1. MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES
Caderno de Instrução
O INSTRUTOR DE
CORPO DE TROPA
1ª Edição - 2004
Experimental
CI 20-10/4
Preço: R$
CARGA
EM______________
2.
3. MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES
PORTARIA N° 001 COTER, DE 17 DE MARÇO DE 2004.
Caderno de Instrução CI 20-10/4
O Instrutor de Corpo de Tropa
O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da
delegação de competência conferida pela letra d), do item XI, Art. 1° da Portaria
N° 441, de 06 de setembro de 2001, resolve:
Art. 1° Aprovar, em caráter experimental, o Caderno de Instrução CI
20-10/4 O Instrutor de Corpo de Tropa.
Art.2°EstabelecerqueaexperimentaçãodesteCadernodeInstrução
seja realizada durante os anos de 2004, 2005 e 2006.
Art. 3° Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua
publicação.
Gen Ex VIRGILIO RIBEIRO MUXFELDT
Comandante de Operações Terrestres
4.
5. ÍNDICE DE ASSUNTOS
Pag
CAPÍTULO 1 – PRESSUPOSTOS BÁSICOS
ARTIGOI-INTRODUÇÃO.....................................................................1 - 1
1-1.Finalidade ....................................................................................1 - 1
1-2.Objetivo .......................................................................................1 - 1
ARTIGO II - Instrução Militar ..............................................................1 - 1
1-3.Objetivos .....................................................................................1 - 1
1-4.Características ............................................................................1 - 2
1-5. Etapas da Instrução Militar ..........................................................1 - 3
CAPÍTULO 2 – O INSTRUTOR DE CORPO DE TROPA
ARTIGO I - O Instrutor .........................................................................2 - 1
2-1.Caracterização ............................................................................2 - 1
2-2. Atributos do Instrutor ...................................................................2 - 2
ARTIGO II - O Instrutor no Planejamento, na Preparação e
na Orientação da IM .........................................................................2 - 2
2-3.Generalidades .............................................................................2 - 2
2-4. Planejamento, Preparação e Orientação da IM ............................2 - 3
2-5. Fluxograma da Preparação da IM ................................................2 - 5
2-6. Controle e Avaliação da IM ..........................................................2 - 5
CAPÍTULO 3 – TÉCNICAS DE INSTRUÇÃO MILITAR
ARTIGO I - Princípios do Processo Ensino-Aprendizagem............ 3 - 1
3-1.Generalidades .............................................................................3 - 1
3-2. Princípios do Processo................................................................3 - 1
ARTIGO II - Áreas de Aprendizagem ......................... .....................3 - 2
3-3.Generalidades .............................................................................3 - 2
ARTIGO III - As Técnicas de Instrução Militar ......................... ......3 - 2
3-4.Conceituação ..............................................................................3 - 2
3-5. Técnicas de IM ............................................................................3 - 3
ARTIGO IV - Aspectos a serem Observados na IM......................... 3 - 4
3-6.Incentivoaosinstruendos ............................................................3 - 4
3-7. Cuidados no Emprego das Técnicas de IM ..................................3 - 4
3-8.SegurançanaInstrução ...............................................................3 - 5
CAPÍTULO 4 – DOCUMENTOS BÁSICOS DE INSTRUÇÃO MILITAR
ARTIGO I - Externos à OM..................................................................4 - 1
4-1.Generalidades .............................................................................4 - 1
4-2.Listagem .....................................................................................4 - 1
6. ARTIGO II - Internos da OM............ ...................................................4 - 2
4-3.Generalidades .............................................................................4 - 2
4-4.Listagem .....................................................................................4 - 2
ANEXOS
“A” Exemplo de Plano de Sessão de IM .........................................A - 1
“B” Fluxograma da Preparação da IM ............ .................................B - 1
O presente Caderno de Instrução tem caráter experimental. Portanto serão
muito úteis as sugestões envidas para o COTER - 1a
Subchefia.
