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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA
                      Departamento de Educação- campus XIV
     Colegiado de Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas - Licenciatura




                MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES




 O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA
                       NAS ESCOLAS ESTADUAIS




                               Conceição do Coité
                                        2011
MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES




 O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA
              NAS ESCOLAS ESTADUAIS




                  Monografia apresentada ao Departamento de Educação da
                  Universidade do Estado da Bahia (UNEB), curso de Letras
                  com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura-
                  Licenciatura como parte do processo avaliativo para
                  obtenção do grau de Licenciado em Letras.


                  Orientadora: Profa. Juréia Ferreira da Silva.




                  Conceição do Coité
                           2011
TERMO DE APROVAÇÃO




                            MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES


Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciatura em Letras
com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas – Licenciatura, Departamento de
Educação, (DEDC) Campus XIV Conceição do Coité, Universidade do Estado da Bahia,
(UNEB), pela seguinte banca examinadora.




       O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA
     PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS
                           ESTADUAIS




            ----------------------------------------------------------------------------------
                            Professora Jureia Maria Ferreira da Silva
                                 Universidade do Estado da Bahia
                                              Orientadora


           --------------------------------------------------------------------------------------
                                            Examinadora (1)



        --------------------------------------------------------------------------------------------
                                             Examinadora (2)




                                 Aprovado em------- / ----------2011
AGRADECIMENTOS



A Deus, primeiramente, por ter me dado coragem, força e saúde para chegar até aqui.


Aos colegas de curso pelos momentos que compartilhamos.


À minha família, pelo apoio e paciência, em especial, as minhas filhas Maryelle, Rayssa e
meu esposo Roque, por terem contribuído de maneira gratificante durante essa jornada que
não foi fácil, porém significativa e desafiadora.


Ao meu cunhado Marcelo e a minha querida amiga Jusci pelo estímulo e por acreditarem que
eu era capaz, meu carinho e gratidão.


À minha orientadora Juréia Ferreira, educadora responsável, consciente, meu sincero obrigado
pelo apoio, confiança, dedicação, ajuda e paciência.


Aos professores da UNEB pelas sábias contribuições, necessárias para meu conhecimento
tanto pessoal quanto intelectual.


À minha mãe, que não teve oportunidade de estudar, porém nunca deixou de acreditar que o
estudo é o melhor caminho para um futuro promissor, valeu o incentivo e a força.


Aos professores e alunos envolvidos no projeto FACE por terem proporcionados momentos
de alegria e prazer - obrigado pela atenção!


Aos meus amigos e colegas de trabalho que contribuíram de alguma forma para enfrentar essa
jornada.
"Sem a música, a vida seria um erro”.
                (Friedrich Nietzsche)
RESUMO


       O presente trabalho traz como temática central “Música e o ensino de Língua
Materna”. Foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo sobre o projeto Festival Anual
da Canção Estudantil (FACE), tendo como envolvidos: educadores e alunos do colégio
estadual Coronel José Leitão, situado no município de Santa Luz. O objetivo principal da
pesquisa é estudar a contribuição da música como recurso lúdico nas aulas de Língua
Portuguesa e analisar de que forma essa influencia na aprendizagem do aluno. Para tanto se
utilizou da abordagem qualitativa, coletando dados através da observação não- participante,
de questionário de entrevista, de análise documental e de pesquisa bibliográfica na busca de
elucidar melhor as questões abordadas. Todo o estudo foi fundamentado em concepções
teóricas embasadas nos autores: Penna (2010), Bakthin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro
(2008), Luckesi (2004), entre outros. Os resultados revelam que o projeto FACE possibilita
abordagem significativa de leitura e escrita e através de um enfoque lúdico, proporciona uma
dinâmica prazerosa, pois envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação.


Palavras-chave: Música. Ludicidade. Leitura
ABSTRACT


       The present work brings as central theme "Music and the teaching of Mother Tongue.
„It was developed from a field research project on the annual Festival of Song Student
(FACE), as having involved: teachers and students of Coronel José Leitão state college,
located in Santa Luz. The main objective is to study the contribution of music as a
recreational resource in the classes of Portuguese Language and examine how this influences
student learning. For this we used a qualitative approach, collecting data through non-
participant observation, questionnaire interviews, document analysis and literature in search
of further elucidate the issues. The whole study was based on theoretical conceptions
grounded in the authors: Penna (2010), Bakhtin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro (2008),
LuckesiI (2004), among others. The results reveal that the FACE project approach enables
significant reading and writing and through a playful approach, provides a dynamic pleasure,
because it involves the student and encourages the creation and imagination.


Key words: Song. Playfulness. Reading.
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO .................................................................................................. 08


CAPÍTULO 1– APORTE TEÓRICO

     O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto
  FACE – uma experiência nas escolas estaduais .............................................. 10

1.1      O gênero canção e a poesia em destaque .................................................. 10
1.2       O valor da música e a ludicidade ............................................................. 15
1.3       Ensino de língua portuguesa: uma nova perspectiva ............................... 20
1.4      Projeto FACE: Uma experiência nas escolas estaduais da Bahia ............. 23
1.4.1     A dinâmica do projeto .............................................................................. 24


CAPÍTULO 2– APORTE METODOLÓGICO

2.1        A abordagem da pesquisa ........................................................................ 27
2.2        As técnicas de coleta de dados ................................................................ 28
2.3        O lócus e os sujeitos da pesquisa ............................................................ 29



CAPÍTULO 3– ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO
OS RESULTADOS............................................................................................. 31


3.1     O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem .....................................31
3.2     O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua
        Portuguesa ...................................................................................................33
3.3     A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem
        significativa de leitura e escrita .................................................... ............. 36


CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................39

REFERÊNCIAS                                                                                                         41

ANEXOS
8



INTRODUÇÃO


         A presente pesquisa intitulada “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua
Portuguesa: Projeto FACE - uma Experiência nas Escolas Estaduais” nasce de uma
inquietação acerca do desinteresse dos alunos da Educação Básica pelas aulas de língua
materna cujo ensino mostra-se descontextualizado, apresentando uma teoria gramatical
inconsistente.

         A música se faz presente em todos os lugares, na vida dos seres humanos na maioria
das vezes como prática de lazer e diversão provocando euforia, prazer e descontração. Nesse
contexto, assume importante papel na formação do indivíduo e a escola enquanto espaço
norteador do conhecimento precisa ressignificar o ensino, utilizando-se de metodologias
diferenciadas transformando o espaço escolar e um lugar agradável e instigante. Nesse
sentido, este estudo monográfico traz como objetivo geral analisar de que forma a música
contribui para o ensino de língua materna possibilitando o aluno ver as aulas com outros
olhos.

         Em face do exposto têm-se as questões que nortearam o trabalho: Como o lúdico da
música dinamiza a aprendizagem? Que sentidos os sujeitos atribuem à música nas atividades
de leitura e escrita? De que forma a música pode contribuir para o ensino de Língua
Portuguesa significativo e prazeroso para o educando?

         Dentre as hipóteses levantadas acerca do objeto de pesquisa, destacam-se: é provável
que as aulas de Língua Portuguesa com a música se tornem significativas e estimulantes para
o educando; que o trabalho com música pode desenvolver no aluno a oralidade e a
criatividade.

         A fim de melhor discorrer sobre esta temática, foi necessária uma pesquisa
bibliográfica, buscando a fundamentação teórica nas idéias de alguns autores, entre eles
destacam-se: Penna (2010) traz a contribuição sobre o ensino da música na educação básica;
Bakthin (1997), sobre os gêneros dos discursos; Marcuschi (2007) conceitua gêneros textuais
apontando sua significância; Luckesi (2004), destaca a importância da ludicidade para a
formação do individuo; Geraldi (2002), aborda a importância do texto na sala de aula, Bastian
(2009), traz novas perspectivas para o ensino através da música; Loureiro (2008), discorre
sobre o sentido e o significado da educação musical.
9



       Assim, para a coleta e análise de dados, é apresentada a pesquisa de campo com
professores e alunos envolvidos no projeto Festival Anual da Canção Estudantil (FACE) no
Colégio Estadual Coronel José Leitão na cidade de Santa Luz. É importante ressaltar as
análises desenvolvidas através do projeto. O FACE - criado pela Secretaria de Educação do
Estado da Bahia para atender melhor aos alunos da Educação Básica. A pesquisa em questão
está orientada pela metodologia da pesquisa qualitativa e os dados coletados pelas técnicas de
observação não-participante e questionário para professores e alunos.

       Portanto, este trabalho monográfico está subdividido em três capítulos, sendo o
primeiro intitulado: “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua Portuguesa:
Projeto FACE- uma Experiência nas Escolas Estaduais” apresentando conceitos referentes
à temática sob diferentes olhares dos estudiosos. O segundo, aporte metodológico, descreve
todo o percurso até chegar aos resultados obtidos. O terceiro capítulo: a análise dos dados
argumenta-se sobre os fenômenos revelados, em consonância com as concepções teóricas que
fundamentam o estudo.
10




                           CAPÍTULO 1- APORTE TEÓRICO

1 – O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto FACE- uma
experiência nas escolas estaduais


       Os problemas referentes ao ensino de Língua Portuguesa não são recentes. Muito se
tem perguntado por que os alunos não conseguem ler com proficiência. Observa-se que o
ensino de língua materna, apesar das mudanças que ocorreram ao longo dos anos, ainda é
centrado na gramática normativa, deixando de lado a criatividade e a expressão do aluno.
Essas evidências do fracasso escolar apontam a necessidade de reavaliar o ensino de língua
materna. Pensando nisso, o presente trabalho tem como pretensão discutir o gênero canção e
a ludicidade em sala de aula para o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita, na
medida em que esses têm papel social importantíssimo na formação do ser humano.




1.1 O gênero canção e a poesia em destaque


       [...] Em nosso dia a dia convivemos com a música, ligamos o som [...]; cantamos no
chuveiro; dançamos ao som de música [...] As manifestações musicais são extremamente
diversificadas (PENNA, 2010, p.19). Nota-se, que a criança já nasce em ambientes musicais
diversos, trabalhar música na escola é continuar o universo que ela vivencia fora do espaço
escolar.

       Dessa forma, o gênero canção nas aulas de Língua Portuguesa é relevante uma vez
que, a música nesse segmento educacional possibilita o educando vivenciar momentos lúdicos
e prazerosos, além de desenvolver a linguagem oral e escrita.
       Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização da linguagem que
não são feitas apenas de palavras, mas de cores, gestos, formas etc. Para se tornarem
linguagem, tais elementos precisam obedecer a certas regras que lhe permitam entrar no jogo
da comunicação. Uma delas é que toda a manifestação da linguagem se dá por meio de textos.
O texto pode ser desde uma simples palavra até um conjunto de frases. O que o define não é
sua extensão, mas o fato de que ele é uma unidade de significação em relação à situação
(ORLANDI, 1996, p.159). Segundo esse autor, é a partir do texto oral ou escrito que o aluno
11



entra em contato com o mundo e com a língua. Os quais surgem de acordo com as diferentes
atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais

          Para falar do gênero canção que é o objeto de estudo desse trabalho, precisa-se
primeiro compreender e definir o que é gênero. Então, faz-se necessário uma abordagem a
partir de concepções de autores sobre o referido tema.

          De acordo com os PCN (1998, p.21) todo texto se organiza dentro de um determinado
gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos
discursos as quais geram usos sociais que os determinam. Sobre os gêneros textuais
Marcuschi (2007, p.19) vai dizer que: os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as
atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação
social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Partindo desse pressuposto pode-se
dizer que os gêneros textuais são modelos comunicativos que nos possibilitam gerar
expectativas e previsões para compreender um texto e, assim, interagir com o outro. Para
Maingueneau (2001, apud MARCUSCHI), [...] são chamados gêneros textuais “os textos
particulares, que tem organização textual, funções sociais, locutor e interlocutor definidos
[...]”.

          Segundo os autores mencionados, conhecer um gênero não é apenas conhecer suas
características formais, mas, antes de tudo, entender a sua função e saber, desse modo
interagir, adequadamente. Assim sendo, vale ressaltar que essa interação só é possível através
da linguagem, pois a linguagem é um instrumento de comunicação indispensável entre os
indivíduos, pode ser feita por diversas manifestações lingüísticas, como a escrita, a oralidade,
os sons, os gestos, as expressões fisionômicas e outros nos diferentes tempos e espaços. Essas
manifestações lingüísticas constroem seus gêneros tendo em vista as suas finalidades, logo, os
gêneros determinam o enunciado que reflete as condições da esfera discursiva.




                         Toda esfera da atividade humana por mais variada que seja está sempre
                         relacionada com a utilização da língua que se efetua em forma de enunciados
                         orais e escritos, esses enunciados refletem as condições específicas e as
                         finalidades de cada uma dessas esferas, que são denominados gênero do
                         discurso (BAKTHIN, 1997, p. 290).
12



       De acordo com o pensamento bakthiniano, língua, enunciado e gênero do discurso, são
imprescindíveis para o funcionamento das entidades comunicativas por que cada situação
social dá origem a um gênero com características específicas, levando em consideração as
infinidades de situações comunicativas e que essas só são possíveis graças à utilização da
língua. Nesse contexto, nota-se que os gêneros são infinitos. A este respeito Bakthin (1997)
diz que:




                       Cada esfera conhece seus gêneros, apropriados à sua especificidade, aos
                       quais correspondem a determinados estilos. Uma dada função (cientifica,
                       técnica, oficial e cotidiana) e dadas condições especificas, para cada uma das
                       esferas da comunicação verbal geram um dado gênero, ou seja, um dado tipo
                       de enunciado, relativamente estável do ponto de vista temático,
                       composicional e estilístico (p. 284).



       Esses três elementos que compõem o gênero citado por Bakthin (1997) relacionam-se
intrinsecamente na constituição do enunciado, levando em conta a relação com os
destinatários e o discurso do outro. O conteúdo temático estabelece o domínio de sentido de
um gênero, caracterizando-o como uma forma típica de apreensão do real. O estilo constitui-
se em uma relação dialógica, visto que é influenciado pelo discurso do outro seja com intuito
de reproduzi-lo ou de negá-lo. A forma composicional responde pela organização e
estruturação do gênero e funciona como uma forma que deve levar em consideração os
modelos da esfera comunicativa, além de permitir o reconhecimento do gênero levando em
conta as condições e a finalidade de cada campo da atividade humana.

       A partir das considerações feitas, percebe-se que os gêneros surgem de acordo com
sua função na sociedade: seus conteúdos, seus estilos e suas formas estão sujeitos a essa
função. Os gêneros são, portanto, determinado historicamente, constituindo formas
relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura (PCN, 1998, p. 21). Para atender
as exigências da sociedade é importante trabalhar a linguagem e a leitura como forma de
inserção social.

       Até a década de 1980 era possível focar um trabalho, com textos mais escolares e
literários. Com as novas tecnologias torna-se necessário uma variedade muito maior de
conhecimento de gêneros que se tinha naquela década, pois já não bastam as noções de tipo de
texto e gramática que tínhamos até então. Hoje é preciso ter conhecimento do gênero, ou seja,
formar os alunos para o uso da língua.
13



       Segundo Marcuschi (2005 apud DIONISIO, 2007) “é impossível se comunicar
verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente
a não ser por algum texto”. Para o autor a comunicação verbal só é possível por algum gênero
textual.

       Percebe-se que a função desempenhada pela canção na sociedade leva-nos a dizer que
ela se manifesta de maneira artística e discursiva. Pertence aos gêneros privilegiados para a
prática da escuta e leitura de textos de linguagem oral e se insere na esfera literária de
comunicação. Esse gênero está presente no cotidiano da maioria dos indivíduos. Em sua
origem é toda poesia relacionada com a música e o canto. Segundo Costa (2002) a canção é:




                          [...] um gênero hibrido de caráter intersemiótico, pois é resultado da
                          conjugação de dois tipos de linguagens a verbal e a musical (ritmo e
                          melodia). [...] tais dimensões tem de ser pensadas juntas, sob pena de
                          confundirmos com outro gênero. Assim, a canção exige uma tripla
                          competência: a verbal, a musical e a lítero-musical [...]. (apud DIONISIO,
                          2007, p. 107).



       De acordo com a definição de Costa (2002), o gênero canção é a junção de duas
linguagens verbal e musical e não pode ser desvinculado o texto da música. Para que a canção
seja executada é necessário o acompanhamento de uma melodia e a composição de uma letra,
que pode ser através de um texto poético já existente ou de um texto criado pelo compositor.
Partindo dessa perspectiva por apresentar um caráter intersemiótico o gênero canção oferece
possibilidades de lidar com universos textuais conhecidos além de garantir abordagens
interdisciplinares.

           A materialidade da canção não se limita nos aspectos lingüísticos e discursivos, mas
está imbricado em seu conteúdo rítmico e melódico. Para o linguista e compositor Tatit (1996
apud COSTA), canção e poesia são elementos distintos e não pertence ao mesmo gênero,
podem até andarem juntas mais não são iguais. Uma letra de música pode conter elementos
poéticos como métrica, rima, mas tecnicamente não é um poema. Pode-se até musicar uma
poesia, mas é impossível fazer isto sem adaptações na letra. A poesia é livre enquanto a
música nasce com a melodia.

       A relação entre música e poesia vem desde a antiguidade. De acordo com a tradição
nasceram juntas. Na cultura da Grécia Antiga poesia e música eram praticamente
14



inseparáveis, a poesia era feita para ser cantada. Só na Idade Moderna com a invenção da
imprensa e com ela o avanço da escrita, houve a distinção entre esses dois gêneros que,
mesmo separados continuaram preservando traços daquela antiga união. A letra de canção,
apesar de possuir as suas peculiaridades, é um gênero muito próximo da poesia, existem
pessoas que não tocam instrumentos nem conhecem teoria musical, mas são capazes de
compor canções, o instrumento da canção é a palavra, o ritmo e a voz. Poesia e música
encontram-se também nas semelhanças entre os modos de estruturação de cada uma dessas
linguagens. Santaella (apud PENNA, 2002, p. 83).

