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AULA IV - ESTÉTICA
O QUE É ARTE ????
Essas obras são „obras de arte‟...
... no mesmo sentido que essas são?
O QUE MUDA DE UM PARA O OUTRO?
QUAL A DIFERENÇA ENTRE OS DOIS?
E AGORA?

O que mudou?
O que define, agora,
aquilo que chamamos
“arte”?

O que significa ser artista?
POR QUE A ARTE É (AINDA) UMA QUESTÃO
CENTRAL PARA A FILOSOFIA?
UM POUCO DE „NARRATIVA‟ DA ARTE
Compreender os critérios que determinaram a
arte e o „fazer artístico‟ ao longo do tempo
Compreender o papel do artista em cada uma
das fases trabalhadas
Qual é o papel da crítica de arte em cada um
desses momentos?
PLATÃO (427 – 347 A.C.)
Diálogo “Íon”
Doutrina do entusiasmo (éntheos) – “ter um
deus dentro”

Diálogo “A República – Livro X”
Doutrina da mímesis – arte como „imitação‟
Imitação de que? Do que aparece como „belo‟
no mundo imperfeito das sombras
Imitação por quem? Pelo artista que, ao
contrário do filósofo, afasta os homens da
verdade, da justiça e do bem.
CONSEQUÊNCIA:
Os poetas são expulsos da
polis ideal de Platão
porque o artista cria a
cópia da cópia e afasta os
homens da verdade.
[Para Platão]
“A beleza é um assunto
importante demais para
ser tratado por artistas”
(Iris Murdoch)
Platão, no entanto, dá as coordenadas de toda reflexão
posterior sobre a arte e o fazer artístico resumindo o
problema em três questões principais:

1. Qual é a essência da obra de arte?
[imitação]

2. Qual a relação entre elas e a Beleza?
[cópia da cópia]

3. Qual o efeito moral e psicológico da arte?
[nos afasta das ideias de „belo‟ e, portanto, de „bem‟ e „justo‟]
ARISTÓTELES (384 – 322 A.C.)
Mímesis poética –
„imitação ou
representação‟ poética
da natureza
Poética vem de poiêsis,
ou seja, criação. Nesse
sentido cria-se uma
realidade idealizada
capaz de dar sentido à
realidade efetiva.
Mímesis (poesia épica, tragédia)
enquadramento ficcional:
- lógica interna própria ao enquadramento
- as partes são cegas em relação ao todo e ao sentido
que as subjaz. Somente a conclusão da obra pode
iluminar retrospectivamente o sentido de cada parte e
as conexões entre elas.
- Ex: Édipo.
Função do enquadramento ficcional

- traz à luz a estrutura racional que configura as ações
- cria o contexto preciso no qual uma ação pode ser avaliada
como virtuosa ou vil
- torna possível, portanto, a visualização dos móbeis das
ações e, justamente por isso, fornece um modelo de ação a
ser seguido sempre que temos a possibilidade da escolha.
“A morte de Aquiles é um modelo de morte virtuosa”
A ideia de “modelo de ação” se baseia no fato de que
podemos antecipar uma ação pela reflexão e pela
imaginação antes da sua realização
“Morrer como Aquiles” é algo que posso desejar realizar
como a realização de uma ação virtuosa

Nesse sentido, enquanto a ação pode ser a realização de algo
já projetado pela imaginação e pela reflexão, a ação efetiva é
já a imitação de uma ação ideal, idealizada, fantasiada
 Aquiles deseja morrer como Aquiles
O problema:
Na Epopeia o narrador (Homero) é onisciente e ele pode
mostrar diretamente aquilo que acontece no processo de
decisão de Aquiles.
Na tragédia, ao contrário, há um personagem que representa
Édipo, mas não há um narrador onisciente. Isso significa que
a tragédia, diferentemente da epopeia, não pode representar
o dilema interno das personagens, suas inclinações e
motivações.

Epopéia:
Plano de intenção
Plano de ação

Tragédia
A tensão mimética é muito maior na tragédia do que na
epopeia:
1. Não há transparência das motivações
2. Há uma representação mais verossímil, mais próxima à
realidade porque se trata de um teatro e não mais de uma
narrativa
Consequência: Catarse
Purificação/Purgação das paixões quando a realidade é
observada de um ponto de vista idealizado, reflexivo.
Exemplo da experiência da análise na psicanálise
CONCEPÇÃO (PREDOMINANTE) DE ARTE
NA ANTIGUIDADE
 Concepção predominantemente “mimética” – arte
como imitação/representação da natureza ou da
realidade
 Arte como techné, como uma habilidade cuja boa
realização resulta na beleza ou na representação
bela
 Platão: Beleza é assunto da Filosofia
 Aristóteles: A arte deve ter um
efeito sobre o espectador
(catarse).
CONCEPÇÃO DE ARTE NO
PERÍODO MEDIEVAL
Arte é imitação da natureza
O artista não cria nada, mas
imita aquilo que é criado por
Deus
Não há ainda a concepção do
homem como criador.
ARTE NO RENASCIMENTO (SÉC. XV -XVI)
 Giorgio Vasari (1511-1574): “O renascimento
(Rinascitá) da arte antiga”
 Classificou a arte medieval e gótica de “bárbara”
 Ruptura com unidade estilística que até então tinha
sido „supranacional‟
 Humanismo – a mentalidade científica da época tem
seu efeito sobre a arte, e pinturas e esculturas são
feitas sob o princípio da perfeição; os artistas, agora
estudiosos (por ex., do corpo humano), passam da
categoria de „mero artesão‟ a „intelectual‟
 Elevação do status do artista
“David” de Michelângelo
Como resgate da cultura „clássica‟ da
Antiguidade após séculos de influência árabe e
obras „didáticas‟, o Renascimento parte da
ideia de que as artes alcançaram sua perfeição
com os gregos, que é então tomada como
objeto de estudo e imitação.
Venus de Milo
Alexandros de Antióquia

Vitória de Samotrácia
Cidade de Rodes
Temas „profanos‟ e buscados na mitologia grega
Ticiano
“Retrato de Eleonora
Gonzada”

Sandro Botticelli
“O nascimento de Vênus”
“Escola de Atenas” de Rafael Sanzio
- Elaboração de diversas regras de perfeição ensinadas pelos
„mestres‟
- Virtuosismo técnico
- Mecenato (o maior Mecenas: Igreja Católica)