QG Ex - Bloco H - SMU
70630-901-Brasília-DF
7. 1 - 1
CAPITULO 1
PRESSUPOSTOS BÁSICOS
ARTIGO I
INTRODUÇÃO
1-1. FINALIDADE
Este Caderno de Instrução tem por finalidade orientar aqueles que minis-
tram sessões de instrução militar (IM) no âmbito do Sistema Operacional da For-
ça Terrestre e, para isso, considera que todos os oficiais, subtenentes e sargen-
tos são especialistas em assuntos militares e possuidores de conhecimentos
específicos de sua profissão. Portanto, são eles os “Instrutores de Instrução
Militar” capazes de colaborar na aprendizagem de seus instruendos.
1-2. OBJETIVO
O seu objetivo é indicar aos instrutores os caminhos mais adequados para
que possam planejar, orientar, executar, controlar e avaliar o desempenho dos
instruendos nas sessões IM.
ARTIGO II
INSTRUÇÃO MILITAR
1-3. OBJETIVOS
a. Participar da obtenção do nível adequado de capacitação operacional das
Organizações Militares (OM), promovendo, por meio do adestramento, a prepara-
ção orgânica, para concretizar sua operacionalidade.
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1 - 2
b.Aprimorar e manter elevados os padrões individuais dos efetivos profissi-
onais, devendo merecer toda a atenção da Direção da Instrução da OM e dos
comandantes de frações e de subunidades.
c. Participar do desenvolvimento e consolidação do valor profissional dos
comandantes em todos os níveis.
d. Desenvolver e consolidar o valor moral da tropa, por intermédio do exercí-
cio da liderança militar nos comandos e em todos os níveis.
e. Habilitar para a reserva os contingentes incorporados, encargo decorren-
te do sistema de conscrição e da Lei do Serviço Militar.
1-4. CARACTERÍSTICAS
a.AIM não visa apenas ao indivíduo, a sua atividade final objetiva a formação
dos diversos agrupamentos de homens, com seus equipamentos e armamentos,
para a eventualidade de emprego como instrumento de combate, abrangendo des-
de a fração elementar até o escalão Grande Comando.
b.Ainstrução militar é desenvolvida com o objetivo de preparar pessoal para
ocupar cargos militares e, em conseqüência, para o desempenho de funções que
lhes são inerentes. Exige que os objetivos de instrução sejam relacionados com
os requisitos necessários ao desempenho do cargo.
c. A IM deve ser voltada para o “desempenho” e a “imitação do comba-
te”. Os aspectos cognitivos da aprendizagem devem ser suportes para a obten-
ção de resultados, predominantemente, psicomotores e a aplicação prática de
conhecimentos, diferentemente do Sistema de Ensino tradicional.
d. O cunho prático e a objetividade na condução da aprendizagem propiciam
a aquisição de habilidades e reflexos, indispensáveis ao soldado e ao desenvolvi-
mento da operacionalidade dos diversos agrupamentos. Neste contexto, as pa-
lestras só são utilizadas quando indispensáveis.Amaior parte do tempo é dedicada
ao que se pode chamar de prática controlada de uma tarefa. Tal procedimento é a
garantia de que os instruendos serão capazes de realizar as tarefas exigidas em
seu trabalho.
e. O instrutor deverá estar atento para evitar o “faz de conta”, pois ele cria
reflexos errados nos instruendos que são de muito difícil correção no futuro. Exem-
plo: “fazer de conta” que está realizando uma revista de prisioneiro, executando
um curativo, preparando um abrigo, etc. O importante é “saber fazer” e não ter
idéia de “como fazer”.
1-3/1-4
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1 - 3
1-5. ETAPAS DAINSTRUÇÃO MILITAR
A Instrução Militar tem duas etapas fundamentais: a Instrução Individual e o
adestramento.
Profundamente inter-relacionadas, dependem de um planejamento eficaz
da Direção de Instrução da OM e da dedicação dos instrutores, os quais em todas
as etapas devem posicionar-se como comandantes das pequenas frações e não
como “professores” ou “instrutores de Estabelecimento de Ensino”.
Lembre-se: só se comanda pelo exemplo, sendo um executante perfeito.
