Caracteres morfológicos em macaúba sob adubação leandro brandão final
1. CARACTERES MORFOLÓGICOS EM MACAÚBA SOB ADUBAÇÃO1
LEANDRO DE SOUSA BRANDÃO1
; JULIANA FERREIRA DE ASSIS1
; PRISCILA2
RODRIGUES DE CASTRO2
; NATHALIA PEREIRA DA SILVA2
; CLEBER DO3
NASCIMENTO2
; VILMA PEREIRA GOMES3
; WATHINA LIMA SOUZA3
; RENATA4
SANTARÉM MATOS3
; MARCELO FIDELES BRAGA4
; NILTON TADEU VILELA5
JUNQUEIRA4
; LÉO DUC HAA CARSON SCHWARTZHAUPT DA CONCEIÇÃO4
6
7
INTRODUÇÃO8
A produção de biodiesel a partir da macaúba, Acrocomia aculeata, segue uma das9
abordagens tecnológicas em médio prazo, com o desenvolvimento de sistemas de produção de10
oleaginosas perenes, onde não é possível o cultivo de dendê devido a restrições ambientais11
(GAZZONI, 2008). Entretanto, para viabilizar o uso desta espécie como fonte de combustível12
renovável serão necessários estudos para adequação de um sistema de cultivo capaz de explorar seu13
potencial de rendimento. A adubação é um aspecto importante dentre os fatores que podem limitar a14
capacidade produtiva de uma cultura. Pimentel et al. (2011) quantificaram a adubação a ser15
utilizada para macaúba com base na recomendação para palma e exportação de nutrientes pela16
colheita, servindo, de acordo com os autores, como uma 1° aproximação de recomendação de17
adubação para o cultivo da macaúba. Recentemente, foram realizados estudos de caracterização da18
deficiência nutricional em macaúba, com base na resposta à omissão de nutrientes, e avaliações de19
diferentes níveis de fertilização em cultivos de macaúba em viveiro e em condições de campo no20
ambiente da Zona da Mata em Minas Gerais (PIMENTEL, 2012). Neste contexto, o presente21
trabalho vem contribuir para o aumento do conhecimento referente ao comportamento de uma22
espécie ainda considerada silvestre, para moldar um sistema de cultivo racional visando a23
domesticação da macaúba. Assim sendo, o objetivo foi avaliar possíveis efeitos da adubação em24
caracteres morfológicos e no desenvolvimento foliar inicial em dois acessos de macaúba.25
26
MATERIAL E MÉTODOS27
Para o experimento foram utilizados dois um acesso originado do Distrito Federal (DF) e o28
outro originado do estado de São Paulo (SP). O plantio foi realizado em dezembro de 2008 na área29
experimental da Embrapa Cerrados em Planaltina-DF. O delineamento utilizado foi em blocos ao30
acaso, com quatro repetições em esquema fatorial 2 X 2, com parcelas constituídas de seis plantas31
em 25m lineares espaçadas por 5m. A área útil considerada foi as cinco plantas centrais. O fator32
1
Estagiários da Embrapa Cerrados, emails: lsousabrandao@gmail.com, juferr.assis@gmail.com.
2
Estagiários da Embrapa Cerrados do curso de Agronomia da UPIS/Planaltina-DF, emails: priscila_ggf@hotmail.com;
clebernascimento@gmail.com; nathaliamimi@gmail.com.
3
Estagiárias da Embrapa Cerrados do IFB/Planaltina-DF, emails: vilma.amorimm@gmail.com; wathinnalima@gmail.com;
renata.santaremm@gmail.com.
4
Pesquisadores da Embrapa Cerrados, emails: marcelo.fideles@embrapa.br; nilton.junqueira@embrapa.br; leo.carson@embrapa.br.
