Jacques Le Goff foi um importante historiador francês do século XX. Ele estudou em Paris e Praga e lecionou em diversas universidades francesas. Seus principais livros trataram da civilização medieval e da nova história. Le Goff se opôs ao uso da história para fins políticos e renovou o ensino da disciplina.
2. Sobre o Autor
Jacques Le Goff
• Nasceu em 1 de Janeiro de 1924 na
cidade de Toulon – Sul da França;
• Iniciou seus estudos na École Normale
Superiéure de Paris, o principal centro
de formação dos quadros do magistério
Francês;
• Em 1944 ingressou no Liceu Louis-le
Grand.
• Entre os Anos de 1947/48, estudou na
Universidade Charle de Prague.
• Em 1950, já como professor de História, torna-se membro da École Française de
Rome.
• Em 1954, foi nomeado Assistente da Faculté de Lille, ocupando o cargo até 1959.
• Em 1960 foi nomeado pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa
Científica).
• Em 1962 Assume o cargo de Mestre-Assistente VI seção da École Pratique des Hautes
Études
3. Bibliografia do Autor
• Os Mercadores o os Banqueiros na Idade Média (1956)
• Os Intelectuais na Idade Média (1957)
• A Civilização do Ocidente Medieval (1964)
• Para Um Novo conceito da Idade Média (1977)
• O Apogeu da Cidade Medieval (1980)
• O Nascimento do Purgatório (1981)
• O Imaginário Medieval (1985)
• História e Memória (1988)
• O Homem medieval (1994)
• A Europa contada aos Jovens (1996)
• Por Amos das Cidades (1999)
• Dicionário Temático do Ocidente Medieval (2001)
• O Deus da Idade Média (2003)
• Em busca da Idade Média (2003)
Le Goff se opõe a ideia da história utilizada para justificar fins políticos, e passa a
atuar em prol de uma renovação pedagógica no ensino de tal disciplina.
Dirigiu os estudos relacionados à “Nova História”, corrente historiográfica
correspondente a terceira geração da École dos Annales.
4. Exemplos de retratações históricas com finalidades políticas no Brasil
Pedro Américo retrata Tiradentes com e
como Jesus Cristo. Também idealiza O Grito
da Independência, com Dom Pedro II belo e
formoso sobre seu corcel.
5. “A fobia da história política já não é
um artigo de fé, porque a noção de
política evoluiu e a problemática do
poder impôs-se à Nova História.”
6. • “Revolução urbana do século XII” Sidney R. Packard;
• Crescimento quantitativo espetacular, sobretudo entre 1150 e 1300
• Indicadores desse crescimento: aumento do perímetro das
muralhas, novos burgos e subúrbios, multiplicação das
paróquias, conventos e casas
• Habitantes das novas cidades não pensavam em criar uma
cidade, pensavam em formar uma comunidade capaz de fazer frente aos
senhores
• Consciência a princípio física, separando-se quase sempre por muralhas
do exterior não-urbano
• Estrutura interna com pontos de referência emblemáticos
• Conventos das ordens medicantes, nascidos nas cidades e para as
cidades, exprimirá essa primeira tomada de consciência urbana
10. A urbanização é dirigida. “Fruto da vontade de um homem e não
mais obra coletiva de gerações sucessivas… Desta vez a
urbanização precede o povoamento em vez de ser a sua
consequência… Em Reims, os urbanistas dos anos 1180-1210
fixaram definitivamente a configuração de sua cidade por vários
séculos.” (P. Desportes)
O arcebispo Guillaume de Champagne realizou, a partir de 1183,
o loteamento da totalidade do seu domínio em torno de uma
artéria central
“teve-se uma visão ampla e ambiciosa: nem todo o espaço
oferecido foi ocupado; mas a superfície construída quase
duplicou”
11.
