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SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA<br />FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRO-AMBIENTAIS<br />CURSO DE ZOOTECNIA<br />Reprodução de Psitacídeos<br />Marcelo Fernandes Moura<br />Trabalho de Conclusão de   Curso apresentado à FAGRAM como requisito para obtenção do título de  bacharel em Zootecnia sob a orientação da professora Alline Ferreira Brasil.<br />RESUMO<br /> <br />Os psitacídeos chamam atenção pelo seu companheirismo. Na tentativa de reverter o tráfico, o IBAMA normatizou a criação e comercialização de espécies silvestres nativas, assim, é possível adquirir animais de maneira legal. Medidas de manejo adequado, associadas a um manejo nutricional adequado, possibilitam a sanidade das aves e determinam o sucesso reprodutivo em cativeiro. A maioria dos psitacídeos se reproduz na primavera verão, mas, algumas espécies em cativeiro podem reproduzir em outros períodos.Palavras-chave: psitacídeos, reprodução, manejo, cativeiro.<br />SUMÁRIO<br /> Pág.<br />INTRODUÇÃO 9<br />  2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA10<br />   2.1.  Psitacídeos                                          10 <br />   2.2. Diagnóstico do sexo                                                        12<br />   2.3.  Manejo nutricional                                                              14<br />       2.4.  Pareamento dos casais                                                                          15   <br />      2.5. Pareamento genético                                                          16<br />      2.6. Ninhos                                                                                 17<br />       2.7. Acasalamento                                                                                    17<br />       2.8. Incubação                                                                                          18<br />       2.9. Neonatologia                                                                                      20<br />       2.10. Fatores estressantes e falhas reprodutivas                                     22<br />3. Considerações finais                                                                                   25<br />4.  Bibliografia                                                                                                  26<br />Introdução<br />Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), o Brasil possui cerca de 1.801 espécies de aves, que representam 20% das 9.000 espécies existentes no mundo. É o terceiro país em diversidade de aves (atrás apenas da Colômbia e do Peru). No entanto, é o primeiro em número de espécies em extinção. Das 1.212 aves ameaçadas no mundo, 120 estão no país (Espécies ..., 2009). Também é considerado como um dos países com maior porcentagem de espécies endêmicas (10%), o que o torna um dos mais importantes em relação a investimentos em preservação de aves (Allgayer e Cziulik, 2007). <br />O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio das Portarias 117 e 118, de 15 de outubro de 1997, que normatizam a criação em cativeiro de espécies nativas e a comercialização de animais vivos e abatidos, além de partes e produtos da fauna nativa, propiciou que, nos últimos anos, houvesse um incremento na criação legal desses animais. Essas portarias visam colaborar com a conservação da fauna brasileira e combater o comércio clandestino de animais silvestres. Acredita-se que o comércio ilegal deverá reduzir progressivamente à medida que exista a possibilidade de aquisição de animais de maneira lícita e confiável, com documentação correta, saúde, origem controlada e nascimento em cativeiro. A regulamentação de criadouros conservacionistas pelo IBAMA trouxe uma nova visão do conceito de reprodução e manutenção de aves silvestres em cativeiro (ALLGAYER; CZIULIK, 2007). <br />A reprodução das aves caracteriza-se pela (ovíparo)ovoviviparidade, ou seja, a prole abandona o corpo materno após um período curto de desenvolvimento embrionário (gástrula), assim o ovo deve ser capaz de sustentar o crescimento embrionário e fetal, devendo conter nutrientes, água e membranas protetoras (BURKE, 1996). Assim o período reprodutivo aumenta o requerimento nutricional pelas fêmeas, pois estas necessitam de cálcio para formação da casca, vitamina A e gorduras para a formação da gema, além de proteínas e outros nutrientes (HARRINSON & HARRINSON, 1986). <br />As aves neotropicais são na sua maioria, diurnas, monogâmicas, altriciais (totalmente dependentes dos pais durante os primeiros tempos de vida), aéreas e com reprodução sazonal, sendo estas características presentes em aproximadamente 8700 sp, porém os conhecimentos da fisiologia reprodutiva são advindos de um pequeno número de galináceos domésticos, que apresentam como características serem precociais, poligâmicos, com ninhadas grandes, incapazes de sustentar vôo e com grande período reprodutivo (ALTMAN et al., 1997).<br /> Muitas das características anatômicas e fisiológicas encontradas em aves domésticas são também encontradas em maior ou menor grau entre as aves silvestres, mas os detalhes das características reprodutivas variam entre as espécies (BURKE, 1996). Assim torna-se imprescindível o estudo e o conhecimento das características das demais espécies a fim de fazer um melhor manejo, tendo desta forma um maior aproveitamento e conservação destas espécies.<br />Revisão bibliográfica<br />Psitacídeos<br />A ordem Psittaciformes é constituída por 78 gêneros e 332 espécies, sendo 148 pertencentes ao Novo Mundo, cerca de 100 ocorrendo na América do Sul e 72 espécies no Brasil, que é considerado o país mais rico em representantes da família Psittacidae, tendo sido denominado nos primeiros mapas como “Terra dos Papagaios” (Brasilia sive terra papagallorum). No Brasil, são encontrados os maiores representantes dos psitacídeos, as araras. (Forshaw, 1977; Sick, 1997).<br />A família Psitacidae e representada por araras, maracanas, periquitos e papagaios (SICK, 2001, p.351). Papagaios e periquitos sempre foram as aves de estimação mais cotadas no Brasil, tendo a simpatia de todos devido a sua habilidade<br />em imitar a voz humana (SICK, 2001, p.363).<br />A popularidade dessas aves, fez com que um grande numero de espécie, seja<br />mantido em cativeiro (CARVALHO, 2004, p. 08), por motivos como obtenção de aves de companhia ou pela raridade de algumas espécies para colecionadores. Estes dois motivos fomentam o mercado ilegal de animais silvestres (POPP, et all, 2006, p.04).<br />Esta ordem, embora apresente uma grande variação de tamanho, coloração e peso, possuiu características muito marcantes que facilitam seu reconhecimento imediato, como bico curto, alto, recurvado de base larga, arredondado, maxila bem móvel articulada ao crânio, com movimentos de extensão que aumentam a potência do bico, usado para partir sementes duras. Possuem língua grossa, sensível e riquíssima em papilas gustativas. Nos representantes brasileiros, a pigmentação predominante é o verde, havendo freqüentes sinais vermelhos nas rêmiges (penas dorsais das asas), na borda das asas ou nas coberteiras (penas superiores que cobrem as demais com início na região escapular descendo pelo dorso da asa). A coloração verde chama muita atenção em cativeiro, mas serve de camuflagem no meio das folhagens onde muitas espécies vivem e se alimentam. A região perioftálmica é nua e de extensão variada. Um círculo estreito em volta da região é freqüentemente destacado por colorido vivo, que pode ser realçado ainda mais por um segundo círculo, de plumas vivamente coloridas (Collar, 1997; Sick, 1997).