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Medicina, Ribeirão Preto,                                                         Simpósio: CIRURGIA DE URGÊNCIA E TRAUMA
2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                             Capítulo VII




                                              ABDÔMEN AGUDO

                                                       ACUTE ABDOMEN



                                             Adriano Brunetti1, Sandro Scarpelini2


1
 Médico Assistente. 2Docente. Disciplina de Cirurgia de Urgência e Trauma. Departamento de Cirurgia e Anatomia. Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – USP.
C O R R E S P O N D Ê N C I A : Centro de Estudos de Emergências em Saúde. Rua Bernardino de Campos, 1000, 2º andar
14015-130 Ribeirão Preto – SP. e-mail: sandro@fmrp.usp.br




             Brunetti A, Scarpelini S. Abdômen agudo. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.

                 RESUMO: O abdômen agudo pode ser definido como uma dor abdominal de aparecimento
             súbito, não traumático, que pode necessitar de intervenção cirúrgica ou não. A anamnese detalha-
             da direcionando o exame físico será a base que orientará a condução do tratamento precoce e o
             restabelecimento do paciente. Considerando o grande número de doenças que podem se manifes-
             tar como abdômen agudo, o objetivo desta revisão é produzir uma sistemática de abordagem, para
             facilitar o diagnóstico e evitar exames desnecessários ou que retardem o tratamento específico,
             melhorando o atendimento e o manejo do paciente, conseqüentemente propiciando um retorno às
             atividades habituais precocemente.

               Descritores: Dor Abdominal. Abdômen Agudo. Pneumoperitônio. Colecistite. Apendicite.
             Obstrução Intestinal.




1- INTRODUÇÃO                                                        nares e intoxicações exógenas, dentre outras podem
                                                                     causar dor abdominal e até simular abdômen agudo.
        O termo abdômen agudo é amplo e compreen-                           No ano de 2002 nos EUA, cerca de 7 milhões
de inúmeras situações clínicas. Alguns autores têm                   de pacientes procuraram serviços de emergência com
definido abdômen agudo como uma dor na região ab-                    quadro de dor abdominal, 7,5% do total de atendi-
dominal, não traumática, de aparecimento súbito e de                 mentos, e cerca de 50% destes necessitaram de inter-
intensidade variável associada ou não a outros sinto-                venções médicas.1,4,5 Os dados brasileiros são impre-
mas. Geralmente com duração de horas até quatro dias,                cisos, principalmente devido à ausência de siste-
não ultrapassando sete dias. Em geral, necessita de                  matização e informatização do sistema de saúde pú-
intervenção médica imediata, cirúrgica ou não.1/4                    blico, aliado à ausência de dados do sistema de saú-
        Com esta definição, podemos afirmar que a in-                de privado.
cidência deste quadro clínico nas unidades de pronto                        O objetivo desta revisão é avaliar as publica-
atendimento é grande, e todos os profissionais de saú-               ções mais recentes sobre o tema abdômen agudo, pro-
de devem ter treinamento adequado para atuar corre-                  curando aquelas que apresentassem avanços signifi-
tamente diante destes casos.                                         cativos na área médica e tecnológica, na tentativa de
        Uma grande série de doenças musculares,                      produzir um resumo objetivo das melhores práticas
gastro-intestinais, ginecológicas, urológicas, vascu-                disponíveis atualmente, para o diagnóstico e tratamen-
lares, psicossomáticas, cardíacas, parasitárias, pulmo-              to desta condição.


358
Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                Abdômen agudo
http://www.fmrp.usp.br/revista                                                                      Brunetti A, Scarpelini S




2- ETIOLOGIA                                                sistir de hematológico completo, exame qualitativo de
                                                            urina (urina rotina), amilase e teste de gravidez (mu-
       Devido às inúmeras possibilidades etiológicas        lheres em idade fértil). Após esta primeira avaliação,
da dor abdominal não traumática, são propostas algu-        se não foi possível a confirmação diagnóstica, deve-
mas classificações para auxiliar na elaboração dos          mos iniciar uma avaliação radiológica, partindo da ra-
diagnósticos.                                               diografia abdominal em decúbito dorsal e ortostático.
       As dores abdominais podem ser classificadas          Avançando-se para a ultra-sonografia de abdômen,
segundo:                                                    tomografia computadorizada (TC), e em alguns casos
• Anatomia: pela localização da dor se pode indi-           arteriografia e ressonância magnética. A videolaparos-
  car as possíveis causas ou órgãos acometidos (Qua-        copia e a laparotomia exploradora constituem-se nos
  dro I).                                                   meios diagnósticos definitivos, para aqueles casos
• Causas abdominais e extra-abdominais (Quadros             onde toda a seqüência de exames anteriores não foi
  II e III).                                                suficiente, ou como meio terapêutico, para os casos
• Processo desencadeante: geralmente utilizada pela         onde os exames definiram uma patologia cirúrgica
  cirurgia de urgência.                                     como causa da dor abdominal. Outro aspecto impor-
                                                            tante sobre a videolaparoscopia em situações de emer-
        No entanto, habitualmente os cirurgiões clas-       gência é a necessidade de equipes treinadas e cirurgi-
sificam o abdômen agudo segundo a natureza do pro-          ões experimentados, habituados com esta técnica. Caso
cesso determinante, em:6                                    não exista esta disponibilidade, devemos optar pela
                                                            laparotomia exploradora como técnica mais segura,
• Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, pan-
                                                            tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.6,7,8
    creatite aguda, diverticulite, doença inflamatória
                                                                    O algoritmo da Figura 1 tem o intuito de auxi-
    pélvica, abscessos intra-abdominais, peritonites
                                                            liar e direcionar a investigação dos pacientes com dor
    primárias e secundárias, dentre outros.
                                                            abdominal, seguindo as diretrizes do consenso do Co-
• Perfurativo: úlcera péptica, neoplasia gastro-intes-
                                                            légio Brasileiro de Cirurgiões, em 2006.9
    tinal perfurada, amebíase, febre tifóide, divertícu-
                                                                    Como podemos observar há muitas variáveis a
    los do cólon, dentre outros.
                                                            serem consideradas, porém, até o momento, foram
• Obstrutivo: aderências intestinais, hérnia estran-        apresentadas as diretrizes para o diagnóstico, ainda
    gulada, fecaloma, obstrução pilórica, volvo, intus-     não tendo sido discutido as opções terapêuticas espe-
    suscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de      cíficas. Freqüentemente, o tratamento específico se
    áscaris, dentre outros.                                 refere a uma intervenção cirúrgica (Figura 2). Contu-
• Vascular: isquemia intestinal, trombose mesenté-          do, em algumas situações de abdômen agudo, o trata-
    rica, torção do omento, torção de pedículo de cis-      mento especifico é eminentemente clínico como na
    to ovariano, infarto esplênico, dentre outros.          pancreatite aguda.
• Hemorrágico: gravidez ectópica rota, ruptura do
    baço, ruptura de aneurisma de aorta abdominal,
                                                            4- DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPE-
    cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, en-
                                                               CÍFICOS
    dometriose, dentre outros.
                                                            4.1- Doença péptica
3- DIAGNÓSTICO
                                                                   O tratamento da doença péptica apresentou
       Diante da diversidade etiológica da dor abdo-        grande evolução nas últimas décadas, inicialmente
minal e do abdômen agudo, é fundamental termos uma          com o surgimento dos inibidores da bomba de prótons,
metodologia investigativa adequada, para obtermos,          seguido da identificação e tratamento do Helicobac-
do paciente, as informações necessárias para o diag-        ter pylori e suas conseqüências. Desta maneira, a in-
nóstico correto. Todo processo semiótico é indispen-        cidência de complicações das úlceras gastroduode-
sável nesta avaliação.                                      nais apresentou uma significativa redução.
       Os exames laboratoriais que auxiliam no diag-               As principais complicações da doença péptica
nóstico do abdômen agudo em geral são simples, rá-          são hemorragia gastrointestinal, obstrução pilórica e
pidos e de fácil obtenção. A avaliação inicial deve con-    perfuração.4,10,11

                                                                                                                    359
Abdômen agudo                                                                             Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.
Brunetti A, Scarpelini S                                                                                                http://www.fmrp.usp.br/revista