Ex: Leonardo Da Vinci
“Monalisa”

de Leonardo Da Vinci
“A criação” - Michelângelo
BARROCO (SÉC. XVI-XVII)
Difusão nos países católicos
Corresponde à arte das
Monarquias Absolutistas e
da Contra Reforma
Estilo ambíguo: por um lado
a pregação da fé e da
transcendência; por outro, a
opulência material
Sensibilização dos sentidos
Charles Le Brun
“A apoteose de Luís XIV”
Criação das Academias de arte ligadas ao Estados
(e, portanto, sob seus serviços)

Academia Real de Pintura e Escultura
Fundada sob o reinado de Louis XIV na França
Coordenada por Charles Le Brun
O Estado detinha o monopólio:
- Do gosto
- Da crítica das obras
- Das vias de exibição e difusão da produção artística
NEOCLASSICISMO (SÉC XVII)
 Pureza formal ancorada na arte da Antiguidade Clássica
 marcado pela simplicidade, regularidade das
formas, harmonia, equilíbrio e sobriedade. Esta nova
dinâmica representou o regresso à ordem na arte, depois
de um período de extravagância e exagero que
dominaram o barroco e o rococó.
 Estética normativa
 Princípios da criação são reduzidos a um sistema, e
esses são ensinados pelas academias de arte
 Talento do artista medido segundo sua habilidade em
executar com perícia e precisão as regras estabelecidas
Expressou os valores próprios de uma burguesia fortalecida
após o sucesso das revoluções burguesas

“Napoleão Bonaparte” de

Jacques-Louis David
“A juventude de Baco” de William-Adolphe Bouguereau
“A morte de Sócrates” de
Jacques-Louis David
Parthenon, em
Atenas, Grécia

Teatro Wielki
em
Varsovia, Polôni
a
Outros exemplos
de arquitetura
neoclássica
SÉC. XVIII – “O SÉCULO DO GOSTO”
 A ideia da 'autonomia' da razão deve, segundo os
iluministas, ser efetuada em todos os domínios da
vida e do espírito, dos quais certamente faz parte a
estética.
 Emancipação crescente entre o âmbito do sensível e
o do intelectual: o gradual reconhecimento de que o
sensível tem uma dinâmica inteiramente própria e,
diferente do que observamos no neoclassicismo,
bem como na arte clássica antiga, a problemática da
beleza agora se desvincula da questão da moral ou
do conhecimento
 Alexander von Baumgarten: “estética é a ciência do
conhecimento sensível”
O belo subjetivo e o gosto
Baumgarten: Estética – “aísthesis”
(„sensação‟ em grego)
Conhecimento sensorial que alcança
a apreciação do belo.
Mas, ao modo de Descartes, a ideia
do „belo‟, como o são as ideias
sensíveis, é „confusa‟ e não evidente.
 Noção de que o gosto é subjetivo
O que muda?
1. A beleza é pensada como uma questão de sensibilidade
e, por isso, está atrelada aos sentidos dos seres
humanos
2. A ideia da beleza sai da „objetividade‟ do mundo e das
coisas para se tornar uma característica da percepção
do sujeito
Nossos sentidos são o critério de beleza, e não a
coisa ela mesma
3. “O belo é” transforma-se “o que é belo para mim”, ou
seja, não é uma qualidade da coisa mas o sentimento de
prazer que ela me causa.
O julgamento de beleza depende tão somente da presença ou
ausência de prazer em nossas mentes. Todos os julgamentos
de beleza, portanto, são verdadeiros, e todos os gostos são
igualmente válidos. Aquilo que depende do gosto e da opinião
pessoal não pode ser discutido racionalmente, donde o ditado:
"Gosto não se discute".
Consequências da supremacia do gosto:
1. Dificuldade de explicação da concordância ou
discordância dos juízos estéticos
2. Dificuldade de definir o que é a arte e o que ela não é
3. Dificuldade de estabelecer a tarefa do artista
A crítica de arte
- Salões de Pintura da Academia Real
- Surgimento dos „críticos de arte leigos”
- Mudança dos “Salões” para o Museu do Louvre
Segunda metade do século XIX
Surgimento de outros salões concorrentes
Escritores começam a ganhar dinheiro publicando seus
comentários e críticas de arte, dentre os quais, Charles
Baudelaire
“Salão dos Recusados” 1863

Singes comme critiques d'art, 1889,
Gabriel von Max.
Édouard Manet – “Almoço sobre a relva”
“Impressions” de Claude Monet
O impressionismo

Arte de ruptura (o que de certa forma „justifica‟ sua
exclusão dos Salões) que rompe com os
convencionalismos.
Forma de captar um particularismo, um subjetivismo
do instante que não estava presente anteriormente,
quando os artistas retratavam as cenas da forma
mais „objetiva‟ e distanciada possível.
Desenvolvimento de novas técnicas
Uso diferente das cores, da luminosidade, da
pincelada rápida que buscava o caráter prismático da
luz.
“Venus” de Ticiano em 1538
“Olympia” de Manet
E agora, José??
Qual das duas é “mais arte” que a outra? E por que?
A pergunta pela „essência do belo‟ é deslocada para a
pergunta da razão da existência de diversos tipos de belo
A Antiguidade Clássica deixa de ser o modelo eterno de
beleza e o artista deixa de ser o imitador e passa a ser o
criador.
ENQUANTO ISSO, NA ALEMANHA...
 As traduções de
Shakespeare na Alemanha
fez surgir a ideia da
composição artística livre do
aprisionamento imposto
pelas regras do
neoclassicismo
 Surgimento da noção de
originalidade
 Talento se contrapõe à
técnica
 Criação se contrapõe à
imitação
SÉC. XIX – “SÉCULO DO GÊNIO”
Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto)
 Originalidade acima de tudo
 Gênio radical
 Movimento que pregou a revolta do sentimento e
da interioridade contra a superficialidade do
Iluminismo
 Movimento que começa em Estrasburgo com
Herder e Goethe – “Revolução literária”
 “Os sofrimentos do jovem Werther”
Rompimento com a
concepção clássica de
natureza como fonte de
serenidade e harmonia:
O sentimento pode ser de
tal maneira brutal e
violento que podemos
interpreta-lo como um
estado de alma provocado
pelas manifestações da
natureza que, pelos
cataclismos e visões
perturbadoras, atingem o
homem.
Surgimento da ideia de SUBLIME

Com Edmund Burke
(1759) e Immanuel
Kant (1790), o conceito
de Sublime surge como
uma segunda categoria
estética ao lado do
„Belo‟.

