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1
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais
Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica
Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio
Diretoria de Ensino Médio
PROGRAMA EDUCACIONAL DE ATENÇÃO AO JOVEM
ROTEIRO DE ESTUDOS 1
2013-2014
Sonhos e Projetos de Vida
2
“O principal papel que a escola deveria desempenhar junto
àqueles que estão deixando a adolescência é o de suporte
para a construção de um projeto de vida.”
Helena Singer
Disponível em: http://www.ebah.com.br/ empreendedorismo-na-educacao-perspectivas-desafios-professor-seculo-xxi
3
Governador
Antônio Augusto Junho Anastasia
Secretária de Estado de Educação
Ana Lúcia Almeida Gazzola
Secretário Adjunto de Educação
Maria Sueli de Oliveira Pires
Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica
Raquel Elizabete de Souza Santos
Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio
Maria Esméria Antunes
Diretoria de Ensino Médio
Jorge Carlos de Figueiredo
Gerência Peas Juventude
Mércia de Souza Azevedo
Equipe Técnica
Kátia Regina Bibiano
Helena Maria Campos
Autora
Beatriz Sales da Silva
Superintendência Regional de Ensino de Poços de Caldas
4
SUMÁRIO
Introdução 05
Roteiro das oficinas 11
1º Dia 11
2º Dia 16
3º Dia 19
Oficinas de trabalho arteterapêuticos 26
4º Dia 29
A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das
aulas
35
5º Dia 40
Referencias Bibliográficas 44
5
INTRODUÇÃO
Retomando em 2013 mais um ano de trabalho quando novas escolas estão iniciando a caminhada junto a
família PEAS Juventude procurou-se assim apresentar o Roteiro 1 Sonhos e Projetos de Vida como uma
possibilidade de iniciar os trabalhos com oficinas que proporcionam o sonhar acordado, sonho este tão
necessário a nossa prática pedagógica muitas vezes destituídas de humanidade. Dar ao jovem dentro da escola a
possibilidade de sonhar com as mudanças que eles desejam e começamos dentro de cada um nós para depois se
tornarem realidade.
Desta forma, ao atender o convite da Gerência Geral do Programa PEAS Juventude para escrever este roteiro
de estudos muitas coisas passaram pelos meus pensamentos e cheguei à conclusão que seria mais assertiva falar a
partir da minha experiência profissional, bem como me posicionar sobre alguns pontos que considero fundamental
para uma contribuição ao pensar a escola como um espaço capaz de criar condições para que o aluno acredite em
seus sonhos.
Desde já algum tempo sempre me pergunto por que o Programa PEAS Juventude resiste a tantas mudanças
de governos, mudanças de rotas, mas continua vivo com suas táticas no cotidiano, onde as escolas “brigam” pela
sua continuidade. Completando em 2012 seus dezoito anos, de uma cumplicidade pedagógica com os nossos
sonhos por uma escola que conceba o ser humano nas múltiplas dimensões que não cabem nas grades curriculares.
Reconhecendo o Programa como eu o entendo, na medida em que contribui para a formação de professores,
jovens, analistas, uma vez que imprimem em nossas práticas as táticas e resistências dos percalços e vieses de
uma sociedade materialista e capitalista como a nossa, na medida em que os projetos e oficinas desenvolvidos nas
escolas contribuem para refletir melhor sobre o papel do educador e oferecer aos jovens um ensino realmente
libertador.
6
Creio que, em relação a isso, cabe aqui uma questão de saber qual é a “mágica” capaz de gerar esta
transformação. Se a escola e suas contradições forem melhores compreendidas, pode- se vir a sonhar com um novo
tipo de educação, para que isso aconteça, nós, professores, precisamos ser leitores, leitores das contribuições da
Literatura, da Arte e do Cinema. Muitas experiências das nossas escolas comprovam minha afirmação e é desta
perspectiva que me dirijo a vocês através de muitas outras experiências pedagógicas em que os professores e
alunos são estimulados a criar, em grupo ou individualmente, seus próprios sonhos, projetos e utopias. O que pode
ser uma possibilidade de educação, capaz de criar uma relação forte, duradoura, empreendedora, verdadeira com o
mundo do jovem.
Não preciso mais me estender sobre esse ponto para deixar claro sobre a importância da escola (diga-se mais
corretamente dos professores) de levar os alunos a acreditarem nos seus sonhos, nas suas utopias. Sei
perfeitamente que não se trata da responsabilidade exclusiva e sim compartilhá-las com várias outras instituições
sociais, mas isso não diminui a relevância do papel da escola e dos professores.
