O documento discute a crise econômica mundial e suas consequências, como o aumento da pobreza e da desigualdade entre países ricos e pobros. Também homenageia o sociólogo Betinho e seu trabalho em prol da solidariedade e contra a fome no Brasil. Por fim, reflete sobre a importância da fraternidade para enfrentar problemas globais.
4. Editorial
Um Cidadão chamado
Solidariedade
*
José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor, é
Presidente das Instituições da
Boa Vontade.
— A crise econômica que afeta o
mundo é uma verdadeira praga e, nesse
sentido, a brecha entre os países ricos e
os pobres aumentará até o ano 2000, vitimando mais de 600 milhões de pessoas,
que viverão abaixo do nível da pobreza.
Essa tétrica advertência é do Fundo das
Nações Unidas para Atividades Populacionais, que acaba de analisar as atuais
tendências de crescimento econômico
Comenda do
ParlaMundi da LBV
Em 1996, no
Plenário do
ParlaMundi
da Legião da
Boa Vontade,
em Brasília/DF, Be- Betinho
tinho foi condecorado com a medalha
da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, da LBV, na categoria Solidariedade.
no mundo. Na realidade, a indigência
nos países em via de
desenvolvimento é e será
fruto das disparidades
internacionais, em cujo
leque se encaixam o alto
custo dos empréstimos
e a crise do pagamento
das dívidas. Em outras
palavras, os países ricos Manuel Bandeira
continuarão a ter uma
receita per capita no mí-
_________________________________
* Um Cidadão chamado Solidariedade — Publicado no livro Crônicas e Entrevistas,
de Paiva Netto (Editora Elevação – ano 2000).
Revista Boa Vontade
Arquivo rBV
João Preda
E
m 9 de agosto de 1997, Betinho,
mineiro de Bocaiúva, voltou à
Pátria Espiritual.
Creio que uma das principais
contribuições do saudoso sociólogo tenha sido mobilizar Solidariedade Brasil
afora, por isso em 1981 criou o Ibase
(Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas).
Bem merecido e exato foi o prêmio
que recebeu no fim de 1996, no Plenário do ParlaMundi da Legião da Boa
Vontade, em Brasília/DF: a Ordem do
Mérito da Fraternidade Ecumênica, na
categoria Solidariedade.
Sem ela, a sociedade sucumbe ao
egoísmo. O mais trágico erro é o milenar
desrespeito à sagrada pessoa humana, o
Capital de Deus.
Já em março de 1985, no Diário
Popular, de São Paulo/SP, comentava
o jornalista Anderson França:
Celio Jr/AE
A luta contra a fome, da qual Betinho se tornou um poderoso
aríete, naturalmente reclama constantes investidas.
5. nimo 200 vezes maior do que a dos
países pobres. Para exemplificar bem
o grau dessa barbaridade, é bom dizer
que a quantidade de trigo destinada
pelos EUA ao fabrico de ração animal
daria, tranqüilamente, para, de uma só
tacada, estancar a fome no continente
africano...
Fotos históricas da LBV
Fotos: Arquivo rBV.
“O Bicho”
Cabe aqui, por oportuno, um
veemente protesto do grande poeta
Manuel Bandeira (1886-1968) contra
a falta de humanidade da Humanidade que permanece ameaçando povos
incontáveis:
Arquivo rBV
Vi ontem um bicho
na imundície do pátio
catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
não era um gato,
não era um rato.
O bicho, meu Deus,
era um homem.
Por isso, a luta contra
a fome, da qual o ilustre professor Herbert de
Souza (1935-1997) se
tornou um poderoso aríete, naturalmente reclama
constantes investidas.
Benjamin Franklin
Sem o sentido da Fraternidade que se projeta
na ação solidária, da qual Jesus é um
luminoso exemplo, que problemas
serão efetivamente aplacados, mesmo
por força do progresso tecnológico em
vigor?
Conforme escrevi no meu artigo
“Independência”, publicado pela Folha
de S.Paulo, em 7 de setembro de 1986,
numa época em que, pelo avanço da
tecnologia, as expectativas de produção
ficam ultrapassadas, a fome é realmente
um escândalo! Por quê?! Falta de Amor
nas Almas, que resulta na exaltação do
nefando ismo do ego.
O irmão do Henfil (guardo comigo
bem-humorada e ilustrada dedicatória
A Ronda da Caridade da LBV é uma atividade originária da Campanha
Permanente da Instituição contra a fome e pela cidadania, lançada no fim
da década de 1940, com a popular “Sopa dos Pobres”, também conhecida
como “Sopa do Zarur”. No destaque, na primeira imagem, o jovem Paiva
Netto, que participou da Ronda inaugural, em 1º de setembro de 1962, no
Rio de Janeiro/RJ.
Revista Boa Vontade
6. Editorial
Arquivo rBV
Fotos: Arquivo rBV.
que o sempre lembrado cartunista — por
sinal, também mineiro,
de Ribeirão das Neves
— me enviou no seu O
Diário de um Cucaracha) soube ver, através
das lentes da verdade
Henfil
social, o que Benjamin
Franklin (1706-1790) registrou nas
suas meditações:
— Onde há fome, não há respeito
à lei (...).
Isto é, um dia, tudo pode acontecer.
O Povo é uma permanente surpresa.
Fala Betinho
— A fome é exclusão. Da terra,
da renda, do emprego, do salário,
da educação, da economia, da vida
e da cidadania. Quando uma pessoa
chega a não ter o que comer, é porque
tudo o mais já lhe foi negado. É uma
espécie de cerceamento moderno ou
de exílio. A morte em vida. E exílio
da Terra. (...) fizemos verdadeiros
milagres de desenvolvimento. Um
dos maiores PIBs do mundo abraçado com a pobreza é a miséria
mais espantosa. (...) dois mundos
no mesmo país, na mesma cidade,
muito próximos pela geografia e
infinitamente distantes como experiência de humanidade.
Ninguém diria melhor. Parabéns,
Betinho, onde quer que esteja! E sabemos que é em um bom lugar. E continua
vivo, porque os mortos não morrem.
Revista Boa Vontade
Nas fotos, o apoio oferecido
pela LBV, em parceria com
voluntários, às pessoas que
vivem em situação de risco social. Nascida no Rio de Janeiro,
há 43 anos, a iniciativa espalhou-se por diversas seções de
atendimento da Instituição no
Brasil e no mundo.
Homenagem aos Pais
No segundo domingo do mês de agosto comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. Por isso, registro, emocionado, os sinceros agradecimentos
ao meu saudoso pai, Bruno Simões de
Paiva, um dos principais responsáveis
pela minha formação. Sempre me
presenteava com os melhores
livros, preocupado que foi
com a minha educação,
assim, como a da minha querida irmã Lícia
Margarida. Receba, Seu
Bruno, onde estiver, ao
lado de Dona Idalina, um
beijo no coração.
PhotoDisc
A Providência Divina suscita homens de estirpe no seio de todas as
nações e em todos os tempos, para que
as consciências não adormeçam e que
do hábito de refletir surjam ações humanitárias de extensos resultados. Eis por
que encerro esta singela homenagem,
recordando expressiva advertência do
imortal Cidadão Solidariedade:
7.
8.
9. Reprodução rBV
Literatura
Simone Barreto
Uma mesa, cadeiras e microfone
foram suficientes para os jornalistas
Carlos Heitor Cony e Artur Xexéo reproduzirem o que fazem nas manhãs na
Rádio CBN. O evento Sempre um Papo,
realizado em 16 de agosto, no Conjunto
Cultural da Caixa, Rio de Janeiro/RJ,
serviu para explicar à platéia o que os
leitores vão encontrar no livro Liberdade
de Expressão 2, lançado naquela data
por Heródoto Barbeiro, em parceria com
os dois comentaristas.
Como o próprio jornalista, escritor
e acadêmico Cony explanou, a obra é
uma reprodução do programa matutino
da rádio, que leva o mesmo nome, em
que o diretor regional de jornalismo
Heródoto Barbeiro lança temas atuais,
para os dois jornalistas debaterem com
ele, emitindo opiniões diferentes, o que,
segundo o acadêmico, torna o programa
muito dinâmico, pois o rádio atinge uma
gama heterogênea de ouvintes.
Após o debate, os jornalistas autografaram o livro na recepção do teatro, e,
na ocasião, os representantes da Legião
da Boa Vontade participaram do evento,
levando o abraço fraterno do DiretorPresidente da LBV, José de Paiva Netto.
Cony e Artur Xexéo agradeceram e retribuíram o abraço, enviando o exemplar
da obra com as seguintes dedicatórias:
“Para o Paiva Netto com um abraço de
Artur Xexéo — agosto/05” e “A José de
Paiva Netto com a admiração e o abraço
de Cony — Rio 2005”.
e, na oportunidade, os representantes da
Legião da Boa
Vontade o cumprimentaram
em nome do
jornalista José
de Paiva Netto, Zuenir Ventura
ao que ele manifestou muita simpatia
dizendo: “Ah, o Paiva Netto, que prazer! Muito obrigado pela presença.
Dê um abraço a ele”. Também fez
questão de encaminhar um exemplar da obra com a seguinte dedicatória: “Para José de Paiva Netto,
com o abraço e o respeito do autor,
Zuenir”.
[S.B.]
Semente da vitória
Divulgação
Liberdade de
Imprensa
_______________
O jornalista e escritor Zuenir
Ventura realizou, no dia 23 de agosto,
na capital fluminense, um bate-papo
literário sobre seu mais recente livro
Minhas Histórias dos Outros. A obra
traz o testemunho de vida do autor,
num período que vai do fim dos anos
1950 — quando iniciou sua carreira
— até os dias atuais, numa coletânea
de lembranças pessoais e coletivas e
episódios políticos e sociais que presenciou. Atualmente, é colunista do
jornal O Globo e do site NoMínimo.
Ganhou os Prêmios Esso e Vladimir
Herzog de Jornalismo, em 1989, entre
outros.
Zuenir aproveitou o evento para
autografar exemplares de seu livro
Divulgação
Minhas Histórias dos Outros
Com mais
de 40 anos de
atividade, o preparador físico
Nuno Cobra é
um profissional
Nuno Cobra
respeitado no
País e no mundo. Ele autografou
_____________
Viviane Lago
um exemplar de sua obra A semente
da vitória para o Líder da Legião
da Boa Vontade, ocasião em que
disse que admira e tem muito afeto
para com o dirigente da LBV. Na
dedicatória, consta: “Ao querido
amigo Paiva Netto. Com muito
amor. Nuno Cobra”.
Coleção Memória do Servidor
_____________
Enaildo Viana
Fotos: Agência Câmara
O Congresso em Meio
Século é o novo título do jornalista Tarcísio Holanda, lançado
na Câmara dos Deputados, em
24 de agosto, data que marca
a morte de Getúlio Vargas.
A obra literária inaugura a
Coleção Memória do Servidor. O livro retrata o papel Ministro Paulo Affonso Tarcísio Holanda na noite de autógrafos
do Ministro Paulo Affonso Martins de exemplar para o dirigente da LBV, que
Oliveira nos 23 anos em que foi o braço destaca ser uma grande figura deste País:
direito de treze presidentes da Câmara “Para Paiva Netto, Presidente da LBV,
dos Deputados.
com apreço e admiração do Tarcísio
Na ocasião, o autor autografou um Holanda. Brasília, 24/8/2005”.
Revista Boa Vontade
10. Cartas
Arquivo BV
No dia 27 de
agosto, o Senador
da República Pedro
Simon dedicou ao
dirigente da LBV
um exemplar de
duas interessantes
obras de sua autoria. Pedro Simon
No livro Discursos do Senador Pinheiro
Machado, Simon registrou: “Ao grande
líder e amigo Paiva Netto, um abraço
do Irmão Pedro Simon, 27/8/2005”.
O Senador escreveu na dedicatória da
publicação Alberto Pasqualini — Textos
Escolhidos a seguinte mensagem: “Ao
homem de idéias sociais, Paiva Netto,
ofereço o pensamento de um grande
mestre de idéias, Alberto Pasqualini.
Abraço, Pedro Simon, 27/8/2005”.
LBV e ABI
O Portal da Associação
Brasileira de Imprensa
(www.abi.org.br) destacou, em nota publicada no
dia 1° de agosto, o registro histórico que a BOA
VONTADE faz dos
pioneiros da imprensa
brasileira, aproveitando
o ensejo da comemoração do aniversário de 90
anos do jornalista Fernando Segismundo, em 5 de julho último. Eis a nota:
“Memória da Imprensa
A edição nº 203, de julho, da revista
BOA VONTADE, editada pela Elevação, traz como reportagem de capa
a sessão histórica em homenagem aos
quatro pilares da ABI: Herbert Moses,
Prudente de Moraes, neto, Barbosa
Lima Sobrinho e Fernando Segismundo. Em quatro páginas, o leitor pode
conhecer um pouco sobre a trajetória dos
ex-Presidentes da ABI e suas atividades
à frente da Instituição”.