Caspar David Friedrich “O viajante
contemplando um mar de nuvens”
IMMANUEL KANT (1724-1804) E A
TEORIA DO GÊNIO
Para lembrar: como se dá o conhecimento em Kant
Estruturas do conhecimento:
Espaço + Tempo
Conceitos do Entendimento

Material da
sensibilidade
percebido como
um objeto
específico
Como isso acontece?
Pela faculdade de „julgar‟, pois o juízo é a operação
mental que encontra um conceito (universal) para
um particular percebido (uma banana).
Esses são “Juízos determinantes”, pois determinam o
conceito que deve se aplicar a uma percepção
qualquer.
Mas, e quando não há um conceito? E quando nossas
faculdades cognitivas não conseguem encontrar um
conceito para o material de uma percepção?
Temos os chamados “Juízos reflexionantes”
Juízo reflexivo
Não encontra nenhum conceito universal para o particular
então ele continua tentando. Isso promove um jogo entre a
sensibilidade e o entendimento no qual o sujeito tem prazer.
O belo não é um conceito (senão recairíamos na ideia de
„perfeição‟ neoclássica), e portanto não pode ser
universalizável;
O juízo da beleza não é um juízo de conhecimento – ele é
livre;
O belo não está nas coisas, mas é o prazer que sentimos no
jogo livre das nossas faculdades.

O belo é, no entanto, objetivo
3 ACORDOS / 3 CRÍTICAS
1- ACORDO DO CONHECIMENTO:
Entre sensibilidade e entendimento. A imaginação
também participa. / CRP.
2- ACORDO MORAL:
Entre razão e entendimento. / CRPr.
3- ACORDO ESTÉTICO:
Entre entendimento e imaginação. / CFJ.
4- “DESACORDO” SUBLIME:
Entre razão e imaginação. / CFJ.
A TEORIA DO GÊNIO
 “O belo consiste, para Kant, num acordo
contingente
da
natureza
com
nossas
faculdades (...) A natureza nos dá somente a
ocasião exterior “de apreender a finalidade
interna da relação de nossas faculdades
subjetivas” (...)
 “Somos nós que recebemos a natureza
favoravelmente, enquanto que ela mesma
não nos faz qualquer favor.”
DELEUZE, Gilles, Para ler Kant
Do ponto de vista do espectador:
arte deve parecer natureza porque deve parecer ter sido
produzida sem qualquer ponderação racional, sem qualquer
projeto prévio, sem qualquer regra, como se ela se tivesse feito
ao acaso.

Do ponto de vista do artista:
A arte deve ser concebida e produzida segundo regras, senão
recairíamos nos „absurdos originais‟. Mas estas regras não
podem ser dadas ou indicada na obra, senão ela deixará de ser
bela.
Esse aparente paradoxo entre
1) Necessidade de produzir arte mediante regras e conceitos
2) Impossibilidade de haver conceitos na fruição do objeto
belo
... é resolvido por Kant na figura do GÊNIO
“Gênio é o talento natural (o dom natural) que dá regra à arte.
Já que o próprio talento enquanto faculdade produtiva inata
do artista pertence à natureza, também se poderia expressar
assim: Gênio é a inata disposição de ânimo (ingenium) pela
qual a natureza dá regra à arte.” (Kant)

1. Talento e originalidade
2. Produção de produtos exemplares (responsabilidade de
servir de paradigma)
3. Incapacidade de explicar ou ensinar a própria regra
HEGEL (1770 – 1831) E O FIM DA ARTE

O tema do fim da arte, apresentado
por Hegel nos Cursos de Estética
ministrados entre 1819 e 1829
reaparece nas discussões
posteriores sobre a arte e o fazer
artístico.
INÍCIO
Indeterminação absoluta – estágio imediato e
carente de toda e qualquer determinação
Igualdade indeterminada consigo mesmo
“Consciência de si”

OUTRO
Contradição entre o ser e o nada porque
é o incessante movimento através do
qual o ser se determina pelo seu oposto
“Natureza”

FIM
Determinação absoluta. O
outro foi reconhecido
como parte determinante
do ser.
“Espírito Absoluto”
Outra forma de representar o sistema hegeliano:
O que isso tem a ver com a arte?
A Arte é um dos tripés que forma o estágio final do Espírito
Absoluto
Mas, por ser dentre os três a mais dependente do sensível e
do material e, portanto, a menos espiritual dentre elas, deve
ser superada; primeiro pela Religião revelada, depois pela
Filosofia.
Espírito Absoluto
Arte

Religião Revelada

Filosofia
ARTHUR C. DANTO (1924- ) E AS
NARRATIVAS HISTÓRICAS
É possível fazer “arte”
depois do fim da arte?

O que entendemos por
“fim da arte”?
Para Danto significa o
fim das grandes
narrativas e o fim da
(possibilidade da)
história da arte.
Conceito de “Modernismo” na pintura
Representação do mundo tal como se apresenta à vista e
não tal qual é.

Kandinsky (Abstracionismo)

Dalí (Surrealismo)
Para Danto esse momento de “autorreflexão” do fazer
pictórico deixou de ser um estilo que se sucedeu a outro e se
tornou “consciência artística de que a reflexão é mais
importante que a representação mimética”.

Daí o conceito que Danto elabora do
“Contemporâneo”:
“Esse designa menos um período do que o que
acontece depois que não há mais períodos em
algumas narrativas-mestras da arte; e menos um
estilo de fazer arte do que um estilo de usar estilos.”
O que ele chamou “contemporâneo” vai ser, num
segundo momento, caracterizado como “pós-histórico”,
ou seja, a arte que se faz depois do fim das narrativas,
depois do fim da arte, que para Danto “consiste na
chegada da consciência da natureza verdadeiramente
filosófica da arte.”
“Uma vez que a questão foi trazida à consciência em
certo instante no desdobramento histórico da arte, um
novo nível de consciência filosófica foi atingido. E isso
significa duas coisas: primeiro, que tendo trazido a si
mesma a esse nível de consciência, a arte já não carrega
a responsabilidade por sua própria definição filosófica.
Isso é, antes, tarefa para os filósofos da arte. Em
segundo lugar, isso significa que já não há um modo
segundo o qual as obras de arte têm que ser.”
O fim „histórico‟ desse enquadramento histórico da
arte, ou seja, o fim da era „histórica‟ e o começo da
„pós-histórica‟ acontece quando o expressionismo
abstrato nova-iorquino entra crise e é substituído pela
pop art.
Jackson Pollock

