2. Pré-modernismo (séc. XX, 1900-1922)
• Período de transição:
▫ Não constitui uma “escola” literária;
▫ Tendências ainda conservadoras.
• Ruptura com o passado;
• Contemporaneidade política, econômica e social:
▫ Diminui a distância entre realidade e ficção.
• Denúncia da realidade brasileira;
• Tipos marginalizados:
▫ Ex-escravos, imigrantes, proletariado.
• Regionalismo:
▫ Regionalismo real, do subúrbio e do interior, não
idealizado (≠ do Romantismo).
Características
ainda formais, mas
já busca ruptura
com o pensamento
da época
3. Contexto histórico
• Europa → início da 1ª Guerra Mundial
• República do café-com-leite:
▫ Ascensão do café em SP, queda da cultura
canavieira no nordeste.
• Progresso urbano, acentuação das diferenças no
Brasil;
• Época de revoltas:
▫ Revolução de Canudos, Revolta da Chibata,
Revolta da Vacina etc.
• Movimentos grevistas (SP).
5. Euclides da Cunha
• Correspondente jornalístico:
▫ Guerra de Canudos;
• Denúncia das condições do nordestino;
• Visão determinista, naturalista e cientificista.
▫ Linguagem precisa e científica;
• Os sertões (1902):
▫ A terra: descrição detalhada da região (geologia,
clima, relevo);
▫ O homem: etnologia brasileira, ação do meio na
formação da raça;
▫ A luta: relata o conflito, denúncia das
barbaridades.
6. “O planalto central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas
inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e desata-se em chapadões
nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande
a Minas. Mas ao derivar para as terras setentrionais diminui gradualmente
de altitude, ao mesmo tempo que descamba para a costa oriental em
andares, ou repetidos socalcos, que o despem da primitiva grandeza
afastando-o consideravelmente para o interior”. (A terra)
“Convindo em que o meio não forma as raças, no nosso caso
especial variou demais nos diversos pontos do território as dosagens de três
elementos essenciais. Preparou o advento de sub-raças diferentes pela
própria diversidade das condições de adaptação. Além disso (é hoje fato
inegável) as condições exteriores atuam gravemente sobre as próprias
sociedades constituídas, que se deslocam em migrações seculares
aparelhadas embora pelos recursos de uma cultura superior”. (O homem)
“O mal era antigo.
O trato do território que recortam as cadeias de Sincorá até as
margens do S. Francisco era, havia muito, dilatado teatro de tropelias às
gentes indisciplinadas do sertão”. (A luta)
7. Lima Barreto
• Linguagem popular:
▫ Retrata o subúrbio carioca;
▫ Critica o preconceito.
• Crítica ao nacionalismo ufanista, ao militarismo
republicano e à educação da mulher para o
casamento;
• O triste fim de Policarpo Quaresma (1911):
▫ Crítica ao governo de Floriano Peixoto;
▫ Crítica ao nacionalismo ufanista.
8. “Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma
que, às três e quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de
um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada
de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a
aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno
matematicamente determinado, previsto e predito”. (O triste fim de
Policarpo Quaresma)
“Olhei um pouco o jardim e vi a pujança vingativa com que a
tiririca e o carrapicho tinham expulsado os tinhorões e as begônias.
Os crótons continuavam, porém, a viver com sua folhagem de cores
mortiças. Bati. Custaram-me a abrir. Veio, por fim, um antigo preto
africano, cujas barbas e cabelos de algodão davam à fisionomia uma
aguda impressão de velhice, doçura e sofrimento”. (O homem que
sabia Javanês)
9. Augusto dos Anjos
• Vocabulário “agressivo”:
▫ Uso de termos patológicos, próximos ainda do
naturalismo, mas que visam causar um mal estar
intencional;
▫ Linguagem cientificista.
• Visão pessimista e angustiante da vida, da
matéria, do cosmos;:
▫ Influência de Shoppenhauer.
• “Sincresia literária”:
▫ Simbolismo + Naturalismo.
• Eu e outras poesias – 1912
10. Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(Psicologia de um vencido)
11. Monteiro Lobato
• Crítica à situação social do interior de SP;
• Crítica a hábitos brasileiros:
▫ Cópia do estrangeiro;
▫ Dependência do capitalismo internacional.
• Busca por um estilo essencialmente brasileiro;
• Também: Contos + Literatura infantil;
• Urupês (1918), Ideias de Jeca Tatu (1919),
Cidades Mortas (1919);
Criticou o modernismo, mas suas obras tinham
características pré-modernistas.
12. “Pontes ria parodiando o riso normal e espontâneo da
criatura humana, única que ri além da raposa bêbada; e
estacava de golpe, sem transição, caindo num sério de
irresistível cômico.
Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no
comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem
diferenciava-se dos demais no sentido de amolecá-los
prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a
boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a
humanidade”. (Urupês)
14. CESPE - PAS 3 (2007-2009) Texto I
Grande homem pelo avesso, Antônio Conselheiro era o
profeta, o emissário das alturas, transfigurado por ilapso [por
influência divina] estupendo, mas adstrito a todas as
contingências humanas, passível do sofrimento e da morte, e
tendo uma função exclusiva: apontar aos pecadores o caminho
da salvação. Satisfez-se sempre com este papel de delegado dos
céus. Não foi além. Era o servo jungido à tarefa dura; e lá se foi,
caminho dos sertões bravios, largo tempo, arrastando a carcaça
claudicante, arrebatado por aquela ideia fixa, mas de algum
modo lúcido em todos os atos, impressionando pela firmeza
nunca abalada e seguindo para um objetivo fixo com finalidade
irresistível. A sua frágil consciência oscilava em torno dessa
posição média, expressa pela linha ideal que Maudsley lamenta
não se poder traçar entre o bom senso e a insânia.
15. Parou aí indefinidamente, nas fronteiras oscilantes da loucura,
nessa zona mental onde se confundem facínoras e heróis,
reformadores brilhantes e aleijões tacanhos, e se acotovelam
gênios e degenerados. Não a transpôs. Recalcado pela disciplina
vigorosa de uma sociedade culta, a sua neurose explodiria na
revolta, o seu misticismo comprimido esmagaria a razão. Pregava
contra a República; é certo. O antagonismo era inevitável. Era um
derivativo à exacerbação mística; uma variante forçada ao delírio
religioso. Mas não traduzia o mais pálido intuito político: o
jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a
monárquico-constitucional. Ambas lhe são abstrações
inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. Está na
fase evolutiva em que só é conceptível o império de um chefe
sacerdotal ou guerreiro. Insistamos sobre esta verdade: a guerra
de Canudos foi um refluxo em nossa história.
Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: F. Alves, 1987, p.103-4 e 137 (com adaptações).
16. Texto II
Euclides da Cunha, em Os Sertões, privilegia uma figura
que reúne duas forças contraditórias e desvela a incapacidade
raciocinante de encontrar uma síntese entre elas. Por exemplo, a
seu ver, Antônio Conselheiro era, ao mesmo tempo, um grande
homem, como líder, porém um degenerado, como encarnação das
piores potencialidades presentes nos mestiços. Como resolver tal
dilema no âmbito do discurso? Empregando a figura da antítese,
em que dois opostos são violentamente aproximados, ou sua forma
mais extremada, que é a figura do oxímoro. Isto é, resolvendo o
problema não no âmbito do raciocínio, mas naquele da literatura.
Assim, Antônio Conselheiro, diz ele, era tão extraordinário que
cabia igualmente na História e no hospício. Louco obscuro ou
personagem heróica exemplar acabam sendo a mesma coisa. Mais
do que adornos do texto, os oxímoros famosos são os significantes
de uma dificuldade real.
Walnice Nogueira Galvão. Introdução. In: Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos.
Rio de Janeiro: F. Alves, 1987, p. 9-10 (com adaptações).
17. Focalizando o trecho extraído de Os Sertões (texto I), obra de maior
destaque de Euclides da Cunha, e o comentário acerca dessa obra (texto
II), julgue os itens a seguir.
41 As assertivas críticas do texto II podem ser comprovadas pelo que está
expresso literariamente no texto I.
42 Da leitura dos textos I e II, infere-se que o ponto de vista de Euclides
da Cunha acerca do personagem Antônio Conselheiro é tendencioso,
linear-estático e parcial, o que revela a influência do positivismo na obra
desse autor.
44 O texto I, de acordo com os ideais estéticos do pré-modernismo,
revela-se como discurso jornalístico, científico e sociológico,
desvinculado da linguagem literária.
45 A abordagem de Euclides da Cunha acerca do sertão é mais realista e
menos otimista que a dos autores regionalistas românticos, que se
calcavam no ufanismo patriótico e na idealização do sertanejo.
18. Focalizando o trecho extraído de Os Sertões (texto I), obra de maior
destaque de Euclides da Cunha, e o comentário acerca dessa obra (texto
II), julgue os itens a seguir.
41 As assertivas críticas do texto II podem ser comprovadas pelo que está
expresso literariamente no texto I. C
42 Da leitura dos textos I e II, infere-se que o ponto de vista de Euclides
da Cunha acerca do personagem Antônio Conselheiro é tendencioso,
linear-estático e parcial, o que revela a influência do positivismo na obra
desse autor. E
44 O texto I, de acordo com os ideais estéticos do pré-modernismo,
revela-se como discurso jornalístico, científico e sociológico,
desvinculado da linguagem literária. E
45 A abordagem de Euclides da Cunha acerca do sertão é mais realista e
menos otimista que a dos autores regionalistas românticos, que se
calcavam no ufanismo patriótico e na idealização do sertanejo. C
19. (ENEM 2012) QUESTÃO 124
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele
fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram
grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele
tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore,
das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma
satisfação? Nenhuma! Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral,
o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a
agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como
diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera
combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa
gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar
prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção,
uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera
ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 8 nov. 2011.
20. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto,
foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem
aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza
brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão
mais ampla do país.
B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de
prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto
republicano.
C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a
cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à
frustração ideológica.
D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de
decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se
em seu gabinete.
E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional
faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido
na época do autor.
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21. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto,
foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem
aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza
brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão
mais ampla do país.
B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de
prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto
republicano.
C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a
cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à
frustração ideológica.
D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de
decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se
em seu gabinete.
E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional
faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido
na época do autor.
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22. Cynthia Funchal
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