       Pensando por esse viés o gênero canção e a poesia no que tange a Língua Portuguesa
pode despertar no aluno o interesse pela leitura critica capaz de torná-los leitores competentes.
Mesmo alguns autores considerando a canção e a poesia como gêneros específicos, eles
podem ser fundamentais na sala de aula, não apenas para o desenvolvimento da produção de
texto, conhecimento de gênero e apreciação musical (letra e melodia), mas também, pelo fato
de despertar emoções e tornar os educandos mais sensíveis às questões do cotidiano. Paralelo
a isso sabe-se que a escrita, produzida na escola, não pode estar desconectada dos modos de
circulação social do texto, por que:




                        Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É
                        a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo
                        a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo
                        de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a
                        leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO
                        apud GERALDI, 1982, p. 59).



       De acordo com a citação, é notório afirmar que o texto circula na sociedade com
diversas finalidades e para uma extensa variedade de leitores. É preciso levar em consideração
os modos de produção de texto para o espaço da sala de aula, de forma a capacitar os alunos
para sua formação de leitor e produtor textual. Se de fato os gêneros textuais formam o leitor
de modo a capacitá-lo nos reconhecimentos de práticas discursivas, cabe ao professor ser um
facilitador, um orientador no percurso discursivo textual. Por esse motivo é interessante
trabalhar o gênero canção e o gênero poético por perceber que a música faz parte da realidade
dos alunos, os textos de músicas traz temas diversificados, permitindo que formem opiniões e
reflita sobre os acontecimentos acerca da sociedade onde está inserido.
15



1.2 O valor da música e a ludicidade



       A música está presente em todas as culturas e nas mais diversas situações do dia a dia,
ela expressa sensações, sentimentos, é percebida em festas, comemorações religiosas,
manifestações cívicas, políticas entre outros. Pode-se dizer que antes mesmo de nascer o
indivíduo já entra em contato com a música, por meio das pulsões do coração da mãe.
Partindo desse pressuposto “a música é uma forma de arte que tem como material básico o
som” (PENNA, 2010, p.19). Nesse sentido, por ser uma atividade lúdica e provocar bem-
estar, a música pode contribuir para que os alunos interajam com o mundo e seus semelhantes,
experimente novas formas de aprendizagem, aliando experiências e vivências inovadoras,
expressando seus sentimentos e demonstrando a forma como percebem nossa sociedade.

       Dada a sua importância e diversidade, educadores e parlamentares decidiram que todas
as escolas públicas e particulares do Brasil terão que acrescentar na grade curricular o ensino
de música. A lei nº 11.769/2008, publicada no Diário Oficial da União, trata da
obrigatoriedade da música na educação básica. Esta Lei altera a atual LDB nº 9.394/96 que,
portanto, continua vigente, acrescentando um novo parágrafo ao seu artigo 26, parágrafo este
que explicita ser a música um conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. No entanto, o Artigo
3° da referida lei prevê um prazo de três anos letivos para que os sistemas de ensino se
adaptem à exigência, projetando a sua implantação, a princípio até agosto de 2011. Sobre a lei
Penna (2010) diz que:




                        [...] com ela abrem-se múltiplas possibilidades para a área de educação
                        musical, que se encontra em um momento histórico de transição, de extrema
                        importância quanto aos reais efeitos dessa determinação legal, em processo
                        de implantação. [...] (p.141).


       Tomando como base a citação, para alguns educadores especialistas na área, o objetivo
não é formar músicos, mas oferecer uma formação integral para as crianças e juventude. Visto
que, a música é considerada a mais antiga forma de expressão, mais antiga do que a
linguagem ou a arte; começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar
os outros Menuhin e Davis (apud PENNA, 2010). Por ser uma linguagem cultural as pessoas
através da música expressam suas experiências ambientais e enriquecem seus conceitos
16



espaciais. Sendo a escola um local na qual os alunos interagem uns com os outros de forma
integrada, é o lugar adequado para trabalhar esse gênero.
        A canção seja pela sua melodia, harmonia, ritmo e sua mensagem textual ou
imagética, estimula a participação individual e coletiva. A linguagem musical funciona como
elo entre os mundos real e imaginário, esta forma de comunicação atinge, com maior
facilidade, os jovens de modo geral em particular os grupos.

       Sendo assim, os adolescentes constituem grupos sociais que tem na música uma das
suas principais manifestações culturais e maneiras de representar suas conquistas e
pensamentos, pois, a música, de acordo com Ferreira (2005, p. 17) é, além da arte dos sons,
uma maneira de comunicação e interação entre as pessoas. Ela remonta os primórdios da
humanidade por outro lado, o próprio ato da comunicação verbal se manifesta por meio de
combinações sonoras. Ainda sobre a música Ferreira ressalta:



                       [...] assim como é uma linguagem universal também é uma linguagem por
                       meio da qual uma idéia é mais bem difundida ao longo dos tempos [...]. Com
                       a música é possível ainda despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades
                       mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo [...]. A
                       música é por razão, um tipo de expressão humana os mais ricos e universais
                       e também dos mais complexos e intricados. (FERREIRA, 2005, p. 9-13).



       Nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) do Ensino Médio – Linguagem,
Códigos e suas Tecnologias – é visível a relevância dada à prática de atividades dinâmicas,
que estimulam os alunos a se interessarem mais pela Língua Portuguesa “Cabe à escola
propiciar que o aluno participe de diversas situações de discurso, na fala ou na escrita, para
que tenha oportunidade de avaliar a adequação das variedades lingüísticas às circunstâncias
comunicativas” (PCN, p. 75).

       Também os PCN (2000) deixam claro que a escola tem o dever de proporcionar ao
aluno habilidades e competências necessárias para que possa enfrentar o mundo como cidadão
participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor dos seus direitos e deveres. Partindo dessas
reflexões, a música apresenta-se como fonte alternativa na elaboração dos conhecimentos,
bem como em sua comunicação. A arte musical em forma de canções, das quais podem-se
explorar textos descritivos, poéticos e narrativos, apresenta-se como estímulo e inspiração
para as aulas de língua materna e ameniza o tratamento dado a disciplina que é considerada
difícil. Nesse seguimento pode unir a emoção e a razão enriquecendo o processo ensino
17



aprendizagem por meio de elementos culturais, artísticos e estéticos valorizando assim, os
conteúdos escolares. Nessa perspectiva é importante ressaltar que:




                        Em uma sociedade como a nossa, tenho observado que o lúdico é o
                        desejável, é o que vasa, pois o uso da linguagem por si mesma, ou seja, pelo
                        prazer atestado pela linguagem e não pelo psicológico entra em contraste
                        com o uso para as finalidades mais imediatas comprometidas com a idéia de
                        eficiência e resultados práticos. No lúdico, a informação e a comunicação
                        dão lugar à função poética e à fática. [...] (ORLANDI, 1996, p. 84).



       Diante dessa afirmação, é fácil observar que a linguagem, principalmente textual da
qual a sociedade contemporânea se utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da
linguagem musical que serve a processos de ensino aprendizagem e a elaboração de
metodologias alternativas e importantes à educação. Nesse contexto a música pode e deve ser
utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem. Bastian (2009, p. 42) diz
que: “a prática da música e a educação musical pode estimular, [...] as capacidades cognitivas,
criativas, artísticas, sociais, emocionais e psicomotores”.

       Devido a sua diversidade e importância no âmbito educacional, o termo ludicidade
tem despertado interesse de muitos educadores atualmente. “Considerando a polissemia em
torno do conceito de ludicidade pode-se destacar as suas acepções mais comuns: jogos,
brincadeiras, lazer, recriação etc.” (FAEPA, 1992, p. 17). Do ponto de vista sócio cultural o
lúdico não é exatamente uma dinâmica interna do indivíduo, mas atividades dotadas de
significados sócio-culturais. Segundo Santos (2001, p. 14) o lúdico é uma ciência nova que
precisa ser estudada e vivenciada no processo de aprendizagem.

       De acordo com Luckesi (2004) a ludicidade se expande para além da idéia de lazer
restrito à experiência externa, ampliando a compreensão para um estado de consciência pleno
e experiência interna. Segundo o autor:




                        [...] quando estamos definindo ludicidade como um estado de consciência,
                        onde se dá uma experiência em estado de plenitude, não estamos falando, em
                        si das atividades objetivas que podem ser descritas sociológica e
                        culturalmente como atividade lúdica, como jogos ou coisa semelhante.
                        Estamos, sim, falando do estado interno do sujeito que vivencia a
                        experiência lúdica. Mesmo quando o sujeito está vivenciando essa
                        experiência com outros, a ludicidade é interna; a partilha e convivência
18



                          poderão oferecer-lhe, e certamente oferecem sensações do prazer da
                          convivência, mas, ainda assim, essa sensação é interna de cada um, ainda
                          que o grupo possa harmonizar-se nessa sensação comum; porém, em última
                          instância, quem sente é o sujeito (LUCKESI, 2005, p. 6).



       Para o autor a educação pela via da ludicidade, propõe uma nova postura existencial,
cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirando numa concepção de
educação para além da instrução, pois leva o educando a tomar consciência de si, e da
realidade, esforçando-se na busca do conhecimento sem perder o prazer de aprender.

       A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Segundo Aurélio (2001), sua
definição é referente, ou que tem caráter de jogos, brinquedos e divertimentos. Para Huizinga
(2008, p.3) o jogo é o elemento da cultura humana, é mais do que um fenômeno fisiológico ou
reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. È uma
função significante, isto é encerra um determinado sentido. Assim como os jogos e as
brincadeiras ganharam importância em nossa sociedade é relevante dizer que o lúdico
também. A palavra lúdico no contexto atual evoluiu semanticamente, ela tem uma conotação
diferente, hoje é vista de forma mais abrangente, não se define apenas ao jogar, ao brincar,
vai, além disso, ou seja, acompanhou as pesquisas da psicomotricidade.

       Para Vygostsky (1998), o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e as funções
psicológicas superiores são construídas ao longo dela, portanto o desenvolvimento do aspecto
lúdico facilita nos processos de socialização, comunicação, expressão e construção do
conhecimento.

       Conforme o autor Kishimoto (1999) a formação lúdica possibilita ao educador
conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquearem resistência e ter uma
visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do
adulto. Santos (2001, p. 13) também reforça que algumas experiências têm mostrado sua
validade e não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade a alavanca da
educação para o terceiro milênio. Essa formação lúdica estimula a criatividade e o cultivo da
sensibilidade, por que:




                          [...] O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o
                          desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde
                          mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de
19



                         socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
                         (SANTOS, 1997, p. 12).



       De acordo com a abordagem dos autores supramencionados sobre a temática, as
atividades lúdicas permitem a representação dos fatos, possibilitando a liberação da
imaginação e a presença da espontaneidade como também o desenvolvimento normal e sadio
do ser humano. Uma aula pra ser lúdica não precisa ter jogos ou brinquedos, toda aula é
considerada lúdica na medida em que o professor e estudantes se encontrem prazerosamente
integrados e focalizados no conteúdo que se tem a trabalhar. “Uma prática educativa lúdica
possibilitará a cada um de nós e a nossos educandos aprendermos a viver mais criativamente,
por isso mesmo, de forma mais saudável” (LUCKESI, 2004, p. 20).

       Considerando as informações acima, é importante frisar que os jogos e as brincadeiras
permitem compreender como a criança vê e constrói o mundo. As grandes atividades
arquetípicas da sociedade humana são, desde início, inteiramente marcadas pelo o jogo.
(HUIZINGA, 2008, p. 7). Dessa forma, a função do jogo no processo sócio- educativo
consiste, portanto, em potencializar a construção de estratégias a fim de que a criança aprenda
a dominar e conhecer o seu próprio corpo e as suas funções, a orientar-se no espaço e no
tempo, a manipular e a construir os papéis necessários para as futuras etapas de sua vida.

       O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço
espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de
forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento
emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado
de vibração e euforia.

       Como já foi citado anteriormente a música sendo um conjunto de sons com ritmo,
harmonia e melodia, é percebida por cada um de acordo com a sua história de vida, além de
fazer muito bem ao indivíduo, isoladamente, ela é, ao mesmo tempo, um forte elemento de
integração, de sociabilidade de compartilhar emoção. Por considerar o lúdico não como
método de ensino, mas como abordagem norteadora da prática docente, um facilitador do
processo ensino aprendizagem da Língua Portuguesa, pode-se afirmar que a ludicidade e o
gênero textual música possibilitam contextos favoráveis para que as aulas de língua materna
sejam prazerosas, dinâmicas e significativas para o aluno.
20



1.3 Ensino de Língua Portuguesa: uma nova perspectiva


       Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimentos e habilidades que
permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de
informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.
Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento
tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse contexto
conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão participe
ativamente do mundo no qual está inserido.

       O domínio da língua oral e escrita é fundamental para a participação social efetiva,
pois é por meio dela que o homem se comunica tem acesso à informação, expressa e defende
pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos (PCN, 1995, p.
15). Para seguir essa nova orientação é preciso ressignificar o ensino, utilizando metodologias
diferenciadas e inovadoras proporcionando assim maior interesse ao educando em aprender.

       Até o século XIX, o ensino de Língua Portuguesa no Brasil esteve voltado para
tradição gramatical pautado na homogeneidade padronizada. A escrita era vista como uma
habilidade motora que requeria prática mecânica. Passada a alfabetização os alunos deveriam
aprender regras gramaticais. Esse ensino perpetuou por muito tempo, só a partir de 1980 com
as pesquisas psicogenéticas e didáticas e a concepção interacionista da linguagem é que o
ensino de língua materna começa a se modificar. Essas pesquisas contribuíram para a reflexão
e nova reformulação dessa disciplina. Depois da reformulação da LDB (Lei de Diretrizes e
Bases) a escola optou por uma nova perspectiva de ensino. Sair de um ensino
descontextualizado centrado na teoria gramatical para um ensino onde a leitura e a produção
textual estejam articuladas com a prática de reflexão sobre a linguagem. Dessa forma:




                       [...] o texto deixa de ser entendido como uma estrutura acabada, passando a
                       ser abordado no próprio processo de planejamento, verbalização e
                       construção. Mais que um aglomerado de frases, um texto é uma totalidade
                       em que tudo está relacionado, na qual estão concentradas as atividades
                       verbais de um individuo, certamente imbuído, antes de qualquer coisa, de
                       um objetivo social: dizer alguma coisa a alguém.( Koch, 2000, p. 21)
21



       Corroborando com Koch o texto nesse sentido, passa a ser considerado o próprio lugar
de interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e
são construídos, por isso a linguagem não deve ser presa a regras e sim flexível e mutável,
para que possa ser entendida não apenas como expressão do pensamento, mas também como
um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa
ser compreendida. Sendo assim, o aluno passa a ser visto como sujeito ativo e atuante, em vez
de ser passivo no momento da leitura e da escrita.

       Segundo Luft (1985), o ensino de Língua Portuguesa é fundamental para a formação
do individuo, mas precisa ser revisto, pois ao ensinar regras gramaticais a maior parte dos
professores ignora a língua falada pelo aluno, e a implicação disto é que a língua objeto de
estudo fica distante demais da prática efetiva, e por não haver aproximação, não há
aprendizado. A fala pode ser um material bastante rico por ser elemento da linguagem verbal,
da qual fazemos uso em nosso cotidiano [...]. (PENNA 2010, p. 206). A forma como o
professor apresenta os conteúdos, bem como sua atitude em relação aos usos da língua são os
fatores que farão o ensino da gramática significativo. Sobre o ensino de gramática Bagno diz
que:




                       A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que
                       possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico,
                       como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina
                       gramatical normativa. (BAGNO, 2000, p. 87)



       Para Bagno, não é com a teoria gramatical que o ensino concretizará o seu objetivo,
pois isto leva os estudantes ao desinteresse pelo estudo da língua, por não terem condições de
entender o conteúdo ministrado em sala de aula, resultando assim frustrações, reprovações e
recriminações que iniciam pela própria escola, além do preconceito lingüístico.

       De acordo com as considerações feitas, é importante ressaltar que o objetivo do novo
ensino de Língua Portuguesa não é excluir a gramática, muito pelo contrário, ela será um
suporte da comunicação escrita. Entretanto, não deve ocorrer apenas para proteger ou
conservar a composição da língua, mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de
sua própria língua materna, possibilitando-lhe as características essenciais que pertencem à
sua cultura. Para Silva (1997) o ato de ler precisa ser entendido, então, como processo de
22



construir significado a partir do texto, o que se torna possível pela interação entre os
elementos textuais e o conhecimento do leitor.

       Como foi ressaltado anteriormente, embora seja um usuário competente da língua
materna, o aluno muitas vezes se vê diante de determinadas situações de comunicação que são
necessários conhecimentos lingüísticos formalizados. No momento de produzir textos orais e
escritos é fundamental que dominem esses conhecimentos, para que monitorem e revisem sua
própria fala e escrita, conferindo-lhe clareza, adequação, coerência e coesão. Por essa razão é
importante que os alunos aprendam como a língua está estruturada e de que modo ela pode ser
utilizada nas diferentes situações comunicativas.

       Em 1997, foram publicados pelo governo federal os PCN para a educação básica e
Ensino Médio, defendendo às práticas sociais (interação) da linguagem no ensino de língua
materna. Privilegiam trabalhos com os gêneros, por achar que a pratica de ensino por meio
dos gêneros textuais se mostra uma importante ferramenta para a construção de
conhecimentos relativos às manifestações reais da linguagem. A fim de que a ideia defendida
nos PCN seja aplicada, é necessário que o foco de ensino saia das regras pré-estabelecidas
para se basear na análise de textos, visando à compreensão e produção.

