O documento discute a capacitação de formadores em práticas restaurativas no ambiente escolar. Aborda temas como conflitos escolares, violência, adolescência e técnicas para dissolução de conflitos de forma pacífica, como o diálogo e a mediação. O objetivo é construir um ambiente escolar saudável pautado pelo respeito e alteridade.
1. MÚSICA: TE OFEREÇO PAZ
Te ofereço paz
Te ofereço amor
Te ofereço amizade
Ouço tuas necessidades
Vejo tua beleza
Sinto os seus
sentimentos
Minha sabedoria flui
De uma fonte superior
E reconheço esta fonte
em ti
Trabalhemos juntos
Trabalhemos juntos
2. Rede de Apoio Intersetorial
pela Paz nas Escolas
1º passo: encontro de pactuação realizado em 14 de maio.
2º passo: diagnóstico da escola e do entorno.
3º passo: este programa de capacitação.
3. • Conhece-te a ti mesmo
Sócrates
• Cura-te a ti mesmo
Hipócrates
• Transforma-te a ti mesmo
Você reconhece que
tem algo para
mudar em você?
Você se considera
pronto, acabado?
Ou será que todos
poderemos crescer
neste processo de
formação?
4. CAPACITAÇÃO DE FORMADORES EM
PRÁTICAS RESTAURATIVAS NO
AMBIENTE ESCOLAR
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE ENSINO DE UBÁ
RECAJ UFMG – RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS E ACESSO À JUSTIÇA
Acréscimos a este documento serão indicados em nota bibliográfica.
5. NOVAS PERSPECTIVAS E TÉCNICAS DIALOGADAS
QUE POSSIBILITEM A PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS
NA RESOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS E NO
APRIMORAMENTO DE RELAÇÕES SOCIAIS
PAUTADAS PELO RESPEITO E PELA ALTERIDADE.
OBJETIVO: CONSTRUIR UM
AMBIENTE ESCOLAR SAUDÁVEL.
VISÃO: VIVENCIAR A ESCOLA COMO
LUGAR COMUM DA DIVERSIDADE E
DA EDUCAÇÃO POR EXCELÊNCIA.
6. MÓDULO 1 : CONFLITOS ESCOLARES E
PROTEÇÃO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Neste módulo serão discutidos:
1 – O conceito e os diferentes tipos de violência;
2 – O mal-estar de sua presença na cultura;
3 – A adolescência e as formas pelas quais ela se manifesta na subjetividade
contemporânea.
4 – A instituição escolar e as diferentes estratégias para se lidar com os conflitos
violentos.
5 – Visões de conflito e como o mesmo é tratado pela sociedade.
6 – O Direito da Criança e do Adolescente. Paralelo antes e depois. Como funciona o
sistema de garantia de direitos.
7. Viver o conflitoda obra: A Arte de Viver a Vida. PIERRE WEIL
CONFLITO Laissez-faire
Passividade
CRISE
Diálogo com empatia,
negociação,
mediação, arbitragem.
Atritos, julgamentos,
provocações, fechamentos,
retiradas, chantagens
Ódio, rejeição, raiva quente e fria,
agressão verbal ou física,
rompimento, guerra e guerrilha.
Amor, amizade,
cooperação,
reconstrução
Posturas
arrogantes
Desfecho
violento
Desfecho
pacífico
Procura
de
harmonia
8. TÉCNICA DE DISSOLUÇÃO DE
CONFLITOS:
PISAR E PESAR
Ler anexo 1
AArte de Viver a Vida. Viver o Conflito. Pierre Weil
9. VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
VIOLÊNCIA
• A violência está ligada à
pulsão de morte. Tem
caráter destrutivo.
AGRESSIVIDADE
• Presente na constituição
do sujeito ( para a
psicanálise) é estrutural e
pode ser considerada
construtiva e
assimilatória.
Ler texto página 10 – Para refletir.
10. VIOLÊNCIA SUBJETIVA
• Forma mais visível da
violência: guerra civil,
confrontos armados,
vandalismos...
VIOLÊNCIA OBJETIVA
• SIMBÓLICA
• SISTÊMICA
A violência objetiva é vista
como algo normal e
corriqueiro.
11. VIOLÊNCIA OBJETIVA
SIMBÓLICA
• Ligada à linguagem.
• Formas mais sutis: palavras,
nomeações, classificações e
formas de utilização da
linguagem.
• O agente da violência
costuma não ser
identificado.
• Piadas racistas...
Aparentemente
inofensivas...
SISTÊMICA
• Promovida pelo sistema.
• Instalada no próprio
funcionamento da sociedade.