Nesse sentido parafraseando as reflexões Friedmann, 2004, que contribuem para se pensar que a escola está
sendo protagonista de profundas e significativas mudanças na reformulação de objetivos, redefinição de conteúdos
curriculares, revisão de metodologias. As escolas, junto com seus protagonistas, estão passando por um processo
reflexivo no qual se faz uma tentativa por resgatar verdades e valores significativos; no qual o espaço possa
traduzir o perfil dos seus usuários; no qual seja possível errar e crescer com esses erros, seja possível brincar
abertamente e não às escondidas, seja possível fazer arte, dançar e fazer música como uma resposta ao mundo,
vozes no ar cantando quem cada um e todos juntos são e representam para aquela comunidade. Também vem
percebendo que precisa acordar estar em movimento e conhecer seus alunos para não os empurrar a buscar
respostas ás suas inquietações em “outras terras”.
7
Algumas questões se impõem necessárias quando nos voltamos para a educação empreendedora dentro da
escola, são muitas questões e novos conceitos devido á especificidade da temática. Nesse sentido considero
importante salientar que não é minha finalidade discorrer especificamente sobre o tema do empreendedorismo. No
final do roteiro será apresentado um levantamento bibliográfico das principais obras teóricas sobre o assunto e
procuramos considerar também alguns depoimentos de autores que respaldam nossa escolha para refletir sobre o
tema. Não se trata de, pois, de uma abordagem exaustiva do tema Mundo do Trabalho e Perspectiva de vida.
Nosso maior intuito foi trazer a baila algumas reflexões sobre a importância da escola como espaço para os
jovens darem asas aos seus sonhos e incentivá-los a sua realização na vida real, por nos parecer indispensável, a
questão dos sonhos.
Se à escola cabe um papel destacado de dar asas aos sonhos e utopias dos alunos e professores, para que
isso aconteça não podemos perder a oportunidade de apostar na força da arte e da literatura como uma fonte
inesgotável para o conhecimento da condição humana. Baptista, 2011 nos ajuda a pensar que a literatura por si só
provoca e potencializa atitudes, que talvez, nenhuma outra linguagem consiga. Literatura é ficção, leva a imaginar a
sonhar. Para a autora somente quando insistimos, somente praticando literatura poderemos “ensiná-la”.
Potencializá-la. Estimulá-la. Plantá-la. Eternizá-la. Para a autora poucos se prestarão à resistência.
Nossos estudantes possuem uma sensibilidade que pode se mais aberta e prolongada, contudo, somente a
partir do momento que perceberem a literatura, assim como a leitura, não servem apenas e somente para ensinar
gramática, escrever melhor, mostrar novas palavras, aumentar vocabulário, decifrar enigmas, buscar sentidos
ocultos, interpretar. Ao praticar literatura o educador terá, incondicionalmente, a abertura de espaços sedutores,
proliferantes, que deverão atingir grande parte dos educandos.
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Partindo desta concepção a leitura do livro: Pobres, resistência e criação: personagens no encontro da arte
com a vida, foi fundamental para que eu pudesse pensar nas oficinas desse roteiro. A partir de uma abordagem
nietzschiana, este estudo trata da potência dos pobres e requer a introdução de um novo diálogo, numa perspectiva
em que a pesquisa possa extrair do mundo uma invenção que arde, cria e reconduz à vida, fazendo ressoar a
potência soberana do sujeito. Ao invés de privilegiar um universo moral que a tudo ordena, parte-se da potência
afirmativa que se ergue como ética criadora de modos de vida, apontando para um sujeito ético- político intenso,
ousado e pleno de superação.
Restituindo à verdade seu caráter limitado, desfazendo-se do véu absoluto da razão, trata-se, sobretudo de
incitar o pensamento e a vida a se abrirem ao múltiplo, longe de certezas e modelos, na direção infinita
experimentação criadora. Cerqueira, 2010, neste estudo focaliza o campo das artes – literatura e cinema – cujo
recorte define a escolha de três personagens: Carlitos, que tornou clássico o cinema mudo criado por Charles
Chaplin; Gabriela, do romance de Jorge Amado, e Macabéa, protagonista de A hora da estrela, de Clarice Lispector.
Intrigantes, os personagens ensaiam a possibilidade de um por vir, aonde o mundo o venha a ser saudado por um
povo nômade, surpreendente e indomável. Os personagens multiplicam e fazem circular entre nós potências puras
que inundam seu percurso existencial e expressam foram ilimitadas de criação, concedendo um estatuto mais nobre
à vida.
