2. Trovadorismo
Reprodução da folha de rosto
de uma das edições do
Cancioneiro Geral de Garcia
de Resende. A primeira
edição é de 1545. À direita vêse o brasão português, com
todos os elementos referidos
na Mensagem, de Fernando
Pessoa.
3. Contexto histórico
Desde o séc. XII AC
Vestígios de habitantes e viajantes como os fenícios,
gregos, cartagineses, celtas
Grande miscigenação
Antes do séc. III AC
Referências romanas à Lusitânia e aos lusitanos
4. A partir do séc. III AC
Início da Romanização na Península Ibérica
Base latina do Português
Séc. II AC – apogeu de Roma: conquista da Grécia
A partir do séc. I – começo da decadência
[emergência do Cristianismo]
300/400 DC
Invasões dos povos bárbaros (suevos e visigodos)
Aquisições vocabulares
Fragmentação da Península em vários reinos
(foedus)
Cristianização dos reis bárbaros: “monarquia
5. A partir de 711 DC
Invasão dos Mouros (a partir do norte da África,
acesso ao estreito de Gibraltar)
Aquisições vocabulares
Início da “Reconquista” (movimento dos cristãos pela
retomada das terras conquistadas pelos mouros,
iniciado nas montanhas asturianas, norte da
Península) - 08 séculos de lutas entre cristãos e
mouros (sob inúmeras lideranças)
Surgimento de vários reinos cristãos: Leão, Navarra,
Aragão, Castela
Último califado árabe na Península cai em 1492
6. Menestrel
Menestrel, na Europa medieval, era o poeta e bardo cujo desempenho
lírico referia-se a histórias de lugares distantes ou sobre eventos
históricos reais ou imaginários. Embora criassem seus próprios
contos, muitas vezes memorizavam e floreavam obras de outros. À
medida que as cortes foram ficando mais sofisticadas, os menestréis
eram substituídos por trovadores, e vários deles tornaram-se errantes,
apresentando-se para a população comum, tornando-se assim os
divulgadores das obras de outros autores.
Bardo
Um bardo, na história antiga da Europa, era uma pessoa
encarregada de transmitir as histórias, as lendas e poemas de forma
oral, cantando a história de seus povos em poemas recitados. Era
simultaneamente músico e poeta e, mais tarde, seria designado de
trovador. É a principal raiz da música tradicional irlandesa
7. O trovador
É da Provença (região sul da França) que vem o
substantivo "trovador", pois lá o poeta era chamado
"troubadour" (enquanto que, no norte da França, recebia
o nome de "trouvère"). Nos dois casos, o radical da
palavra é o mesmo, referindo-se a "trouver", ou seja,
"achar". Os poetas eram aqueles que "achavam" os
versos, adequando-os às melodias e formando os
cantares ou cantigas.
8. O amor cortês
Amante medieval sendo içado
numa cesta (ilustração do
Codex Manesse do século
XIV.
9. O que era o AMOR CORTÊS?
Em sua essência, o amor cortês era uma experiência
contraditória entre o desejo erótico e a realização
espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e
moralmente elevado, passional e auto-disciplinado,
humilhante e exaltante, humano e transcendente".
10. Origens do "amor cortês“
O amante (idealizador) aceita a independência de sua
senhora e tenta fazer de si próprio merecedor dela,
agindo de forma corajosa e honrada (nobre) e
fazendo quaisquer feitos que ela deseje. A satisfação
sexual pode não ser um objetivo ou mesmo o
resultado final, mas o amor não era inteiramente
platônico, visto que era baseado em atração sexual.
11. Principais pontos
•Total submissão do enamorado à sua dama (por uma transposição
do amor às relações sociais sob o feudalismo, o enamorado rende
vassalagem à sua senhora).
•A amada é sempre distante, admirável e um compêndio de
perfeições físicas e morais.
•O estado amoroso, por transposição ao amor dos sentimentos e
imaginário religioso, é uma espécie de estado de graça que
enobrece a quem o pratica.
•Os enamorados são sempre de condição aristocrática.
