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Gerência de Riscos




        Trabalhando com qualidade
            o treinamento de técnicos e a colocação emprática dos conceitos de gerência
      de riscos pelas seguradoras são fundamentais para o conhecimento e avaliação dos tipos
                           de perdas repassáveis a um contrato de seguros

             uito se tem dito sobre a qua-                                                                  pressionar os órgãos de
             lidade, inclusive como uma

     M
                                                                                                            classe das seguradoras
             das panacéias da humani-                                                                       com vistas a revisões de
             dade. Fala-se sobre a quali-                                                                   tarifas.
  dade de produto, qualidade de aten-                                                                          Qualidade é um concei-
  dimento, qualidade de fabricação e ou-                                                                    to tão abrangente que che-
  tras qualidades mais.                                                                                     ga a ser quase abstrato.
     Quando a gerência de riscos foi lan-                                                                   Quem nunca ouviu falarda
  çada no Brasil, muito também se falava                                                                    qualidade do aço das espa-
 nela. Inclusive que, a partir da sua im-                                                                  das de Toledo, ou da qua-
  plantação, a aceitação dos riscos vulto-                                                                  lidade da pintura flamenga
 sos seria. bem melhor. O engenheiro                                                                       do século XVII, ou das pis-
 Antônio Femando Navarro traça um                                                                          tolas Lugger? Em princí-
 paralelo entre a gerência de riscos e a                                                                   pio, a qualidade está
 qualidade, aplicando os conceitos ad-                                                                     voltada para o aspecto da
 quiridos na área de seguros.                                                                              robustez ou da durabili-
    A gerência de riscos é uma técnica de                                                                  dade de um produto. Em
 análise qualitativa e quantitativa, que                                                                   linhas gerais, dentro desta
 busca identificar, avaliar e tratar riscos                                                                conceituação, talvez não
 emergenciais ou latentes, que possam                                                                      estivesse em jogo os an-
 provocar perdas financeiras, pessoais,       Antônio Fernando Navarro                                     seios ou necessidades do
 patrimoniais, de imagem e de respon-                                                                      consumidor, mas tão so-
 sabilidades, afetando bens ou insta-         riscos, voltados para a prevenção das           mente a aparência do produto. Porém,
 lações. O gerenciamento de riscos é um       perdas e o controle dos contratos de            sua conceituação não é bem esta. (Ver
 contínuo processo de busca de defeitos       seguros. Graças a esses, houve uma              o quadro.)
 com vistas à sua prevenção. É um pro-        sensível redução dos montantes de prê-             "Comose vê", diz Navarro, "pelasde-
 cesso dinâmico, que incorpora uma sé-        mios de seguros pagos. Outro fato tam-          finições é errôneo pensar somente em
 rie de técnicas de caráter preventivo,       bém interessante é que com a criação da         robustez ou durabilidade,quando se fala
 enfocando o patrimônio da empresa,           associação que englobava os setores de          em qualidade,que é mais um atendimen-
 afetando ou sendo afetado por perdas.        todas essas empresas, começou-se a              to aos anseios de um consumidor."
    No Brasil, segundo Navarro, logo
que implantada em fins da década de
70, a gerência de riscos passou a atuar       Qualidade                  - é a característica de um produto capaz de servir a um propósito ou
na área de análise de riscos, voltada à                                    atingir um objetivo, obtida ao menor custo possível;
                                              Tolerância
assunção, por parte das seguradoras, de                                  - é assim denominada a diferença existente entre as características
seguros incêndio-vultosos. "Porproble-                                     teóricas fixadas em projeto e as que foram verificadas na prática,
mas diversos, inclusive falta de treina-                                   como resultantes da execução do mesmo projeto;
mento específico         por parte da
                                              Controle da Qualidade      - tem por objetivo verificar, segundo critérios técnicos, a qualidade
                                                                           dos produtos obtidos, a orientar esforços para a melhoria de projeto
Funenseg, o caráter obrigatório trans-                                     e de fabricação e a permitir que a produção seja realizada em níveis
formou-se em facultativo. A idéia ini-                                     mais econômicos, com observância de exigências técnicas que
cial, porém, foi preservada pelas                                          permitam o produto atingir o fim ou servir à finalidade para a qual
                                                                           tenha sido destinado.
seguradoras", diz Navarro. Um fato que        Garantia da Qualidade
cabe ser destacado, continua o enge-                                     - é uma provisâo de evidências ou provas de que os requisitos
                                                                           contratuais foram atingidos e observados.