Com a criação do Centro deAvaliação eAdestramento do Exército (CAAdEx),
pode-se verificar, com a utilização dos Dispositivos de Simulação de Engajamento
Tático (DSET), que considerável parcela dos comandantes de pelotão e de grupo
de combate não sabem aproveitar o terreno para progredir, sob vistas e fogos do
inimigo, portanto não sendo executantes perfeitos para servirem de exemplos
para seus comandados.
1-5
10. 2 - 1
CAPITULO 2
O INSTRUTOR DE CORPO DE TROPA
ARTIGO I
O INSTRUTOR
2-1. CARACTERIZAÇÃO
a. O encargo de instrutor é desempenhado pelos oficiais e pelos subtenentes
e sargentos, devidamente habilitados.
b. O instrutor desenvolve um papel muito importante no processo de ensino-
aprendizagem, pois a ele compete:
1) Planejar, preparar, orientar e controlar a sessão de instrução militar
com vista ao “desempenho” e à “imitação do combate”.
2)Avaliar o DESEMPENHO dos instruendos.
3) Realizar a Análise Pós-Ação (APA) da sessão para verificar “o que
aconteceu?”, concentrando-se no “porquê aconteceu?” e no “como corrigir?”,
se for o caso.
4)Apontar os procedimentos e técnicas empregadas na instrução militar
que deverão ser retificados(as), para o aperfeiçoamento do aprendizado do
instruendo.
5) Identificar as Lições Aprendidas, evitando a repetição de erros e
possibilitando a difusão de novos conhecimentos.
6) Registrar nos documentos de controle da instrução militar os procedi-
mentos supra mencionados.
11. CI 20-10/4
2 - 2
2-2.ATRIBUTOS DO INSTRUTOR
a. Há uma gama de atributos que o instrutor deve possuir e evidenciar:
1) entusiasmo pela profissão militar;
2) conhecimento do assunto;
3) perícia na execução das tarefas;
4) boa apresentação individual;
5) seriedade;
6) disposição para prestar ajuda aos instruendos; e
7) maneira adequada de condução da sessão, entre outras.
b.Aliderança é fator preponderante para despertar nos instruendos a neces-
sária motivação que contribuirá para o aprendizado.
c. O instrutor é o responsável pelas condições favoráveis ao aumento do
nível de conhecimento e habilidades no seu instruendo, que deverá:
1) ter vontade de aprender;
2) saber o porquê deve aprender;
3) entender o que se espera obter com o seu aprendizado;
4) praticar o que aprendeu;
5) apresentar progresso no aprendizado, dentro de um planejamento pré-
vio; e
6) entender a correlação entre os assuntos que estão sendo aprendidos
e a sua aplicação nos cargos para os quais está sendo preparado.
d. Por fim, é imprescindível que os instrutores de todos os níveis tenham
perfeita consciência do tríplice papel a desempenhar: educador, modelo e exem-
plo.
ARTIGO II
O INSTRUTOR NO PLANEJAMENTO, NA PREPARAÇÃO E NA
ORIENTAÇÃO DA IM
2-3. GENERALIDADES
a. A finalidade da IM é a de preparar combatentes, individualmente ou en-
quadrados em equipes, frações de pelotões, subunidades, unidades e grande
unidades, para o desempenho de tarefas. Essa finalidade deve conduzir o instrutor
na medida em que ele prepara, orienta, controla e avalia.
2-2/2-3
12. CI 20-10/4
2 - 3
b. Talvez, porque a finalidade da IM seja tão óbvia, ela é freqüentemente
esquecida, dando origem a enganos. Palestras e demonstrações – importantes
quanto possam ser – são, no entanto, secundárias em relação ao que o comba-
tente deve fazer durante e ao final de um período de instrução militar. O instrutor
deve buscar, constantemente, duas situações: a instrução prática e a “imitação
do combate”.
c. O instrutor, durante a condução de uma sessão de IM, não deve empregar
suas técnicas pessoais e sua perícia acima das características peculiares do
instruendo ou dos objetivos previstos para serem atingidos com a instrução.
d. O conceito de instrução voltada para o desempenho (ver Cap 1, Art II,
item 1-4, letra c) ajuda o instrutor a conduzir, com precisão e objetividade, a instrução,
orientando-a para a realização de tarefas. Essa precisão e essa objetividade de-
correm da própria estrutura e do conteúdo do objetivo da instrução.
e. O importante é ter certeza que o instruendo será capaz de “fazer” a tarefa
e não “saber como fazer” a tarefa. Exemplo: na instrução de Primeiros Socorros,
“saber” executar as medidas para evitar o choque e não, simplesmente, saber
quais são tais medidas.
