SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  10
Télécharger pour lire hors ligne
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
A PROPAGANDA NO BRASIL: UMA BREVÍSSIMA RESENHA DO SÉCULO XX
Itanel Bastos de Quadros Junior
Instituição: Universidade Federal do Paraná
RESUMO - A história moderna da propaganda no Brasil começa na segunda década do
século XX, como um reflexo da industrialização acelerada que ocorre na Europa Ocidental e
nos Estados Unidos. Nas décadas de 20 e 30, virão as agências americanas, acompanhando
seus clientes anunciantes em busca de novos mercados. Nelas uma primeira geração de
publicitários brasileiros será instruída sobre a verdadeira racionalização do trabalho da
propaganda. Nos anos 40 e 50 o Brasil cria as bases para o seu desenvolvimento industrial.
Os anos 60 são marcados pela ruptura do processo político e pela opção ditatorial de
crescimento econômico a qualquer custo. Nesta conjuntura, a sociedade de consumo chega
ao país. Nos anos setenta a crise do petróleo enterra o modelo econômico imposto pelos
militares. Os anos 80 trazem a redemocratização e, ao mesmo tempo, uma economia mal
resolvida. O mercado interno sobrevive a duras penas e a indústria da propaganda se
consolida. Os anos 90 estréiam com nova crise política e inflação alta, mas a abertura
econômica anima o mercado. Um novo plano econômico detém a inflação, a partir da metade
da década o país volta a crescer em meio a turbulência dos mercados globais. O negócio da
propaganda no Brasil já tem envergadura, e se alinha entre os 10 maiores do mundo,
segundo a revista norte-americana Advertising Age.
Palavras-chave: propaganda; comunicação; mercado.
A história moderna da propaganda no Brasil começa na segunda década do século XX,
como um reflexo da industrialização acelerada que ocorre na Europa Ocidental e nos Estados
Unidos.
O Brasil de então é um país essencialmente agrícola, mas seu mercado já atraía a
atenção de muitas empresas estrangeiras interessadas em aumentar a presença comercial de
seus produtos em outros países.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
A primeira agência de publicidade vai se estabelecer, em 1913, na cidade de São
Paulo. A Castaldi & Bennaton – depois chamada A Eclética – inaugura o ciclo profissional da
atividade no Brasil.
Os primeiros anunciantes são as lojas de varejo, pneus Dunlop, Kodak, as máquinas de
escrever Underwood e a Colgate, com seus então “revolucionários” artigos de higiene
pessoal.
Os publicitários da época são os poetas, escritores e pintores que não conseguem viver
somente da sua produção intelectual e artística e buscam a subsistência na criação de textos e
ilustrações para as incipientes campanhas de propaganda.
Em 1918 já existem muitas agências de publicidade em São Paulo e Rio de Janeiro, o
comércio se desenvolve e o número de anunciantes aumenta.
O slogan da empresa farmacêutica alemã Bayer - Se é Bayer é bom -, depois utilizado
mundialmente, foi criado no Brasil nessa época romântica.
No início da década de 20 começaram a se instalar no Brasil as filiais das agências
americanas, que seguem os passos dos seus clientes anunciantes na conquista de novos
mercados.
No final desta mesma década a General Motors (divisão Chevroletl) já tem 27
profissionais de publicidade, entre americanos e brasileiros, envolvidos na comunicação dos
produtos importados para consumo no Brasil. Nesta época os jornais e algumas poucas
revistas eram os meios mais utilizados na difusão da publicidade, mas o rádio começava a
funcionar em caráter experimental e os cartazes de rua se apresentaram como novos veículos
para as mensagens comerciais. Logo surgirá a lendária revista O Cruzeiro, que segue o
modelo da revista Life americana - com muitas ilustrações e cores na capa - será um veículo
importante para anunciar os novos produtos que surgem a uma sociedade que se urbaniza e
anseia ser moderna.
Ainda neste período, como reflexo do crack da bolsa em 1929, nos Estados Unidos,
algumas agências americanas seguem seus clientes anunciantes ao exterior num esforço de
expansão dos negócios em novos mercados. A agência Ayer & Son de Nova York, depois
chamada J. W. Thompson, chega ao Brasil estabelecendo-se no Rio de Janeiro, então a capital
federal e já uma cidade com ar cosmopolita.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
Nos anos 30, os profissionais americanos vão transformar o trabalho, quase empírico
que se fazia em publicidade no Brasil, ao introduzir uma primeira geração de publicitários
brasileiros na verdadeira racionalização da produção realizada nas agências de propaganda.
Em 1938, a agência Mc Cann-Erickson instala uma filial no Brasil para atender a conta
de publicidade das geladeiras Frigidaire, fabricadas nos Estados Unidos pela General Motors
e, mais tarde, será encarregada também da publicidade dos caminhões e carros importados
pela empresa.
No final dos anos 30 já existem 50 agências de publicidade em atividade no mercado
brasileiro, localizadas principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Na primeira metade dos anos 40, a 2ª Guerra Mundial provocou uma redução das
atividades comerciais e - em decorrência – nos investimentos em publicidade. No entanto, o
mercado interno saiu fortalecido desta experiência porque muitos produtos - antes somente
disponíveis por meio da importação - ou tiveram que ser esquecidos pelos consumidores ou,
em alguns casos, começaram a ser fabricados no Brasil, dando uma primeira partida à
industrialização do país.
Em 1945, os Estados Unidos saem da guerra com a supremacia industrial e comercial
em todo o mundo. Enquanto isso o Brasil tenta criar uma base para o seu desenvolvimento,
investindo principalmente em siderurgia, produção e refino de petróleo.
As empresas americanas voltam a investir no mercado brasileiro, algumas inclusive
instalam fábricas no país, construindo novas unidades de produção ou absorvendo pequenas
indústrias nacionais criadas no período da guerra.
O Brasil, que nesta época ainda segue com um perfil agrícola, já experimenta algumas
mudanças sociais e econômicas importantes. Nas Regiões Sul e Sudeste, a população começa
a sair da área rural para as cidades que oferecem melhor qualidade de vida. O consumo de
produtos industrializados cresce e a competição entre as empresas também. O comércio
favorece a atividade publicitária. No início da década de 50, mais de 100 agências
funcionavam no Brasil, algumas nacionais como a agência Norton, fundada em 1946 por
Geraldo Alonso - que formou parte da primeira geração de publicitários capacitados por
profissionais americanos - e outras, principalmente subsidiárias das grandes agências
americanas.
Os meios impressos ainda dominavam como veículos da publicidade, mas o rádio já
possui uma audiência considerável e começa a destacar-se como meio para atingir com
