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                     A Chave de Casa.
    Eu estava profundamente, verdadeiramente apaixonada por ele.
E tinha a certeza de que ele também estava por mim.
    Nos minutos da ida pra minha casa, eu segurava uma das mãos
do Dimy. Queria ter ele a mim o tempo todo, sentir teu calor servia
pra mim como um combustível, uma carga extra. Fazia-me ficar
melhor.
    Agora nada poderia me aborrecer. E naquele momento em
diante eu queria sempre ser a melhor Carmem possível, para sempre
surpreender meu Dimy.
    Ele estacionou o carro a frente da minha casa. Olhei
discretamente no relógio dele que marcara: 12h: 15min. Já estava na
hora do almoço e meus pais com certeza já estavam super
preocupados comigo. Precisava pensar em uma desculpa, uma
desculpa que nem poderia passar na mente deles que eu passara a
manhã toda na companhia de um garoto...
    – Então... está entregue em segurança – disse-me.
    Ficamos em pausa. Um olhava os olhos do outro, eu não queria
sair de perto dele, assim como eu achava que ele também não. Nos
aproximamos aos poucos e nos beijamos, era o nosso ultimo beijo
da manhã e eu não iria vê-lo por horas, as que seria as mais triste e
agonizantes horas da minha vida...
    Abrir a porta, ainda beijado-o e disse com o rosto muito
próximo do dele: – tenho que ir...
    – hunrum... – ele me disse com os olhos fechados.
    Peguei o coração do Dimy que estará amarrado a poltrona. Sorrir
para ele e ele sorriu para mim. Fechei a porta e não tirava os olhos
dele, enfim ele me disse:
    – Podemos sair hoje a noite?
    Eu sorrir em forma de afirmação, ele sorriu de volta e saiu com o
carro. O vi até que sumisse na curva da minha rua...
    Entrei em casa as pressas e senti o cheiro de comida, com
certeza já estará quase pronto o almoço. Sem parar fui direto para o
meu quando, mas ouvir as minhas costas:
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mãe.
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ouvi o som de um carro e vi você sair dele, e quem dirigia não era o
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ela acreditasse.
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pois ela ligaria pro colégio pra saber. Dizer que era apenas uma
carona não explicaria a balão de ar que eu segurava; então só pude
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eu tava, aí ela ligou pra mim e eu disse que eu estava fazendo um
trabalho de escola na casa do Nando. E ela disse que queria me
apresentar o novo namorado dela. Aí nós fomos pra praça e
passamos a manhã lá. E depois ele veio me trazer até em casa...
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cabeça, mas pela cara da minha mãe, ela havia acreditado em mim.
Ela só balançou a cabeça e disse:
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cozinha.
    Suspirei agora aliviada e fui para meu quarto. Fechei a porta e
logo foquei a caixa de bombom que meu príncipe havia me dado
naquela manhã. Sente-me na cama e coloquei a caixa sobre meu colo
e sorridente como nunca, abria-a.
    Meus olhos arregalaram-se exageradamente, pois visualizaram
bem ao meio da caixa, uma mini-caixa preta. Claro que eu percebi
que lá dentro guardava algo muito especial. Minhas mãos tremiam e
eu demorei um pouco pra conseguir pegar a caixinha de camurça,
com elas já em mãos abrir bem devagar e...
    A concha guardava a mais perfeita pérola. Eu tremi ainda mais
ao ver aquele anel, parecia ser ouro e era enfeitado por uma pequena
pedra branca. Tirei-a de lá e coloquei em meu dedo e aprecie-o por
alguns minutos, a vontade de chorar e gritar de alegria estava pronta
pra sair quando eu vi, também dentro da caixa, um pequeno
envelope, peguei-o com a mão em que estava o anel, para que ele
não saísse da minha vista. Peguei o envelope, abri e tirei o bilhete e
li:

                             Carmem, meu amor!
               Hoje começa a nossa infinita história de amor, e
               esse anel é pra simbolizar o meu amor por você!