Pop art de Andy Wahrol
Pop art: Transfiguração de emblemas
da cultura popular em arte erudita”
“Origem” do pluralismo estético atual
Expressionismo
Abstrato

Pop art

Body art

Performances

Instalações
Exemplos de body-art
Marina Ibramovic

Gina Pane
Exemplos de Performances
Exemplos de instalações
FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900)
Significado da arte para Nietzsche
“Arte existe para que a verdade não nos destrua”
- Arte não é imitação da natureza mas um meio de
transcender, de superar esta que é a nossa natureza. É
nesse sentido um caminho até o supra-humano.
- A vida é afirmada em sua potência pela arte, e como tal
ela é a alegria suprema
- Arte é superação do pessimismo, desencadeado pela
busca incessante pela verdade.
A criação artística supõe um estado psíquico [Nietzsche
usa psíquico para recusar a oposição entre corpo e
alma] particular, que aumenta a força vital, que faz com
que o artista experimente um momento de plenitude.
Esse é o impulso dionisíaco.

Dionísio:
Deus da embriaguez, do vinho,
das orgias, das forças da natureza
e da música
Para adquirir forma, para ganhar plasticidade e existir no
mundo em forma da obra de arte, esse impulso dionisíaco
deve ser limitado pela força contrária, que Nietzsche chama
de „Impulso apolíneo‟.

Apolo:
Deus da individuação, da
ordem, da luz, da forma e das
artes plásticas.
O impulso apolíneo reconduz
o impulso caótico e destrutivo
de Dionísio para a criação.
Esses dois impulsos antagônicos confluem e se harmonizam
na tragédia grega. Nisso consistiria a originalidade e a riqueza
estética da cultura grega.
O elemento imagético (e potencialmente conceitual –
apolíneo) se harmonizaria perfeitamente com o elemento
sonoro-dionisíaco (representado por certa irracionalidade e
potência animal/corpórea).
Essa harmonia é no entanto destruída quando Sócrates
(representando a racionalidade filosófica) procurou suprimir o
elemento dionisíaco por considera-lo perigosamente
irracional. Sócrates instaura, então, o primado do discurso
sobre a intuição, a alma sobre o corpo, Apolo sobre Dionísio.
“Enquanto em todos os homens
produtivos o instinto é uma força
afirmativa e criadora e a
consciência uma força crítica e
negativa, em Sócrates, o instinto
torna-se crítico, e a consciência,
criadora.”
(Nietzsche, A Origem da
tragédia)
A arte é o refúgio daqueles que são fortes , é o último reduto
das forças criativas, ativas, exiladas do mundo pelo poder
reativo.

Força ativa

Força Reativa

Poder de criação
Poder de realização
Ímpeto
Energia vital
Forças que atuam no
mundo e obrigam as
demais forças a se
mexerem

Interesse em refrear os
fortes, em diminuir o poder
daqueles que criam, que
não precisam dos
mecanismos da verdade
nem de regras.
Niilismo
Decadência
THEODOR W. ADORNO (1903 – 1969) E O
PENSAMENTO DO PÓS-GUERRA
Avaliação negativa do mundo contemporâneo:
“mundo administrado”
Predomínio da „Razão Instrumental‟, surgida em tempos
imemoriais a partir da necessidade de dominar a natureza, a
fim de superar a inferioridade humana diante dela.
No momento de sua realização plena a razão instrumental
se transforma numa prisão porque inverte o „jogo‟ e produz o
inverso do que propõe:
- não a razão, mas a barbárie
- não o progresso, mas o regresso
- não a emancipação do homem, mas sua
submissão, alienação, reificação
Dialética do Esclarecimento (1947)
Obra em colaboração com Max Horkheimer
na qual os autores pretendem “descobrir por
que a humanidade, em vez de entrar em um
estado verdadeiramente humano, está se
afundando em uma nova espécie de
barbárie”.
Preocupação com o „processo de
desumanização‟, diagnóstico de que o
prometido progresso, na verdade, anula
tudo aquilo “que se supõe ser o seu próprio
objetivo”, a saber, desenvolver “a ideia de
ser humano”.
A meta do esclarecimento: eliminar a superstição,
“dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo
saber”

Mas a natureza uma vez dominada pela razão deixou
de ser compreendida para ser reduzida a fórmulas; as
diferenças foram eliminadas a favor da abstração dos
conceitos, o que era múltiplo foi unificado e
universalizado, e o que deveria ser conhecimento
tornou-se uma nova e perigosa forma de mitologia
que não aceita o diferente e o desconhecido.
Todo movimento é fixado, toda diferença é reduzida
à identidade porque a razão instrumental é sintética
e não se interessa pelo diferente.
INDÚSTRIA CULTURAL
 Cenário marxista na compreensão da arte:
Todos os fenômenos ligados à produção cultural estariam igual
e totalmente subordinados à base econômica da sociedade.
 Adorno e Horkheimer:
Introduzem a ideia de que no cenário do capitalismo tardio não
há uma plena autonomia entre os fenômenos da infraestrutura
e da superestrutura; não há tampouco, portanto, uma
subordinação entre eles.
A cultura, originalmente „superestrutura‟, é agora pensada
como parte constituinte da „infraestrutura‟ por ser, nesse
contexto, também „indústria‟.
A cultura torna-se um ramo da economia capitalista, embora
atue como se fosse apenas cultura.
A Indústria Cultural ou cultura de massa proporciona uma
determinada satisfação que pode ser (psicanaliticamente)
descrita como 'narcisista'.
A indústria cultural justifica a
produção de suas mercadorias
segundo o argumento de que é
aquilo que o público quer. O
problema, para além daquilo que 'o
público quer', é que a forma como a
Indústria Cultural satisfaz essa
carência inconsciente é
satisfazendo parcialmente para logo
depois frustrar essa carência,
tornando o 'consumidor' viciado no
prazer mentiroso que ela oferece.
Com seu sistema, portanto, a
Indústria Cultural reforça a carência
ao invés de satisfaze-la e torna os
consumidores seus viciados.
Thais Bianca está contente com sua boa forma e
resolveu postar uma foto em que aparece apenas de
calcinha. "Isto é dedicação, foco e objetivo. Não é fácil,
mas vale a pena. Muitos criticam meu estilo de vida,
mas quando me olho no espelho vejo que todas as
críticas não passam de falta de conhecimento daquilo
que nos faz bem. O quanto é válido cada doce que
resistimos a comer, cada minuto na academia. Então
galera, ao invés de me criticarem, acordem amanhã e
se dediquem a este life style e venham fazer parte de
um mundo onde você é quem dita suas regras e seu
ponto final!", discursou no Instagram

