha e são praticamente fixos. Outros são vendedores de pipoca ocasionalmente: biscateiros, desempregados e aposentados que trabalham somente nos finais de semana e dias festivos. De toda forma, são ambulantes e desempenham atividades folclóricas recorrendo à técnica espontânea para vender o produto e apresentá-lo ao público. Esses pipoqueiros não são simplesmente vendedores de pipoca, eles são personagens de uma história tradicional, onde o costume de se comer pipoca com queijo quando se vai ao centro fazer compras, na saída da missa ou no fim da aula é muito grande. A maioria dos pipoqueiros está há anos na profissão. Muitas vezes a arte passa de pai para filho. E as pipocas, assim como os queijinhos, ficam cada vez mais gostosas com a prática destes mestres. Figura 20 – Pipoqueiro. Na Praça Ari Coelho, Campo Grande/MS Fonte: Lu Colares, 2005
  • 36. 2.8.4 Sorveteiro De acordo com Virgínia Brandão (2010), o sorvete, surgiu muito antes da primeira geladeira. Sua origem é cheia de controvérsias e lendas, mas a versão mais aceita atribui sua autoria aos chineses, por volta de 1000 a.C, quando, algum cozinheiro criativo experimentou usar flocos de neve para produzir uma iguaria diferente. Segundo a Grande Enciclopedia Illustrata della Gastronomia (Selezione dal Reader's Digest, 2000), até meados do século XVI, o sorvete continuava a ser preparado com água. Só em 1671, na Inglaterra, o leite ou seu creme, ovos e aromatizantes foram incorporados ao sorvete pelo francês DeMirco. No Brasil foram os cariocas os primeiros brasileiros a experimentar a delícia gelada que já fazia sucesso em boa parte do mundo. No dia 23 de agosto de 1834, Lourenço Fallas inaugurava na cidade do Rio de Janeiro, dois estabelecimentos destinados à venda de gelados e sorvetes. A evolução do sorvete no Brasil deu-se a passos curtos, de forma artesanal, com uma produção em pequena escala e em poucos locais. A distribuição em escala industrial no País só aconteceu a partir de julho de 1941 quando, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundada a U.S. Harkson do Brasil, a primeira indústria brasileira de sorvete. Contava com 50 carrinhos, quatro conservadoras e sete funcionários. Dezoito anos mais tarde, a Harkson mudou seu nome para Kibon. Figura 21 – Sorveteiro. Na Praça Ari Coelho em Campo Grande/MS Fonte: Lu Colares, 2005
  • 37. 2.8.5 Vendedores de morango De acordo com a equipe do DestaqueSP (2008), com a chegada do inverno o morango invade feiras, supermercados e até as ruas, sendo vendido em convidativas barraquinhas a preços bem atraentes. Isto porque em junho começa a safra do morango, que pode ser facilmente encontrado até o mês de outubro. Ao sair de casa é comum encontrar um vendedor que, desde bem cedo, escala diversas caixas de morango em um tablado de madeira quase que na vertical. Aquela imensidão rubra é originária da Europa e típica de países frios, pertence à mesma família das rosáceas, assim como a pêra, cereja e maçã. No Brasil, as plantações de morangueiros são encontradas entre o sul de Minas Gerais até o norte do Rio Grande do Sul, com focos principais nas cidades paulistas de Atibaia, Jundiaí e Piedade. Os italianos foram quem desenvolveram a técnica de plantio há quase 80 décadas. Mas, foi nos anos 60 que a fruta começou a ser consumida comercialmente no Brasil. Figura 22 – Vendedores de morangos, na Av. Afonso Pena, Campo Grande/MS Foto: Lu Colares, 2005
  • 38. 2.8.6 Vendedor de coco De acordo com Lana Angélica Braudes Silva (2010), o fruto do coqueiro e da família das palmáceas, o coco é um fruto que possui mais ou menos um milhão de espécies diferentes. Trazido pelos portugueses em 1553, o coco da Bahia é o mais comum e mais consumido no Brasil. Seu período de safra é entre os meses de janeiro e julho. Pode ser conservado por até dois meses se mantido fechado e, quando aberto, por até cinco dias se mantido sob refrigeração. O coco verde, quando está adequado para consumo, tem a casca fibrosa, e a polpa tenra e de consistência cremosa. À medida que amadurece, a quantidade de água diminui e a polpa fica mais consistente. Os cocos verde, são vendidos por ambulantes em praças, nas ruas, em praias, possui maior quantidade de líquido que os maduros e têm polpa tenra, sendo muito apreciados como bebida e no preparo de cocadas moles. Figura 23 – Vendedor de coco. Figura 24 – Vendedora de Bilhetes da sorte, Na Praça Ari Coelho, Campo Grande/MS na Rua 14 de julho, Campo Grande/MS Fonte: Lu Colares, 2005 Fonte: Lu Colares, 2005