       Pensando nessa nova proposta de ensino abordada pelos PCN, as escolas públicas
estaduais da Bahia estão criando projetos a fim de atender alunos do Ensino Fundamental II e
Ensino Médio. Para a Secretaria de Educação, esses projetos têm como finalidade tornar o
ensino significativo e dinâmico, e assim melhorar a educação dos estudantes em termos de
desenvolvimento da linguagem e postura crítica a fim de diminuir a desigualdade social no
contexto educacional e consequentemente fora dele.

       Pelas discussões feitas até o momento, fica evidente que os seres humanos em todas
as fases da vida estão sempre descobrindo coisas novas, no convívio com seus semelhantes e
no contexto onde está inserido. Educar na sociedade atual é facilitar no sentido de fazer com
que a verdadeira aprendizagem se torne prazerosa e significativa, que os alunos compreendam
o real sentido da língua materna e sua importância para o desenvolvimento pessoal e social.
Para Bastian (2009) a educação,




                       [...] pela e para música seria o meio adequado para aprimorar eficazmente a
                       socialização individual dos alunos, o clima social na escola e a chamada
                       capacidade de empatia. Empatia? Dito de maneira breve, a capacidade de
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                       projetar seus pensamentos em outras pessoas e, dessa forma, compreender e
                       eventualmente partilhar seus pensamentos, sentimentos e experiências. (p.
                       60)



       De acordo com a concepção do autor, é importante frisar que nesse novo ciclo de
criação e recriação do ensino de língua materna, o gênero canção, será importante aliado na
construção de saberes, de novos conceitos e praticas educacional. Sabe-se, que o lúdico quase
sempre é posto de lado, os conteúdos são transmitidos por meio de livros didáticos ou textos
impressos. Portanto, a música assume um papel diferenciado, transmitindo conhecimentos
específicos estudados, voltados para o desenvolvimento de habilidades motoras,
memorização, concentração, ou seja, é uma prática que auxilia no desenvolvimento do aluno,
tanto no espaço escolar quanto em sociedade




1.4 Projeto FACE: uma experiência nas escolas estaduais da Bahia


       Uma das funções da escola no mundo globalizado é preparar o educando par a vida,
para o futuro e para o exercício da cidadania. Pensando nisso, a Secretaria de Educação do
Estado da Bahia busca uma nova configuração para a construção da educação de modo a
contemplar o direito a uma escola pública de qualidade, a partir de princípios que relacionem
a educação à diversidade cultural. Nesta perspectiva, o projeto Festival Anual da Canção
Estudantil (FACE) possui um caráter educativo, artístico e cultural, concebido para ser
desenvolvido no contexto das unidades escolares estaduais (REVISTA VIVA, 2009, p.36)

       O projeto tem como objetivo fomentar o desenvolvimento da arte no contexto escolar,
valorizar as expressões culturais regionais e contribuir para transformação da escola em um
ambiente prazeroso para a juventude. Além de desenvolver a produção musical e outras
linguagens artísticas nos contextos escolares, rompendo dessa forma com a rigidez do modelo
de ensino e de aprendizagem ainda presente na educação. Segundo Penna 2010 a música é...




                       [...] uma linguagem artística, estruturada e organizada e caracteriza-se como
                       meio de expressão e comunicação. Meio de expressão por objetivar e dar
                       forma a uma vivência humana, e de comunicação por revelar essa
                       experiência pessoal de modo que possa alcançar o outro e ser compartilhada
                       [...] (PENNA, 2010, p.30).
24




       A partir desta constatação, a intenção da Secretaria de Educação não é apresentar a
música apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de
aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e
também ampliar o conhecimento musical do aluno. E por acreditar que a música é um bem
cultural, seu conhecimento facilita a integração entre o professor /aluno e aluno/ aluno.




1.4.1 A Dinâmica do projeto


      O projeto é destinado a estudantes de 6º ao 9° ano do Ensino Fundamental, e do ensino
médio, assim como alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os professores
envolvidos atuam na área de Língua Portuguesa, Literatura, Artes e disciplinas afins. O
Projeto teve início em 2008, com a participação de aproximadamente 1000 escolas, que
fizeram os minifestivais, onde foram produzidas cerca de dez (10) mil canções. As canções
são criadas em torno de temas transversais como: educação, amor, sociedade, meio ambiente
e outros. As composições são carregadas de ironia e crítica, o que denota uma reflexibilidade
apurada em torno de seu meio. Para a Secretaria de Educação,



                        Um festival como o FACE mais que proporcionar a projeção de
                        individualidades e habilidades musicais, revela o jeito de pensar e ser jovem
                        nos dias de hoje. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que o
                        aluno recebe melhor será seu desenvolvimento cultural (REVISTA VIVA,
                        2009 p.44).



           De acordo com o que foi abordado, a escola está dando oportunidade para que o
aluno mostre sua criatividade diante de temas diversificados. Fica explícito que a música,
nesse sentido, é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias,
valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que
vive. Pode-se dizer que oportuniza a convivência com os diferentes gêneros, permitindo um
ambiente cultural ativo nas escolas, envolvendo os estudantes num clima de participação e de
alegria.
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         O Projeto acontece em três etapas, cada uma com suas especificidades. Na primeira
etapa, o minifestival é realizado nas escolas. No primeiro momento, acontece a sensibilização
para estimular o grupo a demonstrar de que forma vivencia a música, seja imitando um cantor
ou simplesmente ouvindo. O objetivo é criar uma primeira impressão, um diagnóstico de
teste, para ter noção do perfil do grupo.

         Nessa etapa, é criado um mapa do aluno seguindo alguns aspectos: idade, série, onde
mora, relações externas, coisas que gostam de fazer, que música gosta de ouvir, que cantor
mais gosta. Esse é um momento para o educador captar as características do grupo e estar
atento    à   realidade     que    circunda     os    educandos       e   suas     relações    externas.
No segundo momento, acontecem as produções e oficinas onde são trabalhados momentos de
relaxamento, concentração, respiração, ritmo, melodia e repertório. As canções são
produzidas nas salas de aula com acompanhamento dos professores. No minifestival são
selecionados três alunos, sendo que o primeiro colocado se inscreve para o certame regional,
ou seja, para a segunda fase do concurso realizado pelas DIREC, onde são selecionadas 15
canções para a etapa final.

         Na terceira etapa, é realizado o final do concurso, na concha Acústica do TCA (Teatro
Castro Alves) em Salvador, onde os pré-selecionados passam por uma bateria de ensaios,
preparam a voz e o corpo, participam de dinâmicas para melhorar a atuação no palco e
recebem ajuda de profissionais para produzir novos arranjos e manterem a afinação.

         É importante ressaltar que as experiências vividas pelos finalistas possibilitam a
descoberta de talentos, além de proporcionar a oportunidade do educando conhecer-se e
conhecer outros sujeitos das mais distantes rincões do estado da Bahia, fica evidente pelo
exposto que as atividades lúdicas constituem-se em um fator preponderante no
desenvolvimento do ser humano seja pessoal ou social. A cerca dessa questão, Barreto enfoca
que:




                          O cotidiano pedagógico pautado no uso de atividades lúdicas parece reluzir
                          beleza e a alegria. Através dessa prática, se valoriza a criatividade, a
                          sensibilidade, a efetividade, se alimenta a alma e o espírito, dá-se movimento
                          aos órgãos físicos, utiliza-se a ação, o pensamento, a linguagem e o sentir.
                          Possibilita ao educador e aos próprios educandos conhecer-se como pessoa
                          saber identificar suas facilidades e dificuldades, as qualidades do seu ser e as
                          faculdades que precisam ser despertas (2005, p.8)
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       O conhecimento artístico abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão
do mundo no qual a dimensão poética esteja presente, seja no espaço escolar ou fora dele.
Quanto maior a riqueza de estímulos que o aluno recebe melhor será seu desenvolvimento
cultural. Pensando nisso, a presença da leitura deve ser frequente no âmbito escolar rompendo
com os modelos cristalizados de educação.
       Nos próximos capítulos serão apresentados o aporte metodológico e a análise da
pesquisa envolvendo professores e alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio
revelarão ou não se a música contribui para o ensino de língua materna.
27



                      CAPÍTULO 2 - APORTE METODOLÓGICO




       Todos os indivíduos possuem conhecimentos que lhes habilitam realizar tarefas
cotidianas, entretanto esses conhecimentos trazem informações sem explicações profundas e
organização sistemática, pode ser considerada um conhecimento informal, ou seja, de senso-
comum, uma vez que a cientificidade está intimamente relacionada com a organização
metodológica e a criticidade dos fatos e fenômenos.

       Partindo desses pressupostos convém ressaltar que, o conhecimento cientifico “é
transmitido por intermédio de tratamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo
racional, conduzido por meio de procedimentos (LAKATOS, 2003, p.75). Desse modo, a
pesquisa cientifica possibilita através do uso corrente de procedimentos de cunho científico, a
descoberta de possíveis soluções e respostas para determinado problema.




2.1 A abordagem da pesquisa


       O ato de pesquisar requer antes de tudo a escolha de uma temática, e esta advêm do
desejo de responder as inquietudes de uma determinada realidade. No intuito de investigar,
de que forma a música influencia no ensino aprendizagem de Língua Portuguesa, o referente
estudo, teve como base a pesquisa qualitativa por considerar a mais adequada e por exigir do
pesquisador reflexão pessoal, e ao mesmo tempo delinear as metas a serem alcançadas. Nesta
pesquisa, o investigador tem a possibilidade de se envolver de tal forma que o objeto a ser
investigado passa a fazer parte de sua vida (SEVERINO, 2002).

       A pesquisa qualitativa é caracterizada pela compreensão detalhada dos significados e
características situacionais apresentados pelos os entrevistados, ela se difere da quantitativa
por que não emprega análises estatísticas como base para identificar um problema, seu
objetivo não é numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas (RICHARDSON, 1999,
p.90). Percebe-se que a pesquisa qualitativa descrê e analisa todo o processo envolvido no
fenômeno que está sendo investigado, o que se confirma a importância desse tipo de pesquisa
para o âmbito educacional. Nota-se que, esse tipo de pesquisa trabalha com o universo plural
de crenças e de valores focalizada na realidade de forma contextualizada.          Para a sua
28



significação precisa ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado ao mesmo tempo,
pelos textos lidos e pelos valores e crenças que possuem.

        Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos
objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a
convivência com os autores da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade
vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para
os investigados. Assim sendo, a fonte de dados foi obtida através de pesquisas bibliográficas,
análise documental, observação não-participante, para melhor elucidar a temática em questão.




2.2 As técnicas de coleta de dados


        Com o intrínseco objetivo de refletir sobre a importância da música no ensino de
língua materna, essa fase da pesquisa remete-se respectivamente a sintetização dos dados
coletados em consonância com conhecimentos já obtidos sobre o assunto em questão. A
pesquisa foi realizada por etapas da seguinte forma.

        Na primeira etapa, foi feito o levantamento bibliográfico e documental, que
possibilitou fundamentar teoricamente o referido estudo. “A pesquisa bibliográfica tem como
principio básico conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram
sobre determinado assunto ou fenômeno‟‟ (NETTO, 2006, p.14). Dessa forma, esta pesquisa
se fez da observação não-participante, uma vez que, essa possibilita uma maior interação entre
observador e observados. Para (HAGUETTE, 2001, p.74), essa concepção envolve o
pressuposto de que a sociedade é construída a partir do processo interativo de indivíduos e
grupos e agem em função dos sentidos que o seu mundo circundante representa para eles.

        Na segunda etapa, o instrumento de coleta de dados dos sujeitos selecionados para a
pesquisa se deu através do questionário, onde continha perguntas abertas e fechadas sobre o
referido tema, com o propósito de facilitar as interpretações dos dados. Essas questões foram
elaboradas para os professores e alunos envolvidos no projeto FACE. Algumas questões foram
elaboradas no intuito de conhecer melhor o projeto, as demais enfocam a questão da importância da
música para atingir as habilidades da leitura e da escrita.
29



       Na terceira etapa, foi feita a coleta de dados através de pesquisas bibliográficas,
análise documental, observação não-participante, onde se buscaram informações relevantes e
necessárias para responder as perguntas e confirmar ou não as hipóteses traçadas.

       Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos
objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a
convivência com os sujeitos da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade
vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para
os investigados.




2.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa


       O lócus de estudo escolhido para realização desta pesquisa foi o Colégio Estadual
Coronel José Leitão, localizado na zona urbana no município de Santa Luz/BA, na rua D.
Pedro II - Centro. O colégio funciona nos três turnos e atende alunos da zona rural e urbana.
Possui as seguintes modalidades de ensino: Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e
Educação de Jovens e Adultos (EJA). É o único colégio público da sede do município que
possui Ensino Médio.

       Esse espaço escolar possui uma clientela de 2.371 educandos, seu corpo docente é
composto por 59 professores a maioria com graduação e pós-graduação. A unidade de ensino,
é administrada por um diretor e três vice-diretores, possui três coordenadores pedagógicos
bem como, seu corpo de apoio são formados por 20 funcionários efetivos, outros trabalham
com o REDA. A instituição foi escolhida para o desenvolvimento da pesquisa, por trabalhar
com o projeto desde quando foi implantado pela Secretaria do Estado da Bahia.

       Foram investigados seis (6) educadores que atuam no Ensino Fundamental II e Ensino
Médio das respectivas áreas: Língua Portuguesa, Redação, Literatura, Inglês e Matemática. É
importante destacar que os professores envolvidos possuem nível superior e pós-graduação.
Três desses professores trabalham em outras escolas do município e todos os envolvidos têm
experiência na sala de aula e a atuação varia de cinco a vinte anos.

       Para os alunos envolvidos foram feitas também perguntas semelhantes às dos
professores, com o objetivo de comparar as respectivas respostas. Foram dez alunos
investigados, dois ( 2 ) alunos do turno matutino (1° ano), três ( 3 ) alunos do turno vespertino
30



(9° ano) e cinco ( 5 ) alunos do turno noturno (2° e 3º ano – Ensino Médio). Eles possuem
faixa etária que varia entre quartoze e dezenove anos, alguns são oriundos da zona rural e
outros da zona urbana.

       A partir dos dados coletados, através da abordagem da pesquisa e das técnicas
inerentes a essa, o capítulo seguinte apresentará a análise da problemática que inquieta a
autora da pesquisa.

    Nos anexos, além do questionário de entrevista, constarão as canções dos alunos-
compositores que participaram da pesquisa e às outras que estão relacionadas. Para ilustrar,
confere algumas fotografias do minifestival realizado na escola Estadual Coronel José Leitão-
Santa Luz/BA.
31



CAPÍTULO 3 - ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO OS
RESULTADOS




       O presente capítulo tem a pretensão de analisar as respostas obtidas através do
questionário aplicado, comparando-as com as observações registradas no decorrer da
pesquisa.
       Partindo desta perspectiva, o presente trabalho será dividido em categorias de análises
que permitirá melhor apreensão do objeto de estudo por parte dos sujeitos envolvidos no
Projeto FACE. Na busca de melhor apresentar e compreender os dados optou-se por
referenciar-se aos pesquisados da seguinte forma: E1, E2, E3, E4 – Educadores; AP1, AP2,
AP3 - Alunos Participantes.

Seguem as categorias:



3.1 O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem


       Atualmente, as atividades lúdicas têm ganhado reconhecimento e destaque no âmbito
educacional. O lúdico se constitui em um elemento fundamental no processo de aprendizagem
e no desenvolvimento afetivo e cognitivo do ser humano. Segundo Luckesi (1998), o que
caracteriza uma atividade lúdica é,




                         [...] a plenitude da experiência que ela propicia a quem pratica. É uma
                         atividade onde o sujeito entrega-se a experiência sem restrições, de qualquer
                         tipo, especialmente as mentais, que, usualmente tem por base juízos
                         preconcebidos sobre as coisas e práticas humanas (p.28).



       Falar de ludicidade é falar de sentimentos, amor, imaginação, criatividade. É a
interação entre o corpo e a emoção. Pode ser manifestada de forma individual ou coletiva,
provocando alegria e espontaneidade entre os indivíduos. A música por ser um recurso lúdico,
pode ser um importante aliado entre professor e aluno, aparece nas escolas como alternativa
dinâmica, ou seja, é uma forma de despertar e motivá-los para o ensino de Língua Portuguesa no que
tange a leitura e a escrita. O ensino através da música no contexto escolar, busca alargar horizontes
que vão além dos conteúdos programados.
32




                        A música é uma arte bela, que tem o poder de aproximar as pessoas e
                        despertar sentimentos: amor, solidariedade, companheirismo entre outros,
                        tornando as aulas e a escola interessante. É uma maneira divertida de
                        aprender. Depois que tive contato com a música me sinto estimulado para
                        escrever meus textos, comecei também me interessar mais pelas aulas (AP1).

                        As atividades lúdicas provocam prazer, motiva e estimula a criatividade, é
                        como se coloríssemos uma página cheia de letras, de encanto, de vida, como
                        se ler um simples texto transformasse o mundo para melhor (E1).

                        Quem tem idéias, sentimentos e até mesmo revoltas, procura meios de se
                        expressar. A música é o melhor desses meios (AP2).



