SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  4
Télécharger pour lire hors ligne
1
O rosto atual de Maria à luz do Concílio Vaticano II
Afonso Murad
Publicado na Revista Convergência, Maio 2013, XLVIII, Nº 461; ISSN 0010-8162; páginas 265-272
Maria é uma pessoa especial, a quem reconhecemos como Mãe de Jesus e nossa Mãe na fé. Nela
vemos os traços da perfeita seguidora de Jesus. Para Maria dirigimos nossa oração com afeto; a ela
recorremos em muitos momentos da vida. A partir da existência cristã, situada no mundo
contemporâneo, se colocam várias perguntas diante da relação filial e devocional para a mãe de
Jesus: qual é o limite da devoção mariana? Como ela se associa à centralidade de Jesus? Qual é o
lugar de Maria no culto cristão? Existem pontos comuns entre a visão católica de Maria e a de
outras Igrejas cristãs?
Examinaremos como o Concílio Vaticano II abordou estas questões, no Capítulo 8 da Constituição
Dogmática Lumen Gentium. Tal visão sobre Maria foi fruto de longo processo de diálogo, discussão,
reflexão, oração, concessões entre as correntes em conflito, até alcançar consenso. Por que tanta
dificuldade? Durante muitos séculos a Igreja católica enalteceu de tal forma a pessoa de Maria, que
se perdeu o necessário equilíbrio com a figura de Jesus. Maria foi elevada ao máximo. Esta era a
idéia reinante: quanto mais se falasse de Maria e se exaltasse os seus privilégios, o que ela tem a
mais do que nós, melhor seria. Tratava-se do “maximalista”. Em reação a tal tendência, o Concilio
quis recolocar Maria no seu lugar. Nem mais, nem menos. O lugar legítimo que ela merece.
1. O que diz o Capítulo 8 da Lumen Gentium
Em primeiro lugar, vale recordar, o Concílio rejeitou a proposta de fazer um documento exclusivo
sobre a mãe de Jesus. Preferiu inserir Maria “no mistério de Cristo e da Igreja”. Esta é a grande
chave de interpretação do Vaticano II. Maria não é considerada de maneira isolada, como a santa
poderosa, a rainha e a intercessora infalível, mas sim no contexto da História da Salvação, em
relação a Jesus e como referência para a comunidade de seus seguidores e seguidoras. O
documento Conciliar apresenta o seguinte esquema:
1. Introdução (52-54)
2. A missão de Maria na História da salvação (55-59)
3. Maria e a Igreja (60-65)
4. O culto a Maria na Igreja (66-67)
5. Conclusão: Maria, sinal de esperança para o Povo de Deus peregrino (68-69).
Na introdução, diz-se que o Concílio não propõe a doutrina completa sobre Maria, nem quer
resolver as questões ainda não trazidas à plena luz pelo trabalho dos teólogos (LG 54). Evitam-se
títulos exagerados ou controversos. Os Padres Conciliares reconhecem Maria como “Mãe dos
membros de Cristo, porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são
membros desta Cabeça” (LG 53). Situam Maria na Comunhão dos Santos, e não de forma isolada.
Ela “ocupa na Igreja o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (LG 54). Aqui reside
uma das pérolas da visão conciliar. Diríamos em linguagem afetiva: “Maria está tão perto de Deus
quanto está pertinho de nós”. O fato de ser glorificada não significa que ela tenha se distanciado de
nós, ao contrário.
Vejamos agora as principais afirmações da primeira parte do documento. Aqui o Concílio apresenta
Maria a partir da Bíblia, sua missão na História da Salvação. O Capítulo 8 da Lumen Gentium é
original pela forma como resgata a contribuição da Teologia Bíblica, que não era considerada no
discurso sobre Maria nos últimos séculos. Aliás, nem havia teologia bíblica ainda. Rejeitaram-se os
2
exageros da apologética mariana, que usava citações bíblicas de forma alegórica e fora de seu
contexto, simplesmente para ilustrar o que já se afirmava antes. Optou-se por uma visão sistêmica,
a partir da História da Salvação. Assim, diz-se que no Antigo Testamento, Maria é “profeticamente
esboçada como a mulher que vence a serpente, a Virgem mãe do Emanuel, uma dos pobres de Javé
e a Filha de Sião” (LG 55).
Ao trazer à luz os textos dos Evangelhos sobre a Mãe de Jesus, o concílio traça um perfil dinâmico
de Maria. Afirma que na Anunciação, Maria não é um instrumento meramente passivo, mas
cooperou para a salvação humana com livre fé e obediência (LG 56). A união entre Mãe e Filho na
obra da salvação é um processo, que se estende da concepção virginal até a morte de Cristo (LG
57).
A grande novidade, depois de tantos séculos de exaltação a Maria, como a santa prontinha,
acabada e perfeita desde o nascimento, reside nesta afirmação: No ministério público de Jesus,
Maria avançou em peregrinação de fé, de Caná até a cruz (LG 58).
O documento conciliar encerra suas considerações sobre Maria na Bíblia e dá um salto para a
linguagem devocional e dogmática: Em Pentecostes e na Assunção, para que mais plenamente
estivesse conforme o seu Filho, foi exaltada como Rainha do Universo (LG 59).
A terceira parte do documento aborda a relação de Maria com Jesus e a Igreja. O Concílio Vaticano
II responde com clareza a esta pergunta dogmático-pastoral: Se Jesus é o único mediador entre
Deus e a humanidade, como compreender então a intercessão dos santos e especialmente a de
Maria? Conforme o documento conciliar, Cristo é o único mediador. A missão materna de Maria
não diminui a mediação única de Cristo, mas mostra a sua potência. Não se origina de uma
necessidade interna, mas do dom de Deus. Não impede, mas favorece a união dos fiéis com Cristo
(LG 60). Nenhuma criatura jamais pode ser colocada no mesmo plano do Verbo encarnado e
redentor. Mas o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos pelo povo de Deus e a bondade
de Deus é difundida nas criaturas. A única mediação do Redentor suscita nas criaturas uma variada
cooperação, que participa de uma única fonte (LG 62). O concílio reconhece a legitimidade de
recorrer à intercessão de Maria, pois se trata de cooperação na única mediação de Cristo. Não se
utiliza a expressão “medianeira”, que é ambígua e pode ser maximalista.
Com isso, se passa à quarta parte do documento conciliar sobre a Mãe de Jesus, que trata da
legitimidade e dos limites do culto a Maria na Igreja. Conforme o Capítulo 8 da Lumen Gentium, a
colaboração de Maria não está no mesmo plano da missão redentora de Jesus. Situa-se em função
desta missão e dela depende incondicionalmente. O culto a Maria é singular, diferindo e se
orientando para o culto à Trindade (LG 66). Assim se resume a visão equilibrada e sábia do Vaticano
II:
“Recomenda-se o culto à Maria, evitando tantos os exageros quanto a demasiada estreiteza de
espírito. A verdadeira devoção à Maria não consiste num estéril e transitório afeto, nem numa vã
credulidade, mas no reconhecimento da figura de Maria e no seguimento de suas virtudes” (LG 67).