<br />Diagnóstico do sexo<br />A identificação do sexo em aves monomórficas é fundamental para o sucesso reprodutivo de espécies silvestres mantidas em cativeiro (Raso e Werther, 2004), sendo também uma ferramenta valiosa para os estudos comportamentais e populacionais em espécies sem dimorfismo sexual aparente, assim como em criatórios conservacionistas e comerciais (Faria et al., 2007). A sexagem apresenta várias vantagens, como: reduz custos de manutenção de aves jovens, uma vez que a identificação do sexo poucos dias após o nascimento facilita sua comercialização; evita a formação de casais do mesmo sexo, ou entre parentes próximos ou casais ao acaso; facilita o manejo em criações com sistema produção de aves por separação por sexo (Grando, 2002). <br />A sexagem das aves é uma prática de extrema importância, visto que pelo menos metade das aves existentes no mundo não possui dimorfismo sexual e, quando existe, é geralmente sutil, podendo ocorrer somente a partir do período de maturidade sexual. O dimorfismo sexual é uma característica fenotípica observada entre machos e fêmeas de uma mesma espécie, diferenciando-os em alguns aspectos como tamanho ou coloração das penas e/ou bicos (Pough e Harvey, 1999). Dentre as aves que não apresentam dimorfismo sexual, estão o Fura-barreira (Hylocryptus rectirostris) (Faria et al., 2007), o Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), o Periquito/Maritaca (Aratinga sp.), a Arara (Ara sp.) e o Tucano (Ramphastos toco) (Miyaki et al. 1998; Allgayer e Cziulik, 2007). Já entre as que apresentam o dimorfismo, estão o Tangarazinho (Ilicura militaris), cujos machos adultos são reconhecidos por sua plumagem (Anciães e Nassif Del Lama, 2002), e o Galito (Alectrurus tricolor), cujo macho possui coloração alvinegra, um “V” branco no lado superior e uma faixa peitoral negra incompleta, e a fêmea é parda, com asas e cauda mais escuras e garganta branca (Cestari, 2006). Entretanto, na maioria dos casos, o sexo é determinado pela identificação dos cromossomos sexuais (Griffiths et al., 2002). <br />Repetido Para o sucesso reprodutivo é fundamental que seja determinado o sexo das aves. Nos psitacídeos, comumente as espécies não apresentam dimorfismo sexual evidente. Em um casal pareado é comum o macho ser mais pesado, mesmo assim, podendo ser mais leve que uma fêmea da mesma espécie. Métodos empíricos de sexagem como diferenças de comportamento, biometria da cabeça, etc. vão ficando apenas na memória apesar de ainda serem utilizados por alguns criadouros. Como opção para realização da sexagem a laparoscopia é um procedimento cirúrgico que permite a visualização das gônadas e determinação do sexo; o exame de DNA realizado através de uma amostra de sangue enviada a laboratório de biologia molecular; e a cariotipagem, que é uma técnica citogenética que permite a identificação dos pares cromossômicos sexuais, ZZ para os machos e ZW para as fêmeas. O material coletado para as preparações cromossômicas é a polpa das penas (Abramson et al., 1995).<br />Para a realização do teste de sexagem em aves silvestres via técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), faz-se a extração do DNA de penas e/ou de sangue, seguindo os protocolos de Sambrook et al. (1989) e Rudbek e Dissing (1998), respectivamente. É importante ressaltar que a coleta das penas e/ou do sangue das aves é minimamente invasiva (Griffiths et al., 1998). <br />A PCR é uma técnica simples, conveniente, barata, rápida, sensível e eficaz para identificar o sexo das aves e dependente de pequena amostra de DNA (Griffiths et al., 1998; Griffiths, 2000). Após o material chegar ao laboratório, o resultado pode ser obtido em apenas dois dias e com um custo que oscila entre R$10,00 e R$20,00 , dependendo do laboratório de escolha e da quantidade de exames solicitado. Já o preço das aves pode ser bastante elevado. Para se ter uma idéia sobre o valor comercial das aves silvestres ou exóticas, pode-se citar o caso das aves canoras, cujo preço pode variar de espécie para espécie e dentro da própria espécie em função da idade, sexo, tipo de canto e filiação. Por exemplo, um Azulão macho (Passerina brissonii) chega a custar R$500,00, e a fêmea R$200,00. O preço dos Bicudos (Oryzoborus c. maximiliani) e Curiós (Oryzoborus angolensis) pode variar entre R$800,00 e R$10.000,00, dependendo do tipo de canto. A variação de preços de Trinca-ferro (Saltator similis) e Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) é de R$200,00 a R$3.000,00. Em diversas espécies da ordem Psittaciphorme, a oscilação de preços é de R$600,00 a R$15.000,00, podendo alcançar valores superiores. Como o valor do teste é baixo, torna-se freqüente a identificação do sexo em 100% das aves de um criador por meio da PCR, pois um erro na sexagem tradicional pode comprometer toda a história individual, bem como a do casal predeterminado.<br />2.3.  Manejo nutricional<br />A correta alimentação é, sem dúvida, o fator que determina o sucesso do manejo em cativeiro, possibilitando a sanidade e a reprodução das aves. A cozinha deve estar sempre limpa e o preparo dos alimentos deve seguir instruções previamente descritas. Os psitacídeos devem receber alimento pelo menos 2x/dia (Lóris 3x/dia). Pode ser as rações comerciais (sendo cada vez mais utilizadas, pois reduzem o trabalho e pelos resultados já obtidos) e há ainda quem use as rações caseiras (ex: milho, feijão branco, feijão preto, cenoura, beterraba, espinafre, moídos), frutas, verduras. Atualmente preconiza-se para a nutrição de psitacídeos uma dieta composta por ração extrusada (perfazendo 80%), frutas e verduras (20% restantes) (Rupley, 1999).<br />A correta alimentação é o mais importante fator na reprodução de psitacídeos. O excesso de gordura na alimentação de um papagaio do gênero Amazona o tornará obeso e inviável para reprodução. O sucesso na criação atual está baseado na utilização de rações balanceadas apesar de que, para algumas espécies estas ainda sejam eficientes. Os problemas nutricionais não corrigidos podem comprometer a saúde das aves especialmente trazendo problemas de crescimento, muda de penas e alterações hepáticas que comprometem ou até mesmo inviabilizam a reprodução.<br />2.4.  Pareamento dos casais<br />A formação de casais compatíveis não é tarefa fácil, principalmente se houverem poucos indivíduos no plantel. Pode-se tentar a formação de casais isolando-os por gaiola ou em viveiros coletivos. A observação do comportamento vai evidenciar casais compatíveis e os incompatíveis que podem ser identificados pela ocorrência de agressão ou pela manifestação de indiferença. Casais compatíveis demonstram interesse mútuo: ficam próximos no poleiro, tocam os bicos e oferecem comida um ao outro. Esses sinais são acompanhados por visitas cada vez mais freqüentes ao ninho. Com base na observação do comportamento opta-se por manter ou trocar as aves. Em recintos coletivos é comum o pareamento de aves do mesmo sexo (homossexualismo). Em algumas espécies os machos devem ser retirados do convívio das fêmeas alguns meses a cada 2-3 anos e depois pareados novamente com a mesma fêmea ou não. Isto aumenta e muito a fertilidade e produtividade do casal.