                             Espero que você goste!
                             Te amo, minha vida!

                          Ass.: Dimy, seu príncipe.

    Agora não deu pra segurar, e as mais sinceras lágrimas de
felicidade desceram sobre meu rosto. Naquele momento eu queria
estar com ele para abraçá-lo, beijá-lo e dizer que o tanto que eu o
amo.

   Durante o almoço fiz de tudo para que meus pais não vissem
meu anel, outra desculpa bem feita não sairia a tempo. Depois passei
a maior parte da tarde deitada em minha cama olhando minha mão
no ar. Olhava o anel, e só conseguia pensar nele, no meu príncipe.
   Meu celular tocou, mas eu demorei perceber isso e cair na real.
Peguei-o sobre o criado-mudo e vi que era a Laura que me ligava,
não esperava a hora de contar pra ela que eu estava namorando e
um anel de outro e diamante estava pregado no meu dedo.
   – Oi Laura! – disse eu feliz!
   – Oi amiga, como você ta? – perguntou ela com o mesmo
entusiasmo.
   – Eu to bem e você? – sentada defronte meu computador eu
olhava o meu anel.
   – Também estou bem. Você parece estar tão feliz, o que houve?
– É o Dimy. – eu estava em êxtase total – Ele me pediu em
namoro e me deu um anel lindo!
    – E você? – ouvi a voz seca atravessar o telefone, mas nem me
importei com ela – Aceitou? Não aceitou, né?
    – Eu aceitei, claro! Por que não aceitaria? Ele é um doce, me
trata bem e tudo mais... E eu estou muito apaixonada por ele.
    – Entendi.
    E aquela foi a ultima frase antes de um período de silêncio bem
constrangedor.
    – Bem, vou descer pra almoçar. Depois a gente se fala. Você ia
me falar algo? Nem perguntei...
    – É... Eu ia, mas acabei esquecendo. Tudo bem, vai lá comer.
Beijinhos. – e desligou.
    Eu estranhei a reação dela. Tudo bem que a Laura tinha seus
momentos de bipolaridade, mas desligar o telefone na minha cara
era exagero.
    Passei todo o almoço em transe, não conseguia comer ao menos
olhar para outra direção que não fosse pro meu anel de ouro e
diamante, nem notei se meus pais olhavam para mim ou não, mas
naquele momento nada disso me importava.
    Percebi minha mãe se levantar e recolher os pratos e ainda no
meu mundinho eu a ouviela dizer:
    – Não vai comer sua comida, Carmem? Fiz seu bife com batata
frita que você tanto gosta...
    Despertei...
    – Bife?! Batata Frita?! Desde quando eu como essas coisas
gordurosas, por acaso a senhora quer ter uma filha obesa e inútil?
    A hipótese de engordar uma grama que seja naquele momento
estava descartada, o Dimy era lindo e perfeito, e também merecia
uma namorada linda e perfeita, mas já que esse não é meu caso, ele
merece uma pelo menos magra.
    Vi meus pais parados no ar. Minha mãe segurava os pratos no
colo e uma jarra de suco na mão e meu pai com uma colher cheia de
arroz parada no ar, a caminho de sua boca grande e cheia de barba.
    Ficamos em silencio por alguns segundos, até que me lembrei:
    – Meu celular ta no silencioso! – levantei as pressas e a caminho
do meu quarto; fui dizendo: – Deve que ele me ligou umas cem
vezes e eu não atendi... – cheguei ao meu quarto, pulei na cama e
peguei meu celular... – desculpa, Dimy, desculpa... – disse sem parar
antes mesmo abri-lo por completo.

                      CHAMADAS PERDIDAS:
                      -----------------------------------
                      Dimy Amor <3
                      Dimy Amor <3
                      Dimy Amor <3
                      Nando Rock Star
                      -----------------------------------
                        MENSAGEM DE VOZ:
                      Dimy Amor <3
                                                 [ouvir]

    Quando vi que ele havia me ligado três vezes e eu não consegui
atendê-lo me senti culpada, a pior namorada do mundo. Tinha
medo de decepcioná-lo um tanto que seja, pois não queria perdê-lo.