  • 39. 2.8.7 Vendedor de chipa Segundo Sigrist (2000), o Estado de Mato Grosso do Sul, por fazer fronteira- seca com o Paraguai, também possui costumes e culturas características daquele país. Um dos aspectos interessantes de ser abordado sobre esta cultura é a culinária da região. Além das comidas com nome em guarani, mais consumidas do lado paraguaio da fronteira, podem-se destacar as comidas típicas não só de Pedro Juan, mas também muito consumidas do lado brasileiro da fronteira, tais como o arroz carreteiro, sopa paraguaia, churrasco com mandioca e a tradicional chipa paraguaia. Semelhante ao pão de queijo, a chipa já é tradicional em todo o estado de Mato Grosso do Sul. Feita com queijo, leite, ovos e polvilho, em Campo Grande é vendida nas ruas, por ambulantes (Figura 26). Figura 25 – Vendedor de chipa, na Rua 14 de Julho, Campo Grande/MS Fonte: Lu Colares, 2005
  • 40. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo é relatado o método prático-teórico percorrido para a realização do trabalho plástico, desde a pesquisa até a ação, apresentando a análise e o significado de cada criação realizada. Conforme Vergara (1999) foi utilizado: revisão bibliográfica e observação, através de pesquisas teóricas aliadas a atividade práticas, às quais foram desenvolvidas de acordo com o referencial do universo dos artistas que foram estudados inicialmente, até a definição da linha de trabalho que foi desenvolvida. 3.1 A Definição do Tema e a Pesquisa de Campo Com a definição do tema, iniciou-se a pesquisa sobre artistas que fizeram obras com a temática social citado no capítulo 1 como referências, iniciou-se a etapa de estudo das obras desenvolvidas por esses artistas, e a aplicação de seus estilos nos trabalhos realizados conforme o tema proposto. A pesquisa de campo pretendeu mostrar a realidade dos trabalhadores informais, suas preocupações e incertezas de vendas do seu produto até o fim do dia de sua labuta. Foram utilizadas fotografias de pessoas anônimas das ruas de Campo Grande/MS, no momento em que elas estavam trabalhando com o comércio informal que permitiu as obras. Em todo o mundo, uma grande e talvez crescente parcela da força de trabalho informal opera nas ruas das cidades, nas calçadas e em outros locais públicos, vendendo de tudo, desde produtos frescos até equipamentos eletrônicos. Vendedores ambulantes incluem todos que vendem mercadorias ou serviços em espaços públicos. Nem todos os vendedores ambulantes trabalham sem licença ou proteção legal, mas a maioria trabalha. A maior parte dos negócios de rua são operações individuais que usam mão- de-obra familiar gratuita na medida da necessidade. Alguns trabalham sob o conforto
  • 41. de bancas cobertas; outros simplesmente se agacham ao lado de uma cesta ou cobertor exibindo sua mercadoria. 3.2 Materiais Utilizados Os materiais empregados basicamente foram fotografias, fotocópias das fotografias, telas, lápis, tintas a óleo, pincéis. A relação custo/benefício desses materiais faz com que o investimento realizado seja viável, uma vez que tanto os pincéis como as tintas poderão ser utilizados em outros trabalhos. 3.3 A Produção Artística Para a criação artística do trabalho foi necessário seguir algumas etapas. A escolha das cenas a serem pintadas foi baseada nas fotografias feitas nas ruas de Campo Grande/MS, e no conteúdo teórico abordado anteriormente, a temática Social nas Artes. O trabalho pretende demonstrar nas pinturas os sentimentos, a dor, a falta de perspectiva de um futuro melhor, a incerteza da venda, o momento psicológico do ambulante que labuta na rua, sem nenhuma garantia que à volta pra casa terá o sustento dele e o de sua família. Foram feitas 07 (sete) obras, em óleo sobre tela, com a teoria das cores impressionistas, mas com pinceladas pós-impressionistas. Essas imagens foram fotocopiadas, depois quadriculadas (Figura 26) e passadas para o suporte.