<br />2.5. Pareamento genético<br />O manejo das aves significa não apenas a condução da criação em si (acasalamento, postura, alimentação), mas também o manejo genético (seleção de casais visando a melhores resultados) (Silva, 2005). Para tanto, há necessidade de se tomar o cuidado com a formação de futuros casais, pois a endogamia pode provocar a diminuição da heterozigose e, conseqüentemente, aumento da homozigose, que pode ocorrer tanto em genes dominantes quanto em recessivos, sendo necessário que haja a seleção se estes são preferidos em relação aos heterozigotos. Ao reduzir a heterozigose, pode-se favorecer a ocorrência de genes recessivos indesejáveis ou de efeitos deletérios. A perda da variabilidade genética em populações pequenas tende a ocorrer aleatoriamente, causando mudanças nas freqüências alélicas e genotípicas, fixando alguns alelos e eliminando outros, processo este denominado deriva genética. A maioria desses genes está relacionada com redução da fertilidade, aumento da mortalidade, aumento de doenças devido à diminuição da resistência e do vigor híbrido e aumento do valor genético adaptativo (Falconer, 1970; Pereira, 2004). Portanto, a manutenção das características genéticas é de suma importância. <br />2.6. Ninhos<br />Os psitacídeos aceitam várias formas de ninhos. Eles podem ser do tipo caixa, latão, barril, etc. O substrato que irá forrar a cama para os ovos é preparado com lascas de troncos de árvores, maravalha ou areia autoclavada. Deve-se optar pelo ninho e substrato que melhor se adapte às condições do criadouro ou zoológico (Abramson et al., 1995).<br />2.7. Acasalamento<br />As aves só se reproduzirão se o manejo atender as suas necessidades etológicas básicas. O par, seguro de seu território, troca alimento, o macho aumenta de agressividade e passam a copular. Ninhos e poleiros altos, acima de 2 metros, ajudam a transmitir segurança ao par. Em algumas espécies como, por exemplo, A. hyacinthinus é comum o par copular quando agitado para demarcar território.<br />A interferência de barulhos estranhos, pessoas ou mesmo animais dominantes da mesma espécie em contato visual, inibem o par a copular ou fazer a postura. Poleiros escorregadios dificultam a cópula e podem resultar em grande número de ovos inférteis. Espécies em que os indivíduos do grupo nidificam na mesma área podem ter contato visual direto, mas em regra o isolamento é sempre benéfico. Muitos criadouros utilizam complexos vitamínicos e antibióticos como estimulantes para o acasalamento o que não é necessário quando a ave apresenta comportamento normal e alimentação balanceada.<br />2.8. Incubação     incluir incubação artificial<br />Os psitacídeos se reproduzem na primavera-verão, mas algumas espécies podem reproduzir em outros períodos. As araras do gênero Ara e os papagaios do gênero Amazona atingem a maturidade sexual em média aos cinco anos de idade (Abramson et al., 1995). <br />São normalmente aves prolíferas com posturas de mais de dois ovos e fertilidade em geral superior o 70 % a partir da segunda estação de postura. O tempo de incubação varia de 19 a 28 dias, das espécies menores para as maiores.<br />Estas aves apresentam estratégias de reprodução, uma delas é a postura de ovos brancos. Como outras aves que chocam em cavidades, não têm necessidade de camuflar os ovos e isso facilita o manejo dos ovos, pelo casal, dentro do ninho escuro. Outra estratégia utilizada pela ave é a reposição de ovos perdidos. Isto pode ser aproveitado pelo criadouro aumentando a produção em 100% em alguns casos. A prática consiste na retirada do primeiro ovo quando a ave faz a postura do segundo e assim por diante. Desta forma, é possível reproduzir cinco filhotes ou mais. A incubação pode ser realizada pelo casal ou, quando estes se mostrarem incapazes, podem ser utilizadas outras espécies já comprovadas com bom cuidado parental. Se o casal não for muito agitado, a vistoria do ninho pode ser freqüente e de preferência realizada pela mesma pessoa. Depois de 10 dias já é possível fazer a ovoscopia para confirmar a fertilidade do ovo (Harvey, 1990).<br />A incubação artificial é comumente utilizada pelos criadores comerciais tendo como vantagens um aumento no número de ovos por casais e conseqüentemente maior número de filhotes e possibilidade de um controle contínuo sobre o desenvolvimento do embrião e posteriormente dos filhotes. Dentre as desvantagens deste método em comparação com a incubação natural podemos citar o tempo gasto, aumento do custo das instalações e equipamentos, necessidade de equipe treinada e sempre é necessária à criação manual do filhote desde o primeiro dia (Jordan, 1989).<br />Os ninhos necessitam de inspeção regular (determinada conforme manejo do criadouro) para a retirada dos ovos. Os ovos, antes de serem encaminhados para incubação, necessitam de cuidados para a verificação. Neste momento será removido todo o material fecal de sua casca, verificada a presença de rachaduras, realizada a desinfecção e a numeração do ovo para possibilitar a sua procedência (casal reprodutor). Este registro será colocado na ficha de identificação. A sala de incubação deve ser exclusiva para este procedimento. É aconselhável ter temperatura ambiente controlada em torno de 28oC e sempre mantê-la dentro de condições de limpeza e higiene rigorosa. Deve-se ter pelo menos duas chocadeiras (no caso de defeito mecânico). A temperatura preconizada para os psitacídeos em geral é de 37,5°C com umidade de 50%. As chocadeiras atuais disponíveis no mercado possuem viragem automática dos ovos, mas pode-se optar pela viragem manual que deverá ser realizada quatro vezes ao dia (Jordan, 1989).<br />A ovoscopia deve ser realizada no momento em que os ovos são inspecionados, antes de colocar para incubar e semanalmente durante o processo de incubação. Ovos não fertilizados ou com embriões mortos devem ser retirados da incubadora. Os ovos, 48 horas antes da eclosão, devem ser transportados para o nascedouro mantendo a mesma temperatura da incubação e aumentando a umidade para 70%.<br />2.9. Neonatologia<br />O filhote é o produto primário de uma criação comercial ou do programa de conservação de uma espécie. Deve-se ter sempre o registro individual de cada filhote onde conste na sua identificação: data de nascimento, sexo, identificação dos pais, número da anilha e/ou microchip. Nesta ficha de registro deve constar o monitoramento e a avaliação do crescimento (Altman et al., 1997; Rupley, 1999). <br />Estes dados de monitoramento  do filhote são essenciais para o estabelecimento de parâmetros do desenvolvimento da espécie podendo futuramente servir de base para criação de outras espécies. Após o nascimento os filhotes ficam em torno de 12 horas no nascedouro. Após, são removidos para a maternidade e mantidos em incubadoras com temperatura e umidade controladas, dentro de potes numerados que correspondem ao número do ovo.<br />Atualmente não são conhecidas as necessidades nutricionais de cada uma das espécies de psitacídeos. Existem no mercado rações específicas para a criação desses filhotes (utilizada em todas as espécies de psitacídeos) e as mesmas têm propiciado um bom desempenho no crescimento, proporcionando o sucesso da criação manual em muitos criadouros e zoológicos brasileiros. Vale a pena ressaltar que a composição da ração, o volume oferecido e a freqüência da alimentação são fundamentais para atender as necessidades nutricionais e influenciam diretamente o desenvolvimento do filhote (Allgayer et al., 2004).<br />A ração utilizada, volume, horário e freqüência da alimentação devem ser estabelecidos para cada criador de acordo com a espécie e o manejo utilizado. Tabelas de alimentação e criação de filhotes estabelecidas numa criação não são eficazes quando utilizadas em outro criadouro. Para acompanhamento do desenvolvimento dos filhotes deve ser realizada a pesagem diária antes da primeira alimentação matinal (Rupley 1999; Allgayer, 2006).<br />   <br />2.10. Fatores estressantes e falhas reprodutivas<br />Os fatores estressantes em aves são diversos, que vão desde status social e dominância, até degradação ambiental. Abaixo estão relacionados alguns destes fatores e suas implicações na reprodução. Na natureza, muitas espécies de aves e mamíferos apresentam criação cooperativa dos filhotes. Nestes bandos, as taxas reprodutivas são reduzidas nos animais subordinados em relação aos dominantes, sendo comum à supressão completa da reprodução do subordinado (CREEL, 2001).