No que diz respeito à relação de Maria com a Igreja, o Concílio mostra que ela é membro, símbolo e
mãe da Igreja, a partir de sua relação ímpar com Jesus. Não se trata somente da maternidade.
Maria é mãe, companheira e serva do Senhor, tornando-se assim para nós mãe, na ordem da graça
(LG 61). Devido à sua maternidade, à união de missão com Cristo e às suas singulares graças e
funções, Maria está também intimamente relacionada com a Igreja (LG 63). Como Maria, a Igreja é
mãe e virgem: gera novos filhos pelo batismo, guarda a palavra dada ao Esposo, vive na fé,
esperança e caridade (LG 64).
3
A Lumen Gentium, Constituição Dogmática do Vaticano II sobre a Igreja, encerra-se com uma bela
imagem acerca de Maria, sinal para o Povo de Deus peregrino. Distanciando-se do discurso
triunfalista dos privilégios marianos, apresenta a Mãe de Jesus como figura realizada do cristão e da
Igreja:
Maria assunta ao Céu é a imagem e o começo da Igreja como deverá ser consumada no tempo
futuro. Assim também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e do conforto para o
povo de Deus em peregrinação, até que chegue o dia do Senhor (LG 68).
2. A contribuição do Concílio para uma visão atual sobre Maria
Sintetizemos em breves frases a contribuição do Vaticano II para uma visão atual acerca de Maria.
- Apresenta a Mãe de Jesus não de maneira isolada, mas sim em interdependência com Cristo e a
comunidade de seus seguidores, a Igreja.
- Traz nova luz para os dogmas marianos e o culto a Maria, a partir da História da Salvação e da
teologia bíblica.
- Mostra que é possível e necessário elaborar o discurso mariano de maneira equilibrada, lúcida e
contemporânea, que evite a lógica exclusiva dos “privilégios de Maria”.
- Não encerra a reflexão sobre Maria num tratado fechado e nem pretende responder a tudo.
Antes, estimula os teólogos(as) a continuar seus estudos, para esclarecer e aprofundar os temas em
fase de maturação (cf. LG 54). A partir do espírito do Concílio, os teólogos e teólogas não são
considerados como meros repetidores do magistério da Igreja. Em comunhão com a Bíblia, a
Tradição, o magistério e os Sinais dos Tempos, eles(as) tem a missão de contribuir para o avanço da
teologia mariana na Igreja.
- A reflexão sobre Maria articula-se principalmente com textos bíblicos e patrísticos. Não há
referências explícitas aos tradicionais tratados de devoção a Maria dos últimos cinco séculos, em
grande parte marcados pelo maximalismo (exagero mariano).
- Ignoram-se as mensagens de videntes e de aparições. Simplesmente, não se fala delas, pois
apresentam caráter devocional e não dogmático.
- O documento amplia as características bíblico-teológicas de Maria. Nos últimos séculos, seu perfil
ficou restrito praticamente a três elementos: o sim da anunciação, a maternidade biológica, a união
com o filho no momento da cruz. O Concílio descortina outras características, tais como:
companheira e servidora de Jesus (LG 61), mulher que avança em peregrinação na fé, de Caná até a
cruz (LG 58).
- Põe as bases teológicas necessárias para superar a ambiguidade de títulos marianos como
“medianeira” e “corredentora”. Sem meias palavras, reafirma-se o dado bíblico central: “Jesus é o
único mediador”. Maria e os Santos cooperam na missão salvífica de Jesus. Tal cooperação não os
colocam no mesmo nível de Jesus.
- Aponta as múltiplas e complementares formas de relação de Maria com a comunidade dos
seguidores de Jesus. Maria é simultaneamente membro, mãe e protótipo da Igreja.
- O Concílio alerta sobre os equívocos dos extremos do minimalismo (subtrair a presença de Maria
do cotidiano dos católicos) e do maximalismo (devocionismo que se afasta da centralidade de
Jesus). Nem toda forma de devoção mariana é saudável. Critica-se o afeto estéril e transitório e a vã
credulidade. Valoriza-se conhecer e inspirar-se nos traços do perfil bíblico-espiritual de Maria.
4
Conclusões abertas
A reflexão sobre Maria avançou muito nos últimos anos. Felizmente, o quadro é tão amplo e
enriquecedor, que merece, no mínimo, outro artigo. Do ponto de vista do magistério da Igreja,
destaca-se a ousada posição de Paulo VI na “Marialis Cultus”. Em nosso continente, ganham
expressão as afirmações dos Documentos de Puebla e de Aparecida. Teólogos e teólogas
redescobrem o rosto bíblico de Maria a partir dos Evangelhos de Lucas e de João: perfeita discípula
de Jesus, peregrina na fé, sinal da opção preferencial pelos pobres, mulher, mãe da comunidade,
perseverante na fé até a cruz. Na pastoral, incentiva-se a percorrer o caminho humano de Maria,
em consonância com Jesus, que é O caminho. Percebe-se que a Maria glorificada é a mulher de
Nazaré, caminhante da fé, conosco.
Tais descobertas, tão importantes, incitam os religiosos(as), os leigos(as) e os presbíteros a
manterem o equilíbrio na devoção mariana e a cultivar a centralidade de Jesus na vida de fé. Tal
postura exige, em muitos casos, denunciar o equívoco de devoções exageradas, que atentam até
contra o bom senso. E, principalmente, propor expressões cultuais de acordo com o espírito do
Concílio. Para as congregações que cultivam devoções marianas tradicionais, é necessário discernir
os elementos originais daqueles que foram expressão de uma época já passada e perderam
significado. A devoção mariana é boa e saudável, se considera devidamente a Maria dentro do
mistério de Cristo e da Igreja, como anunciou o Concílio. Que tenhamos a lucidez de realizar as
mudanças necessárias e superar um devocionismo “vão e estéril”, como diz o texto conciliar.
A grande virada consiste em voltar à Maria dos Evangelhos. E, a partir daí, dosar a intensidade e
reelaborar as expressões devocionais, que agora devem estar marcadas por uma espiritualidade
encarnada e trinitária.
Certa vez me pediram para atualizar a Salve Rainha, uma oração bonita, mas com elementos
teológicos anacrônicos. Partilho com você, caro leitor(a), esta prece transformada em canto, com a
melodia do Padre Joãozinho, na esperança de estimular iniciativas similares.
Salve Rainha
Mãe, educadora, seguidora de Jesus
filha querida do Deus misericórdia
Sinal humano da Trindade:
Vida, doçura e esperança nossa, salve.
A ti clamamos,
os filhos da Terra.
Contigo nos alegramos nas conquistas do Amor,
E suspiramos, gemendo e chorando nos momentos de dor.
Volta o teu olhar para nós os filhos teus
E mostra-nos Jesus
O Filho de Deus!
Amém!
* Email: murad4@hotmail.com.
* Blog sobre Maria, onde se encontram a melodia desta Salve Rainha e outros textos sobre Maria:
www.maenossa.blogspot.com.
*Para saber mais: Afonso Murad, Maria toda de Deus e tão humana. Compêndio de Mariologia. Nova Edição revista e
ampliada. Paulinas – Santuário, 2012, capítulo 1.