  • 42. Figura 26 – Fotocópia quadriculada Fonte: Lu Colares, 2010 3.3.1 Trabalhos desenvolvidos Após passar o desenho para a tela, usando carvão, separo as tintas que vou usar. Com as tintas óleo na paleta, começo a fazer o fundo (Figura 27, 28). Uso o amarelo, os vermelhos, os azuis, o branco, o violeta. Uso a cor pura sem mistura na paleta. Figura 27 – Pintura na tela Figura 28 – Pintura na tela Fonte: Julianna Colares Fonte: Julianna Colares
  • 43. As misturas de violeta, vermelho e azul, conseguem fazer a cor escura. O vermelho, amarelo Nápoles, o branco e as tintas que fazem a cor escura dão a modulação ao rosto, aos braços e as pernas da figura; o cabelo é pintado com amarelo, vermelho e as tintas que fazem a cor escura; o branco e o violeta dar volume à blusa da figura; a saia é pintada de azul, branco e de violeta; o violeta com o azul faz a sombra; o piso é feito de pinceladas de vermelho, amarelo, branco; o carrinho é pintado de verde, amarelo, branco, violeta (Figura 29, 30) Figura 29 – Pintura na tela Fonte: Julianna Colares Figura 30: Pintura na tela Fonte: Julianna Colares
  • 44. 3.4 Análises Das Obras Em um resumo geral, a realização deste trabalho não teve qualquer ambição de representar, narrar ou reler outras obras. Desejava desde o início passar a maior pureza e harmonia para as pinturas, acontecendo tudo de forma racional. Meu trabalho tem como objetivo a composição estética através de uma poética individual. As obras apresentadas são focadas no trabalho informal de vendedores ambulantes, o seu dia a dia de trabalho nas ruas de Campo Grande/MS. O conjunto é formando por uma série de 07 (sete) obras (Figura 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37), em óleo sobre tela, e todas têm a mesma temática, que é a arte no contexto social, representado o trabalhador informal. As obras tiveram uma grande influência de Paul Cézanne, procurei usar nas pinceladas, as distorções formais e alterações de perspectivas em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Usei cores do impressionismo para definir diferentes volumes que foram essenciais para as composições, modulando as cores em curtas pincelados para dar a impressão do volume, procurado construir a imagem com materiais da pintura. As obras têm as características do pós-impressionismo, pois, a pintura é definida nos seus valores específicos: a cor e bidimensionalidade; há a valorização dos sentimentos dos trabalhadores, e de seus anseios. As pesquisas teóricas muito contribuíram para minhas realizações, tendo em vista a minha pouca experiência em pintura, procurei representar o trabalhador com expressividade poética, priorizando a função estética e estimulando a afetividade que eu desejava retratar.
  • 45. 3.4.1. Obra: Sonhador No trabalho “Sonhador” (Figura 31), usei cores frias e pinceladas curtas no fundo contrastando com as mercadorias e a vestimenta do vendedor para realçar a atitude do personagem; busquei representar um ambulante, homem humilde, que exerce a ocupação de vendedor de redes, porém, a pessoa que retratei na obra é altiva, demonstra em sua atitude despreocupação com sua condição social, obter sucesso ou não nas vendas talvez para ele não seja primordial, o que importa é ser um homem livre, dono do seu próprio negócio, onde o que importa é conseguir seu sustento no dia-a-dia. Figura: 31 Obra: Sonhador Autoria: Lu Colares Técnica: Óleo sobre tela Dimensão: 1 x1 m Ano: 2010 Campo Grande – MS Fonte: Julianna Colares
  • 46. 3.4.2 Obra: Tarde na Praça Na obra “Tarde na Praça” (Figura 32) represento um jovem trabalhador, usando cores puras sem misturá-las na paleta, com pinceladas curtas e rápidas fazendo o volume das árvores. O jovem ambulante encontra-se numa praça, aguardando a chegada da tarde, quando crianças, jovens e adultos, durante o passeio, saborearão suas deliciosas pipocas que já estão prontas à espera dos importantes fregueses. Figura 32 Obra: Tarde na Praça Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 47. 3.4.3. Obra: Jovem Aprendiz A obra “Jovem Aprendiz” (Figura 33) retrata o início de um dia de trabalho do vendedor de morangos, sentado em uma esquina, ele demonstra paciência em ensinar o ofício ao jovem, mostrado os frutos de boa qualidade depositados em caixas de madeira. O vendedor de morangos, é um ambulante fixo, devido ao tipo de sua mercadoria é impossível sua locomoção pela cidade. Nessa obra usei a cor amarelo ao fundo em contraste com o azul da cor da camiseta, modulação cromática que transita do amarelo, passando pelo laranja, chegando ao vermelho. Figura 33 Obra: Jovem Aprendiz Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 48. 