<br />Pinheiro et al. (2006) relatam que em avestruzes em estado selvagem, a fêmea principal inibe a postura de ovos das demais fêmeas, ou seja, ela chega a pôr até oito ovos, enquanto as outras botam apenas três ou quatro, tendo aproximadamente 20 ovos por ninho, sendo que, enquanto uma fêmea permanece no ninho, as outras se mantêm em posição de espera, a fim de depositarem seus ovos no mesmo local.<br />Porém, animais em cativeiro são mantidos em grupos maiores do que quando em situação de natureza, induzindo a um excesso de interações sociais, promovendo estresse em todos os indivíduos, que está associado à impossibilidade dos animais executarem seu repertório comportamental no que diz respeito à corte e acasalamento. Para reverter esse quadro, Peixoto & Tischer (2006) relatam que Macucos (espécie de tinamídeo), quando alocados em casais, se reproduzem muito bem, ocorrendo o mesmo quando em grandes grupos existem várias divisões no recinto, como se fossem labirintos, que são utilizados pelos animais em fuga quando agredidos por outros. Em galinhas poedeiras, o aumento da densidade nas gaiolas ocasiona uma redução na produção de ovos, pois a subordinação social devido à disputa pelos espaços de comedouros e de bebedouros provoca estresse, evidenciando-se a quot;
ordem social de bicadasquot;
 (CAMPOS, 2000).<br /> Esse tipo de estresse pode também estar associado com o atraso da maturidade sexual tanto de machos como de fêmeas, resultando em aves de classe social inferior. Embora as taxas de fertilidade e de eclodibilidade não tenham sido afetadas, as características de produção, peso do ovo e peso do corpo, sofrem efeito significativo com relação ao tipo de alojamento. Este mesmo autor revisou que a presença da fêmea em determinados períodos de criação é importante para o desenvolvimento do comportamento sexual dos machos.<br />Campos (2000) relata que a iluminação estimula a produção de ovos, porém se for fornecida de forma contínua, pode promover postura de ovos com casca fina e a produção tende a diminuir após 2 meses, sendo um fator importante no controle da reprodução na avicultura de postura e na indução da reprodução de muitas espécies silvestres é a iluminação.<br />Um outro fator estressante é o deslocamento (migração/ transporte), pois para a sua realização há demanda de energia. Mauget et al. (1994) revisaram que em Falco sparverius os níveis plasmáticos de corticosterona elevam-se em todas as fêmeas durante os meses de agosto a setembro, que corresponde ao período de preparo para a migração. Em contrapartida, Joslin & Collins (1999) relataram que o transporte pode causar parada da alimentação, tornando prejudicial ou provocando quebra no ciclo reprodutivo. Níveis basais de GC estimulam o apetite, mas concentrações ligadas ao estresse promovem decréscimo do apetite, pois altas concentrações de GC estimulam a secreção de insulina. <br />Sapolsky et al. (2000) revisaram que o estresse reduz a alimentação para menos de 1h, tendo efeitos similares aos animais privados de alimentos, esse efeito provavelmente é mediado por CRH, um peptídeo com potente ação anoréxica.<br />Assim como a privação de alimentos e/ou deficiência nutricional provocam falhas na reprodução, o excesso de gordura na alimentação também altera a reprodução, Saad & Machado (2006) relatam que a obesidade em aves, resultado do excesso de alimentos calóricos, além da promover infiltração gordurosa no fígado, pode ocorrer secundariamente infertilidade e doença no sistema reprodutivo. Em termos fisiológicos, problemas nutricionais interferem sobre o comportamento, assim como a produção de corticosteróide e a atrofia das gônadas social, Campos (2000) demonstrou haver esta relação em machos. Variações bruscas na temperatura e na umidade do ambiente provocam estresse ambiental, que estimula a secreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), aumentando a atividade do córtex da adrenal e da secreção de hormônios esteróides (GUIMARÃES et al.,2003). <br />Moreng & Avens (1990) relatam que temperaturas ambientais elevadas podem bloquear a produção do sêmen. Fernie & Bird (2001) relataram que campo eletromagnético provoca aumento nos níveis de estresse oxidativo. Animais expostos por curto período ao campo magnético apresentaram níveis plasmáticos de proteína total reduzidos, já os que ficaram expostos por longo período apresentaram variação significativa nos níveis plasmáticos de proteína total, em relação ao controle, apenas no final do período de análise. A supressão de carotenóides e de melatonina agrava o estresse oxidativo, devido à ausência de elementos anti-oxidativos.<br />Emissões de gases pelos veículos, industrias e navios e os dejetos humanos liberam diversas toxinas no ar, água e solo. Muitos contaminantes químicos são altamente tóxicos em altas concentrações, levando a morte, mas quando as concentrações são baixas eles podem afetar a função biológica causando disfunções endócrinas e no sistema hormonal, tendo como resultado uma menos taxa de incubação, mau desenvolvimento dos embriões, sendo muitos deles deformados. Eles podem maturação lenta e conseqüentemente rejeição por parte dos pais. Muitas vezes os contaminantes interferem na capacidade das aves de combaterem infecções, tornando-os susceptíveis as doenças (Gill & Elliott, 2005).<br />Gill & Elliott (2005) relatam que metais pesados e produtos químicos têm poder acumulativo e seus resíduos continuam circulando através da cadeia alimentar em que grandes predadores alimentam-se de numerosas pequenas presas, assim estes contaminantes vão se concentrando nos tecidos. Um exemplo é o Tributiltin, usado para prevenir que alguns organismos venham a aderir nas embarcações ou em algumas fazendas de criação de salmão em rede. Este produto apresenta um composto (butiltins) que provoca distúrbios endócrinos, os quais interferem com o desenvolvimento sexual normal, as aves que se alimentam destes peixes, como as águias e as garças, por situarem no topo da cadeia alimentar, apresentam maiores concentrações do contaminantes.<br />Gill & Elliott (2005) relatam também que os efeitos do dióxido são sentidos ao longo do tempo, de forma silenciosa, tendo um decréscimo na contagem espermática em machos, nascimentos defeituosos e lesão em fígado.<br />Harrinson e Harrinson (1986) relatam que doenças crônicas no fígado (p.ex. aflatoxicose) e disfunções hepáticas, podem resultar em uma baixa habilidade do figado de estocar vit. A. Estes mesmos autores correlacionam deficiências de vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina D3, minerais e proteínas com inibição da postura de ovos e uma menor viabilidade dos filhotes, que ficam mais susceptíveis às doenças.<br /> Eldar (2006) relata alguns problemas reprodutivos devido às deficiências nutricionais, como exemplos têm-se: deficiência de vitamina D que provoca postura de ovos sem casca ou com casca fina; deficiência de vitamina E que promove falha na reprodução das fêmeas e esterilidade dos machos; deficiência de vitamina B12 aumenta a mortalidade dos filhotes após o nascimento ou os embriões apresentam desenvolvimento anormal, assim como em animais com deficiência de Ácido Fólico.<br />3. Considerações finais.<br />Com a legislação em vigor e o crescente mercado destinado a animais silvestres pet, cresce não só o interesse dos profissionais existentes, como também a procura pela graduação na área e zootecnia, biologia e medicina veterinária, que ambos podem ser responsáveis técnicos de criadouros com registro no IBAMA. Com a formação desses profissionais, cresce o número de estudos feitos na área, contribuindo para as pesquisas cientificas. Com a crescente criação e comércio, cada vez mais as pessoas estão se conscientizando de adquirir animais oriundos de criadouro comercial, contribuindo para diminuir o tráfico de animais. A produção hoje, visa um mercado que cresce de forma que atenda o mercado consumidor com preços acessíveis e desmistificando que animal silvestre é proibido.<br />