12. Cidades fortificadas;
Charles Higounet pensa que se trata sobretudo de uma Organização da
ocupação do solo e de um agrupamento da população;
Permanecem muito inseridas no tecido campesino, constituindo antes
burgos rurais do que cidades propriamente ditas;
Século XIII, início do recenseamento
A distância entre o lugar de origem e a cidade depende evidentemente
da importância dessa cidade, de seu poder de atração
Origem sobretudo rural, camponeses recém-urbanizados
A França urbana medieval é em grande parte uma França rural da
cidade
18. Muralhas
• Construída para fins militares e de
defesa
• Elemento físico e simbólico mais
significativo das cidades medievais
• Elemento essencial para a tomada
da consciência urbana
• Elemento que estabelece a dialética
entre interior e exterior
•
19. Muralhas
• Construídas em pedra, constituíam-se de muros, torres e portas
• A responsabilidade pela guarda e manutenção se dividia, entre seus
habitantes, por vezes aos citadinos, outras, aos senhores e ao rei
• A destruição da muralha simbolizava a derrota da cidade
20. Portas
• Portas como instrumento da dialética do exterior e o
interior.
• Mercados, albergues, e conventos de ordens
mendicantes se instalavam próximas às portas
• A defesa das portas era ponto chave para proteção da
cité e do burgo
Porta Aude, Carcassonne
Porta Narbonne, Carcassonne
21. Estradas e Pontes
• Estradas eram elementos de conexão entre
cidades e elementos da cité
• Estradas compunham elemento chave para
determinar a relação entre campo e cidade
• Pontes eram elementos de transposição de
rios, articulavam estradas.
Ponte Velha, Carcassonne
23. Forma da Cidade Medieval
Muralha: elemento não determinante;
Sítio Geográfico: fator plenamente determinande
Cidades planas ou de planícies eram minoria. Enquanto, as cidades nos
morros, terraços ou colinas eram maioria.
Motivos que influenciavam a escolha do sítio geográfico:
Proteção contra inundações;
Defesa contra invasões;
Referência a temas imaginários, muitos deles baseados em citações
bíblicas.
24. Centro da Cidade Medieval
Tortuoso;
Dédalo de ruelas, ou seja, um lugar onde os caminhos estão dispostos
de maneira confusa a ponto de confundir os passantes;
Motivos:
Essas características são consequências das marcas feudais, como, por
exemplo, dos limite dos feudos, das censíves - local sobre o qual é cobrado
o censo.
25. Estruturas da Cidade Medieval
Três estruturas da cidade medieval:
1. Cidades oriundas da cité romana:
- Centro: corresponde à cidade do Baixo Imperio com muralhas;
- Característica marcante: par de eixos perpendiculares que se cruzam;
- Cités não se encontram isoladas, e sim, engastadas na cidade medieval;
- Pequena superfície (5 a 30 habitantes)
A cité e as paróquias urbanas
de Bordeaux, segunda
metade do século
XII, conforme Ch.
27. 2. Cidades de Adesão, segundo Pierre Lavedan, correspondem às cidades
oriundas de núcleos pré-urbanos.
Origem: a partir de castelos e mosteiros
Castelo Charlieu Charlieu, dessin de Gaston Jourda
de Vaux
28. Desenvolveram-se de três maneiras distintas:
a) Cidades com um único centro, onde se localiza o castelo e o mosteiro
Brive, onde sete ruas irradiantes convergem para a igreja de Saint-Martin — "uma teia de aranha"
29. b) Cidades policêntrica
Casos em que se divide em várias núcleos urbanos;
Pode ser ou não circundada por uma muralha.
Em Reims, por exemplo, há dois nucleos primitivos, a cité encerrada na muralha galo-
romana de forma oval e o burgo desenvolvido ao redor da Abadia de Saint-Remi.
Abadia de Saint-Remi
30. c) Casos em que se divide em cidade alta e cidade baixa
As cidades altas posicionavam-se no centro em relação à cidade baixa que o
circunda. Tal configuração possuía um centro, formado pela atração gerada por um
mosteiro ou castelo.
Cidade
Loches
Château de
loches,
França
31. 3. Cidades Novas ou Bastides
Algumas foram pré-concebidas, e, portanto, possuíam planta
geométrica e praça central com entorno regular; enquanto, outras eram
“espaços inorgânicos de aldeias de formação espontânea”
32. Elementos das Bastides:
- Muralhas
- Praças
Centro de atração;
Havia preocupação com o planejamento
urbano deste local;
Cercada pelos cobertos, mercados de
madeira com passagens subterrâneas para
abastecimento.
- Igrejas
Muitas bastides foram bem sucedidas;
enquanto outras não passavam de aldeias.