Por sinal, o eminente jornalista
Fernando Segismundo destacou a pu10 Revista Boa Vontade
ABL em foco
Parabenizo a publicação da LBV,
em especial, pelo destaque que sempre
concede à nossa ABL. Um abraço!
(Antonio Carlos Secchin, Acadêmico,
professor universitário, crítico literário e ensaísta — Rio de Janeiro/RJ)
Canal de comunicação
Venho por meio desta agradecer
a edição de junho de 2005 da revista
BOA VONTADE. Gostaria também
de cumprimentá-los pelo material.
Certo de poder manter aberto este
canal de comunicação entre nós,
aproveito a oportunidade para lhes
enviar um forte abraço. (Márcio Bins
Ely, Vereador — Porto Alegre/RS)
obra. Agradeço de coração tudo o que
ele faz por nós e pela Humanidade.
(Graci Gomes da Silva — Florianópolis/SC)
Sabedoria de Vida
O livro Sabedoria de
Vida, de Paiva Netto, é maravilhoso, nos ensina muito. Eu gostei bastante, pois,
nesta vida, temos muito que
aprender. Com essa obra, da
Editora Elevação, de tanta responsabilidade e credibilidade,
conseguirei seguir em frente. (Ivanilde
Aparecida Fernandes de Oliveira
— Embu-Guaçu/SP)
Programação que eleva
Profecias
Parabéns pela programação e pela
iniciativa de radiofonização do livro
Nosso Lar, uma das obras mais lindas
do Espírito André Luiz, psicografada
blicação, via e-mail: “Caro Presidente
Paiva Netto, venho agradecer-lhes a
distinção com a qual a revista BOA
VONTADE n° 203, de julho, me
atribui: o de ser um dos pilares da
Associação Brasileira de Imprensa,
ABI. Tenho prestado, de fato, uns
poucos serviços à instituição, mas
assim têm procedido muitos de nossos
confrades. Honra-nos estar sempre
ao lado e a favor de nossa categoria
profissional. Com a generosidade de
vocês sinto-me, ainda mais, incentivado a prosseguir em nossa luta
comum, tenho como alvo absoluto
o bem da Pátria e de seu povo. Um
cordial abraço!”.
A jornalista e escritora Maria Lúcia
Amaral fez questão de ressaltar a homenagem da revista ao seu tio Barbosa
Lima Sobrinho (1897-2000): “Muito
grata pela remessa da revista BOA
VONTADE em que estão o meu tio
Barbosa Lima Sobrinho e sua esposa
Maria José. Lembro sempre de ambos
com muita saudade e, principalmente,
pela falta que o meu tio estaria fazendo,
agora, em que o país anda tão difícil.
Bonita a capa da revista na qual estão os
presidentes tão importantes da querida
ABI onde trabalhei tantos anos. Obrigada,
mais uma vez.
Quero agradecer ao escritor Paiva
Netto pelo livro As Profecias sem Mistério. Estou muito contente com essa
Parceria Social
A LBV e a ABI têm
realizado, ao longo de
mais de cinco décadas,
inúmeras parcerias, a
exemplo da que foi assinada no fim de 2004,
quando um convênio
entre as duas instituições Maurício Azêdo
passou a oferecer atendimento odontológico a jornalistas aposentados de renda
modesta. Também são entregues, mensalmente, a estes profissionais cestas básicas
de alimentos. Em carta, o Presidente da
Casa do Jornalista, Maurício Azêdo,
manifesta-se a respeito do assunto:
“Nossa admiração pelo desempenho
da LBV no campo social, no qual essa
benemérita instituição presta notável
contribuição à melhoria das condições
de vida e à elevação da auto-estima das
pessoas alcançadas por seu trabalho de
assistência ao próximo, como demonstrado no caso do numeroso segmento de
concidadãos indicados pela ABI. Com
as expressões do nosso elevado apreço,
firmo-me cordialmente”.
Simone Barreto
Senador Pedro Simon
autografa livros a Paiva Netto
11. Visita portuguesa — Há pouco
tempo foi-me possível concretizar um
sonho antigo: conhecer a Legião da
Boa Vontade do Brasil e representar
Portugal no 30º Congresso Jovem LBV.
Agradeço o carinho com que fui recebida pelo Irmão Paiva e a fraternidade
dos Legionários, sem exceção. Destaco
a envergadura desta obra grandiosa
de Jesus. Nunca duvidei que assim
fosse, mas, pessoalmente, é muito
mais gratificante! (Orlanda Perestrelo
— (Porto/Portugal)
Pontual e humanitário no Paraguai — Em nome do Instituto de
Bem-Estar Social, sentimo-nos honrados de dirigirmo-nos a Vocês a fim de
expressar reconhecimento e gratidão
pelo pontual e humanitário atendimento da solidária Legião da Boa Vontade
(LBV) do Paraguai, especificamente
com a provisão de alimentos para
adultos maiores do Centro Comunitário
“Amanecer” (Amanhecer), na cidade
de Fernando de la Mora. Na soma dos
serviços, significaram um ano de consignação à vida saudável e protegida
em forma alimentícia dos usuários do
referido Centro, que oferece assistência
integral aos que vivem em situação de
risco social. Ao reiterar-lhes nossos
agradecimentos, desejamos sucesso à
missão da LBV, com a elevada apreciação institucional. (Dr. Jorge Paredes
Ocampo, Diretor-Geral do Instituto
de Bem-Estar Social de Assunção/
Paraguai, e sra. Palmira Soto, Chefe
do Departamento de adultos maiores e
incapacitados do mesmo Instituto)
Samba e História
Eu gostaria de parabenizar toda
equipe desta revista pela seção “Samba e História”, que foi muito bemfeita, mostrando a trajetória deste
grande músico e sambista Neguinho
da Beija-Flor, com fatos marcantes
que nos fizeram recordar um pouco de
sua história. Que esta publicação continue sempre trazendo a cultura com
Espiritualidade a todos nós! (Lícia
Curvello — Nova Iguaçu/RJ)
O caminho das estrelas
Excelente matéria sobre Santos
Dumont, publicada na BOA VONTADE de julho, intitulada: “O caminho
das estrelas”. Dumont demonstrou
com sua persistência que quem tem
um objetivo definido, por mais que
pareça impossível aos outros, com
determinação pode alcançá-lo. A reportagem apresenta ainda informações
de como ele conquistou sua meta de
maneira gradual, sempre inovando
em suas descobertas. (Ana Paula de
Oliveira, via e-mail).
Faustão
indica
Reflexões da
Alma, de Paiva
Netto.
E
m rede nacional, no dia 21 de
agosto, o apresentador Fausto
Silva recomendou aos
telespectadores do Domingão do Faustão, da
TV Globo, dirigido pela
competente Lucimara Fausto Silva
Parisi, o best seller de Paiva Netto, Reflexões da Alma, da Editora Elevação.
O livro já ultrapassou a marca dos 180
mil exemplares vendidos. Faustão tem
grande afeto para com a Legião da Boa
Vontade e seu Diretor-Presidente. Certa
vez, ao ser entrevistado pela equipe de
reportagem da Rede Boa Vontade de
Comunicação, ele ressaltou a seriedade
do trabalho realizado pelo Diretor-Presidente da Instituição. “Eu vejo muito
bem e há muito tempo (a ação da LBV),
porque conheço Paiva Netto, de vez em
quando cruzo com ele nos aeroportos da
vida. Sei que é um homem sério, dedicado, e a verdade é que quanto mais ele
trabalha e mostra o trabalho dele, com
mais tradição, mais seriedade, responsabilidade e, principalmente, com maior
interesse, respeito e admiração o público
vê esse tipo de serviço. A verdade é que o
trabalho é a maior propaganda do Paiva
Netto e da LBV”.
Revista Boa Vontade
11
Leila Marco
LBV no mundo
O coração azul pulsa na Argentina
— Desejamos agradecer a inestimável
ajuda que nos têm dado. Não temos
palavras para dizer-lhes o quanto nos
aliviaram; não diretamente, mas às
crianças, porque devemos lembrar que
são elas as mais beneficiadas. Nós não
somos nada mais que intermediários
para atender às necessidades delas, que
atualmente são muitas. Mas vocês, com
sua ajuda solidária, nos fazem continuar
com esta obra benemérita. Ainda bem
que neste mundo existem pessoas como
vocês, que lutam diariamente e nos consideram e atendem. Nossos corações têm
o mesmo objetivo, impulsionados por
um sentimento de amor em relação aos
pequeninos de nossa sociedade. Obrigado por existirem! E que o logotipo que
escolheram para serem reconhecidos
mundialmente se torne cada vez maior.
Muitíssimo obrigado! (Sayas Raúl e
Maria José Carballo, respectivamente
Presidente e Secretária da instituição
Merendero Infantíl Comunitario Don
Niño, Buenos Aires/Argentina)
Reprodução
pelo saudoso Chico Xavier. Sempre
que posso, ouço a Super Rede Boa
Vontade de Rádio (SRBV) e peço iluminação espiritual para que tudo corra
bem em minha vida; peço também pela
saúde de minha mãe, Maria Aparecida
Del Grande; por todos aqueles que
ouvem a SRBV e pelos Irmãos que se
encontram em aflição. Que Deus nos
ilumine. Obrigada, um abraço a todos
da LBV. (Kátia Filomena Del Grande
— via e-mail)
12. Índice
Ao Leitor
Ao educar e espiritualizar
crianças e adolescentes é possível
ter certeza de que estamos construindo bases para um amanhã
melhor e, por conseqüência, promissor. Tendo em vista essa idéia
e a necessidade de que ela seja
uma realidade nas salas de aula
pelo Brasil afora, a revista BOA
VONTADE apresenta o método
utilizado pelos educadores da rede
de ensino da LBV, inspirado na
Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizada por Paiva Netto.
Na reportagem especial, você
poderá ler relatos de quem acompanha de perto o resultado positivo
obtido graças à prática da proposta
educacional que alia o intelecto à
Espiritualidade Ecumênica. Esse
modelo faz parte do cotidiano
de milhares de bebês, crianças
e adolescentes que freqüentam
unidades educacionais da Legião
da Boa Vontade.
Nas páginas do Editorial, o escritor Paiva Netto lembra o saudoso
Betinho, sociólogo e um dos maiores colaboradores na mobilização
da Solidariedade em nosso País.
BOA VONTADE
Enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom
senso almejado, qualquer nação
padecerá cativa das limitações
que a si mesma se impõe*.
Paiva Netto
No artigo “Um Cidadão chamado
Solidariedade”, o dirigente da
LBV ainda destaca o Dia dos Pais,
comemorado em agosto, saudando seu genitor, Bruno Simões de
Paiva, na Pátria Espiritual.
Confira a seção História, que
vislumbra a importância do Movimento Modernista, iniciado
em 1922, no Brasil, e que ficou
marcado por ser uma revolução
que mudou não somente a cultura, mas, sim, o comportamento
humano. Vale a pena ler também a
matéria em lembrança às vítimas
da bomba atômica, que, neste mês,
completou 60 anos do triste episódio.
A homenagem se estende ao Presidente Getúlio Vargas, num texto que
mostra as mudanças e melhorias que
ele trouxe ao Brasil.
Os editores
Leia também “Sociedade Solidária: o exercício da Democracia Ecumênica”, análise da Socióloga, dos EUA,
Sandra Fernandez, na página 40.
*
Edição nº 204
ANO XXIII • Nº 204 • AGOSTO de 2005
BOA VONTADE é uma publicação mensal das
IBVs, editada pela Editora Elevação.
Diretor e Editor responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Redação
Editor Executivo: Gerdeilson Botelho
Subeditora: Débora Verdan
Revisão
Adriane Schirmer
Neuza Alves
Walter Periotto
Wanderly Albieri Baptista
Colaboradores
Alvino Barros, Antonio Paulo
Espeleta, Cida Linares, Daniel
Trevisan, Elias Paulo, Leonardo
Mattiuzzo, Maria Aparecida da Silva,
Paulo Azor, Pedro de Paiva,
Profa Nádia Lauriti, Rita Silvestre,
Silvia Bovino e William Luz
Arte
Projeto Gráfico: João Periotto
Capa: João Periotto e Alziro Braga
Foto de capa: Daniel Trevisan
Maquiador: Silas Moraes
Produção
4 Editorial
9 Literatura
10 Cartas
15 Coluna do Garotinho
16 Cultura
18 Biosfera
20 Educação
26 Atualidades
28 História
34 Notícias de Brasília
38 Samba e História
12 Revista Boa Vontade
40 Opinião
44 Viver é Melhor — Saúde
46 Melhor Idade
48 Ação Jovem LBV
50 Bolo com Pudim
52 Acontece
58 Acontece no Mundo
60 Especial sobre Paiva
Netto
62 Pedagogia do Cidadão
Ecumênico
Endereço para correspondência:
Av. Rudge, 938 — Bom Retiro
CEP 01134-000 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9
— CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com
E-mail: info@boavontade.com
Impressão: PROL Editora Gráfica
A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos emitidos em seus artigos
assinados.