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Reprodução de Psitacídeos em Cativeiro

  • 1. SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA<br />FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRO-AMBIENTAIS<br />CURSO DE ZOOTECNIA<br />Reprodução de Psitacídeos<br />Marcelo Fernandes Moura<br />Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAGRAM como requisito para obtenção do título de bacharel em Zootecnia sob a orientação da professora Alline Ferreira Brasil.<br />RESUMO<br /> <br />Os psitacídeos chamam atenção pelo seu companheirismo. Na tentativa de reverter o tráfico, o IBAMA normatizou a criação e comercialização de espécies silvestres nativas, assim, é possível adquirir animais de maneira legal. Medidas de manejo adequado, associadas a um manejo nutricional adequado, possibilitam a sanidade das aves e determinam o sucesso reprodutivo em cativeiro. A maioria dos psitacídeos se reproduz na primavera verão, mas, algumas espécies em cativeiro podem reproduzir em outros períodos.Palavras-chave: psitacídeos, reprodução, manejo, cativeiro.<br />SUMÁRIO<br /> Pág.<br />INTRODUÇÃO 9<br /> 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA10<br /> 2.1. Psitacídeos 10 <br /> 2.2. Diagnóstico do sexo 12<br /> 2.3. Manejo nutricional 14<br /> 2.4. Pareamento dos casais 15 <br /> 2.5. Pareamento genético 16<br /> 2.6. Ninhos 17<br /> 2.7. Acasalamento 17<br /> 2.8. Incubação 18<br /> 2.9. Neonatologia 20<br /> 2.10. Fatores estressantes e falhas reprodutivas 22<br />3. Considerações finais 25<br />4. Bibliografia 26<br />Introdução<br />Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), o Brasil possui cerca de 1.801 espécies de aves, que representam 20% das 9.000 espécies existentes no mundo. É o terceiro país em diversidade de aves (atrás apenas da Colômbia e do Peru). No entanto, é o primeiro em número de espécies em extinção. Das 1.212 aves ameaçadas no mundo, 120 estão no país (Espécies ..., 2009). Também é considerado como um dos países com maior porcentagem de espécies endêmicas (10%), o que o torna um dos mais importantes em relação a investimentos em preservação de aves (Allgayer e Cziulik, 2007). <br />O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio das Portarias 117 e 118, de 15 de outubro de 1997, que normatizam a criação em cativeiro de espécies nativas e a comercialização de animais vivos e abatidos, além de partes e produtos da fauna nativa, propiciou que, nos últimos anos, houvesse um incremento na criação legal desses animais. Essas portarias visam colaborar com a conservação da fauna brasileira e combater o comércio clandestino de animais silvestres. Acredita-se que o comércio ilegal deverá reduzir progressivamente à medida que exista a possibilidade de aquisição de animais de maneira lícita e confiável, com documentação correta, saúde, origem controlada e nascimento em cativeiro. A regulamentação de criadouros conservacionistas pelo IBAMA trouxe uma nova visão do conceito de reprodução e manutenção de aves silvestres em cativeiro (ALLGAYER; CZIULIK, 2007). <br />A reprodução das aves caracteriza-se pela (ovíparo)ovoviviparidade, ou seja, a prole abandona o corpo materno após um período curto de desenvolvimento embrionário (gástrula), assim o ovo deve ser capaz de sustentar o crescimento embrionário e fetal, devendo conter nutrientes, água e membranas protetoras (BURKE, 1996). Assim o período reprodutivo aumenta o requerimento nutricional pelas fêmeas, pois estas necessitam de cálcio para formação da casca, vitamina A e gorduras para a formação da gema, além de proteínas e outros nutrientes (HARRINSON & HARRINSON, 1986). <br />As aves neotropicais são na sua maioria, diurnas, monogâmicas, altriciais (totalmente dependentes dos pais durante os primeiros tempos de vida), aéreas e com reprodução sazonal, sendo estas características presentes em aproximadamente 8700 sp, porém os conhecimentos da fisiologia reprodutiva são advindos de um pequeno número de galináceos domésticos, que apresentam como características serem precociais, poligâmicos, com ninhadas grandes, incapazes de sustentar vôo e com grande período reprodutivo (ALTMAN et al., 1997).<br /> Muitas das características anatômicas e fisiológicas encontradas em aves domésticas são também encontradas em maior ou menor grau entre as aves silvestres, mas os detalhes das características reprodutivas variam entre as espécies (BURKE, 1996). Assim torna-se imprescindível o estudo e o conhecimento das características das demais espécies a fim de fazer um melhor manejo, tendo desta forma um maior aproveitamento e conservação destas espécies.<br />Revisão bibliográfica<br />Psitacídeos<br />A ordem Psittaciformes é constituída por 78 gêneros e 332 espécies, sendo 148 pertencentes ao Novo Mundo, cerca de 100 ocorrendo na América do Sul e 72 espécies no Brasil, que é considerado o país mais rico em representantes da família Psittacidae, tendo sido denominado nos primeiros mapas como “Terra dos Papagaios” (Brasilia sive terra papagallorum). No Brasil, são encontrados os maiores representantes dos psitacídeos, as araras. (Forshaw, 1977; Sick, 1997).<br />A família Psitacidae e representada por araras, maracanas, periquitos e papagaios (SICK, 2001, p.351). Papagaios e periquitos sempre foram as aves de estimação mais cotadas no Brasil, tendo a simpatia de todos devido a sua habilidade<br />em imitar a voz humana (SICK, 2001, p.363).<br />A popularidade dessas aves, fez com que um grande numero de espécie, seja<br />mantido em cativeiro (CARVALHO, 2004, p. 08), por motivos como obtenção de aves de companhia ou pela raridade de algumas espécies para colecionadores. Estes dois motivos fomentam o mercado ilegal de animais silvestres (POPP, et all, 2006, p.04).<br />Esta ordem, embora apresente uma grande variação de tamanho, coloração e peso, possuiu características muito marcantes que facilitam seu reconhecimento imediato, como bico curto, alto, recurvado de base larga, arredondado, maxila bem móvel articulada ao crânio, com movimentos de extensão que aumentam a potência do bico, usado para partir sementes duras. Possuem língua grossa, sensível e riquíssima em papilas gustativas. Nos representantes brasileiros, a pigmentação predominante é o verde, havendo freqüentes sinais vermelhos nas rêmiges (penas dorsais das asas), na borda das asas ou nas coberteiras (penas superiores que cobrem as demais com início na região escapular descendo pelo dorso da asa). A coloração verde chama muita atenção em cativeiro, mas serve de camuflagem no meio das folhagens onde muitas espécies vivem e se alimentam. A região perioftálmica é nua e de extensão variada. Um círculo estreito em volta da região é freqüentemente destacado por colorido vivo, que pode ser realçado ainda mais por um segundo círculo, de plumas vivamente coloridas (Collar, 1997; Sick, 1997).