3.4.4 Obra: Tarde de Sol A obra “Tarde de Sol” (Figura 34) representa um ambulante de grande importância nos dias ensolarados, trazendo conforto às pessoas vendendo seus deliciosos sorvetes de frutas; é difícil nos dias de verão não vermos caminhando pelas ruas da cidade ou nas praças um sorveteiro com sua carrocinha colorida. Nessa obra usei vários tons de verdes, azul, branco e violeta para dar massa as folhagens, com pinceladas curtas e com tinta pura modelei os troncos, no chão usei o branco, o amarelo Nápoles, o azul, para as sombras e para dar volume usei o violeta. Figura 34 Obra: Tarde de Sol Autor: Lu Colares Dimensão: 120x80 Técnica: Óleo sobre tela Campo Grande/MS Ano: 2010 Fonte: Julianna Colares
  • 49. 3.4.5 Obra: A Espera A obra “A Espera” (Figura 35) representa os apetrechos de um fotografo de praça, conhecido também como lambe-lambe a espera de clientes. No passado suas habilidades e artes perpetuavam momentos alegres, de pessoas que passeavam à tarde nas praças de sua cidade, esta ocupação já não são mais encontradas nos grandes centros tendo em vista o acesso da população às máquinas digitais e celulares. Nessa obra usei a cor verde das folhagens em contrate com o vermelho, verde, azul, branco e violeta que usei para modelar os troncos, e o amarelo e o vermelho do chão; para modelar e dar volume ao guarda- sol, ao pano que cobre a màquina fotográfica e a cadeira usei cores frias. Figura 35 Obra: A Espera Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 50. 3.4.6 Obra: Chipa Morena A obra “Chipa Morena” (Figura 36) é a representação do famoso vendedor de chipas. É encontrado em quase todos os terminais de ônibus ou nas ruas do centro de nossa cidade, oferecendo seus produtos, o vendedor de chipas no Brasil, é um ambulante tipicamente regional, só encontrado no estado do Mato Grosso do Sul, pois sua origem vem do Paraguai. Nessa obra usei o amarelo no fundo manchado de vermelho, azul, branco; as caixas pintadas de vermelho, amarelo, azul, branco e violeta, fazendo contraste com a cor da roupa da figura e a caixa de armazena as chipas. Figura 36 Obra: Chipa Morena Autor: Lu Colares Dimensão: 120x80 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 51. 3.4.7 Obra: Moça do Coco A obra “Moça do Coco” (Figura 37) representa uma vendedora de coco, mulher jovem com traços indígenas, mostra o dia-a-dia desta trabalhadora informal. Nesta obra com as cores dei um tratamento de volume, fazendo que as pernas e os braços da figura ficassem torneados; o tom de pele e a iluminação do ambiente ficaram em harmonia. Figura 37 Obra: Moça do Coco Autor: Lu Colares Técnica: Óleo sobre tela Dimensão: 120x80 Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 52. CONCLUSÃO A pintura acompanha o ser humano por toda a sua história. É fruto da conquista do homem que vive em sociedade.. A Pintura foi uma das principais formas de representação dos povos medievais, do Renascimento até o século XX. Mas é a partir do século XIX com o crescimento da técnica de reprodução de imagens, graças à Revolução Industrial, e com o advento da fotografia, a função principal da pintura de cavalete, a representação de imagens, enfrenta uma competição difícil. Essa é, de certa maneira, a crise da imagem única e o apogeu de reprodução em massa. Com o Realismo a pintura figurativa passa a ser um instrumento de expor a miséria que o Estado gera na Revolução Industrial, retrata trabalhadores que só ganha para seu sustento. No século XX, esta estética serviu de modelo para artistas com ideais de uma sociedade justa. A partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias, os pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram , criando novas formas de representação e expressão visual. Para a construção das obras deste Trabalho de Conclusão de Curso pesquisou-se sobre a produção da pintura na Historia da Arte feita por artistas de vários períodos. Esses estudos foram de grande importância para a concepção das obras que compõem este trabalho. A partir dessas pesquisas, procurei aumentar o conhecimento pessoal. Em conseqüência, nasceu um trabalho bastante expressivo. A escolha da temática foi a partir de um trabalho que fiz no curso de fotografia no primeiro ano da graduação. Quando o artista pretende reproduzir em seu quadro uma realidade que lhe é familiar, como sua realidade natural e sensível ou sua realidade interna, a pintura é essencialmente a representação pictórica de um tema: é uma pintura figurativa. O tema pode ser uma paisagem (natural ou imaginada), uma natureza morta, uma cena mitológica ou cotidiana, mas independente disto a pintura manifestar-se-á como um conjunto de cores e luz.