13. 4
18
Biosfera
A sede atinge
o Planeta
20
Editorial
Um Cidadão
chamado
Solidariedade
Educação
Cidadania
Ecumênica na
sala de aula
Direitos da criança e
do adolescente
26
Atualidades
Notícias de Brasília
34
Arte contemporânea da
Índia no Templo da Boa
Vontade (TBV)
Revista Boa Vontade
13
14.
15. Felipe Freitas
Coluna do Garotinho
Quem são
os favoritos?
José Carlos Araújo é locutor
esportivo da Rádio Globo do
Rio de Janeiro/RJ
Tradição ajuda. Camisa
também pesa. Mas o sucesso
requer mais. Exige qualidade,
seriedade e competência.
ganham certo destaque aos olhos
da crítica.
Em valores individuais, o destaque
é o Corinthians, que — com a parceria
que lhe garante suporte financeiro
— buscou reforços do nível de Tevez,
Mascherano, Roger e Carlos Alberto.
Mas ainda não é aquele time apontado
por todos como provável campeão.
Falta alguma coisa ao Timão, embora
lhe sobrem jogadores de qualidade.
Este Campeonato Brasileiro continua imprevisível, tanto na parte superior da tabela, na qual se concentram
os que aspiram ao título de campeão e
à possibilidade de disputar torneios internacionais, quanto na parte de baixo,
em que a briga é pela permanência no
grupo de elite do futebol nacional.
À medida que a disputa avança,
mais se torna evidente o nivelamento
geral. Basta observar a diferença,
em pontos ganhos, que separa os
primeiros dez classificados. Fica tão
spfc.com.br com fotomontagem rBV
O
Campeonato Brasileiro,
como tem ocorrido nos últimos anos, vem reservando
surpresas para torcedores e
analistas. Times sempre considerados
favoritos ao título aparecem como
candidatos ao rebaixamento, enquanto
equipes tidas como inexpressivas se
agigantam e assumem as primeiras colocações na tabela de classificação.
Em sã consciência, no início do
campeonato, alguém apostaria que a
Ponte Preta pudesse liderar a competição? E de que forma explicar clubes
como o Atlético Mineiro, Vasco da
Gama e Flamengo, freqüentando a
zona de rebaixamento?
A verdade é que o êxodo de jogadores acabou nivelando as equipes.
Não há nenhum time muito superior
aos outros. Claro que o São Paulo,
pela conquista da Taça Libertadores
da América, o Cruzeiro e o Internacional, pela força do conjunto,
embolado esse pelotão que, a cada
rodada, tudo pode se inverter. Não há,
por enquanto, nenhum time disparado
que possa ser descrito como principal
candidato ao título.
Já entre os ameaçados pelo rebaixamento, a situação é mais séria.
Apesar de ainda ter muitos jogos pela
frente, o risco é enorme e se torna mais
real a cada jogo perdido. Tudo porque
não basta que o ameaçado vença; é
preciso que seus concorrentes diretos
caminhem em sentido inverso e percam seus jogos.
Por isso mesmo, os grandes clubes
ameaçados que se cuidem. Essa história de que há tempo de sobra para uma
recuperação não passa de uma grande
armadilha. Palmeiras, Botafogo, Fluminense, Grêmio, Bahia e outros que o
digam. Todos eles viveram esse drama
e, quando acordaram para a realidade,
já estavam na segunda divisão.
O Campeonato Brasileiro vai ficando cada vez mais difícil. Só aqueles que
formaram suas equipes com antecedência, que se planejaram para a competição, conseguem superar as dificuldades.
Hoje, ninguém mais é campeão ou se
mantém na primeira divisão apenas com
a força de seu nome.
Tradição ajuda. Camisa também
pesa. Mas o sucesso requer mais.
Exige qualidade, seriedade e competência. E é bom que todos saibam
que ninguém mais erra impunemente.
Todos são cobrados e o preço é sempre
muito alto.
Revista Boa Vontade
15
16. Cultura
Sonho de pai,
realização dos filhos.
____________
Leila Marco
Fotos: Vantoem Pereira Jr.
com o sucesso
na, orgulhosos
co e dona Hele
Francis
Na foto, os pais
argo e Luciano.
hos Zezé Di Cam
dos fil
“Dois filhos de Francisco”
traz a trajetória de sucesso
da dupla Zezé Di Camargo
Luciano.
16 Revista Boa Vontade
O
iança.
argo quando cr
ta Zezé Di Cam
ra que interpre
io Morei
sítio, o ator Dabl
Na paisagem do
s irmãos Zezé Di Camargo e
Luciano, que sempre foram
bem-sucedidos na música
sertaneja — são quase 14
anos de carreira e mais de 21 milhões
de discos vendidos —, resolveram
arriscar-se por um outro e fascinante meandro artístico: o cinema. A
estréia do longa-metragem “Dois
Filhos de Francisco — A história de
Zezé Di Camargo Luciano” ocorreu em 19 de agosto, dando vida a
um sonho acalentado pela dupla há
muito tempo.
O filme, uma autobiografia dos
cantores, é também um tributo ao pai,
Francisco Camargo, homem simples
do campo e amante da música, que
ao escutar, nas horas livres, o velho
radinho de pilha, vislumbrava que
seus filhos pudessem trilhar o mesmo
caminho de sucesso dos artistas de
que era fã.
E é a partir deste peculiar e tocante
momento que a trama da obra cinematográfica se desenvolve, com cenas
gravadas em Pirenópolis, interior do
Estado de Goiás, onde nasceram; passa
pelo Rio de Janeiro e São Paulo, quando os primeiros sucessos acontecem,
até os palcos dos grandes shows da
dupla hoje.
O trabalho retrata a garra, a persistência e a tenacidade de jovens que
não vergaram ante as dificuldades; ao
contrário, souberam, com galhardia,
superar os desafios do cotidiano. Outro
importante contexto explorado é o lado
familiar, o apoio que sempre encontraram na mãe e no pai. “Digamos que é
um exemplo de vida para o público.
Mostramos como a vida simples e
direita pode levar o Ser Humano a conquistar os próprios sonhos. Lembrando
que o passo inicial é acreditar num só
objetivo”, destacam Zezé e Luciano.
17. Cenas do set de gravação
do filme “Dois Filhos de
Francisco”
Ação Solidária
Zezé Di Camargo
“Dois Filhos de Francisco” contou
com um orçamento de R$ 5,9 milhões
e teve a produção da Columbia TriStar
do Brasil, Conspiração Filmes e ZCL
Produções. Sob a direção de Breno
Silveira, os irmãos foram interpretados
por atores com incrível semelhança
a eles: Dablio Moreira (Zezé na
infância); Márcio Kieling, no papel
de Zezé (adulto); o estreante Thiago
Mendonça, como Luciano; os consagrados Ângelo Antônio e Dira Paes,
interpretando os pais dos cantores, seu
Francisco e dona Helena; e Paloma
Duarte, representando Zilú, esposa de
Zezé Di Camargo. No elenco, ainda,
grandes nomes como Lima Duarte (no
papel de avô materno da dupla).
Além da boa história, o trato das quase 40 canções usadas no longa também
merece realce, tendo os compositores e
cantores Caetano Veloso e José Augusto
na escolha da trilha sonora, que traz
músicas sertanejas e da MPB.
Marina Figueiredo
“Se existe um pedacinho
do céu no Brasil, esse
pedacinho é a LBV.”
Marina Figueiredo
D
essa jornada de êxitos,
na luta para vencer na
música, há também
uma força maior que os acompanhou durante todo esse tempo. Como afirma a dupla:
“A Espiritualidade está
presente em tudo. Ele
(Deus) nos ilumina
sempre”. Talvez
por isso e/ou pelas
dificuldades que
passaram, os irmãos Zezé Di Camargo e Luciano têm
se dedicado ao longo
da carreira a colaborar
com o próximo, a estender a mão.
“Ajudar é uma missão que cobramos de
nós mesmos”, dizem eles, quando questionados do porquê dessa dedicação.
Na própria Legião da Boa Vontade,
existe um exemplo vivo dessa atenção
aos que mais precisam. Em julho de
2000, os dois inauguraram a unidade
móvel do programa Odontoteca LBV
(ônibus com gabinete dentário e brinquedoteca), em bela cerimônia realizada no Instituto de Educação José de
Paiva Netto, em São Paulo/SP. O programa recebeu o apoio dos cantores,
que doaram a bilheteria de seu show
Deus, Salve a América, na casa de espetáculos Olympia, na capital paulista,
que resultou em parte da montagem,
adaptação e compra do ônibus.
Na oportunidade, em entrevista
concedida à Super Rede Boa Vontade
Ônibus com gabinete dentário
e brinquedoteca, do programa
Odontoteca da LBV, montado
com o apoio da dupla.
de Rádio e à Rede Mundial
de Televisão, Zezé enfatiza
o trabalho da Instituição como
modelo a ser seguido: “Quero dar
os parabéns mais uma vez à LBV. Eu
sempre a cito como exemplo, não só
por esta atitude que teve com a gente,
mas também pelo que vem realizando
ao longo de mais de 50 anos. Quando
venho aqui, sempre digo: se existe um
pedacinho do céu no Brasil, esse pedacinho é a LBV”.
A iniciativa já atendeu, nesses cinco
anos, a milhares de crianças e adolescentes de comunidades menos favorecidas da capital bandeirante e região,
prestando serviços de prevenção e
ação odontológica, envolvendo-as em
atividades voltadas à Educação, saúde
e recreação, estimulando-as para o
desenvolvimento de hábitos saudáveis
de higiene bucal, corporal e alimentar.
Além disso, as famílias dos assistidos
também recebem orientações e palestras
educativas e preventivas.
Revista Boa Vontade
17
18. Fotomontagem rBV
Biosfera
Cerca de um bilhão de pessoas já sofrem com a escassez de água
O
Reprodução RMTV
mesmo líquido que nossos
ancestrais bebiam há milhões
de anos serve hoje para matar
a nossa sede. Em seu ciclo
natural de evaporação — chuva, infiltração no solo e formação de fontes,
rios, lagos e lençóis subterrâneos — a
sabedoria da Mãe Natureza renova a
água que alimenta a energia vital do
Planeta. Mas esse mesmo manancial
teve de continuar, ao longo de todo este
período, abastecendo uma população
que se multiplicou, elevando-se à cifra
mundial de seis bilhões de habitantes.
Além disso, ela é cada
vez menos utilizável,
em decorrência da ação
do Ser Humano, que faz
modificações drásticas
e polui os reservatórios
da Terra.
Dois anos após ter
sido declarado o “Ano
Francisco Buonafina
Internacional da Água”
pela Organização das Nações Unidas
(ONU), pouco se fez para melhorar
este quadro e, passada a repercussão
momentânea das comemorações de
2003, o assunto caiu em importância
dos noticiários da mídia. O Diretor
da Universidade da Água, Francisco
Buonafina, entrevistado pelo progra-
18 Revista Boa Vontade
ma Ecumenismo, da Rede Mundial de
Televisão, alerta para o fato de que a
conscientização quanto ao uso desse
bem precioso teria, ao contrário do
que acontece, de ser intensificada, a
exemplo de outras iniciativas em que
são feitas campanhas diárias. Para ele,
é essencial que o assunto esteja em voga
“O problema da
água precisa
ser debatido
nas escolas,
faculdades,
empresas e no
dia-a-dia dos lares.”
nas escolas, faculdades, empresas e no
dia-a-dia dos lares.
Naquela ocasião, a ONU divulgou
estudo em que declara que aproximadamente um bilhão de pessoas sofrem com
a escassez da água, tendo dificuldades
em atender às necessidades básicas de
agricultura, indústria e hábitos domésticos da população, e caso não sejam
adotadas medidas sérias de controle, em
25 anos, o número deve mais que dobrar.
Segundo este trabalho, ainda em 2050
poderemos ter uma “crise sem precedentes”, na qual sete bilhões de indivíduos
serão afetados. Apesar de a Terra ter
70% de sua superfície coberta de água,
97,6% dela é salgada e apenas 2,4% é
doce, ou seja, potável. O gerenciamento
dessa riqueza é fundamental para o progresso e sobrevivência dos povos.
A situação do Brasil
Mesmo o Brasil, que é considerado
o país com maior poder hidrográfico
(tem 12% da água doce do mundo),
terá de cuidar para que o problema
não afete os seus compatriotas. Como
explica Francisco Buonafina, apesar
de ser um número expressivo, há de
se considerar que “70% desse total
estão localizados na Bacia Amazônica
e no Pantanal. E o restante, 30%, está
distribuído nas demais regiões para
abastecer 93% da população. É uma
quantidade preocupante”.
Ele acredita que a informação é a
grande arma para vencer esse desafio.
“Não há outro caminho, aliás, a médio
e longo prazo nós devemos trabalhar
com as escolas e com os jovens a educação ambiental. Não existe governo
ruim se a sociedade civil for organizada. Temos de cuidar dos mananciais
19. Imagens: Google Earth.
É notório o potencial hídrico brasileiro, conforme
pode ser observado nessas imagens de satélite.