     Quadro I – Classificação anatômica da dor abdominal*.
     HIPOCÔNDRIO DIREITO                                EPIGÁSTRIO                                HIPOCÔNDRIO ESQUERDO
     Doenças pépticas                                   Doenças pépticas                          Doenças pépticas
     Doenças biliares                                   Doenças pancreáticas                      Doenças esplênicas
     - cólica biliar, colecistite aguda coledo-         - pancreatite, neoplasia                  - infarto e ruptura
       colitíase, colangite                             Doenças biliares                          Doenças pancreáticas
     Doenças hepáticas                                  - cólica biliar, colecistite              - pancreatite e neoplasia
     - hepatite, abscessos, neoplasia,                    coledocolitíase, colangite              Doenças pulmonares
       hepatopatias                                     Doenças esofágicas                        - Pneumonia, abscesso subfrê-
     Doenças pulmonares                                  - Doença do refluxo                        nico, pneumotórax, embolia,
     - Pneumonia, abscesso subfrênico,                    gastroesofágico, esofagi-                 derrame pleural
       pneumotórax, embolia, derrame                      tes                                     Doenças renais
       pleural                                          Doenças cardíacas                         - pielonefrite, abscesso
     Parede abdominal                                   - Pericardite, IAM, angina                  perinefrético e litíase renal
     - Herpes zoster, contraturas musculares                                                      Doenças do cólon
                                                        Aneurisma aorta abdominal
     Doenças renais                                     - dissecção, ruptura                      - colite, diverticulite
     - pielonefrite, abscesso perinefrético e
                                                        Isquemia mesentérica
       litíase, doenças do cólon
     - colite, diverticulite, apendicite
     QUADRANTE INFERIOR DIREITO                         PERIUMBELICAL                               QUADRANTE INFERIOR
     Apendicite                                         Apendicite (inicial)                        ESQUERDO
     Doença intestinal                                  Obstrução intestinal                        Doença intestinal
     - colite, gastroenterite, diverticulite,                                                       - colite, sigmoidite,
                                                        Gastroenterite
       doença inflamatória                                                                            gastroenterite, diverticulite,
                                                        Isquemia mesentérica                          doença inflamatória
     Hérnias
                                                        Ruptura e/ou dissecção de                   Hérnias
     Doenças renais                                     aneurisma de aorta
     - pielonefrite, abscesso perinefrético e                                                       Doenças renais
       litíase                                                                                      - pielonefrite, abscesso
                                                                                                      perinefrético e litíase
     Doenças ginecológicas
     - tumor ovariano, torção ovariana,                                                             Doenças ginecológicas
       gravidez ectópica, DIP, abscessos                                                            - tumor ovariano, torção
       túbulo ovarianos                                                                               ovariana, prenhez ectópica,
                                                                                                      DIP, abscessos túbulo
                                                                                                      ovarianos
     DIFUSA                                             SUPRA - PÚBICA
     Gastroenterite                                     Doença intestinal
     Peritonite                                         - colite, gastroenterite,
     Obstrução intestinal                                 diverticulite,
     Isquemia mesentérica                               Doença inflamatória
     Doença inflamatória                                Doenças urinárias
     Cetoacidose diabética                              - cistite, prostatite e litíase
     Porfiria aguda
                                                        Doenças ginecológicas
     Uremia                                             - tumor ovariano, torção
     Hipercalcemia                                        ovariana, gravidez
     Vasculites                                           ectópica, DIP, abscessos
     Intoxicação metal pesado                             túbulo ovarianos
     Febre do mediterrâneo                              Dismenorréia
     Angioedema hereditário
     Crise falciforme
   *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90 2:481-5034.


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Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                                 Abdômen agudo
http://www.fmrp.usp.br/revista                                                                                       Brunetti A, Scarpelini S




     Quadro II: Classificação do abdômen agudo segundo causas abdominais*
     Gastrointestinais                                      Apendicite, obstrução intestinal, perfuração intestinal, isquemia
                                                            mesentérica, úlcera perfurada, diverticulite de Meckel, diverticulite
                                                            do colon, doença inflamatória intestinal

     Pâncreas, vias biliares, fígado e baço                 Pancreatite, colecistite aguda, colangite, hepatite, abscesso hepáti-
                                                            co, ruptura esplênica, tumores hepáticos hemorrágicos

     Peritonial                                             PBE-peritonite bacteriana espontânea
                                                            Peritonites secundárias a doenças agudas de órgão abdominais e/ou
                                                            pélvicos

     Urológica                                              Cálculo ureteral, cistite e pielonefrite

     Retroperitonial                                        Aneurisma de aorta e hemorragias

     Gineológica                                            Cisto ovariano roto, gravidez ectópica, endometriose, torção ova-
                                                            riana, salpingite e rotura uterina

     Parede abdominal                                       Hematoma do músculo reto abdominal
     *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90:481-5034.



     Quadro III: Classificação do abdômen agudo segundo causas extra-abdominais*.
     Torácicas                                              IAM, pneumonia, infarto pulmonar, embolia, pneumotórax, peri-
                                                            cardite, derrame pleural

     Hematológica                                           Crise falciforme, leucemia aguda

     Neurológica                                            Herpes zoster, tabes dorsal, compressão raiz nervosa

     Metabólica                                             Cetoacidose diabética, porfiria, hiperlipoproteinemia, crise
                                                            Addisoniana

     Relacionadas a intoxicações                            Abstinência de narcóticos, intoxicação chumbo, picada de cobra e
                                                            insetos

     Etiologia desconhecida                                 Fibromialgia
     *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90:481-5034.




       Nos casos de obstrução pilórica e de bulbo duo-                   xar-se de epigastralgia de longa data com piora re-
denal, o paciente apresenta vômitos pós prandiais pre-                   cente, ou estar usando antiinflamatório não esteroidal
coces com resíduos alimentares e distensão gástrica.                     com início súbito da dor. Geralmente, a dor apresen-
A subestenose poderá ser tratada endoscopicamente,                       ta-se inicialmente no andar superior, rapidamente ge-
com dilatação, associada ao tratamento da doença                         neralizando-se para todo o abdômen. Náuseas e vô-
péptica. Os casos que não apresentarem resolução                         mitos são freqüentes, assim como distensão abdomi-
endoscópica necessitarão de intervenção cirúrgica,                       nal, ruídos hidroaéreos reduzidos ou abolidos. Depen-
geralmente antrectomia ou piloroplastia.                                 dendo do tempo de perfuração e contaminação da ca-
       O paciente com dor abdominal, tendo como                          vidade abdominal o paciente poderá apresentar-se em
causa a perfuração de uma úlcera péptica, pode quei-                     sepse, com hipotensão, taquicardia, sudorese e baixa


                                                                                                                                     361
Abdômen agudo                                                                        Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.
Brunetti A, Scarpelini S                                                                                           http://www.fmrp.usp.br/revista




                                                             Definição Diagnóstica (1)


                                        Sim                              Não


                                                       Exames complementares básicos (2)


                                                                Definição Diagnóstica


                                        Sim                              Não


                                                                  Ultra-sonografia


                                                                Definição Diagnóstica


                                        Sim                              Não


                                                             Tomografia Computadorizada


                                                                Definição Diagnóstica


                                        Sim                              Não




                                                                Observação            Videolaparoscopia
                           Tratamento específico
                                                                Reavaliação              Laparotomia

                                1. Anamnese:                               2. Exames complementares:
                                   - característica da dor                    - hemograma
                                   - tempo de evolução                        - urina tipo I
                                   - sintomas associados                      - amilase
                                   - medicações                               - Rx de abdômen
                                   - cirurgias prévias                        - -HCG

      Figura 1: Algoritmo para o diagnóstico da dor abdominal aguda não traumática.
      Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia. Algoritmo no Diagnóstico do Abdome Agudo. 9



diurese. Ao exame físico, é possível identificar o si-                      Realizado o diagnóstico, está indicada a inter-
nal de Jobert (perda da macicez à percussão na proje-                venção cirúrgica. A via laparoscópica terá êxito no tra-
ção hepática), que poderá ser confirmado pela pre-                   tamento em 70 a 80% dos casos, quando executada
sença do pneumoperitônio na radiografia ortostática                  por cirurgião experiente. O tratamento cirúrgico pode
do tórax (com cúpulas diafragmáticas).3                              variar desde simples ulcerorrafia e tamponamento com


 362
Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                                 Abdômen agudo
http://www.fmrp.usp.br/revista                                                                                       Brunetti A, Scarpelini S




                                                                  Dor abdominal



                                                                    Anamnese



                                                                   Exame Físico


                                                    Alta probabilidade de abdômen agudo cirúrgico
                                                                 (Exames laboratoriais)


                            Inflamatória                                              Vascular
                                                   Perfurativo      Obstrutivo                        Hemorrágico
                             Infeccioso                                              Isquêmico


                          Rx abd. agudo           Rx abd. agudo    Rx abd. agudo Rx abd. agudo           Ultra-som


                                                                                       Angio-TC
                                 Ultra-som          Tomografia      Tomografia        Angiografia
                                                                                                         Tomografia


                            Tomografia                                            Videolaparoscopia   Videolaparoscopia



                          Videolaparoscopia



     Figura 2: Algoritmo para a decisão do tratamento cirúrgico da dor abdominal aguda não traumática.
     Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia. Algoritmo do Diagnóstico do Abdome Agudo 9.




epíplon, até ressecções gástricas (antrectomia) e                               A dor da cólica biliar é causada pelo espasmo
vagotomia. Em 20% dos casos de perfuração, órgãos                        do ducto cístico, desencadeado pelo estímulo da
adjacentes como pâncreas, fígado, cólon e vesícula                       colecistoquinina durante a alimentação. É tipicamen-
biliar podem ser acometidos necessitando de trata-                       te do tipo cólica no epigástrio e hipocôndrio direito,
mento específico.12, 13                                                  associada a náuseas e vômitos e de duração menor
                                                                         que 6 horas. A dor na colecistite aguda geralmente é
4.2- Colecistite aguda                                                   causada pela obstrução do ducto cístico pela impac-
       A colecistite aguda é caracterizada por dor no                    tação do cálculo biliar e seguida da inflamação da
andar superior direito do abdômen há mais de 6 ho-                       mucosa vesicular. Pode ainda ocorrer infecção secun-
ras, com sinais ultra-sônicos de colecistite, ou dor no                  dária evoluindo para empiema, necrose e até a perfu-
hipocôndrio direito com litíase vesicular ao ultra-som,                  ração da vesícula biliar. Cerca de 10% dos casos de
podendo estar associada à febre, leucocitose e/ou pro-                   colecistite aguda apresentam perfuração, levando, em
teína C reativa >10mg/l. Em 90% dos casos a causa                        algumas casuísticas, a 20% de mortalidade.14
da colecistite aguda é a litíase, e 75% destes pacien-                          Os exames laboratoriais podem apresentar: leu-
tes apresentam antecedentes de cólica biliar e diag-                     cocitose, elevação da fosfatase alcalina e transamina-
nóstico de colecistite crônica calculosa.4, 8,14                         ses. Geralmente não há elevação das bilirrubinas, po-