Contenu connexe

Tendances

ATOS DOS APSTOLOS ATUALIZADO Reparado.pdf
ATOS DOS APSTOLOS  ATUALIZADO Reparado.pdfATOS DOS APSTOLOS  ATUALIZADO Reparado.pdf
ATOS DOS APSTOLOS ATUALIZADO Reparado.pdfEduardadaRochaCunhaM
 
Maria na devoção e na liturgia
Maria na devoção e na liturgiaMaria na devoção e na liturgia
Maria na devoção e na liturgiaAfonso Murad (FAJE)
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
EucaristiaJean
 
O culto à mãe de Deus na piedade popular
O culto à mãe de Deus na piedade popularO culto à mãe de Deus na piedade popular
O culto à mãe de Deus na piedade popularAfonso Murad (FAJE)
 
Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Afonso Murad (FAJE)
 
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxLiturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxPadre Anderson de Lima Alencar
 
Maria en la patristica
Maria en la patristicaMaria en la patristica
Maria en la patristicaEstelly J
 
Dogmas marianos- documento
Dogmas marianos- documentoDogmas marianos- documento
Dogmas marianos- documentoCamila Pascoal
 
Apostila preparacao catequese_de_adultos
Apostila preparacao catequese_de_adultosApostila preparacao catequese_de_adultos
Apostila preparacao catequese_de_adultosAntonio Cardoso
 
Concílio Vaticano II - 50 Anos
Concílio Vaticano II - 50 AnosConcílio Vaticano II - 50 Anos
Concílio Vaticano II - 50 AnosRubens Júnior
 
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANO
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANOSEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANO
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANOLeonam dos Santos
 

Tendances (20)

Marialis cultus
Marialis cultusMarialis cultus
Marialis cultus
 
O catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católicaO catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católica
 
ATOS DOS APSTOLOS ATUALIZADO Reparado.pdf
ATOS DOS APSTOLOS  ATUALIZADO Reparado.pdfATOS DOS APSTOLOS  ATUALIZADO Reparado.pdf
ATOS DOS APSTOLOS ATUALIZADO Reparado.pdf
 
Aparições de Nossa Senhora
Aparições de Nossa SenhoraAparições de Nossa Senhora
Aparições de Nossa Senhora
 
Maria na devoção e na liturgia
Maria na devoção e na liturgiaMaria na devoção e na liturgia
Maria na devoção e na liturgia
 
História da catequese
História da catequeseHistória da catequese
História da catequese
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
Eucaristia
 
O culto à mãe de Deus na piedade popular
O culto à mãe de Deus na piedade popularO culto à mãe de Deus na piedade popular
O culto à mãe de Deus na piedade popular
 
Curso de-ministros
Curso de-ministrosCurso de-ministros
Curso de-ministros
 
O catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católicaO catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católica
 
Resumo dei verbum
Resumo dei verbumResumo dei verbum
Resumo dei verbum
 
Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)
 
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxLiturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
 
Maria en la patristica
Maria en la patristicaMaria en la patristica
Maria en la patristica
 
Dogmas marianos- documento
Dogmas marianos- documentoDogmas marianos- documento
Dogmas marianos- documento
 
A santa missa parte por parte
A santa missa parte por parteA santa missa parte por parte
A santa missa parte por parte
 