À esquerda, a barragem
de Itaipu, no Estado do
Paraná; à direita, a represa
Guarapiranga, responsável por parte do abastecimento de água da cidade
de São Paulo.
ou, pelo menos, chamar a atenção mais nada em São Paulo. Esses espigões
dos órgãos não-governamentais para que surgem em locais onde existiam
algumas questões”, comenta.
algumas casas são um bom exemplo;
O pesquisador afirma que a situa- são desapropriadas quatro casas, que
ção se agrava em cidades como a ca- em média abrigam quatro pessoas,
pital paulista. “A região metropolitana uma família, ou seja, são 16 pessoas
de São Paulo é realmente crítica, ela (no total), para nascer um prédio de 20
é árida. Existe um dado da ONU que, andares com 40 famílias morando ali:
para cada cidadão ter uma vida social olha o impacto ambiental que se segue.
normal, ativa, precisa de 2.500 m³ Essa cidade precisa ser repensada, não
por ano. Para ele trabalhar e viver no pode ser loteada mais.”
limite das necessidades, a quantidade
recomendada passa a ser de 1.500 Aqüífero Guarani: uma reserva
m³. São Paulo tem apenas 200 m³ por para o futuro.
pessoa, os níveis da cidade são como
Descoberto na década de 1950, apede regiões do Nordeste. Portanto, nas 20 anos depois teve sua extensão
para atender o povo trazemos água definida com o trabalho de empresas
de outros Estados, de outras bacias de petróleo que ali abriram poços. Em
hidrográficas”.
1996, essa gigantesca massa d’água
Francisco lembra que a “Terra da subterrânea foi, então, rebatizada com
Garoa” teve seus habitantes triplicados o nome de Aqüífero Guarani, época
nos últimos 50 anos e que, para abrigar
toda essa gente, muitas áreas verdes
Evite o desperdício
foram destruídas e em seu lugar surgiCuidar deste e de outros reservaram construções, “deixando a cidade
tórios nacionais é o grande desafio
totalmente impermeabilizada, desarbodos brasileiros para que possamos ter
rizada. (...) Se você percorre a Marginal
realmente um progresso sustentável.
Pinheiros, nas margens do Rio Tietê, não
Para isso, é necessário criar uma nova
existe mais a mata ciliar, que protege o
mentalidade, adotando ações simples
rio”. E é exatamente esse crescimento
mas eficazes, como:
desordenado o responsável pela freqü— Fechar a torneira ao escovar os
ência das enchentes. “Eu sou drástico
dentes ou fazer a barba;
10281-22X7.75-RODAPÉ RICO-POBREpode construir
Page 1
nessa questão; não se 8/16/05 12:25 PM — Evitar descargas prolongadas;
em que os países nos quais se encontra
esta reserva (Brasil, Uruguai, Argentina
e Paraguai) reuniram-se pela primeira
vez para decidir projetos de utilização
do aqüífero. É o maior reservatório de
água doce em subterrâneos no Planeta,
ocupando uma área de 1,2 milhão de
km², tendo 2/3 de sua extensão em
nossas fronteiras (beneficiando os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio
Grande do Sul).
Tendo em vista o que representa
em termos de estratégia para o abastecimento dessas regiões, muitos já se
preocupam com a sua contaminação,
por estar ele próximo de grandes áreas
agrícolas, onde, ao longo dos anos, tem
se utilizado agrotóxicos e, em função
disso, muitos dos herbicidas acabam no
lençol freático.
[L.S.M.]
— Não “varrer” ruas, calçadas e
quintais com mangueiras;
— Lavar o carro usando balde e
não mangueiras;
— Desligar a torneira enquanto
ensaboa a louça;
— Não demorar nos banhos;
— Verificar, com freqüência, o
estado das instalações hidráulicas de
sua residência.
Sabesp. Levando uma das melhores
águas do mundo pra todo mundo.
20. Educação
Daniel Trevisan
Parte da equipe
que integra o corpo
docente da rede de
ensino da LBV.
Cidadania Ecumênica na
sala de aula
Inovadora, a Pedagogia do Cidadão Ecumênico — Pedagogia do Afeto —,
preconizada pelo educador Paiva Netto, dispõe de um método educacional que
desenvolve cérebro e coração.
____________________
Rodrigo Oliveira, 18 anos
U
nir Matemática e Solidariedade;
História e Respeito; Educação
Física e Cidadania... eis algumas
das equações que têm gerado
excelentes frutos nas unidades educacionais da Legião da Boa Vontade (LBV).
Os educadores desenvolvem um trabalho diferenciado com bebês, crianças e
adolescentes, inspirados na Pedagogia do
Cidadão Ecumênico (PCE), estabelecida
por Paiva Netto. Com isso, os professores
possibilitam aos alunos, além do desenvolvimento intelectual, maior vivência
dos valores éticos e da Espiritualidade
Ecumênica, em suas comunidades.
20 Revista Boa Vontade
Ex-aluno do Instituto de Educação da LBV, formado em 2004.
Aliás, o dirigente da LBV vem, há
décadas, preconizando aos profissionais
da educação a urgente necessidade de
transmitir ao educando as orientações que
se tornam indispensáveis para que a sociedade vença seus constantes desafios.
O Método da Aprendizagem por
Pesquisa Racional-Emocional-Intuitiva
(Maprei), da rede de ensino da LBV
— metodologia que aplica a PCE —,
surge como alternativa ao imenso desafio
de formar cidadãos mais fraternos, o que
não significa dizer: despreparados para
enfrentar um mundo repleto de violência.
“É uma proposta diferenciada que se
baseia na pesquisa e que usa a intuição
como um dos instrumentos para que o
aluno entenda os temas propostos em sala
de aula”, explica Luciana Cintra Teixeira,
diretora do Instituto de Educação José de
Paiva Netto (IEJPN), localizado na região
central de São Paulo/SP, Brasil. Para adequar essa linguagem às aulas dos professores, em cada unidade educacional são
realizadas capacitações coordenadas pela
equipe de educadores da LBV.
O Maprei, da Legião da Boa Vontade, pode ser aplicado em todas as faixas
etárias e não vê o aluno somente como
um receptor de informações. Assim, o
21. Diferencial da Educação
Ao contrário dos casos que, infelizmente, se verificam em certas escolas
brasileiras, o problema da violência passa
longe das unidades educacionais da LBV.
A Coordenadora da 5ª série do ensino
fundamental ao 3º ano do ensino médio,
Iramara Fluminhan, atribui esse saldo
positivo à prática do Maprei. “Nós não
temos problemas de droga, de violência,
de destruição de patrimônio. Aqui não
existe essa maldade porque trabalhamos
o Novo Mandamento de Jesus: Amaivos uns aos outros como Eu vos amei,
apresentado por Paiva Netto como uma
das Leis de Solidariedade Social mais
perfeitas”, destaca.
Pelo lado intelectual, os resultados
também são positivos. “Vemos uma
melhora no desempenho de nossos
alunos desde que a metodologia vem
sendo aplicada. Eles se sentem felizes ao
retornar à escola, motivados a continuar
aprendendo”, explica Luciana Teixeira.
“Nossos estudantes se dão muito bem
em redação, em expor a opinião. Os
alunos do 3º ano do ensino médio,
no ano passado, estiveram acima da
média nacional do Enem”, diz Iramara,
referindo-se ao êxito que o Conjunto
Educacional da LBV obtém no que diz
respeito ao ensino proposto nos parâmetros curriculares nacionais.
O Método da Aprendizagem por
Pesquisa Racional-Emocional-Intuitiva
chama a atenção dos professores. Luiz
Colombo, que leciona Biologia, encon-
Daniel Trevisan
educando passa a ser, realmente, parte
integrante do processo de aprendizagem. Também é comum nesse método
a integração da família à vida escolar do
menor. Para o assistente de direção pedagógica da escola, Marcelo Rafael, a razão
de embasar o ensino em valores éticos e
espirituais se dá “porque é um método
que tem como princípio a formação do
Ser Humano e sua Alma Eterna”. Ele
afirma que nas unidades educacionais
da LBV o aluno é considerado “um
espírito biopsicossocial, assim sendo ele
traz consigo experiências anteriores que
podem, muitas vezes, contribuir nesse
processo”.
trou na escola da LBV uma
esse suporte estrutural, a
diferença muito grande em
oportunidade de trabalhar
relação a tudo que viu durante
com a PCE que desenvolve
os 15 anos de profissão. Para
o indivíduo para o futuro.
ele, “dar aula no Instituto de
Quando encontro ex-alunos
Educação José de Paiva Netto
daqui, que já estão nas Unié diferente”. O educador veriversidades, e alguém perficou isso desde o ano passado,
gunta a eles: ‘De onde vocês
quando passou a fazer parte da
vêm?’, eles respondem: ‘da
Nádia Lauriti
especializada equipe docente do
LBV!’. E as pessoas dizem:
Conjunto Educacional. “Eu dava aula no ‘só podia ser mesmo aluno da LBV’,
Instituto e em outra escola, foi quando porque os alunos da Legião da Boa
percebi o diferencial. Aqui se tem uma Vontade se destacam na educação”.
humanização maior. Quando se olha,
sabe-se reconhecer o aluno que estuda
na escola da LBV”, assegurou.
Capacitação contínua
dos educadores
Um modelo a ser
seguido
Profissionais da área da educação
reconhecem os efetivos resultados gerados em conseqüência da prática da
Pedagogia do Cidadão Ecumênico. A
Professora Nádia Lauriti, Educadora do
Ensino Superior e Coordenadora de cursos de pós-graduação, sendo um deles de
formação de educadores para a inclusão
de pessoas com necessidades educativas
especiais, considera que a PCE, da LBV,
é uma proposta educacional que merece
ser seguida. Para ela, os modelos que
têm “a preocupação de formar um jovem
em relação aos seus aspectos cognitivos,
culturais e, sobretudo, espirituais, são
dignos de ser imitados”.
No bate-papo, ocorrido em um dos
ambientes do Conjunto Educacional,
em São Paulo, a Educadora ressaltou
que as mudanças advindas do Maprei
são visivelmente observadas. “Quando
se visita a LBV, torna-se exatamente
observável, a olho nu, o comportamento diferente dessas crianças em
conjunto, brincando ou em atividades
que não sejam as de sala de aula, sob a
supervisão de um professor”, observa
Nádia, que vê a Pedagogia do Cidadão Ecumênico como “uma postura
diante da vida e da educação”.
Iramara, Coordenadora do Instituto
de Educação da LBV, afirma, feliz, os
resultados obtidos pelos alunos. “Agradeço ao Irmão Paiva, que nos dá todo
Mais de 170 profissionais de ensino
da Legião da Boa Vontade reuniram-se
no Conjunto Educacional da Instituição,
em São Paulo/SP, entre os dias 1º e 3
de agosto, para participar da Jornada
Pedagógica, o pontapé inicial para o
sucesso nas atividades escolares do
segundo semestre deste ano. O objetivo
do encontro foi o de continuar a capacitação do professor para atividades dos
próximos seis meses, para o desenvolvimento do Método da Aprendizagem por
Pesquisa Racional-Emocional-Intuitiva,
da LBV.
Palestras e workshops proporcionaram aos educadores somar experiências, aprimorar o aprendizado
e debater novas tendências na área
educacional. “A primeira capacitação
que o professor recebe no encontro
é a reenergização da Espiritualidade.
Depois, tratamos dos aspectos teóricos
da Pedagogia do Cidadão Ecumênico,
que vão fazer com que ele tenha um
embasamento legal para desenvolver as
atividades em sala de aula”, esclarece
a Diretora do Instituto de Educação
José de Paiva Netto, Luciana Cintra
Teixeira.
Os educadores participaram da
palestra “Inclusão: mais que um desafio escolar, um desafio social”, com
o escritor e mestre em Educação Jairo
de Paula, que retratou situações vivenciadas por portadores de necessidades
especiais, além de abordar o papel da
escola e da família.
Revista Boa Vontade
21
22. Educação
Compreendendo um pouco mais
a Pedagogia do
Cidadão Ecumênico,
João Preda
n
Trevisa
Daniel
eiredo
rlos Figu
José Ca
Daniel Trevisan
Arquivo rBV
Diego Basso
conceitua: “A Educação, quando acertada,
liberta. E, com a Espiritualidade, sublima”.
Sobre um dos agentes
nesse processo ensino-aprendizagem, o
Diretor-Presidente da
Instituição afirma que São Francisco de Assis,
“o jovem é o futuro no Patrono da LBV.
presente. Confiemos
nele, tal como fez São
Francisco de Assis, que
é Patrono da LBV, fundada pelo saudoso Alziro Zarur!”. Tal assertiva
expressa a cultura do
respeito e do cuidado
para com as novas gerações, fomentada pela Alziro Zarur
LBV desde sua fundação, há 55 anos.