                                                                                                                                     363
Abdômen agudo                                                              Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.
Brunetti A, Scarpelini S                                                                                 http://www.fmrp.usp.br/revista




rém na Síndrome de Mirizzi, que ocorre quando cál-          reta, elevação das transaminases e fosfatase alcalina,
culos grandes impactam no infundíbulo e/ou ducto            leucocitose com desvio escalonado para esquerda. O
cístico ero-dindo a parede e acometendo o interior do       diagnóstico é clínico e pode ser confirmado pela co-
ducto hepático comum, podemos encontrar hiperbi-            langiografia endoscópica retrógrada que poderá ain-
lirrubinemia.                                               da ser terapêutica (95% dos casos) promovendo a
        O exame diagnóstico de eleição é o ultra-som        desobstrução da via biliar. Nos 5% dos casos restan-
abdominal, com sensibilidade e especificidade de            tes, o tratamento deverá ser cirúrgico. Antibioticote-
95%. Em casos duvidosos a TC ou a cintilografia             rapia de largo espectro está inidicada.13
podem auxiliar.
        A colecistite aguda alitiásica, ocorre em 5 a 10%   4.4- Apendicite aguda
das colecistites agudas. Acomete, principalmente, pa-              A apendicite á a principal causa de cirurgias
cientes debilitados e imunodeprimidos, em uso de nu-        abdominais na urgência. Nos EUA chegam a 250.000
trição parenteral prolongada, diabéticos, portadores        casos/ano. Acredita-se que a sua principal causa seja
de insuficiência renal crônica, vasculites, HIV ou ain-     a obstrução da sua luz do apêndice, seguida da infla-
da idiopáticas.4                                            mação, infecção secundária e necrose evoluindo para
        O tratamento definitivo da colecistite aguda é a    a perfuração do órgão.15, 16,17
colecistectomia. Existe alguma discussão sobre o me-               O paciente procura atendimento médico com
lhor momento para a realização da cirurgia e a via de       história de dor abdominal peri-umbilical (causado pela
acesso a ser utilizada. A antibioticoterapia deve ser       obstrução da luz apendicular e a distensão da sua pa-
direcionada para germes gram negativos, e germes            rede), irradiada para fossa ilíaca direita (correspon-
anaeróbios nos idosos e na colecistite alitiásica. O tra-   dendo à inflamação e infecção do apêndice) geral-
tamento cirúrgico deve ser realizado preferencialmente      mente associada a náuseas e vômitos, inapetência e
nas primeiras 24 a 48 horas de internação, sem carac-       febre baixa. Este processo pode evoluir em poucas
terizar uma situação de emergência, dependendo da           horas ou até um dia. Neste momento, podemos en-
resposta ao tratamento com antibioticoterapia.              contrar ausência de leucocitose e no exame físico al-
        A laparoscopia é o padrão ouro para colecis-        guns sinais como Blumberg (dor a descompressão
tectomias eletivas, no entanto nas situações de cole-       brusca no ponto de McBurney), Rovsing (dor referi-
cistite aguda o fator determinante para o seu uso é a       da na fossa ilíaca direita após compressão do hemi-
experiência do grupo.13                                     abdômen esquerdo, levando a distensão do ceco)..3
                                                                   Para a apendicite aguda, o exame físico aliado
4.3- Colangite                                              à história clínica tem uma acurácia de cerca de 95%
       A colangite tem como fisiopatologia a obstru-        no diagnóstico.
ção do ducto biliar principal, seguida de infecção se-             Esta apresentação típica ocorre em cerca de
cundária, a qual irá acometer o fígado e disseminar-        66% dos casos. No entanto, outras formas variadas
se por todo o organismo, evoluindo para quadros gra-        podem ocorrer (formas atípicas), sendo associadas a
ves e potencialmente letais. A coledocolitíase é a prin-    alterações anatômicas do apêndice (retro-cecais,
cipal causa de obstrução da via biliar, seguida de es-      pélvicos, retro-vesicais) e em pacientes de imunossu-
tenoses, neoplasia e mais raramente parasitas,              primidos como gestantes e idosos. Nestes casos as
coledococele e manipulação da via biliar pela colan-        evoluções podem ser desastrosas, com peritonites
giopancreatografia endoscópica retrógrada. Os ger-          fecais, abscessos intra cavitários e sepse, elevando a
mes comumente causadores da infecção são a                  morbidade neste grupo.
Escherichia coli, Klebsiella sp, Enterococcus e                    No diagnóstico da apendicite aguda o uso da
Bacterioides. 4,13                                          ultra-sonografia abdominal possui sensibilidade de 75
       Os principais achados da colangite são: dor no       a 90% e sua especificidade é de 86 a 100%. A TC
hipocôndrio direito, febre e icterícia (Tríade de           abdominal tem sensibilidade de 90 a 100% com espe-
Charcot), e quando não tratada pode evoluir para con-       cificidade de 91 a 99%. Nos casos típicos, os exames
fusão mental e sepse, que caracterizam a Pentade de         de imagem não acrescentam muito, porém nos casos
Reynalds.                                                   duvidosos podem auxiliar no diagnóstico.4, 7
       Os exames bioquímicos podem apresentar hi-                  Nos casos iniciais, o tratamento consiste na in-
perbilirrubinemia, com predomínio da bilirrubina di-        tervenção cirúrgica e ressecção do apêndice, não ne-

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Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                Abdômen agudo
http://www.fmrp.usp.br/revista                                                                      Brunetti A, Scarpelini S




cessitando de tratamento adjuvante. Nos casos avan-         tar e medidas de suporte. A antibioticoprofilaxia de
çados, com necrose do apêndice, peritonites, perfura-       largo espectro, com imipenem, deverá ser introduzi-
ção e abscessos, é necessários o tratamento com anti-       da em casos de pancreatites graves com coleções e/
bióticos após a ressecção do apêndice que pode durar        ou necrose pancreática. Necrose sem repercussão clí-
alguns dias. Não existe consenso na literatura sobre a      nica poderá ser tratada com quinolonas associadas ao
duração da antibioticoterapia pós-cirúrgica. A video-       metronidazol. A intervenção cirúrgica só deverá ser
laparoscopia é indicada em casos de dúvida diagnós-         realizada em situações específicas como necrose
tica, permitindo a melhor exploração da pelve e ór-         infectada, comprovada através de cultura de coleções
gãos ginecológicos, ou ainda em pacientes seleciona-        peripancreáticas obtida por punções guiadas, ou pre-
dos que irão se beneficiar pela via de acesso, princi-      sença de ar peripancreático na TC. O procedimento
palmente os pacientes obesos.                               cirúrgico consiste em necrosectomias e drenagem de
                                                            todas as coleções peripancreáticas.
4.5- Pancreatite aguda
       Sua incidência é de 80/100.000 habitantes nos        4.6- Diverticulite
EUA com mortalidade em torno de 10 a 15%. A cole-                   A doença diverticular dos cólons é freqüente
docolitíase e a ingesta alcoólica abusiva são respon-       em faixas etárias mais avançadas, sendo encontrada
sáveis por cerca de 80% das pancreatites agudas. Cer-       em 1/3 da população acima de 50 anos, e 2/3 da po-
ca de 10% são idiopáticas e os outros 10% são atribu-       pulação acima dos 80 anos. Cerca de 25% desta po-
ídos a todas as demais possíveis causas como                pulação pode apresentar diverticulite aguda.4,10
hiperlipidemia, viroses (cachumba, coxsackie, HIV),                 Esta complicação da doença diverticular ocor-
traumas abdominais, cirurgias abdominais, vasculites,       re por inflamação e infecção do divertículo, geralmente
tumores pancreáticos, pâncreas divisum, parasitoses         decorrente da oclusão do seu óstio por fezes ou resí-
intraductais, drogas e outras.18, 19                        duos alimentares, podendo levar até à perfuração. A
       O quadro inicial é de dor no andar superior do       sintomatologia é variável, pois depende da localiza-
abdômen (epigástrio e flancos), que pode irradiar para      ção do divertículo, podendo evoluir com pneumope-
o dorso. Possui característica contínua e pode estar        ritônio se perfurado para a cavidade abdominal, ou
associado à icterícia ou não. Os vômitos são freqüen-       abscessos em flanco ou bloqueios abdominais.
tes e precoces, devido à compressão do pâncreas so-                 Na avaliação do paciente a constipação crôni-
bre o duodeno e/ou estômago. A distensão abdominal          ca e os antecedentes familiares e pessoais de doença
também é comum, e nos quadros graves poderão es-            diverticular devem ser investigados. Geralmente o
tar presentes a hipotensão arterial, taquicardia, sudo-     exame clínico é suficiente para a suspeição, mas a
rese, febre, torpor, e coma.                                radiologia simples de abdômen poderá mostrar pneu-
       A amilase apresenta-se elevada já nas primei-        moperitônio e/ou quadros oclusivos. A TC está indi-
ras horas de evolução do quadro, habitualmente vol-         cada, quando da ausência de pneumoperitonio no raio-
tando a valores normais após 48 horas.                      x simples.21 A colonoscopia é contra indicada na sus-
       Os exames radiológicos convencionais pouco           peita de diverticulite perfurada.
auxiliam na avaliação inicial, podendo detectar com-                O tratamento clínico consiste no restabeleci-
plicações como derrame pleural, coleções, pseudo-           mento hidroeletrolítico e na antibioticoterapia de lar-
cistos e ascite pancreática ou diagnosticar litíase         go espectro com aminoglicosídeos ou ceftriaxona as-
vesicular, barro biliar e coledocolitíase. A avaliação      sociado ao metronidazol, e é indicado para as situa-
pancreática e sua classificação segundo a gravidade         ções onde a inflamação esta contida por um tumor
são realizadas através da TC de abdômen.20                  inflamatório. Nos casos onde ocorreu perfuração, hou-
       A colangiopancreatografia endoscópica esta           ve falha do tratamento clínico ou o paciente se en-
indicada em casos de obstrução biliar associado a pan-      contra em choque séptico a cirurgia esta indicada, res-
creatites graves e/ou colangites. Nas pancreatites bran-    tringindo-se, geralmente, à ressecção do segmento
das até a TC pode ser dispensada, ou substituída pela       lesado e colostomia. Em raras ocasiões o tumor in-
colangiopancreatografia por ressonância magnética.19        flamatório pode gerar uma obstrução intestinal, sen-
       O tratamento é eminentemente clínico, com            do a derivação com colostomia e o tratamento clínico
reposição hídrica vigorosa, analgesia, repouso alimen-      uma opção, para se evitar ressecções mais amplas.


