O documento discute o futuro do jornal impresso no Brasil à luz de três fatos estruturais: 1) o acirramento da concorrência com novas mídias como a internet e TV a cabo; 2) a mudança nos hábitos de leitura com menos tempo dedicado aos jornais; 3) a inovação tecnológica que permite a convergência entre meios e a redução de custos com versões online. O autor analisa esses fatores nos três maiores jornais do país (Folha de S.Paulo, O Glo
2. Introdução
→ No inicio da década de 2000, os três
principais jornais brasileiros – O Globo, O Estado
de S. Paulo e a Folha de S. Paulo – sofreram
expressivas quedas na circulação. E em meados
da mesma década, ela voltou a crescer. Porém
longe de voltar a alcançar os recordes
registrados em meados dos anos 90.
→ Os dados indicam que não só menos pessoas
estão lendo jornais, como também o fazem por
menos tempo – tanto no Brasil quanto em muitos
países desenvolvidos. Essa queda coincide com
o período de acirramento da concorrência de
outros meios de informação: internet, TV’s por
assinatura, as emissoras de rádios noticiosas, e
3. Introdução
→ O aumento da concorrência e a queda da
circulação e de receitas ocorreram em momento
em que as empresas que publicam os três mais
importantes jornais brasileiros atravessavam
dificuldades financeiras, resultantes de dividas
assumidas na década de 90.
→ As dificuldades financeiras motivaram a
profissionalização da gestão do Grupo Estado, e
os membros da família Mesquita recuaram dos
cargos de direção, o que já tinha ocorrido nas
Organizações Globo, onde a família Marinho já
havia efetuado essa transição. A família Frias, da
Empresa Folha da Manhã, foi à única que se
manteve na gestão da empresa.
4. Introdução
→ Essa mudança nas modalidades de gestão
temimplicações importantes sobre a cultura da
empresa. Executivos formados em outros setores
tendem a demonstrar menos propensão a aceitar
investimentos que não gerem rentabilidade.
→ Newpaper Association of America: numero de
usuários que acessam páginas de jornais na
internet aumentou 21% em 2005, na comparação
com o ano anterior. Quanto ao numero de páginas
visitas, o crescimento foi de 43%.
5. Introdução
→ As tecnológicas digitais de difusão de
informação abrem novas possibilidades para os
jornais, seja no sentido de sua convergência com
outros meios, seja na incorporação e
comercialização dos produtos
jornal, isoladamente.
→ A interatividade na internet possibilidade uma
troca sem precedentes entre as redações e os
leitores, que podem contribuir com
pautas, informações, e feedback sobre o produto
do trabalho jornalístico.
6. Introdução
→ Hipertexto: vantagens no Jornalismo e na
Publicidade.
→ Informação em rede: banco de dados permite
o acesso a todos os conteúdos já veiculados
anteriormente.
→ Questão como “Até que ponto o trabalho
jornalístico pode estar integrado às estratégias
comerciais de um veículo de informação?”
surgem nas empresas de jornais impressos que
disputam audiência e receita com os meios on-
line.
7. Introdução
→ Surge figura do gerente responsável pela
relação “pautas jornalísticas X estratégias de
venda de espaço publicitário e de marketing”.
→ Mudanças do ofício do jornalista alteram o
produto final jornalístico?
→ Ferramentas de apuração
→ Custos do jornal de papel e da internet
8. Introdução
→ Citação de Arthur Sulzberger, do jornal The
New York Times: Não importa quando
rodaremos nossa última edição de notícia
impressa. Continuaremos sendo a grande fonte
de notícias e de informação neste país e talvez
no mundo. Vamos fazer na web. Vamos fazer
na televisão. Vamos fazer no impresso.
9. Introdução
→ As empresas devem se adequar a esse processo
virtual, em que os conteúdos do jornal
impresso, agora são produzidos na internet. A
gerente de Projetos Especiais da Associação Mundial
(WAN), Martha Stone, diz que os consumidores do
jornal impresso não são aqueles que compram nas
bancas ou os que assinam. São também os que
consomem os conteúdos produzidos pela internet.
Stone, afirma que todos dependemos de multimídia.
→ A questão é: como os jornais devem reagir às
novas oportunidades que esses recursos oferecem?
→ O jornal dá sentido à informação de uma maneira
que a maioria dos outros meios, com exceção da
revista semanal, não dá. O jornal é objetivo sem ser
10. Introdução
→ Os grandes jornais têm usufruído um bom
equilíbrio entre receitas e gastos correntes e
investimentos. Suas redações são grandes. Sua
estrutura logística é adequada. De todos os meios, os
grandes jornais são, de longe, os que mais produzem
conteúdo jornalístico, notícias e análises próprio.
