A influência da Igreja Católica no cotidiano medieval
1. ROSIMARIO DE ARAGÃO QUINTINO
A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA ROMANA NO
COTIDIANO DO HOMEM MEDIEVAL
Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em História da Faculdade
São Bento da Bahia como requisito parcial para obtenção de nota da
disciplina História Medieval.
Orientador: Prof. Ms. Eduardo J. S Borges.
Salvador
2010
2. A influência da Igreja Católica Romana no cotidiano do homem
medieval
Rosimario de Aragão Quintino1
RESUMO
Este artigo objetiva analisar como a Igreja Católica Romana detinha poderes na Idade Média
européia, onde o medievo e suas particularidades eram arraigados nas crenças mítico religiosas,
observando alguns costumes do cotidiano medieval que eram influenciados pelo pensamento
teocrático centralizador dessa instituição.
PALAVRAS-CHAVE: Igreja Católica Romana. Medievo. Cotidiano.
ABSTRACT
This article aims to analyze how the Roman Catholic Church held power in the European Middle
Ages, where the medieval and their particular beliefs were rooted in religious myth, noting some
of the daily habits were influenced by medieval theocratic thought centralizing such institution.
KEYWORDS: Roman Catholic Church. Middle Ages. Everyday.
Em “Apologia da História” Marc Bloch2 fala sobre a felicidade de poder falar, no mesmo
tom, aos doutos e aos escolares. Uma das características do texto de Hilário Franco Junior, é a
linguagem acessível, mas sem abdicar do rigor acadêmico e de uma estética apurada, de acordo
com ele,
O período entre os séculos IV e XVI é tradicionalmente conhecido por
Idade das Trevas, Idade da Fé ou, com mais freqüência, Idade Média.
Todos eles rótulos pejorativos, que escondem a importância daquela
época na qual surgiram os traços essenciais da civilização ocidental.
Nesta, mesmo países surgidos depois daquela fase histórica - caso do
Brasil - têm muito mais de medieval do que à primeira vista possa
parecer. Olhar para a Idade Média é estabelecer contato com coisas que
nos são ao mesmo tempo familiares e estranhas, é resgatar uma infância
longínqua que tendemos a negar mas da qual somos produto. De fato,
para o homem do Ocidente atual compreender em profundidade a Idade
Média é um exercício imprescindível de autoconhecimento.3 (FRANCO,
1998)
Para escrever sobre a Idade Média, temos inicialmente que buscar compreender onde
começa e onde termina a Idade Média. Existem várias divisões e de acordo com Hilário Jr., em
3. entrevista concedida ao “Café História”4 onde o historiador afirma que essas divisões e
demarcações serão sempre problemáticas, “porque decorrem evidentemente muito mais do
arbítrio do historiador do que dos fatos pretensamente classificadores. E como o historiador é
produto de seu presente, e este muda, as classificações periodizantes mudam.” Esta questão
atualmente parece não mais ter muita importância, porém, já gerou bastante debates tanto na
academia quanto no meio não institucionalizado, e continuando com os estudos de Hilário5,
cremos que hoje esse problema já não mais perturba tanto os historiadores. Para Jacques Le
Goff6, ainda é possível encontrar continuidades de práticas consideradas pertencentes ao
medievo até 1800, isso nos dá a verdadeira noção das múltiplas visões que existem na
historiografia atual sobre o medievo, bem como as concepções variadas.