                                                                                                                    365
Abdômen agudo                                                             Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.
Brunetti A, Scarpelini S                                                                                http://www.fmrp.usp.br/revista




4.7- Obstrução intestinal                                  sentérica aguda, isquemia mesentérica crônica e a
                                                           colite isquêmica ou isquemia colônica. Os fatores de
        Em cerca de 75% dos casos, a oclusão intesti-      risco são: idade avançada, cardiopatias, doenças vas-
nal tem como causa as aderências entre alças, prove-       culares prévias, fibrilação arterial, doenças valvares
nientes de cirurgias abdominais prévias. As demais         e hipercoagulação.4, 22
obstruções são causadas por hérnias, fecalomas, neo-              A isquemia mesentérica aguda é a perda súbita
plasias, doença de Crohn, volvos, intussuscepção, íleo     do suprimento arterial, geralmente decorrente de um
biliar e outras.10                                         tromboembolismo, podendo acometer o tronco celía-
        Aproximadamente, 15% dos pacientes subme-          co, artéria mesentérica superior ou a inferior (princi-
tidos à laparotomias serão admitidos em serviços de ur-    pais ramos emergentes anteriores da aorta) ou seus
gência com quadros obstrutivos, e 3% necessitarão de       ramos menores. O evento pode ser catastrófico, pois
reintervenções cirúrgicas para lise de aderências. Es-     leva a infarto, seguido da necrose e morte de grandes
tima-se que, em 10 anos pós laparotomia, o risco de        porções ou até de todo o trato digestório.
ser acometido por obstrução intestinal seja de 40%.4,22           A isquemia mesentérica crônica, geralmente é
        O quadro clínico é típico com dores abdomi-        causada pela arteriosclerose e leva a angina abdomi-
nais difusas tipo cólica, náuseas e vômitos, parada de     nal. Caracterizada por dores abdominais após refei-
eliminação de flatos e fezes, e distensão abdominal        ções, podendo levar a quadros de desnutrição, devido
progressiva. Os vômitos são inicialmente com con-          à recusa alimentar.
teúdo gástrico, seguido de bile, chegando até a carac-            A isquemia colônica é decorrente do hipofluxo
terística fecalóide.                                       sanguíneo em determinadas regiões do cólon. Este
        Ao exame físico notamos grande distensão ab-       hipofluxo leva a isquemias localizadas, como da mu-
dominal, timpanismo à percussão, e dor difusa à            cosa colônica, e das paredes do cólon, em particular
palpação. Os ruídos hidroaéreos são inicialmente au-       no ângulo esplênico e transição retosigmóide.
mentados com timbre metálico, podendo estar ausen-                O quadro clínico, em geral, é de dor abdominal
tes em quadros avançados. O exame físico compre-           súbita e intensa na região periumbelical, que evolui
ende também a avaliação da região inguinal, à procu-       para abdome agudo franco. A hemoconcentração, de-
ra de possíveis herniações.                                vido ao seqüestro intestinal, associada à hipovolemia
        Os exames laboratoriais apresentam alterações      e distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos são de-
relacionadas às condições hidroeletrolítica e infecci-     tectados clínica e laboratorialmente. Alguns pacien-
osa. A radiologia simples do abdômen apresenta ede-        tes podem apresentar hiperamilasemia. Os exames de
ma de alças intestinal e presença de níveis hidroaéreos    imagem como raios-x, ultra-som e TC são pouco es-
nas grafias em posição ortostática, confirmando a obs-     pecíficos, porém a angiografia tem altos índices de
trução de intestino delgado.                               especificidade e sensibilidade de 80 a 100%, respec-
        O tratamento consiste em reposição hídrica vi-     tivamente. A mortalidade da isquemia mesentérica an-
gorosa e restabelecimento hidroeletrolítico, jejum e       tes da lesão isquêmica irreversível (necrose) chega a
descompressão do trânsito intestinal por sonda gás-        90% logo, sempre que suspeitarmos de isquemia, de-
trica, durante 24 a 48 horas. Espera-se a resolução        vemos proceder à investigação apropriada para a de-
espontânea do quadro. Nos pacientes sem resolução          finição e tratamento específico o mais breve possí-
ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessida-       vel, pois isso poderá definir a viabilidade intestinal.
de de tratamento cirúrgico para lise de aderências.        Contudo, como geralmente o diagnóstico é realizado
        A obstrução intestinal causada por hérnias, vol-   tardiamente, a exploração arterial, visando possível
vo de sigmóide, isquemia intestinal, intussuscepção e      revascularização, praticamente não ocorre no nosso
neoplasias devem ser tratadas, o mais precocemente         meio. Assim, a abordagem cirúrgica das isquemias in-
possível, por meio de cirurgia.                            testinais se constitui, na quase totalidade das inter-
                                                           venções, na ressecção do segmento lesado e anasto-
4.8- Doença isquêmica intestinal                           mose primária ou derivação intestinal (colostomia,
       A doença isquêmica intestinal pode se apresen-      ileostomia e eventualmente jejunostomia). O grande
tar de diversas formas, de acordo com a localização,       dilema enfrentado pelo cirurgião geral nesta situação,
acometimento vascular e o grau de comprometimen-           é avaliar se o intestino remanescente permitirá uma
to do órgão. De maneira geral, a doença isquêmica          sobrevida de qualidade ao paciente, e esta dúvida ainda
intestinal pode ser classificada como: isquemia me-        permanece sem definição na literatura.23

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Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set.                                                                     Abdômen agudo
http://www.fmrp.usp.br/revista                                                                                           Brunetti A, Scarpelini S




                Brunetti A, Scarpelini S. Acute abdomen. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, july/set.

                    ABSTRACT: The acute abdomen can be defined as an acute, non-traumatic abdominal pain
                that needs medical care, and in some situations surgical intervention. This clinical scenario is very
                frequent, in the emergency room. Detailed anamnesis directs the physical examination, and will be
                the guideline to conduct the early treatment and the reestablishment of the patient. Due to the great
                number of diseases related with this syndrome, our goal was to review the literature and to produce
                an objective and practical methodology, with the aim to facilitate the diagnosis and to prevent
                unnecessary exams, which may delay the specific treatment, improving the assess and care of the
                patient.

                    Keywords: Abdominal Pain. Acute Abdomen. Pneumoperitoneum. Cholecystitis. Appendicitis,
                Intestinal Obstruction.