Após refletir sobre as trajetórias desses personagens fiz um contraponto com o livro: A arte de construir
cidadãos: As 15 lições da Pedagogia do Amor, onde Roberto Carlos Ramos narra sua história de vida que ganha
potência à medida que acredita nos seus sonhos mesmo quando tudo contribui para que ele desista.
Nesse sentido os estudos de Cerqueira, 2010 contribuem para nos ajudar a pensar que a história de vida de
Roberto Carlos Ramos, que é um sujeito potente e criador por excelência, com capacidade de correr riscos,
abandonando riscos vínculos estáveis e tornando-se cúmplice do acaso, do improvável. Para a autora viver não
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significa sobreviver, o que remete às forças de conservação. Pelo contrário, viver é essa capacidade de
ultrapassamento, de experimentação das formas de ser, é abrir-se a potências desconhecidas, é reinventar-se.
Nesta perspectiva acredito que uma educação empreendedora incentiva seus alunos a conhecer a biografia de
pessoas como Roberto Carlos Ramos, o contador de histórias. Nas palavras de Baptista (2011), a literatura deve ser
um encontro de valores, valores dignos que conduzam a uma fascinante construção humana.
Para tanto quero apresentar neste roteiro sugestões de quatro oficinas escolhidas sistematicamente e sob
orientação de profissionais com grande experiência na temática em questão e que muito contribuíram com suas
considerações sobre a importância da sequência e do fechamento das oficinas para que levem ao enriquecimento e
sensibilização de professores e alunos para o trabalho com a literatura, Arteterapia e cinema pensando sempre na
importância dos sonhos.
Nesse sentido serão apresentamos o roteiro de quatro oficinas pensadas para ser um ponto de partida para
que os JPPeas possam descobrir a existência dos seus sonhos em sua profundidade e conscientizando de que somos
os responsáveis por transformá-los em realidade.
Parafraseando Elizabeth Hazin, 1985, é interessante notar que o sonho não determina apenas a diferença
entre o adulto e a criança. Também a semelhança entre eles reside precisamente nos sonho e é aí (e unicamente
aí) que eles se encontram. É o sonho que une as duas pontas do fio – infância e idade adulta, fechando em círculo a
existência do homem. É ele que projeta o adulto no futuro e preserva a criança no tempo, apesar do tempo: o
adulto já existe porque a criança o inventa, assim como a criança vive porque o adulto a recria.
Para a autora quando a criança sonha com o adulto, tal sonho corresponde à imagem do homem com que ela
se identifica, vale pelo retrato que ela ainda vai ser. No adulto, o sonho é um retorno ao que ele já foi. Como no
verso de Drummond, “Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho”.
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Argumenta Hazin, mas se por um lado o sonho é a medida da diferença entre o adulto e a criança (o sonho da
criança é diferente do sonho do adulto), por outro, é apenas no sonho que se dá o encontro entre os dois. Só no
interior do sonho é possível conciliar a criança real com o adulto sonhado, ou a criança sonhada, com o adulto real.
Aqui chegamos a um ponto que parece de grande importância: se a criança e o adulto se encontram no
sonho, também na literatura (que é uma forma de sonho) se dá o encontro.
Antes de entrar especificamente no Roteiro 3 penso ser fundamental tomar algumas precauções para a
realização das oficinas propostas aqui. A contribuição de Adriana Friedman vem ao encontro desta minha proposta
e reproduzo abaixo algumas das suas recomendações apresentadas no Livro FRIEDMAN, Adriana. Dinâmicas:
criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Não é fácil encontrar o caminho do despertar autêntico (...). A principio podemos aprender com a experiência alheia,
inspirando-nos com o exemplo dos mestres e sábios, (...) Ouvimos muitas melodias diferentes, pois é assim que as
grandes tradições espirituais expressam a harmonia essencial. (...) Todos aqueles que já buscaram a sabedoria têm
em comum que aprenderam a ouvi-la em seu próprio coração, atentos à harmonia subjacente, enquanto percorria
cada um seu próprio caminho. (Histórias da alma, histórias do coração- Compiladas por Christian Feldman e Jack
Kornfield).
Afinal, ninguém “descobriu a América”
Quando trabalhamos com grupos há dinâmicas que “dão certo” e que muitas vezes são repetidas. O
interessante é que, com cada grupo, elas se tornam diferentes. As reações e as respostas nunca são as mesmas.
Por isso mesmo, é recomendável, antes de propor uma dinâmica, vivenciá-la. Podemos surpreender-nos com as
reações dos outros, mas, ao menos, temos algum “ “continente” para lidar com o inesperado.