• É invisível e poder utilizar o
poder político, econômico ou
midiático para se consolidar. Ela
poder fazer uso da violência
simbólica e da violência física
para se perpetuar.
• Numa loja de brinquedos
encontramos um número ínfimo
de bonecas negras...
Uma sustenta a
outra
Uma sustenta a outra num decurso imperceptível e dissimulado.
12. A violência simbólica acaba por levar a uma
homogeinização do estilo de vida, criando uma
noção ilusória de igualdade e consequente
segregação daqueles que se apresentam como
diferentes ou deficitários ( gordos, sem roupas de
marca, imigrantes, homossexuais...)
13. Para Freud andam juntas
e são indissociáveis.
EROS
• Pulsões de vida.
• Conservação das
unidades vitais.
• AMOR.
THANATOS
• Pulsões de morte.
• Em situações em que a
pulsão de morte trabalha
sozinha se torna pura
violência.
• Tendência para destruição
das unidades vitais.
14. Para Freud o último é o mais
penoso dentre os três.
• NOSSO PRÓPRIO CORPO:
condenado à decadência e
dissolução.
• DO MUNDO EXTERNO: que
pode se voltar contra nós com
forças de destruição esmagadoras
e impiedosas.
• NOSSOS
RELACIONAMENTOS COM
O OUTRO.
TRÊS CAUSAS
PARA O
SOFRIMENTO
HUMANO
15. Vivenciar a técnica ( anexo 2)
EU PENSO QUE ....................................
fulano
É................................
adjetivo
Esta técnica auxilia na dissolução de conflitos
intra e interpessoais.
Consenso de várias correntes psicológicas.
16. ADOLESCÊNCIA: ETIMOLOGIA
ADOLESCÊNCIA 1
• LATIM
• Ad ( para) + olescere
( crescer) = crescer para...
ADOLESCÊNCIA 2
• “ neurose de crescimento”
• Fase ao mesmo tempo
problemática e promissora.
Novas formas de subjetivação
da vida.
17. ADOLESCÊNCIA
O tema da adolescência na escola é
constantemente atravessado pelo problema da violência,
que é mais um desafio depositado na conta da educação.
Nesse aspecto a escola é colocada como alvo de
descrédito e como referência de esperança.
18. O que é adolescência?
Quem são os adolescentes que frequentam a sala
de aula?
Quais são as questões fundamentais desta fase?
19. CONVERSAS COM ADOLESCENTES,
JOVENS, EDUCADORES E PAIS...
BATE-PAPOCABEÇA
Fonte: “ Bate-Papo Cabeça”. Mini-curso. Autor: Edmar Pereira Lopes – SRE/Ubá
Slides 18 a 59
20. Idéia boa para revelar aos
adolescentes...
Quando olhamos por alto as
pessoas, ressaltam suas
diferenças: negros e brancos,
homens e mulheres, seres
agressivos e passivos,
intelectuais e emocionais,
alegres e tristes, radicais e
reacionários. Mas, à medida
que compreendemos os demais
as diferenças desaparecem e em
seu lugar surte a unicidade
humana: as mesmas
necessidades, os mesmos
temores, as mesmas lutas e
desejos. Todos somos um.
Joyce em Finnegan’s Wake
22. Período de transformações e emoções intensas...
Questionamentos sobre seu corpo, valores, escolhas
e seu lugar na sociedade.
Se afasta da identidade infantil ( caminho natural)
construindo pouco a pouco uma nova definição de si
mesmo.
27. O CONTEXTO SOCIAL INTERFERE
NAS PARTICULARIDADES
Em essência e natureza pessoal... “SOMOS TODOS UM !”
• Formas de ver o mundo
• Formas de reagir
• Formas de expressar
sentimentos ...
28. JOVENS FILHOS DA CLASSE TRABALHADORA
Dificuldade em
alcançar escolaridade e
formação profissional
satisfatórias, leva muitas
vezes o jovem do meio
popular a ingressar
prematuramente no
mundo do trabalho, sem
o preparo e o
acompanhamento
adequados.
29. Os meninos e meninas... Talvez até ali...
Dóceis e comportados... Quem sabe...
Submissos ?
Repentinamente...
31. COMO ISTO SE DÁ...
50%
consciente
50%
inconsciente
... Lembrando que na criança a maior e
grande parte é inconsciente...
32. E aí...
Vai deixando paulatinamente sua
atitude mental passiva, a de
receber impressões e registros, de
responder com reações
comandadas pelo inconsciente de
impressionar-se vitalmente com os
acontecimentos de conotação
afetivo-emocional que o atingem
para assumir o comportamento
ativo de diferenciação dos outros,
para fazer suas análises racionais,
para tecer comparações e
correlações, para formular
opiniões e críticas e tomar
decisões a favor ou contra os fatos.