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    ed esp; 2006.                                                            pneumoperitoneun in the diagnosis of visceral perforation.
10 - Lyon C, Clark DC.Diagnosis of acute abdominal pain in older             Am J Surg 1983;146:830-3.
     patients. Am Fam Physician 2006; 74: 1537-44.                      22 - Dang C, Aguilera P, Dang A, Salem L. Acute abdominal pain.
11 - Mulholland MW, Sweeney JF. Approach to the patient witch                Four classifications can guide assessment and management.
     acute abdomen. In Yamada T, editor. Textbook of gastroen-               Geriatrics 2002; 57(3):30-2,35-6,41-2.
     terology. 4th ed. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins;      23 - Melis M, Fichera A, Ferguson MK. Bowel necrosis associ-
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12 - Sauerland S, Agresta F, Bergamschi R, Borzellino G,                     operative enteral nutrition. Arch Surg 2006;141:701-4.
    Budzynski A, Champult G, Fingerhut A et al. Laparoscopy for                     Recebido para publicação em 26/06/2007
    abdominal emergencies. Surg Endosc 2006; 20:14-29.
                                                                                   Aprovado para publicação em 24/08/2007
13 - Lau H, Lo CY, Patil NG, Yuen WK. Early versus delayed-
     interval laparoscopic cholecyatectomy for acute cholecysti-



