O documento descreve o período entre 1880-1892 em Portugal, que foi marcado por uma grave crise económica devido à dependência externa criada pela Regeneração, levando à bancarrota em 1892. A monarquia enfrentou também desafios políticos como o Ultimato Inglês de 1890 e a Revolta de 31 de Janeiro de 1891.
2. Entre 1880 e 1914, Portugal viveu períodos de crise
e de expansão. Particularmente entre 1880 e 1890,
a economia portuguesa atravessou momentos
difíceis. Esta crise ficou a dever-se às bases
instáveis em que assentava a política económica
anterior, a Regeneração, entre 1851 e 1880: o livre-
cambismo, os investimentos externos e os
empréstimos.
3. A Regeneração foi o período da política
portuguesa que antecedeu a crise financeira.
Visava estabelecer a concórdia social e
política, bem como o desenvolvimento
económico do país.
4. A Regeneração enveredou pela via do livre-
cambismo, que favoreceu a entrada de
produtos industriais estrangeiros a baixo
preço. Assim, Portugal viu-se incapaz de
competir com os outros países mais
desenvolvidos da Europa, visto que a nossa
industrialização tinha meio século de atraso
relativamente à das maiores potências.
5. Assim, as nossas exportações diminuíram. A nossa
indústria era também pouco desenvolvida,
comparativamente a outros países europeus, o que
fez com que as nossas importações de produtos
industriais estrangeiros se mantivessem altas, pois
eram produtos mais baratos e mais competitivos.
Verifica-se então uma grave situação de crise e de
défice, resultante do saldo negativo entre as
importações e as exportações.
6. Como vemos no documento, os
valores das importações eram o
dobro dos valores das
exportações, levando a uma
balança comercial deficitária
e, consequentemente, a um
país cada vez mais pobre.
A única solução possível seria
diminuir os gastos e aumentar
os lucros do país.
7.
8. Grande parte do desenvolvimento português
(vias férreas, transportes, banca, indústria)
fez-se à custa de investidores
estrangeiros, logo, as receitas originadas por
esses investimentos não revertiam a favor de
Portugal.
9. A dívida pública, que não parava de crescer
em virtude dos sucessivos empréstimos no
país e no exterior, veio ainda piorar as
finanças portuguesas. Com estes
empréstimos, verificamos a nossa
dependência face ao capital externo.
10. Os pedidos de empréstimos serviam para
aumentar as receitas. Pedimos empréstimo,
por exemplo, ao banco inglês Baring &
Brothers, que, posteriormente, em 1890,
abriu falência, fazendo com que Portugal
deixasse de ter meios de lidar com a dívida. O
culminar da crise ocorreu em janeiro de
1892, quando o Estado português declarou
bancarrota.
12. Podemos então dizer que a principal razão da
crise da década de 1880-90 foram os
problemas estruturais que se mantinham,
como a falta de investimento em atividades
produtivas, o atraso agrícola, a dependência
externa, a balança comercial negativa, a
crescente emigração de população em busca
de melhores condições de vida e a
acumulação de dívidas.
13. Além da crise financeira, este período foi também
marcado por uma crise política. Destacamos o Ultimato
Inglês, em 1890, e a Revolta de 31 de janeiro, em 1891.
Vários acontecimentos geraram descontentamento
entre a população e criaram condições propícias à
queda da monarquia, beneficiando o Partido
Republicano, que soube capitalizar em seu favor a crise
económica que se abateu sobre o país e o descrédito
nos partidos do rotativismo monárquico (isto é, na
alternância, à frente do Governo, dos dois principais partidos
monárquicos, o Regenador e o Progressista, que manipulavam em seu
favor as eleições e a vida política em geral.)
14. Com a necessidade de matérias-primas para
a indústria, África, um continente ainda por
explorar, começou a ser cobiçado entre as
potências europeias, e foi feita a Conferência
de Berlim com o objetivo de dividir os
territórios africanos.
15. Portugal, querendo manter os seus territórios lá, Angola,
Chire e Moçambique, fez uma proposta, o Mapa Cor-de-
Rosa. No entanto, as pretensões de Portugal nesse
projeto chocavam com o projeto inglês de ligar, com uma
via férrea, os seus territórios do norte e do Sul, o Cairo e o
Cabo.
Assim, em 1890, Inglaterra fez um ultimato a Portugal:
ou retirávamos as nossas forças expedicionárias da zona
em disputa ou eles declaravam-nos guerra.
Portugal cedeu, pois não aguentaria uma investida
inglesa. Perante esta decisão, um sentimento de revolta
e humilhação caiu sobre a população portuguesa, que
responsabilizava a monarquia.
16.
17. A ideia de um movimento militar para a
substituição do regime começou a ganhar
forma entre os republicanos. Ainda no
rescaldo do choque provocado pelo Ultimato,
eclodiu, no Porto, a 31 de janeiro de 1891, a
primeira tentativa de derrube da monarquia.
Este golpe ficou conhecido como a revolta de
31 de janeiro.
18.
19. Depois da grave crise económica e do
fracasso do livre-cambismo posto em prática
pela política da Regeneração, o Governo
português publicou, em 1892, uma nova
pauta alfandegária, retornando à doutrina
protecionista. O objetivo era reorientar a
economia portuguesa.
20. Procurou-se garantir as condições
necessárias para que os produtos nacionais se
pudessem afirmar no mercado externo,
interno e nas colónias (relaciona-se com o
colonialismo). O comércio colonial foi um
importante pilar no desenvolvimento
económico português.
21. Relativamente à indústria, difundiu-se a
energia a vapor e avançou-se com a
mecanização. As inovações e tecnologias da
segunda revolução industrial foram
finalmente utilizadas: a indústria química e a
eletricidade.
A indústria teve então de acompanhar a
agricultura, colocando a produção nos
mercados.
22. Foram criadas Companhias, melhor
preparadas para as oscilações do mercado e
onde o capital financeiro imperava (ligadas ao
têxtil, transportes, serviços públicos, bancos,
expansão colonial, etc.);
Valorizou-se o mercado colonial;
Verificou-se uma expansão tecnológica, com
a difusão da eletricidade, da indústria química
e da mecanização.
25. Crise económica de 1880-90
Crise no modelo rotativista
Ultimato inglês (1890)
Revolta de 31 de janeiro de 1891
26. Crise
- Bancarrota
- Pauta protecionista
Mapa Cor-de-Rosa
Ultimato inglês
Revolta de 31 de janeiro
1880
1881
1890
1891
1892
27. Após o período da Regeneração, que favoreceu a
entrada de capitais e artigos industriais estrangeiros,
Portugal tornou-se uma sociedade capitalista
dependente. Abateu-se uma grave crise financeira sobre
o nosso país, devido ao défice comercial e à dívida
pública, que levaram o país à bancarrota.
A monarquia constitucional revelava-se incapaz de
resolver a crise e de responder às necessidades da
população, mostrando-se fraca, por exemplo, através
da humilhação que o Ultimato inglês foi para o governo
português.