       Na fala dos entrevistados se reconhece os benefícios das atividades lúdicas, nesse sentido: “A
música é, primeiramente, um espaço livre e um campo experimental para a fantasia estético-
musical e sociomusical” (BASTIAN, 2010, p.47). Por isso, é importante aproveitar esta arte,
para o aperfeiçoamento das abordagens da prática pedagógica, de forma contextualizada,
visando suprir a necessidade em que se encontra o ensino de língua materna na escola pública,
tentando levar motivação e interesse para a sala de aula, além de desenvolver habilidades
como atenção, concentração e participação maior pelos conteúdos trabalhados. De acordo
com os PCN (1998):




                        O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma
                        compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte
                        ensina que nossas experiências geram um movimento de transformação
                        permanente, que é preciso reordenar referências a cada momento, ser
                        flexível. Isso significa que criar e conhecer são indissociáveis e a
                        flexibilidade é condição fundamental para aprender (p.133).



       Seguindo essa linha de raciocínio, as atividades lúdicas devem ser percebidas como
um instrumento indispensável ao relacionamento entre educando e educadores, bem como no
estímulo ao pensamento artístico. Independente da capacidade de criar, resolver problemas, as
oficinas do Projeto FACE desperta o potencial de criador e melhora consideravelmente o
ensino-aprendizagem. Segundo Almeida (1998), a educação lúdica na formação global do
indivíduo, pode vir a favorecer relações reflexivas, criadoras, inteligentes e socializadora,
tornando o ato de educar compromisso consciente, permeado pelo prazer e pela satisfação
individual. Nesse contexto, as atividades lúdicas entram em cena como um recurso útil que
33



auxiliará o professor a interagir com o aluno, permitindo assim, uma reflexão sobre a
aprendizagem significativa cujo aluno vê sentido em produzir um texto que será apreciado por
um público ouvinte.Por isso, a música não pode estar dissociada das práticas pedagógicas do
cotidiano escolar. Ela passa uma mensagem positiva e revela “a forma de vida mais nobre, a
qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente,
mas tomando conta das pessoas, envolvendo-as” [...] (FARIA, 2001, p. 04). Comungando
com as ideias de Faria, sobre esta questão Loureiro diz que:




                        A música no currículo escolar, valendo-se do espírito criativo e
                        emancipador, busca ensinar os alunos a serem construtores ativos de um
                        conhecimento crítico e transferível para outras situações e problemas, indo
                        além do conhecimento artístico, ajudando-os a interpretar, a agir no mundo
                        em que vivem , tornando-o cada vez mais belo. Os alunos podem criar e
                        transformar o conhecimento, pensando em melhorar sua qualidade de vida,
                        hoje e no futuro (2010, p.156).



       No trecho acima o autor nos leva a compreender o valor único que a música
desenvolve no individuo, os professores mesmo não tendo conhecimentos específicos em
relação à música descobre por meio da linguagem musical novas maneiras, até então
desconhecidas, para ensinar. Por isso, a música assume um papel diferenciado, transmitindo
conhecimentos e habilidades para lidar com situações da escola e da sociedade.




3.2 O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua Portuguesa


       Pensar em educação é pensar no ser humano, nas suas relações vivenciadas, no
contexto onde está inserido. As aulas de Língua Portuguesa infelizmente, ainda são
ministradas através de metodologias inconsistentes, os livros didáticos, por exemplo, não
condizem com a realidade do aluno provocando, assim, distanciamento e desinteresse pela
escola. Nesse sentido, é necessário proporcionar a criação de ambientes favoráveis para que o
aluno não seja excluído nem inferiorizado e, que as oportunidades sejam iguais para todos,
motivando-os, dessa forma, para uma aprendizagem contextualizada e desafiadora. Diante do
mencionado, alunos e professores quando questionados sobre a importância do projeto FACE
para o ensino de língua materna apresentaram as seguintes respostas:
34




                        A Língua Portuguesa é um tanto complexa, a prática de atividades lúdicas
                       envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação, tornando as aulas mais
                       significativas e prazerosas. O projeto propicia a interação entre escola e
                       comunidade, estimulando o aluno para o desenvolvimento de suas
                       potencialidades (E2).

                       O projeto além de despertar no aluno o interesse para as temáticas sociais
                       voltadas para a sua realidade estende a aprendizagem para um nível além da
                       sala de aula. Despertando assim, o interesse do aluno pela escola e ao mesmo
                       tempo resgatando aqueles que se sentiam excluídos (E3).



       Os sujeitos revelam: o ensino através do projeto FACE deixa de ser simples ato de
memorização, o professor atua como orientador e estimulador de todos os processos que
levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades. Percebe-se, que
o projeto gera situações de aprendizagens ao mesmo tempo reais e diversificadas. Possibilita,
assim, que “os educandos construam sua autonomia e compromisso com o social formando-se
sujeitos culturais” (LEITE, 1996, p.28). Nesse enfoque, trabalhar com projetos é positivo
tanto para o aluno quanto para o professor. O aluno aprende mais do que aprenderia na
situação de simples receptor de informações.

       Outro fator importante a ser relatado, é a participação da família na escola, essa
parceria contribui de forma positiva para a aprendizagem do aluno. Família e escola precisam
criar laços para atuar lado a lado como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do
educando.

       Constata-se também que o projeto serviu para mobilizar estudantes que estavam
desmotivados porque “através da música e da participação encontraram novas formas de
representação social e realização das suas individualidades, sentindo-se valorizados por serem
ouvidos, por se tornarem autores e ampliaram capacidades de estabelecer relações”
(REVISTA VIVA, p. 38). Segundo o informante (AP3):




                       Depois de fazer parte do FACE aprendi conviver melhor com os colegas,
                       respeitando seus estilos musicais e suas diferenças. Com os profissionais da
                       música e professores aprendi a fazer minhas próprias composições.
35



       Os discursos relatam, dessa forma, que os envolvidos veem o projeto de maneira
satisfatória, tanto para o alunado quanto para os profissionais de educação, nota-se que é um
projeto diferenciado dos demais. É importante destacar, que as composições feitas pelos
alunos nas oficinas do projeto são voltadas para temáticas sociais que permitem assim, uma
reflexão mais abrangente acerca dos temas abordados. Temos a fala do informante (E4) para a
comprovação da assertiva:

                        As letras das músicas se desenvolvem a partir de temáticas do cotidiano do
                        aluno, que denota sentido tanto para quem faz quanto para o público ouvinte.



       Nesse sentido, reconhecer os valores atribuídos à música pelos alunos deve partir do
próprio cotidiano escolar, pois assim numa ação conjunta, o professor pode superar a
reprodução de ideias, normas e valores, dos modelos enraizados [...] (LOUREIRO, p.116).
Dessa forma, entende-se que o educador precisa conhecer os gostos musicais dos alunos
estabelecendo, assim, uma correspondência entre o conhecimento e o contexto onde está
inserido.



                        O ensino da arte na educação básica (aí incluída a música) é ampliar o
                        alcance e a qualidade da experiência artística dos alunos contribuindo para
                        uma participação mais ampla e significativa na cultura socialmente
                        produzida ou, melhor dizendo nas culturas, para lembrar sempre da
                        diversidade. O efeito de um ensino que realmente cumpra esse objetivo vai
                        além dos muros da escola, modificando o modo de o individuo se relacionar
                        com a música e a arte (PENNA, 2010, p.99).



       Partindo desses pressupostos, o ensino de Língua Portuguesa hoje, deve favorecer aos
alunos conhecimentos que permitam familiarizar-se com os mais variados tipos e gêneros
textuais, contribuindo para que eles se tornem leitores eficientes, críticos; dando-lhe subsídios
para produzir textos com eficiência e motivando-os a escreverem por prazer e não por
obrigação. O professor deve buscar nas produções de seus alunos os elementos e os recursos
da enunciação que utilizaram para tornarem seus textos interessantes considerando essas
produções como produtos sociais que devem circular nas diversas esferas da sociedade. É por
esse caminho que se chega à noção de educação como atividade mediadora. Percebe-se, que
diferente da concepção de leitura mecânica, de apenas decodificação, o projeto FACE, vem
36



com uma nova perspectiva, levando em consideração os elementos culturais e sociais,
respeitando a diversidade e a identidade do educando.



3.3 A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem significativa de
leitura e escrita.


       O processo de aprendizagem ocorre em decorrência da interação entre as pessoas, a
partir de uma relação mútua, portanto, é em contato com o outro, que o indivíduo adquire
novas formas de pensar e agir, ou seja, apropria-se ou constrói novos conhecimentos, pois




                       É preciso pensar a linguagem humana como lugar de interação, de
                       constituição das identidades de representação de papéis, de negociação de
                       sentidos, por palavras, é preciso encarar a linguagem não apenas como
                       representação do mundo e do pensamento ou como instrumento de
                       comunicação, mas sim, acima de tudo, forma de interação social (KOCK,
                       2003, p.128).



       Nessa perspectiva, na escola a interação, a troca de experiências desenvolve no aluno a
capacidade de organizar, sintetizar, ou seja, o conhecimento passa a ser tratado de forma
construtiva e proveitosa. Pode-se dizer que todas as funções no desenvolvimento constituem
um processo de transformação, primeiramente o indivíduo realiza ações externas que serão
interpretadas pelas as pessoas ao seu redor, de acordo com os significados culturalmente
estabelecidos às suas próprias ações e assim, desenvolvem os seus processos psicológicos
internos.

       Pensando por esse viés, a leitura precisa ter significado para quem lê, pois o sentido da
leitura é muito mais que uma decodificação de signos e símbolos. Ler é “um processo de
interação entre autor e leitor, mediada pelo texto” [...] (SOLÉ, 1998, p.22). No convívio com
outras pessoas, o homem tem necessidade de comunicar-se, dessa forma, usa a interação com
os outros seres para construir e reconstruir seu próprio mundo.
       É preciso fazer uma re (elaboração) nas aulas de língua materna para que o educando
possa vivenciar diversas formas possíveis da leitura e da escrita, de se permitir participar do
seu contexto intensamente. Para Silva,
37



                       O processo de leitura apresenta-se como uma atividade que possibilita a
                       participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do
                       presente e passado e em termos de possibilidades de transformação do
                       conhecimento, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta-
                       se como um trabalho de combate à alienação (não-racionalidade), capaz de
                       facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade) (1997,
                       p. 46).



       Pelo exposto, o ensino de Língua Portuguesa deve estar pautado numa concepção de
língua como processo de interação, segundo Geraldi (2002, p.106): A leitura é entendida
como processo de interlocução entre leitor/texto/autor. O aluno leitor não é passivo, mas o
agente que busca significações [...], Desse modo a música abre um leque de possibilidades
para que o aluno chegue nesse nível de conhecimento real.



                       Através da música o aluno desenvolve a oralidade, enriquece o vocabulário,
                       despertando o interesse para leitura e escrita de textos diversos, ou seja,
                       fomenta o gosto pela produção textual e sensibiliza o aluno para escrever
                       textos literários (E4).



       Como a fala desse informante depreende-se que a música serve como material para a
realização de atividades voltadas para a leitura, a escrita e a oralidade e também deve-ser
ressaltar a análise lingüística. Indagados de que forma a música contribuem para desenvolver
as habilidades de leitura e escrita no ensino de língua. Os entrevistados deram as seguintes
respostas.




                       A música desperta sentimentos, solta a imaginação, e o interesse de escrever
                       melhor. Com a música as aulas ficam mais descontraídas, por isso o projeto
                       deveria se estender durante todo o ano letivo e não ficar só no período da
                       apresentação do FACE (AP1).

                       A música no âmbito escolar acaba acarretando no maior interesse dos alunos
                       com a escrita e a leitura que consequentemente ajuda no desempenho do
                       aluno em outras disciplinas além de Língua Portuguesa (AP2).



       Neste sentido, a música propicia essas descobertas, à medida que o homem vai
vivendo, experimentando e ampliando sua visão crítica e criativa sua capacidade de
interpretar. Entretanto, a escola deve instigar os educandos para que aprendam a processar o
38



texto e seus diferentes elementos que o compõem. Percebe-se que o projeto se preocupa com
essa problemática, quando traz para o espaço escolar o ensino da música, possibilitando que o
próprio aluno utilize recursos e estratégias de leitura, inerentes ao seu meio social. O
dinamismo do projeto inova o ensino, permitindo que o aluno tenha contato com diferentes
gêneros musicais que costumam ser apreciados por ele no seu contexto.
39



CONSIDERAÇÕES FINAIS



       A música não pinta o amor ou a aspiração de um dado individuo em dadas
circunstâncias, ela pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração [...] (Snayders,
1997, p.104). A partir do momento em que a música é utilizada no processo ensino-
aprendizagem, amplia a possibilidade de apreciação dos elementos musicais.

      A pesquisa partiu sobretudo, do desejo de contribuir de alguma maneira para que essa
metodologia seja aplicada nas escolas e venha favorecer de verdade um ensino em que os
alunos possam ser tratados de igual para igual, oportunizando a todos compreenderem o real
significado e a contribuição que esse recurso pode oferecer para tornar as aulas estimulantes e
prazerosas.
       Os valores e pensamentos da sociedade são determinados pelo contexto vivido, e a
música como toda arte, expressa valores e pode ser utilizada como meio para analisar e
entender as transformações políticas e culturais ocorridas no mundo. Música e linguagem são
entidades que servem ao indivíduo como veículo de comunicação e expressão. À medida que
o homem vai vivendo, experimentando e ampliando-se sua visão crítica e criativa, vai
descobrindo sua capacidade de interpretar o mundo. A musicalização no espaço escolar não
está focalizada na formação de músicos ou compositores, mas sim despertar no aluno o
interesse em compreender as características da música e aprender a apreciar diferentes estilos
musicais.
        Desta forma, como todo conteúdo trabalhado em sala deve partir do conhecimento
prévio do educando, o professor quando utilizar a linguagem musical deve valorizar e
estimular a troca de vivências musicais, para que a aprendizagem seja significativa e
animadora.

       Nesse sentido, a pesquisa traz a contribuição de poder oferecer caminhos para
ressignificar o ensino e aprsentar elementos que possibilitem transformar a triste realidade
que permeia o espaço escolar.

       Pelo exposto, os resultados revelam que as metodologias e os recursos utilizados na
aplicação do projeto FACE facilitam uma maior interação entre os alunos, apresenta a prática
de leitura como uma atividade lúdica desenvolvendo, assim, o ato de ler como prática de
fruição e prazer.
40



          Ao fazer uma reflexão sobre o tema pesquisado percebeu-se, que a prática pedagógica
lúdica possibilita também o desenvolvimento da espontaneidade, da criatividade e da
expressividade dos alunos tornando o espaço escolar agradável e criativo. Por isso, o lúdico
propicia uma compreensão de mundo e de conhecimento mais ampla para a aprendizagem do
aluno. O projeto não pode ser considerado como instrumento para realizar milagres na
educação, mas, sua contribuição será relevante para que a leitura ocupe lugar de destaque na
escola.

          Sugere-se, então, que outras escolas que não trabalham desse tipo de metodologia
conheçam o projeto a fim de tê-lo como referência, que o vejam como um estimulador do
processo ensino-aprendizagem, principalmente para aqueles alunos que se sentem
desmotivados, uma vez que é visível a contribuição para o desenvolvimento cognitivo,
linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno.

          Essa pesquisa não tem a pretensão de esgotar a discussão sobre a temática, mesmo
porque, o tema é bastante amplo, com certeza, muita coisa poderia ser abordada. Espera-se
que o presente estudo venha contribuir de alguma forma para que outros pesquisadores se
debrucem sobre o tema em destaque.
41



                                         REFERÊNCIAS



ALVAREZ LEITE, Lúcia Helena. Pedagogia de projetos: intervenção no presente. Revista
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COSTA, N.B. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária. In: Dionísio, A.P. (org.).
Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. DIONISIO, Ângela Paiva;




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educação. São Paulo, Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001.




FERRAZ, Obdália; TARSO, Paulo de. Manual para elaboração de trabalhos acadêmicos.
Conceição do Coité: Universidade Estadual do Estado da Bahia – UNEB, 2008.




FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001.
42



FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.



GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2002.



HAGUETTE, Tereza Maria Frota. Metodologias qualitativas na sociologia. 8. ed.
Petrópolis, 2001.



HUIZINGA, Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva, 2008.




KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1999.




KOCH, Ingedore G. Villaça. Os segredos da leitura e da redação. Revista Língua
Portuguesa. São Paulo, ano II, n 23, 2007.



LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.



LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. 7. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2003.




LUCKESI, Cipriano. Ludicidade e atividades lúdicas: uma abordagem a partir da
experiência interna, 2005, disponível em: < http://www.luckesi.com.br/>.




LUCKESI, Cipriano. Estados de Consciência e atividades lúdicas. Salvador: UFBA, 2004.
43



MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 5.
ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.




MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO,
Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (org.) Gêneros
Textuais e Ensino. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucerna2007.




OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Metodologia da Pesquisa Científica: Guia Prático
para Apresentação de trabalhos Acadêmicos. 2. ed. Florianólopolis: Visual Books, 2006.




ORLANDI, Eni Puccineli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed.
Campinas, SP: Pontes, 1996.




PARÂMETROS          CURRICULARES          NACIONAIS        -   Ensino      Médio:   Língua
portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 1997.




PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – terceiro e quarto ciclos: Língua
portuguesa/Ministério de Educação e do Desporto. – Brasília: 1998.




PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – Linguagens códigos e suas tecnologias:
Secretaria de Educação Básica. Ministério de Educação. Brasília, 2008.




PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010.



Revista da FAEEBA: Educação e contemporaneidade, Educação, arte e ludicidade.
Salvador, v. 15 n. 25 jan/jun., 2006.
44



Revista de apoio pedagógico. VIVA: a nova face da escola. Bahia: Secretaria de Educação.
2009.



RICHARDSON, Roberto Jarry (et al). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo:
Atlas, 1999.



SANTOS, Santa Marli Pires dos. A Ludicidade como ciência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.



SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho científico. 22. ed. São Paulo:
Cortez. 2002.



SILVA, Ezequiel Teodoro da. Leitura e realidade brasileira. 2. ed. – São Paulo: Ática,
1997.




SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.




SNYDERS, G. A escola pode ensinar as alegrias da música? 3. ed. São Paulo: Cortez,
1997.




VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. Formação social da mente. 3. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1989.
ANEXOS
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIOS




                  UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
                                COLEGIADO DE LETRAS




                              Maura Moreira da Silva




   Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o
                          ensino de língua materna

TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto
FACE – Uma experiência nas escolas estaduais



       Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que
permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de
informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.
Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento
tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse
contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão
participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é
importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua
materna de forma prazerosa e significativa.




Professor entrevistado: ___________________________________________________

Disciplina: ______________________________________________________________
Escola: ________________________________________________________________

Data: _________________________________________________________________




                          Questionário da entrevista



1º) Qual a importância do Projeto FACE pra você e para sua escola?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



2º) Professor, ocorreram dificuldades no processo de implementação do projeto em sua
escola? Se ocorreram, eles estão relacionadas a quê?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



3°) Que procedimentos metodológicos são utilizados para a realização do projeto?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



4º) Você enquanto professor, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE ?

(   ) Bom

(   ) Regular

(   ) Ótimo

Por quê?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________



5º) Como é articulada a dinâmica de trabalho desenvolvida entre a coordenação pedagógica,
professores e alunos envolvidos no projeto?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



6º) De que forma o projeto pode contribuir para o desenvolvimento da linguagem oral e
escrita do aluno?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



7°) Que práticas de leitura são utilizadas durante as oficinas do projeto?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



8°) Qual a importância da ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________



9°) Os alunos participam ativamente das atividades propostas nas oficinas do projeto? De
que forma?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
                                COLEGIADO DE LETRAS




                              Maura Moreira da Silva




   Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o
                          ensino de língua materna

TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto
FACE – Uma experiência nas escolas estaduais



       Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que
permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de
informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.
Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento
tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse
contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão
participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é
importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua
materna de forma prazerosa e significativa.




Aluno entrevistado: ______________________________________________________

Escola: _________________________________________________________________

Data: __________________________________________________________________
Questionário da entrevista



1º) Qual a importância do projeto FACE para sua aprendizagem?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

2º) Você tem relação com a música fora do espaço escolar? Justifique.

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

3º) Você enquanto aluno, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE?

(   ) Bom

(   ) Regular

(   ) Ótimo

Por quê?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________

4º) O que você considera mais importante nas oficinas do projeto?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

5º) De que forma você participa do projeto?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________



6º) Você vê o projeto como uma oportunidade de desenvolver habilidades de leitura e
escrita? Justifique.
O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais
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O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face uma experiência nas escolas estaduais