Gaudium et spes go
Gaudium et spes   goGaudium et spes   go
Gaudium et spes go
 
Apostila preparacao catequese_de_adultos
Apostila preparacao catequese_de_adultosApostila preparacao catequese_de_adultos
Apostila preparacao catequese_de_adultos
 
Concílio Vaticano II - 50 Anos
Concílio Vaticano II - 50 AnosConcílio Vaticano II - 50 Anos
Concílio Vaticano II - 50 Anos
 
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANO
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANOSEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANO
SEITAS E HERESIAS - CATOLICISMO ROMANO
 

En vedette

APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.
APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.
APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.Angela Cabrera
 
A mística mariana da alegria do evangelho v2
A mística mariana da alegria do evangelho v2A mística mariana da alegria do evangelho v2
A mística mariana da alegria do evangelho v2Afonso Murad (FAJE)
 
A intercessão de maria (afonso murad)
A intercessão de maria (afonso murad)A intercessão de maria (afonso murad)
A intercessão de maria (afonso murad)Afonso Murad (FAJE)
 
Maria no evangelho de lucas (2012)
Maria no evangelho de lucas (2012)Maria no evangelho de lucas (2012)
Maria no evangelho de lucas (2012)Afonso Murad (FAJE)
 
Contribuição dos santuários para a evangelização
Contribuição dos santuários para a evangelizaçãoContribuição dos santuários para a evangelização
Contribuição dos santuários para a evangelizaçãoAfonso Murad (FAJE)
 
Marialis cultus (apresentação didática)
Marialis cultus (apresentação didática)Marialis cultus (apresentação didática)
Marialis cultus (apresentação didática)Afonso Murad (FAJE)
 
Introduccion a la mariología
Introduccion a la mariologíaIntroduccion a la mariología
Introduccion a la mariologíaAngela Cabrera
 
Sinergia religiosos y laicos (2012)
Sinergia religiosos y laicos (2012)Sinergia religiosos y laicos (2012)
Sinergia religiosos y laicos (2012)Afonso Murad (FAJE)
 
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de Jesus
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de JesusEnquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de Jesus
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de JesusAfonso Murad (FAJE)
 
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.Afonso Murad (FAJE)
 
Leitura de cenário da américa latina a partir da missão
Leitura de cenário da américa latina a partir da missãoLeitura de cenário da américa latina a partir da missão
Leitura de cenário da américa latina a partir da missãoAfonso Murad (FAJE)
 
Solidariedade e opção pelos pobres
Solidariedade e opção pelos pobresSolidariedade e opção pelos pobres
Solidariedade e opção pelos pobresAfonso Murad (FAJE)
 
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericana
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericanaMaria após o vaticano II na teologia latinoamericana
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericanaAfonso Murad (FAJE)
 
Empreendedorismo e carisma marista
Empreendedorismo e carisma maristaEmpreendedorismo e carisma marista
Empreendedorismo e carisma maristaAfonso Murad (FAJE)
 
A igreja deve se profissionalizar?
A igreja deve se profissionalizar?A igreja deve se profissionalizar?
A igreja deve se profissionalizar?Afonso Murad (FAJE)
 
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)Afonso Murad (FAJE)
 

En vedette (20)

Um novo começo com maria
Um novo começo com mariaUm novo começo com maria
Um novo começo com maria
 
APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.
APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.
APARICIONES DE MARÍA ¿Qué son? Criterios de discernimiento.
 
A mística mariana da alegria do evangelho v2
A mística mariana da alegria do evangelho v2A mística mariana da alegria do evangelho v2
A mística mariana da alegria do evangelho v2
 
A intercessão de maria (afonso murad)
A intercessão de maria (afonso murad)A intercessão de maria (afonso murad)
A intercessão de maria (afonso murad)
 
Maria no evangelho de lucas (2012)
Maria no evangelho de lucas (2012)Maria no evangelho de lucas (2012)
Maria no evangelho de lucas (2012)
 
Contribuição dos santuários para a evangelização
Contribuição dos santuários para a evangelizaçãoContribuição dos santuários para a evangelização
Contribuição dos santuários para a evangelização
 
Marialis cultus (apresentação didática)
Marialis cultus (apresentação didática)Marialis cultus (apresentação didática)
Marialis cultus (apresentação didática)
 
Introduccion a la mariología
Introduccion a la mariologíaIntroduccion a la mariología
Introduccion a la mariología
 
(1) auto organização
(1) auto organização(1) auto organização
(1) auto organização
 
Sinergia religiosos y laicos (2012)
Sinergia religiosos y laicos (2012)Sinergia religiosos y laicos (2012)
Sinergia religiosos y laicos (2012)
 
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de Jesus
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de JesusEnquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de Jesus
Enquanto estamos no caminho. Juventude e seguimento de Jesus
 
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.
Cúpula dos povos na rio+20. balanço provisório.
 
Leitura de cenário da américa latina a partir da missão
Leitura de cenário da américa latina a partir da missãoLeitura de cenário da américa latina a partir da missão
Leitura de cenário da américa latina a partir da missão
 
Solidariedade e opção pelos pobres
Solidariedade e opção pelos pobresSolidariedade e opção pelos pobres
Solidariedade e opção pelos pobres
 
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericana
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericanaMaria após o vaticano II na teologia latinoamericana
Maria após o vaticano II na teologia latinoamericana
 
Empreendedorismo e carisma marista
Empreendedorismo e carisma maristaEmpreendedorismo e carisma marista
Empreendedorismo e carisma marista
 
Immaculate and assumption
Immaculate and assumptionImmaculate and assumption
Immaculate and assumption
 
A igreja deve se profissionalizar?
A igreja deve se profissionalizar?A igreja deve se profissionalizar?
A igreja deve se profissionalizar?
 