    Apertei no botão direito do teclado do meu celular e no viva-voz
comecei a ouvir a mensagem:
    – Bom tarde, amor... É, desculpa incomodar é que eu te liguei
três vezes e você não atendeu, então deve estar ocupada. Não se
preocupe não é nada da interessante, só liguei pra dizer que te amo –
ele riu, percebi pela hesitação que ficara com vergonha. – Ah, que
queria saber também se agente pode sair amanhã à noite, eu queria
que fosse hoje é claro, mais meu pai pediu pra eu ir buscar uns
documentos numa cidade aqui perto... Então, pra confirmar amanhã
eu te ligo bem cedinho meu amor. Te amo, viu e se cuida minha
princesa.
    Fiquei parada no ar por alguns segundos, eu estava feliz por
aquilo esta acontecendo comigo, feliz por ter encontrado alguém de
se preocupe comigo. Meu sorriso retardado era visível, me joguei na
cama e fiquei olhando para meu celular aberto, até que percebi que
havia outra ligação perdida a não ser a do meu amor. Era o Nando,
meu visinho, eu gostava de chamá-lo de Nando Rock Star, pois ele
se achava a estrela do Rock e eu gostava de ouvi-lo cantar, suas
musicas eram realmente boas.
    Cliquei sobre o nome dele e fui em “chamar”. Depois de alguns
segundos o próprio atendeu o celular:
– Alô?
    – Sou eu, a Carmem... eu vi que você me ligou, aconteceu algo?
    – Ah, Carmem... – Nando sempre engasgava ao dizer meu nome,
não sabia o motivo, mas parecia se envergonhar de alguma forma. –
É que eu queria saber, se você puder é claro, vir aqui na minha casa
amanha pra ouvir uma canção nova que eu fiz hoje, será que dá? Se
você tiver algum compromisso não tem problema eu vou entender...
    Bom, eu tinha outro compromisso e não ia adiá-lo por nada
nesse mundo, mas eu sabia o quão era importante a minha opinião
para as canções novas do Nando, então disse:
    – Não, que isso, eu posso ir sim, eu só queria saber se posso
levar alguém comigo?
    – A Laura? Pode sim...
    – Não, é... não é bem a Laura é meu namorado, posso levar meu
namorado?
    Usar a palavra “meu” e “namorado” na mesma frase era tão
novo pra mim, mais eu estava adorando!
    – Ah, você ta namorando? – senti um certo desagrado do
Nando, não soube bem o porque... – É... pode trazer ele sim, sem
problema.
    – Nossa, você vai adorar conhecer ele! Agente se conheceu no
seu show no Hot-Trailer ontem, sabia?
    – Hum... que legal, Carmem...
    – Poisé, então amanhã agente se vê, o.k.?
    – O.k.
    Fechei meu celular e o coloquei sobre o criado-mudo e fui para o
computador, tinha que avisar o resto de mundo que eu estava
namorando o cara mais perfeito do universo inteiro.
    Eu não era uma das garotas mais conectadas ao mundo virtual
que existia, mas na minha pequena e humilde cidade não havia muita
distração, então, o que restava era me distrair com o resto do mundo
e não há lugar melhor pra isso do que o “Lindo Mundo da
Internet”.
    Abrir a página do Twitter; coloquei meu username:
CarmemEstaOnline, e minha senha, que afinal, tenho um motivo
para mudá-la.
    Eu não tenho muitos seguidores, mas os que me seguiam eram
muito acolhedores e nunca deixaram a peteca cair...
Com uma vontade de gritar aquele tweet para o mundo todo eu
digitei:




    Depois fui a pagina de configurações para, enfim, mudar a minha
senha. Digitei a minha antiga e logo embaixo digitei a nova:
dimyecarmem4ever, digitei a nova senha novamente embaixo e
salvei.