nheiro, é que as grandes empresas, com        Confiabilidade
                                                                         - é a expressão de capacidade que um produto revela para funcionar
alto valor de patrimônio, criaram depar-                                   com êxito, em dado período e em certo ambiente.
tamentos e setores de gerenciamento de

28                                                                                                         A PREVIDÊNCIA, NOV/DEZ, 1991
,
                                                                                                                                               I

    o governo federal, dentro do 32 Plano            "Por ocasião do 32 Plano Básico de            A norma NBR 19004 da ABNT,
Básico de Desenvolvimento Científico e        .   DesenvolvimentoCientíficoe Tecnol6-            "Gestão da Qualidade e Elementos do
Tecnol6gico (1980/1985), alocou alta                gico", diz Navarro, "tive a oportunidade     Sistema da Qualidade        -
                                                                                                                            Diretrizes",
prioridaue à formulação e execução de               de representar o mercado segurador nas       também conhecida como ISO 9004, lo-
 uma política brasileira em metrologia,             reuniões setoriais e subcomitês. O enfo-     go em seu início menciona que, para a
 normalização e qualidade industrial, vi-           que da participação das seguradoras, en-     empresa ser bem sucedida deverá ofe-
sando à adoção integral do Sistema Inter-           tão, era o de apoiar a iniciativa do         recer produtos ou serviços que:
 nacional de Unidades, à implementação
 da Metrologia Legal, Científica e Indus-
                                                    governo, de implantação de um programa
                                                    de certificação, através de um estudo de        · Correspondam a uma necessidade,
 trial, bem como à estruturação de um
 sistema de conformidade capaz de avaliar
                                                    reduções de taxas de seguros para os
                                                    produtos certificados pelo INMElRO.
                                                    Na ocasião, discutiu-se a inviabilidade da
                                                                                                    ·
                                                                                                 utilização ou aplicação bem defmida;
                                                                                                      Satisfaçam às expectativas dos
                                                                                                 consumidores;
e atestar o controle de qualidade realizado
 pelas empresas. O objetivo era a coloca-           proposta quando enfocada de forma iso-          ·Atendam   a normas e especificações
ção do produto brasileiro nos mercados
interno e externo, bem como a defesa do
                                                    lada, abrangendo apenas produtos e não
                                                    sistemas. Aproveitamos a oportunidade           ·
                                                                                                 aplicáveis;
                                                                                                      Atendam a requisitos regulamen-
                                                                                                 tares da sociedade;
consumidor e a compatibilização do sis-
tema de Certificação de Conformidade
                                                    para apresentar uma proposta que abran-
                                                    gia, inclusive, a revisão das tarifas de        · Estejam disponíveis a preços com-
do país com os procedimentos interna-
cionais adotados, inclusive, a nível do
Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegá-
                                                    seguros. "
                                                       As soluções para a integração a esse
                                                    chamamento do governo poderão ser inú-
                                                                                                    ·
                                                                                                 petitivos;
                                                                                                     Sejam providos a um custo que pro-
                                                                                                 porcione lucro.
                                                                                                                        . '<;.+.c"~"
rias e Comércio, GATI.                              meras, passando porém, necessaria-
    Mais recentemente, o governo fede-              mente, pela revisão dos atuais conceitos.        A mesma norma, nas considerações
ral, em uma nova investi da na área,               Navarro apresenta algumas sugestões:           relativas aos riscos para a empresa,
lançou, em 7 de novembro de 1990, o                    1. Criação de um f6rum de debates          menciona: "Devem ser considerados os
Programa Brasileiro da Qualidade e                 encarregado de ouvir e propor ao mer-          riscos relativos aos produtos ou servi-
Produtividade, PBQP, instituindo, atra-            cado modificações nos atuais planos de         ços deficientes que acarretem a perda
vés do decreto 99.675, o Comitê Nacio-             seguros;                                       de imagem ou reputação, perda de mer-
nal da Qualidade e Produtividade, e do                 2. Desenvolvimento de uma nova             cado, queixas, reclamações, respon-
decreto 99.676, o ano de 1991 como o               mentalidade tarifária onde todos os des-       sabilidades civis e desperdício de
Ano da Qualidade e Produtividade.                  contos possíveis, devidos a fatores am-        recursos humanos e financeiros."