Spiritualità nella gestione
Spiritualità nella gestioneSpiritualità nella gestione
Spiritualità nella gestione
 
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)
Fé na sociedade plural e secular (Juan Luis Segundo)
 

Similaire à O rosto atual de Maria a partir do Vaticano II

Breve História da Teologia Mariana.docx
Breve História da Teologia Mariana.docxBreve História da Teologia Mariana.docx
Breve História da Teologia Mariana.docxLuizHonorio4
 
Marianocultocristodevooeliturgia
MarianocultocristodevooeliturgiaMarianocultocristodevooeliturgia
MarianocultocristodevooeliturgiaOswaldo Michaelano
 
Maria e a revelação bíblica1
Maria e a revelação bíblica1Maria e a revelação bíblica1
Maria e a revelação bíblica1Patricio Darvisson
 
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdf
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdfSLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdf
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdfErnandesCoelho1
 
06a ist - história da igreja iv
06a   ist - história da igreja iv06a   ist - história da igreja iv
06a ist - história da igreja ivLéo Mendonça
 
O laicato na teologia e ensino dos reformadores antonio filho
O laicato na teologia e ensino dos reformadores   antonio filhoO laicato na teologia e ensino dos reformadores   antonio filho
O laicato na teologia e ensino dos reformadores antonio filhoEdison Junior
 
duas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docxduas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docxWanderleyJoseDantas
 
Modelos eclesiológicos (libanio)
Modelos eclesiológicos (libanio)Modelos eclesiológicos (libanio)
Modelos eclesiológicos (libanio)Zé Vitor Rabelo
 
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latina
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latinaA mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latina
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latinaAfonso Murad (FAJE)
 
11 ist - revisão geral modulo 1 e 2
11   ist - revisão geral modulo 1 e 211   ist - revisão geral modulo 1 e 2
11 ist - revisão geral modulo 1 e 2Léo Mendonça
 
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundo
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundoCarta enciclica redemptores mather joão paulo segundo
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundonyllolucas
 
Igreja Comunidade de Comunidades
Igreja Comunidade de ComunidadesIgreja Comunidade de Comunidades
Igreja Comunidade de ComunidadesAdriano Matilha
 
Ecumenismo apres..pptx
Ecumenismo apres..pptxEcumenismo apres..pptx
Ecumenismo apres..pptxlyle909697
 
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino Americana
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino AmericanaA igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino Americana
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino AmericanaRodrigo F Menegatti
 
Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03SEBICTeologia
 
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988 carta apostólica
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988   carta apostólicaMulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988   carta apostólica
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988 carta apostólicacatsena
 

Similaire à O rosto atual de Maria a partir do Vaticano II (20)

Breve História da Teologia Mariana.docx
Breve História da Teologia Mariana.docxBreve História da Teologia Mariana.docx
Breve História da Teologia Mariana.docx
 
Marianocultocristodevooeliturgia
MarianocultocristodevooeliturgiaMarianocultocristodevooeliturgia
Marianocultocristodevooeliturgia
 
Maria e a revelação bíblica1
Maria e a revelação bíblica1Maria e a revelação bíblica1
Maria e a revelação bíblica1
 
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdf
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdfSLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdf
SLIDE DE ENCERRAMENTO-CPAD-1-TRIMESTRE DE 2024-ADULTOS.pdf
 
06a ist - história da igreja iv
06a   ist - história da igreja iv06a   ist - história da igreja iv
06a ist - história da igreja iv
 
SLIDE maria.docx
SLIDE maria.docxSLIDE maria.docx
SLIDE maria.docx
 
O laicato na teologia e ensino dos reformadores antonio filho
O laicato na teologia e ensino dos reformadores   antonio filhoO laicato na teologia e ensino dos reformadores   antonio filho
O laicato na teologia e ensino dos reformadores antonio filho
 
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
 
Catequese Renovada
Catequese RenovadaCatequese Renovada
Catequese Renovada
 
duas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docxduas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docx
 
Modelos eclesiológicos (libanio)
Modelos eclesiológicos (libanio)Modelos eclesiológicos (libanio)
Modelos eclesiológicos (libanio)
 
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latina
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latinaA mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latina
A mariologia após o vaticano ii no brasil e na américa latina
 
11 ist - revisão geral modulo 1 e 2
11   ist - revisão geral modulo 1 e 211   ist - revisão geral modulo 1 e 2
11 ist - revisão geral modulo 1 e 2
 
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundo
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundoCarta enciclica redemptores mather joão paulo segundo
Carta enciclica redemptores mather joão paulo segundo
 
Igreja Comunidade de Comunidades
Igreja Comunidade de ComunidadesIgreja Comunidade de Comunidades
Igreja Comunidade de Comunidades
 
Ecumenismo apres..pptx
Ecumenismo apres..pptxEcumenismo apres..pptx
Ecumenismo apres..pptx
 
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino Americana
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino AmericanaA igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino Americana
A igreja Católica e seus Modelos e a Eclesiologia Latino Americana
 
Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03
 
Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03Historia da igreja Aula 03
Historia da igreja Aula 03
 
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988 carta apostólica
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988   carta apostólicaMulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988   carta apostólica
Mulieris dignitatem, joão paulo ii, 15 de agosto de 1988 carta apostólica
 

Plus de Afonso Murad (FAJE)

Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdf
Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdfSugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdf
Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdf
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdfMaria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdf
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"Afonso Murad (FAJE)
 
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e Práticas
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e PráticasGestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e Práticas
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e PráticasAfonso Murad (FAJE)
 
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdf
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdfEcoteologia Caracterização e Perspectivas.pdf
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdf
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdfBúsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdf
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdf
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdfLiderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdf
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdf
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdfTarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdf
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdfAfonso Murad (FAJE)
 
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciar
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciarSer cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciar
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciarAfonso Murad (FAJE)
 
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologia
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologiaFratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologia
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologiaAfonso Murad (FAJE)
 
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com Montfort
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com MontfortEscravo servo ou filho de Maria. Dialogo com Montfort
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com MontfortAfonso Murad (FAJE)
 
Alimento ecologia e espiritualidade
Alimento ecologia e espiritualidadeAlimento ecologia e espiritualidade
Alimento ecologia e espiritualidadeAfonso Murad (FAJE)
 