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
efetividade os consumidores. As técnicas utilizadas nos Estados Unidos para veicular
publicidade em rádio chegaram ao Brasil. A gravação dos jingles, principalmente no Rio de
Janeiro e São Paulo, são realizadas em estúdios com recursos especiais e com locução
personalizada. Programas, shows e noticiários são desenvolvidos especialmente para os
anunciantes.
Um dos noticiários radiofônicos mais importantes produzidos a partir dos anos 40 -
que faz parte da história do jornalismo brasileiro – é o Repórter Esso. Com o slogan
“Testemunha ocular da história”, ele vai marcar uma época e criar novos padrões no
tratamento e na apresentação das notícias no rádio.
Em 1950 é inaugurada em São Paulo a TV Tupi, a primeira emissora de televisão
brasileira. Propriedade do famoso e polêmico Assis Chateaubriand, na época proprietário dos
Diários Associados, a maior cadeia de jornais no Brasil. Mas a televisão, como meio de
comunicação capaz de atingir grandes audiências – e de massificar as mensagens publicitárias
- só vai se consolidar no final dos anos 60.
Ainda na metade dos anos 50, a economia brasileira passa por um período de
transformação intensa. O Presidente Juscelino Kubistchek, que tinha como slogan do seu
governo “50 anos em 5”- uma referência à aspiração de desenvolver o país no curto período
do seu mandato - vai promover a abertura do mercado à empresas estrangeiras, oferecendo
vantagens econômicas para aquelas que desejassem se estabelecer no Brasil. Com esta
estratégia ele consegue atrair a indústria automobilística e outras empresas multinacionais a
seguirão, interessadas neste novo mercado que se desenvolve.
Essas mudanças na economia se refletiram também no mercado publicitário e
agências americanas - e depois européias - vão reforçar sua presença no país. Algumas
agências nacionais também aproveitam o momento e inclusive, em alguns casos, passam a
competir em pé de igualdade com as representantes de grupos internacionais. Um exemplo
destacado desse período foi a Alcântara Machado/Periscinoto, fundada em 1956 para atender
a Volkswagen, a primeira montadora de automóveis a se instalar no Brasil.
Nos primeiros anos da década de 60 ocorre no país uma crise político-institucional,
tendo como um dos fatores de tensão uma sociedade emergente composta por uma classe
média urbana e uma nova classe de operários industriais não satisfeitas com os rumos de uma
economia que se transforma, mas que não oferece os benefícios almejados. A crise não
resolvida leva o país a uma ditadura militar. O novo governo, com a sociedade civil
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
manietada, define a estratégia de desenvolvimento a ser seguida a qualquer custo: o país irá
buscar capital estrangeiro para financiar a economia industrial.
Até o início da década de 70 o desenvolvimento brasileiro é considerado um
fenômeno, com cifras de crescimento do PIB de até 10% ao ano e com a produção de uma
enorme variedade de produtos. Enquanto isso a sociedade civil continua tolhida pelas leis de
exceção que sufocam qualquer idéia discordante às ações do governo. É nesse conjuntura que
se instala a denominada sociedade de consumo no Brasil.
O mercado se desenvolve e as cidades com maior atividade industrial crescem
desordenadamente, atraindo habitantes das regiões menos favorecidas do país em busca de um
melhor padrão de vida.
A indústria da publicidade vai desempenhar um papel muito importante nas mudanças
que ocorrem, porque é o instrumento utilizado na massificação das mensagens que prometem
um “admirável mundo novo” aos consumidores dos “maravilhosos” produtos da era
industrial, agora disponíveis no Brasil. O governo também vai fazer uso sistemático da
propaganda para impor seus pontos de vista e reforçar as promessas de um futuro dourado aos
brasileiros.
O negócio da publicidade no Brasil experimenta um desenvolvimento excepcional
neste período, que vai da segunda metade da década de 60 até o início dos anos 70. A
televisão recebe grandes investimentos em novas tecnologias de transmissão - como as redes
terrestres de microondas e a utilização de canais do satélite americano Intelsat para levar os
sinais a todo o território nacional.
Ainda no final dos anos 60, é implantado o sistema de televisão colorido, que se
popularizará rapidamente com o barateamento dos receptores na década seguinte. A produção
mais elaborada dos programas e, principalmente, das telenovelas transmitidas em cadeia
nacional vai cativar as audiências. A televisão se entroniza como principal mídia para
massificação das mensagens publicitárias porque, além de alcançar todo o país, atinge
telespectadores de todas as classes sociais.
Nesta mesma época o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE já
realiza pesquisas de audiência. Também desembarcam no país outras empresas internacionais
especializadas em sondagens do público, dos meios e do mercado consumidor. Este é o caso
da Marplan, empresa ligada inicialmente à filial brasileira da agência americana Mc Cann-
Erickson. Ela vai realizar análises pioneiras sobre os desejos e motivações dos consumidores
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
brasileiros. O aumento da escala de mercado e da competição entre as empresas exigirá que os
planos estratégicos de marketing sejam adequados às práticas de mercados mais
desenvolvidos.
A crise mundial do petróleo, no início dos anos 70, vai deter a trajetória do "milagre"
desenvolvimentista brasileiro. O capital internacional que financiou este modelo econômico
não vai estar mais disponível.
Nesse momento, como o mercado interno brasileiro já se encontra bastante evoluído e
a economia - mesmo seguindo um curso errático até o final dos anos 70 - é sustentada
principalmente pela demanda interna. Diante dessa circunstância negativa, a pressão popular
cresce e força o governo ditatorial a um processo de abertura política, que resultará mais a
frente na redemocratização do país.
Mesmo com o desenvolvimento econômico truncado, a indústria da publicidade no
Brasil seguiu seu rumo porque, no auge da crise, os investimentos anuais se mantiveram no
patamar dos 2 bilhões de dólares.
A partir da metade década de 80, sob a nova conjuntura política, a economia volta a
dar sinais de crescimento e os investimentos em publicidade voltam crescer.
Os anos 90 estréiam com uma economia em desenvolvimento moderado, mas ainda
sob pressão da inflação. Os investimentos em publicidade chegam a 4 bilhões de dólares.
A partir de 1995, com a implantação do Plano Real – onde o processo inflacionário foi
contido - o cenário econômico se alterou positivamente e, até o momento, tem animado a
expansão do mercado consumidor brasileiro.
Os recursos aplicados em publicidade no Brasil permanecem em ascensão e, de acordo