    O PBQP foi dividido em subprogra-              bientais, operacionais ou de proteção, já         "Ora", continua Navarro, "se os pre-
mas gerais enfocando conscientização e             fossem incorporados às taxas. Caso as          ços têm que ser competitivos, deve-se
motivação para a qualidade e produtivi-            inspeções de riscos demonstrassem a            evitar que a empresa tenha custos adi-
dade; desenvolvimento e métodos de                 não existência dessas condições rele-          cionais repondo perdas patrimoniais fa-
gestão; capacitação de recursos huma-              vantes, agravar-se-iam as taxas. Com           cilmente repassáveis a uma seguradora,
nos; adequação dos serviços tecnol6gicos           isso haveria uma sensível redução no           o mesmo ocorrendo com os riscos de
para a qualidade; articulação institucio-          número de processos e nos trabalhos            responsabilidade civil. Observe-se que
naI. Interagindo matricialmente com os            das comissões, que passariam a ser me-         o seguro está intimamente ligado ao
subprogramas       gerais foram desen-            ramente 6rgãos de consulta e aprimora-         Programa de Qualidade, visto ser um
volvidos os subprogramas         setoriais        mento das condições tarifárias.                elemento de reparação das perdas da
abrangendo: complexos industriais; seg-               3. O mercado segurador deve passar a       empresa. Além deste fato, as segura-
mentos da administração pública; pro-             trabalhar com uma taxa líquida de resse-       doras trabalham de forma preventiva
gramas estaduais e demais setores da              guro, fornecida pelo ou pelos ressegura-       aos riscos, com todo um programa de
economia.      .                                  dores. A seguradora apresentaria a seu         análise de riscos e mesmo de gerencia-
   O subcomitê que envolve o mercado              cliente essa taxa acrescida dos carrega-       mento de riscos. O que se deve fazer é
segurador é o da Avaliação Institucional,         mentos normais praticados. Dentro dessa        agrupar estes conceitos, voltando-os
promovendo a articulação entre o gover-           linha, a menor taxa seria a da seguradora      para a qualidade."
no, indústria, comércio, setor de serviços        que apresentasse o menor carregamento.            Que o Programa Brasileiro da Quali-
e entidades de educação, ciência e tecno-         Porém, a taxa devido ao risco seria pre-       dade e Produtividade é irreversível não
logia, visando ao desenvolvimento da              servada, evitando-se o problema comen-         se tem qualquer dúvida. Que é necessá-
qualidade e produtividade. Objetiva-se a          tado anteriormente, onde os níveis de          rio ao nosso desenvolvimento, também
atuação junto às empresas e entidades             descontos chegaram a limites impensá-          não. O que se questiona é que o mercado
seguradoJ;aS,com vistas à incorporação,           veis. Cada ressegurador cobraria de acor-      segurador brasileiro não está ainda pre-
na avaliação de riscos, de aspectos rela-         do com a sua experiência, descar-              parado para raciocinar em qualidade.
cionados à gestão da qualidade. Obvia-            telizandoo mercado.                            "Neste momento estamos precisando
mente, pretende-se que as seguradoras,               4. Através de fundações de ensino           de divulgação e de conscientização da
parte interessada na prevenção de perdas,         seriam criados cursos específicos, que         importância da qualidade como vetor
venham a se engajar na política do gover-         permitissem uma completa análise do            do crescimento das empresas", conclui
no.                                               risco assumido pelo segurador.                 Navarro.                                  8

A PREVID~NCIA. NOV/DEZ, 1991

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A qualidade e o gerenciamento de riscos

  • 1.
  • 2. Gerência de Riscos Trabalhando com qualidade o treinamento de técnicos e a colocação emprática dos conceitos de gerência de riscos pelas seguradoras são fundamentais para o conhecimento e avaliação dos tipos de perdas repassáveis a um contrato de seguros uito se tem dito sobre a qua- pressionar os órgãos de lidade, inclusive como uma M classe das seguradoras das panacéias da humani- com vistas a revisões de dade. Fala-se sobre a quali- tarifas. dade de produto, qualidade de aten- Qualidade é um concei- dimento, qualidade de fabricação e ou- to tão abrangente que che- tras qualidades mais. ga a ser quase abstrato. Quando a gerência de riscos foi lan- Quem nunca ouviu falarda çada no Brasil, muito também se falava qualidade do aço das espa- nela. Inclusive que, a partir da sua im- das