O Eniso de Literatura e sua aprendizagem na sala de aula de Lígua Inglesa
A pesquisa ação na sala de aula de língua inglesa
1. 0
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS XIV – CONCEIÇÃO DO COITÉ
TAISE DE OLIVEIRA LIMA
A PESQUISA-AÇÃO NA SALA DE AULA DE
LÍNGUA INGLESA
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
2. 1
TAISE DE OLIVEIRA LIMA
A PESQUISA-AÇÃO NA SALA DE AULA DE
LÍNGUA INGLESA
Monografia apresentada ao Departamento de Educação -
Campus XIVda Universidade do Estado da Bahia, como
requisito final à conclusão do Curso de Letras com
Habilitação em Língua Inglesa.
Orientadora: ProfªMônica Veloso Borges
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
3. 2
TAISE DE OLIVEIRA LIMA
A PESQUISA-AÇÃO NA SALA DE AULA DE
LÍNGUA INGLESA
Monografia apresentada ao Departamento de Educação -
Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, como
requisito final à conclusão do Curso de Letras com
Habilitação em Língua Inglesa.
Aprovada em: 13/03/2012
Banca examinadora
_______________________________
Mônica VelosoBorges– Orientadora
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_________________________________________
Neila Maria Oliveira Santana - Membro
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_________________________________________
Juliana Bastos – Membro
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
4. 3
A Deus, por tudo que me proporciona na vida.
À minha mãe, meu pai e meus irmãos,
os quais amo muito, e sempre
acreditaram nessa conquista.
Ao meu esposo, pelo carinho,
compreensão e companheirismo.
E a minha filha Amanda que é a maior
de todas as minhas vitórias.
5. 4
AGRADECIMENTOS
São muitos e todos especiais. E nem todos cabem aqui.
Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade e pela possibilidade de realização deste
trabalho, que graças a Ele foi possível concretizar mais este sonho.
Agradeço em especial a minha filha Amanda Oliveira Lima, de quem roubei o tempo precioso
de convivência familiar para me dedicar aos estudos do curso.
Agradeço ao meu esposo e familiares, pela cumplicidade e apoio constantes.
Agradeço a professora Mônica Veloso, por a sua plena disposição em me auxiliar sempre que
preciso, possibilitando o bom andamento do trabalho.
Agradeço também a professora Neila Santana,por sua colaboração.
Aos colegas de classe, com quem vivi momentos prazerosos e de muita alegria.
Enfim, fica a certeza de que todos os caminhos percorridos foram para crescimento
profissional e pessoal, e, conseqüentemente, para a melhoria da qualidade de vida da família.
A estes, razão da minha vida, a minha eterna gratidão.
6. 5
O professor é um intelectual transformador, que deve se ver como um
profissional que é capaz e deseja refletir sobre os princípios
ideológicos que informam sua prática, que ligam a teoria pedagógica
e a prática a questões sociais mais amplas, que trabalha
conjuntamente para compartilhar idéias, exercer poder sobre as
condições de seu trabalho, e engloba em seu ensino a visão de uma
vida mais humana e melhor.
Almeida Filho
7. 6
RESUMO
Este trabalho resulta de uma pesquisa de campo de base quantitativa e qualitativa,
desenvolvida com o objetivo de investigar o conhecimento e a aplicabilidade da pesquisa–
ação por professores de língua inglesa da rede estadual e municipal do município de Valente.
As informações aqui presentes foram coletadas por meio de questionários, que favoreceu um
conhecimento mais amplo referente ao ensino-aprendizagem de Língua inglesa e a atitude dos
professores em sala de aula quando estes se deparam com fenômenos que venham interferir
no sucesso da aprendizagem dos seus alunos, investigou-se também a contribuição da
formação desses professores para a resolução de problemas em sala de aula. Os resultados
mostram que quase todos os professores entrevistados não têm conhecimento da pesquisa-
ação e por esta razão não a utiliza na resolução de problemas existentes em sala de aula, no
entanto, notou-se que tais professores tentam solucioná-los de um modo empírico, através de
suas crenças e não por meio de pesquisas e estudos científicos que auxiliam na mudança.
Palavras-Chave: Ensino de Língua Inglesa. Professor. Escola Pública. Formação Docente.
8. 7
ABSTRACT
This work is result of a field research of quantitative and qualitative basis, it was developed
with the aim of inquire the knowledge and applicability of the action research by english
language teachers from the state and regional teaching network of Valente town. The
informations shown here were collected by using questionnaires which favor a huger
knowledge referred to english language teaching and learning and teachers' attitudes in the
classroom when they find phenomenons which could interfere in their student's learning
success. It was also investigated the contribution of the training of these teachers in order to
solve classroom problems. The results display that almost the all teachers interviewed do not
know about the action research hence they don’t use it to solve problems in the classroom,
however it was notable the teacher’s attempt to solve them empirically by their believing and
do not using scientific researches and studies which help on this change.
Key-words – English Language Teaching.Teacher.Public school.Teacher Training.
9. 8
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1– Grau de ocorrência de problemas na sala de LI....................................... 25
Gráfico 2– Preparação durante a formação docente para lidar com os problemas
existentes em sala de aula......................................................................... 27
Gráfico 3– Preparação para ser uma professor pesquisador durante a formação
docente...................................................................................................... 28
Conhecimento da pesquisa-ação.............................................................. 29
Gráfico 4–
10. 9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................10
2 A PESQUISA-AÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO/APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA INGLESA...............................................................................................................12
2.1 Conceituando a Pesquisa-Ação........................................................................................12
2.1.1 A Pesquisa-Ação e o seu processo...................................................................................14
2.2Pesquisa-Ação e Ensino/Aprendizagem de LE..............................................................16
2.3 Importância da capacitação profissional para a realização da Pesquisa-
Ação no Ensino de LE............................................................................................................19
3 METODOLOGIA ..............................................................................................................22
3.1 Sujeitos e lócus da Pesquisa..............................................................................................23
4 ANÁLISE DE DADOS .......................................................................................................24
5 CONSIDERACÕES FINAIS..............................................................................................33
REFERÊNCIAS......................................................................................................................35
APÊNDICE..............................................................................................................................37
11. 10
1 INTRODUÇÃO
O professor de língua inglesa como língua estrangeira tem um papel fundamental na
aprendizagem de seus alunos. Infelizmente, nos deparamos atualmente com uma grande
defasagem nessa área de ensino de escolas públicas devido a existência de situações
problemáticas na sala de aula, que vem interferir em um bom desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem e conseqüentemente vem dificultar a eficácia dos mesmos.
Vale ressaltar que o sucesso da aprendizagem do aluno depende essencialmente da
qualidade de ensino que o mesmo obtém. Esta diz respeito ao desempenho do professor, bem
como a sua dedicação como atuante em sala de aula, lembrando que o mesmo deve ser capaz
de identificar e de valorizar suas próprias competências e habilidades dando sentido e
significados a fim de facilitar a aprendizagem de língua inglesa em sala de aula.
Diante da precariedade do ensino/aprendizagem de língua inglesa em escolas públicas,
nota-se a necessidade de professores que busquem ir além da transmissão de conhecimentos.
Necessita-se de professores que investiguem e reflitam sua prática pedagógica
constantemente, que ajam de forma autônoma a fim de propor mudanças, possibilitando um
ensino eficaz aos seus alunos e conseqüentemente obter o sucesso na aprendizagem dos
mesmos.
Em meio a esse cenário a pesquisa-ação surge como algo vital na aula de língua
inglesa para a conquista de uma melhor qualidade de ensino, sendo que por meio dela, o
educador encontrará os meios com as devidas soluções para os problemas existentes em sala
de aula.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho foi elaborado com o objetivo de
investigar o conhecimento da pesquisa-ação por parte de alguns professores de língua inglesa
de escolas públicas e a sua aplicabilidade na tentativa de solucionar problemas existentes em
sala de aula. Buscou-se também conhecer a contribuição, ou não da formação destes
professores para a solução de fenômenos que venham interferir no processo ensino-
aprendizagem de LI.
