2. Mohandas Karamchand Gandhi , também conhecido como Mahatma
Gandhi, foi o idealizador e fundador do moderno Estado Indiano e o
maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violência
de protesto) como um meio de revolução.
3. O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da
verdade" ou "a busca da verdade", também inspirou gerações
de ativistas democráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King
Jr. e Nelson Mandela. Frequentemente Gandhi afirmava a simplicidade de
seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência
(ahimsa)
4. Juventude
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu no dia 2 de
outubro de 1869, na cidade de Porbandar, na Índia
ocidental, hoje estado de Gujarat. Seu pai era
o primeiro-ministro local, do mínusculo
principado, e a mãe era uma devota vaisnava.
Como era costume em sua cultura nesta época, em
maio de 1883 com a idade de 13 anos, a família de
Gandhi realizou seu casamento
arranjado adulto com a mulher Kasturba Gandhi, de
14 anos, através de um acordo entre as respectivas
famílias.
5. Formação na Inglaterra
Depois de um pouco de educação indistinta foi decidido que
ele deveria ir para a Inglaterra para
estudar Direito na University College. Ele ganhou a
permissão da mãe, prometendo se abster de vinho, mulheres
e carne, mas ele desafiou os regulamentos de sua casta, que
proibiam a viagem para a Inglaterra. Cursou a faculdade de
Direito em Londres.
Procurando um restaurante vegetariano, havia descoberto na
filosofia de Henry Salt um argumento para o vegetarianismo
e convenceu-se dessa prática. Ele organizou um clube
vegetariano onde se encontravam teósofos e pessoas com
interesses altruísticos.
6. Sua primeira leitura do Bhagavad-Gita foi através de parábolas em
língua britânica com tradução poética de Edwin Arnold: A Canção
Celestial. Esta escritura hindu e o "Sermão da Montanha",
do Evangelho, se tornaram, mais tarde, suas "bíblias" e guias de
viagens espirituais. Ele memorizou o Gita em suas meditações diárias,
e frequentemente recitou no original sânscrito, em suas orações.
7. Independência da Índia
Além de sua luta pela independência da índia, também ficou
conhecido por seus pensamentos e sua filosofia. Recorria a jejuns,
marchas e à desobediência civil, ou seja, estimulava o não
pagamento dos impostos e o boicote aos produtos ingleses.
8. Independência da Índia
Movimento que leva ao fim da dominação do Reino Unido sobre a
Índia, em 1947. Desde o século XVI, portugueses, ingleses, holandeses
e franceses exploram o país. Em 1690, os ingleses fundam Calcutá, mas
só depois de uma guerra contra a França (1756-1763) o domínio do
Reino Unido consolida-se na região. Oficialmente, a dominação
britânica começa em 1857, após um motim de soldados, seguido por
uma rebelião da população civil em diversas partes da Índia.
9. No século XIX, os britânicos esmagam várias rebeliões
anticolonialistas. Paradoxalmente, a cultura britânica torna-se um
fator de união entre os indianos. Com o inglês, os indianos
adquirem uma língua comum. A organização política que
governaria a Índia independente, o Partido do Congresso (I), é
criada em 1885 por uma elite nativa de educação ocidental e
funciona como um fórum para a atividade política de caráter
nacionalista em toda a Índia.
A implantação do estilo ocidental de educação superior começa em
1817 em Calcutá, com a criação do Colégio Hindu. As classes
médias atingidas pela educação ocidental são atraídas pela
ideologia do nacionalismo e da democracia liberal. Inicialmente
entusiastas em relação ao domínio britânico, tais classes tornam-se
cada vez mais críticas.
10. Protestos organizados por Gandhi contra a lei da repressão levam ao
massacre de Amritsar. A campanha de não-cooperação deslanchada por
Gandhi almeja conquistar o autogoverno (swaraj) e obtém o apoio do
movimento Khilafat (muçulmano, contra o tratamento severo dispensado
aos califas e ao império otomano após a I Guerra Mundial). Em 1930, Gandhi
lidera seguidores numa marcha de 300 quilômetros até o mar, onde tomam
em mãos o sal, desafiando as leis britânicas que proíbem a posse do produto
não adquirido do monopólio governamental. O Movimento de
Desobediência Civil (1930-34), que exige a independência, e o Movimento
Saiam da Índia, que se segue ao encarceramento de Gandhi e de outros
líderes em 1942, consolidam o apoio popular ao Congresso.