O autor da Pedagogia do Afeto assegura ainda: “(...) pugnamos por Educação e
Cultura aliadas à ação iluminante da Espiritualidade Ecumênica. Por sinal, para que se
faça — como diria o filósofo italiano Pietro
Ubaldi (1886-1972), que declarou, mutatis
mutandis, que “a LBV colocará o Brasil na
vanguarda do mundo” — a Grande Síntese
entre as luzes do intelecto e o Sol do conhecimento espiritual, a Legião da Boa Vontade
avança pioneiramente para trazer às salas
de aula — ao consolidar
a Pedagogia do Cidadão
Ecumênico, ou do Cidadão
Solidário, nas suas escolas
de educação infantil, ensino fundamental e médio
— a capacitação para o
discernimento ético, vi-
22 Revista Boa Vontade
Arquivo rBV
T
rata-se, resumidamente, de uma
vanguardeira metodologia de ensino, preconizada por Paiva Netto e
aplicada com sucesso nos programas
e projetos socioeducativos desenvolvidos
pela Legião da Boa Vontade em todo o País,
por meio de Lares para crianças, jovens e
Terceira Idade; Centros Comunitários; Educacionais; Esportivos e Pólos Culturais. É
fundamentada nos valores nascidos do Amor
Universal, dispondo o indivíduo para viver a
Cidadania Ecumênica, firmada no exercício
pleno da Solidariedade Planetária, acima de
crenças, descrenças, tradições, etnias e seja
lá mais o que for. Como define Paiva Netto,
na revista Sociedade Solidária (7a
Edição), editada em diversos idiomas
e encaminhada à Organização das
Nações Unidas (ONU): “(...) O Cidadão Ecumênico é o cidadão solidário,
portanto não-egoísta. É aquele que não
se deixa seduzir pelo fanatismo, porque
entende que não faz sentido odiar em
nome de Deus, que é Amor. Enfim, é o
que sabe respeitar a sagrada criatura humana sem preconceitos e sectarismos.
O que é ético não pode acovardar-se.
Quando o território não é defendido
pelos bons, os maus fazem ‘justa’ a
vitória da injustiça. (...)”
Na proposição desta revolucionária forma de ensino também
Arquivo rBV
a Pedagogia do Afeto.
23. “ ‘Crianças
“‘Quando Jesus nos recomendou não
desprezar os pequeninos, esperava de nós
não somente medidas providenciais alusivas
ao pão e à vestimenta.
“‘Não basta alimentar minúsculas bocas
famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que
assegure ao espírito renascente o clima de
trabalho necessário à sua sublimação.
“‘Muitos pais garantem o conforto
material dos filhinhos, mas lhes relegam
a alma a lamentável abandono.
“‘ (...)
“‘Não desprezes, pois, a criança,
entregando-a aos impulsos da natureza
animalizada.
“‘ (...)
“‘O prato de refeição é importante
no desenvolvimento da criatura, todavia,
não podemos esquecer ‘que nem só de
pão vive o homem’.
“‘Lembremo-nos da nutrição dos
meninos, através de nossas atitudes e
exemplos, avisos e correções, em tempo
oportuno, de vez que desamparar moralmente a criança, nas tarefas de hoje, será
condená-la ao menosprezo de si própria,
nos serviços de que se responsabilizará
amanhã’”.
Num de seus outros improvisos, aos
microfones da Super Rede Boa Vontade
de Rádio, em 17 de junho de 1999, Paiva
Netto advertiu: “(...) Fazemos todo o
esforço para socorrer as crianças, instruílas, conseqüentemente livrá-las do perigo
da ignorância, de maneira que possam
tornar-se adultas equilibradas, e o mesmo
fazemos com as moças e com os rapazes.
Por isso, esses que são responsáveis por
eles têm de estar sob acompanhamento
e em capacitação continuada, mas sem
esquecer o grande diferencial dos nossos
empreendimentos de Boa Vontade, que
é o Cristo de Deus, visto de maneira
assectária, libertária, acima de grilhões,
de patrulhamentos humanos de qualquer
natureza. A Boa Nova Dele — entendida
em Espírito e Verdade, à Luz do Seu
Mandamento Novo*2— não alimenta
intolerâncias. Suas lições são tão elevadas e a erudição, que elas promovem, tão
extensa, que costumo afirmar que Jesus
é uma conquista diária para os que têm
sede de Saber, de Justiça, de Liberdade,
Igualdade e Fraternidade*3.”
O próprio tribuno e escritor Paiva
Netto explica, em 1989, numa entrevista
que concedeu ao jornalista e homem de
TV polonês Roman Dobrzyński. Perguntou-lhe o comunicólogo: “Como pode o
senhor pregar o Ecumenismo Irrestrito,
Mário Bosso
sando não apenas à existência material,
mas igualmente à Vida Eterna, porquanto
aplicada, como relevante lição, aos desafios
terrenos, com uma atitude portentosa na certeza por um futuro melhor. (...) Assim como
na geometria cartesiana, é preciso fazer com
que a Educação material (eixo dos ‘xis’) encontre o saber proveniente das mais elevadas
esferas da Sabedoria Divina, que é o Amor
(eixo dos ‘ípsilons’). O pensador entende e
utiliza a inteligência, o conhecimento técnico
ou específico em prol dos Seres Humanos.
Não obstante, há tanta gente diplomada
construindo o mal neste Planeta! Por acaso
é sábia a pessoa que prejudica o semelhante,
que rouba a pátria? Não é! (...) É necessário,
portanto, que alcancemos Sabedoria, por
exemplo, com Jesus, que, sendo Mestre em
Israel e, séculos depois, um dos mais respeitados profetas do Islã, lavou os pés de Seus
Apóstolos, consoante a narrativa de João, no
capítulo 13 do quarto Evangelho canônico.
E aí estaremos no caminho adequado para
conduzir o Espírito sob a claridade que não
produz sombras: a de Deus, entendido como
Amor, jamais aquele antropomorfizado, que
tinha o solene repúdio de Albert Einstein
(1879-1955). Ou, para os que não crêem
Nele, a dos mais sublimes sentimentos que
justificam a sobrevivência da raça humana,
apesar de séculos e séculos de sandices de
tantos que, latu sensu, a governaram, pois
não são somente os que habitam os palácios
que o fazem. (...) Na entrada do Instituto de
Educação da LBV, fiz colocar esta afirmativa: ‘Aqui se estuda. Formam-se cérebro e
coração’. Um carece do outro.
“Emmanuel, no subtítulo ‘Crianças’,
no seu livro Fonte Viva*1, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, inspirado no
versículo 10 do Evangelho de Jesus, segundo
Mateus, capítulo 18: Vede, não desprezeis os
pequeninos..., escreveu:
Jovens norte-americanos numa descontraída conversa com Paiva Netto no Lar e
Parque da LBV em Glorinha/RS. Esses alunos de colégios dos EUA vieram ao Brasil
especialmente para conhecer a Pedagogia
revolucionária da Legião da Boa Vontade.
falando em Jesus?”. Respondeu-lhe Paiva
Netto que uma das missões da LBV é exatamente dessectarizar essa grande Figura
Altruística da Humanidade.
Voltando à revista Sociedade Solidária,
o Líder da LBV igualmente afiança: “(...) O
Espírito tem lugar preponderante no nosso
labor. Entretanto, na preparação dos jovens
para a subsistência neste mundo material de
tecnologia jamais vista e, paradoxalmente,
na atualidade, tão instável para os que labutam pelo futuro próprio, devemos levar na
mais alta consideração que os moços têm
de ser com eficiência qualificados para o
mercado atual de trabalho.
“E, mais: de tal maneira que não persigam um caminho, ao término de que, a
profissão para a qual se prepararam não
mais exista ao fim do curso. É essencial,
pois, que recebam formação para serem
empreendedores, de modo que possam
suplantar os fatos supervenientes que a
qualquer instante desafiam a sociedade,
assustando multidões. Não é sem motivo
que um de nossos dísticos seja: Educação
e Cultura, Alimentação, Saúde e Trabalho
com Espiritualidade Ecumênica.(...)”
_______________
*1 Fonte Viva — Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografado por Francisco Cândido
Xavier: Federação Espírita Brasileira, 2003.
*2 Mandamento Novo — Amai-vos uns aos
outros como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos,
se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros. (...)
Não há maior Amor do que este: dar a sua própria Vida pelos seus amigos. (...) Porquanto, da
mesma forma como o Pai me amou, Eu também
vos tenho amado. Permanecei no meu Amor
(Evangelho do Cristo, segundo João, 13:34 e
35; 15:12, 13 e 9).
*3 Liberdade, Igualdade e Fraternidade
— Dístico da Revolução Francesa.
Revista Boa Vontade
23
24. Educação
Balanço social
Projeção
4.448.578
3.503.908
24 Revista Boa Vontade
2002
2003
2004
2005
A LBV foi a primeira Instituição filantrópica no País a ter seu balanço geral auditado por
Auditores Externos Independentes (Walter Heuer), por iniciativa de Paiva Netto, muito
antes de a legislação, que exige essa medida, entrar em vigor.
Pedagogia do Cidadão Ecumênico na
análise de Educadores e Personalidades
“É muito importante a visão que trabalha com a família.
Porque não adianta
trabalhar só com um
segmento, no caso a
criança. Eu tenho de
atender todo mundo,
porque a criança está numa família.
São iniciativas como essa da LBV que
a gente necessita. Que cada vez mais
instituições sigam o exemplo da Legião
da Boa Vontade e consigam realizar
um bom trabalho, atendendo não só as
crianças, mas os seus familiares, pais e
mães (...). A LBV está de parabéns. Que
o trabalho continue cada vez melhor. A
capacitação de vocês com os educadores
e assistentes sociais é de fundamental
importância para que consigamos atingir
os nossos objetivos.”
Maria Augusta de Queiroz (Presidente do Conselho Estadual de
Assistência Social de São Paulo)
“Essa alternativa da LBV
é importante com toda a
sua proposta de ensino voltada para os carentes, em
especial, para a educação
infantil comunitária. (...)
A preocupação da LBV é
de qualidade, uma coisa
extraordinariamente bem bolada. (...)
Até porque toda a didática da educação
infantil só pode ser criativa se passar
pelo lúdico. A criança na Legião da
Boa Vontade se expressa, fala, pensa e
se realiza também brincando. A LBV
faz uma oferta de qualidade para o
pobre. Ela não faz para o pobre uma
oferta pobre (grifo nosso). A Legião
da Boa Vontade hoje é um patrimônio
nacional, tem uma longa história.”
Pedro Demo (Sociólogo e ex-Presidente da OMEP no Brasil — Organização Mundial para a Educação
Pré-Escolar).
“Apesar de esses menores serem muito carentes,
recebem da LBV um tratamento escolar admirável.”
Linda Caldwell Epps
(Vice-Presidente da
Bloomfield College).
Arquivo rBV
“A Legião da Boa
Vontade sempre trabalhou buscando a
educação do povo
e aqui temos um
exemplo notável de
que a LBV sempre
se preocupou com a
educação, pois sempre ofereceu seus
espaços para educar. Hoje em dia, fala-se
muito em Solidariedade e em responsabilidade social, mas nós estamos numa
Casa que sempre se preocupou com isso
e sempre foi muito ativa. A LBV é uma
obra extremamente meritória.”
Cláudio Lembo (Vice-Governador
do Estado de São Paulo).
Bloomfield College
______________________
*A Deputada Federal e Juíza Denise Frossard
faz, aqui, uma alusão ao pensamento do escritor Paiva Netto: “A riqueza de um país está
no coração do seu Povo”.
2.609.145
Eliana R. — Imprensa oficial do E. de SP
Reprodução RMTV
Ao caminhar pelas dependências do Centro Educacional, Cultural e Comunitário
da LBV, na capital fluminense,
a Deputada Federal e Juíza
Denise Frossard comprovou
quanto a prática da Pedagogia do Cidadão Ecumênico
Denise Frossard
traz saldos positivos para a sociedade.
Durante a visita, Frossard afirmou que
a proposta criada por Paiva Netto é um
modelo que merece ser copiado. “Vejo
este trabalho como uma saída. Aqui se
gosta do Ser Humano, porque se sabe
que a grande riqueza de um país é o
seu nacional, ou seja, o seu Povo*. (...)
Este é o exemplo de Solidariedade a ser
seguido.”
A Juíza ainda falou da ação de base
promovida pela Obra: “Quando me convidam para fazer palestras sobre ética, eu
pergunto: em qual berçário? A ética e a
moral nós aprendemos no berço. Isso é
o mais importante, o mundo está carente
desses valores. Essa raiz dada na LBV
é muito importante, é inestimável por
este aspecto, pela formação ética e pela
Espiritualidade. Paulo Apóstolo, na carta
aos Coríntios (6:12), afirma: Apesar de
todas as coisas me serem lícitas, nem
todas me convêm; isso é ética. Outra
lição vem do próprio Jesus (Evangelho
do Cristo, segundo Mateus, 7:12), quando diz: Fazei aos outros o que gostaria
que vos fizessem. Quem não tem esses
princípios, essa Espiritualidade, que é
Ecumênica, talvez enlouqueça, perca
o sentido da vida ou nunca saiba o seu
sentido. Isso é fundamental, mais do que
isso, vital. (...) Educação sem ética é até
perigosa. Um ser educado sem esses
princípios é complicado, pode até enveredar para o mal. Se não falarmos em
ética, não falaremos em educação. (...)