    Quando eu cliquei em home, minha mãe entrou no meu quarto
com todo vapor dizendo as minhas costas:
    – Carmem, a minha irmã acabou de me ligar e disse que a sua
avó está muito doente, e eu e seu pai estamos indo pra lá. Arrume
suas coisas que você vai ficar na casa da Laura, já que você tem aula
depois de amanha...
    Eu continuei ali, parada, olhando para tela do meu computador,
vendo as “replys” que havia pra mim...
    – Carmem! Você está me escutando?
    – To sim mãe – na verdade eu escutara tudo, mas esqueça
facilmente.
    – Então ande logo, arrume suas coisas que vamos te deixar na
casa da Laura, já conversei com a mãe dela e está tudo bem, agora
vamos, anda, anda...
    Não entendi o porquê minha mãe estava tão nervosa, esse não
era o primeiro ataque da minha avó e com certeza ela estava bem, só
necessitada um pouco mais de atenção.
    Desliguei o computador e coloquei algumas mudas de roupas na
minha mochila, fiz tudo isso em menos de cinco minutos...
    Já estava anoitecendo, e um alaranjado se formara no céu. Com a
mochila nas costas, entrei no banco de trás do carro e partimos a
caminho da casa da Laura. Nós não morávamos assim tão longe,
mas era um bom caminho a percorrer...
Quando chegamos, o céu já estava escuro. A casa da Laura era
um pouco mais simples do que a minha, mas tinha um jardim de se
admirar de tão perfeito. Laura correu para fora pra me receber, ela
me deu um curto abraço bem forte e minha mãe disse ainda no
carro:
    – Eu coloquei a chave da casa no bolso da sua mochila, qualquer
coisa que precisar peça o pai da Laura pra te levar lá, o.k., querida?
Estaremos de volta na terça sem tardar, não se preocupe...
    – Mande um beijo pra vovó e diz que to com saudade – eu disse
por fim...
    Minha mãe sorriu e fez sinal pro meu pai sair com o carro...
    – Ah, nem acredito que você ta aqui, Carmem! – disse Laura me
puxando pra dentro de sua casa.
    Fomos direto pro quarto dela que ficara no segundo andar da
casa. Joguei a mochila em um canto e deitei na cama...
    – Laura, eu posso tomar um banho? Você sabe que eu adoro
usar o seu banheiro! – Uma das coisas mais legais do quarto da
Laura é que ela havia um banheiro só pra ela, eu achava isso tão
independente...
    – Claro que pode, enquanto você toma banho eu vou preparar
alguma coisa pra gente comer...
    Enquanto eu estava no banho, ouvi o som de um celular tocar,
não era o meu, pude identificar por causa do toque, então ouvir a
Laura gritar:
    – Pode deixar, Carmem, é o meu!
    Houve um pequeno silencio, eu tentei lembrar alguma musica
pra cantar enquanto me ensaboava, mas nenhuma me passava pela
cabeça, então a voz baixa da Laura ao celular tirou a minha
concentração...
    – ... Mas agora? – dizia ela sussurrando. – Tá, eu vou dar um
jeito... seu safadinho...
    Enxagüei-me, desliguei o chuveiro e me enxuguei. Quando saí
do banheiro Laura não estava ali, mas topei sua mãe colocando
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cabeça para a cama.
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atitude da Laura, mas com certeza havia alguma explicação óbvia
para aquilo...