                                                                                                                                         367

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7 abdomen agudo

  • 1. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: CIRURGIA DE URGÊNCIA E TRAUMA 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Capítulo VII ABDÔMEN AGUDO ACUTE ABDOMEN Adriano Brunetti1, Sandro Scarpelini2 1 Médico Assistente. 2Docente. Disciplina de Cirurgia de Urgência e Trauma. Departamento de Cirurgia e Anatomia. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. C O R R E S P O N D Ê N C I A : Centro de Estudos de Emergências em Saúde. Rua Bernardino de Campos, 1000, 2º andar 14015-130 Ribeirão Preto – SP. e-mail: sandro@fmrp.usp.br Brunetti A, Scarpelini S. Abdômen agudo. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. RESUMO: O abdômen agudo pode ser definido como uma dor abdominal de aparecimento súbito, não traumático, que pode necessitar de intervenção cirúrgica ou não. A anamnese detalha- da direcionando o exame físico será a base que orientará a condução do tratamento precoce e o restabelecimento do paciente. Considerando o grande número de doenças que podem se manifes- tar como abdômen agudo, o objetivo desta revisão é produzir uma sistemática de abordagem, para facilitar o diagnóstico e evitar exames desnecessários ou que retardem o tratamento específico, melhorando o atendimento e o manejo do paciente, conseqüentemente propiciando um retorno às atividades habituais precocemente. Descritores: Dor Abdominal. Abdômen Agudo. Pneumoperitônio. Colecistite. Apendicite. Obstrução Intestinal. 1- INTRODUÇÃO nares e intoxicações exógenas, dentre outras podem causar dor abdominal e até simular abdômen agudo. O termo abdômen agudo é amplo e compreen- No ano de 2002 nos EUA, cerca de 7 milhões de inúmeras situações clínicas. Alguns autores têm de pacientes procuraram serviços de emergência com definido abdômen agudo como uma dor na região ab- quadro de dor abdominal, 7,5% do total de atendi- dominal, não traumática, de aparecimento súbito e de mentos, e cerca de 50% destes necessitaram de inter- intensidade variável associada ou não a outros sinto- venções médicas.1,4,5 Os dados brasileiros são impre- mas. Geralmente com duração de horas até quatro dias, cisos, principalmente devido à ausência de siste- não ultrapassando sete dias. Em geral, necessita de matização e informatização do sistema de saúde pú- intervenção médica imediata, cirúrgica ou não.1/4 blico, aliado à ausência de dados do sistema de saú- Com esta definição, podemos afirmar que a in- de privado. cidência deste quadro clínico nas unidades de pronto O objetivo desta revisão é avaliar as publica- atendimento é grande, e todos os profissionais de saú- ções mais recentes sobre o tema abdômen agudo, pro- de devem ter treinamento adequado para atuar corre- curando aquelas que apresentassem avanços signifi- tamente diante destes casos. cativos na área médica e tecnológica, na tentativa de Uma grande série de doenças musculares, produzir um resumo objetivo das melhores práticas gastro-intestinais, ginecológicas, urológicas, vascu- disponíveis atualmente, para o diagnóstico e tratamen- lares, psicossomáticas, cardíacas, parasitárias, pulmo- to desta condição. 358
  • 2. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Abdômen agudo http://www.fmrp.usp.br/revista Brunetti A, Scarpelini S 2- ETIOLOGIA sistir de hematológico completo, exame qualitativo de urina (urina rotina), amilase e teste de gravidez (mu- Devido às inúmeras possibilidades etiológicas lheres em idade fértil). Após esta primeira avaliação, da dor abdominal não traumática, são propostas algu- se não foi possível a confirmação diagnóstica, deve- mas classificações para auxiliar na elaboração dos mos iniciar uma avaliação radiológica, partindo da ra- diagnósticos. diografia abdominal em decúbito dorsal e ortostático. As dores abdominais podem ser classificadas Avançando-se para a ultra-sonografia de abdômen, segundo: tomografia computadorizada (TC), e em alguns casos • Anatomia: pela localização da dor se pode indi- arteriografia e ressonância magnética. A videolaparos- car as possíveis causas ou órgãos acometidos (Qua- copia e a laparotomia exploradora constituem-se nos dro I). meios diagnósticos definitivos, para aqueles casos • Causas abdominais e extra-abdominais (Quadros onde toda a seqüência de exames anteriores não foi II e III). suficiente, ou como meio terapêutico, para os casos • Processo desencadeante: geralmente utilizada pela onde os exames definiram uma patologia cirúrgica cirurgia de urgência. como causa da dor abdominal. Outro aspecto impor- tante sobre a videolaparoscopia em situações de emer- No entanto, habitualmente os cirurgiões clas- gência é a necessidade de equipes treinadas e cirurgi- sificam o abdômen agudo segundo a natureza do pro- ões experimentados, habituados com esta técnica. Caso cesso determinante, em:6 não exista esta disponibilidade, devemos optar pela laparotomia exploradora como técnica mais segura, • Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, pan- tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.6,7,8 creatite aguda, diverticulite, doença inflamatória O algoritmo da Figura 1 tem o intuito de auxi- pélvica, abscessos intra-abdominais, peritonites liar e direcionar a investigação dos pacientes com dor primárias e secundárias, dentre outros. abdominal, seguindo as diretrizes do consenso do Co- • Perfurativo: úlcera péptica, neoplasia gastro-intes- légio Brasileiro de Cirurgiões, em 2006.9 tinal perfurada, amebíase, febre tifóide, divertícu- Como podemos observar há muitas variáveis a los do cólon, dentre outros. serem consideradas, porém, até o momento, foram • Obstrutivo: aderências intestinais, hérnia estran- apresentadas as diretrizes para o diagnóstico, ainda gulada, fecaloma, obstrução pilórica, volvo, intus- não tendo sido discutido as opções terapêuticas espe- suscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de cíficas. Freqüentemente, o tratamento específico se áscaris, dentre outros. refere a uma intervenção cirúrgica (Figura 2). Contu- • Vascular: isquemia intestinal, trombose mesenté- do, em algumas situações de abdômen agudo, o trata- rica, torção do omento, torção de pedículo de cis- mento especifico é eminentemente clínico como na to ovariano, infarto esplênico, dentre outros. pancreatite aguda. • Hemorrágico: gravidez ectópica rota, ruptura do baço, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, 4- DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPE- cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, en- CÍFICOS dometriose, dentre outros. 4.1- Doença péptica 3- DIAGNÓSTICO O tratamento da doença péptica apresentou Diante da diversidade etiológica da dor abdo- grande evolução nas últimas décadas, inicialmente minal e do abdômen agudo, é fundamental termos uma com o surgimento dos inibidores da bomba de prótons, metodologia investigativa adequada, para obtermos, seguido da identificação e tratamento do Helicobac- do paciente, as informações necessárias para o diag- ter pylori e suas conseqüências. Desta maneira, a in- nóstico correto. Todo processo semiótico é indispen- cidência de complicações das úlceras gastroduode- sável nesta avaliação. nais apresentou uma significativa redução. Os exames laboratoriais que auxiliam no diag- As principais complicações da doença péptica nóstico do abdômen agudo em geral são simples, rá- são hemorragia gastrointestinal, obstrução pilórica e pidos e de fácil obtenção. A avaliação inicial deve con- perfuração.4,10,11 359
  • 3. Abdômen agudo Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Brunetti A, Scarpelini S http://www.fmrp.usp.br/revista Quadro I – Classificação anatômica da dor abdominal*. HIPOCÔNDRIO DIREITO EPIGÁSTRIO HIPOCÔNDRIO ESQUERDO Doenças pépticas Doenças pépticas Doenças pépticas Doenças biliares Doenças pancreáticas Doenças esplênicas - cólica biliar, colecistite aguda coledo- - pancreatite, neoplasia - infarto e ruptura colitíase, colangite Doenças biliares Doenças pancreáticas Doenças hepáticas - cólica biliar, colecistite - pancreatite e neoplasia - hepatite, abscessos, neoplasia, coledocolitíase, colangite Doenças pulmonares hepatopatias Doenças esofágicas - Pneumonia, abscesso subfrê- Doenças pulmonares - Doença do refluxo nico, pneumotórax, embolia, - Pneumonia, abscesso subfrênico, gastroesofágico, esofagi- derrame pleural pneumotórax, embolia, derrame tes Doenças renais pleural Doenças cardíacas - pielonefrite, abscesso Parede abdominal - Pericardite, IAM, angina perinefrético e litíase renal - Herpes zoster, contraturas musculares Doenças do cólon Aneurisma aorta abdominal Doenças renais - dissecção, ruptura - colite, diverticulite - pielonefrite, abscesso perinefrético e Isquemia mesentérica litíase, doenças do cólon - colite, diverticulite, apendicite QUADRANTE INFERIOR DIREITO PERIUMBELICAL QUADRANTE INFERIOR Apendicite Apendicite (inicial) ESQUERDO Doença intestinal Obstrução intestinal Doença intestinal - colite, gastroenterite, diverticulite, - colite, sigmoidite, Gastroenterite doença inflamatória gastroenterite, diverticulite, Isquemia mesentérica doença inflamatória Hérnias Ruptura e/ou dissecção de Hérnias Doenças renais aneurisma de aorta - pielonefrite, abscesso perinefrético e Doenças renais litíase - pielonefrite, abscesso perinefrético e litíase Doenças ginecológicas - tumor ovariano, torção ovariana, Doenças ginecológicas gravidez ectópica, DIP, abscessos - tumor ovariano, torção túbulo ovarianos ovariana, prenhez ectópica, DIP, abscessos túbulo ovarianos DIFUSA SUPRA - PÚBICA Gastroenterite Doença intestinal Peritonite - colite, gastroenterite, Obstrução intestinal diverticulite, Isquemia mesentérica Doença inflamatória Doença inflamatória Doenças urinárias Cetoacidose diabética - cistite, prostatite e litíase Porfiria aguda Doenças ginecológicas Uremia - tumor ovariano, torção Hipercalcemia ovariana, gravidez Vasculites ectópica, DIP, abscessos Intoxicação metal pesado túbulo ovarianos Febre do mediterrâneo Dismenorréia Angioedema hereditário Crise falciforme *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90 2:481-5034. 360
  • 4. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Abdômen agudo http://www.fmrp.usp.br/revista Brunetti A, Scarpelini S Quadro II: Classificação do abdômen agudo segundo causas abdominais* Gastrointestinais Apendicite, obstrução intestinal, perfuração intestinal, isquemia mesentérica, úlcera perfurada, diverticulite de Meckel, diverticulite do colon, doença inflamatória intestinal Pâncreas, vias biliares, fígado e baço Pancreatite, colecistite aguda, colangite, hepatite, abscesso hepáti- co, ruptura esplênica, tumores hepáticos hemorrágicos Peritonial PBE-peritonite bacteriana espontânea Peritonites secundárias a doenças agudas de órgão abdominais e/ou pélvicos Urológica Cálculo ureteral, cistite e pielonefrite Retroperitonial Aneurisma de aorta e hemorragias Gineológica Cisto ovariano roto, gravidez ectópica, endometriose, torção ova- riana, salpingite e rotura uterina Parede abdominal Hematoma do músculo reto abdominal *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90:481-5034. Quadro III: Classificação do abdômen agudo segundo causas extra-abdominais*. Torácicas IAM, pneumonia, infarto pulmonar, embolia, pneumotórax, peri- cardite, derrame pleural Hematológica Crise falciforme, leucemia aguda Neurológica Herpes zoster, tabes dorsal, compressão raiz nervosa Metabólica Cetoacidose diabética, porfiria, hiperlipoproteinemia, crise Addisoniana Relacionadas a intoxicações Abstinência de narcóticos, intoxicação chumbo, picada de cobra e insetos Etiologia desconhecida Fibromialgia *Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006;90:481-5034. Nos casos de obstrução pilórica e de bulbo duo- xar-se de epigastralgia de longa data com piora re- denal, o paciente apresenta vômitos pós prandiais pre- cente, ou estar usando antiinflamatório não esteroidal coces com resíduos alimentares e distensão gástrica. com início súbito da dor. Geralmente, a dor apresen- A subestenose poderá ser tratada endoscopicamente, ta-se inicialmente no andar superior, rapidamente ge- com dilatação, associada ao tratamento da doença neralizando-se para todo o abdômen. Náuseas e vô- péptica. Os casos que não apresentarem resolução mitos são freqüentes, assim como distensão abdomi- endoscópica necessitarão de intervenção cirúrgica, nal, ruídos hidroaéreos reduzidos ou abolidos. Depen- geralmente antrectomia ou piloroplastia. dendo do tempo de perfuração e contaminação da ca- O paciente com dor abdominal, tendo como vidade abdominal o paciente poderá apresentar-se em causa a perfuração de uma úlcera péptica, pode quei- sepse, com hipotensão, taquicardia, sudorese e baixa 361