Parabéns à Legião da Boa Vontade por
esse serviço, gostaria de voltar aqui mais
vezes. Contem comigo!”, finalizou.
O gráfico ao lado
mostra o expressivo
número de atendimentos
socioeducacionais
realizados pela Legião da
Boa Vontade nos últimos
anos e a desafiante meta
projetada para 2005.
Reprodução RMTV
“A ética e a moral nós
aprendemos no berço.”
2.855.614
25. “É bonito ver a filosofia da Legião da Boa
Vontade, que trabalha
a Cultura de Paz desde
cedo com as crianças.
Uma Educação como
esta criará um futuro
muito melhor para a
Humanidade.”
Leslie Wright
(Representante do Conselho da Conferência das ONGs com Relações Consultivas para a ONU).
Arquivo rBV
“Eu comecei a
entender o que vocês utilizam e toda
parte prática da
LBV com a Pedagogia Ecumênica.
Está bem evidente
que isso é a visão do
futuro, este é o paradigma realmente
de integrar, de respeitar e de poder
conviver com as diferenças, com as
possibilidades de enriquecimento
mútuo, a partir dessas próprias diferenças.”
Sérgio Benken (Professor e
Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro — PUC/Rio).
Cida Linares
Felizes, os alunos realizam atividade recreativa na
praça ampla do Instituto de Educação da LBV, na
capital paulista. Na fachada do local, Paiva Netto
fez colocar esta máxima de Aristóteles: “Todos
quantos têm meditado na arte de governar o
gênero humano acabam por se convencer de que
a sorte dos impérios depende da educação da
mocidade”.
Daniel Trevisan
“Estou impressionada. Não tinha
idéia da abrangência
do trabalho da Legião
da Boa Vontade, desde bebezinhos até a
escola das crianças
mais velhas. Já há
aqui tremenda organização que foi colocada a serviço do Amor Fraterno, que é
oferecido na Legião da Boa Vontade.”
Laurie Lippen (Professora da
Universidade da Califórnia, campus
da cidade de Berkeley, especialista em
Administração de Qualidade Total).
Arquivo rBV
“Em Educação,
o esforço da LBV
é notável. (...)
Paiva Netto está
trazendo uma metodologia inédita
que precisa de professores especializados que não estão disponíveis na
praça e, portanto, terão de ser preparados dentro de uma sistemática
original e revolucionária do ponto
de vista pedagógico.”
Arnaldo Niskier (Imortal da
Academia Brasileira de Letras e
Secretário de Cultura do Estado
do Rio de Janeiro).
Walter Periotto
“O que encontrei na LBV foram
crianças satisfeitas
e tranqüilas. Nas
escolas americanas
trabalhamos com informações racionais,
fatos e detalhes. Lá,
os professores voltam sua atenção apenas para as provas,
a carreira profissional, e não para os
sentimentos do coração. Eis a grande
diferença da LBV.”
Joan Beisel (Representante da Secretaria de Educação de Nova York, responsável por programas voltados para as escolas públicas
dos Estados Unidos).
Cida Linares
Cida Linares
“O professor se
sente muito sozinho
quando seu desempenho está puramente
nas suas funções. Ele
precisa trocar experiências com outras
pessoas e, daí, poder
reciclar algumas coisas. E a LBV tem
um grande valor nesse trabalho, porque
facilita com que o professor não se
sinta tão solitário. Além disto, dá um
instrumento: ela dá a capacitação para
o professor poder lidar com situações
do cotidiano de um jeito muito melhor.
A LBV é um gesto de amor; ensinar
também é. O ensinar tem tudo a ver
com a LBV.”
Içami Tiba (Psiquiatra, escritor e
psicoterapeuta).
Revista Boa Vontade
25
26. Atualidades
Direitos da
criança e do adolescente
LBV na Bahia participa de Conferência para ampliar ação da sociedade civil nas políticas públicas
_______________
Cristiani Ranolfi
Fotos: Nizete Souza
N
unca, como hoje, o engaja- especializadas, autoridades, gestores
mento popular no sistema or- municipais, conselhos municipais e
ganizacional do Estado se faz grupos de adolescentes representantes
tão necessário. Para incentivar de instituições não-governamentais,
essa participação é que
registradas no Conselho
se realizou, nos dias 28
Municipal da Criança e
“O trabalho da LBV é do Adolescente.
e 29 de julho, a V Conferência Municipal dos uma luta incondicional
A Legião da Boa
Direitos da Criança
Vontade foi uma das
pela efetivação dos
e do Adolescente, no
convidadas para o enCentro Comunitário direitos da criança e do contro, exatamente pela
Batista Clériston Anação que desenvolve
adolescente.”
drade (Cecom), em
com este público. MuiSalvador/BA.
Fátima Lepikson tos dos congressistas e
O evento teve Presidente do Conselho Municipal dos organizadores do aconcomo proposta dar Direitos da Criança e do Adolescente tecimento enfatizaram a
instrumentos e am(Cmdca), de Salvador/BA. importância do serviço
pliar a integração da
da Instituição ao educar
sociedade civil na execrianças, jovens e adulcução e monitoramento de políticas e do tos com a Espiritualidade Ecumênica,
orçamento público voltados para essas a exemplo da Presidente do Conselho
faixas etárias. A pauta foi discutida por Municipal dos Direitos da Criança e do
meio de palestras e oficinas, contando Adolescente (Cmdca) e Coordenadora
com a presença dos Juizados da Infância da Conferência, Fátima Lepikson, que
e da Juventude, Ministério Público Es- ressaltou: “O trabalho da LBV é uma
tadual, Defensoria Pública das referidas luta incondicional pela efetivação dos
áreas em questão, titulares de delegacias direitos da criança e do adolescente”.
Da mesma forma, enfatizou o Secretário Municipal de Desenvolvimento
Social, Carlos Ribeiro Soares: “A LBV é
brilhante e merece aplausos. Espero que
continue e que Deus ilumine vocês para
que, cada dia mais, possam fortalecer
esse serviço e oferecer ao nosso povo o
carinho que ele precisa”. (grifo nosso)
Falando da parte prática, do dia-a-dia
de tornar a legislação em realidade, o
Professor e Conselheiro Municipal da
Criança e do Adolescente na Secretaria
Municipal de Educação, Normando
Batista Santos, diz que “a LBV tem um
papel relevante, pois divulga o estatuto
e as ações em defesa da Criança e do
Adolescente”, e completa: “as parcerias
entre as instituições são fundamentais
para que as leis não fiquem somente no
papel, mas se concretizem”.
Alimento da Alma
Para o Coordenador do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef)
nos Estados da Bahia, Sergipe e Espírito
Santo, Rui Pavan, o Brasil, em relação
a outros países, tem um potencial in“Legião da Boa Vontade, o nome já diz tudo:
Boa Vontade! Bem-vindos aqueles de Boa
Vontade! A LBV realmente busca a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Eu
acredito fielmente que a Instituição tem esse
propósito. (...) Trabalha a Espiritualidade, que
está acima das religiões. E nas ações desenvolvidas com as crianças e os adolescentes
é fundamental que a Espiritualidade esteja
presente.”
Fátima Lepikson
26 Revista Boa Vontade
Normando Batista
Santos
Rui Pavan
Djalma Torres
Rui Pavan, Coordenador do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) nos Estados da Bahia, Sergipe e
Espírito Santo.
27. Jovens conquistam
medalha de ouro em
torneio de caratê
“A LBV me dá
oportunidades
maravilhosas.”
Daiane dos Santos Silva
Fotos: Cristiani Ranolfi
crível de melhoria e não pode deixar
desaparecer essa chama de esperança
no coração dos jovens. Nesse contexto,
avaliou positivamente o embasamento
diferenciado da Pedagogia do Cidadão
Ecumênico, criada por Paiva Netto,
que educa formando cérebro e coração,
mente e Espírito. “Legião da Boa Vontade, o nome já diz tudo: Boa Vontade!
Bem-vindos aqueles de Boa Vontade!
A LBV realmente busca a melhoria da
qualidade de vida das pessoas. Eu acredito fielmente que a Instituição tem esse
propósito. (...) Trabalha a Espiritualidade, que está acima das religiões. E nas
ações desenvolvidas com as crianças
e os adolescentes é fundamental que a
Espiritualidade esteja presente. (...) ‘A
gente não quer só comida’, como diz a
música Comida, dos célebres Marcelo
Fromer, Arnaldo Antunes e Sérgio Brito;
a gente quer também as questões que
alimentem de esperança as pessoas, e
a Espiritualidade é fundamental para
isso”, concluiu.
Esse Ecumenismo Irrestrito pregado
e vivido pela Obra encantou também o
Pastor Djalma Torres, da Igreja Batista,
que visitou recentemente o Templo da
Boa Vontade (TBV), em Brasília/DF
(SGAS 915 Sul). “Eu tinha curiosidade de conhecer o TBV e quando fui
a Brasília passei uma manhã inteira
lá. Não imaginava que houvesse algo
tão grandioso e com uma presença de
místicos e religiosos das mais diversas
expressões de Fé, visitando e participando de toda a mística do Templo da Boa
Vontade. Fiquei realmente entusiasmado
e quero dar os parabéns à LBV por
colocar no coração do Brasil algo de
tanta expressão religiosa e mística”,
afirmou.
A
inda da capital baiana, esta
notícia: duas jovens que participam do curso de caratê,
no programa LBV: Criança
— Futuro no Presente!, festejaram
resultados excelentes durante o torneio preparatório para o Campeonato
Brasileiro de Caratê Interestilos, que
ocorreu no último 24 de julho, na
cidade de Itaji, interior da Bahia.
Daiane dos Santos Silva, 16 anos,
conquistou três medalhas de ouro
(nas modalidades katá, comissão e
revezamento) e Emily Nascimento
Laranjeira, 9, trouxe também duas
condecorações douradas (nas modalidades katá e comissão).
As duas praticam o Esporte, há
dois anos, no Centro Comunitário e
Educacional da Legião da Boa Vontade, sob a orientação do professor
voluntário Lindolfo Barbosa, DiretorPresidente da Oriental Caratê Clube,
e já tomaram parte de outros campeonatos nacionais, com sucesso.
Daiane é a atual vice-campeã do
Norte-Nordeste e tem se destacado
com suas participações, trazendo prêmios para a Bahia. A atleta agradece
em seu nome e de seus pais o que
recebe da Obra: “Quero continuar
a minha carreira e treinar bastante,
gosto do caratê. Se não fosse a LBV,
seria difícil chegar onde estou e, até
mesmo, integrar campeonatos. A
LBV me dá oportunidades maravilhosas”.
O programa LBV: Criança — Futuro no Presente! beneficia pequeninos e jovens menos favorecidos que
estão cursando o ensino fundamental
na rede pública. Com este serviço,
a garotada é atendida por diversas
ações que visam desenvolvê-las
em sua totalidade, de forma que as
relações humanas possam ser aprimoradas com base nos valores éticos,
sociais e espirituais, por meio de atividades lúdicas, artísticas, esportivas
e de lazer.
Jéssica apresenta suas medalhas junto às crianças atendidas pela LBV
Revista Boa Vontade
27
28. Reprodução rBV
História
Saudação a
Getúlio Vargas
U
m dos mais importantes líderes
políticos da História do Brasil
nasceu em São Borja/RS, em
19 de abril de 1882. Formado
em Direito, Getúlio Vargas (1883-1954)
exerceu o cargo de promotor público
em Porto Alegre, capital gaúcha, e
advogou, posteriormente, em sua terra
natal. Tendo sofrido forte influência do
Positivismo, de Augusto Comte (17981857), iniciou a carreira política ligado
a Borges de Medeiros (1863-1961). Foi
eleito Deputado Estadual quatro vezes e
líder da bancada federal de seu partido.
Vargas, no governo Washington Luís,
foi nomeado Ministro da Fazenda, mas
renunciou para governar o seu Estado
em 1928.
Liderou a Revolução de 1930, que se
opunha à política do “café-com-leite”, e
procurou um novo caminho para tirar o
Brasil da crise econômica mundial que o
atingiu em 1929. Tendo assumido como
chefe provisório do governo, postergou
o retorno do país à normalidade democrática, fato que suscitou a Revolução
Constitucionalista (1932). Ainda no
mesmo ano, aprovou um novo código
eleitoral, que dava às mulheres o direito
ao voto. A primeira participação delas
nas eleições ocorreu em 1934. Neste
ano, já com uma nova Carta Magna,
Getúlio foi eleito Presidente Constitucional pelo Congresso Nacional Brasileiro. Mas num cenário de instabilidade
nacional e internacional, por meio de um
golpe, tornou-se ditador de 1937 a 1945,
quando foi obrigado a renunciar. Neste
período, realizou importantes inovações,
beneficiando os trabalhadores, e iniciou
o desenvolvimento da indústria de base
brasileira.