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Quando propomos um método, uma estratégia ou uma dinâmica, de forma automática, surgem dois tipos de
frustração, por ela não ter tido os resultados esperados, ou susto, por defrontar-nos com reações jamais
imaginadas.
Vejamos um exemplo:
Falar da própria infância pode evocar uma lembrança feliz, mas pode também ser uma experiência difícil.
Lembrar-se de episódios e partilhá-los com um grupo que pouco conhecemos nem sempre é uma tarefa simples. É
importante trazer de volta nossos espaços, tempos, personagens e objetos significativos de infância: eles continuam
fazendo parte do nosso ser. A criança que fomos existe sempre dentro de nós, espontânea, autentica cheia de
desejos e energia e, muitas vezes, frustrada por desejos não realizados ou feridas não cicatrizadas, ou relações mal
resolvidas, ou...
As receitas prontas e padronizadas não cabem quando trabalhamos com pessoas. Já quando ousamos criar,
improvisar ingredientes e ideias... a história é outra. Sentimo-nos por um lado eufóricos, criativos, ansiosos e
inseguros: será que vai dar certo? Propomos uma atividade diferente e sentimo-nos “descobridores da América”.
Mas quando vamos pesquisar estudar ou vivenciar outras situações, descobrimos que outros já tinham pensado em
algo semelhante. Nunca será igual. Nossa criação tem a nossa personalidade, o nosso jeito singular, mas é bom
perceber que ninguém é um gênio especial e que também não somos donos das ideias. Elas são peculiares do jeito
que eu as coloco que eu as levo adiante, a partir dos objetivos que eu tenho em mente. Elas podem ser perfeitas
para um grupo e um fracasso para outros. Mas as ideias não são patrimônio de ninguém. Você pode ter certeza de
que nenhuma outra pessoa no mundo fará igual a você. Você é único, naquele momento com aquele grupo, com
aquela proposta.
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“Ficar presente” e sentir o grupo e suas necessidades é a “chave” principal. Ter flexibilidade para tirar uma
carta do bolso. Aproveitar as respostas negativas, “os rebeldes” e os nossos próprios erros, para olhar pelo avesso.
Atuar no grupo é um exercício para o educador apurar a observação e aprender a ouvir. Para aguçar sua
capacidade é importante ele ter passado pela vivência antes de aplicá-la.
Obs.: Lembramos que neste Roteiro de Estudos de 16 horas o foco principal é planejamento, preparação e
desenvolvimento das quatro oficinas que devem ser aplicadas em dias alternados seguindo a sequência para que a
finalização seja realizada com a exibição do Filme: Fernão Capelo Gaivota, fechando-se assim o ciclo.
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ROTEIRO DAS OFICINAS
1º DIA - Oficina elaborada por Beatriz Sales da Silva
Esta oficina visa socializar a força da literatura através da história de vida do Educador Roberto Carlos Ramos e
favorecer a discussão da importância dos sonhos na vida das pessoas como potência criadora do sujeito
empreender novos horizontes em sua vida. Com ela estamos construindo esta proposta da escola comprometida
com a promoção do espaço para incentivar os alunos acreditar nos seus sonhos e empreender.
1º Momento: Apresentação - Tempo estimado – 10 min.
Na entrada, cada pessoa recebe um cartão de diferentes cores onde escreve seu nome e depois prende
com um alfinete de roupa;
Realiza-se uma breve introdução onde se acolhe os participantes e o coordenador se apresenta;
Em cada um dos grupos, os integrantes devem dizer o seu nome e se agruparem pelas cores formando
grupos de acordo com o número total de participantes.
2º Momento – 1h 30m aproximadamente
O Coordenador diz que vai contar uma história sem falar quem é o autor. Após a leitura estimula o grupo
perguntando para os participantes se aquela história é real ou fictícia e o porquê da resposta. Em grupo eles devem
intervir e mudar o final da história. Cada grupo apresenta um novo final para a história.
LEITURA DA HISTÓRIA
“Embora não soubesse ler nem escrever, aconteceu algo interessante quando eu tinha oito anos. Percebi que um
bom contador de histórias é aquele que conta às histórias que as pessoas gostam de ouvir. O bom professor é
aquele que sabe ensinar do jeito que os alunos estão aptos a aprender: Assim como o bom vendedor é aquele que
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sabe vender o que o cliente quer comprar. Se uma pessoa tem algum interesse na vida, se vai, por exemplo, a uma
loja com a intenção de comparar um liquidificador e o vendedor insiste em lhe vender o forno micro-ondas e seu
interesse não é atendido, ela vai sair dali e procurar uma loja que tem o liquidificador que quer comprar.