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Aula iv estética

  • 1. AULA IV - ESTÉTICA
  • 2. O QUE É ARTE ????
  • 3. Essas obras são „obras de arte‟...
  • 4. ... no mesmo sentido que essas são?
  • 5. O QUE MUDA DE UM PARA O OUTRO?
  • 6. QUAL A DIFERENÇA ENTRE OS DOIS?
  • 7. E AGORA? O que mudou? O que define, agora, aquilo que chamamos “arte”? O que significa ser artista?
  • 8. POR QUE A ARTE É (AINDA) UMA QUESTÃO CENTRAL PARA A FILOSOFIA?
  • 9. UM POUCO DE „NARRATIVA‟ DA ARTE Compreender os critérios que determinaram a arte e o „fazer artístico‟ ao longo do tempo Compreender o papel do artista em cada uma das fases trabalhadas Qual é o papel da crítica de arte em cada um desses momentos?
  • 10. PLATÃO (427 – 347 A.C.) Diálogo “Íon” Doutrina do entusiasmo (éntheos) – “ter um deus dentro” Diálogo “A República – Livro X” Doutrina da mímesis – arte como „imitação‟ Imitação de que? Do que aparece como „belo‟ no mundo imperfeito das sombras Imitação por quem? Pelo artista que, ao contrário do filósofo, afasta os homens da verdade, da justiça e do bem.
  • 11. CONSEQUÊNCIA: Os poetas são expulsos da polis ideal de Platão porque o artista cria a cópia da cópia e afasta os homens da verdade. [Para Platão] “A beleza é um assunto importante demais para ser tratado por artistas” (Iris Murdoch)
  • 12. Platão, no entanto, dá as coordenadas de toda reflexão posterior sobre a arte e o fazer artístico resumindo o problema em três questões principais: 1. Qual é a essência da obra de arte? [imitação] 2. Qual a relação entre elas e a Beleza? [cópia da cópia] 3. Qual o efeito moral e psicológico da arte? [nos afasta das ideias de „belo‟ e, portanto, de „bem‟ e „justo‟]
  • 13. ARISTÓTELES (384 – 322 A.C.) Mímesis poética – „imitação ou representação‟ poética da natureza Poética vem de poiêsis, ou seja, criação. Nesse sentido cria-se uma realidade idealizada capaz de dar sentido à realidade efetiva.
  • 14. Mímesis (poesia épica, tragédia) enquadramento ficcional: - lógica interna própria ao enquadramento - as partes são cegas em relação ao todo e ao sentido que as subjaz. Somente a conclusão da obra pode iluminar retrospectivamente o sentido de cada parte e as conexões entre elas. - Ex: Édipo.
  • 15. Função do enquadramento ficcional - traz à luz a estrutura racional que configura as ações - cria o contexto preciso no qual uma ação pode ser avaliada como virtuosa ou vil - torna possível, portanto, a visualização dos móbeis das ações e, justamente por isso, fornece um modelo de ação a ser seguido sempre que temos a possibilidade da escolha.
  • 16. “A morte de Aquiles é um modelo de morte virtuosa” A ideia de “modelo de ação” se baseia no fato de que podemos antecipar uma ação pela reflexão e pela imaginação antes da sua realização “Morrer como Aquiles” é algo que posso desejar realizar como a realização de uma ação virtuosa Nesse sentido, enquanto a ação pode ser a realização de algo já projetado pela imaginação e pela reflexão, a ação efetiva é já a imitação de uma ação ideal, idealizada, fantasiada  Aquiles deseja morrer como Aquiles
  • 17. O problema: Na Epopeia o narrador (Homero) é onisciente e ele pode mostrar diretamente aquilo que acontece no processo de decisão de Aquiles. Na tragédia, ao contrário, há um personagem que representa Édipo, mas não há um narrador onisciente. Isso significa que a tragédia, diferentemente da epopeia, não pode representar o dilema interno das personagens, suas inclinações e motivações. Epopéia: Plano de intenção Plano de ação Tragédia
  • 18. A tensão mimética é muito maior na tragédia do que na epopeia: 1. Não há transparência das motivações 2. Há uma representação mais verossímil, mais próxima à realidade porque se trata de um teatro e não mais de uma narrativa Consequência: Catarse Purificação/Purgação das paixões quando a realidade é observada de um ponto de vista idealizado, reflexivo. Exemplo da experiência da análise na psicanálise
  • 19. CONCEPÇÃO (PREDOMINANTE) DE ARTE NA ANTIGUIDADE  Concepção predominantemente “mimética” – arte como imitação/representação da natureza ou da realidade  Arte como techné, como uma habilidade cuja boa realização resulta na beleza ou na representação bela  Platão: Beleza é assunto da Filosofia  Aristóteles: A arte deve ter um efeito sobre o espectador (catarse).
  • 20. CONCEPÇÃO DE ARTE NO PERÍODO MEDIEVAL Arte é imitação da natureza O artista não cria nada, mas imita aquilo que é criado por Deus Não há ainda a concepção do homem como criador.
  • 21. ARTE NO RENASCIMENTO (SÉC. XV -XVI)  Giorgio Vasari (1511-1574): “O renascimento (Rinascitá) da arte antiga”  Classificou a arte medieval e gótica de “bárbara”  Ruptura com unidade estilística que até então tinha sido „supranacional‟  Humanismo – a mentalidade científica da época tem seu efeito sobre a arte, e pinturas e esculturas são feitas sob o princípio da perfeição; os artistas, agora estudiosos (por ex., do corpo humano), passam da categoria de „mero artesão‟ a „intelectual‟  Elevação do status do artista
  • 23. Como resgate da cultura „clássica‟ da Antiguidade após séculos de influência árabe e obras „didáticas‟, o Renascimento parte da ideia de que as artes alcançaram sua perfeição com os gregos, que é então tomada como objeto de estudo e imitação. Venus de Milo Alexandros de Antióquia Vitória de Samotrácia Cidade de Rodes
  • 24. Temas „profanos‟ e buscados na mitologia grega Ticiano “Retrato de Eleonora Gonzada” Sandro Botticelli “O nascimento de Vênus”
  • 25. “Escola de Atenas” de Rafael Sanzio
  • 26. - Elaboração de diversas regras de perfeição ensinadas pelos „mestres‟ - Virtuosismo técnico - Mecenato (o maior Mecenas: Igreja Católica) Ex: Leonardo Da Vinci
  • 28. “A criação” - Michelângelo
  • 29. BARROCO (SÉC. XVI-XVII) Difusão nos países católicos Corresponde à arte das Monarquias Absolutistas e da Contra Reforma Estilo ambíguo: por um lado a pregação da fé e da transcendência; por outro, a opulência material Sensibilização dos sentidos Charles Le Brun “A apoteose de Luís XIV”