PIAGET dizia que é a
“época da conquista do
pensamento”
33. NA ADOLESCÊNCIA...
Se manifesta a expressão dos sofrimentos
reprimidos da infância e esse contexto é que o torna
tão difícil de ser compreendido.
35. De Criança para Adolescente
Enquanto o adolescente
desenvolve e expressa um
raciocínio distinto em torno do
que pensou e do que percebeu,
a criança, inicialmente, só sente
e pensa o que percebeu.
A percepção da criança,
embora de penetração mais
profunda e mais ampla que a do
adolescente e do adulto, é
envolvida e perturbada pelo
sentimento afetivo-emoci0nal,
mais delicado nessa faixa
etária.
CRIANÇA:
“ EU SOU
REJEITADA”...
ADOLESCENTE:
“ ELES ME REJEITAM”
Sacou a
diferença?
37. NECESSIDADE DE AUTO-AFIRMAÇÃO: fazer frente à
dependência que vinha da infância
AUTO-AFIRMAÇÃO
Reações
impulsivamente
violentas,
agressivas e
contestadoras
Timidez,
retraimento e
serenidade
38. ATITUDE DE CONTAR VANTAGENS
Quem está seguro não sente necessidade
de fazê-lo !
Medo de não ser
aceito
Precisam de amigos ou grupos mais
do que qualquer outra idade... Para
compartilhar inseguranças, ajuda e
apoio.
40. AMBIVALÊNCIAPROCESSOSPSÍQUICOSE
COMPORTAMENTOSCONTRADITÓRIOS.
INSEGURANÇA
“Resolvi fazer uma festa, mas
pedi a meus pais que não
interferissem... Agora me vejo na
sala, tudo pronto e eu sozinha.
Estou insegura... Não sei se os
amigos vêm. Meus pais estão no
quarto... Eu queria que
estivessem aqui, ao meu lado.”
AMBIVALÊNCIA
INSEGURANÇA
DEPENDÊNCIA... Ao lado do
desejo de independência.
41. 12 e 15 anos...
desejos de sair e ficar em casa...
“ Se eu pudesse dialogar com papai ( ou mamãe) e explicar o
que penso, eu ficaria mais com eles!” “Se eles me dissessem o
motivo porque mandam e desmandam em mim e me proíbem,
eu não fugiria tanto de casa.” “Eu até que gostaria de ficar: se
meus mais me valorizassem um pouquinho... Se não só
cobrassem... Se não vissem só defeitos...” “ Não suporto minha
casa, porque papai acha que falar comigo é perder a
autoridade...” “ Mamãe, quando fala, faz logo um sermão que
não acaba mais... Então eu saio e bato a porta!” “ Os pais não
confiam em mim! Partem sempre do princípio de vou fazer
algo de errado! Eu preciso procurar alguém! Alguém que
confie em mim!” “ Papai me dava carinho e atenção, agora
mudou totalmente: não tenho culpa de ter crescido... E já que
não tenho carinho em casa, vou buscá-lo fora!”
42. AUTO-ESTIMA
FRAGILIZADA
• O fortalecimento da
auto-estima dá suporte
para o crescimento
pessoal e social.
FAMÍLIA,
COMUNIDADE,
ESCOLA, SOCIEDADE.
ESPANTO AO
RECEBER ELOGIOS...
Não é o caso do gatinho
abaixo...
43. Auto-imagem contaminada por preconceitos:
Classe social
Etnia
Nível cultural
Profissão
Local de moradia
Ser negro e pobre
como elemento de
desvalorização dentro
da sociedade !
45. A ESCOLA PRECISA ASSUMIR SEU PAPEL
TRANFORMADOR...
O JOVEM SER DONO DE SEU DESEJO E ACREDITAR NO SEU PODER
DE TRANSFORMAÇÃO.
...Escola: lugar de
desenvolver o potencial
intelectual...
Habilidades de leitura,
escrita e interpretação de
mundo...
46. TÉDIO: falta de ter o que fazer ou falta de vontade de
fazer algo... Ou não sabe o que fazer com o seu tempo...
?
47. Devido à insegurança e necessidade de auto-afirmação
Dá grande valor ao a seu
aspecto físico
48. A ATITUDE DOS PAIS “SEM EXPLICAÇÃO” E O
AUTORITARISMO NÃO CABEM MAIS NA ADOLESCÊNCIA.
Mudança na adolescência não é
problema... Se os filhos nada manifestam...
É normal e necessária! Se estão abafados,
reprimidos... Está
sujeito a problemas
mais sérios.