Visando obter informações suficientes para o desenvolvimento do trabalho, foi
realizada uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa e quantitativa, tendo como
sujeitos, professores de Língua Inglesa de escolas públicas do município de Valente-Bahia.
Anteriormente, foi feita a pesquisa bibliográfica, que favoreceu um conhecimento
mais amplo a respeito da pesquisa-ação sob a perspectiva de alguns teóricos indispensáveis ao
desenvolvimento trabalho que tem como finalidade, despertar uma reflexão nos professores
12. 11
de língua inglesa sobre a importância da pesquisa-ação na sala de aula de LI por a mesma
proporcionar um ensino de língua inglesa mais eficaz, bem como promover o
desenvolvimento profissional do educador.
A princípio é apresentadaa Fundamentação Teórica que traz a concepção da pesquisa-
ação, bem como o processo necessário à condução desse método científico. Discute-se
também o potencial da pesquisa-ação como um método de encontrar meios para desenvolver
uma melhor qualidade no ensino/aprendizagem de língua inglesa e a sua contribuição para o
desenvolvimento profissional do educador. Ainda na fundamentação teórica é abordada a
importância da capacitação profissional para a condução da pesquisa-ação no ensino de língua
inglesa.
No segundo capítulo, que é a Metodologia, sãoapresentadas as etapas de realização da
pesquisa, bem como os elementos imprescindíveis à realização da mesma juntamente com as
justificativas de tais escolhas.
No terceiro capítulo, a Análise de Dados, apresenta-se a interpretação aos dados
coletados, bem como informações a respeito da realidade do ensino de língua inglesa em
escolas públicas, a atitude dos professores ao se deparar com fatores que interferem no
processo ensino-aprendizagem, se de fato eles conhecem ou não a pesquisa-ação e se a
utilizam para lidar com tais fatores, analisa-se também a contribuição da formação docente
diante de tal situação.
Por fim, as Considerações Finais dotrabalho que apresenta a interpretação dos
resultados alcançados com o desenvolvimento da pesquisa, onde são feitas considerações a
respeito da aplicabilidade da pesquisa-ação a fim de obter melhorias no processo ensino-
aprendizagem e a importância do professor, da escola e da Universidade para a contribuição
de tais melhorias indispensáveis na atual realidade em que as escolas públicas se encontram.
13. 12
2A PESQUISA-AÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO/APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA INGLESA
No decorrer do capítulo apresenta-se a concepção da pesquisa-ação e a sua forma de
condução, que diz respeito aos procedimentos metodológicos necessários durante o percurso
desse método científico. Discute-se também os benefícios que a pesquisa-ação proporciona no
contexto educacional, tais como desenvolver um ensino/aprendizagem de língua inglesa mais
eficaz e o desenvolvimento profissional alcançado pelo professor. Por fim ressalta-se a
importância da capacitação profissional como um meio de condicionar os professores para a
realização da pesquisa-ação.
2.1 Conceituando a Pesquisa-Ação
A pesquisa-ação na área educacional é um tema que interessa a muitos e tem sido cada
vez mais objeto de pesquisa de estudiosos e lingüistas.Definir esse tipo de pesquisa não é uma
tarefa fácil, considerando que a mesma não tem uma definição única e contestável, no entanto,
é possível abordar traços importantes desse método científico a ponto de formar uma
concepção da sua natureza e implementação a partir de estudos já realizados de teóricos e
lingüistas.
Dentre os contribuidores com os estudos da pesquisa-ação encontra-se Harmer (2007)
que define a pesquisa-ação como uma série de procedimentos em que os professores podem
empreender, seja porque desejam aprimorar alguns aspectos de seu ensino, ou porque desejam
avaliar o sucesso e/ou conveniência de certas atividades e/ou procedimentos.
Alvarez (2007), que também contribui de forma significativa com os estudos da
pesquisa-ação, apresenta uma definição mais profunda desse método científico. Segundo
Alvarez, a pesquisa-ação se define como:
Pesquisa desenvolvida por professores, abordando questões (problemas,
preocupações e inquietações) oriundas da prática em sala de aula,
visando/gerando melhoria no processo de ensino/aprendizagem e
emancipação profissional, decorrentes de uma prática educacional crítico-
reflexiva e investigativa contínua. (2007, p. 235)
A autora deixa claro que a pesquisa-ação gira em torno de fenômenos decorrentes da
sala de aula e que estes são detectados a partir da investigação contínua através da prática dos
professores. Isso porque para cada realidade existem diferentes contextos, o que pode
14. 13
acarretar em diferentes questões oriundas do ambiente escolar. Por isso que a investigação
contínua se faz necessária, para que o professor pesquise a respeito da realidade de cada sala
de aula, fazendo observações mais profundas a respeito da turma para que posteriormente seja
possível criar soluções específicas para um determinado contexto.
Harmer (2007, p. 414) afirma: “Algumas vezes os professores embarcam em uma
pesquisa-ação porque há um problema que os preocupam e eles querem tentar decidir o que
fazer sobre essa situação.” [tradução nossa]1 De fato, o ponto de partida da pesquisa-ação
depende de uma atitude do professor. E geralmente o que o leva a tomar essa iniciativa é a
inquietação do mesmo para compreender fenômenos decorrentes da sua prática, numa
tentativa de contribuir para uma melhora significativa de sua atuação e na aprendizagem dos
seus alunos.
Segundo Alvarez (2007), a iniciativa da pesquisa-ação decorre de uma melhor
aceitação do paradigma qualitativo inerente ao processo ensino-aprendizagem. Como
discutido por Alvarez, percebe-se uma preocupação maior por parte dos professores de língua
inglesa por uma melhoria na qualidade de ensino e esse seria o principal motivo para
direcioná-los a pesquisa-ação, tomando a iniciativa de conduzi-la, o que de fato é
indispensável na realização da pesquisa, pois sem a mesma, a realização desse método
científico torna-se impossível.
A pesquisa-ação constitui-se de etapas que devem ser conduzidas por procedimentos
específicos pelo pesquisador. Em relação a esse aspecto, Barros &Lefeld (2000) apresentam o
papel do pesquisador na pesquisa-ação. De acordo com os autores, o pesquisador não
permanece apenas no levantamento de problemas, mas procura compreendê-lo e saber por que
o mesmo ocorre. Posteriormente, o pesquisador, a partir da realidade específica da sala de
aula, desencadeará ações para sanar tais problemas.
Em relação ao desenvolvimento da pesquisa-ação Barros &Lefeld afirmam que esta
não ocorre de forma isolada pelo pesquisador, e sim há uma interação efetiva ampla entre
pesquisadores e pesquisados. De acordo com os autores:
A pesquisa-ação é um método de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada com estreita associação com uma ação ou com uma
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e
participantes da situação ou do problema estão envolvidos e de modo
cooperativo e participativo. (BARROS; LEFELD, 2000, p. 77)
1
Teachers sometimesembark on action research because there is a problemthat is worrying them and they want
to try to decide what to do about it.
15. 14
Segundo os autores, a pesquisa-ação é participativa na medida em que inclui todos os
que, de um modo ou de outro, estão envolvidos nela e é colaborativa em seu modo de
trabalhar. Dessa forma a interação entre o professor e os alunos no desenvolvimento da
pesquisa contribui de forma significativa nos resultados da mesma.
A idéia de que a pesquisa-ação deve ser conduzida de forma colaborativa é aceita por
muitos estudiosos, que compreendem que esta pode ser conduzida por grupos de uma mesma
instituição, ou não. Estes grupos de professores podem investigar problemas que tenham
características semelhantes derivadas da sua prática. Entretanto, como afirma Alvarez (2007)
não há razões que desestimulem a condução individual da pesquisa-ação.