O fundamental é manter, continuamente, a lembrança da finalidade da
instrução: preparação para o desempenho de tarefas. A pergunta seguinte deve
constituir-se no principal guia do instrutor, no processo de orientar a instrução:
“ESTA INSTRUÇÃO, EFETIVAMENTE, PREPARARÁ O COMBATENTE PARA A
REALIZAÇÃO DE SUAS TAREFAS?”.
2-4. PLANEJAMENTO, PREPARAÇÃO E ORIENTAÇÃO DAIM
a. Planejamento – O instrutor deve planejar a sessão de instrução militar a
partir das orientações recebidas da Direção de Instrução da OM, da programação
semanal de atividades, realizada pelo Cmt SU ou Cmt Grupamento(s) de Instrução,
tendo em vista os instruendos atingirem os Objetivos Individuais de Instrução (OII)
constante do Programa – Padrão (PP) específico. Para isso deve:
1) analisar cuidadosamente os OII, para verificar se é o caso de estabe-
lecimento de objetivos intermediários, para melhor consecução dos OII propostos;
2) buscar constantemente a instrução prática e a “imitação do combate”,
principalmente durante o adestramento;
3) levar em consideração o conceito de fundamental importância – “A
segurança na instrução”. (Ver Cap 3, Art IV, item 3-8). As normas previstas e os
procedimentos padronizados devem ser obedecidos, rigorosamente, pelo instrutor;
e
4) realizar um planejamento minucioso e a adoção de medidas mais
eficientes de segurança, tendo em vista evitar o risco da improvisação.
2-3/2-4
13. CI 20-10/4
2 - 4
b. Preparação – Após analisar os documentos mencionados, o instrutor
deve buscar respostas às seguintes perguntas, para definir o “como fazer?”:
1) Quais os OII, os assuntos, as tarefa, as condições de execução e os
padrões mínimos, previstos para a sessão?
2) Há necessidade de Objetivos Intermediários para se atingir os OII da
sessão? Os listados no PP são suficientes?
3) Existem no banco de dados da OM, planos de sessões de anos ante-
riores? Há necessidade de adequá-los às condições de execução atualmente
existentes e ao nível e ao número de instruendos? Existe registro deAPAe Lições
Aprendidas, referentes às sessões anteriormente ministradas?
4) Quais são as condições de execução da sessão, previstas no PP? Há
necessidade de adequá-las em função dos recursos disponíveis, do tempo dispo-
nível, das características dos instruendos e dos outros fatores conjunturais?
5) Quais são as Técnicas de Instrução (ver Cap 3, Art III) mais adequa-
das, sempre levando em consideração o desempenho dos instruendos?
6) Quais os locais disponíveis para a sessão, tendo em vista a “imitação
do combate”?
7) Qual o nível dos instruendos?
8) Quais os meios auxiliares de IM a utilizar?
9) Quais são os auxiliares necessários e disponíveis? Estão habilitados
a auxiliar na instrução?
10) Quais as medidas de Prevenção deAcidente de Instrução, constante
do CI 32/1, que devem ser observadas na preparação e execução da sessão de
instrução?
11) Quais as restrições ambientais existentes para o tipo de sessão a
ser executada?
12) Existe alguma orientação adicional do comandante da OM, referente
ao “como fazer” da sessão de instrução?
c. Orientação – É o trabalho realizado pelo instrutor, após o planejamento e
a preparação. Ela ocorre no local de instrução, utilizando, para tanto, a técnica de
instrução escolhida e tem por meta ajudar o instruendo a atingir os objetivos pro-
postos.
d. Consolidação – O plano de sessão consolida e configura todo o processo
de planejamento e preparação, desenvolvido pelo instrutor. Para cada sessão, o
instrutor deverá elaborar um novo plano de sessão. O Anexo “A” deste CI apre-
senta um exemplo de plano de sessão de instrução militar.