49. A QUEIXA
“ Pais mandam, desmandam,
proibem... e sem explicações!”
As queixas expressam a
desatenção a 3 novas
realidades do adolescente
1 - A capacidade de raciocínio
consciente;
2 – O desejo de tomar decisões
próprias;
3 – O conflito dependência /
independência.
50. AUTORITARISMO e SUPERPROTEÇÃO
• AUTORITARISMO
• SUPERPROTEÇÃO
• LIBERDADE: anseio que precisa ser compreendido.
BLOQUEIA
INCOMODA
...e causa bronquite
51. BOM CONSELHO PARA OS
ADOLESCENTES E JOVENS:
Os seus amigos também passam pela
INSEGURANÇA!
...UFA !
52. JOVEM:por natureza idealista e deseja um mundo
melhor...
O IDEAL É O MAIOR DOM
NATURAL DA JUVENTUDE
Entusiasma-se com facilidade diante da
meta de construir um mundo mais sadio e
equilibrado, mesmo que este mundo seja
apenas o de seu corpo e de suas relações
Mas é preciso dar-lhe oportunidade e uma
sólida formação para que possa agir com
convicção.
53. POSSUIR UM IDEAL É O IMPULSO MAIS FORTE E POSITIVO DA
JUVENTUDE!
Francisco de Assis, Maria...
Che Guevara... Arnold Schwarzenegger
55. O SENTIDO DA SEXUALIDADE
O sexo nos seres humanos, é complemento do amor maduro e
responsável e, fora desse contexto, ele contradiz a natureza
noológica ( espiritual) do homem e por isso torna-se frustrante,
gerando insatisfação, tendendo a conduzir à decepção, à
indiferença sexual e, mais tarde, à impotência e frigidez..
56. PESQUISA COM 1001 ADOLESCENTES
Perguntamos:
Caso seus pais não se entendessem, você preferiria:
a) Que se separassem logo;
b) Que continuassem discutindo, mas ficassem juntos;
c) Que tentassem o reajustamento, ainda que difícil.
57. 82% foram a favor do item “c”.
A complementariedade conjugal não se parte no
inconsciente do filho.
59. Testemunho de uma vida conjugal harmoniosa:
capaz de reverter esta onda destruidora.
60. Do ponto de vista biológico e
psíquico¹ : puberdade = período de
transformações bio-psíquicas.
1 – Segundo várias tradições as transformações biológicas da puberdade são concomitantes
às do campo psicológico.
61. Do ponto de vista sociológico:
período de transição entre a
dependência infantil e a
emancipação do jovem adulto.
62. O sujeito se divide entre as exigências de
satisfação pulsional advindas de seu corpo e
as exigências culturais que a sociedade
estabelece.
63. Quem é o adolescente em nossa
cultura contemporânea?
MORATÓRIA - Caligaris
• Tempo e suspensão em
que o sujeito nem é
totalmente independente
para a vida sexual nem
está plenamente
autorizado a dirigir sua
força de trabalho.
64. Joana D’Arc com apenas 16 anos comandou um
exército com cerca de 4000 homens... ( pag. 17)
Ainda segundo
Caligaris
• O adolescente quer
AMAR e TRABALHAR.
• “ Há duas qualidades
subjetivas que são
cruciais para se fazer
valer em nossa tribo: é
necessário ser desejável e
invejável”.
65. As restrições impostas à independência e a carência de
reconhecimento social são fortes componentes que fomentam rebeldia
atribuída ao adolescente.
“ A comunidade impôe
uma moratória...”
• Embora o adolescente possa
sentir-se competente, de
corpo e alma, para uma vida
independente, a sociedade
não o reconhece como
adulto.
Na moratória a independência ensinada
como um valor por excelência é suprimida.
66. Quais as respostas possíveis dos
adolescentes?
O sujeito fica no limbo. Esta situação gera uma insegurança que se reflete nas
relações sociais. Com reações dramáticas... Seja com timidez excessiva ou
temeridade exacerbada.
67. O que querem de mim?
• O que fazer para obter o tão
precioso reconhecimento?