com o semanário especializado Meio & Mensagem (03/2001), já alcançam o valor de 6,43
bilhões de dólares/ano.
O quadro seguinte mostra a posição da publicidade brasileira, frente aos 10 maiores
mercados globais:
P A Í S
01. Estados Unidos
02. Japão
03. Reino Unido
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
04. Alemanha
05. França
06. Brasil
07. Itália
08. Austrália
09. Canadá
10. Coréia do Sul
FONTE: AdAge.com (nov./2000)
É interessante notar que o Brasil é o único país emergente a figurar neste ranking da
revista americana Advertising Age, especializada em propaganda. Os investimentos realizados
em publicidade ultrapassam as cifras de alguns países ditos desenvolvidos, como Itália e
Canadá. Isto revela a envergadura do mercado - para muitos considerado periférico -, mesmo
sendo levado em conta as distintas condições econômicas, sociais e territoriais dos países
aludidos.
Ainda no contexto dos investimentos em publicidade no Brasil, sobressaem os gastos
com o meio televisão, que domina amplamente com 56,09% do total das aplicações. Mas este
percentual já foi maior, a partir do final da década de 60 o faturamento do meio televisão
cresceu até atingir 64% do total, no final da década de 80. Esta mídia vem ultimamente
sofrendo uma competição mais forte dos meios impressos, refletindo algumas mudanças de
caráter sócio-econômico ocorridas no Brasil. Os jornais e as revistas são utilizadas na
veiculação de anúncios de produtos e serviços dirigidos às classes de maior poder aquisitivo.
O quadro seguinte mostra o volume de investimentos em publicidade nos principais
meios de comunicação no ano de 2000:
FATURAMENTO BRUTO POR MEIO EM 2000
MÍDIA US$ BI. Participação %
Televisão 2,76 56,09%
Jornal 1,05 21,34%
Revista 0,52 10,56%
Rádio 0,24 4,87%
Outdoor 0,14 2,85%
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
Outros 0,21 4,26%
TOTAL GERAL 4,92 100%
FONTE: PRICE WATERHOUSE/INTER-MEIOS/MEIO&MENSAGEM (03/2001).
A televisão aberta segue sendo o principal veículo publicitário no Brasil, dada a
facilidade com que atinge a massa de consumidores dispersos no imenso território nacional. A
veiculação nacional de um único comercial, normalmente com a duração de 30 segundos, em
horário de maior audiência na Rede Globo pode custar até o equivalente a 100 mil dólares,
mas a mensagem do anunciante pode chegar instantaneamente a mais de 70 milhões de
espectadores. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, hoje a
televisão está presente em 84% dos domicílios brasileiros.
O quadro seguinte mostra o volume de investimentos realizados pelos 10 principais
anunciantes no mercado brasileiro, no ano de 2000:
OS 10 MAIORES ANUNCIANTES DO BRASIL (1999)
RANKING ANUNCIANTE VERBA (R$ Mi)
1 INTELIG 197.584
2 EMBRATEL 182.469
3 GESSY LEVER 170.192
4 ITAÚ 156.64
5 VOLKSWAGEN 154.560
6 LIDERANÇA CAPITALIZAÇÃO 151.739
7 FORD 150.782
8 GENERAL MOTORS 144.718
9 LOPES CONSULT. IMÓVEIS 142.092
10 CASAS BAHIA 135.588
FONTE: MEIO&MENSAGEM – março/2000
Entre os 10 principais anunciantes no mercado brasileiro em 2000 figuram 4 grandes
empresas multinacionais: o grupo anglo-holandês Unilever (no Brasil Gessy- Lever),
fabricante de alimentos processados, produtos de limpeza e artigos de higiene pessoal; as
montadoras de automóveis e caminhões Volkswagen (Alemanha), Ford e General Motors
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
(ambas dos Estados Unidos). No alto da listas estão as operadoras de telefonia de longa
distância Intelig e Embratel, que também pertencem a dois grupos norte-americanos.
Nesta lista aparecem ainda 4 empresas de capital nacional, o Banco Itaú, a Liderança
Capitalização (braço financeiro do Grupo Silvio Santos), a Lopes Consultoria Imobiliária
(imobiliária e incorporadora de imóveis com atuação na cidade de São Paulo) e a rede de
varejo Casas Bahia.
Esta mostra dos principais anunciantes no Brasil reforça a idéia de uma economia
internacionalizada, com a presença intensa de capitais americanos e europeus.
Na chamada indústria da propaganda é possível observar também a predominância das
grandes redes internacionais de agências na operação dos principais negócios. Segundo dados
do Conselho Executivo de Normas Padrão (CENP), órgão recém-criado para fiscalizar as
agências de propaganda brasileiras, das 2.777 empresas listadas em todo território nacional,
2.277 (82%) têm uma receita bruta anual de até R$ 500 mil. O Estado de São Paulo concentra
quase metade das empresas, com 1.166 agências de propaganda. Na cidade de São Paulo
também estão as 25 maiores agências do Brasil, um grupo que apresenta faturamento
individual superior a R$ 15 milhões anuais.
Neste último grupo restrito, onde estão as contas dos grandes anunciantes, dominam as
agências com presença internacional, atuando sob suas próprias marcas ou associadas a
agências locais. Desde 1996, a americana Mc Cann-Erickson - presente no Brasil há 63 anos -
mantém a liderança do ranking de faturamento. Outras 6 agências internacionais aparecem em
destaque nesta lista: DM&B, ALMAP/BBDO, Young & Rubicam, Ogilvy & Mather, Publicis
D&M e DM9/DDB.
Mesmo assim, ainda é possível encontrar algumas agências de capital totalmente
nacional entre as grandes, esse é o caso da DPZ – a fabulosa “máquina criativa” de Dualibi,
Petit e Zaragoza, que desde 1968 é parte destacada da história da propaganda brasileira -; a
W/Brasil, de Washington Olivetto – ex-enfant terrible da publicidade brasileira -; A Talent,
de Júlio Ribeiro e a Fisher América, do Grupo Total, que vem alçando vôos internacionais
com o investimento na criação de uma rede de agências na América Latina.
Neste início de século, a indústria da propaganda no Brasil se posiciona entre as 3 mais
criativas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra e, mesmo sofrendo com
os repetidos altos e baixos da economia, segue alinhada com as tendências internacionais mais
avançadas.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
BIBLIOGRAFÍA
01. BARRETO, Evandro, Abóboras ao Vento: tudo o que a gente sabia sobre propaganda
mas está esquecendo, São Paulo, Globo, 1994.
02. GANDRA, José Ruy, História da Propaganda Criativa no Brasil, São Paulo, Clube de
Criação de São Paulo, 1995.
03. PEDREBON, José, Propaganda: profissionais ensinam como se faz, São Paulo, Atlas,
2000.
04. PETIT, Francesc, Propaganda Ilimitada, São Paulo, Siciliano, 1991.
05. RAMOS, Ricardo e Pyr Marcondes, 200 anos de Propaganda Criativa no Brasil - do
reclame ao cyber-anúncio, São Paulo, Meio & Mensagem, 1995.
06. RIBEIRO, Julio, FAZER ACONTECER: algumas coisas que aprendi em propaganda
investindo 1 bilhão de dólares de grandes empresas, São Paulo, Cultura Editores Associados,
1994.
07. _____, Resultados do Cenp, Meio & Mensagem, no
959, M&M Editora, 2001, p. 24.
WORLD WIDE WEB
08. www. adage.com
09. www.mmonline.com.br