Transparencia y gestion del cambio
Transparencia y gestion del cambioTransparencia y gestion del cambio
Transparencia y gestion del cambioAfonso Murad (FAJE)
 
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)Afonso Murad (FAJE)
 
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)Afonso Murad (FAJE)
 
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesus
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesusConectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesus
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesusAfonso Murad (FAJE)
 
Ecoespiritualidade e pacto educativo global
Ecoespiritualidade e pacto educativo globalEcoespiritualidade e pacto educativo global
Ecoespiritualidade e pacto educativo globalAfonso Murad (FAJE)
 
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tutti
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tuttiApelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tutti
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tuttiAfonso Murad (FAJE)
 
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemia
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemiaO que aprendemos na gestao eclesial com a pandemia
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemiaAfonso Murad (FAJE)
 

Plus de Afonso Murad (FAJE) (20)

Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdf
Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdfSugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdf
Sugestões de ações comunitárias de ecologia integral na cidade.pdf
 
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdf
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdfMaria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdf
Maria no calendário litúrgico (Afonso Murad).pdf
 
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"
Maria na "Laudato Si" e "Querida Amazônia"
 
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e Práticas
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e PráticasGestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e Práticas
Gestão Eclesial e Fraternidade Cristã: Valores e Práticas
 
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdf
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdfEcoteologia Caracterização e Perspectivas.pdf
Ecoteologia Caracterização e Perspectivas.pdf
 
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdf
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdfBúsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdf
Búsquedas y Encuentros en la pastoral con niños y jóvenes.pdf
 
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdf
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdfLiderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdf
Liderazgo e espiritualidad. Posibilidades y tensiones.pdf
 
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdf
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdfTarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdf
Tarefas nucleares da Ecoteologia segundo Ernst Conradie (Afonso Murad).pdf
 
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciar
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciarSer cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciar
Ser cristao na contemporaneidade. Sete dicas para vivenciar
 
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologia
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologiaFratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologia
Fratelli tutti e o sinodo para a Amazonia a luz da ecoteologia
 
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com Montfort
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com MontfortEscravo servo ou filho de Maria. Dialogo com Montfort
Escravo servo ou filho de Maria. Dialogo com Montfort
 
Alimento ecologia e espiritualidade
Alimento ecologia e espiritualidadeAlimento ecologia e espiritualidade
Alimento ecologia e espiritualidade
 
Transparencia y gestion del cambio
Transparencia y gestion del cambioTransparencia y gestion del cambio
Transparencia y gestion del cambio
 
Maria educadora e aprendiz
Maria educadora e aprendizMaria educadora e aprendiz
Maria educadora e aprendiz
 
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)
Fecundidade na vida religiosa (florescer e frutificar)
 
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)
Ecoespiritualidade e praticas de cuidado da casa comum (palmas)
 
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesus
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesusConectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesus
Conectar a vida religiosa no mundo e a escolha por jesus
 
Ecoespiritualidade e pacto educativo global
Ecoespiritualidade e pacto educativo globalEcoespiritualidade e pacto educativo global
Ecoespiritualidade e pacto educativo global
 
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tutti
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tuttiApelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tutti
Apelos para a vida religiosa na laudato si e na fratelli tutti
 
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemia
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemiaO que aprendemos na gestao eclesial com a pandemia
O que aprendemos na gestao eclesial com a pandemia
 

Dernier

THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfthandreola
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALMiltonCesarAquino1
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxIgreja Jesus é o Verbo
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxCelso Napoleon
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioComando Resgatai
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).pptVilmaDias11
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfRobertoLopes438472
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxodairmarques5
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroNilson Almeida
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyothandreola
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 

Dernier (13)

THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 

O rosto atual de Maria a partir do Vaticano II

  • 1. 1 O rosto atual de Maria à luz do Concílio Vaticano II Afonso Murad Publicado na Revista Convergência, Maio 2013, XLVIII, Nº 461; ISSN 0010-8162; páginas 265-272 Maria é uma pessoa especial, a quem reconhecemos como Mãe de Jesus e nossa Mãe na fé. Nela vemos os traços da perfeita seguidora de Jesus. Para Maria dirigimos nossa oração com afeto; a ela recorremos em muitos momentos da vida. A partir da existência cristã, situada no mundo contemporâneo, se colocam várias perguntas diante da relação filial e devocional para a mãe de Jesus: qual é o limite da devoção mariana? Como ela se associa à centralidade de Jesus? Qual é o lugar de Maria no culto cristão? Existem pontos comuns entre a visão católica de Maria e a de outras Igrejas cristãs? Examinaremos como o Concílio Vaticano II abordou estas questões, no Capítulo 8 da Constituição Dogmática Lumen Gentium. Tal visão sobre Maria foi fruto de longo processo de diálogo, discussão, reflexão, oração, concessões entre as correntes em conflito, até alcançar consenso. Por que tanta dificuldade? Durante muitos séculos a Igreja católica enalteceu de tal forma a pessoa de Maria, que se perdeu o necessário equilíbrio com a figura de Jesus. Maria foi elevada ao máximo. Esta era a idéia reinante: quanto mais se falasse de Maria e se exaltasse os seus privilégios, o que ela tem a mais do que nós, melhor seria. Tratava-se do “maximalista”. Em reação a tal tendência, o Concilio quis recolocar Maria no seu lugar. Nem mais, nem menos. O lugar legítimo que ela merece. 1. O que diz o Capítulo 8 da Lumen Gentium Em primeiro lugar, vale recordar, o Concílio rejeitou a proposta de fazer um documento exclusivo sobre a mãe de Jesus. Preferiu inserir Maria “no mistério de Cristo e da Igreja”. Esta é a grande chave de interpretação do Vaticano II. Maria não é considerada de maneira isolada, como a santa poderosa, a rainha e a intercessora infalível, mas sim no contexto da História da Salvação, em relação a Jesus e como referência para a comunidade de seus seguidores e seguidoras. O documento Conciliar apresenta o seguinte esquema: 1. Introdução (52-54) 2. A missão de Maria na História da salvação (55-59) 3. Maria e a Igreja (60-65) 4. O culto a Maria na Igreja (66-67) 5. Conclusão: Maria, sinal de esperança para o Povo de Deus peregrino (68-69). Na introdução, diz-se que o Concílio não propõe a doutrina completa sobre Maria, nem quer resolver as questões ainda não trazidas à plena luz pelo trabalho dos teólogos (LG 54). Evitam-se títulos exagerados ou controversos. Os Padres Conciliares reconhecem Maria como “Mãe dos membros de Cristo, porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são membros desta Cabeça” (LG 53). Situam Maria na Comunhão dos Santos, e não de forma isolada. Ela “ocupa na Igreja o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (LG 54). Aqui reside uma das pérolas da visão conciliar. Diríamos em linguagem afetiva: “Maria está tão perto de Deus quanto está pertinho de nós”. O fato de ser glorificada não significa que ela tenha se distanciado de nós, ao contrário. Vejamos agora as principais afirmações da primeira parte do documento. Aqui o Concílio apresenta Maria a partir da Bíblia, sua missão na História da Salvação. O Capítulo 8 da Lumen Gentium é original pela forma como resgata a contribuição da Teologia Bíblica, que não era considerada no discurso sobre Maria nos últimos séculos. Aliás, nem havia teologia bíblica ainda. Rejeitaram-se os
  • 2. 2 exageros da apologética mariana, que usava citações bíblicas de forma alegórica e fora de seu contexto, simplesmente para ilustrar o que já se afirmava antes. Optou-se por uma visão sistêmica, a partir da História da Salvação. Assim, diz-se que no Antigo Testamento, Maria é “profeticamente esboçada como a mulher que vence a serpente, a Virgem mãe do Emanuel, uma dos pobres de Javé e a Filha de Sião” (LG 55). Ao trazer à luz os textos dos Evangelhos sobre a Mãe de Jesus, o concílio traça um perfil dinâmico de Maria. Afirma que na Anunciação, Maria não é um instrumento meramente passivo, mas cooperou para a salvação humana com livre fé e obediência (LG 56). A união entre Mãe e Filho na obra da salvação é um processo, que se estende da concepção virginal até a morte de Cristo (LG 57). A grande novidade, depois de tantos séculos de exaltação a Maria, como a santa prontinha, acabada e perfeita desde o nascimento, reside nesta afirmação: No ministério público de Jesus, Maria avançou em peregrinação de fé, de Caná até a cruz (LG 58). O documento conciliar encerra suas considerações sobre Maria na Bíblia e dá um salto para a linguagem devocional e dogmática: Em Pentecostes e na Assunção, para que mais plenamente estivesse conforme o seu Filho, foi exaltada como Rainha do Universo (LG 59). A terceira parte do documento aborda a relação de Maria com Jesus e a Igreja. O Concílio Vaticano II responde com clareza a esta pergunta dogmático-pastoral: Se Jesus é o único mediador entre Deus e a humanidade, como compreender então a intercessão dos santos e especialmente a de Maria? Conforme o documento conciliar, Cristo é o único mediador. A missão materna de Maria não diminui a mediação única de Cristo, mas mostra a sua potência. Não se origina de uma necessidade interna, mas do dom de Deus. Não impede, mas favorece a união dos fiéis com Cristo (LG 60). Nenhuma criatura jamais pode ser colocada no mesmo plano do Verbo encarnado e redentor. Mas o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos pelo povo de Deus e a bondade de Deus é difundida nas criaturas. A única mediação do Redentor suscita nas criaturas uma variada cooperação, que participa de uma única fonte (LG 62). O concílio reconhece a legitimidade de recorrer à intercessão de Maria, pois se trata de cooperação na única mediação de Cristo. Não se utiliza a expressão “medianeira”, que é ambígua e pode ser maximalista. Com isso, se passa à quarta parte do documento conciliar sobre a Mãe de Jesus, que trata da legitimidade e dos limites do culto a Maria na Igreja. Conforme o Capítulo 8 da Lumen Gentium, a colaboração de Maria não está no mesmo plano da missão redentora de Jesus. Situa-se em função desta missão e dela depende incondicionalmente. O culto a Maria é singular, diferindo e se orientando para o culto à Trindade (LG 66). Assim se resume a visão equilibrada e sábia do Vaticano II: “Recomenda-se o culto à Maria, evitando tantos os exageros quanto a demasiada estreiteza de espírito. A verdadeira devoção à Maria não consiste num estéril e transitório afeto, nem numa vã credulidade, mas no reconhecimento da figura de Maria e no seguimento de suas virtudes” (LG 67). No que diz respeito à relação de Maria com a Igreja, o Concílio mostra que ela é membro, símbolo e mãe da Igreja, a partir de sua relação ímpar com Jesus. Não se trata somente da maternidade. Maria é mãe, companheira e serva do Senhor, tornando-se assim para nós mãe, na ordem da graça (LG 61). Devido à sua maternidade, à união de missão com Cristo e às suas singulares graças e funções, Maria está também intimamente relacionada com a Igreja (LG 63). Como Maria, a Igreja é mãe e virgem: gera novos filhos pelo batismo, guarda a palavra dada ao Esposo, vive na fé, esperança e caridade (LG 64).