<br />Diagnóstico do sexo<br />A identificação do sexo em aves monomórficas é fundamental para o sucesso reprodutivo de espécies silvestres mantidas em cativeiro (Raso e Werther, 2004), sendo também uma ferramenta valiosa para os estudos comportamentais e populacionais em espécies sem dimorfismo sexual aparente, assim como em criatórios conservacionistas e comerciais (Faria et al., 2007). A sexagem apresenta várias vantagens, como: reduz custos de manutenção de aves jovens, uma vez que a identificação do sexo poucos dias após o nascimento facilita sua comercialização; evita a formação de casais do mesmo sexo, ou entre parentes próximos ou casais ao acaso; facilita o manejo em criações com sistema produção de aves por separação por sexo (Grando, 2002). <br />A sexagem das aves é uma prática de extrema importância, visto que pelo menos metade das aves existentes no mundo não possui dimorfismo sexual e, quando existe, é geralmente sutil, podendo ocorrer somente a partir do período de maturidade sexual. O dimorfismo sexual é uma característica fenotípica observada entre machos e fêmeas de uma mesma espécie, diferenciando-os em alguns aspectos como tamanho ou coloração das penas e/ou bicos (Pough e Harvey, 1999). Dentre as aves que não apresentam dimorfismo sexual, estão o Fura-barreira (Hylocryptus rectirostris) (Faria et al., 2007), o Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), o Periquito/Maritaca (Aratinga sp.), a Arara (Ara sp.) e o Tucano (Ramphastos toco) (Miyaki et al. 1998; Allgayer e Cziulik, 2007). Já entre as que apresentam o dimorfismo, estão o Tangarazinho (Ilicura militaris), cujos machos adultos são reconhecidos por sua plumagem (Anciães e Nassif Del Lama, 2002), e o Galito (Alectrurus tricolor), cujo macho possui coloração alvinegra, um “V” branco no lado superior e uma faixa peitoral negra incompleta, e a fêmea é parda, com asas e cauda mais escuras e garganta branca (Cestari, 2006). Entretanto, na maioria dos casos, o sexo é determinado pela identificação dos cromossomos sexuais (Griffiths et al., 2002). <br />Repetido Para o sucesso reprodutivo é fundamental que seja determinado o sexo das aves. Nos psitacídeos, comumente as espécies não apresentam dimorfismo sexual evidente. Em um casal pareado é comum o macho ser mais pesado, mesmo assim, podendo ser mais leve que uma fêmea da mesma espécie. Métodos empíricos de sexagem como diferenças de comportamento, biometria da cabeça, etc. vão ficando apenas na memória apesar de ainda serem utilizados por alguns criadouros. Como opção para realização da sexagem a laparoscopia é um procedimento cirúrgico que permite a visualização das gônadas e determinação do sexo; o exame de DNA realizado através de uma amostra de sangue enviada a laboratório de biologia molecular; e a cariotipagem, que é uma técnica citogenética que permite a identificação dos pares cromossômicos sexuais, ZZ para os machos e ZW para as fêmeas. O material coletado para as preparações cromossômicas é a polpa das penas (Abramson et al., 1995).<br />Para a realização do teste de sexagem em aves silvestres via técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), faz-se a extração do DNA de penas e/ou de sangue, seguindo os protocolos de Sambrook et al. (1989) e Rudbek e Dissing (1998), respectivamente. É importante ressaltar que a coleta das penas e/ou do sangue das aves é minimamente invasiva (Griffiths et al., 1998). <br />A PCR é uma técnica simples, conveniente, barata, rápida, sensível e eficaz para identificar o sexo das aves e dependente de pequena amostra de DNA (Griffiths et al., 1998; Griffiths, 2000). Após o material chegar ao laboratório, o resultado pode ser obtido em apenas dois dias e com um custo que oscila entre R$10,00 e R$20,00 , dependendo do laboratório de escolha e da quantidade de exames solicitado. Já o preço das aves pode ser bastante elevado. Para se ter uma idéia sobre o valor comercial das aves silvestres ou exóticas, pode-se citar o caso das aves canoras, cujo preço pode variar de espécie para espécie e dentro da própria espécie em função da idade, sexo, tipo de canto e filiação. Por exemplo, um Azulão macho (Passerina brissonii) chega a custar R$500,00, e a fêmea R$200,00. O preço dos Bicudos (Oryzoborus c. maximiliani) e Curiós (Oryzoborus angolensis) pode variar entre R$800,00 e R$10.000,00, dependendo do tipo de canto. A variação de preços de Trinca-ferro (Saltator similis) e Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) é de R$200,00 a R$3.000,00. Em diversas espécies da ordem Psittaciphorme, a oscilação de preços é de R$600,00 a R$15.000,00, podendo alcançar valores superiores. Como o valor do teste é baixo, torna-se freqüente a identificação do sexo em 100% das aves de um criador por meio da PCR, pois um erro na sexagem tradicional pode comprometer toda a história individual, bem como a do casal predeterminado.<br />2.3. Manejo nutricional<br />A correta alimentação é, sem dúvida, o fator que determina o sucesso do manejo em cativeiro, possibilitando a sanidade e a reprodução das aves. A cozinha deve estar sempre limpa e o preparo dos alimentos deve seguir instruções previamente descritas. Os psitacídeos devem receber alimento pelo menos 2x/dia (Lóris 3x/dia). Pode ser as rações comerciais (sendo cada vez mais utilizadas, pois reduzem o trabalho e pelos resultados já obtidos) e há ainda quem use as rações caseiras (ex: milho, feijão branco, feijão preto, cenoura, beterraba, espinafre, moídos), frutas, verduras. Atualmente preconiza-se para a nutrição de psitacídeos uma dieta composta por ração extrusada (perfazendo 80%), frutas e verduras (20% restantes) (Rupley, 1999).<br />A correta alimentação é o mais importante fator na reprodução de psitacídeos. O excesso de gordura na alimentação de um papagaio do gênero Amazona o tornará obeso e inviável para reprodução. O sucesso na criação atual está baseado na utilização de rações balanceadas apesar de que, para algumas espécies estas ainda sejam eficientes. Os problemas nutricionais não corrigidos podem comprometer a saúde das aves especialmente trazendo problemas de crescimento, muda de penas e alterações hepáticas que comprometem ou até mesmo inviabilizam a reprodução.<br />2.4. Pareamento dos casais<br />A formação de casais compatíveis não é tarefa fácil, principalmente se houverem poucos indivíduos no plantel. Pode-se tentar a formação de casais isolando-os por gaiola ou em viveiros coletivos. A observação do comportamento vai evidenciar casais compatíveis e os incompatíveis que podem ser identificados pela ocorrência de agressão ou pela manifestação de indiferença. Casais compatíveis demonstram interesse mútuo: ficam próximos no poleiro, tocam os bicos e oferecem comida um ao outro. Esses sinais são acompanhados por visitas cada vez mais freqüentes ao ninho. Com base na observação do comportamento opta-se por manter ou trocar as aves. Em recintos coletivos é comum o pareamento de aves do mesmo sexo (homossexualismo). Em algumas espécies os machos devem ser retirados do convívio das fêmeas alguns meses a cada 2-3 anos e depois pareados novamente com a mesma fêmea ou não. Isto aumenta e muito a fertilidade e produtividade do casal.<br />2.5. Pareamento genético<br />O manejo das aves significa não apenas a condução da criação em si (acasalamento, postura, alimentação), mas também o manejo genético (seleção de casais visando a melhores resultados) (Silva, 2005). Para tanto, há necessidade de se tomar o cuidado com a formação de futuros casais, pois a endogamia pode provocar a diminuição da heterozigose e, conseqüentemente, aumento da homozigose, que pode ocorrer tanto em genes dominantes quanto em recessivos, sendo necessário que haja a seleção se estes são preferidos em relação aos heterozigotos. Ao reduzir a heterozigose, pode-se favorecer a ocorrência de genes recessivos indesejáveis ou de efeitos deletérios. A perda da variabilidade genética em populações pequenas tende a ocorrer aleatoriamente, causando mudanças nas freqüências alélicas e genotípicas, fixando alguns alelos e eliminando outros, processo este denominado deriva genética. A maioria desses genes está relacionada com redução da fertilidade, aumento da mortalidade, aumento de doenças devido à diminuição da resistência e do vigor híbrido e aumento do valor genético adaptativo (Falconer, 1970; Pereira, 2004). Portanto, a manutenção das características genéticas é de suma importância. <br />2.6. Ninhos<br />Os psitacídeos aceitam várias formas de ninhos. Eles podem ser do tipo caixa, latão, barril, etc. O substrato que irá forrar a cama para os ovos é preparado com lascas de troncos de árvores, maravalha ou areia autoclavada. Deve-se optar pelo ninho e substrato que melhor se adapte às condições do criadouro ou zoológico (Abramson et al., 1995).