→ Os anunciantes também identificam no jornal
qualidades que lhes são caras. Seu público tem alto
poder aquisitivo; os anúncios publicados nele
emprestam o seu prestígio para as marcas dos
anunciantes. Até características que poderiam ser
consideradas limitações têm o seu lado positivo, como
a circunscrição geográfica bem definida pela sua
distribuição física, que permite ao anunciante
estabelecer clara estratégia espacial. E os jornais têm
11. Introdução
→ O reconhecimento de todos esses atributos leva
os diretores dos jornais a acreditar que a melhor
resposta ao acirramento da concorrência é o
investimento nas qualidades que os distinguem dos
outros meios.
→ No conjunto dos meios de informação, os jornais
ocupam papel de destaque, tanto dos pontos de
vista político, social e cultural, quanto como objeto
das ciências da comunicação. Os grandes jornais
são os únicos meios, no Brasil, e geralmente em
outros países também, cujas redações são
formadas por centenas de jornalistas e são os
meios mais estruturados para produzir apuração
genuína de informação. Tanto que devido a
isso, costumam pautar os demais meios.
12. Introdução
→ Neste trabalho, o autor enfoca três jornais: O
Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O
Globo. São os três maiores jornais do país e
não somente no sentido quantitativo como
também qualitativamente. São jornais que
buscam cobrir os temas de relevância nacional
e influir nas tomadas de decisão de políticos e
empresários no plano nacional. São também
jornais que se propõem a preservar a sua
saúde financeira e a diversidade de suas
carteiras de anunciantes.
13. Introdução
Um veiculo vulnerável do ponto de vista
financeiro é mais suscetível de vergar sob o
peso das pressões político-econômico que
governos e grupos empresariais procuram
exercer sobre os meios de informação.
A principal dificuldade do jornal e na
tecnologia e na mudança do hábito de leitura e
que é um grande desafio para lucratividade dos
grandes jornais. Neste trabalho foi utilizado
varias fontes coletas, as seguintes fora:
→ Levantamento de dados quantitativos e
qualitativos;
14. Introdução
→ Revisão da leitura;
→ Entrevistas com os diretores de redação;
Elas abordam o impacto das novas
tecnologias, do acirramento da concorrência e
das mudanças dos hábitos de leitura sobre os
respectivos jornais. Além disso, dão sua visão
sobre até que ponto seus jornais deverão trocar o
suporte de papel pelo digital e como devem se
qualificar para atrair os leitores.
→ Entrevistas com especialistas e pesquisadores
internacionais.
15. Conclusão
→ Quando o projeto foi esboçado, no fim de 2003, os
jornais estavam imersos em uma crise. Sua
circulação caía desde o início da década.
→ Dois anos depois, em 2005 quando os diretores
de redação do Estado, da folha e do Globo
concederam entrevistas para este livro, celebravam o
aumento da circulação dos jornais e marcas inéditas
de lucratividade.
→ A crise dos jornais não é o tema deste livro. A
tentativa, aqui, foi de identificar o que há de
estrutural, para além do crítico.
→ A tentação de extrapolar de um para o outro é
grande.
→ Há a decretação da morte do jornal. E há o seu
oposto: a convicção de sua eternidade. A verdade
provavelmente reside em algum ponto entre os dois
16. Conclusão
→ Os três fatos identificados por este livro, em torno
dos quais ele gravitou do início ao fim são: o
acirramento da concorrência, a mudança nos hábitos
de leitura e a inovação.
→ Os picos de circulação observados nos anos 1990
não servem de comparação para avaliar, no nível
estrutural, o comportamento do setor nesta década.
→ Naquele período, os jornais não vendiam apenas
notícias, colunas, artigos, fotografias, infográficos, info
rmações de serviços e classificados, mas também
coleções de livros, de filmes e de CDs.
Portanto, aqueles padrões de circulação não eram
estruturais, mas críticos.
→ Na década de 2000, os dados quantitativos
revelam que o número de exemplares de jornal por
habitantes adultos está diminuindo aceleradamente. A
17. Conclusão
→ Na pesquisa qualitativa, constatou-se como o
jornal se vê obrigado a reacomodar-se no interior de
uma c esta de meios de informação. O número de
meios cresceu, e o tamanho da cesta ou
permaneceu o mesmo ou diminuiu, devido ao
trabalho, ao trânsito e aos afazeres cotidianos que
competem pela atenção do público-alvo.