Harmer (2007) define como desenvolvimento colaborativo o encontro de professores
de língua inglesa que se reúnem para trocar experiências da prática da sala de aula. O autor
atenta para esse tipo de encontro em que os professores podem expor o que acontece durante
as suas aulas, as suas inquietações diante de contextos diversos examinando os sentimentos e
as crenças de cada um, discutindo também os problemas enfrentados no ensino e as possíveis
soluções, na tentativa de alcançar melhorias no desenvolvimento profissional e no ensino-
aprendizagem.
2.1.1 A Pesquisa-Ação e o seu processo
A condução da pesquisa-ação está submetida a um trajeto que inclui etapas com
procedimentos específicos a cada uma delas. Quando o professor ingressa em uma pesquisa-
ação, o mesmo deve levar em conta cada um desses procedimentos para garantir a
credibilidade da pesquisa.
Os procedimentos metodológicos da pesquisa-ação são apresentados por Alvarez
(2007), que embasada pelos teóricos Lopes (1996), Nunan (1993), Smith (1993) e Sagor
(1993), descreve o percurso do trajeto da pesquisa-ação, juntamente com seus respectivos
procedimentos e suas possíveis realizações.
Smith (1993 apud ALVAREZ, 2007)aborda um ponto imprescindível que deve ser
levado em conta anteriormente a condução da pesquisa-ação, “ainda que (...) os professores
novatos sejam capazes de reflexão e de conduzirem pesquisa-ação, há necessidade de
preparação cuidadosa antes e durante o trabalho de pesquisa.” (ALVAREZ, 2007, p. 246).
Esse ponto diz respeito à familiarização do professor-pesquisador com os aspectos básicos da
pesquisa-ação que pode ser feita através da apreciação e discussão de estudos já realizados
sobre a pesquisa-ação.
16. 15
A primeira etapa da pesquisa, apresentada por Alvarez é a identificação do problema
através da monitoria sistemática da própria aula, esta pode ser feita com a utilização de notas
de campo e/ou gravação em áudio ou vídeo. Alvarez ainda afirma que essa fase pode contar
com colaboradores para auxiliar no levantamento de questões e adverte que os investigadores
apontem aspectos relevantes para propiciar um melhor direcionamento do trabalho.
Alvarez atenta que o professor-pesquisador observe algumas questões práticas que são
imprescindíveis à realização da etapa subseqüente, a coleta de dados, que diz respeito à
negociação dos instrumentos de pesquisa a serem utilizados nessa fase. De acordo com a
autora é importante uma análise cuidadosa para escolher os métodos/instrumentos para que a
coleta de dados seja bem sucedida. No caso de professores que utilizarão aparelhos de áudio
ou vídeo é necessário verificar a qualidade da gravação desses aparelhos para evitar um
possível fracasso na pesquisa.
A coleta de dados é considerada extremamente importante por garantir a sustentação e
credibilidade da pesquisa. Isso porque os resultados coletados através de um estudo profundo
de uma sala de aula real podem servir a contextos diversos através da extensão da aplicação
desses resultados, dessa forma, outros professores-pesquisadores podem reproduzir o estudo,
adequando ao contexto específico da sala de aula e obter resultados similares aos obtidos no
estudo original.
Por fim é apresentada a etapa análise dos dados em que o professor irá buscar nos
dados os elementos que o auxiliarão a compreender as questões de pesquisa-proposta. Através
da interpretação de dados o investigador encontrará evidências que o direcionará a teorização
da pesquisa seguida por aplicação dos resultados e a elaboração de relatórios.
Em relação à aplicação dos resultados da pesquisa, Alvarez aponta um aspecto
positivo da pesquisa-ação em detrimento à pesquisa tradicional quando afirma que por o
pesquisador ser o próprio professor, antes mesmo de haver a conclusão dos resultados o
professor já pode aplicar as idéias que surgiram durante o processo de investigação, evitando
privar o aluno de receber um ensino melhor.
Harmer (2007) assemelha o trajeto de pesquisa-ação a um ciclo já que a pesquisa se dá
passo a passo e constantemente. Esse trajeto cíclico também é defendido por Alvarez, pois
afirma que com a aplicação dos resultados inicia-se um novo processo, que passará pelas
mesmas etapas até que se alcance uma nova conclusão. Como apresentado no esquema a
seguir:
17. 16
Fonte: Harmer (2007, p. 415).
O esquema acima é apresentado por Harmer (2007). A primeira fase, identify a
problem/issue, é definida pelo lingüista como a identificação de um fenômeno existente na
sala de aula pelo professor pesquisador que o mesmo deseja investigar. A fase,
thinkofquestionstoask/informationtobegained, trata de hipóteses a serem feitas pelo
investigador em relação ao problema, em relação ao que poderia estar causando tais
fenômenos na sala de aula. Na fase seguinte, collect data, o professor coleta os dados
utilizando os instrumentos adequados ao contexto em que está inserido. Posteriormente é
realizada a analyse data, em que o investigador analisa os resultados obtidos através da coleta
de dados e em decide on future action, o professor define o plano de ação a ser aplicado na
sala de aula. De acordo com Harmer, após a aplicação do plano de ação, por esse método
científico ter um caráter cíclico, o professor inicia novamente o processo.
O processo cíclico a que se atribui a pesquisa-ação trata-se de uma característica
fundamental desse método científico, quando se tem o professor como pesquisador e a sala de
aula como objeto de estudo. Pois são muitos os fatores e/ou fenômenos existentes nesse
ambiente de ensino que merecem ser abordados por professores, desde que haja um
acompanhamento contínuo, em função de o próprio educador ter um conhecimento maior da
área que atua para compreender melhor tais fenômenos e saber a melhor forma de agir diante
dos mesmos.
2.2Pesquisa-Ação e Ensino/Aprendizagem de LE
Professores de língua inglesa como língua estrangeira geralmente se deparam com
situações problemáticas em sala de aula que os inquietam por estas virem a impedir o sucesso
18. 17
de sua prática e da aprendizagem de seus alunos. Como é o caso das salas de aula com
número elevado de alunos que vem a ser um desafio para o professor de língua inglesa. Que
exige que o professor tenha a consciência de como ser um bom profissional e descobrir as
reais necessidades que se apresentam no contexto em que ele está inserido e saber como atuar,
e quais métodos e/ou estratégias utilizar para sanar os problemas existentes em cada contexto.
Diante disso, o professor sente a necessidade de se tornar mais esclarecido a respeito
das causas e conseqüências de tais contextos e conseqüentemente tentar reverter este quadro,
na busca por meios para desenvolver um ensino/aprendizagem mais eficaz.
Em meio a esse cenário de pesquisas o professor de inglês geralmente é visto como
um profissional que aceita, participa e discute resultados de pesquisas desenvolvidas por
outrem. Entretanto, este tipo tradicional de pesquisa, o qual se desenvolve fora do âmbito de
sala de aula, muitas vezes leva os professores a exercer um papel dependente tão-somente de
teorias. Vale lembrar que nem sempre esse tipo tradicional de pesquisa leva em conta a
importância do contexto específico de cada sala de aula e como conseqüência disso essas
pesquisas podem não produzir o mesmo efeito apontado pelo pesquisador quando postas em
prática pelo professor.
Alvarez (2007) argumenta sobre a pesquisa tradicional conduzida por investigadores
que geralmente não atuam em sala de aula. A autora afirma que estes não abordam questões
específicas presentes no contexto do ensino e que preocupam o professor. Dessa forma o
profissional de ensino sente a necessidade de buscar soluções para seus problemas de forma a
contribuir na produção de conhecimento, a partir da prática crítico-reflexiva que o mesmo
exerce diante de cada contexto.