    Fui pegar uma roupa na minha mochila e vi que o bolsinho de
fora estava aberto, o bolsinho em que minha mãe tinha colocado a
chave de casa. Passei a mão por dentro do bolso e não havia nada,
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Traída 3º Capitulo

  • 1. 3 A Chave de Casa. Eu estava profundamente, verdadeiramente apaixonada por ele. E tinha a certeza de que ele também estava por mim. Nos minutos da ida pra minha casa, eu segurava uma das mãos do Dimy. Queria ter ele a mim o tempo todo, sentir teu calor servia pra mim como um combustível, uma carga extra. Fazia-me ficar melhor. Agora nada poderia me aborrecer. E naquele momento em diante eu queria sempre ser a melhor Carmem possível, para sempre surpreender meu Dimy. Ele estacionou o carro a frente da minha casa. Olhei discretamente no relógio dele que marcara: 12h: 15min. Já estava na hora do almoço e meus pais com certeza já estavam super preocupados comigo. Precisava pensar em uma desculpa, uma desculpa que nem poderia passar na mente deles que eu passara a manhã toda na companhia de um garoto... – Então... está entregue em segurança – disse-me. Ficamos em pausa. Um olhava os olhos do outro, eu não queria sair de perto dele, assim como eu achava que ele também não. Nos aproximamos aos poucos e nos beijamos, era o nosso ultimo beijo da manhã e eu não iria vê-lo por horas, as que seria as mais triste e agonizantes horas da minha vida... Abrir a porta, ainda beijado-o e disse com o rosto muito próximo do dele: – tenho que ir... – hunrum... – ele me disse com os olhos fechados. Peguei o coração do Dimy que estará amarrado a poltrona. Sorrir para ele e ele sorriu para mim. Fechei a porta e não tirava os olhos dele, enfim ele me disse: – Podemos sair hoje a noite? Eu sorrir em forma de afirmação, ele sorriu de volta e saiu com o carro. O vi até que sumisse na curva da minha rua... Entrei em casa as pressas e senti o cheiro de comida, com certeza já estará quase pronto o almoço. Sem parar fui direto para o meu quando, mas ouvir as minhas costas:
  • 2. – Onde a senhorita passou a manhã toda? – disse a voz da minha mãe. Virei pra trás e a vi, estava com um avental e segurava uma bandeja com salada... – É... e-eu fui fazer um trabalho na casa do Nando – respondi um pouco tensa. – Na casa do Nando? Por acaso é o mesmo Nando que é nosso visinho? – disse ela sarcástica. – É-e ele sim... – Não sei por que você esta mentindo pra mim, Carmem! Eu ouvi o som de um carro e vi você sair dele, e quem dirigia não era o Nando! Onde você estava e quem era aquele garoto? Nenhuma desculpa que poderia convencer minha mãe passou pela minha cabeça. Mas eu precisava pensar rápido e dizer algo que ela acreditasse. Dizer que ele era um amigo do colégio com certeza não ia colar, pois ela ligaria pro colégio pra saber. Dizer que era apenas uma carona não explicaria a balão de ar que eu segurava; então só pude dizer: – É o novo namorado da Laura, mãe. Agente se encontrou na casa do Nando logo depois que ela ligou pra cá perguntando onde eu tava, aí ela ligou pra mim e eu disse que eu estava fazendo um trabalho de escola na casa do Nando. E ela disse que queria me apresentar o novo namorado dela. Aí nós fomos pra praça e passamos a manhã lá. E depois ele veio me trazer até em casa... Não sei como uma mentira tão bem bolada saiu da minha cabeça, mas pela cara da minha mãe, ela havia acreditado em mim. Ela só balançou a cabeça e disse: – To de olho em você, senhorita... – sorriu e voltou para a cozinha. Suspirei agora aliviada e fui para meu quarto. Fechei a porta e logo foquei a caixa de bombom que meu príncipe havia me dado naquela manhã. Sente-me na cama e coloquei a caixa sobre meu colo e sorridente como nunca, abria-a. Meus olhos arregalaram-se exageradamente, pois visualizaram bem ao meio da caixa, uma mini-caixa preta. Claro que eu percebi que lá dentro guardava algo muito especial. Minhas mãos tremiam e