Contenu connexe

Tendances

CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...
CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...
CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...Sgccilc Gestão
 
Conlutas finalizado
Conlutas finalizadoConlutas finalizado
Conlutas finalizadocomiteiv
 
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeNeuma Matos
 
Geo 8o homem_espaco_cap1_site
Geo 8o homem_espaco_cap1_siteGeo 8o homem_espaco_cap1_site
Geo 8o homem_espaco_cap1_siterdbtava
 
Economia aplicada a eng. civil
Economia aplicada a eng. civilEconomia aplicada a eng. civil
Economia aplicada a eng. civilBowman Guimaraes
 
Sica Rj 230908 PortuguéS S
Sica Rj 230908 PortuguéS SSica Rj 230908 PortuguéS S
Sica Rj 230908 PortuguéS SG Garcia
 
A estratégia na criação da marca brasileira
A estratégia na criação da marca brasileiraA estratégia na criação da marca brasileira
A estratégia na criação da marca brasileiraAlexandre Pereira
 

Tendances (11)

CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...
CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...
CCILC | 35 Anos a Promover as Relações Económicas entre Portugal e a Repúblic...
 
Livro sociedadee economia
Livro sociedadee economiaLivro sociedadee economia
Livro sociedadee economia
 
Conlutas
ConlutasConlutas
Conlutas
 
Conlutas finalizado
Conlutas finalizadoConlutas finalizado
Conlutas finalizado
 
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade
 
Geo 8o homem_espaco_cap1_site
Geo 8o homem_espaco_cap1_siteGeo 8o homem_espaco_cap1_site
Geo 8o homem_espaco_cap1_site
 
Economia aplicada a eng. civil
Economia aplicada a eng. civilEconomia aplicada a eng. civil
Economia aplicada a eng. civil
 
Sica Rj 230908 PortuguéS S
Sica Rj 230908 PortuguéS SSica Rj 230908 PortuguéS S
Sica Rj 230908 PortuguéS S
 
A estratégia na criação da marca brasileira
A estratégia na criação da marca brasileiraA estratégia na criação da marca brasileira
A estratégia na criação da marca brasileira
 
Freeman e Rosemberg
Freeman e RosembergFreeman e Rosemberg
Freeman e Rosemberg
 
Perdigao
PerdigaoPerdigao
Perdigao
 

En vedette

Tcc projeto - texto final
Tcc   projeto - texto finalTcc   projeto - texto final
Tcc projeto - texto finalJose Diniz
 
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015Renato Melo
 
Apresentação TCC - Publicidade e Propaganda (2016)
Apresentação TCC  - Publicidade e Propaganda (2016)Apresentação TCC  - Publicidade e Propaganda (2016)
Apresentação TCC - Publicidade e Propaganda (2016)Diego Stedile
 
Introdução PP | Aula 01
Introdução PP | Aula 01Introdução PP | Aula 01
Introdução PP | Aula 01Pablo Caldas
 
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)Marcos Fonseca
 
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2Atitude Digital
 
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2Diliane Medina
 
Apresentação TCC . Publicidade e Propaganda
Apresentação TCC . Publicidade e PropagandaApresentação TCC . Publicidade e Propaganda
Apresentação TCC . Publicidade e PropagandaRaphael Araujo
 
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010Karine Costa
 
Projeto experimental de Publicidade e Propaganda
Projeto experimental de Publicidade e PropagandaProjeto experimental de Publicidade e Propaganda
Projeto experimental de Publicidade e PropagandaFausto Zion
 
Aula 04 história da publicidade e propaganda
Aula 04   história da publicidade e propagandaAula 04   história da publicidade e propaganda
Aula 04 história da publicidade e propagandaElizeu Nascimento Silva
 
Interpretação de propaganda e texto informativo
Interpretação de propaganda e texto informativoInterpretação de propaganda e texto informativo
Interpretação de propaganda e texto informativoRoseli Aparecida Tavares
 
Aula 03 história da publicidade e propaganda
Aula 03   história da publicidade e propagandaAula 03   história da publicidade e propaganda
Aula 03 história da publicidade e propagandaElizeu Nascimento Silva
 
A presença dos negros nas agências de publicidade
A presença dos negros nas agências de publicidadeA presença dos negros nas agências de publicidade
A presença dos negros nas agências de publicidadeDanila Dourado
 

En vedette (18)

Tcc projeto - texto final
Tcc   projeto - texto finalTcc   projeto - texto final
Tcc projeto - texto final
 
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015
O Cenário da Publicidade e Propaganda em 2015
 
Apresentação TCC - Publicidade e Propaganda (2016)
Apresentação TCC  - Publicidade e Propaganda (2016)Apresentação TCC  - Publicidade e Propaganda (2016)
Apresentação TCC - Publicidade e Propaganda (2016)
 
TCC - IMAGINARIUM
TCC - IMAGINARIUMTCC - IMAGINARIUM
TCC - IMAGINARIUM
 
Introdução PP | Aula 01
Introdução PP | Aula 01Introdução PP | Aula 01
Introdução PP | Aula 01
 
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)
TGI Mackenzie Publicidade e Propaganda (TCC)
 
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2
Resumos TCC - Curso Publicidade e Propaganda 2010-2
 
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2
ICT - Fundamentos da Propaganda: aula 2
 
Apresentação TCC . Publicidade e Propaganda
Apresentação TCC . Publicidade e PropagandaApresentação TCC . Publicidade e Propaganda
Apresentação TCC . Publicidade e Propaganda
 
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010
Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda Uniube 2010
 
Projeto experimental de Publicidade e Propaganda
Projeto experimental de Publicidade e PropagandaProjeto experimental de Publicidade e Propaganda
Projeto experimental de Publicidade e Propaganda
 
Aula 04 história da publicidade e propaganda
Aula 04   história da publicidade e propagandaAula 04   história da publicidade e propaganda
Aula 04 história da publicidade e propaganda
 
Interpretação de propaganda e texto informativo
Interpretação de propaganda e texto informativoInterpretação de propaganda e texto informativo
Interpretação de propaganda e texto informativo
 
Aula 03 história da publicidade e propaganda
Aula 03   história da publicidade e propagandaAula 03   história da publicidade e propaganda
Aula 03 história da publicidade e propaganda
 
Aula historia da Propaganda Brasileira
Aula historia da Propaganda BrasileiraAula historia da Propaganda Brasileira
Aula historia da Propaganda Brasileira
 
Caderno atividade
Caderno atividadeCaderno atividade
Caderno atividade
 
Atividades de por análise de propaganda
Atividades de por análise de propagandaAtividades de por análise de propaganda
Atividades de por análise de propaganda
 
A presença dos negros nas agências de publicidade
A presença dos negros nas agências de publicidadeA presença dos negros nas agências de publicidade
A presença dos negros nas agências de publicidade
 