2-4
14. CI 20-10/4
2 - 5
2-5. FLUXOGRAMADAPREPARAÇÃO DAIM
OAnexo “B” deste CI apresenta um fluxograma da preparação de uma ses-
são de instrução militar.
2-6. CONTROLE EAVALIAÇÃO DAIM
a. Controle – O instrutor deve acompanhar o desenvolvimento da sessão de
instrução, verificando, junto com o(s) monitor(es), o progresso alcançado pelos
instruendos na compreensão do que está sendo ensinado, conferindo se os objetivos
estão sendo atingidos e se os instruendos têm o seu comportamento modificado.
b. Prosseguimento –Asessão de instrução que dá ênfase aos objetivos das
áreas psicomotora ou cognitiva, somente deve prosseguir à medida que o(s)
objetivo(s) intermediário(s) for(em) sendo atingido(s). (Ver Cap 3, Art II, item 3-3).
c.Avaliação –Aavaliação é um processo contínuo, realizado pelo instrutor e
monitor(es), mediante a observação do desempenho dos instruendos na execu-
ção de tarefas de caráter pessoal e coletivo, dentro das condições estipuladas e
tendo em vista a consecução do padrão mínimo requerido. O êxito da instrução
evidencia-se quando todos os militares atingem, plenamente, todos os OII previs-
tos.
d. Preenchimento dos Documentos de Controle –Ao final da(s) sessão(ões)
de instrução, o instrutor preencherá os documentos de controle previstos, como
por exemplo: a Ficha de Controle da Instrução Individual Básica (FIB), a Ficha de
Controle da Instrução Individual de Qualificação (FIQ) e a Ficha de Avaliação de
Atributos (FAAT), de cada instruendo, assinalando os que alcançaram e os que
não atingiram os OII.
2-5/2-6
15. 3 - 1
CAPITULO 3
TÉCNICAS DE INSTRUÇÃO MILITAR
ARTIGO I
PRINCÍPIOS DO PROCESSO ENSINO – APRENDIZAGEM
3-1. GENERALIDADES
O sucesso da sessão de instrução depende da perícia com que o instruendo
executa as tarefas que aprendeu. O instrutor deve conhecer bem as técnicas de
instrução para poder, de maneira mais eficiente, planejar, preparar, orientar, con-
trolar e avaliar o desempenho do instruendo.
3-2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO
a. O instrutor deve conhecer as características dos instruendos, bem como
os objetivos da instrução, para fazer a adequação da técnica de instrução, do
tempo disponível e dos meios auxiliares.
b. Considerando que a atuação do instruendo na instrução é permanente,
cabe ao instrutor mantê-lo interessado, encorajando-o pelos acertos, ao invés de
reprová-lo pelas falhas.
c. O instrutor deve estimular o instruendo para o aprendizado, criando nele a
motivação necessária, por meio de sua participação ativa. Este princípio é básico
para orientar a atividade do instruendo, mediante a realização de tarefas dentro de
condições e padrões mínimos que caracterizam a instrução militar.
d. O instrutor deve estabelecer um canal de comunicação com seus
instruendos, nos momentos oportunos e de acordo com as técnicas de instrução.
e. Como a finalidade da instrução militar é a preparação do combatente, a
“imitação do combate” deve estar sempre presente. Para tanto, o realismo deve
16. CI 20-10/4
3 - 2
ser buscado pelo instrutor na seleção das técnicas de instrução, no local e nos
meios auxiliares. Mesmo que o assunto não esteja ligado diretamente ao comba-
te e sim com a vida diária do militar, o instrutor deve procurar manter o realismo.
f. Todo instruendo precisa conhecer os resultados obtidos na tentativa de
aprender. O instrutor deve fornecer respostas que esclareçam sobre o desempe-
nho do instruendo, o que provoca o chamado processo de realimentação. Este
processo, por ser absolutamente essencial e útil, aumenta o sucesso em qual-
quer etapa da aprendizagem. Pode estar presente sob a forma de elogio, quando
o instruendo acerta, e correção do erro, de forma construtiva e objetiva, sem qual-
quer idéia de punição, quando o instruendo erra.