  • 3. 3 A Lumen Gentium, Constituição Dogmática do Vaticano II sobre a Igreja, encerra-se com uma bela imagem acerca de Maria, sinal para o Povo de Deus peregrino. Distanciando-se do discurso triunfalista dos privilégios marianos, apresenta a Mãe de Jesus como figura realizada do cristão e da Igreja: Maria assunta ao Céu é a imagem e o começo da Igreja como deverá ser consumada no tempo futuro. Assim também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e do conforto para o povo de Deus em peregrinação, até que chegue o dia do Senhor (LG 68). 2. A contribuição do Concílio para uma visão atual sobre Maria Sintetizemos em breves frases a contribuição do Vaticano II para uma visão atual acerca de Maria. - Apresenta a Mãe de Jesus não de maneira isolada, mas sim em interdependência com Cristo e a comunidade de seus seguidores, a Igreja. - Traz nova luz para os dogmas marianos e o culto a Maria, a partir da História da Salvação e da teologia bíblica. - Mostra que é possível e necessário elaborar o discurso mariano de maneira equilibrada, lúcida e contemporânea, que evite a lógica exclusiva dos “privilégios de Maria”. - Não encerra a reflexão sobre Maria num tratado fechado e nem pretende responder a tudo. Antes, estimula os teólogos(as) a continuar seus estudos, para esclarecer e aprofundar os temas em fase de maturação (cf. LG 54). A partir do espírito do Concílio, os teólogos e teólogas não são considerados como meros repetidores do magistério da Igreja. Em comunhão com a Bíblia, a Tradição, o magistério e os Sinais dos Tempos, eles(as) tem a missão de contribuir para o avanço da teologia mariana na Igreja. - A reflexão sobre Maria articula-se principalmente com textos bíblicos e patrísticos. Não há referências explícitas aos tradicionais tratados de devoção a Maria dos últimos cinco séculos, em grande parte marcados pelo maximalismo (exagero mariano). - Ignoram-se as mensagens de videntes e de aparições. Simplesmente, não se fala delas, pois apresentam caráter devocional e não dogmático. - O documento amplia as características bíblico-teológicas de Maria. Nos últimos séculos, seu perfil ficou restrito praticamente a três elementos: o sim da anunciação, a maternidade biológica, a união com o filho no momento da cruz. O Concílio descortina outras características, tais como: companheira e servidora de Jesus (LG 61), mulher que avança em peregrinação na fé, de Caná até a cruz (LG 58). - Põe as bases teológicas necessárias para superar a ambiguidade de títulos marianos como “medianeira” e “corredentora”. Sem meias palavras, reafirma-se o dado bíblico central: “Jesus é o único mediador”. Maria e os Santos cooperam na missão salvífica de Jesus. Tal cooperação não os colocam no mesmo nível de Jesus. - Aponta as múltiplas e complementares formas de relação de Maria com a comunidade dos seguidores de Jesus. Maria é simultaneamente membro, mãe e protótipo da Igreja. - O Concílio alerta sobre os equívocos dos extremos do minimalismo (subtrair a presença de Maria do cotidiano dos católicos) e do maximalismo (devocionismo que se afasta da centralidade de Jesus). Nem toda forma de devoção mariana é saudável. Critica-se o afeto estéril e transitório e a vã credulidade. Valoriza-se conhecer e inspirar-se nos traços do perfil bíblico-espiritual de Maria.
  • 4. 4 Conclusões abertas A reflexão sobre Maria avançou muito nos últimos anos. Felizmente, o quadro é tão amplo e enriquecedor, que merece, no mínimo, outro artigo. Do ponto de vista do magistério da Igreja, destaca-se a ousada posição de Paulo VI na “Marialis Cultus”. Em nosso continente, ganham expressão as afirmações dos Documentos de Puebla e de Aparecida. Teólogos e teólogas redescobrem o rosto bíblico de Maria a partir dos Evangelhos de Lucas e de João: perfeita discípula de Jesus, peregrina na fé, sinal da opção preferencial pelos pobres, mulher, mãe da comunidade, perseverante na fé até a cruz. Na pastoral, incentiva-se a percorrer o caminho humano de Maria, em consonância com Jesus, que é O caminho. Percebe-se que a Maria glorificada é a mulher de Nazaré, caminhante da fé, conosco. Tais descobertas, tão importantes, incitam os religiosos(as), os leigos(as) e os presbíteros a manterem o equilíbrio na devoção mariana e a cultivar a centralidade de Jesus na vida de fé. Tal postura exige, em muitos casos, denunciar o equívoco de devoções exageradas, que atentam até contra o bom senso. E, principalmente, propor expressões cultuais de acordo com o espírito do Concílio. Para as congregações que cultivam devoções marianas tradicionais, é necessário discernir os elementos originais daqueles que foram expressão de uma época já passada e perderam significado. A devoção mariana é boa e saudável, se considera devidamente a Maria dentro do mistério de Cristo e da Igreja, como anunciou o Concílio. Que tenhamos a lucidez de realizar as mudanças necessárias e superar um devocionismo “vão e estéril”, como diz o texto conciliar. A grande virada consiste em voltar à Maria dos Evangelhos. E, a partir daí, dosar a intensidade e reelaborar as expressões devocionais, que agora devem estar marcadas por uma espiritualidade encarnada e trinitária. Certa vez me pediram para atualizar a Salve Rainha, uma oração bonita, mas com elementos teológicos anacrônicos. Partilho com você, caro leitor(a), esta prece transformada em canto, com a melodia do Padre Joãozinho, na esperança de estimular iniciativas similares. Salve Rainha Mãe, educadora, seguidora de Jesus filha querida do Deus misericórdia Sinal humano da Trindade: Vida, doçura e esperança nossa, salve. A ti clamamos, os filhos da Terra. Contigo nos alegramos nas conquistas do Amor, E suspiramos, gemendo e chorando nos momentos de dor. Volta o teu olhar para nós os filhos teus E mostra-nos Jesus O Filho de Deus! Amém! * Email: murad4@hotmail.com. * Blog sobre Maria, onde se encontram a melodia desta Salve Rainha e outros textos sobre Maria: www.maenossa.blogspot.com. *Para saber mais: Afonso Murad, Maria toda de Deus e tão humana. Compêndio de Mariologia. Nova Edição revista e ampliada. Paulinas – Santuário, 2012, capítulo 1.