  • 30. Criação das Academias de arte ligadas ao Estados (e, portanto, sob seus serviços) Academia Real de Pintura e Escultura Fundada sob o reinado de Louis XIV na França Coordenada por Charles Le Brun
  • 31. O Estado detinha o monopólio: - Do gosto - Da crítica das obras - Das vias de exibição e difusão da produção artística
  • 32. NEOCLASSICISMO (SÉC XVII)  Pureza formal ancorada na arte da Antiguidade Clássica  marcado pela simplicidade, regularidade das formas, harmonia, equilíbrio e sobriedade. Esta nova dinâmica representou o regresso à ordem na arte, depois de um período de extravagância e exagero que dominaram o barroco e o rococó.  Estética normativa  Princípios da criação são reduzidos a um sistema, e esses são ensinados pelas academias de arte  Talento do artista medido segundo sua habilidade em executar com perícia e precisão as regras estabelecidas
  • 33. Expressou os valores próprios de uma burguesia fortalecida após o sucesso das revoluções burguesas “Napoleão Bonaparte” de Jacques-Louis David
  • 34. “A juventude de Baco” de William-Adolphe Bouguereau
  • 35. “A morte de Sócrates” de Jacques-Louis David
  • 36. Parthenon, em Atenas, Grécia Teatro Wielki em Varsovia, Polôni a
  • 38. SÉC. XVIII – “O SÉCULO DO GOSTO”  A ideia da 'autonomia' da razão deve, segundo os iluministas, ser efetuada em todos os domínios da vida e do espírito, dos quais certamente faz parte a estética.  Emancipação crescente entre o âmbito do sensível e o do intelectual: o gradual reconhecimento de que o sensível tem uma dinâmica inteiramente própria e, diferente do que observamos no neoclassicismo, bem como na arte clássica antiga, a problemática da beleza agora se desvincula da questão da moral ou do conhecimento  Alexander von Baumgarten: “estética é a ciência do conhecimento sensível”
  • 39. O belo subjetivo e o gosto Baumgarten: Estética – “aísthesis” („sensação‟ em grego) Conhecimento sensorial que alcança a apreciação do belo. Mas, ao modo de Descartes, a ideia do „belo‟, como o são as ideias sensíveis, é „confusa‟ e não evidente.  Noção de que o gosto é subjetivo
  • 40. O que muda? 1. A beleza é pensada como uma questão de sensibilidade e, por isso, está atrelada aos sentidos dos seres humanos 2. A ideia da beleza sai da „objetividade‟ do mundo e das coisas para se tornar uma característica da percepção do sujeito Nossos sentidos são o critério de beleza, e não a coisa ela mesma 3. “O belo é” transforma-se “o que é belo para mim”, ou seja, não é uma qualidade da coisa mas o sentimento de prazer que ela me causa.
  • 41. O julgamento de beleza depende tão somente da presença ou ausência de prazer em nossas mentes. Todos os julgamentos de beleza, portanto, são verdadeiros, e todos os gostos são igualmente válidos. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente, donde o ditado: "Gosto não se discute".
  • 42. Consequências da supremacia do gosto: 1. Dificuldade de explicação da concordância ou discordância dos juízos estéticos 2. Dificuldade de definir o que é a arte e o que ela não é 3. Dificuldade de estabelecer a tarefa do artista
  • 43. A crítica de arte - Salões de Pintura da Academia Real - Surgimento dos „críticos de arte leigos”
  • 44. - Mudança dos “Salões” para o Museu do Louvre
  • 45. Segunda metade do século XIX Surgimento de outros salões concorrentes Escritores começam a ganhar dinheiro publicando seus comentários e críticas de arte, dentre os quais, Charles Baudelaire
  • 46. “Salão dos Recusados” 1863 Singes comme critiques d'art, 1889, Gabriel von Max.
  • 47. Édouard Manet – “Almoço sobre a relva”
  • 49. O impressionismo Arte de ruptura (o que de certa forma „justifica‟ sua exclusão dos Salões) que rompe com os convencionalismos. Forma de captar um particularismo, um subjetivismo do instante que não estava presente anteriormente, quando os artistas retratavam as cenas da forma mais „objetiva‟ e distanciada possível. Desenvolvimento de novas técnicas Uso diferente das cores, da luminosidade, da pincelada rápida que buscava o caráter prismático da luz.
  • 52.
  • 53. E agora, José?? Qual das duas é “mais arte” que a outra? E por que? A pergunta pela „essência do belo‟ é deslocada para a pergunta da razão da existência de diversos tipos de belo A Antiguidade Clássica deixa de ser o modelo eterno de beleza e o artista deixa de ser o imitador e passa a ser o criador.
  • 54. ENQUANTO ISSO, NA ALEMANHA...  As traduções de Shakespeare na Alemanha fez surgir a ideia da composição artística livre do aprisionamento imposto pelas regras do neoclassicismo  Surgimento da noção de originalidade  Talento se contrapõe à técnica  Criação se contrapõe à imitação
  • 55. SÉC. XIX – “SÉCULO DO GÊNIO” Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto)  Originalidade acima de tudo  Gênio radical  Movimento que pregou a revolta do sentimento e da interioridade contra a superficialidade do Iluminismo  Movimento que começa em Estrasburgo com Herder e Goethe – “Revolução literária”  “Os sofrimentos do jovem Werther”
  • 56. Rompimento com a concepção clássica de natureza como fonte de serenidade e harmonia: O sentimento pode ser de tal maneira brutal e violento que podemos interpreta-lo como um estado de alma provocado pelas manifestações da natureza que, pelos cataclismos e visões perturbadoras, atingem o homem.
  • 57. Surgimento da ideia de SUBLIME Com Edmund Burke (1759) e Immanuel Kant (1790), o conceito de Sublime surge como uma segunda categoria estética ao lado do „Belo‟. Caspar David Friedrich “O viajante contemplando um mar de nuvens”
  • 58. IMMANUEL KANT (1724-1804) E A TEORIA DO GÊNIO
  • 59. Para lembrar: como se dá o conhecimento em Kant Estruturas do conhecimento: Espaço + Tempo Conceitos do Entendimento Material da sensibilidade percebido como um objeto específico