1
2. acesso foi avaliado em dois níveis (acesso DF e acesso SP), e o mesmo número de níveis foi33
avaliado para o fator adubação (baixa adubação e alta adubação). Foi realizada a correção da acidez34
do solo, com aplicação de 3 ton/ha de calcário e 2 ton/ha de gesso em toda a área. Para o nível de35
adubação baixo foi realizada adubação de base na cova com 50g de NPK (formulação 04-30-16).36
Para o nível alto foram realizadas adubação de base com 300g de NPK, uma adubação de cobertura37
60 e 120 dias após o plantio (100g de sulfato de amônio na cova), e, após o 1ºano, adubação de38
manutenção (mistura de sulfato de amônia, superfosfato simples e cloreto de potássio na proporção39
2:1:1) 200g a cada 45 dias na estação chuvosa. A partir do 3° ano foram utilizadas 400g da mesma40
mistura. Foram avaliadas as seguintes variáveis: número de folhas total (NFOL) aos cinco anos41
(considerando aproximadamente 8 meses para formação da muda), taxa de emissão de folhas a42
partir do décimo mês de plantio (TAEF), comprimento da folha (CFOL), largura da folha (LFOL),43
número de folíolos (NFOLI), altura do estipe aos cinco anos (AEST), taxa anual de crescimento do44
estipe a partir do décimo mês de plantio (TACE), diâmetro do estipe (DEST) e distância entre45
inserções de folhas (DEIF). O programa para efetuar a análise dos dados foi o The SAS system46
v.8.1 (SAS Institute, 2000).47
RESULTADOS48
Tabela 1. Resumo da análise de variância contendo fontes de variação, graus de liberdade (GL),49
quadrados médios e coeficiente de variação (CV) das variáveis relacionadas ao desenvolvimento50
foliar para os 4 tratamentos avaliados no experimento fatorial 2 x 2.51
*: significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. NFOL: número de folhas total aos cinco anos.52
TAEF: taxa de emissão de folhas a partir do décimo mês de plantio. CFOL: comprimento da folha.53
LFOL: largura da folha. NFOLI: número de folíolos.54
55
Tabela 2. Resumo da análise de variância contendo fontes de variação, graus de liberdade (GL),56
quadrados médios e coeficiente de variação (CV) das variáveis relacionadas ao desenvolvimento do57
estipe para os 4 tratamentos avaliados no experimento fatorial 2 x 2.58
*: significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. AEST: altura do estipe aos cinco anos. TACE:59
taxa anual de crescimento do estipe a partir do décimo mês de plantio. DEST: diâmetro do estipe.60
DEIF: distância entre inserções de folhas.61
Fontes de
Variação
GL
Quadrado Médio
NFOL TAEF CFOL LFOL NFOLI
Acesso (Ac) 1 86,9556* 5,1054 3523,9064* 364,0511* 241,8025
Adubação (Ad) 1 428,4900* 30,8818* 1481,2876* 202,9342 3102,4900*
Ac x Ad 1 75,2556 8,0412* 2815,6289** 832,5605* 277,2225
Resíduo 9 15,1180* 1,1873* 177.5668* 44,2957* 398,9422
CV (%) 8,90 9,80 7,22 5,46 8,28
Fontes de Variação GL
Quadrado Médio
AEST TACE DEST DEIF
Acesso (Ac) 1 37442,2500* 6771,9184* 0,0156 191,8225*
Adubação (Ad) 1 22126,5625* 2641,1034* 116,1006* 49,0000
Ac x Ad 1 12656,2500 2545,0343* 50,4100* 46,9225
Resíduo 9 2521,1458 418,7343 5,2748 13,0244
CV (%) 14,93 18,36 7,62 9,28
2
3. 62
A análise de variância apontou efeitos significativos para os níveis de adubação para todos63
os caracteres com exceção de LFOL e DEIF. A origem do germoplasma utilizado em relação as64
variáveis trabalhadas também surtiu em diferenças de acordo com a análise, com exceção para65
TAEF, NFOLI e DEST (Tabelas 1 e 2). Os valores médios foram superiores para o nível alto de66
fertilidade para maioria dos caracteres, porém, essas diferenças foram altamente significativas67
apenas para o acesso de São Paulo, conforme teste de comparações de médias (Tabela 3 e 4). Os68
resultados indicam resposta a adubação para o acesso de São Paulo. Provavelmente as plantas de69
macaúba originadas nesta região são mais eficientes no aproveitamento dos nutrientes pois70