  • 5. Abdômen agudo Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Brunetti A, Scarpelini S http://www.fmrp.usp.br/revista Definição Diagnóstica (1) Sim Não Exames complementares básicos (2) Definição Diagnóstica Sim Não Ultra-sonografia Definição Diagnóstica Sim Não Tomografia Computadorizada Definição Diagnóstica Sim Não Observação Videolaparoscopia Tratamento específico Reavaliação Laparotomia 1. Anamnese: 2. Exames complementares: - característica da dor - hemograma - tempo de evolução - urina tipo I - sintomas associados - amilase - medicações - Rx de abdômen - cirurgias prévias - -HCG Figura 1: Algoritmo para o diagnóstico da dor abdominal aguda não traumática. Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia. Algoritmo no Diagnóstico do Abdome Agudo. 9 diurese. Ao exame físico, é possível identificar o si- Realizado o diagnóstico, está indicada a inter- nal de Jobert (perda da macicez à percussão na proje- venção cirúrgica. A via laparoscópica terá êxito no tra- ção hepática), que poderá ser confirmado pela pre- tamento em 70 a 80% dos casos, quando executada sença do pneumoperitônio na radiografia ortostática por cirurgião experiente. O tratamento cirúrgico pode do tórax (com cúpulas diafragmáticas).3 variar desde simples ulcerorrafia e tamponamento com 362
  • 6. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Abdômen agudo http://www.fmrp.usp.br/revista Brunetti A, Scarpelini S Dor abdominal Anamnese Exame Físico Alta probabilidade de abdômen agudo cirúrgico (Exames laboratoriais) Inflamatória Vascular Perfurativo Obstrutivo Hemorrágico Infeccioso Isquêmico Rx abd. agudo Rx abd. agudo Rx abd. agudo Rx abd. agudo Ultra-som Angio-TC Ultra-som Tomografia Tomografia Angiografia Tomografia Tomografia Videolaparoscopia Videolaparoscopia Videolaparoscopia Figura 2: Algoritmo para a decisão do tratamento cirúrgico da dor abdominal aguda não traumática. Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia. Algoritmo do Diagnóstico do Abdome Agudo 9. epíplon, até ressecções gástricas (antrectomia) e A dor da cólica biliar é causada pelo espasmo vagotomia. Em 20% dos casos de perfuração, órgãos do ducto cístico, desencadeado pelo estímulo da adjacentes como pâncreas, fígado, cólon e vesícula colecistoquinina durante a alimentação. É tipicamen- biliar podem ser acometidos necessitando de trata- te do tipo cólica no epigástrio e hipocôndrio direito, mento específico.12, 13 associada a náuseas e vômitos e de duração menor que 6 horas. A dor na colecistite aguda geralmente é 4.2- Colecistite aguda causada pela obstrução do ducto cístico pela impac- A colecistite aguda é caracterizada por dor no tação do cálculo biliar e seguida da inflamação da andar superior direito do abdômen há mais de 6 ho- mucosa vesicular. Pode ainda ocorrer infecção secun- ras, com sinais ultra-sônicos de colecistite, ou dor no dária evoluindo para empiema, necrose e até a perfu- hipocôndrio direito com litíase vesicular ao ultra-som, ração da vesícula biliar. Cerca de 10% dos casos de podendo estar associada à febre, leucocitose e/ou pro- colecistite aguda apresentam perfuração, levando, em teína C reativa >10mg/l. Em 90% dos casos a causa algumas casuísticas, a 20% de mortalidade.14 da colecistite aguda é a litíase, e 75% destes pacien- Os exames laboratoriais podem apresentar: leu- tes apresentam antecedentes de cólica biliar e diag- cocitose, elevação da fosfatase alcalina e transamina- nóstico de colecistite crônica calculosa.4, 8,14 ses. Geralmente não há elevação das bilirrubinas, po- 363
  • 7. Abdômen agudo Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Brunetti A, Scarpelini S http://www.fmrp.usp.br/revista rém na Síndrome de Mirizzi, que ocorre quando cál- reta, elevação das transaminases e fosfatase alcalina, culos grandes impactam no infundíbulo e/ou ducto leucocitose com desvio escalonado para esquerda. O cístico ero-dindo a parede e acometendo o interior do diagnóstico é clínico e pode ser confirmado pela co- ducto hepático comum, podemos encontrar hiperbi- langiografia endoscópica retrógrada que poderá ain- lirrubinemia. da ser terapêutica (95% dos casos) promovendo a O exame diagnóstico de eleição é o ultra-som desobstrução da via biliar. Nos 5% dos casos restan- abdominal, com sensibilidade e especificidade de tes, o tratamento deverá ser cirúrgico. Antibioticote- 95%. Em casos duvidosos a TC ou a cintilografia rapia de largo espectro está inidicada.13 podem auxiliar. A colecistite aguda alitiásica, ocorre em 5 a 10% 4.4- Apendicite aguda das colecistites agudas. Acomete, principalmente, pa- A apendicite á a principal causa de cirurgias cientes debilitados e imunodeprimidos, em uso de nu- abdominais na urgência. Nos EUA chegam a 250.000 trição parenteral prolongada, diabéticos, portadores casos/ano. Acredita-se que a sua principal causa seja de insuficiência renal crônica, vasculites, HIV ou ain- a obstrução da sua luz do apêndice, seguida da infla- da idiopáticas.4 mação, infecção secundária e necrose evoluindo para O tratamento definitivo da colecistite aguda é a a perfuração do órgão.15, 16,17 colecistectomia. Existe alguma discussão sobre o me- O paciente procura atendimento médico com lhor momento para a realização da cirurgia e a via de história de dor abdominal peri-umbilical (causado pela acesso a ser utilizada. A antibioticoterapia deve ser obstrução da luz apendicular e a distensão da sua pa- direcionada para germes gram negativos, e germes rede), irradiada para fossa ilíaca direita (correspon- anaeróbios nos idosos e na colecistite alitiásica. O tra- dendo à inflamação e infecção do apêndice) geral- tamento cirúrgico deve ser realizado preferencialmente mente associada a náuseas e vômitos, inapetência e nas primeiras 24 a 48 horas de internação, sem carac- febre baixa. Este processo pode evoluir em poucas terizar uma situação de emergência, dependendo da horas ou até um dia. Neste momento, podemos en- resposta ao tratamento com antibioticoterapia. contrar ausência de leucocitose e no exame físico al- A laparoscopia é o padrão ouro para colecis- guns sinais como Blumberg (dor a descompressão tectomias eletivas, no entanto nas situações de cole- brusca no ponto de McBurney), Rovsing (dor referi- cistite aguda o fator determinante para o seu uso é a da na fossa ilíaca direita após compressão do hemi- experiência do grupo.13 abdômen esquerdo, levando a distensão do ceco)..3 Para a apendicite aguda, o exame físico aliado 4.3- Colangite à história clínica tem uma acurácia de cerca de 95% A colangite tem como fisiopatologia a obstru- no diagnóstico. ção do ducto biliar principal, seguida de infecção se- Esta apresentação típica ocorre em cerca de cundária, a qual irá acometer o fígado e disseminar- 66% dos casos. No entanto, outras formas variadas se por todo o organismo, evoluindo para quadros gra- podem ocorrer (formas atípicas), sendo associadas a ves e potencialmente letais. A coledocolitíase é a prin- alterações anatômicas do apêndice (retro-cecais, cipal causa de obstrução da via biliar, seguida de es- pélvicos, retro-vesicais) e em pacientes de imunossu- tenoses, neoplasia e mais raramente parasitas, primidos como gestantes e idosos. Nestes casos as coledococele e manipulação da via biliar pela colan- evoluções podem ser desastrosas, com peritonites giopancreatografia endoscópica retrógrada. Os ger- fecais, abscessos intra cavitários e sepse, elevando a mes comumente causadores da infecção são a morbidade neste grupo. Escherichia coli, Klebsiella sp, Enterococcus e No diagnóstico da apendicite aguda o uso da Bacterioides. 4,13 ultra-sonografia abdominal possui sensibilidade de 75 Os principais achados da colangite são: dor no a 90% e sua especificidade é de 86 a 100%. A TC hipocôndrio direito, febre e icterícia (Tríade de abdominal tem sensibilidade de 90 a 100% com espe- Charcot), e quando não tratada pode evoluir para con- cificidade de 91 a 99%. Nos casos típicos, os exames fusão mental e sepse, que caracterizam a Pentade de de imagem não acrescentam muito, porém nos casos Reynalds. duvidosos podem auxiliar no diagnóstico.4, 7 Os exames bioquímicos podem apresentar hi- Nos casos iniciais, o tratamento consiste na in- perbilirrubinemia, com predomínio da bilirrubina di- tervenção cirúrgica e ressecção do apêndice, não ne- 364
  • 8. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Abdômen agudo http://www.fmrp.usp.br/revista Brunetti A, Scarpelini S cessitando de tratamento adjuvante. Nos casos avan- tar e medidas de suporte. A antibioticoprofilaxia de çados, com necrose do apêndice, peritonites, perfura- largo espectro, com imipenem, deverá ser introduzi- ção e abscessos, é necessários o tratamento com anti- da em casos de pancreatites graves com coleções e/ bióticos após a ressecção do apêndice que pode durar ou necrose pancreática. Necrose sem repercussão clí- alguns dias. Não existe consenso na literatura sobre a nica poderá ser tratada com quinolonas associadas ao duração da antibioticoterapia pós-cirúrgica. A video- metronidazol. A intervenção cirúrgica só deverá ser laparoscopia é indicada em casos de dúvida diagnós- realizada em situações específicas como necrose tica, permitindo a melhor exploração da pelve e ór- infectada, comprovada através de cultura de coleções gãos ginecológicos, ou ainda em pacientes seleciona- peripancreáticas obtida por punções guiadas, ou pre- dos que irão se beneficiar pela via de acesso, princi- sença de ar peripancreático na TC. O procedimento palmente os pacientes obesos. cirúrgico consiste em necrosectomias e drenagem de todas as coleções peripancreáticas. 