68. Alberti ( 2004) esclarece que a adolescência é simultaneamente um
momento de consolidar a internalização dos valores herdados dos pais
e de superar a dependência da idealização do par parental. Isso
significa que o adolescente se dá conta de todas as falhas de seus pais
e essa percepção possibilita o processo de separação, que muitas
vezes é conflituoso. Muitos pais não conta de lidar com os constantes
questionamentos dos filhos e podem acabar desistindo deles. Por não
serem mais ouvidos, podem acabar abandonando suas funções e
“separando-se” dos filhos antes que estes tenham a chance de realizar
a separação. Quando isso acontece o adolescente “abandonado” pode
ver como única solução lutar desesperadamente pela atenção dos
pais. “ Começa então a série infinita de dificuldades e problemas da
adolescência que será tanto maior quanto menor tiverem sido
justamente as referências primárias imprescindíveis para o exercício
das escolhas”
69. ALGUNS COMPORTAMENTOS TÍPICOS E EXTREMADOS
O ADOLESCENTE
GREGÁRIO
O adolescente busca em seus próprios pares as
condições sociais de reconhecimento. Ele se afasta
do universo dos adultos e cria pequenos laços
sociais onde tem seu próprio lugar, desde grupos de
amigos, até gangues de rua. Em vez da enigmática
maturidade exigida pelo mundo adulto, o
reconhecimento no grupo é marcado por pré-
requisitos mais definidos: pode ser o look, como
nas comunidades de estilo ( dark, punk, rave, etc.);
pode ser fuma marca duradoura, como uma
tatuagem ou cicatriz; ou pode ser um pacto de
sangue, como a participação num crime comum
( roubar, estuprar, matar etc.).
70. ALGUNS COMPORTAMENTOS TÍPICOS E EXTREMADOS
O
adolescente
delinquente
Também se pode recorrer a formas mais
barulhentas de chamar a atenção para si. “
Numa progressão linear, grita, quebra vidros e
pratos, coloca fogo na casa e pode até se
matar para ser levado a sério”. Ao não ser
reconhecido dentro do laço social, o
adolescente pode buscar ser reconhecido for
ou contra esse mesmo laço socia. No caso
daqueles envolvidos com o tráfico é o próprio
reconhecimento como pessoa que está em
jogo. Ao receber do traficante uma arma, o
adolescente invisível recebe um passaporte
para a existência social e restaura as
condições mínimas para a construção de
fuma identidade.
71. ALGUNS COMPORTAMENTOS TÍPICOS E EXTREMADOS
O
adolescente
toxicômano
A droga é o problema que mais
preocupa pais e professores, pois coloca-se
como um objeto que parece preencher toda
a falta do sujeito. Ela provoca um curto-
circuito no desejo, na medida em que pode
induzi-lo a abandonar todas as demais
aspirações. A geração anterior viu nas
drogas símbolos de liberação e revolução,
mesmo que depois tenha recalcado esses
ideais sob um medo repressor. Além do
charme de acesso a um objeto que é
proibido para todos, as drogas ilegais ainda
apresentam a complicação da relação com o
tráfico, que aponta para o adolescente
caminhos rápidos de enriquecimento e
independência.
72. ALGUNS COMPORTAMENTOS TÍPICOS E EXTREMADOS
O
adolescente
que se
enfeia ou se
sabota
Uma estratégia para lidar com a
dificuldade de ser reconhecido como
alguém desejável pode ser tornar-se
alguém feio e, portanto, indesejável.
Assim, não se é rejeitado passivamente
pelo outro, mas há uma provocação
dessa rejeição. Isso pode ser feito
deliberadamente, a partir dos llks
alternativos, ou incosncientemente,
quando o adolescente torna-se obeso ou
anorexo sem uma intenção consciente.
Ele pode também sabotar-se em outros
campos pelos mesmos motivos. A queda
do desempenho escolar ou a inibição na
aprendizagem costumam ser sintomas
recorrentes que seguem essa lógica.
73. ALGUNS COMPORTAMENTOS TÍPICOS E EXTREMADOS
O
adolescente
barulhento
O barulho e a música alta
podem ser formas de negar-se a
escutar escutar esse adulto que
não escuta. Ou pode ser também
uma mensagem que tenta
mostrar a intensidade de uma
experiência, um modo de dizer:
“ estou vivo e estou aqui!”.
74. Como lidar com a
adolescência na escola?
• As crises da adolescência se manifesta na escola de várias
formas: violência, dificuldades de relacionamento,
dificuldades de aprendizagem, inibição...
• É preciso compreender as políticas empreendidas pela
escola ao lidar com os adolescentes problemáticos.
• Além de conhecer o adolescente é preciso conhecer a
escola e sua lógica disciplinar para que possam
vislumbrar possibilidades de transformação que
apoiem o adolescente em sua constante busca por
autonomia.
75. ESCOLA E CONFLITO
Agressividade, nervosismo ou violência. A
que deve esse aumento significativo dos
conflitos e/ou manifestações de violência
no espaço escolar?
Toda gestão democrática envolve conflitos. O
desaparecimento do conflito requer o apagamento
das singularidades! CUIDADO!
