O documento analisa matérias de saúde publicadas em um jornal brasiliense entre junho e agosto de 2012. Foram selecionadas 180 matérias, com foco predominante em doenças contagiosas, problemas do SUS e câncer. As matérias tinham abordagem majoritariamente curativa e negativa, reforçando uma visão limitada de saúde associada a doença. O estudo conclui que a mídia pode construir uma imagem negativa do SUS e da saúde, demandando uma comunicação mais equilibrada.
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
Saúde na Mídia: análise das matérias de saúde em um jornal impresso brasiliense
1. Saúde na Mídia: análise
das matérias de saúde em
um jornal impresso
brasiliense.
Enfermeira Iedda Carolina
Profa. Dra. Ana Valéria M. Mendonça
2. Estudo da Literatura
• Os veículos de comunicação em massa, como o jornal
impresso, consistem em importantes meios de divulgação de
informações de saúde para parcelas significativas da população
(CARLINI, 2012).
• Em contrapartida, ao analisar a atuação da mídia, percebe-se também
sua capacidade de formar representações sociais permeadas de
subjetividades a partir de informações truncadas, incompletas e
alarmistas,
favorecendo
a
construção
de
estereótipos
e
comportamentos aversivos no inconsciente humano e social.
• Tendência de matérias que prendam a atenção dos leitores, compondo
textos noticiosos que tendem a focar os problemas, generalizações
sobre o contexto de saúde existente.
(SODRÉ, 1977; BARTLETT et al., 2002; MORONI & OLIVEIRA FILHA, 2008; PONTES, et AL., 2001).
3. Metodologia
• A pesquisa consistiu em uma análise retrospectiva das reportagens
relacionadas à saúde em um período de 3 meses (junho, julho e
agosto de 2012) publicadas diariamente no jornal impresso de maior
circulação no DF - Correio Braziliense.
• Foram selecionadas as matérias do caderno “Saúde” e das retrancas
intituladas “Saúde” presentes nos demais cadernos.
Fonte: www.dasein.com.br
4. Metodologia
• As matérias selecionadas foram categorizadas segundo:
- Caderno em que estavam inseridas;
- Tema da saúde ao qual faziam referência;
- Enfoque de Prevenção ou Curativo;
- Referência à Pesquisa Científica, sendo esta Nacional ou Internacional;
- Manchetes de capa
- Caráter do Título, o qual foi classificado em otimista, pessimista ou
neutro.
Exemplificando: “Pronto-socorro sem socorro” trata-se de uma
divulgação com conotação pessimista; “Técnica cura lesão na
medula espinhal” possui uma conotação positiva; “Origem genética
das pernas inquietas” é um título neutro, pois não transmite
conotação positiva ou negativa.
6. Resultados e Discussão
• O Correio Braziliense é um periódico diário composto por cadernos
organizados em ordem decrescente de relevância, onde o caderno de
“Saúde” normalmente ocupa a 7° posição dentro do jornal, ficando
posterior a cadernos como “Política”, “Brasil” e “Economia”, e anterior
aos cadernos “Cidade”, “Diversão e Arte” e “Classificados”.
• Correio divulgou 180 matérias relacionadas à saúde, com uma faixa de
1 a 4 matérias publicadas por dia.
•
Os cadernos com maior número de matérias de saúde foram: “Caderno
Saúde” (60%), “Caderno Cidade” (27,2%) e “Caderno Brasil” (11,6%).
7. Resultados e Discussão
• Formação de uma concepção restrita no imaginário dos leitores do
jornal sobre o conceito e a dimensão da saúde, construindo rótulos e
fortalecendo estereótipos, visto que relaciona o termo “saúde” à
ideia
de
precariedade, sofrimento, doença, hospital, remédio, ineficiê
8. Resultados e Discussão
• Predominância
dos
assuntos
como
doenças
contagiosas, problemáti
cas do SUS, câncer, os
quais possuem um caráter
de tendência alarmista
e
impactante,
com
maior incidência sobre a
vida da sociedade e maior
grau de consequências
possíveis
quando
comparados a assuntos
que se referem a hábitos
de higiene e alimentação
saudável,
por
exemplo, assuntos estes
que
tiveram
uma
representação midiática
insignificante.
9. Resultados e Discussão
• Predominância de matérias com foco intervencionista/curativo
(53,3%) em relação às de abordagem preventiva (23,3%).