  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA Departamento de Educação- campus XIV Colegiado de Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas - Licenciatura MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS Conceição do Coité 2011
  • 2. MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS Monografia apresentada ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), curso de Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura- Licenciatura como parte do processo avaliativo para obtenção do grau de Licenciado em Letras. Orientadora: Profa. Juréia Ferreira da Silva. Conceição do Coité 2011
  • 3. TERMO DE APROVAÇÃO MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas – Licenciatura, Departamento de Educação, (DEDC) Campus XIV Conceição do Coité, Universidade do Estado da Bahia, (UNEB), pela seguinte banca examinadora. O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS ---------------------------------------------------------------------------------- Professora Jureia Maria Ferreira da Silva Universidade do Estado da Bahia Orientadora -------------------------------------------------------------------------------------- Examinadora (1) -------------------------------------------------------------------------------------------- Examinadora (2) Aprovado em------- / ----------2011
  • 4. AGRADECIMENTOS A Deus, primeiramente, por ter me dado coragem, força e saúde para chegar até aqui. Aos colegas de curso pelos momentos que compartilhamos. À minha família, pelo apoio e paciência, em especial, as minhas filhas Maryelle, Rayssa e meu esposo Roque, por terem contribuído de maneira gratificante durante essa jornada que não foi fácil, porém significativa e desafiadora. Ao meu cunhado Marcelo e a minha querida amiga Jusci pelo estímulo e por acreditarem que eu era capaz, meu carinho e gratidão. À minha orientadora Juréia Ferreira, educadora responsável, consciente, meu sincero obrigado pelo apoio, confiança, dedicação, ajuda e paciência. Aos professores da UNEB pelas sábias contribuições, necessárias para meu conhecimento tanto pessoal quanto intelectual. À minha mãe, que não teve oportunidade de estudar, porém nunca deixou de acreditar que o estudo é o melhor caminho para um futuro promissor, valeu o incentivo e a força. Aos professores e alunos envolvidos no projeto FACE por terem proporcionados momentos de alegria e prazer - obrigado pela atenção! Aos meus amigos e colegas de trabalho que contribuíram de alguma forma para enfrentar essa jornada.
  • 5. "Sem a música, a vida seria um erro”. (Friedrich Nietzsche)
  • 6. RESUMO O presente trabalho traz como temática central “Música e o ensino de Língua Materna”. Foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo sobre o projeto Festival Anual da Canção Estudantil (FACE), tendo como envolvidos: educadores e alunos do colégio estadual Coronel José Leitão, situado no município de Santa Luz. O objetivo principal da pesquisa é estudar a contribuição da música como recurso lúdico nas aulas de Língua Portuguesa e analisar de que forma essa influencia na aprendizagem do aluno. Para tanto se utilizou da abordagem qualitativa, coletando dados através da observação não- participante, de questionário de entrevista, de análise documental e de pesquisa bibliográfica na busca de elucidar melhor as questões abordadas. Todo o estudo foi fundamentado em concepções teóricas embasadas nos autores: Penna (2010), Bakthin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro (2008), Luckesi (2004), entre outros. Os resultados revelam que o projeto FACE possibilita abordagem significativa de leitura e escrita e através de um enfoque lúdico, proporciona uma dinâmica prazerosa, pois envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação. Palavras-chave: Música. Ludicidade. Leitura
  • 7. ABSTRACT The present work brings as central theme "Music and the teaching of Mother Tongue. „It was developed from a field research project on the annual Festival of Song Student (FACE), as having involved: teachers and students of Coronel José Leitão state college, located in Santa Luz. The main objective is to study the contribution of music as a recreational resource in the classes of Portuguese Language and examine how this influences student learning. For this we used a qualitative approach, collecting data through non- participant observation, questionnaire interviews, document analysis and literature in search of further elucidate the issues. The whole study was based on theoretical conceptions grounded in the authors: Penna (2010), Bakhtin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro (2008), LuckesiI (2004), among others. The results reveal that the FACE project approach enables significant reading and writing and through a playful approach, provides a dynamic pleasure, because it involves the student and encourages the creation and imagination. Key words: Song. Playfulness. Reading.
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 08 CAPÍTULO 1– APORTE TEÓRICO O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto FACE – uma experiência nas escolas estaduais .............................................. 10 1.1 O gênero canção e a poesia em destaque .................................................. 10 1.2 O valor da música e a ludicidade ............................................................. 15 1.3 Ensino de língua portuguesa: uma nova perspectiva ............................... 20 1.4 Projeto FACE: Uma experiência nas escolas estaduais da Bahia ............. 23 1.4.1 A dinâmica do projeto .............................................................................. 24 CAPÍTULO 2– APORTE METODOLÓGICO 2.1 A abordagem da pesquisa ........................................................................ 27 2.2 As técnicas de coleta de dados ................................................................ 28 2.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa ............................................................ 29 CAPÍTULO 3– ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO OS RESULTADOS............................................................................................. 31 3.1 O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem .....................................31 3.2 O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua Portuguesa ...................................................................................................33 3.3 A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem significativa de leitura e escrita .................................................... ............. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................39 REFERÊNCIAS 41 ANEXOS
  • 9. 8 INTRODUÇÃO A presente pesquisa intitulada “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua Portuguesa: Projeto FACE - uma Experiência nas Escolas Estaduais” nasce de uma inquietação acerca do desinteresse dos alunos da Educação Básica pelas aulas de língua materna cujo ensino mostra-se descontextualizado, apresentando uma teoria gramatical inconsistente. A música se faz presente em todos os lugares, na vida dos seres humanos na maioria das vezes como prática de lazer e diversão provocando euforia, prazer e descontração. Nesse contexto, assume importante papel na formação do indivíduo e a escola enquanto espaço norteador do conhecimento precisa ressignificar o ensino, utilizando-se de metodologias diferenciadas transformando o espaço escolar e um lugar agradável e instigante. Nesse sentido, este estudo monográfico traz como objetivo geral analisar de que forma a música contribui para o ensino de língua materna possibilitando o aluno ver as aulas com outros olhos. Em face do exposto têm-se as questões que nortearam o trabalho: Como o lúdico da música dinamiza a aprendizagem? Que sentidos os sujeitos atribuem à música nas atividades de leitura e escrita? De que forma a música pode contribuir para o ensino de Língua Portuguesa significativo e prazeroso para o educando? Dentre as hipóteses levantadas acerca do objeto de pesquisa, destacam-se: é provável que as aulas de Língua Portuguesa com a música se tornem significativas e estimulantes para o educando; que o trabalho com música pode desenvolver no aluno a oralidade e a criatividade. A fim de melhor discorrer sobre esta temática, foi necessária uma pesquisa bibliográfica, buscando a fundamentação teórica nas idéias de alguns autores, entre eles destacam-se: Penna (2010) traz a contribuição sobre o ensino da música na educação básica; Bakthin (1997), sobre os gêneros dos discursos; Marcuschi (2007) conceitua gêneros textuais apontando sua significância; Luckesi (2004), destaca a importância da ludicidade para a formação do individuo; Geraldi (2002), aborda a importância do texto na sala de aula, Bastian (2009), traz novas perspectivas para o ensino através da música; Loureiro (2008), discorre sobre o sentido e o significado da educação musical.
  • 10. 9 Assim, para a coleta e análise de dados, é apresentada a pesquisa de campo com professores e alunos envolvidos no projeto Festival Anual da Canção Estudantil (FACE) no Colégio Estadual Coronel José Leitão na cidade de Santa Luz. É importante ressaltar as análises desenvolvidas através do projeto. O FACE - criado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia para atender melhor aos alunos da Educação Básica. A pesquisa em questão está orientada pela metodologia da pesquisa qualitativa e os dados coletados pelas técnicas de observação não-participante e questionário para professores e alunos. Portanto, este trabalho monográfico está subdividido em três capítulos, sendo o primeiro intitulado: “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua Portuguesa: Projeto FACE- uma Experiência nas Escolas Estaduais” apresentando conceitos referentes à temática sob diferentes olhares dos estudiosos. O segundo, aporte metodológico, descreve todo o percurso até chegar aos resultados obtidos. O terceiro capítulo: a análise dos dados argumenta-se sobre os fenômenos revelados, em consonância com as concepções teóricas que fundamentam o estudo.
  • 11. 10 CAPÍTULO 1- APORTE TEÓRICO 1 – O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto FACE- uma experiência nas escolas estaduais Os problemas referentes ao ensino de Língua Portuguesa não são recentes. Muito se tem perguntado por que os alunos não conseguem ler com proficiência. Observa-se que o ensino de língua materna, apesar das mudanças que ocorreram ao longo dos anos, ainda é centrado na gramática normativa, deixando de lado a criatividade e a expressão do aluno. Essas evidências do fracasso escolar apontam a necessidade de reavaliar o ensino de língua materna. Pensando nisso, o presente trabalho tem como pretensão discutir o gênero canção e a ludicidade em sala de aula para o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita, na medida em que esses têm papel social importantíssimo na formação do ser humano. 1.1 O gênero canção e a poesia em destaque [...] Em nosso dia a dia convivemos com a música, ligamos o som [...]; cantamos no chuveiro; dançamos ao som de música [...] As manifestações musicais são extremamente diversificadas (PENNA, 2010, p.19). Nota-se, que a criança já nasce em ambientes musicais diversos, trabalhar música na escola é continuar o universo que ela vivencia fora do espaço escolar. Dessa forma, o gênero canção nas aulas de Língua Portuguesa é relevante uma vez que, a música nesse segmento educacional possibilita o educando vivenciar momentos lúdicos e prazerosos, além de desenvolver a linguagem oral e escrita. Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização da linguagem que não são feitas apenas de palavras, mas de cores, gestos, formas etc. Para se tornarem linguagem, tais elementos precisam obedecer a certas regras que lhe permitam entrar no jogo da comunicação. Uma delas é que toda a manifestação da linguagem se dá por meio de textos. O texto pode ser desde uma simples palavra até um conjunto de frases. O que o define não é sua extensão, mas o fato de que ele é uma unidade de significação em relação à situação (ORLANDI, 1996, p.159). Segundo esse autor, é a partir do texto oral ou escrito que o aluno
  • 12. 11 entra em contato com o mundo e com a língua. Os quais surgem de acordo com as diferentes atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais Para falar do gênero canção que é o objeto de estudo desse trabalho, precisa-se primeiro compreender e definir o que é gênero. Então, faz-se necessário uma abordagem a partir de concepções de autores sobre o referido tema. De acordo com os PCN (1998, p.21) todo texto se organiza dentro de um determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos as quais geram usos sociais que os determinam. Sobre os gêneros textuais Marcuschi (2007, p.19) vai dizer que: os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Partindo desse pressuposto pode-se dizer que os gêneros textuais são modelos comunicativos que nos possibilitam gerar expectativas e previsões para compreender um texto e, assim, interagir com o outro. Para Maingueneau (2001, apud MARCUSCHI), [...] são chamados gêneros textuais “os textos particulares, que tem organização textual, funções sociais, locutor e interlocutor definidos [...]”. Segundo os autores mencionados, conhecer um gênero não é apenas conhecer suas características formais, mas, antes de tudo, entender a sua função e saber, desse modo interagir, adequadamente. Assim sendo, vale ressaltar que essa interação só é possível através da linguagem, pois a linguagem é um instrumento de comunicação indispensável entre os indivíduos, pode ser feita por diversas manifestações lingüísticas, como a escrita, a oralidade, os sons, os gestos, as expressões fisionômicas e outros nos diferentes tempos e espaços. Essas manifestações lingüísticas constroem seus gêneros tendo em vista as suas finalidades, logo, os gêneros determinam o enunciado que reflete as condições da esfera discursiva. Toda esfera da atividade humana por mais variada que seja está sempre relacionada com a utilização da língua que se efetua em forma de enunciados orais e escritos, esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, que são denominados gênero do discurso (BAKTHIN, 1997, p. 290).
  • 13. 12 De acordo com o pensamento bakthiniano, língua, enunciado e gênero do discurso, são imprescindíveis para o funcionamento das entidades comunicativas por que cada situação social dá origem a um gênero com características específicas, levando em consideração as infinidades de situações comunicativas e que essas só são possíveis graças à utilização da língua. Nesse contexto, nota-se que os gêneros são infinitos. A este respeito Bakthin (1997) diz que: Cada esfera conhece seus gêneros, apropriados à sua especificidade, aos quais correspondem a determinados estilos. Uma dada função (cientifica, técnica, oficial e cotidiana) e dadas condições especificas, para cada uma das esferas da comunicação verbal geram um dado gênero, ou seja, um dado tipo de enunciado, relativamente estável do ponto de vista temático, composicional e estilístico (p. 284). Esses três elementos que compõem o gênero citado por Bakthin (1997) relacionam-se intrinsecamente na constituição do enunciado, levando em conta a relação com os destinatários e o discurso do outro. O conteúdo temático estabelece o domínio de sentido de um gênero, caracterizando-o como uma forma típica de apreensão do real. O estilo constitui- se em uma relação dialógica, visto que é influenciado pelo discurso do outro seja com intuito de reproduzi-lo ou de negá-lo. A forma composicional responde pela organização e estruturação do gênero e funciona como uma forma que deve levar em consideração os modelos da esfera comunicativa, além de permitir o reconhecimento do gênero levando em conta as condições e a finalidade de cada campo da atividade humana. A partir das considerações feitas, percebe-se que os gêneros surgem de acordo com sua função na sociedade: seus conteúdos, seus estilos e suas formas estão sujeitos a essa função. Os gêneros são, portanto, determinado historicamente, constituindo formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura (PCN, 1998, p. 21). Para atender as exigências da sociedade é importante trabalhar a linguagem e a leitura como forma de inserção social. Até a década de 1980 era possível focar um trabalho, com textos mais escolares e literários. Com as novas tecnologias torna-se necessário uma variedade muito maior de conhecimento de gêneros que se tinha naquela década, pois já não bastam as noções de tipo de texto e gramática que tínhamos até então. Hoje é preciso ter conhecimento do gênero, ou seja, formar os alunos para o uso da língua.
  • 14. 13 Segundo Marcuschi (2005 apud DIONISIO, 2007) “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”. Para o autor a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Percebe-se que a função desempenhada pela canção na sociedade leva-nos a dizer que ela se manifesta de maneira artística e discursiva. Pertence aos gêneros privilegiados para a prática da escuta e leitura de textos de linguagem oral e se insere na esfera literária de comunicação. Esse gênero está presente no cotidiano da maioria dos indivíduos. Em sua origem é toda poesia relacionada com a música e o canto. Segundo Costa (2002) a canção é: [...] um gênero hibrido de caráter intersemiótico, pois é resultado da conjugação de dois tipos de linguagens a verbal e a musical (ritmo e melodia). [...] tais dimensões tem de ser pensadas juntas, sob pena de confundirmos com outro gênero. Assim, a canção exige uma tripla competência: a verbal, a musical e a lítero-musical [...]. (apud DIONISIO, 2007, p. 107). De acordo com a definição de Costa (2002), o gênero canção é a junção de duas linguagens verbal e musical e não pode ser desvinculado o texto da música. Para que a canção seja executada é necessário o acompanhamento de uma melodia e a composição de uma letra, que pode ser através de um texto poético já existente ou de um texto criado pelo compositor. Partindo dessa perspectiva por apresentar um caráter intersemiótico o gênero canção oferece possibilidades de lidar com universos textuais conhecidos além de garantir abordagens interdisciplinares. A materialidade da canção não se limita nos aspectos lingüísticos e discursivos, mas está imbricado em seu conteúdo rítmico e melódico. Para o linguista e compositor Tatit (1996 apud COSTA), canção e poesia são elementos distintos e não pertence ao mesmo gênero, podem até andarem juntas mais não são iguais. Uma letra de música pode conter elementos poéticos como métrica, rima, mas tecnicamente não é um poema. Pode-se até musicar uma poesia, mas é impossível fazer isto sem adaptações na letra. A poesia é livre enquanto a música nasce com a melodia. A relação entre música e poesia vem desde a antiguidade. De acordo com a tradição nasceram juntas. Na cultura da Grécia Antiga poesia e música eram praticamente
  • 15. 14 inseparáveis, a poesia era feita para ser cantada. Só na Idade Moderna com a invenção da imprensa e com ela o avanço da escrita, houve a distinção entre esses dois gêneros que, mesmo separados continuaram preservando traços daquela antiga união. A letra de canção, apesar de possuir as suas peculiaridades, é um gênero muito próximo da poesia, existem pessoas que não tocam instrumentos nem conhecem teoria musical, mas são capazes de compor canções, o instrumento da canção é a palavra, o ritmo e a voz. Poesia e música encontram-se também nas semelhanças entre os modos de estruturação de cada uma dessas linguagens. Santaella (apud PENNA, 2002, p. 83). Pensando por esse viés o gênero canção e a poesia no que tange a Língua Portuguesa pode despertar no aluno o interesse pela leitura critica capaz de torná-los leitores competentes. Mesmo alguns autores considerando a canção e a poesia como gêneros específicos, eles podem ser fundamentais na sala de aula, não apenas para o desenvolvimento da produção de texto, conhecimento de gênero e apreciação musical (letra e melodia), mas também, pelo fato de despertar emoções e tornar os educandos mais sensíveis às questões do cotidiano. Paralelo a isso sabe-se que a escrita, produzida na escola, não pode estar desconectada dos modos de circulação social do texto, por que: Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO apud GERALDI, 1982, p. 59). De acordo com a citação, é notório afirmar que o texto circula na sociedade com diversas finalidades e para uma extensa variedade de leitores. É preciso levar em consideração os modos de produção de texto para o espaço da sala de aula, de forma a capacitar os alunos para sua formação de leitor e produtor textual. Se de fato os gêneros textuais formam o leitor de modo a capacitá-lo nos reconhecimentos de práticas discursivas, cabe ao professor ser um facilitador, um orientador no percurso discursivo textual. Por esse motivo é interessante trabalhar o gênero canção e o gênero poético por perceber que a música faz parte da realidade dos alunos, os textos de músicas traz temas diversificados, permitindo que formem opiniões e reflita sobre os acontecimentos acerca da sociedade onde está inserido.
  • 16. 15 1.2 O valor da música e a ludicidade A música está presente em todas as culturas e nas mais diversas situações do dia a dia, ela expressa sensações, sentimentos, é percebida em festas, comemorações religiosas, manifestações cívicas, políticas entre outros. Pode-se dizer que antes mesmo de nascer o indivíduo já entra em contato com a música, por meio das pulsões do coração da mãe. Partindo desse pressuposto “a música é uma forma de arte que tem como material básico o som” (PENNA, 2010, p.19). Nesse sentido, por ser uma atividade lúdica e provocar bem- estar, a música pode contribuir para que os alunos interajam com o mundo e seus semelhantes, experimente novas formas de aprendizagem, aliando experiências e vivências inovadoras, expressando seus sentimentos e demonstrando a forma como percebem nossa sociedade. Dada a sua importância e diversidade, educadores e parlamentares decidiram que todas as escolas públicas e particulares do Brasil terão que acrescentar na grade curricular o ensino de música. A lei nº 11.769/2008, publicada no Diário Oficial da União, trata da obrigatoriedade da música na educação básica. Esta Lei altera a atual LDB nº 9.394/96 que, portanto, continua vigente, acrescentando um novo parágrafo ao seu artigo 26, parágrafo este que explicita ser a música um conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. No entanto, o Artigo 3° da referida lei prevê um prazo de três anos letivos para que os sistemas de ensino se adaptem à exigência, projetando a sua implantação, a princípio até agosto de 2011. Sobre a lei Penna (2010) diz que: [...] com ela abrem-se múltiplas possibilidades para a área de educação musical, que se encontra em um momento histórico de transição, de extrema importância quanto aos reais efeitos dessa determinação legal, em processo de implantação. [...] (p.141). Tomando como base a citação, para alguns educadores especialistas na área, o objetivo não é formar músicos, mas oferecer uma formação integral para as crianças e juventude. Visto que, a música é considerada a mais antiga forma de expressão, mais antiga do que a linguagem ou a arte; começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar os outros Menuhin e Davis (apud PENNA, 2010). Por ser uma linguagem cultural as pessoas através da música expressam suas experiências ambientais e enriquecem seus conceitos
  • 17. 16 espaciais. Sendo a escola um local na qual os alunos interagem uns com os outros de forma integrada, é o lugar adequado para trabalhar esse gênero. A canção seja pela sua melodia, harmonia, ritmo e sua mensagem textual ou imagética, estimula a participação individual e coletiva. A linguagem musical funciona como elo entre os mundos real e imaginário, esta forma de comunicação atinge, com maior facilidade, os jovens de modo geral em particular os grupos. Sendo assim, os adolescentes constituem grupos sociais que tem na música uma das suas principais manifestações culturais e maneiras de representar suas conquistas e pensamentos, pois, a música, de acordo com Ferreira (2005, p. 17) é, além da arte dos sons, uma maneira de comunicação e interação entre as pessoas. Ela remonta os primórdios da humanidade por outro lado, o próprio ato da comunicação verbal se manifesta por meio de combinações sonoras. Ainda sobre a música Ferreira ressalta: [...] assim como é uma linguagem universal também é uma linguagem por meio da qual uma idéia é mais bem difundida ao longo dos tempos [...]. Com a música é possível ainda despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo [...]. A música é por razão, um tipo de expressão humana os mais ricos e universais e também dos mais complexos e intricados. (FERREIRA, 2005, p. 9-13). Nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) do Ensino Médio – Linguagem, Códigos e suas Tecnologias – é visível a relevância dada à prática de atividades dinâmicas, que estimulam os alunos a se interessarem mais pela Língua Portuguesa “Cabe à escola propiciar que o aluno participe de diversas situações de discurso, na fala ou na escrita, para que tenha oportunidade de avaliar a adequação das variedades lingüísticas às circunstâncias comunicativas” (PCN, p. 75). Também os PCN (2000) deixam claro que a escola tem o dever de proporcionar ao aluno habilidades e competências necessárias para que possa enfrentar o mundo como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor dos seus direitos e deveres. Partindo dessas reflexões, a música apresenta-se como fonte alternativa na elaboração dos conhecimentos, bem como em sua comunicação. A arte musical em forma de canções, das quais podem-se explorar textos descritivos, poéticos e narrativos, apresenta-se como estímulo e inspiração para as aulas de língua materna e ameniza o tratamento dado a disciplina que é considerada difícil. Nesse seguimento pode unir a emoção e a razão enriquecendo o processo ensino