Similaire à HISTÓRIA DA PROPAGANDA NA PUBLICIDADE

História da publicidade no Brasil
História da publicidade no BrasilHistória da publicidade no Brasil
História da publicidade no BrasilLuciana Pistilli
 
Publicidade No Brasil
Publicidade No BrasilPublicidade No Brasil
Publicidade No BrasilRodrigo Jorge
 
A comunicação na república velha
A comunicação na república velhaA comunicação na república velha
A comunicação na república velhaManinho Walker
 
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - Síntese
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - SíntesePublicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - Síntese
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - SínteseFelipe Marques
 
Linha do Tempo Comunicação primeiros tempos
Linha do Tempo Comunicação primeiros temposLinha do Tempo Comunicação primeiros tempos
Linha do Tempo Comunicação primeiros temposFaculdade Promove
 
História da mídia no Brasil
História da mídia no BrasilHistória da mídia no Brasil
História da mídia no BrasilLaércio Góes
 
Notas sobre o processo da industrialização no Brasil
Notas sobre o processo da industrialização no BrasilNotas sobre o processo da industrialização no Brasil
Notas sobre o processo da industrialização no BrasilGabrieldibernardi
 
Teorias sobre a industrialização brasileira
Teorias sobre a industrialização brasileiraTeorias sobre a industrialização brasileira
Teorias sobre a industrialização brasileiraGabrieldibernardi
 
Aula 32 o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)
Aula 32    o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)Aula 32    o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)
Aula 32 o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)petecoslides
 
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrp
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrpCCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrp
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrpDiego Moreau
 
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços Educativos
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços EducativosAula 2 Linguagem Publicitária em Espaços Educativos
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços EducativosUFCG
 
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 3010 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30Vítor Santos
 
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)] atualidades
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)]   atualidadesApostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)]   atualidades
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)] atualidadesAndre Benjamim
 
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASIL
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASILRevista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASIL
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASILGestão de Comunicação
 
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerra
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerraQuestões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerra
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerraalcidon
 
A evolução da publicidade e o rádio no brasil
A evolução da publicidade e o rádio no brasilA evolução da publicidade e o rádio no brasil
A evolução da publicidade e o rádio no brasilEquipemundi2014
 
Crise de 1929.pptx
 Crise de 1929.pptx Crise de 1929.pptx
Crise de 1929.pptxAndrea Silva
 
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930Felipe Marques
 

Similaire à HISTÓRIA DA PROPAGANDA NA PUBLICIDADE (20)

História da publicidade no Brasil
História da publicidade no BrasilHistória da publicidade no Brasil
História da publicidade no Brasil
 
Publicidade No Brasil
Publicidade No BrasilPublicidade No Brasil
Publicidade No Brasil
 
A comunicação na república velha
A comunicação na república velhaA comunicação na república velha
A comunicação na república velha
 
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - Síntese
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - SíntesePublicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - Síntese
Publicidade e Propaganda entre 1910 e 1920 - Síntese
 
Linha do Tempo Comunicação primeiros tempos
Linha do Tempo Comunicação primeiros temposLinha do Tempo Comunicação primeiros tempos
Linha do Tempo Comunicação primeiros tempos
 
História da mídia no Brasil
História da mídia no BrasilHistória da mídia no Brasil
História da mídia no Brasil
 
Notas sobre o processo da industrialização no Brasil
Notas sobre o processo da industrialização no BrasilNotas sobre o processo da industrialização no Brasil
Notas sobre o processo da industrialização no Brasil
 
Teorias sobre a industrialização brasileira
Teorias sobre a industrialização brasileiraTeorias sobre a industrialização brasileira
Teorias sobre a industrialização brasileira
 
Aula 32 o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)
Aula 32    o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)Aula 32    o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)
Aula 32 o capital com pressa e o jornalista sem fonte (economia brasileira)
 
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrp
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrpCCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrp
CCA0781 introducaoasprofissoesemcomunicacaoav2jornalrp
 
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços Educativos
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços EducativosAula 2 Linguagem Publicitária em Espaços Educativos
Aula 2 Linguagem Publicitária em Espaços Educativos
 
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 3010 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30
10 1 crise_ditaduras e democracias na década de 30
 
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)] atualidades
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)]   atualidadesApostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)]   atualidades
Apostila de conhecimentos gerais para concursos[prf)] atualidades
 
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASIL
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASILRevista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASIL
Revista pronews 49 - DOS JORNALESCOS AOS MAGAZINES: O CASO DO BRASIL
 
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerra
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerraQuestões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerra
Questões crise de 29 nazismo facismo e segunda guerra
 
A evolução da publicidade e o rádio no brasil
A evolução da publicidade e o rádio no brasilA evolução da publicidade e o rádio no brasil
A evolução da publicidade e o rádio no brasil
 
Jornal do Comércio - 80 anos
Jornal do Comércio - 80 anosJornal do Comércio - 80 anos
Jornal do Comércio - 80 anos
 
Crise de 1929.pptx
 Crise de 1929.pptx Crise de 1929.pptx
Crise de 1929.pptx
 
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930
Publicidade e Propaganda entre 1920 e 1930
 
Sequência didática anúncio publicitário
Sequência didática   anúncio publicitárioSequência didática   anúncio publicitário
Sequência didática anúncio publicitário
 

Plus de Equipemundi2014

Plus de Equipemundi2014 (20)

Maria eugenia
Maria eugeniaMaria eugenia
Maria eugenia
 
Def posmodernismo demar
Def posmodernismo demarDef posmodernismo demar
Def posmodernismo demar
 
083
083083
083
 
Texto 2 larissa
Texto 2 larissaTexto 2 larissa
Texto 2 larissa
 
Por3 trabalho1
Por3 trabalho1Por3 trabalho1
Por3 trabalho1
 
Obras do realismo Em construção
Obras do realismo Em construçãoObras do realismo Em construção
Obras do realismo Em construção
 
Linha do-tempo
Linha do-tempoLinha do-tempo
Linha do-tempo
 
2 asurrealismo
2 asurrealismo2 asurrealismo
2 asurrealismo
 
Surrealismo
SurrealismoSurrealismo
Surrealismo
 
Pub maria mendes
Pub maria mendesPub maria mendes
Pub maria mendes
 
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
 
Dialnet jean roucheo-surrealismo-4002304
Dialnet jean roucheo-surrealismo-4002304Dialnet jean roucheo-surrealismo-4002304
Dialnet jean roucheo-surrealismo-4002304
 
Benjamin peret-surrealista-brasil-jean-puyade
Benjamin peret-surrealista-brasil-jean-puyadeBenjamin peret-surrealista-brasil-jean-puyade
Benjamin peret-surrealista-brasil-jean-puyade
 