g. Ter sempre em mente que no aprendizado voltado para o “desempenho” o
instruendo tem que “saber fazer” e não “como fazer”, o que ressalta o aspecto
prático da IM, exigindo do instrutor criatividade na execução do processo de apren-
dizagem. Exemplo: em uma sessão de Instrução Geral é irrelevante apresentar a
definição de hierarquia (quadro mural, transparência, slide, leitura, etc), mas sim,
e desejável, apresentá-la como uma escada, na qual os degraus indicam postos e
graduações com seus níveis de responsabilidade.
ARTIGO II
ÁREAS DE APRENDIZAGEM
3-3. GENERALIDADES
O comportamento do militar pode ser dividido em três áreas, com os res-
pectivos níveis de aprendizagem: cognitiva, afetiva e psicomotora. A área
cognitiva abrange as habilidades mentais (conhecimentos) e a área psicomotora
compreende as habilidades motoras (destrezas e habilidades), ambas têm como
objetivo principal o desempenho individual.Aárea afetiva trata de atitudes, valores
e idéias, diz respeito às ligações, os interesses de cada militar para com chefes,
companheiros, para com a Nação, o Exército, com as tradições nacionais e mili-
tares. Aárea afetiva busca a formação do caráter militar.
Obs: Os Artigos IV, V e VI do Capítulo III do T 21- 250, Manual do Instrutor,
apresentam com maior profundidade os níveis de aprendizagem abordados aci-
ma.
ARTIGO III
AS TÉCNICAS DE INSTRUÇÃO MILITAR
3-4. CONCEITUAÇÃO
As técnicas de instrução militar, também denominadas de “processos de
3-2/3-4
17. CI 20-10/4
3 - 3
instrução”, são todos os procedimentos de que dispõe o instrutor para tratar de
um assunto de modo que os instruendos atinjam os objetivos propostos.
3-5. TÉCNICAS DE IM
a. Palestra - É uma exposição oral na qual o instrutor, valendo-se de todos
os recursos de comunicação e, preferencialmente, com ajuda de meios auxilia-
res, apresenta, define, analisa e explica os assuntos de uma sessão de instrução.
Esta técnica é eficaz para iniciar a aprendizagem, bem como para introduzir as
informações fundamentais (área cognitiva) que antecedem sessões de caráter
prático, voltadas para o desempenho (área psicomotora). A palestra deve ter um
emprego reduzido na IM, evitando-se o popular conceito “de entrar por um ouvido
e sair pelo outro”. O importante é “saber fazer” e não o “como fazer”.
b. Exercício Individual - Constitui na repetição intensa e regular de determi-
nada operação ou raciocínio até que o instruendo adquira a habilidade especial.
Tem como objetivos a aquisição de destrezas e automatismos, o aprimoramento
de padrões de ação e a fixação de habilidades específicas, sendo a técnica mais
adequada para o desenvolvimento das habilidades básicas. Existem vários tipos
de exercícios individuais, dos quais os mais comuns são os seguintes: a prática
controlada, a prática individual e a prática tipo monitor - instruendo.
c. Demonstração - É uma técnica de ensino muito favorável à iniciação da
aprendizagem, voltada para o desempenho, pois o instruendo aprende mediante o
dizer, o mostrar e o fazer. Por meio de uma demonstração, os instruendos podem
visualizar a execução de determinados procedimentos, uma vez que deixa na
mente uma idéia mais concreta no próprio momento em que estão aprendendo.
Esta técnica pode ser direta (ou pessoal), indireta, com meios auxiliares e com
equipes ou grupos.
d. Interrogatório - É uma técnica de ensino em que o instrutor, por meio de
perguntas, estimula a participação dos instruendos. Esta técnica procura atingir,
com os instruendos a reflexão sobre os assuntos, o desenvolvimento do raciocí-
nio, a participação ativa e a contribuição pessoal.
e. Estudo individual - Engloba técnicas que têm por objetivos possibilitar
que o instruendo aprenda, seguindo um estilo cognitivo próprio e assuma a res-
ponsabilidade pelo controle da própria aprendizagem: “aprendendo a aprender”.