Aderir a uma cronologia especifica para delimitar a Idade Média, envolve também muito
de “vaidade acadêmica”, pois,
[...] o verdadeiro especialista não se coloca uma camisa de força, prefere
periodizações amplas e flexíveis. Como se pode ser especialista do século
XIV, por exemplo, sem conhecer profundamente os séculos XI-XIII numa
ponta e XV-XVI na outra? O fundamental é ter consciência que a História
de qualquer época comporta diferentes planos, cada um deles com ritmos
próprios. Privilegiar 1453 é dar maior importância à política, escolher
1492 é colocar a economia à frente de tudo, 1517 é pensar que a religião
está no centro da sociedade, e assim por diante. Portanto, o recorte
temporal depende do objeto estudado, e no caso de uma visão ampla
sobre muitos séculos (Idade Antiga, Média, Moderna) o melhor é não
adotar fronteiras e sim zonas fronteiriças.7 (LE GOFF, 2005)
Adotamos como recorte inicial, setembro de 476, quando o imperador Rômulo Augusto é
destronado. Desde os anos 300, a falta de controle de Roma sobre as províncias dava margem
para constantes invasões bárbaras (aqueles estranhos povos do norte que não falavam latim). Na
falta de um governo central forte, foram os ricos mais próximos de cada agrupamento que
serviram de “proteção”. Contudo, as relações existentes entre esses povos aterrorizados e seus
protetores eram mediadas por códigos de honra, obrigações claras, normas de conduta herdada
pelo judaísmo, que havia se disseminado pelas mentes e corações romanos.8
Entre os legados romanos incorporados pela Idade Média, o cristianismo é o mais
marcante. De reis a agricultores, era “lei” seguir os ditames da Igreja. Em todo o continente
europeu os mosteiros, templos, igrejas e capelas se espalham e mais que lugares de adoração,
eram também centros de saber, os únicos “legalizados” no período. Para Franco, a Igreja
Católica tinha em sua base o cristianismo, que
4. por sua vez, foi o elemento que possibilitou a articulação entre romanos e
germanos, o elemento que ao fazer a síntese daquelas duas sociedades
forjou a unidade espiritual, essencial para a civilização medieval. Isso foi
possível pelo próprio caráter da Igreja nos seus primeiros tempos. De um
lado, ela negava aspectos importantes da civilização romana, como a
divindade do imperador, a hierarquia social, o militarismo. De outro, ela
era um prolongamento da romanidade, com seu caráter universalista, com
o cristianismo transformado em religião do Estado, com o latim que por
intermédio da evangelização foi levado a regiões antes inatingidas. Em
tempos em que a imprensa não existia e a grande maioria dos habitantes
da Europa Ocidental era analfabeta, as bibliotecas dos mosteiros e abadias
funcionavam como instrumento de controle, seja para pobres, nobres ou
ricos.
(FRANCO, 1998, p.16)
Foi com a certeza de ser a única e verdadeira herdeira do Império Romano, devido ao seu
poder na dominação de mentes e possessões territoriais, “instituição reservatório do mundo
clássico”, como afirma ANDERSON (1986), que a Igreja Católica cobrava dízimos, recebia
doações de terra, vendia indulgencias e adquiria rendas provenientes dos arrendamentos dos
feudos, fazendo prosperar as construções vultosas dessa instituição, que buscava se estabelecer
não apenas como força religiosa, mas também como responsável pelas pessoas desvalidas da
sociedade, para isso são criadas as abadias.
As abadias eram espaços criados para servirem de abrigo, também acolhiam os pobres, os
velhos (hoje denominados de idosos), os doentes, os órfãos e preparavam os seminaristas para a
vida eclesiástica. É preciso lembrar que as doenças eram vistas como manifestações do mal. E os
tratamentos consistiam em emplastros, sangrias e orações. A Ciência Médica não era vista como
uma forma de se chegar à cura, mais como uma forma de minimizar o sofrimento do doente,
sendo que a cura só era conseguida a partir do perdão divino. Além disso, as concepções gregas
não identificavam que enfermidades típicas do período, como disenteria, envenenamento por
cereais, peste bubônica, resultavam das más condições de higiene e saneamento da época, as
noções de limpeza e cuidado com os alimentos que temos no mundo atual não existiam durante
boa parte desse período.
Os monges trabalhavam em suas próprias plantações, é comum encontrar relatos de que
eles não tomavam mais que cinco banhos por ano. E esse tipo de prática se disseminava entre a
população, uma vez que a vida dos “homens separados para trabalharem para Deus” era um
exemplo a ser seguido. Lembremos que eram esses monges que poupavam água, que fabricavam
a maior parte do vinho, queijo e da cerveja consumida no mundo medieval. Não é de se estranhar
a expectativas de vida mediasse os 35 anos.