4.5- Pancreatite aguda Sua incidência é de 80/100.000 habitantes nos 4.6- Diverticulite EUA com mortalidade em torno de 10 a 15%. A cole- A doença diverticular dos cólons é freqüente docolitíase e a ingesta alcoólica abusiva são respon- em faixas etárias mais avançadas, sendo encontrada sáveis por cerca de 80% das pancreatites agudas. Cer- em 1/3 da população acima de 50 anos, e 2/3 da po- ca de 10% são idiopáticas e os outros 10% são atribu- pulação acima dos 80 anos. Cerca de 25% desta po- ídos a todas as demais possíveis causas como pulação pode apresentar diverticulite aguda.4,10 hiperlipidemia, viroses (cachumba, coxsackie, HIV), Esta complicação da doença diverticular ocor- traumas abdominais, cirurgias abdominais, vasculites, re por inflamação e infecção do divertículo, geralmente tumores pancreáticos, pâncreas divisum, parasitoses decorrente da oclusão do seu óstio por fezes ou resí- intraductais, drogas e outras.18, 19 duos alimentares, podendo levar até à perfuração. A O quadro inicial é de dor no andar superior do sintomatologia é variável, pois depende da localiza- abdômen (epigástrio e flancos), que pode irradiar para ção do divertículo, podendo evoluir com pneumope- o dorso. Possui característica contínua e pode estar ritônio se perfurado para a cavidade abdominal, ou associado à icterícia ou não. Os vômitos são freqüen- abscessos em flanco ou bloqueios abdominais. tes e precoces, devido à compressão do pâncreas so- Na avaliação do paciente a constipação crôni- bre o duodeno e/ou estômago. A distensão abdominal ca e os antecedentes familiares e pessoais de doença também é comum, e nos quadros graves poderão es- diverticular devem ser investigados. Geralmente o tar presentes a hipotensão arterial, taquicardia, sudo- exame clínico é suficiente para a suspeição, mas a rese, febre, torpor, e coma. radiologia simples de abdômen poderá mostrar pneu- A amilase apresenta-se elevada já nas primei- moperitônio e/ou quadros oclusivos. A TC está indi- ras horas de evolução do quadro, habitualmente vol- cada, quando da ausência de pneumoperitonio no raio- tando a valores normais após 48 horas. x simples.21 A colonoscopia é contra indicada na sus- Os exames radiológicos convencionais pouco peita de diverticulite perfurada. auxiliam na avaliação inicial, podendo detectar com- O tratamento clínico consiste no restabeleci- plicações como derrame pleural, coleções, pseudo- mento hidroeletrolítico e na antibioticoterapia de lar- cistos e ascite pancreática ou diagnosticar litíase go espectro com aminoglicosídeos ou ceftriaxona as- vesicular, barro biliar e coledocolitíase. A avaliação sociado ao metronidazol, e é indicado para as situa- pancreática e sua classificação segundo a gravidade ções onde a inflamação esta contida por um tumor são realizadas através da TC de abdômen.20 inflamatório. Nos casos onde ocorreu perfuração, hou- A colangiopancreatografia endoscópica esta ve falha do tratamento clínico ou o paciente se en- indicada em casos de obstrução biliar associado a pan- contra em choque séptico a cirurgia esta indicada, res- creatites graves e/ou colangites. Nas pancreatites bran- tringindo-se, geralmente, à ressecção do segmento das até a TC pode ser dispensada, ou substituída pela lesado e colostomia. Em raras ocasiões o tumor in- colangiopancreatografia por ressonância magnética.19 flamatório pode gerar uma obstrução intestinal, sen- O tratamento é eminentemente clínico, com do a derivação com colostomia e o tratamento clínico reposição hídrica vigorosa, analgesia, repouso alimen- uma opção, para se evitar ressecções mais amplas. 365
  • 9. Abdômen agudo Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Brunetti A, Scarpelini S http://www.fmrp.usp.br/revista 4.7- Obstrução intestinal sentérica aguda, isquemia mesentérica crônica e a colite isquêmica ou isquemia colônica. Os fatores de Em cerca de 75% dos casos, a oclusão intesti- risco são: idade avançada, cardiopatias, doenças vas- nal tem como causa as aderências entre alças, prove- culares prévias, fibrilação arterial, doenças valvares nientes de cirurgias abdominais prévias. As demais e hipercoagulação.4, 22 obstruções são causadas por hérnias, fecalomas, neo- A isquemia mesentérica aguda é a perda súbita plasias, doença de Crohn, volvos, intussuscepção, íleo do suprimento arterial, geralmente decorrente de um biliar e outras.10 tromboembolismo, podendo acometer o tronco celía- Aproximadamente, 15% dos pacientes subme- co, artéria mesentérica superior ou a inferior (princi- tidos à laparotomias serão admitidos em serviços de ur- pais ramos emergentes anteriores da aorta) ou seus gência com quadros obstrutivos, e 3% necessitarão de ramos menores. O evento pode ser catastrófico, pois reintervenções cirúrgicas para lise de aderências. Es- leva a infarto, seguido da necrose e morte de grandes tima-se que, em 10 anos pós laparotomia, o risco de porções ou até de todo o trato digestório. ser acometido por obstrução intestinal seja de 40%.4,22 A isquemia mesentérica crônica, geralmente é O quadro clínico é típico com dores abdomi- causada pela arteriosclerose e leva a angina abdomi- nais difusas tipo cólica, náuseas e vômitos, parada de nal. Caracterizada por dores abdominais após refei- eliminação de flatos e fezes, e distensão abdominal ções, podendo levar a quadros de desnutrição, devido progressiva. Os vômitos são inicialmente com con- à recusa alimentar. teúdo gástrico, seguido de bile, chegando até a carac- A isquemia colônica é decorrente do hipofluxo terística fecalóide. sanguíneo em determinadas regiões do cólon. Este Ao exame físico notamos grande distensão ab- hipofluxo leva a isquemias localizadas, como da mu- dominal, timpanismo à percussão, e dor difusa à cosa colônica, e das paredes do cólon, em particular palpação. Os ruídos hidroaéreos são inicialmente au- no ângulo esplênico e transição retosigmóide. mentados com timbre metálico, podendo estar ausen- O quadro clínico, em geral, é de dor abdominal tes em quadros avançados. O exame físico compre- súbita e intensa na região periumbelical, que evolui ende também a avaliação da região inguinal, à procu- para abdome agudo franco. A hemoconcentração, de- ra de possíveis herniações. vido ao seqüestro intestinal, associada à hipovolemia Os exames laboratoriais apresentam alterações e distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos são de- relacionadas às condições hidroeletrolítica e infecci- tectados clínica e laboratorialmente. Alguns pacien- osa. A radiologia simples do abdômen apresenta ede- tes podem apresentar hiperamilasemia. Os exames de ma de alças intestinal e presença de níveis hidroaéreos imagem como raios-x, ultra-som e TC são pouco es- nas grafias em posição ortostática, confirmando a obs- pecíficos, porém a angiografia tem altos índices de trução de intestino delgado. especificidade e sensibilidade de 80 a 100%, respec- O tratamento consiste em reposição hídrica vi- tivamente. A mortalidade da isquemia mesentérica an- gorosa e restabelecimento hidroeletrolítico, jejum e tes da lesão isquêmica irreversível (necrose) chega a descompressão do trânsito intestinal por sonda gás- 90% logo, sempre que suspeitarmos de isquemia, de- trica, durante 24 a 48 horas. Espera-se a resolução vemos proceder à investigação apropriada para a de- espontânea do quadro. Nos pacientes sem resolução finição e tratamento específico o mais breve possí- ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessida- vel, pois isso poderá definir a viabilidade intestinal. de de tratamento cirúrgico para lise de aderências. Contudo, como geralmente o diagnóstico é realizado A obstrução intestinal causada por hérnias, vol- tardiamente, a exploração arterial, visando possível vo de sigmóide, isquemia intestinal, intussuscepção e revascularização, praticamente não ocorre no nosso neoplasias devem ser tratadas, o mais precocemente meio. Assim, a abordagem cirúrgica das isquemias in- possível, por meio de cirurgia. testinais se constitui, na quase totalidade das inter- venções, na ressecção do segmento lesado e anasto- 4.8- Doença isquêmica intestinal mose primária ou derivação intestinal (colostomia, A doença isquêmica intestinal pode se apresen- ileostomia e eventualmente jejunostomia). O grande tar de diversas formas, de acordo com a localização, dilema enfrentado pelo cirurgião geral nesta situação, acometimento vascular e o grau de comprometimen- é avaliar se o intestino remanescente permitirá uma to do órgão. De maneira geral, a doença isquêmica sobrevida de qualidade ao paciente, e esta dúvida ainda intestinal pode ser classificada como: isquemia me- permanece sem definição na literatura.23 366
  • 10. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, jul./set. Abdômen agudo http://www.fmrp.usp.br/revista Brunetti A, Scarpelini S Brunetti A, Scarpelini S. Acute abdomen. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 358-67, july/set. ABSTRACT: The acute abdomen can be defined as an acute, non-traumatic abdominal pain that needs medical care, and in some situations surgical intervention. This clinical scenario is very frequent, in the emergency room. Detailed anamnesis directs the physical examination, and will be the guideline to conduct the early treatment and the reestablishment of the patient. Due to the great number of diseases related with this syndrome, our goal was to review the literature and to produce an objective and practical methodology, with the aim to facilitate the diagnosis and to prevent unnecessary exams, which may delay the specific treatment, improving the assess and care of the patient. Keywords: Abdominal Pain. Acute Abdomen. Pneumoperitoneum. Cholecystitis. Appendicitis, Intestinal Obstruction. REFERÊNCIAS tis: a metaanalysis. Surg Endosc 2006; 20: 82-7. 14 - Cheruvu CV, Eyre-Brook IA. Consequences of prolonged 1 - Meneghelli UG, Villanova MG, Aprile LRO. Dor abdominal. wait before gallbladder surgery. Ann R Coll Surg Engl 2002; Medicina (Ribeirão Preto) 1994; 27:164-72. 84:20-2. 2 - Savassi Rocha PR, Andrade JI, Souza C. Abdomen agudo – 15 - Hendrickson M, Naparst TR. Abdominal surgical emergen- diagnóstico e tratamento.Rio de Janeiro: Medsi;1993. cies in the elderly. Emerg Med Clin North Am 2003; 21:937- 69. 3 - Meneghelli UG. Elementos para o diagnóstico do abdomen agudo. Medicina (Ribeirão Preto) 2003; 36:283-93. 16 - Michael DB, Lynda F. Acute abdominal pain in the elderly. Emerg Med 2005; 37:8-12. 4 - Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am 2006; 90: 481-503. 17 - Morina M, Pellegrino L, Castagna E, Farinella E. Acute non- specific abdominal pain: a randomized, controlled trial com- 5 - Woodwell DA; Cherry DK. National ambulatory medical care paring early laparoscopy versus clinical observation. Ann Surg survey. 2002 Advance Data 2004 (346):1-44. 2006; 244:881-8. 6 - Lopes AC, Reibscheid S, Szejnfeld J. Abdome agudo- clinica 18 - Santos JS, Elias Jr J, Scarpelini S, Sankarankutty AK. Pan- e imagem. São Paulo: Editora Atheneu; 2004. creatite aguda: atualização de conceitos e condutas. Medi- 7 - Tsushima Y, Yamada S, Aoki J, Motojima T, Endo K. Effect of cina (Ribeirão Preto) 2003; 36:266-82. contrast-enhanced computed tomografy on diagnosis and 19 - Ferreira Santos R, Santos JS. Pancreatite aguda 1940-2000: management of acute abdômen in adults. Clin Radiol 2002; evolução de conceitos e condutas In: Federação Brasilera 57:507-13. de Gastroenterologia. A Gastroenterologia do Brasil. Rio de 8 - American College of Emergency Physicians. Clinical policy: Janeiro: Ed. Revinter; 2001. p. 269-90. Critical issues for the initial evaluation and management of 20 - Toouli J, Brooke-Smith M, Bassi C, Carr-Locke D, Telford patients presenting with a chief complaint of nontraumatic J;Freeny P, Imrie C, Tandon R. Guidelines for management acute abdominal pain. Ann Emerg Med 2000; 36:406-15. of acute pancreatites. J Gastroenterol Hepatol 2002 9 - Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia. 17(Suppl.1):S15-39. Algoritmo no Diagnóstico do Abdome Agudo. Boletim CBC 21 - Roh JJ, Thompson JS, Harned RK, Hodgson PE. Vale of ed esp; 2006. pneumoperitoneun in the diagnosis of visceral perforation. 10 - Lyon C, Clark DC.Diagnosis of acute abdominal pain in older Am J Surg 1983;146:830-3. patients. Am Fam Physician 2006; 74: 1537-44. 22 - Dang C, Aguilera P, Dang A, Salem L. Acute abdominal pain. 11 - Mulholland MW, Sweeney JF. Approach to the patient witch Four classifications can guide assessment and management. acute abdomen. In Yamada T, editor. Textbook of gastroen- Geriatrics 2002; 57(3):30-2,35-6,41-2. terology. 4th ed. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins; 23 - Melis M, Fichera A, Ferguson MK. Bowel necrosis associ- 2003. p. 813-28. ated with early jejunal tube feeding: A complication of post- 12 - Sauerland S, Agresta F, Bergamschi R, Borzellino G, operative enteral nutrition. Arch Surg 2006;141:701-4. Budzynski A, Champult G, Fingerhut A et al. Laparoscopy for Recebido para publicação em 26/06/2007 abdominal emergencies. Surg Endosc 2006; 20:14-29. Aprovado para publicação em 24/08/2007 13 - Lau H, Lo CY, Patil NG, Yuen WK. Early versus delayed- interval laparoscopic cholecyatectomy for acute cholecysti- 367