64024698012
6402469801264024698012
64024698012
 
07 artigo marcia_froehlich
07 artigo marcia_froehlich07 artigo marcia_froehlich
07 artigo marcia_froehlich
 
O sonho surealista no cinema
O sonho surealista no cinemaO sonho surealista no cinema
O sonho surealista no cinema
 
Radio
RadioRadio
Radio
 
Midia
MidiaMidia
Midia
 
Meios comunicação
Meios comunicaçãoMeios comunicação
Meios comunicação
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 

HISTÓRIA DA PROPAGANDA NA PUBLICIDADE

  • 1. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS A PROPAGANDA NO BRASIL: UMA BREVÍSSIMA RESENHA DO SÉCULO XX Itanel Bastos de Quadros Junior Instituição: Universidade Federal do Paraná RESUMO - A história moderna da propaganda no Brasil começa na segunda década do século XX, como um reflexo da industrialização acelerada que ocorre na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Nas décadas de 20 e 30, virão as agências americanas, acompanhando seus clientes anunciantes em busca de novos mercados. Nelas uma primeira geração de publicitários brasileiros será instruída sobre a verdadeira racionalização do trabalho da propaganda. Nos anos 40 e 50 o Brasil cria as bases para o seu desenvolvimento industrial. Os anos 60 são marcados pela ruptura do processo político e pela opção ditatorial de crescimento econômico a qualquer custo. Nesta conjuntura, a sociedade de consumo chega ao país. Nos anos setenta a crise do petróleo enterra o modelo econômico imposto pelos militares. Os anos 80 trazem a redemocratização e, ao mesmo tempo, uma economia mal resolvida. O mercado interno sobrevive a duras penas e a indústria da propaganda se consolida. Os anos 90 estréiam com nova crise política e inflação alta, mas a abertura econômica anima o mercado. Um novo plano econômico detém a inflação, a partir da metade da década o país volta a crescer em meio a turbulência dos mercados globais. O negócio da propaganda no Brasil já tem envergadura, e se alinha entre os 10 maiores do mundo, segundo a revista norte-americana Advertising Age. Palavras-chave: propaganda; comunicação; mercado. A história moderna da propaganda no Brasil começa na segunda década do século XX, como um reflexo da industrialização acelerada que ocorre na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. O Brasil de então é um país essencialmente agrícola, mas seu mercado já atraía a atenção de muitas empresas estrangeiras interessadas em aumentar a presença comercial de seus produtos em outros países.
  • 2. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS A primeira agência de publicidade vai se estabelecer, em 1913, na cidade de São Paulo. A Castaldi & Bennaton – depois chamada A Eclética – inaugura o ciclo profissional da atividade no Brasil. Os primeiros anunciantes são as lojas de varejo, pneus Dunlop, Kodak, as máquinas de escrever Underwood e a Colgate, com seus então “revolucionários” artigos de higiene pessoal. Os publicitários da época são os poetas, escritores e pintores que não conseguem viver somente da sua produção intelectual e artística e buscam a subsistência na criação de textos e ilustrações para as incipientes campanhas de propaganda. Em 1918 já existem muitas agências de publicidade em São Paulo e Rio de Janeiro, o comércio se desenvolve e o número de anunciantes aumenta. O slogan da empresa farmacêutica alemã Bayer - Se é Bayer é bom -, depois utilizado mundialmente, foi criado no Brasil nessa época romântica. No início da década de 20 começaram a se instalar no Brasil as filiais das agências americanas, que seguem os passos dos seus clientes anunciantes na conquista de novos mercados. No final desta mesma década a General Motors (divisão Chevroletl) já tem 27 profissionais de publicidade, entre americanos e brasileiros, envolvidos na comunicação dos produtos importados para consumo no Brasil. Nesta época os jornais e algumas poucas revistas eram os meios mais utilizados na difusão da publicidade, mas o rádio começava a funcionar em caráter experimental e os cartazes de rua se apresentaram como novos veículos para as mensagens comerciais. Logo surgirá a lendária revista O Cruzeiro, que segue o modelo da revista Life americana - com muitas ilustrações e cores na capa - será um veículo importante para anunciar os novos produtos que surgem a uma sociedade que se urbaniza e anseia ser moderna. Ainda neste período, como reflexo do crack da bolsa em 1929, nos Estados Unidos, algumas agências americanas seguem seus clientes anunciantes ao exterior num esforço de expansão dos negócios em novos mercados. A agência Ayer & Son de Nova York, depois chamada J. W. Thompson, chega ao Brasil estabelecendo-se no Rio de Janeiro, então a capital federal e já uma cidade com ar cosmopolita.
  • 3. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS Nos anos 30, os profissionais americanos vão transformar o trabalho, quase empírico que se fazia em publicidade no Brasil, ao introduzir uma primeira geração de publicitários brasileiros na verdadeira racionalização da produção realizada nas agências de propaganda. Em 1938, a agência Mc Cann-Erickson instala uma filial no Brasil para atender a conta de publicidade das geladeiras Frigidaire, fabricadas nos Estados Unidos pela General Motors e, mais tarde, será encarregada também da publicidade dos caminhões e carros importados pela empresa. No final dos anos 30 já existem 50 agências de publicidade em atividade no mercado brasileiro, localizadas principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Na primeira metade dos anos 40, a 2ª Guerra Mundial provocou uma redução das atividades comerciais e - em decorrência – nos investimentos em publicidade. No entanto, o mercado interno saiu fortalecido desta experiência porque muitos produtos - antes somente disponíveis por meio da importação - ou tiveram que ser esquecidos pelos consumidores ou, em alguns casos, começaram a ser fabricados no Brasil, dando uma primeira partida à industrialização do país. Em 1945, os Estados Unidos saem da guerra com a supremacia industrial e comercial em todo o mundo. Enquanto isso o Brasil tenta criar uma base para o seu desenvolvimento, investindo principalmente em siderurgia, produção e refino de petróleo. As empresas americanas voltam a investir no mercado brasileiro, algumas inclusive instalam fábricas no país, construindo novas unidades de produção ou absorvendo pequenas indústrias nacionais criadas no período da guerra. O Brasil, que nesta época ainda segue com um perfil agrícola, já experimenta algumas mudanças sociais e econômicas importantes. Nas Regiões Sul e Sudeste, a população começa a sair da área rural para as cidades que oferecem melhor qualidade de vida. O consumo de produtos industrializados cresce e a competição entre as empresas também. O comércio favorece a atividade publicitária. No início da década de 50, mais de 100 agências funcionavam no Brasil, algumas nacionais como a agência Norton, fundada em 1946 por Geraldo Alonso - que formou parte da primeira geração de publicitários capacitados por profissionais americanos - e outras, principalmente subsidiárias das grandes agências americanas. Os meios impressos ainda dominavam como veículos da publicidade, mas o rádio já possui uma audiência considerável e começa a destacar-se como meio para atingir com