  • 60. Como isso acontece? Pela faculdade de „julgar‟, pois o juízo é a operação mental que encontra um conceito (universal) para um particular percebido (uma banana). Esses são “Juízos determinantes”, pois determinam o conceito que deve se aplicar a uma percepção qualquer. Mas, e quando não há um conceito? E quando nossas faculdades cognitivas não conseguem encontrar um conceito para o material de uma percepção? Temos os chamados “Juízos reflexionantes”
  • 61.
  • 62. Juízo reflexivo Não encontra nenhum conceito universal para o particular então ele continua tentando. Isso promove um jogo entre a sensibilidade e o entendimento no qual o sujeito tem prazer. O belo não é um conceito (senão recairíamos na ideia de „perfeição‟ neoclássica), e portanto não pode ser universalizável; O juízo da beleza não é um juízo de conhecimento – ele é livre; O belo não está nas coisas, mas é o prazer que sentimos no jogo livre das nossas faculdades. O belo é, no entanto, objetivo
  • 63. 3 ACORDOS / 3 CRÍTICAS 1- ACORDO DO CONHECIMENTO: Entre sensibilidade e entendimento. A imaginação também participa. / CRP. 2- ACORDO MORAL: Entre razão e entendimento. / CRPr. 3- ACORDO ESTÉTICO: Entre entendimento e imaginação. / CFJ. 4- “DESACORDO” SUBLIME: Entre razão e imaginação. / CFJ.
  • 64. A TEORIA DO GÊNIO  “O belo consiste, para Kant, num acordo contingente da natureza com nossas faculdades (...) A natureza nos dá somente a ocasião exterior “de apreender a finalidade interna da relação de nossas faculdades subjetivas” (...)  “Somos nós que recebemos a natureza favoravelmente, enquanto que ela mesma não nos faz qualquer favor.” DELEUZE, Gilles, Para ler Kant
  • 65. Do ponto de vista do espectador: arte deve parecer natureza porque deve parecer ter sido produzida sem qualquer ponderação racional, sem qualquer projeto prévio, sem qualquer regra, como se ela se tivesse feito ao acaso. Do ponto de vista do artista: A arte deve ser concebida e produzida segundo regras, senão recairíamos nos „absurdos originais‟. Mas estas regras não podem ser dadas ou indicada na obra, senão ela deixará de ser bela.
  • 66. Esse aparente paradoxo entre 1) Necessidade de produzir arte mediante regras e conceitos 2) Impossibilidade de haver conceitos na fruição do objeto belo ... é resolvido por Kant na figura do GÊNIO “Gênio é o talento natural (o dom natural) que dá regra à arte. Já que o próprio talento enquanto faculdade produtiva inata do artista pertence à natureza, também se poderia expressar assim: Gênio é a inata disposição de ânimo (ingenium) pela qual a natureza dá regra à arte.” (Kant) 1. Talento e originalidade 2. Produção de produtos exemplares (responsabilidade de servir de paradigma) 3. Incapacidade de explicar ou ensinar a própria regra
  • 67. HEGEL (1770 – 1831) E O FIM DA ARTE O tema do fim da arte, apresentado por Hegel nos Cursos de Estética ministrados entre 1819 e 1829 reaparece nas discussões posteriores sobre a arte e o fazer artístico.
  • 68. INÍCIO Indeterminação absoluta – estágio imediato e carente de toda e qualquer determinação Igualdade indeterminada consigo mesmo “Consciência de si” OUTRO Contradição entre o ser e o nada porque é o incessante movimento através do qual o ser se determina pelo seu oposto “Natureza” FIM Determinação absoluta. O outro foi reconhecido como parte determinante do ser. “Espírito Absoluto”
  • 69. Outra forma de representar o sistema hegeliano:
  • 70. O que isso tem a ver com a arte? A Arte é um dos tripés que forma o estágio final do Espírito Absoluto Mas, por ser dentre os três a mais dependente do sensível e do material e, portanto, a menos espiritual dentre elas, deve ser superada; primeiro pela Religião revelada, depois pela Filosofia. Espírito Absoluto Arte Religião Revelada Filosofia
  • 71. ARTHUR C. DANTO (1924- ) E AS NARRATIVAS HISTÓRICAS É possível fazer “arte” depois do fim da arte? O que entendemos por “fim da arte”? Para Danto significa o fim das grandes narrativas e o fim da (possibilidade da) história da arte.
  • 72. Conceito de “Modernismo” na pintura Representação do mundo tal como se apresenta à vista e não tal qual é. Kandinsky (Abstracionismo) Dalí (Surrealismo)
  • 73. Para Danto esse momento de “autorreflexão” do fazer pictórico deixou de ser um estilo que se sucedeu a outro e se tornou “consciência artística de que a reflexão é mais importante que a representação mimética”. Daí o conceito que Danto elabora do “Contemporâneo”: “Esse designa menos um período do que o que acontece depois que não há mais períodos em algumas narrativas-mestras da arte; e menos um estilo de fazer arte do que um estilo de usar estilos.”
  • 74. O que ele chamou “contemporâneo” vai ser, num segundo momento, caracterizado como “pós-histórico”, ou seja, a arte que se faz depois do fim das narrativas, depois do fim da arte, que para Danto “consiste na chegada da consciência da natureza verdadeiramente filosófica da arte.” “Uma vez que a questão foi trazida à consciência em certo instante no desdobramento histórico da arte, um novo nível de consciência filosófica foi atingido. E isso significa duas coisas: primeiro, que tendo trazido a si mesma a esse nível de consciência, a arte já não carrega a responsabilidade por sua própria definição filosófica. Isso é, antes, tarefa para os filósofos da arte. Em segundo lugar, isso significa que já não há um modo segundo o qual as obras de arte têm que ser.”
  • 75. O fim „histórico‟ desse enquadramento histórico da arte, ou seja, o fim da era „histórica‟ e o começo da „pós-histórica‟ acontece quando o expressionismo abstrato nova-iorquino entra crise e é substituído pela pop art.
  • 76. Jackson Pollock Pop art de Andy Wahrol
  • 77. Pop art: Transfiguração de emblemas da cultura popular em arte erudita”
  • 78. “Origem” do pluralismo estético atual Expressionismo Abstrato Pop art Body art Performances Instalações
  • 79. Exemplos de body-art Marina Ibramovic Gina Pane