• Possivelmente
seja
reflexo
do
modelo
de
assistência
médico, medicamentoso e curativo vigente que tem no hospital o
lócus de solução de todo e qualquer problema de saúde, em
detrimento do modelo de assistência à saúde multi e
interprofissional, centrado na prevenção de doenças e promoção da
saúde da família e da comunidade (COTTA et al., 2002).
• A divulgação majoritária de matérias com foco intervencionista pode
reforçar a predominância do modelo curativo no imaginário
popular, pouco colaborando para concretização do modelo preventivo
tão defendido pelas políticas da Atenção Básica.
10. Resultados e Discussão
• No que se refere à pesquisa científica, apenas 52.8% das matérias
do Correio faziam referência a estudos científicos.
• 73,6% destas matérias citavam pesquisas internacionais e
26,3% citavam em pesquisas nacionais. Estes dados apontam
para uma baixa divulgação e valorização das pesquisas realizadas no
Brasil.
• O caráter negativo dos títulos das notícias de saúde analisadas foi
predominante, com 44% de títulos pessimistas, 36% otimistas e
20% neutros.
• Apenas 45 matérias estamparam a capa do jornal, sendo que
55% destas matérias de capa transmitiam conotação negativa
com predominância das problemáticas do SUS.
11. • Reforça o argumento de que as matérias relacionadas à saúde publicadas
pelo Correio se restringem à publicação de textos noticiosos
referentes à doenças, principalmente as infecto-contagiosas; à
ações intervencionistas/medicamentosas e às problemáticas do
SUS.
12. Conclusão
• Os resultados obtidos reforçam o argumento de que a mídia
impressa analisada colabora para a construção de um
estereótipo negativo no pensamento coletivo, onde a concepção de
saúde veiculada é reduzida e limitada, sendo constantemente associada
à doença e tratamento.
• A imagem predominante sobre o SUS é de um serviço
precário e pouco efetivo, havendo uma reduzida divulgação dos
benefícios que o SUS promove à população e as metas já alcançadas ao
longo de sua existência.
• Este rótulo simplista e inadequado pode impactar negativamente a
utilização dos serviços de saúde (SUS) pela população, o trabalho dos
profissionais
de
saúde
e
as
decisões
políticas
governamentais, gerando resistências comportamentais e
antipatias na busca pelo serviço de saúde.
13. Conclusão
• A comunicação em saúde deve ser repensada para que haja uma
comunicação ética e transparente preocupada, acima dos lucros e do
sensacionalismo, em propor e colaborar com mudanças positivas no
sistema brasileiro de saúde para que a população possa utilizar o
serviço não apenas para curar suas doenças, mas também para
promover saúde e prevenir agravos.
• Devido
a importância
da
mídia
enquanto
veículo de
conscientização, formação de opinião e comportamento social, esperase que:
- Este trabalho incite a produção de outros estudos sobre representações
midiáticas da saúde.
- Possa contribuir para a criação de estratégias que favoreçam
uma comunicação em saúde cada vez mais elaborada e
consciente.
14. Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.
BARTLETT, C. et al. What’s newsworthy? Longitudinal study of the reporting of medical research in two British
medical newspapers. BMJ 2002; 325:81-4.
BAZERMAN, C. Gêneros Textuais, Tipificação e Interação. São Paulo: Cortez, 2005.
CARLINI, M. Análise das notícias sobre ciência em saúde dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.
Revista do EDICC (Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura), v. 1, out/2012.
COTTA, R. M. M.; MORALES, M. S. V.; COTTA FILHO, J. S.; GONZÁLES, A.L.; RICOS, J. A. D. Obstáculos e
desafios da saúde pública no Brasil. Rev Hospital Clínicas Porto Alegre 2002; 22(1): 25-32.
FILHO, J. F. Mídia, estereótipo e representação das minorias. ECO-PÓS – v.7, n.2, agosto-setembro 2004, pp.45-71
LOPES, F.; RUÃO, T.; MARINHO, S.; ARAÚJO, R. Jornalismo de saúde e fontes de informação, uma análise dos
jornais portugueses entre 2008 e 2010. Derecho a Comunicar | Número 2 | Mayo – Agosto 2011 ISSN: 2007137X.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006.
MAMEDE-NEVES, M. A. C., SANTIAGO, I. E. & BERTON, J. O Jornal na Ótica de Jovens Universitários.