De acordo com Finholdt e Freitas (2010) cada contexto de sala de aula tem
necessidades e problemas distintos e dessa forma é preciso que o professor de língua inglesa
transforme-se em professor-pesquisador observando a sua prática com o olhar reflexivo e faça
da sala de aula um objeto de investigação a fim de identificar diferentes concepções,
competências e paradigmas que fundamentem a sua docência,e trabalhar de acordo com os
objetivos e necessidades dos alunos.
É neste cenário que a pesquisa-ação surge como algo vital no processo
ensino/aprendizagem de LE em que une a reflexão, teoria e prática por profissionais de
ensino, como afirma Santos (2002):
Conduzir um projeto de pesquisa-ação dentro de uma sala de aula é associar
a reflexão da própria aprendizagem do professor à luz da experiência e
19. 18
conhecimento teórico acumulado ao longo da carreira, à própria prática
cotidiana de sala de aula. (2002, p. 30).
Neste âmbito, o ensino mediado pela pesquisa-ação aparece não somente como
reflexivo e a pesquisa em si, mas também propicia uma ligação entre as teorias estudadas e as
realidades práticas de sala de aula, o que vem possibilitar ao educador trabalhar as reais
necessidades existentes no ambiente da sala de aula de língua inglesa.
A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento
de professores quando estes estão envolvidos no processo de investigação, fazendo com que
os mesmos deixem de ter o papel tradicional de recipiente passivo e consumidor. Dessa
forma, os professores deixam de utilizar os métodos tradicionais ou já consolidados, para
construir sua própria metodologia através da prática em sala de aula, construindo
conhecimentos e descobrindo valores que vem a ajudar cada vez mais no crescimento
educacional.
Em relação ao professor como pesquisador, Homes(1985,apud ALVAREZ, 2007)
ressalta o potencial que todo professor possui para o aprimoramento da própria prática,
através de pesquisa e da busca de resposta para questões que colocam a si mesmos e aos
colegas. A busca por sugestões de problemas oriundos da sala de aula, como afirma Alvarez,
possibilita ao professor a organização e estruturação criteriosa do conhecimento adquirido,
sejam eles provenientes do ensino ou de teorias estudadas, o que possibilita ao mesmo a
conquista de um caráter de confiabilidade cada vez maior.
Tal como o nome implica, a pesquisa-ação visa promover mudanças, assim como a
compreensão no que diz respeito ao desenvolvimento profissional e educativo, já que a
realização dessa pesquisa, como afirma Richardson (2011)dá-se através da aprimoração da
prática pela oscilação sistemática entre o agir na prática educacional e investigar a respeito da
mesma. No decorrer do processo da pesquisa-ação o ato de planejar, implementar, descrever e
avaliar uma mudança para a melhoria da sua prática permite ao profissional de ensino
aprender mais tanto a respeito da sua prática, quanto da própria investigação.
É possível notar que a pesquisa-ação é benéfica tanto para os alunos, no que diz
respeito a um ensino de língua inglesa de qualidade, quanto para o professor no que diz
respeito ao desenvolvimento pessoal e profissional. Demo (2002, p. 16) defende que a
pesquisa é um instrumento essencial para a emancipação: “Pesquisa é processo que deve
aparecer em todo trajeto educativo como princípio educativo que é na base de qualquer
proposta emancipatória.” O autor defende que a pesquisa amplia e reconstrói o conhecimento
20. 19
abrindo a mente a novas idéias e através dos desafios e contornos próprios realizados no seu
decorrer, os professores aos poucos vão conquistando a emancipação, alcançando um bom
desenvolvimento profissional.
Levando em conta queo professor de LI tem um papel fundamental na aprendizagem
do aluno por ser o mediador do conhecimento,este deve ser capaz de identificar e de valorizar
suas próprias competências e habilidades dentro de sua profissão dando sentido e significados
para facilitar a aprendizagem de língua inglesa em sala de aula. Dessa forma a pesquisa surge
como algo indispensável para a formação profissional do educador por possibilitar um
entendimento maior da sua prática bem como fornecer-lhe condições para transformá-la.
É importante lembrar que os resultados obtidos pelo professor pesquisador contribuem
não somente para proporcionar melhorias no processo ensino-aprendizagem como também
possibilita ao mesmo uma maior compreensão da sua prática e conseqüentemente a
possibilidade de discutir a mesma em termos teóricos, possibilitando um melhor
desenvolvimento profissional e educacional, diante da oportunidade de compartilhar os
resultados da pesquisa com profissionais de ensino da mesma área.
2.3 A Importância da capacitação profissional para a realização da pesquisa-ação no
Ensino de LE
A condução da pesquisa-ação implica em uma série de procedimentos a serem
desenvolvidos, os mesmos exigem do pesquisador um conhecimento mais profundo durante a
realização desse método científico. No decorrer da pesquisa-ação é indispensável a construção
do conhecimento sobre o ensino pelo professor, por meio de sua própria reflexão. Esses
pontos são discutidos por Lisita, Rosa e Lipovetsky, (2001) que defendem a formação de
professores pesquisadores que produzam conhecimentos sobre seu próprio trabalho e
discutem o potencial da pesquisa em criar condições que ajudem os docentes a desenvolver
disposição e capacidade para uma prática refletida.
No que diz respeito à relação de pesquisa-ação e formação docente Lisita, Rosa e
Lipovetsky (2001, p. 117) afirmam, “A formação que defendemos neste trabalho é aquela que
cria condições para que os professores investiguem, indaguem questionem e produzam
explicações sobre o ensino como prática social.” As autoras defendem uma formação voltada
para a pesquisa, que condicionem os professores a realização da mesma, desenvolvendo o
senso crítico e a autonomia em relação as suas escolhas e decisões no ambiente de ensino,
marcado pela urgência e pela incerteza.De acordo com as autoras, os professores necessitam
21. 20
assumir posturas reflexivas sobre o ensino como prática social. As autoras defendem a
pesquisa como um meio de produzir a autonomia do professor e não como um mero
procedimento de resoluções de problemas práticos.
Para Contreras (1994, apud LISITA; DALVA; LIPOVETSKY, 2001, p. 119) a
pesquisa pode contribuir no desenvolvimento da autonomia do professor porque ela:
a) Permite articular conhecimento e ação como partes de um mesmo
processo;
b) Tem como sujeitos os próprios implicados na prática que se
investiga, superando a separação entre quem produz o
conhecimento e quem atua como docente;
c) Possibilita modificar a maneira como os professores entendem e
realizam a prática, criando condições para transformá-la;
d) Possibilita questionar a visão instrumental da prática, segundo a
qual é possível a produção de um conhecimento teórico a ser
aplicado pelos professores.
Lisita, Rosa e Lipovetsky apresentam uma posição contrária à divisão entre
pesquisadores e professores de perspectivas acadêmicas que concebem a pesquisa como
atividade do pesquisador e destacam como primordial a realização da pesquisa pelo professor,
assim como Contreras , que integra em um mesmo processo a produção da teoria e a prática
docente. Para as autoras isso implica em incluir nos programas de formação (inicial e
continuada), objetivos e condições para formar professores que produzam conhecimento
acerca do trabalho de modo que o desenvolvimento dessas atitudes e capacidades permita-lhes
construir saberes, articular conhecimentos teóricos e possibilitá-los meios de realização de
pesquisa-ação para que os mesmos possam produzir mudanças no trabalho docente.
A reflexão por parte do professor na condução da pesquisa-ação é indispensável.
Nesse âmbito, Contreras (2007, apud LÜDKE 2001, p. 32) defende que a reflexão seja bem
informada pela teoria quando afirma: “Uma boa formação teórica vai ajudar a conhecer
melhor os problemas e as características da realidade que cerca a sua escola, tanto no âmbito
imediato como no mais amplo.” Segundo o autor, a teoria é fundamental para que o professor
compreenda e ultrapasse perspectivas que limitem o trabalho docente e em vez de aceitar os
problemas existentes na sala de aula como imutáveis, alcance meios para desenvolver
estratégias a fim de transformá-los.