<br />2.7. Acasalamento<br />As aves só se reproduzirão se o manejo atender as suas necessidades etológicas básicas. O par, seguro de seu território, troca alimento, o macho aumenta de agressividade e passam a copular. Ninhos e poleiros altos, acima de 2 metros, ajudam a transmitir segurança ao par. Em algumas espécies como, por exemplo, A. hyacinthinus é comum o par copular quando agitado para demarcar território.<br />A interferência de barulhos estranhos, pessoas ou mesmo animais dominantes da mesma espécie em contato visual, inibem o par a copular ou fazer a postura. Poleiros escorregadios dificultam a cópula e podem resultar em grande número de ovos inférteis. Espécies em que os indivíduos do grupo nidificam na mesma área podem ter contato visual direto, mas em regra o isolamento é sempre benéfico. Muitos criadouros utilizam complexos vitamínicos e antibióticos como estimulantes para o acasalamento o que não é necessário quando a ave apresenta comportamento normal e alimentação balanceada.<br />2.8. Incubação incluir incubação artificial<br />Os psitacídeos se reproduzem na primavera-verão, mas algumas espécies podem reproduzir em outros períodos. As araras do gênero Ara e os papagaios do gênero Amazona atingem a maturidade sexual em média aos cinco anos de idade (Abramson et al., 1995). <br />São normalmente aves prolíferas com posturas de mais de dois ovos e fertilidade em geral superior o 70 % a partir da segunda estação de postura. O tempo de incubação varia de 19 a 28 dias, das espécies menores para as maiores.<br />Estas aves apresentam estratégias de reprodução, uma delas é a postura de ovos brancos. Como outras aves que chocam em cavidades, não têm necessidade de camuflar os ovos e isso facilita o manejo dos ovos, pelo casal, dentro do ninho escuro. Outra estratégia utilizada pela ave é a reposição de ovos perdidos. Isto pode ser aproveitado pelo criadouro aumentando a produção em 100% em alguns casos. A prática consiste na retirada do primeiro ovo quando a ave faz a postura do segundo e assim por diante. Desta forma, é possível reproduzir cinco filhotes ou mais. A incubação pode ser realizada pelo casal ou, quando estes se mostrarem incapazes, podem ser utilizadas outras espécies já comprovadas com bom cuidado parental. Se o casal não for muito agitado, a vistoria do ninho pode ser freqüente e de preferência realizada pela mesma pessoa. Depois de 10 dias já é possível fazer a ovoscopia para confirmar a fertilidade do ovo (Harvey, 1990).<br />A incubação artificial é comumente utilizada pelos criadores comerciais tendo como vantagens um aumento no número de ovos por casais e conseqüentemente maior número de filhotes e possibilidade de um controle contínuo sobre o desenvolvimento do embrião e posteriormente dos filhotes. Dentre as desvantagens deste método em comparação com a incubação natural podemos citar o tempo gasto, aumento do custo das instalações e equipamentos, necessidade de equipe treinada e sempre é necessária à criação manual do filhote desde o primeiro dia (Jordan, 1989).<br />Os ninhos necessitam de inspeção regular (determinada conforme manejo do criadouro) para a retirada dos ovos. Os ovos, antes de serem encaminhados para incubação, necessitam de cuidados para a verificação. Neste momento será removido todo o material fecal de sua casca, verificada a presença de rachaduras, realizada a desinfecção e a numeração do ovo para possibilitar a sua procedência (casal reprodutor). Este registro será colocado na ficha de identificação. A sala de incubação deve ser exclusiva para este procedimento. É aconselhável ter temperatura ambiente controlada em torno de 28oC e sempre mantê-la dentro de condições de limpeza e higiene rigorosa. Deve-se ter pelo menos duas chocadeiras (no caso de defeito mecânico). A temperatura preconizada para os psitacídeos em geral é de 37,5°C com umidade de 50%. As chocadeiras atuais disponíveis no mercado possuem viragem automática dos ovos, mas pode-se optar pela viragem manual que deverá ser realizada quatro vezes ao dia (Jordan, 1989).<br />A ovoscopia deve ser realizada no momento em que os ovos são inspecionados, antes de colocar para incubar e semanalmente durante o processo de incubação. Ovos não fertilizados ou com embriões mortos devem ser retirados da incubadora. Os ovos, 48 horas antes da eclosão, devem ser transportados para o nascedouro mantendo a mesma temperatura da incubação e aumentando a umidade para 70%.<br />2.9. Neonatologia<br />O filhote é o produto primário de uma criação comercial ou do programa de conservação de uma espécie. Deve-se ter sempre o registro individual de cada filhote onde conste na sua identificação: data de nascimento, sexo, identificação dos pais, número da anilha e/ou microchip. Nesta ficha de registro deve constar o monitoramento e a avaliação do crescimento (Altman et al., 1997; Rupley, 1999). <br />Estes dados de monitoramento do filhote são essenciais para o estabelecimento de parâmetros do desenvolvimento da espécie podendo futuramente servir de base para criação de outras espécies. Após o nascimento os filhotes ficam em torno de 12 horas no nascedouro. Após, são removidos para a maternidade e mantidos em incubadoras com temperatura e umidade controladas, dentro de potes numerados que correspondem ao número do ovo.<br />Atualmente não são conhecidas as necessidades nutricionais de cada uma das espécies de psitacídeos. Existem no mercado rações específicas para a criação desses filhotes (utilizada em todas as espécies de psitacídeos) e as mesmas têm propiciado um bom desempenho no crescimento, proporcionando o sucesso da criação manual em muitos criadouros e zoológicos brasileiros. Vale a pena ressaltar que a composição da ração, o volume oferecido e a freqüência da alimentação são fundamentais para atender as necessidades nutricionais e influenciam diretamente o desenvolvimento do filhote (Allgayer et al., 2004).<br />A ração utilizada, volume, horário e freqüência da alimentação devem ser estabelecidos para cada criador de acordo com a espécie e o manejo utilizado. Tabelas de alimentação e criação de filhotes estabelecidas numa criação não são eficazes quando utilizadas em outro criadouro. Para acompanhamento do desenvolvimento dos filhotes deve ser realizada a pesagem diária antes da primeira alimentação matinal (Rupley 1999; Allgayer, 2006).<br /> <br />2.10. Fatores estressantes e falhas reprodutivas<br />Os fatores estressantes em aves são diversos, que vão desde status social e dominância, até degradação ambiental. Abaixo estão relacionados alguns destes fatores e suas implicações na reprodução. Na natureza, muitas espécies de aves e mamíferos apresentam criação cooperativa dos filhotes. Nestes bandos, as taxas reprodutivas são reduzidas nos animais subordinados em relação aos dominantes, sendo comum à supressão completa da reprodução do subordinado (CREEL, 2001).<br />Pinheiro et al. (2006) relatam que em avestruzes em estado selvagem, a fêmea principal inibe a postura de ovos das demais fêmeas, ou seja, ela chega a pôr até oito ovos, enquanto as outras botam apenas três ou quatro, tendo aproximadamente 20 ovos por ninho, sendo que, enquanto uma fêmea permanece no ninho, as outras se mantêm em posição de espera, a fim de depositarem seus ovos no mesmo local.