  • 83. Significado da arte para Nietzsche “Arte existe para que a verdade não nos destrua” - Arte não é imitação da natureza mas um meio de transcender, de superar esta que é a nossa natureza. É nesse sentido um caminho até o supra-humano. - A vida é afirmada em sua potência pela arte, e como tal ela é a alegria suprema - Arte é superação do pessimismo, desencadeado pela busca incessante pela verdade.
  • 84. A criação artística supõe um estado psíquico [Nietzsche usa psíquico para recusar a oposição entre corpo e alma] particular, que aumenta a força vital, que faz com que o artista experimente um momento de plenitude. Esse é o impulso dionisíaco. Dionísio: Deus da embriaguez, do vinho, das orgias, das forças da natureza e da música
  • 85. Para adquirir forma, para ganhar plasticidade e existir no mundo em forma da obra de arte, esse impulso dionisíaco deve ser limitado pela força contrária, que Nietzsche chama de „Impulso apolíneo‟. Apolo: Deus da individuação, da ordem, da luz, da forma e das artes plásticas. O impulso apolíneo reconduz o impulso caótico e destrutivo de Dionísio para a criação.
  • 86. Esses dois impulsos antagônicos confluem e se harmonizam na tragédia grega. Nisso consistiria a originalidade e a riqueza estética da cultura grega. O elemento imagético (e potencialmente conceitual – apolíneo) se harmonizaria perfeitamente com o elemento sonoro-dionisíaco (representado por certa irracionalidade e potência animal/corpórea).
  • 87. Essa harmonia é no entanto destruída quando Sócrates (representando a racionalidade filosófica) procurou suprimir o elemento dionisíaco por considera-lo perigosamente irracional. Sócrates instaura, então, o primado do discurso sobre a intuição, a alma sobre o corpo, Apolo sobre Dionísio. “Enquanto em todos os homens produtivos o instinto é uma força afirmativa e criadora e a consciência uma força crítica e negativa, em Sócrates, o instinto torna-se crítico, e a consciência, criadora.” (Nietzsche, A Origem da tragédia)
  • 88. A arte é o refúgio daqueles que são fortes , é o último reduto das forças criativas, ativas, exiladas do mundo pelo poder reativo. Força ativa Força Reativa Poder de criação Poder de realização Ímpeto Energia vital Forças que atuam no mundo e obrigam as demais forças a se mexerem Interesse em refrear os fortes, em diminuir o poder daqueles que criam, que não precisam dos mecanismos da verdade nem de regras. Niilismo Decadência
  • 89. THEODOR W. ADORNO (1903 – 1969) E O PENSAMENTO DO PÓS-GUERRA
  • 90. Avaliação negativa do mundo contemporâneo: “mundo administrado” Predomínio da „Razão Instrumental‟, surgida em tempos imemoriais a partir da necessidade de dominar a natureza, a fim de superar a inferioridade humana diante dela. No momento de sua realização plena a razão instrumental se transforma numa prisão porque inverte o „jogo‟ e produz o inverso do que propõe: - não a razão, mas a barbárie - não o progresso, mas o regresso - não a emancipação do homem, mas sua submissão, alienação, reificação
  • 91. Dialética do Esclarecimento (1947) Obra em colaboração com Max Horkheimer na qual os autores pretendem “descobrir por que a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, está se afundando em uma nova espécie de barbárie”. Preocupação com o „processo de desumanização‟, diagnóstico de que o prometido progresso, na verdade, anula tudo aquilo “que se supõe ser o seu próprio objetivo”, a saber, desenvolver “a ideia de ser humano”.
  • 92. A meta do esclarecimento: eliminar a superstição, “dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber” Mas a natureza uma vez dominada pela razão deixou de ser compreendida para ser reduzida a fórmulas; as diferenças foram eliminadas a favor da abstração dos conceitos, o que era múltiplo foi unificado e universalizado, e o que deveria ser conhecimento tornou-se uma nova e perigosa forma de mitologia que não aceita o diferente e o desconhecido.
  • 93. Todo movimento é fixado, toda diferença é reduzida à identidade porque a razão instrumental é sintética e não se interessa pelo diferente.
  • 94. INDÚSTRIA CULTURAL  Cenário marxista na compreensão da arte: Todos os fenômenos ligados à produção cultural estariam igual e totalmente subordinados à base econômica da sociedade.  Adorno e Horkheimer: Introduzem a ideia de que no cenário do capitalismo tardio não há uma plena autonomia entre os fenômenos da infraestrutura e da superestrutura; não há tampouco, portanto, uma subordinação entre eles. A cultura, originalmente „superestrutura‟, é agora pensada como parte constituinte da „infraestrutura‟ por ser, nesse contexto, também „indústria‟. A cultura torna-se um ramo da economia capitalista, embora atue como se fosse apenas cultura.
  • 95. A Indústria Cultural ou cultura de massa proporciona uma determinada satisfação que pode ser (psicanaliticamente) descrita como 'narcisista'.
  • 96. A indústria cultural justifica a produção de suas mercadorias segundo o argumento de que é aquilo que o público quer. O problema, para além daquilo que 'o público quer', é que a forma como a Indústria Cultural satisfaz essa carência inconsciente é satisfazendo parcialmente para logo depois frustrar essa carência, tornando o 'consumidor' viciado no prazer mentiroso que ela oferece. Com seu sistema, portanto, a Indústria Cultural reforça a carência ao invés de satisfaze-la e torna os consumidores seus viciados.
  • 97.
  • 98. Thais Bianca está contente com sua boa forma e resolveu postar uma foto em que aparece apenas de calcinha. "Isto é dedicação, foco e objetivo. Não é fácil, mas vale a pena. Muitos criticam meu estilo de vida, mas quando me olho no espelho vejo que todas as críticas não passam de falta de conhecimento daquilo que nos faz bem. O quanto é válido cada doce que resistimos a comer, cada minuto na academia. Então galera, ao invés de me criticarem, acordem amanhã e se dediquem a este life style e venham fazer parte de um mundo onde você é quem dita suas regras e seu ponto final!", discursou no Instagram