De acordo com Lüdke e necessário o auxílio de referenciais teóricos para o professor,
na condução da pesquisa, diante da complexidade e das incertezas presentes no contexto
educacional. A autora argumenta que a teoria irá muni-lo de elementos necessários que
22. 21
possibilite ao professor pesquisador a compreensão dos fatores que envolvam o problema que
o mesmo pesquisa e o auxiliará a estabelecer uma posição exterior ao objeto em estudo,
permitindo-lhe dessa maneira, a percepção de diferentes perspectivas e propondo questões
para avançar o conhecimento sobre ele.
Almeida Filho (1997 apud ALVAREZ, 2007) defende a presença de um orientador na
condução da pesquisa-ação pelo professor quando este não obteve, na sua formação, a
instrumentalização necessária para a pesquisa. Alvarez afirma ainda que a ausência de um
tutor experiente só aumentaria ainda mais a distância entre a prática pedagógica e o ensino e a
sensação de fracasso pelo professor diante de uma tarefa cuja sistematização o mesmo não
domina, acarretando a não realização da pesquisa-ação. Segundo a autora, essa idéia contradiz
um pouco com os aspectos teóricos de Sagor (1992), Nunan (1991) e Crookes (1993) que
afirrmam que a pesquisa-ação deve ser realizada pelo professor sem o auxílio de um
pesquisador externo, ou seja, de uma base teórica, por destituir o caráter de emancipação do
professor.
No que diz respeito à implementação de pesquisa nos cursos de formação docente
Lüdke questiona o papel da Universidade enquanto formadores de professores pesquisadores
quando afirma: “Como levar esses professores (...) a assumirem sua responsabilidade e sua
competência para fazer pesquisa, se a própria representação de pesquisa que os orienta os
inibe, os impedem de se proporem como tais?” (2001, p. 41).Segundo Lüdke o professor que
não dispor de formação e prática de pesquisa terá menos recurso para questionar devidamente
sua pratica e todo o contexto geral no qual ela se insere.
A visão de que a capacitação do professor para a condução da pesquisa-ação
éindispensável é apresentada por Lüdke(2001) por dois ângulos. O primeiro diz respeito ao
domínio da teoria pelo professor pesquisador, em que ele vai se familiarizar com as questões
básicas pertinentes ao objeto de estudo, fornecendo-lhe uma visão de diferentes perspectivas a
respeito de tais fenômenos. O segundo ângulo está voltado ao campo da metodologia que é a
responsável por fornecer ao professor os procedimentos a serem percorridos durante o trajeto
da pesquisa-ação, munindo-lhe de recursos que o permitirá escolher os caminhos apropriados
para enfrentar o desafio de construir conhecimento a respeito dos fenômenos estudados.
O sucesso da realização da pesquisa-ação vai depender do modo que a mesma é
conduzida. Desse modo é importante que os cursos de formação capacitem professores para a
realização desse método científico que tem dentre outros objetivos um importante papel, o de
despertar nos professores o papel social de agente transformador e produtor de
conhecimentos.
23. 22
3 METODOLOGIA
Esse trabalho se desenvolve a partir da pesquisa de campo e bibliográfica A pesquisa
de campo foi desenvolvida com a finalidade de obter informações acerca do grau de
conhecimento da pesquisa-ação pelos professores de língua inglesa de escolas públicas, bem
como a sua aplicabilidade pelos mesmos para a resolução de problemas em sala de aula.
Buscou-se também conhecer a contribuição, ou não da formação destes professores para a
solução de fenômenos que venham interferir no processo ensino-aprendizagem de LI.
De acordo com Marconi e Lakatos (2005):
Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou,
ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (2005, p.188)
A escolha dessa pesquisa se justifica por a mesma se apresentar mais propícia para o
desenvolvimento do trabalho, pois vem auxiliar na obtenção de informações precisas sobre o
objeto de estudo.
É importante salientar que inicialmente foi desenvolvida a pesquisa bibliográfica com
teóricos indispensáveis para o desenvolvimento do trabalho. As teorias estudadas possibilitou
um conhecimento mais amplo acerca da pesquisa-ação, levando em conta que os trabalhos e
teorias desenvolvidos a respeito desse tema ainda é escasso, principalmente no que diz
respeito à sua utilização na área de língua inglesa. No entanto, as teorias que serviram de base
para o presente trabalho forneceram informações suficientes para o desenvolvimento do
mesmo.
Como instrumento de coleta de dados foi escolhido o questionário. As perguntas nele
desenvolvidas foram construídas com a finalidade de obter informações suficientes referentes
ao ensino-aprendizagem de Língua inglesa e a atitude dos professores em sala de aula quando
estes se deparam com fenômenos que venham interferir no sucesso da aprendizagem dos seus
alunos e também a contribuição da formação desses professores para a resolução de
problemas em sala de aula.
O questionário é constituído por 14 perguntas, as mesmas se subdividem em objetivas
e subjetivas. Sendo assim, trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa e qualitativa
que se justifica pela tentativa de obter informações satisfatórias para o bom desenvolvimento
da análise de dados e conseqüentemente o conhecimento mais amplo à respeito da pesquisa-
ação na sala de aula por professores de língua inglesa de escolas públicas.
24. 23
3.1 Sujeitos e lócus da Pesquisa
Anteriormente a distribuição dos questionários, foi feita a visitação em três instituições
públicas de ensino no município de alente - Bahia, uma delas pertencente à rede municipal e
as demais à rede estadual. Essa visita foi feita com a finalidade de conhecer os professores
que ensinavam a disciplina de Língua Inglesa e que tivessem formação nessa área. Dessa
forma, após obter as informações necessárias, foi feito o primeiro contato com os professores.
Para a investigação, foram escolhidos cinco professores de língua inglesa das escolas
visitadas. Dentre eles, quatro ensinam em escolas estaduais e somente um pertence à rede
municipal de ensino.
Quanto ao nível de formação dos referidos professores, dois são graduados e três
possuem a pós-graduação. No que se refere ao tempo de formação docente, dois professores
possuem de 4 à 8 anos de formação, os demais têm entre 10 à 15 anos de formados. E o tempo
que os mesmos ensinam variam entre 10 à 17 anos.
Os professores não hesitaram em responder os questionários, que foram entregues a
eles com a combinação de que os mesmos seriam recolhidos após dois dias. Essa iniciativa foi
tomada para que os professores ficassem mais a vontade para respondê-los.
Visando alcançar um melhor desenvolvimento da análise, as questões serão analisadas
individualmente. Para as questões de abordagem qualitativa será feita a interpretação das
respostas de cada professor e a partir das similaridades encontradas será feita a amostragem
das respostas interpretadas, em alguns momentos serão utilizadas respostas dos professores
para melhor exemplificação dos resultados. Já nas questões de abordagem quantitativa, para
que os dados sejam visualizados de forma clara e precisa a apresentação dos mesmos será
feita em forma de gráficos, com exceção das questões em que o resultado apresentar
unanimidade.
25. 24
4 ANÁLISE DE DADOS
A pesquisa desenvolvida forneceu dados satisfatórios quepossibilitou aprofundar o
conhecimento e fazer uma interpretação a respeito da realidade do ensino/aprendizagem de
Língua Inglesa em escolas públicas e a relação entre Universidade e professor, no que se
refere a formação de professor pesquisador e a atuação do mesmo em sala de aula, para o
alcance de um ensino/aprendizagem de Língua Inglesa mais eficaz.