de Toledo, ou da qua- plantação, a aceitação dos riscos vulto- lidade da pintura flamenga sos seria. bem melhor. O engenheiro do século XVII, ou das pis- Antônio Femando Navarro traça um tolas Lugger? Em princí- paralelo entre a gerência de riscos e a pio, a qualidade está qualidade, aplicando os conceitos ad- voltada para o aspecto da quiridos na área de seguros. robustez ou da durabili- A gerência de riscos é uma técnica de dade de um produto. Em análise qualitativa e quantitativa, que linhas gerais, dentro desta busca identificar, avaliar e tratar riscos conceituação, talvez não emergenciais ou latentes, que possam estivesse em jogo os an- provocar perdas financeiras, pessoais, Antônio Fernando Navarro seios ou necessidades do patrimoniais, de imagem e de respon- consumidor, mas tão so- sabilidades, afetando bens ou insta- riscos, voltados para a prevenção das mente a aparência do produto. Porém, lações. O gerenciamento de riscos é um perdas e o controle dos contratos de sua conceituação não é bem esta. (Ver contínuo processo de busca de defeitos seguros. Graças a esses, houve uma o quadro.) com vistas à sua prevenção. É um pro- sensível redução dos montantes de prê- "Comose vê", diz Navarro, "pelasde- cesso dinâmico, que incorpora uma sé- mios de seguros pagos. Outro fato tam- finições é errôneo pensar somente em rie de técnicas de caráter preventivo, bém interessante é que com a criação da robustez ou durabilidade,quando se fala enfocando o patrimônio da empresa, associação que englobava os setores de em qualidade,que é mais um atendimen- afetando ou sendo afetado por perdas. todas essas empresas, começou-se a to aos anseios de um consumidor." No Brasil, segundo Navarro, logo que implantada em fins da década de 70, a gerência de riscos passou a atuar Qualidade - é a característica de um produto capaz de servir a um propósito ou na área de análise de riscos, voltada à atingir um objetivo, obtida ao menor custo possível; Tolerância assunção, por parte das seguradoras, de - é assim denominada a diferença existente entre as características seguros incêndio-vultosos. "Porproble- teóricas fixadas em projeto e as que foram verificadas na prática, mas diversos, inclusive falta de treina- como resultantes da execução do mesmo projeto; mento específico por parte da Controle da Qualidade - tem por objetivo verificar, segundo critérios técnicos, a qualidade dos produtos obtidos, a orientar esforços para a melhoria de projeto Funenseg, o caráter obrigatório trans- e de fabricação e a permitir que a produção seja realizada em níveis formou-se em facultativo. A idéia ini- mais econômicos, com observância de exigências técnicas que cial, porém, foi preservada pelas permitam o produto atingir o fim ou servir à finalidade para a qual tenha sido destinado. seguradoras", diz Navarro. Um fato que Garantia da Qualidade cabe ser destacado, continua o enge- - é uma provisâo de evidências ou provas de que os requisitos contratuais foram atingidos e observados. nheiro, é que as grandes empresas, com Confiabilidade - é a expressão de capacidade que um produto revela para funcionar alto valor de patrimônio, criaram depar- com êxito, em dado período e em certo ambiente. tamentos e setores de gerenciamento de 28 A PREVIDÊNCIA, NOV/DEZ, 1991
  • 3. , I o governo federal, dentro do 32 Plano "Por ocasião do 32 Plano Básico de A norma NBR 19004 da ABNT, Básico de Desenvolvimento Científico e . DesenvolvimentoCientíficoe Tecnol6- "Gestão da Qualidade e Elementos do Tecnol6gico (1980/1985), alocou alta gico", diz Navarro, "tive a oportunidade Sistema da Qualidade - Diretrizes", prioridaue à formulação e execução de de representar o mercado segurador nas também conhecida como ISO 9004, lo- uma política brasileira em metrologia, reuniões setoriais e subcomitês. O enfo- go em seu início menciona que, para a normalização e qualidade industrial, vi- que da participação das seguradoras, en- empresa ser bem sucedida deverá ofe- sando à adoção integral do Sistema Inter- tão, era o de apoiar a iniciativa do recer produtos ou serviços que: nacional de Unidades, à implementação da Metrologia Legal, Científica e Indus- governo, de implantação de um programa de certificação, através de um estudo de · Correspondam a uma necessidade, trial, bem como à estruturação de um sistema de conformidade capaz de avaliar reduções de taxas de seguros para os produtos certificados pelo INMElRO. Na ocasião, discutiu-se a inviabilidade da · utilização ou aplicação bem defmida; Satisfaçam às expectativas dos consumidores; e atestar o controle de qualidade realizado pelas empresas. O objetivo era a coloca- proposta quando enfocada de forma iso- ·Atendam a normas e especificações ção do produto brasileiro nos mercados interno e externo, bem como a defesa do lada, abrangendo apenas produtos e não sistemas. Aproveitamos a oportunidade · aplicáveis; Atendam a requisitos regulamen- tares da sociedade; consumidor e a compatibilização do sis- tema de Certificação de Conformidade para apresentar uma proposta que abran- gia, inclusive, a revisão das tarifas de · Estejam disponíveis a preços com- do país com os procedimentos interna- cionais adotados, inclusive, a nível do Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegá- seguros. " As soluções para a integração a esse chamamento do governo poderão ser inú- · petitivos; Sejam providos a um custo que pro- porcione lucro. . '<;.