76. Escola e Conflito
• O uso de adequadas técnicas pedagógicas não garante a
transmissão do saber. Isso exige o encontro de dois
desejos: o de ENSINAR e o de APRENDER.
• O problema da idealização de uma escola sem conflitos,
como um modelo perfeito. Na verdade os conflitos são
integrantes e necessários no processo educativo.
• Essa idealização já é uma das causas de conflito!
77. a história moderna da
violência social
As origens do capitalismo. Século XVIII.
Inglaterra. Dissolução do ninho família.O
surgimento da mulher operária. Exploração
do trabalho infantil. Alcoolismo.
Prostituição. Suicídio. Delinquência.
78. Stanislav Grof
Psiquiatra. Referência
mundial na pesquisa
de psicoativos.
•Busca da maconha:
ligada à busca da mãe.
•Busca da cocaína:
ligada à busca do pai.
•Marcas de um
adoecimento social.
CHAVE DE CURA: AMAR
79. SOCIEDADE PÓS-MODERNA:
banalização da vida no sexo e na
violência. Pansexualismo.
Consumismo. Massificação midiática.
O TER sobrepõe o SER
“ Vivo para comprar” texto escrito num muro da
cidade de Jerusalém, que chamou a atenção do
antropólogo Amós Oz.
80. Atenção e cuidado aos Professores !
Os professores se sentem despreparados para lidar com essa
diversidade populacional, e ao mesmo tempo, pressionados
pelas políticas públicas educacionais a mostrar resultados, a
cumprir metas, segundo modelos generalizantes que não
consideram as particularidades de cada contexto
educacional e de cada aluno. Os professores se queixam da
distância existente entre o saber acadêmico e a prática
docente, além da desvalorização social da sua profissão.
Eles se sentem desrespeitados pelo Estado, pelos alunos e
por suas famílias. A baixa remuneração do professor o
obriga a cumprir uma carga horária pesada, que
compromete a sua capacitação, a qualidade de sua prática
docente e, fundamentalmente, o seu desejo de ensinar. Os
professores estão adoecendo!
81. Já que a sociedade não os enxerga, os jovens se
fazem visíveis, muitas vezes, através de atos de
infração e/ou de violência.
• Os atos de violência não estão restritos a um
determinado grupo social. Na atualidade crescem as
manifestações de violência entre jovens de diferentes
classes sociais, entre grupos de alunos, entre alunos e
professores e também dos alunos contra a própria
instituição escolar.
82. As redes sociais dão
visibilidade a conflitos
que sempre existiram no
ambiente escolar...
83. A exclusão dos sujeitos, a segregação das
diferenças... Podem impelir que os rejeitados nos
simbólico ( LACAN), cuja manifestação é impedida
no âmbito da palavra, retornam no real, por meio de
atos destrutivos.
84. Violência simbólica presente no discurso
de professores:
Emergem nos predicados utilizados para nomear
os alunos: “ vândalos”, “irresponsáveis”,
“agitados”, “sem limites”, “repetentes”... PERIGO
de introjeção e identificação pelos jovens.
85. O educador deve prepará-lo para o reconhecimento,
a aceitação e o respeito às diferenças.
A escola é um espaço de socialização. O adolescente afirma a sua
identidade pela exclusão da diferença. O reconhecimento da diferença é
importante na construção da identidade dos jovens. O educador assume
a responsabilidade pela inserção do sujeito na vida coletiva:
86. Alguns jovens reagem, buscam ajuda ou encontram formas de
se defenderem, outros silenciam, adoecem e deprimem.
• A escola deve acolher os adolescentes, oferecendo-lhes
um sentido para as suas vidas, protegendo-os, na medida
do possível, dos excessos pulsionais destrutivos com os
quais são confrontados na puberdade. O ambiente escolar
também deve protegê-los da violência dos grupos,
criando mecanismos para que os conflitos sejam
abordados pela vida da palavra, das soluções criativas e
contingentes, evitando que eles se transformem em atos
violentos. As discriminações repetidas e as violências
contínuas podem ser devastadoras para os sujeitos.
87. A escola deve aceitar a dimensão ineducável
presente em cada sujeito.
• Essa dimensão singular de cada sujeito faz furo no
universal, mostrando a impossibilidade de ser dar um
mesmo tratamento a todos. Ao invés de identificar os
alunos-problemas, cabe à escola compreender as
situações que geram problemas. Cada um tem sua
responsabilidade: escola – gestores – funcionários –
educadores – alunos – família.
88. Cuidado com excesso de controle via instrumentos tecnológicos!
• O excessivo controle gera desresponsabilização dos
sujeitos pelos próprios atos. A responsabilização só é
possível pela via da palavra. Os jovens são vigiados,
olhados, mas não são escutados. Os jovens passam a se
ver da forma que são vistos... Se identificando com essa
imagem de irresponsabilidade e descontrole.