Vertentes, São João Del Rei: FUNREI, 2004
MORONI, A. O; OLIVEIRA FILHA, E. A. Estereótipos no telejornalismo brasileiro: identificação e reforço. Intercom
– Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação– Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008.
PONTES, B. S.; NAUJORKS, M. I.; SHERER, A. Mídia impressa, discurso e representação social: a constituição do
sujeito deficiente. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - XXIV
Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: MacGraw-Hill, 2006.
SODRÉ, M. O monopólio da fala; função e linguagem da televisão no Br. Petrópolis: Vozes,1977.
16. Prof . Dra. Ana Valéria
M. Mendonça
Pesquisadores :
Dábyla Alkmim
Indyara Morais
Jéssica Lopes
Mariane
Sanches
Weverton Vieira
17. Introdução
O Programa Mais Médicos foi lançado no dia 07
de Julho de 2013 no congresso do CONASEMS e as
inscrições já iniciaram no dia seguinte com uma
medida provisória assinada pela presidente Dilma
Roussef.
Ele consiste em levar médicos para as regiões que
estão em carência destes profissionais como no
interior dos estados e as periferias das grandes
cidades.
18. Objetivos
• Analisar notícias relacionadas ao Programa Mais
Médicos e temas associados a este, no período de
três meses (Julho, Agosto e Setembro) de 2013;
• Avaliar a repercussão do Programa Mais Médicos
na mídia nacional.
19. Metodologia
A pesquisa está sendo realizada de forma descritiva
com métodos qualitativos e quantitativos.
Esta é uma análise retrospectiva do jornal Folha de
São Paulo em mídia digital dos meses de julho a
setembro de 2013.
A busca no jornal se deu a partir das palavras-chave:
Programa Mais Médicos, Mais Médicos, Médicos
Estrangeiros ou Médicos.
As matérias foram categorizadas em planilha do
programa da Microsoft Excel da seguinte forma:
20.
Data de publicação
Caderno e retranca
utilizada
Página
Caráter do título
O jornalista
Se possui valor notícia
Tipo de publicação
Se é matéria de capa
ou destaque
Categoria
É o título da notícia
Caráter da notícia
21. As datas foram separadas pelos membros do grupo de
pesquisa para análise dos cadernos:
Poder, Opinião, Mundo, Cotidiano e Ilustrada.
Estamos na fase de revisão destas quanto à categoria e
o valor notícia.
Outro programa de análise a ser utilizado chama-se N
VIVO 10 da empresa QSR internacional. Trata-se de um
programa de análises de conteúdo
qualitativo, bastante utilizado por pesquisadores para
agrupar, categorizar, produzir tabelas e nuvens de
palavras sobre os dados pesquisados.
22. Resultados Parciais
250
notícias ao total que envolvem a
temática Mais Médicos no Jornal Folha de
São Paulo.
Demonstramos os resultados referentes ao
mês de julho a setembro de 2013 e o caráter
destas notícias.
23. Distribuição do caráter das notícias envolvendo o
programa Mais Médicos na Folha de São
Paulo, de julho a setembro de 2013
23%
Neutra
Otimista
51%
Pessimista
26%
Neutra; 58
Otimista;64
Pessimista; 128
24. Quantidade
Quantitativo de publicação das
notícias envolvendo o programa Mais
Médicos na Folha de São Paulo, de
julho a setembro de 2013
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
33%
37%
Julho
Agosto
Setembro
Julho
Total
Distribuição segundo mês de
publicação das notícias
envolvendo o programa Mais
Médicos na Folha de São
Paulo, de julho a setembro de
2013
Agosto
Setembr
o
92
76
82
30%
25. Distribuição da quantidade das notícias envolvendo
o programa Mais Médicos na Folha de São Paulo no
meses de julho, agosto e setembro de 2013 .
60
50
50
40
37
30
20
10
41
Julho
Agosto
25
Setembro
24 23
15
18
17
0
Neutra
Otimista
Pessimista
26. Distribuição do caráter das notícias envolvendo o
programa Mais Médicos na Folha de São Paulo por
mês de publicação, de julho a setembro de 2013
60
Quantidade
50
40
Julho
30
Agosto
Setembro
20
10
0
Neutra
Otimista
Pessimista
27.
28. Próximos Passos
A metodologia utilizada;
Quantidade de notícias encontradas em três meses;
Mudança sobre o caráter da notícia;
Comparação com o Correio Braziliense.