  • 4. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS efetividade os consumidores. As técnicas utilizadas nos Estados Unidos para veicular publicidade em rádio chegaram ao Brasil. A gravação dos jingles, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, são realizadas em estúdios com recursos especiais e com locução personalizada. Programas, shows e noticiários são desenvolvidos especialmente para os anunciantes. Um dos noticiários radiofônicos mais importantes produzidos a partir dos anos 40 - que faz parte da história do jornalismo brasileiro – é o Repórter Esso. Com o slogan “Testemunha ocular da história”, ele vai marcar uma época e criar novos padrões no tratamento e na apresentação das notícias no rádio. Em 1950 é inaugurada em São Paulo a TV Tupi, a primeira emissora de televisão brasileira. Propriedade do famoso e polêmico Assis Chateaubriand, na época proprietário dos Diários Associados, a maior cadeia de jornais no Brasil. Mas a televisão, como meio de comunicação capaz de atingir grandes audiências – e de massificar as mensagens publicitárias - só vai se consolidar no final dos anos 60. Ainda na metade dos anos 50, a economia brasileira passa por um período de transformação intensa. O Presidente Juscelino Kubistchek, que tinha como slogan do seu governo “50 anos em 5”- uma referência à aspiração de desenvolver o país no curto período do seu mandato - vai promover a abertura do mercado à empresas estrangeiras, oferecendo vantagens econômicas para aquelas que desejassem se estabelecer no Brasil. Com esta estratégia ele consegue atrair a indústria automobilística e outras empresas multinacionais a seguirão, interessadas neste novo mercado que se desenvolve. Essas mudanças na economia se refletiram também no mercado publicitário e agências americanas - e depois européias - vão reforçar sua presença no país. Algumas agências nacionais também aproveitam o momento e inclusive, em alguns casos, passam a competir em pé de igualdade com as representantes de grupos internacionais. Um exemplo destacado desse período foi a Alcântara Machado/Periscinoto, fundada em 1956 para atender a Volkswagen, a primeira montadora de automóveis a se instalar no Brasil. Nos primeiros anos da década de 60 ocorre no país uma crise político-institucional, tendo como um dos fatores de tensão uma sociedade emergente composta por uma classe média urbana e uma nova classe de operários industriais não satisfeitas com os rumos de uma economia que se transforma, mas que não oferece os benefícios almejados. A crise não resolvida leva o país a uma ditadura militar. O novo governo, com a sociedade civil
  • 5. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS manietada, define a estratégia de desenvolvimento a ser seguida a qualquer custo: o país irá buscar capital estrangeiro para financiar a economia industrial. Até o início da década de 70 o desenvolvimento brasileiro é considerado um fenômeno, com cifras de crescimento do PIB de até 10% ao ano e com a produção de uma enorme variedade de produtos. Enquanto isso a sociedade civil continua tolhida pelas leis de exceção que sufocam qualquer idéia discordante às ações do governo. É nesse conjuntura que se instala a denominada sociedade de consumo no Brasil. O mercado se desenvolve e as cidades com maior atividade industrial crescem desordenadamente, atraindo habitantes das regiões menos favorecidas do país em busca de um melhor padrão de vida. A indústria da publicidade vai desempenhar um papel muito importante nas mudanças que ocorrem, porque é o instrumento utilizado na massificação das mensagens que prometem um “admirável mundo novo” aos consumidores dos “maravilhosos” produtos da era industrial, agora disponíveis no Brasil. O governo também vai fazer uso sistemático da propaganda para impor seus pontos de vista e reforçar as promessas de um futuro dourado aos brasileiros. O negócio da publicidade no Brasil experimenta um desenvolvimento excepcional neste período, que vai da segunda metade da década de 60 até o início dos anos 70. A televisão recebe grandes investimentos em novas tecnologias de transmissão - como as redes terrestres de microondas e a utilização de canais do satélite americano Intelsat para levar os sinais a todo o território nacional. Ainda no final dos anos 60, é implantado o sistema de televisão colorido, que se popularizará rapidamente com o barateamento dos receptores na década seguinte. A produção mais elaborada dos programas e, principalmente, das telenovelas transmitidas em cadeia nacional vai cativar as audiências. A televisão se entroniza como principal mídia para massificação das mensagens publicitárias porque, além de alcançar todo o país, atinge telespectadores de todas as classes sociais. Nesta mesma época o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE já realiza pesquisas de audiência. Também desembarcam no país outras empresas internacionais especializadas em sondagens do público, dos meios e do mercado consumidor. Este é o caso da Marplan, empresa ligada inicialmente à filial brasileira da agência americana Mc Cann- Erickson. Ela vai realizar análises pioneiras sobre os desejos e motivações dos consumidores
  • 6. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS brasileiros. O aumento da escala de mercado e da competição entre as empresas exigirá que os planos estratégicos de marketing sejam adequados às práticas de mercados mais desenvolvidos. A crise mundial do petróleo, no início dos anos 70, vai deter a trajetória do "milagre" desenvolvimentista brasileiro. O capital internacional que financiou este modelo econômico não vai estar mais disponível. Nesse momento, como o mercado interno brasileiro já se encontra bastante evoluído e a economia - mesmo seguindo um curso errático até o final dos anos 70 - é sustentada principalmente pela demanda interna. Diante dessa circunstância negativa, a pressão popular cresce e força o governo ditatorial a um processo de abertura política, que resultará mais a frente na redemocratização do país. Mesmo com o desenvolvimento econômico truncado, a indústria da publicidade no Brasil seguiu seu rumo porque, no auge da crise, os investimentos anuais se mantiveram no patamar dos 2 bilhões de dólares. A partir da metade década de 80, sob a nova conjuntura política, a economia volta a dar sinais de crescimento e os investimentos em publicidade voltam crescer. Os anos 90 estréiam com uma economia em desenvolvimento moderado, mas ainda sob pressão da inflação. Os investimentos em publicidade chegam a 4 bilhões de dólares. A partir de 1995, com a implantação do Plano Real – onde o processo inflacionário foi contido - o cenário econômico se alterou positivamente e, até o momento, tem animado a expansão do mercado consumidor brasileiro. Os recursos aplicados em publicidade no Brasil permanecem em ascensão e, de acordo com o semanário especializado Meio & Mensagem (03/2001), já alcançam o valor de 6,43 bilhões de dólares/ano. O quadro seguinte mostra a posição da publicidade brasileira, frente aos 10 maiores mercados globais: P A Í S 01. Estados Unidos 02. Japão 03. Reino Unido