+.c"~" rias e Comércio, GATI. meras, passando porém, necessaria- Mais recentemente, o governo fede- mente, pela revisão dos atuais conceitos. A mesma norma, nas considerações ral, em uma nova investi da na área, Navarro apresenta algumas sugestões: relativas aos riscos para a empresa, lançou, em 7 de novembro de 1990, o 1. Criação de um f6rum de debates menciona: "Devem ser considerados os Programa Brasileiro da Qualidade e encarregado de ouvir e propor ao mer- riscos relativos aos produtos ou servi- Produtividade, PBQP, instituindo, atra- cado modificações nos atuais planos de ços deficientes que acarretem a perda vés do decreto 99.675, o Comitê Nacio- seguros; de imagem ou reputação, perda de mer- nal da Qualidade e Produtividade, e do 2. Desenvolvimento de uma nova cado, queixas, reclamações, respon- decreto 99.676, o ano de 1991 como o mentalidade tarifária onde todos os des- sabilidades civis e desperdício de Ano da Qualidade e Produtividade. contos possíveis, devidos a fatores am- recursos humanos e financeiros." O PBQP foi dividido em subprogra- bientais, operacionais ou de proteção, já "Ora", continua Navarro, "se os pre- mas gerais enfocando conscientização e fossem incorporados às taxas. Caso as ços têm que ser competitivos, deve-se motivação para a qualidade e produtivi- inspeções de riscos demonstrassem a evitar que a empresa tenha custos adi- dade; desenvolvimento e métodos de não existência dessas condições rele- cionais repondo perdas patrimoniais fa- gestão; capacitação de recursos huma- vantes, agravar-se-iam as taxas. Com cilmente repassáveis a uma seguradora, nos; adequação dos serviços tecnol6gicos isso haveria uma sensível redução no o mesmo ocorrendo com os riscos de para a qualidade; articulação institucio- número de processos e nos trabalhos responsabilidade civil. Observe-se que naI. Interagindo matricialmente com os das comissões, que passariam a ser me- o seguro está intimamente ligado ao subprogramas gerais foram desen- ramente 6rgãos de consulta e aprimora- Programa de Qualidade, visto ser um volvidos os subprogramas setoriais mento das condições tarifárias. elemento de reparação das perdas da abrangendo: complexos industriais; seg- 3. O mercado segurador deve passar a empresa. Além deste fato, as segura- mentos da administração pública; pro- trabalhar com uma taxa líquida de resse- doras trabalham de forma preventiva gramas estaduais e demais setores da guro, fornecida pelo ou pelos ressegura- aos riscos, com todo um programa de economia. . dores. A seguradora apresentaria a seu análise de riscos e mesmo de gerencia- O subcomitê que envolve o mercado cliente essa taxa acrescida dos carrega- mento de riscos. O que se deve fazer é segurador é o da Avaliação Institucional, mentos normais praticados. Dentro dessa agrupar estes conceitos, voltando-os promovendo a articulação entre o gover- linha, a menor taxa seria a da seguradora para a qualidade." no, indústria, comércio, setor de serviços que apresentasse o menor carregamento. Que o Programa Brasileiro da Quali- e entidades de educação, ciência e tecno- Porém, a taxa devido ao risco seria pre- dade e Produtividade é irreversível não logia, visando ao desenvolvimento da servada, evitando-se o problema comen- se tem qualquer dúvida. Que é necessá- qualidade e produtividade. Objetiva-se a tado anteriormente, onde os níveis de rio ao nosso desenvolvimento, também atuação junto às empresas e entidades descontos chegaram a limites impensá- não. O que se questiona é que o mercado seguradoJ;aS,com vistas à incorporação, veis. Cada ressegurador cobraria de acor- segurador brasileiro não está ainda pre- na avaliação de riscos, de aspectos rela- do com a sua experiência, descar- parado para raciocinar em qualidade. cionados à gestão da qualidade. Obvia- telizandoo mercado. "Neste momento estamos precisando mente, pretende-se que as seguradoras, 4. Através de fundações de ensino de divulgação e de conscientização da parte interessada na prevenção de perdas, seriam criados cursos específicos, que importância da qualidade como vetor venham a se engajar na política do gover- permitissem uma completa análise do do crescimento das empresas", conclui no. risco assumido pelo segurador. Navarro. 8 A PREVID~NCIA. NOV/DEZ, 1991