  • 53. REFERÊNCIAS ARGAN, G. C. Arte moderna. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 BRANDÃO, V. História do sorvete. Disponível em:< http://correiogourmand. com. br/ info_01_cultura_gastronomica_01_09_a.htm > Acesso em: 14/09/2010. BIBLIOTECA de arte. V. VIII. São Paulo: Três 1973. CALVACANTI, C. História das artes. 3 ed. Rio de Janeiro: Rio, 1978. CAVALCANTI NETO, M. O. Rede de dormir Disponível em: <http://nataldeontem.blogspot.com/2009/03/ rede-de-dormir.html >Acesso em 14/09/2010. DESTAQUESP. Morango – a fruta do Pecado Disponível em: <http://www.destaquesp.com/index.php/Gastronomia>Acesso em 14/09/2010. FISCHER, E. A necessidade da arte. 9 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983. FUKELMAN, C; P. S. L. Artes de sobrevivência em ofícios ambulantes. Disponível em:<www.mao.org.br/fotos/pdf/biblioteca/fukelman>Acesso em 14/09/2010. GENIOS da pintura. V. VIII. São Paulo: Abril Cultural, 1969. GOMBRICH, E. H. A história da arte. 13 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. GONÇALVES, E. R. Modernização e modernidade na arte brasileira do século XX. São Paulo: Editora Imprensa Oficial, 2007. LUBATTI, M. R S. Lambe-lambe e fotógrafo ambulante. Disponível em: <www.jangadabrasil.com.br >Acesso em 13/09/2010. ROSA, M. G. S.; I. D; Y. P. Artes plásticas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande/MS, 2005.
  • 54. ROSA, M. G. S.; M. A. M; I. N. D. R. Memória da arte em Mato Grosso do Sul: história de Vida. Campo Grande, MS: UFMS/CECITEC, 1992. SIGRIST, M. Chão batido: a cultura popular de Mato Grosso do Sul: folclore, tradição. Campo Grande: Ed. UFMS, 2000. SILVA, L. A. Água de coco. Disponível em:<http://www.nutricaoemfoco.com.br> Acesso em 13/09/2010. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
  • 56. Obra: Moça do Coco Autor: Lu Colares Dimensão: 120x80 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/Ms Fonte: Julianna Colares
  • 57. Obra: Jovem Aprendiz Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 58. Obra: Chipa Morena Autor: Lu Colares Dimensão: 120x80 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 59. Obra: Tarde na Praça Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 60. Obra: Sonhador Autoria: Lu Colares Dimensão: 1 X1 m Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande – MS Fonte: Julianna Colares
  • 61. Obra: Tarde de Sol Autor: Lu Colares Dimensão: 120x80 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 62. Obra: A Espera Autor: Lu Colares Dimensão: 1x1 Técnica: Óleo sobre tela Ano: 2010 Campo Grande/MS Fonte: Julianna Colares
  • 63. Currículo 1. INFORMAÇÕES PESSOAIS Nome: Lucilene Colares Rodrigues Data de Nascimento: 23/ 07/1960 RG: 114203413-9 MEx CPF: 758.743.857-20 Endereço: Rua Colheiro, 864, Recanto dos Pássaros, Campo Grande/MS Estado Civil: Casada E-mail: lucilenecolares@hotmail.com Telefone: 67 3391-4554 / 67 84672094 2. FORMAÇÃO Artes Visuais – UFMS (2005-2010) CURSOS DE EXTENSÃO: Oficina: Desenvolvimento Artístico com Técnica digital (outubro/2009) 3. EXPOSICÕES Exposição coletiva de Escultura: Cabeças (junho/2006) UFMS Exposição coletiva de Escultura: Luz e sombras (setembro/2006) UFMS Exposição coletiva de Escultura: Produção Seriada (novembro/2006) UFMS Exposição coletiva de Escultura: Formas Orgânicas (junho/2009) UFMS Exposição coletiva de Escultura: Relevo Narrativo (outubro/2009) UFMS Exposição no Festival de Arte e Tecnologia: Obra: Faces do Casamento (21 a 23/outubro/2009) SESC – Horto em Mato Grosso do Sul
  • 64. 4. EVENTOS 1º Festival de Arte e Tecnologia de Campo Grande/MS (outubro/2009) Ciclo de Debates Arte Agora - 1º edição (julho/2009) Ciclo de Debates Arte Agora - 2º edição (agosto/2009) Ciclo de Debates Arte Agora - 3º edição (setembro/2009) Ciclo de Debates Arte Agora - 4º edição (novembro/2009) Festival de Arte e Tecnologia de Campo Grande/MS (outubro/2010)