<br />Porém, animais em cativeiro são mantidos em grupos maiores do que quando em situação de natureza, induzindo a um excesso de interações sociais, promovendo estresse em todos os indivíduos, que está associado à impossibilidade dos animais executarem seu repertório comportamental no que diz respeito à corte e acasalamento. Para reverter esse quadro, Peixoto & Tischer (2006) relatam que Macucos (espécie de tinamídeo), quando alocados em casais, se reproduzem muito bem, ocorrendo o mesmo quando em grandes grupos existem várias divisões no recinto, como se fossem labirintos, que são utilizados pelos animais em fuga quando agredidos por outros. Em galinhas poedeiras, o aumento da densidade nas gaiolas ocasiona uma redução na produção de ovos, pois a subordinação social devido à disputa pelos espaços de comedouros e de bebedouros provoca estresse, evidenciando-se a quot; ordem social de bicadasquot; (CAMPOS, 2000).<br /> Esse tipo de estresse pode também estar associado com o atraso da maturidade sexual tanto de machos como de fêmeas, resultando em aves de classe social inferior. Embora as taxas de fertilidade e de eclodibilidade não tenham sido afetadas, as características de produção, peso do ovo e peso do corpo, sofrem efeito significativo com relação ao tipo de alojamento. Este mesmo autor revisou que a presença da fêmea em determinados períodos de criação é importante para o desenvolvimento do comportamento sexual dos machos.<br />Campos (2000) relata que a iluminação estimula a produção de ovos, porém se for fornecida de forma contínua, pode promover postura de ovos com casca fina e a produção tende a diminuir após 2 meses, sendo um fator importante no controle da reprodução na avicultura de postura e na indução da reprodução de muitas espécies silvestres é a iluminação.<br />Um outro fator estressante é o deslocamento (migração/ transporte), pois para a sua realização há demanda de energia. Mauget et al. (1994) revisaram que em Falco sparverius os níveis plasmáticos de corticosterona elevam-se em todas as fêmeas durante os meses de agosto a setembro, que corresponde ao período de preparo para a migração. Em contrapartida, Joslin & Collins (1999) relataram que o transporte pode causar parada da alimentação, tornando prejudicial ou provocando quebra no ciclo reprodutivo. Níveis basais de GC estimulam o apetite, mas concentrações ligadas ao estresse promovem decréscimo do apetite, pois altas concentrações de GC estimulam a secreção de insulina. <br />Sapolsky et al. (2000) revisaram que o estresse reduz a alimentação para menos de 1h, tendo efeitos similares aos animais privados de alimentos, esse efeito provavelmente é mediado por CRH, um peptídeo com potente ação anoréxica.<br />Assim como a privação de alimentos e/ou deficiência nutricional provocam falhas na reprodução, o excesso de gordura na alimentação também altera a reprodução, Saad & Machado (2006) relatam que a obesidade em aves, resultado do excesso de alimentos calóricos, além da promover infiltração gordurosa no fígado, pode ocorrer secundariamente infertilidade e doença no sistema reprodutivo. Em termos fisiológicos, problemas nutricionais interferem sobre o comportamento, assim como a produção de corticosteróide e a atrofia das gônadas social, Campos (2000) demonstrou haver esta relação em machos. Variações bruscas na temperatura e na umidade do ambiente provocam estresse ambiental, que estimula a secreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), aumentando a atividade do córtex da adrenal e da secreção de hormônios esteróides (GUIMARÃES et al.,2003). <br />Moreng & Avens (1990) relatam que temperaturas ambientais elevadas podem bloquear a produção do sêmen. Fernie & Bird (2001) relataram que campo eletromagnético provoca aumento nos níveis de estresse oxidativo. Animais expostos por curto período ao campo magnético apresentaram níveis plasmáticos de proteína total reduzidos, já os que ficaram expostos por longo período apresentaram variação significativa nos níveis plasmáticos de proteína total, em relação ao controle, apenas no final do período de análise. A supressão de carotenóides e de melatonina agrava o estresse oxidativo, devido à ausência de elementos anti-oxidativos.<br />Emissões de gases pelos veículos, industrias e navios e os dejetos humanos liberam diversas toxinas no ar, água e solo. Muitos contaminantes químicos são altamente tóxicos em altas concentrações, levando a morte, mas quando as concentrações são baixas eles podem afetar a função biológica causando disfunções endócrinas e no sistema hormonal, tendo como resultado uma menos taxa de incubação, mau desenvolvimento dos embriões, sendo muitos deles deformados. Eles podem maturação lenta e conseqüentemente rejeição por parte dos pais. Muitas vezes os contaminantes interferem na capacidade das aves de combaterem infecções, tornando-os susceptíveis as doenças (Gill & Elliott, 2005).<br />Gill & Elliott (2005) relatam que metais pesados e produtos químicos têm poder acumulativo e seus resíduos continuam circulando através da cadeia alimentar em que grandes predadores alimentam-se de numerosas pequenas presas, assim estes contaminantes vão se concentrando nos tecidos. Um exemplo é o Tributiltin, usado para prevenir que alguns organismos venham a aderir nas embarcações ou em algumas fazendas de criação de salmão em rede. Este produto apresenta um composto (butiltins) que provoca distúrbios endócrinos, os quais interferem com o desenvolvimento sexual normal, as aves que se alimentam destes peixes, como as águias e as garças, por situarem no topo da cadeia alimentar, apresentam maiores concentrações do contaminantes.<br />Gill & Elliott (2005) relatam também que os efeitos do dióxido são sentidos ao longo do tempo, de forma silenciosa, tendo um decréscimo na contagem espermática em machos, nascimentos defeituosos e lesão em fígado.<br />Harrinson e Harrinson (1986) relatam que doenças crônicas no fígado (p.ex. aflatoxicose) e disfunções hepáticas, podem resultar em uma baixa habilidade do figado de estocar vit. A. Estes mesmos autores correlacionam deficiências de vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina D3, minerais e proteínas com inibição da postura de ovos e uma menor viabilidade dos filhotes, que ficam mais susceptíveis às doenças.<br /> Eldar (2006) relata alguns problemas reprodutivos devido às deficiências nutricionais, como exemplos têm-se: deficiência de vitamina D que provoca postura de ovos sem casca ou com casca fina; deficiência de vitamina E que promove falha na reprodução das fêmeas e esterilidade dos machos; deficiência de vitamina B12 aumenta a mortalidade dos filhotes após o nascimento ou os embriões apresentam desenvolvimento anormal, assim como em animais com deficiência de Ácido Fólico.<br />3. Considerações finais.<br />Com a legislação em vigor e o crescente mercado destinado a animais silvestres pet, cresce não só o interesse dos profissionais existentes, como também a procura pela graduação na área e zootecnia, biologia e medicina veterinária, que ambos podem ser responsáveis técnicos de criadouros com registro no IBAMA. Com a formação desses profissionais, cresce o número de estudos feitos na área, contribuindo para as pesquisas cientificas. Com a crescente criação e comércio, cada vez mais as pessoas estão se conscientizando de adquirir animais oriundos de criadouro comercial, contribuindo para diminuir o tráfico de animais. A produção hoje, visa um mercado que cresce de forma que atenda o mercado consumidor com preços acessíveis e desmistificando que animal silvestre é proibido.<br />