Visando alcançar uma melhor interpretação dos questionários, será feita a análise de
cada questão separadamente e em alguns momentos serão utilizadas respostas de alguns
professores para uma melhor exemplificação da análise.
A primeira questão a ser analisada diz respeito à existência ou não de problemas em
sala de aula, esta se desenvolve da seguinte maneira: “Você se depara com
fenômenos/problemas em sala de aula que vem interferir no sucesso do ensino/aprendizagem
de seus alunos?”. Tendo como opções Sim e Não, todos os professores assinalaram Sim. Esta
unanimidade de respostas vem ilustrar a realidade de ensino/aprendizagem de Língua Inglesa
em escolas públicas, que atualmente se depara com inúmeros problemas e que prejudica o
bom desenvolvimento do ensino/aprendizagem de LI.
Oliveira (2009) ressalta alguns problemas que fazem parte da realidade do ensino-
aprendizagem de língua inglesa em escolas públicas, como é o caso das salas de aula
superlotadas que vem dificultar o trabalho de gerenciamento e monitoração pelos professores,
a carga horária correspondente a essa disciplina que Oliveira considera como insuficiente para
o desenvolvimento de uma boa aprendizagem, a falta de recursos físicos, como por exemplo
equipamentos audiovisuais e livros didáticos adequados que são necessários para a condução
adequada de aulas de línguas estrangeiras. Além desses problemas que Oliveira se refere é
importante levar em conta também os problemas sociais presentes em sala de aula e que os
professoresgeralmente se deparam, que é o caso da indisciplina dos alunos e o desinteresse
dos mesmos pela disciplina de língua inglesa.
Estes problemas e muitas outras situações imprevistas que podem surgir no ambiente
em sala de aula só vêm interferir no bom desenvolvimento do ensino-aprendizagem de inglês.
Este é um quadro evidente e que os professores já estão cientes, prova disso é o resultado
unânime da primeira questão analisada.
Na questão subseqüente que tem como pergunta “Se você marcou sim, qual o grau de
ocorrência?” podemos constatar as respostas no gráfico abaixo:
26. 25
Gráfico 1:Grau de ocorrência de problemas na sala de LI
Como podemos observar no gráfico acima, os graus de ocorrência assinalados pelos
professores vão de Baixo à Alto, enquanto que no grau de ocorrência Muito Alto não houve
nenhuma constatação. Esses dados vêm evidenciar a resposta da questão anterior, lembrando
que todos afirmaram ter problemas em sala de aula e também vem mostrar que esses
problemas não são tão irrelevantes, já que 40% correspondem ao grau de ocorrência baixo, e
que a maior parte, 60%, ficou destinada aos graus médio e alto, e conseqüentemente podemos
também verificar a interferência desses problemas no desenvolvimento do
ensino/aprendizagem de LI, resultante da ocorrência de tais fenômenos.
Na questão seguinte, tendo como objetivo averiguar a atitude desses professores diante
de tais problemas foi questionado, “Você tenta solucionar os problemas existentes em sala de
aula?”. Dentre as alternativas Sim e Não, todos os professores assinalaram a opção Sim. Os
resultados alcançados nessa questão torna ainda mais evidente o que Alvarez (2007) salienta
em relação à aceitação do paradigma qualitativo inerente ao processo ensino-aprendizagem
por parte dos professores. Segundo a autora, é a preocupação por uma melhoria na qualidade
de ensino que leva os professores a irem mais a fundo na tentativa de alcançar um
ensino/aprendizagem de qualidade e direcioná-los à condução da pesquisa-ação, essa
iniciativa é tida por Alvarez como indispensável, pois é o que os impulsionam no
desenvolvimento dessa pesquisa.
Seqüencialmente, em resposta à pergunta: “Se você marcou sim, qual o procedimento
você utiliza?”, os professores apresentaram alguns procedimentos que pela similaridade dos
resultados foram divididos em duas categorias. Dentre estas, a primeira, que engloba o maior
número de respostas, sendo o total de quatro, na tentativa de solucionar os problemas
existentes em sala de aula utiliza como procedimentos a revisão do planejamento e a adoção
27. 26
de novas técnicas. Já a segunda categoria, que corresponde somente a uma resposta, utiliza
como procedimentos a busca de informações por meio de pesquisas e a orientação aos alunos
sempre que for necessário.
Dentre as respostas da primeira categoria pode-se observar a tentativa de resolução de
um problema realizada em conjunto. É o que pode ser comprovado na resposta a seguir: “Um
dos problemas é a inexistência do livro didático. Para solucionar este problema elaboramos
um módulo de acordo com a realidade do aluno.” Quando o professor cita a palavra
“elaboramos” deixa transparecer que a tentativa de resolução deste problema não foi
individual e sim em conjunto e que também se trata de uma necessidade similar detectada por
professores e que na tentativa de solucionar determinado problema este professor, juntamente
com outros elaboraram um módulo de Língua Inglesa.
Segundo Harmer (2007) o encontro de professores, que se reúnem para trocar
experiências da prática da sala de aula, bem como suas inquietações e problemas enfrentados
no ensino e suas possíveis soluções recebe o nome de desenvolvimento colaborativo e tem
como objetivo alcançar melhorias no desenvolvimento profissional e no ensino-
aprendizagem.
A inexistência do livro didático de Língua Inglesa não é um problema irrelevante,
trata-se de um problema que afeta muitas escolas públicas no Brasil, o que vem interferir no
desenvolvimento do ensino-aprendizagem, já que o aluno não dispõe de material didático. No
entanto, quando se trata de professores comprometidos com a aprendizagem do aluno, os
problemas existentes não são mais do que obstáculos a serem vencidos na tentativa de facilitar
o ensino de língua inglesa em sala de aula e conseqüentemente obter sucesso na aprendizagem
dos alunos.
De acordo com as autoras Lisita, Rosa e Lipovetsky (2001) o ambiente de ensino é
marcado pela urgência e pela incerteza o que requer cada vez mais uma formação docente que
crie condições e preparem os professores para as incertezas e problemas que podem surgir no
ambiente da sala de aula. Dessa forma, com objetivo averiguar se tais professores, durante a
formação docente, foram preparados a lidar com determinadas situações que podem vir a
interferir o desenvolvimento de ensino/aprendizagem de Língua Inglesa foi questionado:
“Durante a sua formação você foi preparado a lidar com os problemas/fenômenos que
existem em sala de aula e que podem interferir no sucesso do processo ensino-
aprendizagem?”. Podemos observar o resultado dessa questão no gráfico a seguir:
28. 27
Gráfico 2:Preparação durante a formação docente para lidar com os problemas existentes em sala de
aula
Como ficou demonstrado no gráfico acima, a maioria dos professores, 80%,
afirmaram que foram preparados durante a formação docente a lidar com os problemas que
podem surgir no ambiente de sala de aula, somente 20 % afirmou não receber essa preparação
durante a sua formação.
Para os professores que assinalaram Sim, foi pedido para especificar como foi
realizada tal preparação. E dentre as respostas foram citados cursos de capacitação, estágio em
sala de aula, e estudos de metodologias. No entanto uma professora afirmou que somente veio
aprender a lidar com alguns problemas através da prática em sala de aula, como podemos
observar na fala a seguir: “Poucos trabalhos foram realizados durante a minha formação
acadêmica. Através da prática de sala de aula, estou aprendendo a solucionar alguns
problemas”.
Segundo Finholdte Freitas (2010) cada contexto de sala de aula tem necessidades e
problemas distintos, dessa forma, os autores defendem que o professor de língua inglesa
transforme-se em professor-pesquisador e que trabalhe de acordo com os objetivos e
necessidades dos alunos. Cada problema ou situação a ser estudados pelo professor pode ser
algo novo e conseqüentemente complexo de ser solucionado, cabendo a ele se esforçar para
encontrar os meios com as devidas soluções. Dessa forma é através da prática em sala de aula
que o professor conquista conhecimentos de como lidar e conseqüentemente solucionar
determinados problemas existentes em sala de aula.