89. Assim como os jovens são vigiados... Vigiam a todos!
• Através de seus celulares fotografam e filmam
professores e colegas, espalhando esses vídeos e imagens
nas diferentes redes sociais... Invadindo os espaços
privados e tornando-os públicos. Transformando tudo em
espetáculo, no tempo em que TUDO É DADO A VER!
90. O USO ABUSIVO DE NOMEAÇÕES
DIAGNÓSTICAS !
• “ São hiperativos”
• “ com déficit de atenção”
• “bipolares”
• O que essa agitação de crianças e
jovens tem a ver com a cultura
atual? Essa é uma pergunta que
deve nos levar a um verdadeiro
aprofundamento.
FORMA DE
CONTROLE SUTIL
E DEVASTADORA:
91. As respostas para os problemas devem ser
construídas CASO A CASO.
• Cada escola, cada condição de trabalho, cada professor
com sua formação teórica e prática e as particularidades
dos alunos.
92. A PALAVRA DEVE SER OFERTADA AO ADOLESCENTE
• Há uma incerteza com relação á função da escola e ao
papel do professor no contexto atual. Diante do novo
cenário, a escola tem solicitado a ajuda de profissionais
do campo jurídico, psicológico e médico para a solução
de seus conflitos.
93. A ÊNFASE DO TRABALHO NAS ESCOLAS NÃO DEVE
ESTAR CENTRADA NA VIOLÊNCIA, MAS NO CONVÍVIO
SOCIAL SOLIDÁRIO, NO RESPEITO ÀS DIFERENÇAS E NA
VALORIZAÇÃO DOS IDEAIS SOCIAIS COLETIVOS.
94. Predomina o modelo vencedor-perdedor, inocente-
culpado, bom-mau, certo-errado.
• São modelos binários que
não admitem uma terceira
realidade ou um terceiro
lado existente nos
conflitos.
• Na história da humanidade,
das religiões e da filosofia
chamamos isso de
MANIQUEÍSMO.
95. Conflito = oposição de interesses, sentimentos e
ideias, luta, desentendimento, disputa.
CRISE e CONFLITO =
RUPTURA DE UMA
SITUAÇÃO
EQUILIBRADA.
A COMPETIÇÃO
GANHA ESPAÇO E
PERDE ESPAÇO A
COOPERAÇÃO.
96. A palavra conflito em chinês é
escrito por dois ideogramas
PERIGO + SORTE
• O conflito apresenta uma face ligada
ao perigo e pode até levar à
violência. Por outro lado pode ser
visto positivamente, como sorte. Nos
traz possibilidade de superação,
estimulando a criatividade e a
retomada da comunicação, refazendo
ou restaurando laços anteriormente
desfeitos.
97. Six, citando Hannah Arendt, que alertava ser
próprio do pensamento totalitário por fim aos
conflitos, explica que os problemas podem ser
gerenciados pelas próprias partes, sem se
recorrer a soluções impositivas.
Para a solução apropriada de conflitos necessitamos
de uma MUDANÇA CULTURAL.
98. Desestimular a competição e fortalecer a
cooperação.
Cultura de Paz
Cultura da
competição
Desestimular a
competição e fortalecer a
cooperação são os
primeiros passos para
resolver conflitos com
sucesso e satisfação para as
partes. É preciso valorizar
os pontos em comum entre
os envolvidos, respeitando
suas diferenças.
Amadurecer relações,
ampliar a compreensão de
realidade e ver nos
problemas oportunidades
de fortalecimento de laços.
99. Nessa visão autoritária:
exige-se a intervenção
de uma terceiro: juiz,
policial ou diretor...
Cultura beligerante
• As pessoas são adversárias;
• O conflito se associa a briga,
agressão, insulto e violência.
• Solução: atribuir culpa, julgar
e reprimir comportamentos.
Cultura de Paz
• Processos construtivos e
participativos de solução
de conflitos.
Esses modelos de solução de
conflitos serão abordados com
maior profundidade no módulo 2.
101. BULLYING: um conflito escolar
recorrente
• 1 – Conflito típico de relações escolares ou espaços
compartilhados pelos alunos, também nas redes sociais.
• 2 – Comportamentos agressivos, que impõe situações
vexatórias ou humilhantes. Podem ser físicos ou psicológicos.
• 3 – Repetitivo. Agressões praticadas mais de três vezes já pode
ser considerado bullying.
• 4 – Intencional. Comportamentos de perseguição ou de
agressões reiteradas.
• 5 – Sem motivo justificável. Prazer de humilhar e rebaixar o
outro.