  • 3. eu demorei um pouco pra conseguir pegar a caixinha de camurça, com elas já em mãos abrir bem devagar e... A concha guardava a mais perfeita pérola. Eu tremi ainda mais ao ver aquele anel, parecia ser ouro e era enfeitado por uma pequena pedra branca. Tirei-a de lá e coloquei em meu dedo e aprecie-o por alguns minutos, a vontade de chorar e gritar de alegria estava pronta pra sair quando eu vi, também dentro da caixa, um pequeno envelope, peguei-o com a mão em que estava o anel, para que ele não saísse da minha vista. Peguei o envelope, abri e tirei o bilhete e li: Carmem, meu amor! Hoje começa a nossa infinita história de amor, e esse anel é pra simbolizar o meu amor por você! Espero que você goste! Te amo, minha vida! Ass.: Dimy, seu príncipe. Agora não deu pra segurar, e as mais sinceras lágrimas de felicidade desceram sobre meu rosto. Naquele momento eu queria estar com ele para abraçá-lo, beijá-lo e dizer que o tanto que eu o amo. Durante o almoço fiz de tudo para que meus pais não vissem meu anel, outra desculpa bem feita não sairia a tempo. Depois passei a maior parte da tarde deitada em minha cama olhando minha mão no ar. Olhava o anel, e só conseguia pensar nele, no meu príncipe. Meu celular tocou, mas eu demorei perceber isso e cair na real. Peguei-o sobre o criado-mudo e vi que era a Laura que me ligava, não esperava a hora de contar pra ela que eu estava namorando e um anel de outro e diamante estava pregado no meu dedo. – Oi Laura! – disse eu feliz! – Oi amiga, como você ta? – perguntou ela com o mesmo entusiasmo. – Eu to bem e você? – sentada defronte meu computador eu olhava o meu anel. – Também estou bem. Você parece estar tão feliz, o que houve?
  • 4. – É o Dimy. – eu estava em êxtase total – Ele me pediu em namoro e me deu um anel lindo! – E você? – ouvi a voz seca atravessar o telefone, mas nem me importei com ela – Aceitou? Não aceitou, né? – Eu aceitei, claro! Por que não aceitaria? Ele é um doce, me trata bem e tudo mais... E eu estou muito apaixonada por ele. – Entendi. E aquela foi a ultima frase antes de um período de silêncio bem constrangedor. – Bem, vou descer pra almoçar. Depois a gente se fala. Você ia me falar algo? Nem perguntei... – É... Eu ia, mas acabei esquecendo. Tudo bem, vai lá comer. Beijinhos. – e desligou. Eu estranhei a reação dela. Tudo bem que a Laura tinha seus momentos de bipolaridade, mas desligar o telefone na minha cara era exagero. Passei todo o almoço em transe, não conseguia comer ao menos olhar para outra direção que não fosse pro meu anel de ouro e diamante, nem notei se meus pais olhavam para mim ou não, mas naquele momento nada disso me importava. Percebi minha mãe se levantar e recolher os pratos e ainda no meu mundinho eu a ouviela dizer: – Não vai comer sua comida, Carmem? Fiz seu bife com batata frita que você tanto gosta... Despertei... – Bife?! Batata Frita?! Desde quando eu como essas coisas gordurosas, por acaso a senhora quer ter uma filha obesa e inútil? A hipótese de engordar uma grama que seja naquele momento estava descartada, o Dimy era lindo e perfeito, e também merecia uma namorada linda e perfeita, mas já que esse não é meu caso, ele merece uma pelo menos magra. Vi meus pais parados no ar. Minha mãe segurava os pratos no colo e uma jarra de suco na mão e meu pai com uma colher cheia de arroz parada no ar, a caminho de sua boca grande e cheia de barba. Ficamos em silencio por alguns segundos, até que me lembrei: – Meu celular ta no silencioso! – levantei as pressas e a caminho do meu quarto; fui dizendo: – Deve que ele me ligou umas cem vezes e eu não atendi... – cheguei ao meu quarto, pulei na cama e