•O enamorado pode chegar a comunicar-se com a sua inatingível
senhora, após uma progressão de estados que vão desde o
suplicante ("fenhedor", em occitano) ao amante ("drut").
12. Cantigas de amor, de amigo e de escárnio e
maldizer
Cantigas de amor
O trovador confessa, de maneira dolorosa, a sua angústia, nascida
do amor que não encontra receptividade. O "eu lírico" desses
poemas se revela, às vezes, na forma de um apelo repetitivo, no
qual não há erotismo, mas amor transcendente, idealizado.
Ai linda amiga
Ai linda amada, não posso de ver
corpo lindo que me leva a morte
Não há amor sem castigo; castigo sem dor
nem dor tão forte como a do amor
Ai linda amada, não posso de ver
corpo lindo que me leva a morte
Acorde-me, mãe, quando o sol sair
fui pelos campos verdes, buscar meu amor
13. Cantigas de amigo
O trovador apresenta o outro lado da relação amorosa, isto é,
assume um novo "eu lírico": o da mulher que, humilde e ingênua,
canta, por exemplo, o desgosto de amar e, depois, ser abandonada;
ou o da mulher que se apaixonou e fala à natureza, à si mesma ou a
outrem sobre sua tristeza, seu ideal amoroso ou, ainda, sobre os
impedimentos de ver seu amado.
Ondas do mar de Vigo
Vistes o meu amigo?
Ai, Deus! Eu o verei logo?
Ondas do mar revolto
Vistes o meu amado?
Ai, Deus! Eu o verei logo?
Vistes o meu amigo?
Aquele por quem suspiro?
Ai, Deus! Eu o verei logo?
Vistes o meu amado?
Aquele por quem tanto sofro?
Ai, Deus! Eu o verei logo?
14. Cantigas de escárnio e de maldizer
São poemas satíricos. Nas de escárnio, ressaltam-se a ironia e o
sarcasmo. Já as de maldizer são agressivas, abertamente eróticas, a
sátira é expressa de forma direta, sem meias palavras, chegando a
usar termos chulos. Escritas, às vezes, pelos mesmos autores das
cantigas de amor e de amigo, revelam um terceiro "eu lírico", cuja
licenciosidade se aproxima da vida das camadas sociais mais
populares.
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
15. CANCIONEIROS POPULARES
Todas essas cantigas eram musicadas e os trovadores as cantavam,
acompanhados de um ou vários instrumentos musicais.
Muitas dessas cantigas acabaram desaparecendo, já que eram
transmitidas também por via oral. Alguns manuscritos, contudo, foram
compilados em obras a que damos o nome de "cancioneiros", quase
sempre graças às ordens dos reis.
16. Cancioneiro da Ajuda: (composto no reinado de Afonso 3º,
no final do século 13, tem 310 cantigas, a maioria de amor)
Cancioneiro da Biblioteca Nacional : contém 1.647
cantigas, de todos os tipos, elaboradas por trovadores dos
reinados de Afonso 3º e dom Dinis.
Cancioneiro da Vaticana: possui 1.205 cantigas de todos
os tipos.
17. Trovadores portugueses mais importantes
João Soares Paiva,
Paio Soares de Taveirós
Dom Dinis
João Garcia de Guilhade
Martim Codax.
18.
19. Leixa-pren
O leixa-pren é um recurso estilístico característico das cantigas de amigo
galego-portuguesas. Consiste na repetição dos segundos versos de um
par de estrofes como primeiros versos do par seguinte.
Como vivo coitada, madre, por meu amado,
ca m'enviou mandado que se vai no ferido:
¡e por el vivo coitada!
Como vivo coitada, madre, por meu amado,
ca m'enviou mandado que se vai no fossado:
¡e por el vivo coitada!
Ca m'enviou mandado que se vai no ferido,
eu a Santa Cecilia de coraçón o digo:
¡e por el vivo coitada!
Ca m'enviou mandado que se vai no fossado,
eu a Santa Cecilia de coraçón o falo:
¡e por el vivo coitada!
Como se observa, os versos
2 e 5 (os segundos das
duas primeiras estrofes)
repetem-se como primeiros
da
3ª
e
4ª
estrofes,respectivamente.