5. Os camponeses passavam metade do seu tempo trabalhando no manso senhorial, a área
de cultivo do latifúndio. Mas, em algumas regiões, como na França central e oriental e na
Itália, [...] na qual o senhor fornecia, além da terra, todo o material necessário para cultivá-la,
ficando por isso com uma parcela maior do resultado, variável de metade a dois terços
(FRANCO, 1998.46). Eles vivam e cultivavam seus alimentos nos arredores esses latifúndios,
pertencentes a homens ricos, que na grande maioria das vezes pertenciam a Igreja Católica, que
as recebia como dízimo, indulgência ou simplesmente doação, como prova de um cristianismo
amedrontado, onde as obras (doações) valiam mais que a fé. Sobre o aumento das possessões
territoriais da Igreja, Franco afirma que,
Grandes propriedades [...] pertenciam à Coroa, aos mais poderosos nobres
e principalmente à Igreja, porque, enquanto os domínios daqueles se
fracionavam após algumas gerações por meio de doações e partilhas
sucessórias, os domínios eclesiásticos ficavam indivisos, graças ao
celibato. Sobretudo a realeza perdia terras, já que com elas remunerava os
serviços da aristocracia laica e do clero.
(FRANCO, Hilário Jr.1998, p.41)
Essas doações e pagamentos a Igreja serviam para sustentar a vida dos seminaristas, do
clero regular, do secular e também para as obras de caridade que a Igreja desempenhava entre a
sociedade. Não podemos esquecer-nos das inúmeras construções erguidas para mostrar o poder e
a opulência dessa instituição foram disseminadas pelo mundo europeu, bem como na América,
durante a colonização9.
O cotidiano do mundo medieval europeu seguiu a risca as ordens da Igreja Católica
Medieval, instituição mais forte e centralizadora firmada após o século V. Os mosteiros serviam
de igreja, escola e asilo.
O monopólio do ensino estava nas mãos do grupo mais erudito e que, deste modo, tinha o
poder para imprimir as idéias que mais lhe agradassem. HEERS (1980) critica o método de
ensino utilizado na difusão destes conhecimentos, afirmando que os cristãos, condenam às
crenças e práticas medievais e se sentem portadores de uma consciência de superioridade em
relação aos cristãos do medievo.
Controlar o pensamento e as concepções científicas da época, bem como a hegemonia
religiosa do período, tratando a outra grande religião monoteísta dominante no período medieval
– o islamismo – como uma mentira a ser apagada da história da humanidade, usando para isso
sua influência com os habitantes da Europa, que combatiam em algumas Cruzadas10 usando para
6. isso exércitos temporais e mercenários e, quando necessário, também financiando com o próprio
tesouro acumulado pela Igreja, se o resultado fosse trazer algum tipo de vantagem para a mesma,
como afirma Franco (1986), nas Guerras Santas, pois
a Guerra Santa aliviava o trabalho dos monges, pois quem morresse nela
tinha a alma automaticamente salva, sem necessidade da intervenção
cluniacense. E significativo que a Cruzada tenha sido concebida pelo papa
Gregório VII e pregada anos mais tarde, em 1095, por Urbano II, ambos
monges cluniacenses. E significativo, também, que a igreja abacial de
Cluny, a mais imponente construção da época, tenha sido erguida
sobretudo com recursos obtidos na luta contra os muçulmanos ibéricos e
doados à Ordem pelos reis de Castela.
Já que as Cruzadas deveriam funcionar não só como elemento de
pacificação interna da Europa católica, levando para fora dela a irrequieta
nobreza feudal, mas especialmente como um fenômeno aglutinador da
Cristandade sob o comando da Igreja, acenava-se para seus participantes
com a remissão dos pecados, a proteção eclesiástica sobre suas famílias e
bens, a suspensão do pagamento de juros. Lutando sob a égide da Igreja,
os cruzados deveriam agir como guerreiros imbuídos de seus ideais. O
cavaleiro cristão, definia São Bernardo (1091-1153), “é ministro de Deus
para vingar sobre os maus e defender a virtude dos bons”, pois “a morte
que se dá ou recebe por amor de Cristo, longe de ser criminosa, é digna de
muita glória”.