  • 18. 17 aprendizagem por meio de elementos culturais, artísticos e estéticos valorizando assim, os conteúdos escolares. Nessa perspectiva é importante ressaltar que: Em uma sociedade como a nossa, tenho observado que o lúdico é o desejável, é o que vasa, pois o uso da linguagem por si mesma, ou seja, pelo prazer atestado pela linguagem e não pelo psicológico entra em contraste com o uso para as finalidades mais imediatas comprometidas com a idéia de eficiência e resultados práticos. No lúdico, a informação e a comunicação dão lugar à função poética e à fática. [...] (ORLANDI, 1996, p. 84). Diante dessa afirmação, é fácil observar que a linguagem, principalmente textual da qual a sociedade contemporânea se utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical que serve a processos de ensino aprendizagem e a elaboração de metodologias alternativas e importantes à educação. Nesse contexto a música pode e deve ser utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem. Bastian (2009, p. 42) diz que: “a prática da música e a educação musical pode estimular, [...] as capacidades cognitivas, criativas, artísticas, sociais, emocionais e psicomotores”. Devido a sua diversidade e importância no âmbito educacional, o termo ludicidade tem despertado interesse de muitos educadores atualmente. “Considerando a polissemia em torno do conceito de ludicidade pode-se destacar as suas acepções mais comuns: jogos, brincadeiras, lazer, recriação etc.” (FAEPA, 1992, p. 17). Do ponto de vista sócio cultural o lúdico não é exatamente uma dinâmica interna do indivíduo, mas atividades dotadas de significados sócio-culturais. Segundo Santos (2001, p. 14) o lúdico é uma ciência nova que precisa ser estudada e vivenciada no processo de aprendizagem. De acordo com Luckesi (2004) a ludicidade se expande para além da idéia de lazer restrito à experiência externa, ampliando a compreensão para um estado de consciência pleno e experiência interna. Segundo o autor: [...] quando estamos definindo ludicidade como um estado de consciência, onde se dá uma experiência em estado de plenitude, não estamos falando, em si das atividades objetivas que podem ser descritas sociológica e culturalmente como atividade lúdica, como jogos ou coisa semelhante. Estamos, sim, falando do estado interno do sujeito que vivencia a experiência lúdica. Mesmo quando o sujeito está vivenciando essa experiência com outros, a ludicidade é interna; a partilha e convivência
  • 19. 18 poderão oferecer-lhe, e certamente oferecem sensações do prazer da convivência, mas, ainda assim, essa sensação é interna de cada um, ainda que o grupo possa harmonizar-se nessa sensação comum; porém, em última instância, quem sente é o sujeito (LUCKESI, 2005, p. 6). Para o autor a educação pela via da ludicidade, propõe uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirando numa concepção de educação para além da instrução, pois leva o educando a tomar consciência de si, e da realidade, esforçando-se na busca do conhecimento sem perder o prazer de aprender. A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Segundo Aurélio (2001), sua definição é referente, ou que tem caráter de jogos, brinquedos e divertimentos. Para Huizinga (2008, p.3) o jogo é o elemento da cultura humana, é mais do que um fenômeno fisiológico ou reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. È uma função significante, isto é encerra um determinado sentido. Assim como os jogos e as brincadeiras ganharam importância em nossa sociedade é relevante dizer que o lúdico também. A palavra lúdico no contexto atual evoluiu semanticamente, ela tem uma conotação diferente, hoje é vista de forma mais abrangente, não se define apenas ao jogar, ao brincar, vai, além disso, ou seja, acompanhou as pesquisas da psicomotricidade. Para Vygostsky (1998), o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela, portanto o desenvolvimento do aspecto lúdico facilita nos processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. Conforme o autor Kishimoto (1999) a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquearem resistência e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. Santos (2001, p. 13) também reforça que algumas experiências têm mostrado sua validade e não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade a alavanca da educação para o terceiro milênio. Essa formação lúdica estimula a criatividade e o cultivo da sensibilidade, por que: [...] O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de
  • 20. 19 socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS, 1997, p. 12). De acordo com a abordagem dos autores supramencionados sobre a temática, as atividades lúdicas permitem a representação dos fatos, possibilitando a liberação da imaginação e a presença da espontaneidade como também o desenvolvimento normal e sadio do ser humano. Uma aula pra ser lúdica não precisa ter jogos ou brinquedos, toda aula é considerada lúdica na medida em que o professor e estudantes se encontrem prazerosamente integrados e focalizados no conteúdo que se tem a trabalhar. “Uma prática educativa lúdica possibilitará a cada um de nós e a nossos educandos aprendermos a viver mais criativamente, por isso mesmo, de forma mais saudável” (LUCKESI, 2004, p. 20). Considerando as informações acima, é importante frisar que os jogos e as brincadeiras permitem compreender como a criança vê e constrói o mundo. As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde início, inteiramente marcadas pelo o jogo. (HUIZINGA, 2008, p. 7). Dessa forma, a função do jogo no processo sócio- educativo consiste, portanto, em potencializar a construção de estratégias a fim de que a criança aprenda a dominar e conhecer o seu próprio corpo e as suas funções, a orientar-se no espaço e no tempo, a manipular e a construir os papéis necessários para as futuras etapas de sua vida. O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Como já foi citado anteriormente a música sendo um conjunto de sons com ritmo, harmonia e melodia, é percebida por cada um de acordo com a sua história de vida, além de fazer muito bem ao indivíduo, isoladamente, ela é, ao mesmo tempo, um forte elemento de integração, de sociabilidade de compartilhar emoção. Por considerar o lúdico não como método de ensino, mas como abordagem norteadora da prática docente, um facilitador do processo ensino aprendizagem da Língua Portuguesa, pode-se afirmar que a ludicidade e o gênero textual música possibilitam contextos favoráveis para que as aulas de língua materna sejam prazerosas, dinâmicas e significativas para o aluno.
  • 21. 20 1.3 Ensino de Língua Portuguesa: uma nova perspectiva Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimentos e habilidades que permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores. Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão participe ativamente do mundo no qual está inserido. O domínio da língua oral e escrita é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos (PCN, 1995, p. 15). Para seguir essa nova orientação é preciso ressignificar o ensino, utilizando metodologias diferenciadas e inovadoras proporcionando assim maior interesse ao educando em aprender. Até o século XIX, o ensino de Língua Portuguesa no Brasil esteve voltado para tradição gramatical pautado na homogeneidade padronizada. A escrita era vista como uma habilidade motora que requeria prática mecânica. Passada a alfabetização os alunos deveriam aprender regras gramaticais. Esse ensino perpetuou por muito tempo, só a partir de 1980 com as pesquisas psicogenéticas e didáticas e a concepção interacionista da linguagem é que o ensino de língua materna começa a se modificar. Essas pesquisas contribuíram para a reflexão e nova reformulação dessa disciplina. Depois da reformulação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) a escola optou por uma nova perspectiva de ensino. Sair de um ensino descontextualizado centrado na teoria gramatical para um ensino onde a leitura e a produção textual estejam articuladas com a prática de reflexão sobre a linguagem. Dessa forma: [...] o texto deixa de ser entendido como uma estrutura acabada, passando a ser abordado no próprio processo de planejamento, verbalização e construção. Mais que um aglomerado de frases, um texto é uma totalidade em que tudo está relacionado, na qual estão concentradas as atividades verbais de um individuo, certamente imbuído, antes de qualquer coisa, de um objetivo social: dizer alguma coisa a alguém.( Koch, 2000, p. 21)
  • 22. 21 Corroborando com Koch o texto nesse sentido, passa a ser considerado o próprio lugar de interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e são construídos, por isso a linguagem não deve ser presa a regras e sim flexível e mutável, para que possa ser entendida não apenas como expressão do pensamento, mas também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida. Sendo assim, o aluno passa a ser visto como sujeito ativo e atuante, em vez de ser passivo no momento da leitura e da escrita. Segundo Luft (1985), o ensino de Língua Portuguesa é fundamental para a formação do individuo, mas precisa ser revisto, pois ao ensinar regras gramaticais a maior parte dos professores ignora a língua falada pelo aluno, e a implicação disto é que a língua objeto de estudo fica distante demais da prática efetiva, e por não haver aproximação, não há aprendizado. A fala pode ser um material bastante rico por ser elemento da linguagem verbal, da qual fazemos uso em nosso cotidiano [...]. (PENNA 2010, p. 206). A forma como o professor apresenta os conteúdos, bem como sua atitude em relação aos usos da língua são os fatores que farão o ensino da gramática significativo. Sobre o ensino de gramática Bagno diz que: A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa. (BAGNO, 2000, p. 87) Para Bagno, não é com a teoria gramatical que o ensino concretizará o seu objetivo, pois isto leva os estudantes ao desinteresse pelo estudo da língua, por não terem condições de entender o conteúdo ministrado em sala de aula, resultando assim frustrações, reprovações e recriminações que iniciam pela própria escola, além do preconceito lingüístico. De acordo com as considerações feitas, é importante ressaltar que o objetivo do novo ensino de Língua Portuguesa não é excluir a gramática, muito pelo contrário, ela será um suporte da comunicação escrita. Entretanto, não deve ocorrer apenas para proteger ou conservar a composição da língua, mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de sua própria língua materna, possibilitando-lhe as características essenciais que pertencem à sua cultura. Para Silva (1997) o ato de ler precisa ser entendido, então, como processo de
  • 23. 22 construir significado a partir do texto, o que se torna possível pela interação entre os elementos textuais e o conhecimento do leitor. Como foi ressaltado anteriormente, embora seja um usuário competente da língua materna, o aluno muitas vezes se vê diante de determinadas situações de comunicação que são necessários conhecimentos lingüísticos formalizados. No momento de produzir textos orais e escritos é fundamental que dominem esses conhecimentos, para que monitorem e revisem sua própria fala e escrita, conferindo-lhe clareza, adequação, coerência e coesão. Por essa razão é importante que os alunos aprendam como a língua está estruturada e de que modo ela pode ser utilizada nas diferentes situações comunicativas. Em 1997, foram publicados pelo governo federal os PCN para a educação básica e Ensino Médio, defendendo às práticas sociais (interação) da linguagem no ensino de língua materna. Privilegiam trabalhos com os gêneros, por achar que a pratica de ensino por meio dos gêneros textuais se mostra uma importante ferramenta para a construção de conhecimentos relativos às manifestações reais da linguagem. A fim de que a ideia defendida nos PCN seja aplicada, é necessário que o foco de ensino saia das regras pré-estabelecidas para se basear na análise de textos, visando à compreensão e produção. Pensando nessa nova proposta de ensino abordada pelos PCN, as escolas públicas estaduais da Bahia estão criando projetos a fim de atender alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Para a Secretaria de Educação, esses projetos têm como finalidade tornar o ensino significativo e dinâmico, e assim melhorar a educação dos estudantes em termos de desenvolvimento da linguagem e postura crítica a fim de diminuir a desigualdade social no contexto educacional e consequentemente fora dele. Pelas discussões feitas até o momento, fica evidente que os seres humanos em todas as fases da vida estão sempre descobrindo coisas novas, no convívio com seus semelhantes e no contexto onde está inserido. Educar na sociedade atual é facilitar no sentido de fazer com que a verdadeira aprendizagem se torne prazerosa e significativa, que os alunos compreendam o real sentido da língua materna e sua importância para o desenvolvimento pessoal e social. Para Bastian (2009) a educação, [...] pela e para música seria o meio adequado para aprimorar eficazmente a socialização individual dos alunos, o clima social na escola e a chamada capacidade de empatia. Empatia? Dito de maneira breve, a capacidade de
  • 24. 23 projetar seus pensamentos em outras pessoas e, dessa forma, compreender e eventualmente partilhar seus pensamentos, sentimentos e experiências. (p. 60) De acordo com a concepção do autor, é importante frisar que nesse novo ciclo de criação e recriação do ensino de língua materna, o gênero canção, será importante aliado na construção de saberes, de novos conceitos e praticas educacional. Sabe-se, que o lúdico quase sempre é posto de lado, os conteúdos são transmitidos por meio de livros didáticos ou textos impressos. Portanto, a música assume um papel diferenciado, transmitindo conhecimentos específicos estudados, voltados para o desenvolvimento de habilidades motoras, memorização, concentração, ou seja, é uma prática que auxilia no desenvolvimento do aluno, tanto no espaço escolar quanto em sociedade 1.4 Projeto FACE: uma experiência nas escolas estaduais da Bahia Uma das funções da escola no mundo globalizado é preparar o educando par a vida, para o futuro e para o exercício da cidadania. Pensando nisso, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia busca uma nova configuração para a construção da educação de modo a contemplar o direito a uma escola pública de qualidade, a partir de princípios que relacionem a educação à diversidade cultural. Nesta perspectiva, o projeto Festival Anual da Canção Estudantil (FACE) possui um caráter educativo, artístico e cultural, concebido para ser desenvolvido no contexto das unidades escolares estaduais (REVISTA VIVA, 2009, p.36) O projeto tem como objetivo fomentar o desenvolvimento da arte no contexto escolar, valorizar as expressões culturais regionais e contribuir para transformação da escola em um ambiente prazeroso para a juventude. Além de desenvolver a produção musical e outras linguagens artísticas nos contextos escolares, rompendo dessa forma com a rigidez do modelo de ensino e de aprendizagem ainda presente na educação. Segundo Penna 2010 a música é... [...] uma linguagem artística, estruturada e organizada e caracteriza-se como meio de expressão e comunicação. Meio de expressão por objetivar e dar forma a uma vivência humana, e de comunicação por revelar essa experiência pessoal de modo que possa alcançar o outro e ser compartilhada [...] (PENNA, 2010, p.30).
  • 25. 24 A partir desta constatação, a intenção da Secretaria de Educação não é apresentar a música apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e também ampliar o conhecimento musical do aluno. E por acreditar que a música é um bem cultural, seu conhecimento facilita a integração entre o professor /aluno e aluno/ aluno. 1.4.1 A Dinâmica do projeto O projeto é destinado a estudantes de 6º ao 9° ano do Ensino Fundamental, e do ensino médio, assim como alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os professores envolvidos atuam na área de Língua Portuguesa, Literatura, Artes e disciplinas afins. O Projeto teve início em 2008, com a participação de aproximadamente 1000 escolas, que fizeram os minifestivais, onde foram produzidas cerca de dez (10) mil canções. As canções são criadas em torno de temas transversais como: educação, amor, sociedade, meio ambiente e outros. As composições são carregadas de ironia e crítica, o que denota uma reflexibilidade apurada em torno de seu meio. Para a Secretaria de Educação, Um festival como o FACE mais que proporcionar a projeção de individualidades e habilidades musicais, revela o jeito de pensar e ser jovem nos dias de hoje. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que o aluno recebe melhor será seu desenvolvimento cultural (REVISTA VIVA, 2009 p.44). De acordo com o que foi abordado, a escola está dando oportunidade para que o aluno mostre sua criatividade diante de temas diversificados. Fica explícito que a música, nesse sentido, é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Pode-se dizer que oportuniza a convivência com os diferentes gêneros, permitindo um ambiente cultural ativo nas escolas, envolvendo os estudantes num clima de participação e de alegria.
  • 26. 25 O Projeto acontece em três etapas, cada uma com suas especificidades. Na primeira etapa, o minifestival é realizado nas escolas. No primeiro momento, acontece a sensibilização para estimular o grupo a demonstrar de que forma vivencia a música, seja imitando um cantor ou simplesmente ouvindo. O objetivo é criar uma primeira impressão, um diagnóstico de teste, para ter noção do perfil do grupo. Nessa etapa, é criado um mapa do aluno seguindo alguns aspectos: idade, série, onde mora, relações externas, coisas que gostam de fazer, que música gosta de ouvir, que cantor mais gosta. Esse é um momento para o educador captar as características do grupo e estar atento à realidade que circunda os educandos e suas relações externas. No segundo momento, acontecem as produções e oficinas onde são trabalhados momentos de relaxamento, concentração, respiração, ritmo, melodia e repertório. As canções são produzidas nas salas de aula com acompanhamento dos professores. No minifestival são selecionados três alunos, sendo que o primeiro colocado se inscreve para o certame regional, ou seja, para a segunda fase do concurso realizado pelas DIREC, onde são selecionadas 15 canções para a etapa final. Na terceira etapa, é realizado o final do concurso, na concha Acústica do TCA (Teatro Castro Alves) em Salvador, onde os pré-selecionados passam por uma bateria de ensaios, preparam a voz e o corpo, participam de dinâmicas para melhorar a atuação no palco e recebem ajuda de profissionais para produzir novos arranjos e manterem a afinação. É importante ressaltar que as experiências vividas pelos finalistas possibilitam a descoberta de talentos, além de proporcionar a oportunidade do educando conhecer-se e conhecer outros sujeitos das mais distantes rincões do estado da Bahia, fica evidente pelo exposto que as atividades lúdicas constituem-se em um fator preponderante no desenvolvimento do ser humano seja pessoal ou social. A cerca dessa questão, Barreto enfoca que: O cotidiano pedagógico pautado no uso de atividades lúdicas parece reluzir beleza e a alegria. Através dessa prática, se valoriza a criatividade, a sensibilidade, a efetividade, se alimenta a alma e o espírito, dá-se movimento aos órgãos físicos, utiliza-se a ação, o pensamento, a linguagem e o sentir. Possibilita ao educador e aos próprios educandos conhecer-se como pessoa saber identificar suas facilidades e dificuldades, as qualidades do seu ser e as faculdades que precisam ser despertas (2005, p.8)
  • 27. 26 O conhecimento artístico abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo no qual a dimensão poética esteja presente, seja no espaço escolar ou fora dele. Quanto maior a riqueza de estímulos que o aluno recebe melhor será seu desenvolvimento cultural. Pensando nisso, a presença da leitura deve ser frequente no âmbito escolar rompendo com os modelos cristalizados de educação. Nos próximos capítulos serão apresentados o aporte metodológico e a análise da pesquisa envolvendo professores e alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio revelarão ou não se a música contribui para o ensino de língua materna.
  • 28. 27 CAPÍTULO 2 - APORTE METODOLÓGICO Todos os indivíduos possuem conhecimentos que lhes habilitam realizar tarefas cotidianas, entretanto esses conhecimentos trazem informações sem explicações profundas e organização sistemática, pode ser considerada um conhecimento informal, ou seja, de senso- comum, uma vez que a cientificidade está intimamente relacionada com a organização metodológica e a criticidade dos fatos e fenômenos. Partindo desses pressupostos convém ressaltar que, o conhecimento cientifico “é transmitido por intermédio de tratamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos (LAKATOS, 2003, p.75). Desse modo, a pesquisa cientifica possibilita através do uso corrente de procedimentos de cunho científico, a descoberta de possíveis soluções e respostas para determinado problema. 2.1 A abordagem da pesquisa O ato de pesquisar requer antes de tudo a escolha de uma temática, e esta advêm do desejo de responder as inquietudes de uma determinada realidade. No intuito de investigar, de que forma a música influencia no ensino aprendizagem de Língua Portuguesa, o referente estudo, teve como base a pesquisa qualitativa por considerar a mais adequada e por exigir do pesquisador reflexão pessoal, e ao mesmo tempo delinear as metas a serem alcançadas. Nesta pesquisa, o investigador tem a possibilidade de se envolver de tal forma que o objeto a ser investigado passa a fazer parte de sua vida (SEVERINO, 2002). A pesquisa qualitativa é caracterizada pela compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelos os entrevistados, ela se difere da quantitativa por que não emprega análises estatísticas como base para identificar um problema, seu objetivo não é numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas (RICHARDSON, 1999, p.90). Percebe-se que a pesquisa qualitativa descrê e analisa todo o processo envolvido no fenômeno que está sendo investigado, o que se confirma a importância desse tipo de pesquisa para o âmbito educacional. Nota-se que, esse tipo de pesquisa trabalha com o universo plural de crenças e de valores focalizada na realidade de forma contextualizada. Para a sua
  • 29. 28 significação precisa ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado ao mesmo tempo, pelos textos lidos e pelos valores e crenças que possuem. Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a convivência com os autores da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para os investigados. Assim sendo, a fonte de dados foi obtida através de pesquisas bibliográficas, análise documental, observação não-participante, para melhor elucidar a temática em questão. 2.2 As técnicas de coleta de dados Com o intrínseco objetivo de refletir sobre a importância da música no ensino de língua materna, essa fase da pesquisa remete-se respectivamente a sintetização dos dados coletados em consonância com conhecimentos já obtidos sobre o assunto em questão. A pesquisa foi realizada por etapas da seguinte forma. Na primeira etapa, foi feito o levantamento bibliográfico e documental, que possibilitou fundamentar teoricamente o referido estudo. “A pesquisa bibliográfica tem como principio básico conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno‟‟ (NETTO, 2006, p.14). Dessa forma, esta pesquisa se fez da observação não-participante, uma vez que, essa possibilita uma maior interação entre observador e observados. Para (HAGUETTE, 2001, p.74), essa concepção envolve o pressuposto de que a sociedade é construída a partir do processo interativo de indivíduos e grupos e agem em função dos sentidos que o seu mundo circundante representa para eles. Na segunda etapa, o instrumento de coleta de dados dos sujeitos selecionados para a pesquisa se deu através do questionário, onde continha perguntas abertas e fechadas sobre o referido tema, com o propósito de facilitar as interpretações dos dados. Essas questões foram elaboradas para os professores e alunos envolvidos no projeto FACE. Algumas questões foram elaboradas no intuito de conhecer melhor o projeto, as demais enfocam a questão da importância da música para atingir as habilidades da leitura e da escrita.
  • 30. 29 Na terceira etapa, foi feita a coleta de dados através de pesquisas bibliográficas, análise documental, observação não-participante, onde se buscaram informações relevantes e necessárias para responder as perguntas e confirmar ou não as hipóteses traçadas. Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a convivência com os sujeitos da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para os investigados. 2.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa O lócus de estudo escolhido para realização desta pesquisa foi o Colégio Estadual Coronel José Leitão, localizado na zona urbana no município de Santa Luz/BA, na rua D. Pedro II - Centro. O colégio funciona nos três turnos e atende alunos da zona rural e urbana. Possui as seguintes modalidades de ensino: Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). É o único colégio público da sede do município que possui Ensino Médio. Esse espaço escolar possui uma clientela de 2.371 educandos, seu corpo docente é composto por 59 professores a maioria com graduação e pós-graduação. A unidade de ensino, é administrada por um diretor e três vice-diretores, possui três coordenadores pedagógicos bem como, seu corpo de apoio são formados por 20 funcionários efetivos, outros trabalham com o REDA. A instituição foi escolhida para o desenvolvimento da pesquisa, por trabalhar com o projeto desde quando foi implantado pela Secretaria do Estado da Bahia. Foram investigados seis (6) educadores que atuam no Ensino Fundamental II e Ensino Médio das respectivas áreas: Língua Portuguesa, Redação, Literatura, Inglês e Matemática. É importante destacar que os professores envolvidos possuem nível superior e pós-graduação. Três desses professores trabalham em outras escolas do município e todos os envolvidos têm experiência na sala de aula e a atuação varia de cinco a vinte anos. Para os alunos envolvidos foram feitas também perguntas semelhantes às dos professores, com o objetivo de comparar as respectivas respostas. Foram dez alunos investigados, dois ( 2 ) alunos do turno matutino (1° ano), três ( 3 ) alunos do turno vespertino