28 Revista Boa Vontade
Reprodução rBV
_______________
Equipe de Estudos Ecumênicos
GetúlioVargas foi um político de
extraordinário carisma popular. Por
essa razão, tendo deixado o poder de
forma conturbada, foi eleito Senador
pelo Rio Grande do Sul e São Paulo,
e Deputado Federal por seis Estados,
como permitia a legislação da época.
Em 1950, com o entusiasmo do
movimento queremista, volta ao
poder consagrado pelas urnas.
Em sua atuação como Presidente
da República, adotou uma posição
nacionalista, o que provocou forte
oposição ao seu governo.
Quase quatro anos depois, no auge
de uma crise política, tiraria a sua própria vida. Para se ter uma idéia do que
significou para a população a perda
do estadista, vale lembrar trechos do
artigo “A elite do Brasil é o seu Povo”,
do escritor Paiva Netto, publicado
em seu livro Crônicas e Entrevistas
(Editora Elevação).
Entre suas realizações, coloca-se
em relevância o fortalecimento do
Exército, da Marinha e o surgimento da Aeronáutica. Com essa ação,
O saudoso
Presidente Vargas,
tendo ao lado a
filha Alzira Vargas
do Amaral Peixoto,
que, certa vez,
enaltecendo o
trabalho da LBV,
afirmou: “Paiva
Netto está fazendo o
que Getúlio Vargas
também desejou:
que cada brasileiro
se emancipasse”.
integrou o território nacional em um
patamar mais sólido. Vargas instituiu,
em âmbito público, concursos (capacitando servidores para melhor atender à
população), os sistemas de saúde e escolar (gratuito, universal), sendo obrigatório o ensino fundamental, e estabeleceu
as universidades federais.
Em seu currículo contabilizam-se
também a consagração dos direitos dos
trabalhadores, com o surgimento da
Justiça do Trabalho, a consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT) e o Ministério
do Trabalho.
Criou, ainda, a Força Expedicionária Brasileira; o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE); o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, a que mais tarde foi
acrescida a palavra Social, tornando-se
o BNDES; a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN); a Indústria Petrolífera — Petrobrás; a Companhia Nacional de Álcalis; e, projetou as Centrais
Elétricas Brasileiras (Eletrobrás),
além de fundar a Companhia Vale do
Rio Doce.
29. Fotomontagem rBV
“Agora eu me tornei a morte, a destruidora de mundos.”
C
om esta citação do livro religioso hindu Bhagavad-Gita,
Julius Robert Oppenheimer
(1904-1967) exprimiu seu
sentimento quanto ao que presenciou
durante a primeira explosão atômica
da História, no teste realizado perto de
Alamogordo, Novo México, em 16 de
julho de 1945. Oppenheimer era diretor
do projeto Manhattan, que tinha o objetivo de desenvolver as ogivas nucleares
dos Estados Unidos com o apoio do
Reino Unido e do Canadá. A América
temia que Hitler pudesse construir uma
arma similar.
Mesmo com a derrota da Alemanha
e o fim do nazismo, a guerra prosseguia
no Pacífico e as baixas no exército
americano só aumentavam. Militares
e estrategistas, então, propuseram ao
Presidente americano Harry S. Truman
(1884-1972) a utilização do armamento
nuclear para subjugar o Japão. O argumento de preservação de vidas americanas foi suficiente para que a decisão do
ataque fosse tomada.
Oppenheimer recebeu do General
Leslie Groves (1896-1970), diretor
Militar do projeto, a ordem de preparar
o teste definitivo do armamento e, a contragosto seu e de sua equipe, prosseguiu
nos trabalhos que culminaram com a
explosão de Alamogordo.
Terror nuclear tem início
Na manhã do dia 6 de agosto de
1945, o bombardeiro americano B-29
Enola Gay sobrevoou a cidade japonesa de Hiroshima e lançou a “Little
Boy”. A bomba atômica de urânio, de
3,2m de comprimento e 4,3 toneladas
explode 576 metros acima do Hospital
Cirúrgico de Shima. A detonação equivaleu a 12,5 mil toneladas de TNT. No
raio de um quilômetro, qualquer ser
vivo que se encontrava em local aberto
morreu instantaneamente ou logo em
seguida. Somente nos 20 primeiros
segundos, 70 mil pessoas perderam a
vida. O calor chegou a tal intensidade
que a quinhentos metros do centro da
explosão os rostos foram atingidos a
ponto de ficarem irreconhecíveis. Os
sobreviventes do primeiro momento,
“Se queres a
Paz, prepara-te
para a Paz.”
(Paiva Netto)
extremamente queimados, atiravam-se
ao rio Ota e contorciam-se na correnteza
em busca de alívio para a dor. As partículas radioativas liberadas pela explosão
atingiram o solo e a água. Uma chuva
preta, oleosa e pesada caiu ao longo do
dia , contendo grande quantidade de
poeira radioativa, contaminando áreas
mais distantes do centro da explosão.
Nas semanas que se seguiram, o número
de mortos chegou a 210 mil.
Apesar da monstruosa tragédia, o
Japão resistiu e não se rendeu. Os Esta-
_______________
Daniel Rocha
dos Unidos decidiram, por fim, utilizar
o segundo artefato de que dispunham,
imediatamente, para dar a impressão
de que o país dispunha de grande suplemento desse tipo de armamento.
Em seguida, uma tragédia semelhante a Hiroshima voltou a ocorrer na
cidade japonesa de Nagasaki, quando o
bombardeiro americano B-29 Bock’s
Car lançou a bomba atômica denominada “Fat Man”, reduzindo a cinzas o
local, forçando o Japão a se render em
14 de agosto.
O número final de vítimas em decorrência dos dois bombardeios passou
de 370 mil. As conseqüências da contaminação radioativa em Hiroshima e
Nagasaki ainda existem, com seqüelas
terríveis para a saúde de descendentes
dos habitantes daqueles locais.
Em sua “Declaração de Paz” feita
em uma cerimônia que reuniu milhares
de pessoas no último dia 6 de agosto,
pela lembrança dos 60 anos do ocorrido, o prefeito de Hiroshima, Tadatoshi
Akiba, afirmou: “Queremos confortar
as Almas ao declarar que reafirmamos,
com humildade, nossa responsabilidade
para que nunca mais esta maldade se
repita. Descansem em Paz, porque não
repetiremos esse ato vil”.
A manutenção dessa nobre promessa
aos mortos dependerá da capacidade
humana de compadecer-se pelo próximo. Uma lição de Amor a ser aprendida
com transformação íntima dos corações
humanos, nunca antes tão necessária, em
honra das vítimas da era atômica.
Revista Boa Vontade
29
30. História
Novos
_______________
Josué Ben-Nun
D
Ilustrações e fotos: livro Artes Plásticas
na Semana de 22, de Aracy Amaral.
esde o início dos tempos, a arte está
presente na vida do Ser Humano, assim como a vida deste está presente
na arte. Ora expressando dor, ora
registrando fatos, ora ainda transmitindo felicidade, ela (a arte) é o meio pelo qual se torna
visível o interior invisível de quem maneja um
pincel, de quem corta o ar com uma batuta ou
de quem faz valer a pena num pedaço de papel,
jogando com as palavras. Os seres pensantes
necessitam comunicar, exteriorizando sua individualidade diante dos códigos coletivos.
O termo “arte” vem do latim ars, que significa habilidade. Assim, o artista seria aquele
que exerce habilmente determinada função.
Talvez possamos mesmo dizer que é quem tem
a capacidade de dar sentido ao que ainda não
foi sentido, ou de propor uma reflexão até então
não pensada, ou de unir sentimento e razão,
criando um só espetáculo. Um talento a captar
a profundidade dos elementos socioculturais e
expressá-la das mais variadas formas.
Tendo em vista o Dia Nacional das Artes, que
se comemora em 12 de agosto, apresentaremos um
pouco do desenvolver do movimento modernista
no Brasil, marcado pela Semana de Arte Moderna
de 1922. Essa é uma maneira de homenagear
todas as figuras ilustres que têm surgido ao longo
da história humana, impregnando-a com seus
vestígios eternos.
O século nervoso
Detalhe do quadro Abaporu,
pintado por Tarsila do Amaral.
30 Revista Boa Vontade
No início do século XX, o tempo acelera-se e o
mundo gira mais depressa. O que antes era realizado em uma hora passou a ser feito em um minuto.
A velocidade das máquinas, que proporciona a
produção em larga escala, mistura-se à dos acontecimentos. A era técnico-industrial vislumbra seu
31. tempos,
nova Arte.
Mudanças na arte
No campo artístico, as antigas
formas não traduzem os anseios dos
novos tempos. É preciso empregar essa
energia nervosa dos fatos mundiais nas
criações. Tem de se estabelecer uma
ruptura com as escolas do passado, objetivando refletir a nova subjetividade,
marcada pelas transformações ocorridas
no mundo. A sociedade não é a mesma,
o Ser Humano não é o mesmo; logo, a
arte não pode ser a mesma. É necessário
vasculhar o mundo interior e torná-lo a
nova linguagem que expresse a realidade exterior. A nova arte reverencia o
moderno para, mais à frente, manifestar
seu descontentamento.
A Europa, já referência na área
industrial, transforma-se igualmente
no campo artístico. Muitos artistas
brasileiros entram em contato com as
vanguardas européias e aprimoram suas
técnicas para aplicá-las no País, sem
perder as raízes nacionais.
Bandeirante feminina
O ano de 1917 é decisivo para o
movimento modernista. Ainda que
o pintor russo Lasar Segall já tivesse
Ora expressando dor, ora
registrando fatos, ora ainda
transmitindo felicidade, ela
(a arte) é o meio pelo qual se
torna visível o interior invisível
de quem maneja um pincel,
de quem corta o ar com uma
batuta ou de quem faz valer
a pena num pedaço de papel,
jogando com as palavras.
Almoço comemorativo da Semana de
Arte Moderna, que contou com ilustres
ícones do Modernismo brasileiro, no
Hotel Terminus, em São Paulo/SP.
Sua corajosa exposição é tida como
uma arrancada inovadora para um grupo
de modernistas, que, depois do episódio,
se junta em torno da pintora. Mais tarde,
eles organizam e participam da Semana de Arte Moderna. Entre eles estão
Oswald e Mário de Andrade.
Anita relata seu curioso encontro
com Mário: “Num sábado chegaram
dois rapazes numa chuvarada. Começaram a rir a toda e um deles não parava.
Eu fiquei furiosa e pedi satisfação.
realizado uma mostra de arte
Quanto mais eu zangava, mais
moderna no Brasil, a segunda
o tal não se continha”. Por fim,
exposição de Anita Malfatti
ela descobre que esse sujeito era
converte-se em um símbolo.
Mário Sobral, ou Mário de MoDiferentemente de sua primeira
rais Andrade, ou, ainda, Raul
exposição, ocorrida três anos
de Andrade, uma única pessoa
Anita Malfatti que assina com vários nomes o
antes e bem aceita pela opinião
pública — é considerada uma promessa livro de presença da exposição. Mário de
da arte nacional —, Anita sofre uma Andrade achara graça de ver um homem
crítica arrebatadora em 1917, sobretudo pintado de amarelo, sem entender plenade Monteiro Lobato, o que afeta profun- mente as obras de Anita. Para ela, tudo
damente sua carreira.
é resultado da luz que acusa os objetos;
Fotomontagem rBV
apogeu, a vida torna-se essencialmente
urbana e as cidades são modernizadas.
O Brasil procura inserir-se na corrente mundial. Não é mais possível
sustentar um país rural, arcaico e préburguês. Há, então, a restauração das
finanças, uma incipiente industrialização
e prosperidade das empresas agroexportadoras. A busca do bem-estar para
a crescente população urbana reflete-se
no combate às doenças e na urbanização
das metrópoles — principalmente no
Rio de Janeiro e em São Paulo —, que
ganham ruas mais largas, prédios mais
modernos, iluminação, circulação de
carros e radiotelegrafia. Enfim, o Brasil
esforça-se para entrar na modernidade,
na época sinônimo de civilização.
Revista Boa Vontade
31
32. História
À esquerda, O Homem amarelo, pintado
em 1917; à direita, O Japonês, de 1915-16,
óleos sobre tela de Anita Malfatti.
A separação dos Andrades ocorre
em 1929, e eles não voltam a se falar. O
motivo nunca foi revelado. Se alguém
soube, tratou de guardá-lo. Apesar da
distância, há um respeito imenso e uma
troca de elogios entre ambos.
Proclamação da Independência
Cultural
por isso, vê tudo descoberto por todas
as cores. Dias depois do incidente das
gargalhadas, ele retorna e entrega-lhe
um poema sobre o homem amarelo.