A próxima questão a ser analisada tem como pergunta: “Você acha importante e/ou
necessário que as Universidades preparem professores pesquisadores a fim de pesquisar e
tentar solucionar os problemas existentes em sala de aula? Por quê?”. Em resposta a essa
questão todos os professores afirmaram que acham importanteque as Universidades preparem
professores pesquisadores.
29. 28
As explicações apresentadas pelos professores foram divididas em duas categorias por
apresentarem similaridades. A primeira categoria, que corresponde a três respostas, sendo,
portanto a maioria, afirma que através da pesquisa o educador encontra elementos necessários
para inovar suas práticas em sala de aula, bem como encontrar possibilidades para enfrentar as
situações-problemas. A segunda categoria, que engloba somente duas respostas afirma que a
preparação de professores pesquisadores pelas Universidades é importante para que os
mesmos saibam lidar com as situações imprevistas do ensino.
Dentre as respostas apresentadas pelos professores, uma delas expressa que muitos são
os professores que desenvolvem pesquisas, no entanto à fazem de forma despercebida. É o
que podemos observar na seguinte fala: “Embora muitos professores já desempenhem esse
papel de “pesquisador”, mas de forma despercebida, acredito que estudos mais elaborados só
colaboram para a solução dos problemas que enfrentamos diariamente. Através do
desenvolvimento de diversas habilidades e da aplicação de diferentes estratégias de ensino,
poderemos encontrar possibilidades para enfrentarmos essas situações-problemas.”
A partir das opiniões expressas pelos professores a essa questão, é possível observar
que os mesmos vêem a capacitação de professores pesquisadores pelas Universidades como
um meio de alcançar uma melhor qualidade de ensino de LI que se dá por meio de tentativas a
fim de solucionar os problemas que interferem o ensino/aprendizagem e conseqüentemente
inovar a prática em sala de aula.
A próxima questão à ser analisada se desenvolve da seguinte forma: “Durante a sua
formação você foi preparado (a) para ser um professor pesquisador?” Tendo como
alternativas Sim e Não podemos observar o resultado no gráfico abaixo:
Gráfico 3: Preparação para ser uma professor pesquisador durante a formação docente
30. 29
Como podemos observar no gráfico acima, a maioria dos professores, 80%, afirmaram
ter recebido preparação durante a formação docente para ser um professor pesquisador,
enquanto que somente 20% afirmaram não ter essa preparação. Tal resultado pode ser
avaliado como positivo, se essa capacitação forneceu os subsídios necessários ao
professorpara a condução de pesquisas, para estudar e entender fenômenos decorrentes do
ensino/aprendizagem e conseqüentemente em sua resolução.
O objeto de estudo do presente trabalho é a pesquisa-ação, sendo assim, para saber
qual o grau de conhecimento e uso da mesma por parte dos professores de língua inglesa
entrevistados foi desenvolvida a seguinte pergunta: “Dentre as inúmeras pesquisas que tem
como fim pesquisar e solucionar problemas existentes em sala de aula encontra-se a
pesquisa-ação. Você a conhece? O que sabe sobre essa pesquisa?” O resultado do grau de
conhecimento da pesquisaencontra-se no gráfico a seguir:
Gráfico 4: Conhecimento da pesquisa-ação
No gráfico acima ficou demonstrado que o conhecimento da pesquisa-ação pelos
professores entrevistados é representado pela minoria. Apenas 20% dos professores conhecem
essa pesquisa, enquanto que 80%ainda não a conhecem. Isso torna ainda mais evidente a
necessidade de adesão das Universidades a esse método científico voltado para professores,
levando em conta que o mesmo fornece os elementos que o professor precisa para a condução
de uma pesquisa em sala de aula.
Lüdke (2001) defende a capacitação da pesquisa-ação aos professores por esta
fornecer recursos que segundo a autora são classificados em dois ângulos indispensáveis: O
primeiro refere-se ao domínio da teoria pelo professor pesquisador para a familiarização com
o objeto de estudo, por meio de uma visão de diferentes perspectivas a respeito de tais
31. 30
fenômenos. O segundo ângulo diz respeito ao campo da metodologia que vem fornecer os
procedimentos necessários da pesquisa-ação, munindo-lhe de recursos que o permitirá
escolher os caminhos apropriados no decorrer da pesquisa.
Ao professor que afirmou conhecer a pesquisa-ação foi pedido para explicar o que
sabe sobre a mesma, dessa forma, o professor que confirmou conhecê-la apresentou o
seguinte argumento: “Entendo que é um método de pesquisa que se preocupa em corrigir ou
solucionar os erros e problemas detectados dando feedback aos participantes.” O professor
afirmou que conheceu a pesquisa-ação através de atividades em grupo com educação popular.
Em seguida é questionado ao mesmo professor: “Você utiliza-a para a resolução de
problemas em sala de aula?”. Tendo como alternativas Sim e Não, o professor assinalou
Não.
Através desses dados é possível considerar que ainda são muitos os professores que
tem o papel tradicional de recipiente passivo e que somente fazem uso de teorias resultadas de
pesquisas tradicionais, geralmente desenvolvidas por pesquisadores que nem sempre atuam na
área de ensino . Homes (1987, apud Alvarez 2007) argumenta sobre o papel tradicional do
professor como consumidor com relação à pesquisa e ressalta o potencial que este possui para
aprimorar a própria prática através da pesquisa e da busca de resposta para questões que
colocam a si mesmo e aos colegas.
A próxima questão a ser analisada também se refere a pesquisa-ação, no entanto é
destinada somente aqueles que afirmaram não conhecê-la, a pergunta se desenvolve da
seguinte forma: “Se você marcou não, tem interesse em conhecê-la e aplicar? Por quê?”.
Todos os professores assinalaram Sim e a partir das explicações apresentadas foi possível
observarque eles visam o desenvolvimento educacional através da utilização da pesquisa-ação
para a resolução de problemas em sala de aula, no entanto reconhecem que muitos casos são
difíceis de solucionar. É o que podemos verificar na seguinte fala: “Em muitos casos
conseguimos apontar os fatores que influenciam de forma negativa para a nossa prática, mas
muitos problemas são difíceis de solucionar. Acho que nos ajudará bastante, pois são muitas
as dificuldades que enfrentamos.”
O que pode vir a explicar tal incredibilidade na resolução de problemas existentes em
sala de aula pode ser justamente a ausência de preparação adequada, bem como o interesse do
próprio professor para o desenvolvimento da pesquisa-ação. Alvarez (2007) ressalta a
importância da capacitação para a realização dos primeiros passos na condução da pesquisa-
ação:
32. 31
A necessidade dessa formação parece inquestionável, pois ela proporcionará
ao professor os primeiros passos na aquisição de segurança e auto confiança
necessárias para que ele sinta que é capaz de produzir conhecimento e alterar
de maneira positiva a sua formação e a qualidade de seu trabalho.
(ALVAREZ, 2007, p.246)
A mesma incredibilidade evidenciada na questão anterior com relação à solução de
problemas em sala de aula pelos professores é observada na ultima pergunta do questionário
que se apresenta a seguir: “O que acham da parceria escolas e universidades para tentar
solucionar problemas em conjunto?”. Ao analisar as respostas, é possível observar que todos
os professores vêem a parceria de escolas e universidades como um ponto muito positivo para
um melhor desenvolvimento do ensino/aprendizagem de LI, no entanto, percebe-se que
alguns vêem o sucesso das tentativas para obter um ensino-aprendizagem mais eficaz como
algo muito longe de se alcançar, como podemos observar na fala de uma professora: “A
parceria facilita bastante na tentativa de resolver problemas existentes na sala de aula. Mas
acredito que esteja longe de resolver os problemas pois são vários fatores conflitantes que
interferem para o sucesso do ensino-aprendizagem.”