(FRANCO, Hilário Jr. A Idade Média: Nascimento do
Ocidente.1998.p.101- 102)
As guerras ocorriam geralmente por disputas territoriais, com pessoas da mesma religião
– a católica – ou, entre fiéis e infiéis, independente de quem estava guerreando (católicos ou
islâmicos). O apoio da Igreja Católica era muito importante nesse momento (aos católicos), pois
se Deus era a favor do combate, era então um combate santo, abençoado e permitido pelos
representantes do mesmo na terra, pensamento esse reforçado constituinte, segundo Le Goff
(2005), da mentalidade eclesiástica medieval.
Além dos ditos “infiéis”, a Igreja também perseguia outra categoria social, as mulheres,
principalmente no que tange a sexualidade. As mulheres eram orientadas a aceitarem os desejos
e vontades do marido, sem questionar ou se negar em nenhum momento, pois eram na verdade
procriadoras, mas os períodos de abstinência e menstruação, o sexo se restringia a 98 dias por
ano, quando o marido era “bastante ativo”. O coito só devia ser realizado em uma única posição,
de preferência com o casal vestido ou com uma roupa que tivesse um buraco no meio, para o
momento da relação.
7. Segundo Franco (2001), a vida sexual era quase nula e a virgindade enormemente
valorada, para acompanhar os modelos de Cristo e sua mãe. Desse modo, se manter casto era
compensatório, pois quem já havia pecado deveria se abster de sexo pelo restante da vida, como
forma de “pagar” sua dívida. A vida sexual apenas era admissível ao cristão se ocorresse numa
relação abençoada pela Igreja, no matrimônio. O que só era permitido entre heterossexuais,
combatendo-se a prática da bestialidade (sexo entre humano e animal). A homossexualidade, tida
como pecado, era abnegada por proporcionar apenas prazer e não procriação.
A criação de tabus concernentes a sexualidade vem junto da história da influência da
Igreja Católica Romana no mundo europeu ocidental, que data a conversão de Constantino ao
Cristianismo, em 312, adotando a mesma como religião oficial do Império. Desde então, os
povos que eram influenciados de alguma forma, ou totalmente pelo Império Romano, também
aderiu ou foi incorporado por essa religião.
Defendido pelos primeiros cristãos, o celibato prevalece entre os padres católicos desde o
século XII, após o segundo concílio de Latrão (1123 e 1139). A opção da castidade demorou a
vingar como uma norma generalizada entre o clero, pois a partir de então o matrimônio dos
sacerdotes era tido como herético, por que os “distraía” dos serviços ao Senhor. Até o século
XIII a eleição de papas casados era comum. Esperava-se deles, apesar do matrimônio,
abstinência. Tanto a prática como o dilema do sexo cresciam nesse período entre os séculos X e
XV, pois a criação dessa norma do celibato ajudava a evitar a dilapidação do patrimônio da
Igreja.
Foi no Concilio de Trento que ficou definitivamente fixado a excelência
do celibato sobre o matrimônio, usando as palavras de São Gregório
Magno que havia condenado o desejo sexual durante seu papado no
século VI.
(http://saibahistoria.blogspot.com/2009/05/o-celibato-na-igreja-catolica-
comecou.html)
Devido à tamanha pressão do discurso da Santa Igreja, os cidadãos que temiam os
castigos divinos viam no sexo uma fonte de prazer, mas acima de tudo, viam no corpo uma
entrada para o mal e nessa concepção a mulher aparecia sempre com um papel subalterno e
submisso, pois o prazer na relação devia ser restrito ao homem, com penalidade de ser acusada
de prostituta ou bruxa as mulheres que demonstrassem interesse na relação sexual, mesmo que
ela ocorresse com seu marido (principalmente com ele). Santo Agostinho11 afirmava que não via
8. serventia numa mulher para um homem que não fosse para o propósito de ter filhos, isso no
início da Idade Média12.
O domínio sobre a mentalidade dos cidadãos se explicava devido a descentralização do
poder temporal, que de certa forma legava a única instituição forte presente em todos os setores
da sociedade, com tentáculos que conseguiam abarcar todos os setores da sociedade medieval,
afirmando o que era proibido, mesmo que temporariamente, o que era correto, qual o caminho
mais rápido para o céu, o que te levaria para o inferno, como realizar uma relação sexual
abençoada e sadia, como educar e o que ensinar aos filhos, até onde o prazer era abençoado e o
que era maldição eterna.
