1. Culturas jovens e cultura escolar (Fanfani, Emilio Tenti), o professor de
sociologia argentino põe em pauta a condição da educação escolar oferecida a jovens
e adolescentes da América Latina. Documento apresentado no seminário “Escola
Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio”. Organizado pelo Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Coordenação-Geral de
Ensino Médio. Brasília. de 7 a 9 de junho de 2000. Nele o autor traz a tona dois
fenômenos, a massificação e falta de recursos públicos, e a escolarização como fonte
de construção de novos sujeitos sociais.
Cinco tópicos são abordados nas linhas do documento que, construídas pelo
autor de maneira profícua e com uma linguagem acessível, fazem o leitor entender, as
transformações significativas geradas pela massificação nas instituições escolares e
na vida social dos alunos. Fanfani explica as mudanças na estrutura social e familiar,
bem como nos modos de produção. A incoerência entre o que se ensina e para quem,
e a falta de perspectiva dos jovens mais pobres que não veem relação entre
escolaridade (diploma) e resultados materiais (posto de trabalho).
O sociólogo argumenta que, se antes o ensino médio era voltado para os
estudos universitários, nas condições atuais pode-se dizer que é o final do processo
de formação dos aprendizes, a última etapa da escolaridade obrigatória. Tais
argumentações refletem a problemática dos grupos sociais excluídos que sentem que
as instituições não estão conforme seus projetos de vida. Contrapondo duas culturas:
a dos jovens e a da escola.
Toda essa fundamentação mostra que hoje, compelidos pela lei, professores,
famílias e alunos, já não compartilham os mesmos ideais do projeto original dos
sistemas educativos de outrora, ao contrário nos revela que tal obrigatoriedade
determina a permanência dos adolescentes na escola, entretanto tais mudanças
oferecidas estão em desacordo com a demanda da sociedade. Ou cumprimento da
obrigatoriedade, não garante educabilidade.
Em linhas de reflexão, o autor discute e problematiza a relação entre as
condições socioculturais da população, da escolarização e das instituições escolares.
A luz destes problemas faz uma analogia da realidade de jovens excluídos
socialmente, pela desigualdade de oportunidades quaisquer que sejam os motivos
como pobreza extrema, classe de idade, enfim para ele a experiência escolar contribui
para a construção social, e faz relações entre saber e poder que se e se reproduzem
dentro de uma escola que não vai ao encontro com os projetos de vida dos
educandos.