Pode ser desenvolvido sob as formas de estudo dirigido, estudo por meio de fi-
chas, estudo em computador e estudo preliminar. Nos Corpos de Tropa esta téc-
nica é aplicada nos Cursos de Formação de Cabos (CFC), nos Cursos de Forma-
ção de Sargentos Temporários (CFST), na formação de Músicos Militares, dentre
outros.
f. Exercício militar - Constitui uma técnica de instrução característica da
preparação dos quadros e da tropa, visando ao adestramento para o emprego em
operações. Esta técnica é aplicada desde o adestramento das pequenas frações,
subunidades e unidades, na Fase de Adestramento Básico, até o adestramento
3-4/3-5
18. CI 20-10/4
3 - 4
de Grandes Comandos, na Fase deAdestramentoAvançado. O Manual de Cam-
panha C 100-5 – Exercícios Táticos traz todas as informações necessárias à
utilização desta técnica de instrução.
g. Demais técnicas - Dependendo da finalidade do aprendizado poderão ser
empregadas outras técnicas na instrução militar, oriundas do Sistema de Ensino.
O instrutor, todavia, deve cuidar para não perder o “foco” e as características
metodológicas que são inerentes à instrução militar.
ARTIGO IV
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS NA IM
3-6. INCENTIVOAOS INSTRUENDOS
a. No início da sessão de IM, o instrutor poderá apresentar uma questão que
cause perplexidade: um dilema, uma provocação, ou outras.
b. Poderá utilizar alguma novidade ou estímulo inesperado, relevantes aos
conteúdos da matéria: ilustrações ou sons.
c. Estimular a criatividade e a apresentação de perspectivas não usuais
para resolver um problema, apelando para a imaginação.
d. Utilizar, durante o desenvolvimento da sessão, mudanças abruptas no
conteúdo para suscitar a curiosidade e obter a atenção, utilizando, por exemplo,
gravuras, diapositivos ou um pensamento.
e. Criar um nível moderado de expectativa ou desafio em relação ao conteú-
do quando já tiver alcançado um certo desenvolvimento no andamento da matéria.
f. Dar oportunidades para o instruendo mostrar mais sobre algo que já co-
nheça, acrescentando novos dados.
g. Mostrar ao instruendo a aplicação na vida real daquilo que está sendo
ensinado, por intermédio da abordagem de experiências reais, fatos históricos ou
contemporâneos.
h. Comunicar os objetivos da sessão aos instruendos, de modo a reduzir a
ansiedade e orientar os seus esforços na consecução destes objetivos.
3-7. CUIDADOS NO EMPREGO DAS TÉCNICAS DE IM
a. Palestra – Deve ser a mais reduzida possível, pois a IM deve estar voltada
para o desempenho. A palestra não se constitui na simples leitura do plano de
sessão. Lembre-se: buscar o “saber fazer” e não “como fazer”.
b. Demonstração – O foco deve ser o aprendizado do instruendo no objetivo
proposto para a sessão e não a administração do “show” a ser apresentado, pois
3-5/3-7
19. CI 20-10/4
3 - 5
o sucesso de uma sessão de IM depende da perícia com que o instruendo execu-
ta as tarefas que aprendeu. Tomar as medidas necessárias para garantir que
todos os aspectos do assunto sejam observados pelo instruendo. Tomar o cuida-
do para que procedimentos errados e inaceitáveis não sejam apresentados na
sessão, como por exemplo: “sentinela da hora dormindo”, “bagunça no alojamen-
to”, “apontar a arma para um companheiro” etc.
c. Exercício Individual – O instrutor deve observar cada instruendo e, de
imediato, corrigir os erros e detalhes incorretos. Logo, o desafio ao instruendo
para encontrar suas respostas e superar os erros é uma prática salutar.
d. Interrogatório – Dê oportunidade a todos de participar.
e. O caráter prático é o cerne de toda a metodologia do SIMEB. Consiste no
entendimento de que o combatente é um executante de tarefas e deve aprender a
fazê-las bem e com desembaraço. Essa preocupação conduz à utilização de
palestras e demonstrações iniciais e, a seguir, à apresentação, ao instruendo, de
situações em que ele possa APRENDER FAZENDO. O ambiente em que se
desenvolve a sessão de instrução deve buscar semelhança com aquele que será
encontrado no desempenho da tarefa relativa ao cargo. Se possível deve ser o
próprio ambiente em que a tarefa será desempenhada como, por exemplo, um
posto de sentinela.