Amigos na arte
A exposição de Malfatti desperta a
possibilidade do novo; entretanto, não
traz uma dimensão intelectual para o
Modernismo. Imbuídos dessa missão
estão os Andrades, que se tornam
amigos em 21 de novembro de 1917.
Nessa data, Oswald ouve um discurso de
Mário exaltando a Pátria. Ao reconhecer
um talento literário, briga a tapas com
um colega de outro jornal para publicar
na íntegra aquelas palavras. Segundo
Paulo Mendes de Almeida, crítico de
arte e amigo dos Andrades, “esses dois
tipos tão diversificados de intelectual
completavam-se admiravelmente. (...) E
foram eles o elemento de coesão de todo
o grupo, ao qual transfundiam audácia,
segurança e entusiasmo”.
A amizade é repleta de polêmicas,
sendo uma delas a publicação, em maio
de 1921, do artigo de Oswald intitulado
“O meu poeta futurista”, contendo o
poema “Tu”, do livro Paulicéia Desvairada, de Mário de Andrade. Mesmo
tecendo elogios ao autor, causa fúria
nele, que, ao ser chamado de “futurista”,
ganha popularidade negativa, perdendo
alunos e respeito. Ainda que o futurismo
pregue o verso livre, a destruição da
sintaxe, as palavras em liberdade, entre
outras coisas, cai no descrédito e é visto
com maus olhos ao passo que seu criador, o poeta italiano Filippo Tommaso
Marinetti, se aproxima do fascismo.
Assim, Mário responde com o artigo
“Futurista?!”, negando sê-lo. Com isso,
tenta desvincular o movimento dessa
vanguarda européia.
32 Revista Boa Vontade
Redator de uma coluna no Correio
Paulistano, Menotti del Picchia logo se
junta ao grupo. Indubitavelmente, ele é
um peso importante para o Modernismo, em conseqüência de sua destacada
posição de jornalista e escritor. Sendo
porta-voz do Partido da Representação
Popular (PRP), partido do governo,
suas crônicas não se enquadram bem
nos propósitos modernistas, obrigando
Mário a ensiná-lo. Ainda assim, ele
expõe as propostas do movimento no
Segundo Paulo Mendes de
Almeida, crítico de arte e
amigo dos Andrades, “esses
dois tipos tão diversificados
de intelectual completavamse admiravelmente. (...) E
foram eles o elemento de
coesão de todo o grupo, ao
qual transfundiam audácia,
segurança e entusiasmo”.
artigo “Maré das reformas”.
A “Revolução sem sangue” — na
expressão de Menotti — que se vem
estruturando encontra em 1922 o ano
ideal para uma batalha decisiva. As
comemorações dos cem anos da independência política do Brasil são perfeitas
para proclamar a cultural.
Com o entusiasmo da modernização
de São Paulo, a burguesia paulistana
também deseja uma renovação da cultura. O movimento encontra, então, apoio
no riquíssimo deputado e empresário
José Freitas; no “Presidente do Estado”,
Washington Luís; e no latifundiário
e comerciante de café Paulo Prado,
entre outros. Este último, aliás, se sente
incomodado com o “caipirismo” que
o cerca.
Graça Aranha, autor de Canaã e
membro da Academia Brasileira de
Letras (ABL), alista-se na marcha, conferindo credibilidade ao grupo. Oswald
confessa: “Com o seu endosso seríamos
tomados a sério”. O Rio de Janeiro
fortalece o batalhão, com, por exemplo, Manuel Bandeira, Villa-Lobos,
Ronald de Carvalho e Sérgio Buarque
de Holanda.
René Thiollier, diretor do Jornal do
Comércio em São Paulo, veste a camisa
de empresário e, com vários amigos
de destaque político-social, consegue,
entre muitas coisas, ajuda financeira e o
Municipal — o mais importante teatro
da cidade —, que se transforma no palco
do levante.
“Saem da penumbra, aos pulos,
os sapos.”
Esse trecho do poema Os Sapos,
de Manuel Bandeira, anuncia a grande
aparição do movimento modernista.
Muitos autores não creditam tanto valor à Semana de Arte Moderna para a
cultura brasileira; porém, vale ressaltar
a importância dos símbolos numa revolução, conforme destaca o historiador
Eric Hobsbawm. Esse acontecimento se
torna um emblema para o Modernismo
no Brasil.
Quem vai ao Theatro Municipal
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de
1922 encontra expostas as obras de
Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro,
Di Cavalcanti — criador da capa do
catálogo —, Yan de Almeida Prado e
Ferrignac; aprecia os trabalhos de Anita
Malfatti, John e Regina Graz; contempla
os projetos do arquiteto Georg Przyrembel e os baixos relevos de Victor Brecheret — escultor achado nos porões de um
prédio em construção, considerado um
gênio do movimento e que brinda São
Paulo com o Monumento às Bandeiras,
localizado no Parque do Ibirapuera. Tarsila do Amaral não expõe em 1922, pois
nessa época mora em Paris, mas passa a
ser grande ativista do Modernismo.
A partir do segundo dia de exposição, quando os novos escritores são
apresentados ao público, há uma reação
33. Capa do livro Paulicéia Desvairada,
de Mário de Andrade, 1922.
violenta. As vaias
ensurdecedoras
chegam a titubear
Mário de Andrade
na leitura de trechos de Paulicéia
Desvairada e marcam a Semana.
Fato curioso
dá-se quando
Villa-Lobos aparece ao público
com a tradicional
casaca, mas calçando chinelos, pois se
encontra atacado de ácido úrico nos
pés. A platéia, julgando isso um gesto
futurista, tenta bagunçar o concerto.
Entretanto, a música de Villa-Lobos impõe-se, domando as “feras selvagens”.
O ataque maior é dirigido aos poetas,
escritores e artistas plásticos.
Sinal do dever cumprido
Os modernistas não foram vítimas
das vaias. Elas eram esperadas e faziam
parte da estratégia da Semana de 1922,
que provocou na cidade de São Paulo o
interesse pela arte, ainda que por meio
do escândalo. Na época, por exemplo,
não era permitido falar desse episódio
na frente das crianças e moças. Depois da exposição, numa “carta muito
particular”, Mário de Andrade escreve
a Menotti del Picchia, comemorando:
“(...) Estamos célebres! Enfim! Nossos
livros serão comprados! Ganharemos
dinheiro! Seremos lidíssimos! Insultadíssimos. Celebérrimos. Teremos os
nossos nomes eternizados nos jornais e
na História da Arte Brasileira. (...) E tudo
isso por quê? Porque as araras caíram na
armadilha”.
Uma das muitas conseqüências da
Semana de Arte Moderna foi no campo
político. Ao denunciar um Brasil de
contrastes, de paulicéias desvairadas, e
anunciar uma nova consciência social,
a mudança política tornou-se inevitável, culminando com a Revolução de
1930 e a ascensão de Getúlio Vargas
ao poder. O caudilho gaúcho declarou
que “as forças coletivas que provocaram o movimento revolucionário do
Modernismo na literatura brasileira (...)
foram as mesmas que precipitaram, no
Theatro Municipal de São Paulo, foto de 1913.
“Pelos caminhos
sublimes da arte,
nos elevamos
à face de Deus,
que é Amor.”
Paiva Netto
campo social e político, a Revolução de
1930”. Os participantes da Semana de
1922 fizeram, posteriormente, parte dos
quadros políticos do País.
Responsabilidade da arte
Neste curto relato da história do Modernismo no Brasil, podemos perceber a
importância da arte na vida das pessoas
e no seio de uma nação. Todos devem
ter consciência do poder que ela exerce.
Poder este que, necessariamente, vem
acompanhado de responsabilidade. O
escritor russo Leon Tolstói outorga à
arte o dever de comunicar às pessoas
sentimentos bons e não só o de mostrar
o belo, pois o Bem é eterno, e a beleza,
temporária.
A esse propósito, o escritor e compositor Paiva Netto registrou em uma das
paredes da Galeria de Arte do Templo
da Boa Vontade (TBV) o seguinte pensamento: “Pelos caminhos sublimes
da arte, nos elevamos à face de Deus,
que é Amor”. Não um deus antropomórfico, mas um Deus Divino, que os
olhos podem não perceber, mas que
o coração sente em todas as partes do
Universo. Esperamos que, por meio das
mais diversas formas, os artistas possam
expressar, com a maior habilidade, esse
profundo sentimento de Amor.
Para saber mais:
- REZENDE, Neide. A Semana de Arte
Moderna. São Paulo, Editora Ática, 1993.
- BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo brasileiro: antecedentes da
Semana de Arte Moderna. 5a ed. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.
Ilustrações:
- AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. São Paulo, Editora Perspectiva,
1979.
Visite:
- Instituto de Estudos Brasileiros da USP www.ieb.usp.br / (11) 3091-3199
Revista Boa Vontade
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34. Notícias de Brasília
Arte
Contemporânea da
Índia no
Templo da LBV
_____________
Débora Verdan
M
Taj Mahal, um dos mais conhecidos
pontos turísticos da Índia.
ais de quatro mil anos de história, uma das civilizações
mais antigas do nosso Planeta, um país de contrastes.
Assim é a Índia, com diversidade de
línguas, hábitos e modo de vida, mas, ao
mesmo tempo, com uma grande unidade
cultural. O indiano é profundamente
arraigado ao sentimento de amor à nação e tem orgulho de seus ancestrais, o
que mantém vivas até hoje dezenas de
tradições.
Muitos desses costumes puderam
ser conferidos na Exposição “Arte
Contemporânea da Índia”, realizada
na Galeria de Arte do Templo da Boa
Vontade (TBV) (SGAS 915, Lotes
75 e 76, tel. (61) 3245-1070). Como
esclarece o Embaixador da Índia no
Brasil, sr. Amitava Tripathi: “Essa é uma
mostra muito interessante. Os melhores
artistas indianos, desde a independência
da Índia, em 1947, até os recentes anos,
estão nela. Temos 33 destacados artistas
mostrando sua arte”. O Embaixador explicou também por que escolheu o local:
“Primeiramente, porque eu tenho um
grande respeito pelo Deus que o TBV
proclama. A mensagem ecumênica que
une as pessoas é algo em que acredito.
E tudo isso em conformidade com a
Jyothi
34 Revista Boa Vontade
Fotos: Reprodução RMTV.
Ilustrações: Arquivo da
Embaixada da Índia no Brasil.
própria civilização indiana. É
um prazer estar
aqui”, concluiu.
Quem compareceu ao
evento apreciou
ainda músicas
e instrumentos
típicos do país, Embaixador Amitava
Tripathi
a exemplo do
Sitar, tocado
pelo músico André Luiz Oliveira, e o
tabla, pelo indiano Jyothi.
Na ocasião, a escritora Carina
Palackapilly Bini fez a noite de autógrafos da obra literária As Filhas do Rei.
“É um presente muito grande a gente
poder lançar um livro nesse evento, no
Templo da Boa Vontade, que tem um
ciclo de pessoas que gostam de arte,
apreciam uma boa leitura. É uma coisa
maravilhosa!”, disse.
O ilustrador da obra, Rubens Paiva,
que também desenha para o jornal Correio Braziliense, falou da abrangência do
Templo da Boa Vontade: “Melhor lugar
não há para esse lançamento, porque a
gente está fazendo um livro que é para
os pequenos brasileiros, mas trata de
uma cultura, de um folclore de outro
Carina Palackapilly
Rubens Paiva
35. Ahimsa Soekartono
Lorenza Carrion
país. Essa aproximação entre os povos
é fantástica, perfeitamente inserida
no TBV”.
Um exemplar de As Filhas do Rei
foi especialmente autografado pelos
dois autores para o Diretor-Presidente
da Legião da Boa Vontade e para seu
filho:
“Ao querido Paiva Netto e ao
pequeno Emmanuel Adolfo, com
grande satisfação e carinho, Carina.
Namastê”.
“Um grande abraço para o Paiva
Netto e para o pequeno Emmanuel
Adolfo. Rubens Paiva”.
Várias nacionalidades se fizeram
presentes ao acontecimento por meio
de seus enviados e se manifestaram
sobre a exposição e as qualidades
da Galeria de Arte do TBV,
como o representante do
Embaixador da República
da Indonésia em Brasília,
sr. Ahimsa Soekartono: “Isto
mostra a arte e a cultura da
Índia. O espaço da Galeria de
Arte do TBV é muito bom”.
A senhora Lorenza Carrion, do Departamento Cultural da Embaixada da África do
Sul, falou sobre a influência que
a Índia deixou em sua pátria. “A
exposição é maravilhosa. Como
a África do Sul era o ponto mais
comum de ida e volta entre a Europa e a Índia, os indianos chegaram no continente africano e se
estabeleceram na cidade de Dedurban,
diante do Oceano Índico. A influência
da culinária, das vestimentas é muito
forte na cultura sul-africana”, conta.
Ela também ressaltou o universalismo
do Templo da LBV: “O TBV é um espaço ecumênico, é um lugar marcante.
Todas as Embaixadas (e são mais de
80 representações) devem ter aspectos
de sua cultura aqui”.
Revista Boa Vontade
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