• 6 – Desequilíbrio de poder: desigualdade de perfil físico, idade
ou quantidade de agressores.
102. Isto tudo refletirá uma ambiente escolar mais atrativo e
seguro. Numa relação de escuta, promovendo a cooperação
e solidariedade no ambiente escolar.
• Valorizar métodos de solução de conflitos que
busquem o diálogo e a intercompreensão como
instrumentos fundamentais. Trata-se de métodos
democráticos que permitem que todos exponham
suas opiniões e sentimentos, com respeito e
aceitabilidade.
103. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: Art. 227- É dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, a profissionalização, á cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
104. As expressões “criança” e “adolescente”
substituem o termo “menor”, que, segundo Wilson
Liberati ( 2008), apesar de significar aquele que
não completou dezoito anos, com o sentido dado
pelos códigos de menores, passou a identificar o
marginalizado ( o carente, o infrator, o
abandonado, etc.)
Responsabilidade da FAMÍLIA –
ESTADO e SOCIEDADE.
105. Da colônia até a república:
É preciso conhecer a História do Brasil e os
processos de marginalização e
irresponsabilização.
Na República Dominicana, Peru e outros países da América
Latina as Universidades foram construídas 400 anos antes
do Brasil...
106. SISTEMA DE GARANTIAS DOS
DIREITOS INFANTO-JUVENIS
EM 1990 foi promulgada a Lei 8.069/1990, o
Estatuto da Criança e do Adolescente, que criou
o sistema legal de direitos e garantias que
trabalha a proteção integral em seus três pilares:
PREVENÇÃO, PROMOÇÃO e PROTEÇÃO.
107. POLÍTICA PÚBLICA. CONJUNTO ARTICULADO DE
AÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO GOVERNAMENTAIS.
União – Estados – Distrito Federal - Municípios
PREVENÇÃO PROMOÇÃO PROTEÇÃO
Medidas que
previnam lesão
ou ameaça de
lesão de
direitos.
Ações do Estado que
visam efetivar os
direitos infanto-juvenis
essenciais aos
desenvolvimento da
personalidade.
Contra exploração econômica e
proíbem o desempenho de
atividades perigosas ou prejudiciais
à educação, á saúde ou
desenvolvimento saudável, o uso de
substâncias ilícitas e exploração ou
abuso sexual.
Promover o restabelecimento físico
e psíquico e/ou social daquele que
sofreu alguma agressão aos seus
direitos.
108. REDE DE ATENDIMENTO
Neste contexto construimos a
Rede de Apoio
Intersetorial
pela Paz nas Escolas
Superintendência Regional de Ensino de Ubá
POLÍTICAS PÚBLICAS QUE DEVEM SE COMUNICAR,
COMPARTILHAR INFORMAÇÕES, PODER E AÇÕES,
PERMITINDO QUE UM SERVIÇO COMPLEMENTE E AUXILIE
OUTRO A ATINGIR UM INTERESSE COMUM.
Art. 86 da Lei 8.069/1990.
110. • Características dos participantes:
1 –Tenham a qualificação
profissional adequada e estejam
imbuídos de um verdadeiro “espírito
de equipe”, tendo compromisso com
a “proteção integral” das crianças e
adolescentes atendidos.
2 – Ações conectadas e
compartilhadas. Ações isoladas não
atingirão metas essenciais.
3 – Todas as entidades devem
cumprir com seu papel numa
engrenagem.
Rede de
Apoio
Intersetorial
pela Paz
nas Escolas
111. Pontos importantes a serem
lembrados neste módulo
Ler
Questões para Revisão
Pág. 37
Podem ser úteis para iluminar aprofundamentos e
planejamentos da REDE DE APOIO.
112. Bibliografia complementar
Serrão, Margarida; Baleeiro, Maria Clarice. Aprendendo a Ser e
Conviver. 2ª edição, São Paulo, FTD, 1999.
Moraes, Renate Jost de. As Chaves do Inconsciente. 23ª edição,
Petrópolis, Editora Vozes, 2006.
Leloup, Jean-Yves. O Corpo e seus Símbolos: uma antropologia
essencial. 18ª edição. Editora Vozes, Petrópolis, 2011.
Frankl, Viktor Emil. Em Busca de Sentido. Editora Vozes/Sinodal,
Petrópolis, 1996.
A Presença Ignorada de Deus.
Editora Vozes/Sinodal, Petrópolis, 1997.
Dar Sentido à Vida. Editor Vozes/ Sinodal,
Petrópolis, 1992.
Lúkas, Elizabeth. Prevenção Psicológica. Editora Vozes, Petrópolis,
1995.