Quanto ao terreno, havia um divisão:
- locais de construção;
- jardim;
- arpentos de terras cultiváveis ou vinhas
33. Cidade de Saint-Denis, França
• Localizada a aproximadamente 10 km do centro de Paris
• Abadia construída em local considerado sagrado
• Homenagem a St. Denis, 1º bispo de Paris
• Centro de atração de peregrinos
34. -Policêntrica:
No geral, possue múltiplos pontos de interesse, onde se
reunem os habitantes para suas funções sociais.
- Pontos de referência (Arlette higounet) ou Pontos quentes
Estabelecidos os pontos de referência( lugares e
monumentos) são concebidos os espaços para as casas, ruas e
circulação.
Juntos , dão coesão à tessitura urbana e exercem poder de
atração e repulsão aos citadinos.
35. Os pontos de referência são aceleradores da vida
urbana e neles manifestam-se 3 funções:
1) religiosa
2) econômica
3)política
36. 1)Função religiosa:
A igreja ocupa lugares estratégicos na topografia.
Pontos de atração como centros litúrgicos ou de
devoção. Também são pontos de partida de procissões
37. Exerce funções
-econômica de arrecadação, através do dízimo, censo e
rendas.a
- de comando através da alta justiça. (julgamentos e
execuções)
38. 2)Função econômica
Praças
Mercados
Ruas de artesãos e mercadores agrupados
Moinhos Urbanos e suburbanos
39. - Função Política:
Figura nas mãos do Senhor Local(poder local) e do rei (
poder regional).
Forças de REPRESSÂO
Ameaça; Domina a cidade
Associada à Igreja através da Alta Justiça
Poder de prisão
Pelourinho – local onde era feita
justiça
Patíbulo ou Cadafalso
40. Base: Atlas das cidade medievais da Alsácia Livro da
Arlette Higounet sobre Périguex
Breves estudos de caso sobre cidades alsacianas e referência
de Périgueux
Região da Alsácia
Périgueux, situada na
Aquitânia
41. Castelo Senhorial Frequentemente associados
no mesmo espaço físico
Igrejas
Mercado ou Mercados
Estabelec. Especializados em
peixes, gado, grãos, tecidos, ervas.
Tornos
Arcadas de diferentes ofícios
Moinhos
43. Equipamentos hídricos de usos comunitários
Poços, Fontes e Banhos
Em 1350 Estrasburgo contava com 11 banhos públicos.
44. Tribunais
Prisões ( bastilhas) localizadas no interior do castelo
Pelourinho
Patíbulo : extra muros
45. Bordeis
Cemitérios intraurbanos – locais de reunião e cultos
religiosos.
Paços Municipais
Casa de senhores importantes , chamadas SALAS
46. Cruzamentos
Praças _ geralmente associadas ao mercado e outros
equipamentos, tal como o Chafariz ( caso de Périgueux)
Igrejas
Casas de notáveis ( geralmente em pedra)
Fornos
Lagares
Açougues
47. A importância dos rios aumenta com o
desenvolvimento do artesanato e tecelagem.
“As cidades medievais foram outras tantas Venezas”
48. Produzem trigo, tecidos, tinturas, no fim da Id
Média, até mesmo Papel;
Extra muros
Às margens dos rios que circundam a cidade
No fosso ( como em Cernay, Alsácia,1268)
Alguns moinhos são fortificados
Podem estar associados à pontes ( moinhos-barcos)
49.
50. • Fundada no séc. VII por Dagoberto I, rei dos
Francos
• Inicialmente um mosteiro beneditino que guardava
os restos mortais de St. Denis (padroeiro da França)
• No século VIII, o abade Fulrad consegue
enriquecer consideravelmente as posses da
igreja
• Recebia grandes caravanas de comerciantes para
suas férias
• Sua influência cresce e passa a receber
privilégios da corte
• Propõe a construção de uma nova igreja, planta
próxima da configuração atual
51. • Em 869 é invadida e saqueada por
normandos
• Começam as obras de muramento
• Em 877 é considerada tão bem
fortificada que recebe parte da
coleção de manuscritos do Rei,
configurando a biblioteca de St.
Denis, uma das mais ricas até o fim
da Alta Idade Média
52. Planta de Suger (séc XII) Desenho de reconstrução da Planta atual
torre norte.