Outra professora se mostra bastante realista com relação a esse aspecto, é o que se
pode constatar em sua resposta: “Concordo com a proposta, porém sabemos que é um
trabalho que requer bastante dedicação, motivação e tempo, pois muitos problemas são
detectados, mas poucas ações são realizadas por falta de muitos fatores.”
De fato, são muitos os fatores que estão interligados para a melhoria e o sucesso do
ensino-aprendizagem de língua inglesa. Percebe-se que muitos professores visam uma
melhoria educacional, entretanto, são poucos os que tomam uma iniciativa mais profunda para
se alcançar tal melhoria. É necessário que estes não somente visem, mas que estejam
realmente comprometidos na busca por uma melhor qualidade de ensino-aprendizagem.
Alvarez (2007) ressalta o que leva o professor a tomar a iniciativa de conduzir a pesquisa-
ação:
O processo de pesquisa-ação sempre se iniciará a partir de uma atitude do
professor de querer compreender fenômenos que o inquietam em sua prática,
e uma atitude de contribuir para uma melhora significativa de sua atuação e
da aprendizagem de seus alunos. Essa atitude de inquietação é que
normalmente direcionará o professor em busca de interação que pode ser
com colegas da área, com outros pesquisadores (preferencialmente os que
desenvolve pesquisa-ação) ou com pesquisas relacionadas à prática. (2007,
p.243)
Sendo assim, é necessário que os professores tenham um maior comprometimento
com os seus alunos e a partir da existência de fenômenos em sala de aula que venham
33. 32
interferir o ensino-aprendizagem, estes possam confiar no seu potencial e ir mais afundo na
tentativa de compreender tais fenômenos a fim de propor mudanças para o alcance de um
ensino-aprendizagem mais eficaz e conseqüentemente o crescimento educacional.
Através dos resultados alcançados, é possível caracterizar o modo como os professores
agem na tentativa de solucionar os problemas com que se deparam em sala de aula como algo
empírico. Pôde-se observar que a forma com que os professores lidam com determinados
problemas é resultada de experiências adquiridas ao longo do tempo em que ensinam. Essa
iniciativa pela busca de um ensino-aprendizagem de qualidade por esses professores pode ser
considerada como muito positiva tanto para os alunos que podem desfrutar de um ensino
melhor a partir do que lhe é oferecido em uma escola pública quanto para o professor que só
tem a crescer profissionalmente a partir das experiências alcançadas.
Foi possível observar também em alguns momentos um certo conformismo por parte
de alguns professores no que diz respeito à tentativa de solucionar os problemas existentes em
sala de aula. De fato são muitos os problemas existentes e alguns deles vão além da sala de
aula, mas é preciso reconhecer que em meio à realidade atual do ensino em escolas públicas
se faz necessário um maior envolvimento dos professores e da própria escola na tentativa por
um ensino-aprendizagem de qualidade.
34. 33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi realizado de forma satisfatória e pode ser considerado como
bastante significativo, pois através deste, foi possível obter maiores informações a respeito do
conhecimento da pesquisa-ação pelos professores de língua inglesa de escolas públicas e a
utilização da mesma para a resolução de fenômenos que possam interferir no bom
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
É importante levar em conta também a pesquisa bibliográfica que favoreceu um
conhecimento mais profundo da pesquisa-ação sob a perspectiva de alguns teóricos, bem
como a sua forma de condução que apresenta as etapas desse método científico e os
procedimentos específicos a cada uma delas. Através da fundamentação teórica é possível
também conhecer os benefícios que esta pesquisa traz para o ensino-aprendizagem de LI e a
importância da formação docente para a contribuição do desenvolvimento da pesquisa-ação.
Através das entrevistas foi possível conhecer um pouco mais da realidade do ensino de
inglês em escolas públicas, que se depara com muitos fatores que interferem no alcance de um
ensino-aprendizagem de qualidade. A partir dessa observação é importante considerar a
necessidade de professores que busquem ir além da transmissão de conhecimentos. Necessita-
se de professores que investiguem e reflitam sua prática pedagógica constantemente, que ajam
de forma autônoma e que confiem no seu potenciala fim de propor mudanças, possibilitando
um ensino mais significativo aos seus alunos e conseqüentemente obter o sucesso na
aprendizagem dos mesmos.
Notou-se também que além do compromisso que os professores precisam exercer com
a aprendizagem dos alunos se faz necessário também um maior envolvimento da escola em
geral no que diz respeito a tomar iniciativas para lidar com a existência de fatores que venham
intervir no crescimento educacional.
Outro fato importante observado foi que quase todos os professores entrevistados não
ter conhecimento da pesquisa-ação e por esta razão não a utiliza na resolução de problemas
existentes em sala de aula, esta que se mostra mais apropriada e fundamental parao processo
de ensino-aprendizagem, por ter a sala de aula como objeto de estudo e o professor como
pesquisador. No entanto, notou-se que ao se deparar com problemas em sala de aula
osprofessores tentam solucioná-los de um modo empírico, ou seja, através de suas crenças do
que seriam apropriados para o desenvolvimento dos alunos, não em pesquisas e estudos
científicos que auxiliem na mudança. Tais fatos, como o não conhecimento da pesquisa-ação
e as tentativas para solucionar os problemas de modo empírico permite considerar que estes
35. 34
professores não receberam a capacitação adequada durante a formação docente para lidar com
tais problemas e também não tem conhecimento das novas metodologias em busca de
soluções de problemas, de modo a impedir que estes venham interferir no desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, se faz necessário a adesão a pesquisa-ação na
formação docente pelas Universidades, pois além de se mostrar mais favorável, esta traz
benefícios e mudanças que a escola pública tanto precisa.
36. 35
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38. 37
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Departamento de Educação Campus XIV – Conceição do Coité
Curso: Letras com Habilitação em Língua Inglesa – 2008.1
Questionário
1. Qual o seu nível de formação? E quantos anos de formação em língua inglesa você tem?
( ) Graduado ( ) Pós graduado ( ) Mestrado ( ) Doutorado
___________________________________________________________________________
2. Há quanto tempo você ensina a disciplina de língua inglesa?
___________________________________________________________________________
3. Você se depara com fenômenos/problemas em sala de aula que vêm interferir no sucesso
do ensino/aprendizagem de seus alunos?
( ) Sim ( ) Não
4. Se você marcou sim, qual o grau de ocorrência?
( )baixo ( ) médio ( ) alto ( ) muito alto
5. Você tenta solucionar os problemas existentes em sala de aula?
( ) Sim ( ) Não
6. Se você marcou sim qual procedimento você utiliza?
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7. Durante a sua formação você foi preparado a lidar com os fenômenos/problemas que
existem em sala de aula e que podem interferir no sucesso do processo ensino/aprendizagem?
( ) Sim. Como?
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( ) Não
39. 38
8. Você acha importante e/ou necessário que as Universidades preparem professores
pesquisadores a fim de pesquisar e tentar solucionar os problemas existentes em sala de aula?
Por quê?
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9. Durante a sua formação você foi preparado (a) para ser um professor pesquisador?
( ) Sim ( ) Não
10. Dentre as inúmeras pesquisas que tem como fim pesquisar e solucionar problemas
existentes em sala de aula encontra-se a pesquisa-ação. Você a conhece? O que sabe sobre
essa pesquisa?
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* Somente responda as questões 11 e 12 se você assinalou sim na questão 10.
11. Como a conheceu.
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12. Você utiliza-a para a resolução de problemas em sala de aula?
( ) sim ( ) não
13. Se você marcou não tem interesse em conhecê-la e aplicar? Por quê?
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14. O que acham da parceria escolas e universidades para tentar solucionar problemas em
conjunto?
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