  • 5. peguei meu celular... – desculpa, Dimy, desculpa... – disse sem parar antes mesmo abri-lo por completo. CHAMADAS PERDIDAS: ----------------------------------- Dimy Amor <3 Dimy Amor <3 Dimy Amor <3 Nando Rock Star ----------------------------------- MENSAGEM DE VOZ: Dimy Amor <3 [ouvir] Quando vi que ele havia me ligado três vezes e eu não consegui atendê-lo me senti culpada, a pior namorada do mundo. Tinha medo de decepcioná-lo um tanto que seja, pois não queria perdê-lo. Apertei no botão direito do teclado do meu celular e no viva-voz comecei a ouvir a mensagem: – Bom tarde, amor... É, desculpa incomodar é que eu te liguei três vezes e você não atendeu, então deve estar ocupada. Não se preocupe não é nada da interessante, só liguei pra dizer que te amo – ele riu, percebi pela hesitação que ficara com vergonha. – Ah, que queria saber também se agente pode sair amanhã à noite, eu queria que fosse hoje é claro, mais meu pai pediu pra eu ir buscar uns documentos numa cidade aqui perto... Então, pra confirmar amanhã eu te ligo bem cedinho meu amor. Te amo, viu e se cuida minha princesa. Fiquei parada no ar por alguns segundos, eu estava feliz por aquilo esta acontecendo comigo, feliz por ter encontrado alguém de se preocupe comigo. Meu sorriso retardado era visível, me joguei na cama e fiquei olhando para meu celular aberto, até que percebi que havia outra ligação perdida a não ser a do meu amor. Era o Nando, meu visinho, eu gostava de chamá-lo de Nando Rock Star, pois ele se achava a estrela do Rock e eu gostava de ouvi-lo cantar, suas musicas eram realmente boas. Cliquei sobre o nome dele e fui em “chamar”. Depois de alguns segundos o próprio atendeu o celular:
  • 6. – Alô? – Sou eu, a Carmem... eu vi que você me ligou, aconteceu algo? – Ah, Carmem... – Nando sempre engasgava ao dizer meu nome, não sabia o motivo, mas parecia se envergonhar de alguma forma. – É que eu queria saber, se você puder é claro, vir aqui na minha casa amanha pra ouvir uma canção nova que eu fiz hoje, será que dá? Se você tiver algum compromisso não tem problema eu vou entender... Bom, eu tinha outro compromisso e não ia adiá-lo por nada nesse mundo, mas eu sabia o quão era importante a minha opinião para as canções novas do Nando, então disse: – Não, que isso, eu posso ir sim, eu só queria saber se posso levar alguém comigo? – A Laura? Pode sim... – Não, é... não é bem a Laura é meu namorado, posso levar meu namorado? Usar a palavra “meu” e “namorado” na mesma frase era tão novo pra mim, mais eu estava adorando! – Ah, você ta namorando? – senti um certo desagrado do Nando, não soube bem o porque... – É... pode trazer ele sim, sem problema. – Nossa, você vai adorar conhecer ele! Agente se conheceu no seu show no Hot-Trailer ontem, sabia? – Hum... que legal, Carmem... – Poisé, então amanhã agente se vê, o.k.? – O.k. Fechei meu celular e o coloquei sobre o criado-mudo e fui para o computador, tinha que avisar o resto de mundo que eu estava namorando o cara mais perfeito do universo inteiro. Eu não era uma das garotas mais conectadas ao mundo virtual que existia, mas na minha pequena e humilde cidade não havia muita distração, então, o que restava era me distrair com o resto do mundo e não há lugar melhor pra isso do que o “Lindo Mundo da Internet”. Abrir a página do Twitter; coloquei meu username: CarmemEstaOnline, e minha senha, que afinal, tenho um motivo para mudá-la. Eu não tenho muitos seguidores, mas os que me seguiam eram muito acolhedores e nunca deixaram a peteca cair...