3-8. SEGURANÇA NA INSTRUÇÃO
a. O militar, no exercício de sua profissão, está sujeito a riscos decorrentes
do manuseio ou da operação de armamentos, equipamentos, munições, explosi-
vos, de materiais perigosos ou da execução de técnicas de risco.
b. Desta forma, todo instrutor deve ser um executante perfeitamente qualifi-
cado e profundamente conhecedor desse manuseio, operação ou execução de
técnica, consciente dos riscos e perigos a que está sujeito ou que irá sujeitar os
seus instruendos.
c. O instrutor e seus auxiliares deverão agir e fazer de maneira que se
previna ou se evite a ocorrência de acidentes, seja por imperícia, imprudência ou
negligência, próprias ou de seus instruendos.
“A PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE INSTRUÇÃO CONSOANTE O QUE PRES-
CREVE O CADERNO DE INSTRUÇÃO CI 32/1, ESPELHA O ELEVADO GRAU DE
COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DOS QUADROS E EVITA A OCORRÊNCIA INDE-
SEJÁVEL DE ACIDENTES DE INSTRUÇÃO COM PERDAS HUMANAS E MATERI-
AIS”.
3-7/3-8
20. 4 - 1
CAPITULO 4
DOCUMENTOS BÁSICOS DE INSTRUÇÃO MILITAR
ARTIGO I
EXTERNOS À OM
4-1. GENERALIDADES
O conhecimento dos documentos a seguir relacionados refletirá em eficien-
te, eficaz e efetivo planejamento, preparação, execução, orientação e controle da
instrução militar por parte da Direção de Instrução da OM e pelos Instrutores.
4-2. LISTAGEM
a. Diretriz Estratégica de Instrução Militar - SIMEB (Portaria Nº 246, de 11
de junho de 2002).
b. PPB-1 - Planejamento, Execução e Controle da IM.
c. PPB-2 - Formação Básica do Combatente.
d. PP da Série “QUEBEC” - Qualificação.
e. PP da Série “ALFA” - Adestramento.
f. PP da Série “TANGO” - Treinamento Específico.
g. Caderno de Instrução CI 21-5/2 – 1a
Parte (Instrução Individual) e 2a
parte
(Adestramento) - Como Preparar e Orientar a Instrução Militar na Tropa.
h. Caderno de Instrução CI 32/1 - Prevenção deAcidentes de Instrução.
i. Caderno de Instrução CI 20-10/4 - O Instrutor de Corpo de Tropa.
21. CI 20-10/4
4 - 2
j. Programa de Instrução Militar (PIM).
k. Diretrizes de Instrução dos G Cmdo e das GU enquadrantes.
l. Manuais de Campanha e Técnicos, relativos aos assuntos a serem explo-
rados na instrução militar.
ARTIGO II
INTERNOS DA OM
4-3. GENERALIDADES
A Direção de Instrução da OM, após estudar os documentos anteriormente
mencionados, emitirá os documentos a seguir que serão básicos para o
planejamento e preparação das sessões de instrução militar.
4-4. LISTAGEM
a. Programa de Instrução Individual Básica.
b. Programa de Instrução Individual de Qualificação.
c. Orientações do Comandante de Unidade para atuação na Área Afetiva,
visando ao desenvolvimento dos atributos individuais desejados.
d. Programa de Execução de Adestramento.
e. Programação Semanal de Instrução da U.
f. Quadro de Trabalho Semanal da SU.
g. Banco de Dados da OM com Planos de Sessões e Lições Aprendidas.
h. Orientações Específicas do Cmt/Ch/Dir OM.
4-2/4-4
22. A - 1
ANEXO “A”
EXEMPLO DE PLANO DE SESSÃO
DE
INSTRUÇÃO MILITAR