→ A informação é reconhecida como produto vital, a
do tipo utilitário, ganha importância. Nesse tipo de
produto, jornais locais, sites na internet, emissoras
de rádio e até alguns canais de TV a cabo são, em
geral, mais eficazes do que jornais de circulação
nacional.
→ Por outro lado, a demanda por informação mais
completa, pela contextualização das notícias pela
análise e interpretação dos fatos, não se perdeu.
18. Conclusão
→ Nesse quadro, é difícil prever se, a curto prazo, a
demanda pelos grandes jornais
diminuirá, continuará estável ou aumentará. A
médio e a longo prazos, a tendência parece ser a
de queda dessa demanda.
→ Mas é também razoável esperar que uma outra
parcela, talvez majoritária, não o faça.
→ Modificar o jornal em função das tendências
observadas não seria uma tarefa fácil.
→ Dentre todos os meios, o jornal é descrito como
o mais completo e o de maior credibilidade, o que
vai fundo. Ele dá sentido à informação. Não é
quente demais e nem frio demais.
→ De todos os meios, os grandes jornais são os
que mais produzem conteúdo jornalístico – notícias
e análises – próprio.
19. Conclusão
Jornal x Internet
→ A internet está roubando o espaço dos
jornais, então possivelmente eles apostarão em
versões online, em PDF ou HTML que não
modificam a estrutura da matéria e os custos de
produção e distribuição, geralmente muito
elevados nas publicações tradicionais, são
reduzidos sensivelmente na Internet.
20. Conclusão
O jornal em papel vai acabar?
Para evitar a “morte” dos jornais, é preciso
investir mais. Precisamos de jornalistas com:
→ Experiência
→ Formação
→ Talento
→ Responsabilidade
→ Condições de trabalho
→ Influência
→ Credibilidade
21. Conclusão
Mais da metade da
população está conectada
→ O número de pessoas que lêem os jornais
on-line aumenta dia após dia.
→ No Brasil 57,6% da população buscam
notícias e informações na rede.
22. Conclusão
Lourival Sant’Anna desenvolve seu
trabalho com base em três fatos estruturais das
transformações no mercado jornalístico:
→ O acirramento da concorrência
→ A mudança dos hábitos de leitura
→ A inovação tecnológica
Usa como base da pesquisa os três
jornais mais influentes do país (O Estado de S.
Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo) e busca
analisar como estes estão se posicionando
nesse novo cenário. Em outras palavras, o autor
discute o futuro do jornal impresso.
23. Conclusão
O acirramento da concorrência
A diminuição da circulação dos jornais coincide
com o surgimento de novas técnicas e meios de
trabalho. Para Sant’Anna o que contribuiu para
essa mudança foi:
→ O surgimento e a expansão
da internet
→ O crescimento da TV por
Assinatura
→ O aumento do espaço dado
ao jornalismo nas emissoras de rádio
24. Conclusão
A mudança dos hábitos de leitura
O autor mostra, através de pesquisas quantitativa
e qualitativa, a mudança que ocorreu com os
jornais que perderam público para as novas
mídias.
→ Entre o início de
2002 e final de 2005, a
web ganhou 5,1
milhões de novos
usuários, atingindo
33,4 milhões. Desses
mais da metade
(57,6%) busca notícias
e informação na rede.
25. Conclusão
A inovação tecnológica
Para o autor, a inovação da tecnologia, modificou
as técnicas de apuração e a maneira de se
produzir notícia, e abre a possibilidade de
convergência com outros meios. E mesmo que
não ocorra muitas modificações das notícias do
impresso para a internet, Sant’Anna mostra que os
veículos parecem caminhar para a integração
entre média de exemplares porseus portais.
→ A as redações de diários e mil
habitantes adultos no Brasil, entre
2001 e 2005, foi de 64% para
45%, segundo a Associação
Nacional de Jornais.
→ O tempo em que os leitores de
jornal se dedicam a ele mudou de
64 minutos em 2001 para 46 em
26. Conclusão
A inovação tecnológica
→ Nos três grandes jornais brasileiros, os gastos
correntes de impressão e distribuição representam
entre 30% e 40%do total. Com a migração para o
on-line isso representa economia.
→ A utilização do hipertexto conduz mudanças nas
estratégias de venda de espaço publicitário e nas
relações entre áreas editorial e comercial.
→ A internet está “roubando” verbas publicitárias
dos jornais.
→ A publicidade representa 75% das receitas dos
grandes jornais (50% em anúncios e 25% em
classificados).