  • 7. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS 04. Alemanha 05. França 06. Brasil 07. Itália 08. Austrália 09. Canadá 10. Coréia do Sul FONTE: AdAge.com (nov./2000) É interessante notar que o Brasil é o único país emergente a figurar neste ranking da revista americana Advertising Age, especializada em propaganda. Os investimentos realizados em publicidade ultrapassam as cifras de alguns países ditos desenvolvidos, como Itália e Canadá. Isto revela a envergadura do mercado - para muitos considerado periférico -, mesmo sendo levado em conta as distintas condições econômicas, sociais e territoriais dos países aludidos. Ainda no contexto dos investimentos em publicidade no Brasil, sobressaem os gastos com o meio televisão, que domina amplamente com 56,09% do total das aplicações. Mas este percentual já foi maior, a partir do final da década de 60 o faturamento do meio televisão cresceu até atingir 64% do total, no final da década de 80. Esta mídia vem ultimamente sofrendo uma competição mais forte dos meios impressos, refletindo algumas mudanças de caráter sócio-econômico ocorridas no Brasil. Os jornais e as revistas são utilizadas na veiculação de anúncios de produtos e serviços dirigidos às classes de maior poder aquisitivo. O quadro seguinte mostra o volume de investimentos em publicidade nos principais meios de comunicação no ano de 2000: FATURAMENTO BRUTO POR MEIO EM 2000 MÍDIA US$ BI. Participação % Televisão 2,76 56,09% Jornal 1,05 21,34% Revista 0,52 10,56% Rádio 0,24 4,87% Outdoor 0,14 2,85%
  • 8. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS Outros 0,21 4,26% TOTAL GERAL 4,92 100% FONTE: PRICE WATERHOUSE/INTER-MEIOS/MEIO&MENSAGEM (03/2001). A televisão aberta segue sendo o principal veículo publicitário no Brasil, dada a facilidade com que atinge a massa de consumidores dispersos no imenso território nacional. A veiculação nacional de um único comercial, normalmente com a duração de 30 segundos, em horário de maior audiência na Rede Globo pode custar até o equivalente a 100 mil dólares, mas a mensagem do anunciante pode chegar instantaneamente a mais de 70 milhões de espectadores. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, hoje a televisão está presente em 84% dos domicílios brasileiros. O quadro seguinte mostra o volume de investimentos realizados pelos 10 principais anunciantes no mercado brasileiro, no ano de 2000: OS 10 MAIORES ANUNCIANTES DO BRASIL (1999) RANKING ANUNCIANTE VERBA (R$ Mi) 1 INTELIG 197.584 2 EMBRATEL 182.469 3 GESSY LEVER 170.192 4 ITAÚ 156.64 5 VOLKSWAGEN 154.560 6 LIDERANÇA CAPITALIZAÇÃO 151.739 7 FORD 150.782 8 GENERAL MOTORS 144.718 9 LOPES CONSULT. IMÓVEIS 142.092 10 CASAS BAHIA 135.588 FONTE: MEIO&MENSAGEM – março/2000 Entre os 10 principais anunciantes no mercado brasileiro em 2000 figuram 4 grandes empresas multinacionais: o grupo anglo-holandês Unilever (no Brasil Gessy- Lever), fabricante de alimentos processados, produtos de limpeza e artigos de higiene pessoal; as montadoras de automóveis e caminhões Volkswagen (Alemanha), Ford e General Motors
  • 9. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS (ambas dos Estados Unidos). No alto da listas estão as operadoras de telefonia de longa distância Intelig e Embratel, que também pertencem a dois grupos norte-americanos. Nesta lista aparecem ainda 4 empresas de capital nacional, o Banco Itaú, a Liderança Capitalização (braço financeiro do Grupo Silvio Santos), a Lopes Consultoria Imobiliária (imobiliária e incorporadora de imóveis com atuação na cidade de São Paulo) e a rede de varejo Casas Bahia. Esta mostra dos principais anunciantes no Brasil reforça a idéia de uma economia internacionalizada, com a presença intensa de capitais americanos e europeus. Na chamada indústria da propaganda é possível observar também a predominância das grandes redes internacionais de agências na operação dos principais negócios. Segundo dados do Conselho Executivo de Normas Padrão (CENP), órgão recém-criado para fiscalizar as agências de propaganda brasileiras, das 2.777 empresas listadas em todo território nacional, 2.277 (82%) têm uma receita bruta anual de até R$ 500 mil. O Estado de São Paulo concentra quase metade das empresas, com 1.166 agências de propaganda. Na cidade de São Paulo também estão as 25 maiores agências do Brasil, um grupo que apresenta faturamento individual superior a R$ 15 milhões anuais. Neste último grupo restrito, onde estão as contas dos grandes anunciantes, dominam as agências com presença internacional, atuando sob suas próprias marcas ou associadas a agências locais. Desde 1996, a americana Mc Cann-Erickson - presente no Brasil há 63 anos - mantém a liderança do ranking de faturamento. Outras 6 agências internacionais aparecem em destaque nesta lista: DM&B, ALMAP/BBDO, Young & Rubicam, Ogilvy & Mather, Publicis D&M e DM9/DDB. Mesmo assim, ainda é possível encontrar algumas agências de capital totalmente nacional entre as grandes, esse é o caso da DPZ – a fabulosa “máquina criativa” de Dualibi, Petit e Zaragoza, que desde 1968 é parte destacada da história da propaganda brasileira -; a W/Brasil, de Washington Olivetto – ex-enfant terrible da publicidade brasileira -; A Talent, de Júlio Ribeiro e a Fisher América, do Grupo Total, que vem alçando vôos internacionais com o investimento na criação de uma rede de agências na América Latina. Neste início de século, a indústria da propaganda no Brasil se posiciona entre as 3 mais criativas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra e, mesmo sofrendo com os repetidos altos e baixos da economia, segue alinhada com as tendências internacionais mais avançadas.
  • 10. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS BIBLIOGRAFÍA 01. BARRETO, Evandro, Abóboras ao Vento: tudo o que a gente sabia sobre propaganda mas está esquecendo, São Paulo, Globo, 1994. 02. GANDRA, José Ruy, História da Propaganda Criativa no Brasil, São Paulo, Clube de Criação de São Paulo, 1995. 03. PEDREBON, José, Propaganda: profissionais ensinam como se faz, São Paulo, Atlas, 2000. 04. PETIT, Francesc, Propaganda Ilimitada, São Paulo, Siciliano, 1991. 05. RAMOS, Ricardo e Pyr Marcondes, 200 anos de Propaganda Criativa no Brasil - do reclame ao cyber-anúncio, São Paulo, Meio & Mensagem, 1995. 06. RIBEIRO, Julio, FAZER ACONTECER: algumas coisas que aprendi em propaganda investindo 1 bilhão de dólares de grandes empresas, São Paulo, Cultura Editores Associados, 1994. 07. _____, Resultados do Cenp, Meio & Mensagem, no 959, M&M Editora, 2001, p. 24. WORLD WIDE WEB 08. www. adage.com 09. www.mmonline.com.br