Heers (1980) vai mais além, afirmando que a crença é indissociável do homem,
criticando quem zomba das devoções medievais e suas superstições quando vemos os nossos
contemporâneos fazerem um desvio e gastarem o seu tempo para visitar (pagando) a casa e o
escritório de um autor venerado há muito desaparecido… (p.281).
Em seus estudos sobre o medievo, Le Goff afirma que até mesmo o tempo era apropriado
e (re) significado pela Igreja, tornando-o místico e sacramental, arraigado por reflexões
teológicas, mas que não era uma totalidade coerente e sim um amalgama cultural, que deve ser
visto e analisado livre de estereótipos e de a priori.
Dessa forma, vê-se claramente o poder que a Igreja conquistou na idade média,
conseguindo fazer com que o poder espiritual e o poder temporal estivessem intimamente
interligados, tendo a Igreja papel principal na legitimação dos reis, na composição dos valores
morais, influenciando na forma de pensar e de agir de toda sociedade ocidental, situação essa que
perpassou por todo esse período e que chega até os dias atuais.
9. 1
Graduando do 2º período do curso de Licenciatura Plena em História na Faculdade São Bento da Bahia.
2
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Jorge Zahar. São Paulo. 2002.
3
FRANCO, Hilário Jr. A Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo. Brasiliense, 1998.
4
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-conversa-cappuccino-2. Retirado em, 20.09.2010.
5
Hilário Franco Junior é Medievalista, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP),
Hilário Franco Júnior possui toda a sua formação na área de história, tendo feito seu pós-doutorado com Jacques Le
Goff na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Hilário é especialista em mitologia medieval e
recentemente escreveu um livro sobre futebol e sociedade.
6
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. São Paulo: EDUSC, 2005.
7
Trecho da entrevista concedida pelo historiador Hilário Franco Jr., ao blog Café Hitória, retirado em
20.09.2010.
8
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
9
Em 1492, ano da própria descoberta da América, foi estabelecida a primeira colônia permanente na ilha de
Hispaniola, por Cristóvão Colombo, o descobridor. Em poucas décadas muitas outras colônias foram
estabelecidas, se espalhando pelas ilhas do Caribe e ainda pela Flórida e pelo Peru. Pouco depois Portugal
estabeleceu colônia no Brasil, assim como a Inglaterra colonizou as Honduras Britânicas (atual Belize) e a
Jamaica. A ocupação holandesa se fez presente na Guiana e ainda em Curaçau, enquanto os franceses
tomaram posse do Haiti, de Guadalupe e da Martinica.
10
De 637 até meados do século XI, a Palestina, foi governada pelos muçulmanos, chamados sarracenos
ou árabes. Eram permitidas as peregrinações dos cristãos a Jerusalém e aos lugares sagrados.
Repentinamente, em 1071, a região foi dominada pelos ferozes turcos seljucidas, que massacraram e
escravizaram peregrinos.
Em 1095 o Papa instituiu as Cruzadas e, incitados por Pedro, o Eremita, milhares de camponeses
seguiram para a Terra Santa. A maioria foi morta ou transviou-se no caminho.
Contudo, outro exército de 300 mil soldados, sob o comando de príncipes franceses dirigidos por
Godofredo de Bulhão, e denominados cruzados porque usavam a insígnia da Cruz, tomaram Jerusalém
e criaram ali um reino cristão.
Em seguida, os muçulmanos reconquistaram parte da região e, depois de falhar uma outra Cruzada, que
tentara capturar Damasco, Saladino, o sultão do Egito, expulsou os cristãos de Jerusalém (1187).
11
Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta, cidade da Numídia, de uma família burguesa, a 13 de novembro do
ano 354. Aurélio Agostinho destaca-se entre os Padres como Tomás de Aquino se destaca entre os
Escolásticos. E como Tomás de Aquino se inspira na filosofia de Aristóteles, e será o maior vulto da filosofia
metafísica cristã, Agostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo.
12
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução: Martin Claret. São Paulo.
10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
DUBY, Georges. Senhores e camponeses. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. 2ª edição revista e ampliada.
São Paulo: Editora Brasiliense, 2001.
HEERS, Jacques. História Medieval. São Paulo: DIFEL, 1980.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. São Paulo: EDUSC, 2005.