[1] O documento discute a evolução da medicina social no Brasil desde os séculos XVIII-XIX, quando o Estado implementou medidas de controle sobre as famílias coloniais e da elite, até o século XX com o surgimento do movimento da reforma sanitária. [2] A medicina social no Brasil serviu aos interesses do Estado de regulamentar a população e estabelecer uma nova ordem urbana através do dispositivo médico-higienista. [3] O movimento da reforma sanitária surgiu nos anos 1980 criticando o modelo
3. Europa - Início da medicina
social
Medicina de Estado
Medicina urbana
Medicina da força de trabalho
4. Século XVIII
Medicina social no Brasil
Estado x Famílias coloniais brasileiras -> medidas de controle repressivas e punitivas
Século XIX
Estado x Famílias da elite latifundiárias -> política higienista
“A medicina social vai dirigir-se a família burguesa citadina, procurando modificar a conduta física, intelectual, moral, sexual e social
dos seus membros com vistas à sua adaptação ao sistema econômico e político”(Costa, 2004, p.33)
Estado x Famílias pobres -> medidas de controle repressivas e punitivas
Política higiência
Grande progresso da ciência
Benefícios para população brasileira
Mas também...
Serviu prontamente aos interesses do estado
Regulação demográfica e política
Construção de uma nova ordem urbana
Estado + dispositivo médico higienista
1829 - Fundação da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro
1851- Estado cria a Junta Central de Higiene Pública
Temas da medicina social:
Contrato conjugal
Conservação das crianças
Casa higiênica
Amor à pátria
“A ausência de patriotismo, fato social, era deste modo abruptamente inscrita na ordem médica. (...) Afirmando que o amor à
“A
pátria não era uma doença, os higienistas não tardaram em proclamá-lo sinal de sanidade. E num movimento de retorno
político-teórico, a ausência de patriotismo foi redefinida como deficiência físico-moral. (...) Propósito explícito: demonstrar que
a incapacidade de amar o Estado era uma doença. E, por extensão, postular que a submissão do indivíduo ao governo estatal
não era sintoma de anulação política mas prova de boa saúde.” (p.67)
Normas Familiares <-> Práticas Disciplinares <-> Medicina Social
5. Saúde Pública no Brasil
A Primeira República (1889 - 1930)
Crise do modelo imperial escravagista e no externo uma redefinição da
hegemonia nacional do capitalismo
O Período Populista (dos Anos 30 aos Anos 50)
Criação dos institutos de seguridade social, como os Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs)
O Período do Desenvolvimentismo (Anos 50 e 60)
O Período do Estado Militarista e o ‘Milagre Brasileiro’ (1964 - 1984)
6. O Movimento da Reforma Sanitária
Anos 80: Período final da ditadura militar processo de redemocratização do país;
Crítica ao modelo de saúde hegemônico:
- Biologicista, modelo curativo, hopitalocêntrico;
- Sistema de Saúde Previdenciário em crise, ineficaz e privatista;
Anos 70 e 80:
- Ocorrem experiências de trabalho em saúde coletiva: No interior do Brasil, atenção básica nas áreas
rurais; Práticas de saúde no território, nas comunidades;
- Influência das ciências humanas incorporadas na área da saúde ;
- Mobilização de movimentos sociais formados por: residentes, médicos, cientistas, acadêmicos, líderes
comunitários, sindicatos e movimentos estudantis;
- Discussões sobre condição de vida da população, precariedade do sistema de saúde vigente, condições
de trabalho;
- Propostas de transformações e mudanças: Não só um novo sistema de saúde, mas a “introdução de uma
nova idéia sobre a vinculação da saúde com lutas políticas e sociais mais amplas que culminassem na
melhoria das condições de vida da população.” (Feuerwerker,2005, p.490)
Idéias-força da reforma sanitária :
- Universalidade e Equidade, fortalecidos pelo gestão social democrática;
- Perspectiva de atenção integral às necessidades da população, reconhecendo as determinações sociais
das doenças;
- Crítica às práticas hegemônicas de saúde: proposição de uma nova divisão do trabalho em saúde,
incluindo um papel ativo do usuário na construção da saúde;
VIII Conferência Nacional de Saúde em Brasília em 1986
- Constituição Brasileira 1988 : incorporou grande parte das idéias defendidas pelo Movimento.
7. Saúde Pública x Saúde Coletiva
A Saúde Pública tem base no modelo biomédico e compreende o
indivíduo como organismo biológico somente, não
considerando o aspecto social. Esta visão é focada no discurso
naturalista, medicocêntrico.
Enquanto a Saúde Coletiva é um campo de saber e de práticas
que estuda e analisa não somente o corpo, mas o indivíduo bem
como sua interação e relação com o ambiente e trata a saúde
como fenômeno social, sendo a multidisciplinaridade sua marca.