  • 7. Com uma vontade de gritar aquele tweet para o mundo todo eu digitei: Depois fui a pagina de configurações para, enfim, mudar a minha senha. Digitei a minha antiga e logo embaixo digitei a nova: dimyecarmem4ever, digitei a nova senha novamente embaixo e salvei. Quando eu cliquei em home, minha mãe entrou no meu quarto com todo vapor dizendo as minhas costas: – Carmem, a minha irmã acabou de me ligar e disse que a sua avó está muito doente, e eu e seu pai estamos indo pra lá. Arrume suas coisas que você vai ficar na casa da Laura, já que você tem aula depois de amanha... Eu continuei ali, parada, olhando para tela do meu computador, vendo as “replys” que havia pra mim... – Carmem! Você está me escutando? – To sim mãe – na verdade eu escutara tudo, mas esqueça facilmente. – Então ande logo, arrume suas coisas que vamos te deixar na casa da Laura, já conversei com a mãe dela e está tudo bem, agora vamos, anda, anda... Não entendi o porquê minha mãe estava tão nervosa, esse não era o primeiro ataque da minha avó e com certeza ela estava bem, só necessitada um pouco mais de atenção. Desliguei o computador e coloquei algumas mudas de roupas na minha mochila, fiz tudo isso em menos de cinco minutos... Já estava anoitecendo, e um alaranjado se formara no céu. Com a mochila nas costas, entrei no banco de trás do carro e partimos a caminho da casa da Laura. Nós não morávamos assim tão longe, mas era um bom caminho a percorrer...
  • 8. Quando chegamos, o céu já estava escuro. A casa da Laura era um pouco mais simples do que a minha, mas tinha um jardim de se admirar de tão perfeito. Laura correu para fora pra me receber, ela me deu um curto abraço bem forte e minha mãe disse ainda no carro: – Eu coloquei a chave da casa no bolso da sua mochila, qualquer coisa que precisar peça o pai da Laura pra te levar lá, o.k., querida? Estaremos de volta na terça sem tardar, não se preocupe... – Mande um beijo pra vovó e diz que to com saudade – eu disse por fim... Minha mãe sorriu e fez sinal pro meu pai sair com o carro... – Ah, nem acredito que você ta aqui, Carmem! – disse Laura me puxando pra dentro de sua casa. Fomos direto pro quarto dela que ficara no segundo andar da casa. Joguei a mochila em um canto e deitei na cama... – Laura, eu posso tomar um banho? Você sabe que eu adoro usar o seu banheiro! – Uma das coisas mais legais do quarto da Laura é que ela havia um banheiro só pra ela, eu achava isso tão independente... – Claro que pode, enquanto você toma banho eu vou preparar alguma coisa pra gente comer... Enquanto eu estava no banho, ouvi o som de um celular tocar, não era o meu, pude identificar por causa do toque, então ouvir a Laura gritar: – Pode deixar, Carmem, é o meu! Houve um pequeno silencio, eu tentei lembrar alguma musica pra cantar enquanto me ensaboava, mas nenhuma me passava pela cabeça, então a voz baixa da Laura ao celular tirou a minha concentração... – ... Mas agora? – dizia ela sussurrando. – Tá, eu vou dar um jeito... seu safadinho... Enxagüei-me, desliguei o chuveiro e me enxuguei. Quando saí do banheiro Laura não estava ali, mas topei sua mãe colocando algumas peças de roupas no guarda-roupa... – Senhora... – Ah, não me chame de senhora querida, pode me chamar de Joana... – É... Joana, onde ta a Laura?
  • 9. – Oh, a Laura? Ela acabou de sair, ela não te disse pra onde ia? – Não, ela não disse não... – Que estranho, mas ela me disse que volta daqui algumas horas. Ela deixou esse misto quente pra você – disse ela apontando a cabeça para a cama. Ela logo saiu dali me deixando sozinha, eu não entendi essa nova atitude da Laura, mas com certeza havia alguma explicação óbvia para aquilo... Fui pegar uma roupa na minha mochila e vi que o bolsinho de fora estava aberto, o bolsinho em que minha mãe tinha colocado a chave de casa. Passei a mão por dentro do bolso e não havia nada, então, vasculhei todos os bolsos possíveis daquela mochila e nada, joguei as roupas que havia lá dentro pra fora e não estava lá... – Onde foi parar essa chave?!