Após a II Guerra Mundial, os britânicos abrem negociações para a
transferência do poder. O objetivo é preparar a independência com a
criação de uma Assembléia Constituinte e a formação de um governo
de transição indiano, que preserve a unidade do território e assegure
os inúmeros interesses econômicos do Reino Unido na região.
11. Frases de Gandhi
A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória
propriamente dita.
12. A força não provém da capacidade física. Provém de
uma vontade indomável.
A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar
um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde.
A posse de armas insinua um elemento de medo, se não
mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma
impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.
A vida merece algo além do aumento da
sua velocidade.
13. Cada dia a natureza produz o suficiente
para nossa carência. Se cada um tomasse o
que lhe fosse necessário, não havia pobreza
no mundo e ninguém morreria de fome.
O amor é a força mais sutil do mundo.
O medo tem alguma utilidade, mas a
covardia não.
14. Assassinato de Gandhi
Em 30 de janeiro de 1948, Mahatma Gandhi foi assassinado por um
hinduísta fanático. Durante anos, o líder se empenhara com meios
pacíficos para que a Índia se tornasse independente.
"A luz se foi de nossas vidas", declarou o então primeiro-ministro
da Índia, Jawaharlal Nehru, em 30 de janeiro de 1948, dirigindo-se
pelo rádio à nação que se tornara independente apenas alguns
meses antes.
15. O líder Mohandas Karamchand Gandhi, fora assassinado a tiros
pelo nacionalista hindu Nathuram Godse. Antigo seguidor de
Gandhi, Godse discordava da liberação de recursos financeiros da
Índia para o Paquistão, num momento em que os dois jovens
países iniciavam sua primeira guerra pela Caxemira.
A morte violenta contribuiu para idealizar ainda mais a figura de
Gandhi como "pai na nação". Não há cidade ou povoado na Índia
que não tenha um monumento ao homem magro e curvo,
portando apenas uma túnica e uma bengala na mão. A questão é se
a herança deixada por ele ainda tem algo a ver com a prática
política na Índia de hoje.
16. Na verdade, numa sociedade repleta de conflitos – entre as castas, os
grupos religiosos, as etnias, ou simplesmente pobres e ricos –, não há
espaço para a ideia da não-violência pregada por Gandhi. Tampouco
teve vez a ideia de desenvolvimento que ele defendia, ao estimular o
renascimento dos processos artesanais.
17. Pacifismo x
Autoritarismo
Gandhi, porém, já era um santo enquanto vivo – e sobre os santos, não
se discute. O enorme abismo entre seus ideais e a corrupção dos
políticos de hoje leva antes à resignação. O que se esquece facilmente é
que o próprio Gandhi era um político com grande senso de poder e
muitas vezes até autoritário. Seu engajamento em prol dos párias é
reconhecido para além das fronteiras da Índia.
18. Sendo filho de uma alta casta hindu, Gandhi lutou contra a
marginalização dos párias, empenhou-se para que as portas dos
templos hinduístas lhes fossem abertas. Chamou a atenção de
muitos indianos que gozavam de educação britânica para a vida
miserável nos povoados do país e sobretudo das castas mais
baixas.
Ao mesmo tempo, porém, ele tendia a idealizar a situação e insistia
obstinadamente em sua própria visão. O mais importante político dos
párias em sua época, Ambedkar, defendia que os párias tinham outros
interesses que os hindus. Eles deveriam, portanto (da mesma forma
que os muçulmanos), votar separadamente dos demais eleitores e
escolher seus próprios representantes para os parlamentos.
Gandhi, por sua vez, insistia em incluir os párias entre os hindus.
Irritou-se de tal forma com as reivindicações de Ambedkar, que
ameaçou jejuar até a morte, fazendo com que este cedesse. Era esta a
forma pela qual Gandhi se utilizava da "não-violência", e não apenas
perante os senhores coloniais.
19. A Herança de Mahatma
Gandhi
Gandhi empenhou-se, como poucos políticos de seu tempo, por uma
reconciliação com os muçulmanos. Mas o hinduísmo desempenhou um papel
central em sua vida. Suas ideias, seu programa político, tudo é impregnado do
vocabulário hinduísta. Grande parte dos muçulmanos não se sentia
representado por ele e insistiu na criação de um Estado próprio, o Paquistão.
Mahatma Gandhi não contribuiu apenas para que a Índia se tornasse
independente sem muito derramamento de sangue. Muitos de seus
pensamentos acerca do abismo entre a cidade e o campo, acerca da solução de
conflitos sem o apelo à violência continuam sendo atuais, e não apenas dentro
das fronteiras da Índia. Mas, para poder debater a esse respeito, seria preciso
poder discutir também a respeito de suas falhas.