  • 31. 30 (9° ano) e cinco ( 5 ) alunos do turno noturno (2° e 3º ano – Ensino Médio). Eles possuem faixa etária que varia entre quartoze e dezenove anos, alguns são oriundos da zona rural e outros da zona urbana. A partir dos dados coletados, através da abordagem da pesquisa e das técnicas inerentes a essa, o capítulo seguinte apresentará a análise da problemática que inquieta a autora da pesquisa. Nos anexos, além do questionário de entrevista, constarão as canções dos alunos- compositores que participaram da pesquisa e às outras que estão relacionadas. Para ilustrar, confere algumas fotografias do minifestival realizado na escola Estadual Coronel José Leitão- Santa Luz/BA.
  • 32. 31 CAPÍTULO 3 - ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO OS RESULTADOS O presente capítulo tem a pretensão de analisar as respostas obtidas através do questionário aplicado, comparando-as com as observações registradas no decorrer da pesquisa. Partindo desta perspectiva, o presente trabalho será dividido em categorias de análises que permitirá melhor apreensão do objeto de estudo por parte dos sujeitos envolvidos no Projeto FACE. Na busca de melhor apresentar e compreender os dados optou-se por referenciar-se aos pesquisados da seguinte forma: E1, E2, E3, E4 – Educadores; AP1, AP2, AP3 - Alunos Participantes. Seguem as categorias: 3.1 O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem Atualmente, as atividades lúdicas têm ganhado reconhecimento e destaque no âmbito educacional. O lúdico se constitui em um elemento fundamental no processo de aprendizagem e no desenvolvimento afetivo e cognitivo do ser humano. Segundo Luckesi (1998), o que caracteriza uma atividade lúdica é, [...] a plenitude da experiência que ela propicia a quem pratica. É uma atividade onde o sujeito entrega-se a experiência sem restrições, de qualquer tipo, especialmente as mentais, que, usualmente tem por base juízos preconcebidos sobre as coisas e práticas humanas (p.28). Falar de ludicidade é falar de sentimentos, amor, imaginação, criatividade. É a interação entre o corpo e a emoção. Pode ser manifestada de forma individual ou coletiva, provocando alegria e espontaneidade entre os indivíduos. A música por ser um recurso lúdico, pode ser um importante aliado entre professor e aluno, aparece nas escolas como alternativa dinâmica, ou seja, é uma forma de despertar e motivá-los para o ensino de Língua Portuguesa no que tange a leitura e a escrita. O ensino através da música no contexto escolar, busca alargar horizontes que vão além dos conteúdos programados.
  • 33. 32 A música é uma arte bela, que tem o poder de aproximar as pessoas e despertar sentimentos: amor, solidariedade, companheirismo entre outros, tornando as aulas e a escola interessante. É uma maneira divertida de aprender. Depois que tive contato com a música me sinto estimulado para escrever meus textos, comecei também me interessar mais pelas aulas (AP1). As atividades lúdicas provocam prazer, motiva e estimula a criatividade, é como se coloríssemos uma página cheia de letras, de encanto, de vida, como se ler um simples texto transformasse o mundo para melhor (E1). Quem tem idéias, sentimentos e até mesmo revoltas, procura meios de se expressar. A música é o melhor desses meios (AP2). Na fala dos entrevistados se reconhece os benefícios das atividades lúdicas, nesse sentido: “A música é, primeiramente, um espaço livre e um campo experimental para a fantasia estético- musical e sociomusical” (BASTIAN, 2010, p.47). Por isso, é importante aproveitar esta arte, para o aperfeiçoamento das abordagens da prática pedagógica, de forma contextualizada, visando suprir a necessidade em que se encontra o ensino de língua materna na escola pública, tentando levar motivação e interesse para a sala de aula, além de desenvolver habilidades como atenção, concentração e participação maior pelos conteúdos trabalhados. De acordo com os PCN (1998): O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que nossas experiências geram um movimento de transformação permanente, que é preciso reordenar referências a cada momento, ser flexível. Isso significa que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender (p.133). Seguindo essa linha de raciocínio, as atividades lúdicas devem ser percebidas como um instrumento indispensável ao relacionamento entre educando e educadores, bem como no estímulo ao pensamento artístico. Independente da capacidade de criar, resolver problemas, as oficinas do Projeto FACE desperta o potencial de criador e melhora consideravelmente o ensino-aprendizagem. Segundo Almeida (1998), a educação lúdica na formação global do indivíduo, pode vir a favorecer relações reflexivas, criadoras, inteligentes e socializadora, tornando o ato de educar compromisso consciente, permeado pelo prazer e pela satisfação individual. Nesse contexto, as atividades lúdicas entram em cena como um recurso útil que
  • 34. 33 auxiliará o professor a interagir com o aluno, permitindo assim, uma reflexão sobre a aprendizagem significativa cujo aluno vê sentido em produzir um texto que será apreciado por um público ouvinte.Por isso, a música não pode estar dissociada das práticas pedagógicas do cotidiano escolar. Ela passa uma mensagem positiva e revela “a forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas tomando conta das pessoas, envolvendo-as” [...] (FARIA, 2001, p. 04). Comungando com as ideias de Faria, sobre esta questão Loureiro diz que: A música no currículo escolar, valendo-se do espírito criativo e emancipador, busca ensinar os alunos a serem construtores ativos de um conhecimento crítico e transferível para outras situações e problemas, indo além do conhecimento artístico, ajudando-os a interpretar, a agir no mundo em que vivem , tornando-o cada vez mais belo. Os alunos podem criar e transformar o conhecimento, pensando em melhorar sua qualidade de vida, hoje e no futuro (2010, p.156). No trecho acima o autor nos leva a compreender o valor único que a música desenvolve no individuo, os professores mesmo não tendo conhecimentos específicos em relação à música descobre por meio da linguagem musical novas maneiras, até então desconhecidas, para ensinar. Por isso, a música assume um papel diferenciado, transmitindo conhecimentos e habilidades para lidar com situações da escola e da sociedade. 3.2 O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua Portuguesa Pensar em educação é pensar no ser humano, nas suas relações vivenciadas, no contexto onde está inserido. As aulas de Língua Portuguesa infelizmente, ainda são ministradas através de metodologias inconsistentes, os livros didáticos, por exemplo, não condizem com a realidade do aluno provocando, assim, distanciamento e desinteresse pela escola. Nesse sentido, é necessário proporcionar a criação de ambientes favoráveis para que o aluno não seja excluído nem inferiorizado e, que as oportunidades sejam iguais para todos, motivando-os, dessa forma, para uma aprendizagem contextualizada e desafiadora. Diante do mencionado, alunos e professores quando questionados sobre a importância do projeto FACE para o ensino de língua materna apresentaram as seguintes respostas:
  • 35. 34 A Língua Portuguesa é um tanto complexa, a prática de atividades lúdicas envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação, tornando as aulas mais significativas e prazerosas. O projeto propicia a interação entre escola e comunidade, estimulando o aluno para o desenvolvimento de suas potencialidades (E2). O projeto além de despertar no aluno o interesse para as temáticas sociais voltadas para a sua realidade estende a aprendizagem para um nível além da sala de aula. Despertando assim, o interesse do aluno pela escola e ao mesmo tempo resgatando aqueles que se sentiam excluídos (E3). Os sujeitos revelam: o ensino através do projeto FACE deixa de ser simples ato de memorização, o professor atua como orientador e estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades. Percebe-se, que o projeto gera situações de aprendizagens ao mesmo tempo reais e diversificadas. Possibilita, assim, que “os educandos construam sua autonomia e compromisso com o social formando-se sujeitos culturais” (LEITE, 1996, p.28). Nesse enfoque, trabalhar com projetos é positivo tanto para o aluno quanto para o professor. O aluno aprende mais do que aprenderia na situação de simples receptor de informações. Outro fator importante a ser relatado, é a participação da família na escola, essa parceria contribui de forma positiva para a aprendizagem do aluno. Família e escola precisam criar laços para atuar lado a lado como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do educando. Constata-se também que o projeto serviu para mobilizar estudantes que estavam desmotivados porque “através da música e da participação encontraram novas formas de representação social e realização das suas individualidades, sentindo-se valorizados por serem ouvidos, por se tornarem autores e ampliaram capacidades de estabelecer relações” (REVISTA VIVA, p. 38). Segundo o informante (AP3): Depois de fazer parte do FACE aprendi conviver melhor com os colegas, respeitando seus estilos musicais e suas diferenças. Com os profissionais da música e professores aprendi a fazer minhas próprias composições.
  • 36. 35 Os discursos relatam, dessa forma, que os envolvidos veem o projeto de maneira satisfatória, tanto para o alunado quanto para os profissionais de educação, nota-se que é um projeto diferenciado dos demais. É importante destacar, que as composições feitas pelos alunos nas oficinas do projeto são voltadas para temáticas sociais que permitem assim, uma reflexão mais abrangente acerca dos temas abordados. Temos a fala do informante (E4) para a comprovação da assertiva: As letras das músicas se desenvolvem a partir de temáticas do cotidiano do aluno, que denota sentido tanto para quem faz quanto para o público ouvinte. Nesse sentido, reconhecer os valores atribuídos à música pelos alunos deve partir do próprio cotidiano escolar, pois assim numa ação conjunta, o professor pode superar a reprodução de ideias, normas e valores, dos modelos enraizados [...] (LOUREIRO, p.116). Dessa forma, entende-se que o educador precisa conhecer os gostos musicais dos alunos estabelecendo, assim, uma correspondência entre o conhecimento e o contexto onde está inserido. O ensino da arte na educação básica (aí incluída a música) é ampliar o alcance e a qualidade da experiência artística dos alunos contribuindo para uma participação mais ampla e significativa na cultura socialmente produzida ou, melhor dizendo nas culturas, para lembrar sempre da diversidade. O efeito de um ensino que realmente cumpra esse objetivo vai além dos muros da escola, modificando o modo de o individuo se relacionar com a música e a arte (PENNA, 2010, p.99). Partindo desses pressupostos, o ensino de Língua Portuguesa hoje, deve favorecer aos alunos conhecimentos que permitam familiarizar-se com os mais variados tipos e gêneros textuais, contribuindo para que eles se tornem leitores eficientes, críticos; dando-lhe subsídios para produzir textos com eficiência e motivando-os a escreverem por prazer e não por obrigação. O professor deve buscar nas produções de seus alunos os elementos e os recursos da enunciação que utilizaram para tornarem seus textos interessantes considerando essas produções como produtos sociais que devem circular nas diversas esferas da sociedade. É por esse caminho que se chega à noção de educação como atividade mediadora. Percebe-se, que diferente da concepção de leitura mecânica, de apenas decodificação, o projeto FACE, vem
  • 37. 36 com uma nova perspectiva, levando em consideração os elementos culturais e sociais, respeitando a diversidade e a identidade do educando. 3.3 A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem significativa de leitura e escrita. O processo de aprendizagem ocorre em decorrência da interação entre as pessoas, a partir de uma relação mútua, portanto, é em contato com o outro, que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir, ou seja, apropria-se ou constrói novos conhecimentos, pois É preciso pensar a linguagem humana como lugar de interação, de constituição das identidades de representação de papéis, de negociação de sentidos, por palavras, é preciso encarar a linguagem não apenas como representação do mundo e do pensamento ou como instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, forma de interação social (KOCK, 2003, p.128). Nessa perspectiva, na escola a interação, a troca de experiências desenvolve no aluno a capacidade de organizar, sintetizar, ou seja, o conhecimento passa a ser tratado de forma construtiva e proveitosa. Pode-se dizer que todas as funções no desenvolvimento constituem um processo de transformação, primeiramente o indivíduo realiza ações externas que serão interpretadas pelas as pessoas ao seu redor, de acordo com os significados culturalmente estabelecidos às suas próprias ações e assim, desenvolvem os seus processos psicológicos internos. Pensando por esse viés, a leitura precisa ter significado para quem lê, pois o sentido da leitura é muito mais que uma decodificação de signos e símbolos. Ler é “um processo de interação entre autor e leitor, mediada pelo texto” [...] (SOLÉ, 1998, p.22). No convívio com outras pessoas, o homem tem necessidade de comunicar-se, dessa forma, usa a interação com os outros seres para construir e reconstruir seu próprio mundo. É preciso fazer uma re (elaboração) nas aulas de língua materna para que o educando possa vivenciar diversas formas possíveis da leitura e da escrita, de se permitir participar do seu contexto intensamente. Para Silva,
  • 38. 37 O processo de leitura apresenta-se como uma atividade que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidades de transformação do conhecimento, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta- se como um trabalho de combate à alienação (não-racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade) (1997, p. 46). Pelo exposto, o ensino de Língua Portuguesa deve estar pautado numa concepção de língua como processo de interação, segundo Geraldi (2002, p.106): A leitura é entendida como processo de interlocução entre leitor/texto/autor. O aluno leitor não é passivo, mas o agente que busca significações [...], Desse modo a música abre um leque de possibilidades para que o aluno chegue nesse nível de conhecimento real. Através da música o aluno desenvolve a oralidade, enriquece o vocabulário, despertando o interesse para leitura e escrita de textos diversos, ou seja, fomenta o gosto pela produção textual e sensibiliza o aluno para escrever textos literários (E4). Como a fala desse informante depreende-se que a música serve como material para a realização de atividades voltadas para a leitura, a escrita e a oralidade e também deve-ser ressaltar a análise lingüística. Indagados de que forma a música contribuem para desenvolver as habilidades de leitura e escrita no ensino de língua. Os entrevistados deram as seguintes respostas. A música desperta sentimentos, solta a imaginação, e o interesse de escrever melhor. Com a música as aulas ficam mais descontraídas, por isso o projeto deveria se estender durante todo o ano letivo e não ficar só no período da apresentação do FACE (AP1). A música no âmbito escolar acaba acarretando no maior interesse dos alunos com a escrita e a leitura que consequentemente ajuda no desempenho do aluno em outras disciplinas além de Língua Portuguesa (AP2). Neste sentido, a música propicia essas descobertas, à medida que o homem vai vivendo, experimentando e ampliando sua visão crítica e criativa sua capacidade de interpretar. Entretanto, a escola deve instigar os educandos para que aprendam a processar o
  • 39. 38 texto e seus diferentes elementos que o compõem. Percebe-se que o projeto se preocupa com essa problemática, quando traz para o espaço escolar o ensino da música, possibilitando que o próprio aluno utilize recursos e estratégias de leitura, inerentes ao seu meio social. O dinamismo do projeto inova o ensino, permitindo que o aluno tenha contato com diferentes gêneros musicais que costumam ser apreciados por ele no seu contexto.
  • 40. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS A música não pinta o amor ou a aspiração de um dado individuo em dadas circunstâncias, ela pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração [...] (Snayders, 1997, p.104). A partir do momento em que a música é utilizada no processo ensino- aprendizagem, amplia a possibilidade de apreciação dos elementos musicais. A pesquisa partiu sobretudo, do desejo de contribuir de alguma maneira para que essa metodologia seja aplicada nas escolas e venha favorecer de verdade um ensino em que os alunos possam ser tratados de igual para igual, oportunizando a todos compreenderem o real significado e a contribuição que esse recurso pode oferecer para tornar as aulas estimulantes e prazerosas. Os valores e pensamentos da sociedade são determinados pelo contexto vivido, e a música como toda arte, expressa valores e pode ser utilizada como meio para analisar e entender as transformações políticas e culturais ocorridas no mundo. Música e linguagem são entidades que servem ao indivíduo como veículo de comunicação e expressão. À medida que o homem vai vivendo, experimentando e ampliando-se sua visão crítica e criativa, vai descobrindo sua capacidade de interpretar o mundo. A musicalização no espaço escolar não está focalizada na formação de músicos ou compositores, mas sim despertar no aluno o interesse em compreender as características da música e aprender a apreciar diferentes estilos musicais. Desta forma, como todo conteúdo trabalhado em sala deve partir do conhecimento prévio do educando, o professor quando utilizar a linguagem musical deve valorizar e estimular a troca de vivências musicais, para que a aprendizagem seja significativa e animadora. Nesse sentido, a pesquisa traz a contribuição de poder oferecer caminhos para ressignificar o ensino e aprsentar elementos que possibilitem transformar a triste realidade que permeia o espaço escolar. Pelo exposto, os resultados revelam que as metodologias e os recursos utilizados na aplicação do projeto FACE facilitam uma maior interação entre os alunos, apresenta a prática de leitura como uma atividade lúdica desenvolvendo, assim, o ato de ler como prática de fruição e prazer.
  • 41. 40 Ao fazer uma reflexão sobre o tema pesquisado percebeu-se, que a prática pedagógica lúdica possibilita também o desenvolvimento da espontaneidade, da criatividade e da expressividade dos alunos tornando o espaço escolar agradável e criativo. Por isso, o lúdico propicia uma compreensão de mundo e de conhecimento mais ampla para a aprendizagem do aluno. O projeto não pode ser considerado como instrumento para realizar milagres na educação, mas, sua contribuição será relevante para que a leitura ocupe lugar de destaque na escola. Sugere-se, então, que outras escolas que não trabalham desse tipo de metodologia conheçam o projeto a fim de tê-lo como referência, que o vejam como um estimulador do processo ensino-aprendizagem, principalmente para aqueles alunos que se sentem desmotivados, uma vez que é visível a contribuição para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno. Essa pesquisa não tem a pretensão de esgotar a discussão sobre a temática, mesmo porque, o tema é bastante amplo, com certeza, muita coisa poderia ser abordada. Espera-se que o presente estudo venha contribuir de alguma forma para que outros pesquisadores se debrucem sobre o tema em destaque.
  • 42. 41 REFERÊNCIAS ALVAREZ LEITE, Lúcia Helena. Pedagogia de projetos: intervenção no presente. Revista Presença Pedagógica. V.2, nº 8, mar./abr, 1996. BAGNO, Marcos. Moderna gramática portuguesa. São Paulo: Nacional, 2000. BAKTHIN, Michail. Estética da criação verbal. São Paulo: Fontes, 1997. BASTIAN, Hans Gunther. Música na escola: a contribuição do ensino da música no aprendizado. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2009. COSTA, N.B. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária. In: Dionísio, A.P. (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. DIONISIO, Ângela Paiva; DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. FARIA, J. de O. A Música no Desenvolvimento Humano: um caminho possível na educação. São Paulo, Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001. FERRAZ, Obdália; TARSO, Paulo de. Manual para elaboração de trabalhos acadêmicos. Conceição do Coité: Universidade Estadual do Estado da Bahia – UNEB, 2008. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
  • 43. 42 FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005. GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2002. HAGUETTE, Tereza Maria Frota. Metodologias qualitativas na sociologia. 8. ed. Petrópolis, 2001. HUIZINGA, Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2008. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1999. KOCH, Ingedore G. Villaça. Os segredos da leitura e da redação. Revista Língua Portuguesa. São Paulo, ano II, n 23, 2007. LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. 7. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003. LUCKESI, Cipriano. Ludicidade e atividades lúdicas: uma abordagem a partir da experiência interna, 2005, disponível em: < http://www.luckesi.com.br/>. LUCKESI, Cipriano. Estados de Consciência e atividades lúdicas. Salvador: UFBA, 2004.
  • 44. 43 MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (org.) Gêneros Textuais e Ensino. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucerna2007. OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Metodologia da Pesquisa Científica: Guia Prático para Apresentação de trabalhos Acadêmicos. 2. ed. Florianólopolis: Visual Books, 2006. ORLANDI, Eni Puccineli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. Campinas, SP: Pontes, 1996. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - Ensino Médio: Língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 1997. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – terceiro e quarto ciclos: Língua portuguesa/Ministério de Educação e do Desporto. – Brasília: 1998. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – Linguagens códigos e suas tecnologias: Secretaria de Educação Básica. Ministério de Educação. Brasília, 2008. PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010. Revista da FAEEBA: Educação e contemporaneidade, Educação, arte e ludicidade. Salvador, v. 15 n. 25 jan/jun., 2006.
  • 45. 44 Revista de apoio pedagógico. VIVA: a nova face da escola. Bahia: Secretaria de Educação. 2009. RICHARDSON, Roberto Jarry (et al). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. SANTOS, Santa Marli Pires dos. A Ludicidade como ciência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez. 2002. SILVA, Ezequiel Teodoro da. Leitura e realidade brasileira. 2. ed. – São Paulo: Ática, 1997. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. SNYDERS, G. A escola pode ensinar as alegrias da música? 3. ed. São Paulo: Cortez, 1997. VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. Formação social da mente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
  • 47. ANEXO 1 – QUESTIONÁRIOS UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV COLEGIADO DE LETRAS Maura Moreira da Silva Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto FACE – Uma experiência nas escolas estaduais Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores. Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna de forma prazerosa e significativa. Professor entrevistado: ___________________________________________________ Disciplina: ______________________________________________________________
  • 48. Escola: ________________________________________________________________ Data: _________________________________________________________________ Questionário da entrevista 1º) Qual a importância do Projeto FACE pra você e para sua escola? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2º) Professor, ocorreram dificuldades no processo de implementação do projeto em sua escola? Se ocorreram, eles estão relacionadas a quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3°) Que procedimentos metodológicos são utilizados para a realização do projeto? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4º) Você enquanto professor, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE ? ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ótimo Por quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________
  • 49. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 5º) Como é articulada a dinâmica de trabalho desenvolvida entre a coordenação pedagógica, professores e alunos envolvidos no projeto? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6º) De que forma o projeto pode contribuir para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita do aluno? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7°) Que práticas de leitura são utilizadas durante as oficinas do projeto? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8°) Qual a importância da ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 9°) Os alunos participam ativamente das atividades propostas nas oficinas do projeto? De que forma? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________
  • 50. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV COLEGIADO DE LETRAS Maura Moreira da Silva Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto FACE – Uma experiência nas escolas estaduais Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores. Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna de forma prazerosa e significativa. Aluno entrevistado: ______________________________________________________ Escola: _________________________________________________________________ Data: __________________________________________________________________
  • 51. Questionário da entrevista 1º) Qual a importância do projeto FACE para sua aprendizagem? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2º) Você tem relação com a música fora do espaço escolar? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3º) Você enquanto aluno, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE? ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ótimo Por quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________ 4º) O que você considera mais importante nas oficinas do projeto? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5º) De que forma você participa do projeto? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6º) Você vê o projeto como uma oportunidade de desenvolver habilidades de leitura e escrita? Justifique.