evoluíram em solos mais férteis comparado ao acesso da região do cerrado no centro-oeste. Por71
outro lado, as plantas do Distrito Federal possuem um maior desenvolvimento quando comparadas72
ao acesso de São Paulo por serem mais adaptadas ao ambiente onde foi realizado o cultivo.73
Entretanto, este maior desenvolvimento se deve apenas a efeitos de acesso, de cunho genético, pois74
não foram observadas diferenças entre os níveis de adubação para macaúba do Distrito Federal para75
maioria dos caracteres avaliados, exceção apenas para CFOL e LFOL.76
Resultados semelhantes foram encontrados por Pimentel (2012), onde o aumento no nível de77
doses de N e K resultou em incremento no crescimento vegetativo (altura das plantas, número de78
folhas e vigor) de plantas de macaúba cultivadas a campo. Contudo, é necessário avaliar outros79
caracteres em fases mais avançadas do desenvolvimento da espécie, incluindo características80
fenológicas, produção de frutos e rendimento de óleo.81
82
Tabela 3. Comparação de médias pelo teste de Tukey, das variáveis avaliadas para os 483
tratamentos, sendo dois níveis de adubação, alto (A-ADU) e baixo (B-ADU) envolvendo dois84
acessos de macaúba.85
Médias seguidas de mesma letra na linha/coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de86
probabilidade. NFOL: número de folhas total aos cinco anos. TAEF: taxa de emissão de folhas após87
dez meses de plantio. CFOL: comprimento da folha. LFOL: largura da folha. NFOLI: número de88
folíolos.89
90
91
92
93
94
Nível de
Adubação
NFOL TAEF CFOL LFOL NFOLI
------------------------ cm ------------------
DF SP DF SP DF SP DF SP DF SP
A-ADU 49,0a/a 48,7a/a 12.4a/a 12,6a/a 166,1b/a 222,3a/a 113,5b/a 137,4a/a 254,8a/a 255,4a/a
B-ADU 43,0a/a 34,0b/b 11,0a/a 8,45b/b 173,4a/a 176,5a/b 120,7a/a 115,9a/b 235,3a/a 219,2a/a
3
4. Tabela 4. Comparação de médias pelo teste de Tukey, das variáveis avaliadas para os 495
tratamentos, sendo dois níveis de adubação, alto (A-ADU) e baixo (B-ADU) envolvendo dois96
acessos de macaúba.97
Médias seguidas de mesma letra na linha/coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de98
probabilidade. AEST: altura do estipe aos cinco anos. TACE: taxa anual de crescimento do estipe a99
partir do décimo mês de plantio. DEST: diâmetro do estipe. DEIF: distância entre inserções de100
folhas.101
102
CONCLUSÕES103
O uso da adubação resultou em maior desenvolvimento foliar e crescimento do estipe para104
macaúba cultivada em ambiente de cerrado. Porém, as diferenças encontradas foram significativas105
apenas para o acesso originado de São Paulo.106
107
AGRADECIMENTOS108
À Finep, CNPq e Petrobrás pelos financiamentos e concessão de bolsas à alunos de graduação e109
pós-graduação.110
111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS112
GAZZONI, D.L. Agroenergia: situação atual e perspectivas. In: FALEIRO, F.G. & FARIAS113
NETO, A.L. (ed.). Savanas: desafios e estratégias para equilíbrio entre sociedade, agronegócio e114
recursos naturais. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2008. cap. 27, p.861-878.115
116
PIMENTEL, L. D.; BRUCKNER, C. H.; MARTINEZ, H. E. P.; TEIXEIRA, C. M.; MOTOIKE, S.117
Y.; PEDROSO NETO, J. C.. Recomendação de adubação e calagem para o cultivo da macaúba: 1ª118
aproximação. Informe Agropecuário (Belo Horizonte), v. 32, p. 20-30, 2011.119
120
PIMENTEL, L. D. Nutrição mineral da macaúba: bases para adubação e cultivo. 2012. 115p. Tese121
(Doutorado em Fitotecnia) – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,122
2012.123
124
SAS Institute. The SAS system for windows v.8e. Cary, NC, 2000.125
126
Nível de
Adubação
AEST TACE DEST DEIF
----------------- --------------------------------------------- cm ----------------------------------------- -----------
DF SP DF SP DF SP DF SP
A-ADU 393,6a/a 353,1a/a 132,3a/a 116,35a/a 31,0a/a 34,6a/a 42,4a/a 38,9a/a
B-ADU 375,5a/a 222,5b/b 131,8a/a 65,43b/b 29,2a/a 25,7a/b 42,3a/a 31,9b/a
4