Eu sabia que os meus colegas tinham muitos interesses na rua. Eles gostavam de ouvir histórias, novidades. Todas
as vezes que parávamos em frente de uma banca de jornal e revistas ficávamos vendo as fotografias dos jornais, e
quando ouvíamos comentários sobre algum acidente tentávamos interpretar as fotografias estampadas nos jornais.
Assim, descobri que meus colegas gostavam muito de histórias. E fui mais além. Como bom observador, aos oito
anos percebi que os meus colegas de rua se interessavam por assuntos relacionados com a violência, tais como
atropelamentos, sequestros, assaltos, ou qualquer coisa que tivesse sangue. A página policial era para a maioria
deles a mais interessante de um jornal. Como não tinha ninguém para ler, eu passei a fazer o papel de leitor oficial
da turma. Um dia chamei os meus amigos e me ofereci para ler o jornal para eles.
Alguns se assustaram e me perguntaram:
__Uai, Neguinho, você sabe ler?
__ Sei, sim. Aprendi com dois meses de idade ----exagerava. Eu estava no berço e li a Bíblia toda para
minha mãe.
Então eles me desafiaram:
__ Comece a ler que queremos ouvir.
Peguei uma página com uma fotografia de uma linha de trem. Na mesma hora inventei a história que
comecei a “ler “ para eles:
__”Uma mulher foi atropelada na linha do trem, o trem passou por cima dela, mas ela não morreu na hora
e ficou gritando: Pelo amor de Deus, me ajudem. Para que essa mulher pudesse morrer o maquinista
desceu do trem na hora e lhe deu dois tiros de escopeta na cara. Assim ela morreu...”
Curiosos os meninos me perguntaram:
__Mas onde foi que aconteceu isso?
__Foi na Praça da Estação de Belo Horizonte.
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No mesmo instante a turma saiu correndo rumo a Praça da Estação para ver se ainda conseguiam ver alguma coisa
daquele acontecimento tão trágico, mas ao mesmo tempo tão sedutor que os atraía tanto. Percebi que eles
realmente acreditaram na história que eu tinha criado naquele momento apenas com a visão daquela fotografia da
linha de trem. Quando chegaram a Praça da Estação e perguntaram aos transeuntes sobre o atropelamento,
ninguém sabia de nada. Para minha felicidade chegaram à conclusão de que o jornal tinha mentido.
Mas percebi que eles acreditaram que eu sabia ler e passei então a fazer o papel de leitor. Recebia deles muitos
elogios.
__O Neguinho lê melhor até que a tia da FEBEM. Ela fica lendo aquelas histórias de gatinho, de porquinho,
só coisa boba, e ele só lê histórias que a gente gosta.
Eu sabia que corria um risco muito grande se chegasse algum colega alfabetizado e descobrisse que eu ficava
criando histórias. Então comecei a me preparar para enfrentar tão provável situação. Quando chegava um colega
que sabia ler, eu logo passava a bola para ele e deixava que ele fizesse a leitura. Dizia para a turma que ele
também sabia ler e lhe passava o jornal. Porém, a leitura era quase igual à de qualquer criança que estava sendo
alfabetizada – com muitas pausas e sem muita emoção na narrativa.
Aí a turma reclamava:
__Esse cara não sabe ler direito, não. Ele é analfabeto. O Roberto é que sabe ler. Mostra pra ele como se
lê.
Eu pegava o jornal e começa a inventar histórias:
__”Um menino caiu do décimo andar de um prédio, quebrou os dois braços e as duas pernas. Quando ele
chegou ao pronto-socorro cortou o pescoço do médico com uma navalha...”
E por aí continuava com as histórias de sempre, com muito sangue, das quais a turma já era fã.
Trecho extraído do Capítulo: Lição nº 3 Noção de Relacionamento do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do
Amor. Ramos, Roberto Carlos. São Paulo: Celebris, 2004.
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3º Momento:
Após a apresentação dos grupos apresentando um novo final para a história o coordenador faz a leitura da
introdução do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do Amor. Ramos, Roberto Carlos. São
Paulo: Celebris, 2004. Refletir com os JPPEAS se eles imaginavam que esta é uma história real.
LEITURA DA HISTÓRIA
Há muito tempo as pessoas vinham insistindo comigo para que eu escrevesse a minha história de vida, pois,
segundo diziam, ela poderia estimular os leitores a uma postura mais feliz e mais critica perante a própria vida. E
eu sempre quis escrever um livro que começasse com um parágrafo épico do tipo: “Eu sou Roberto Carlos Ramos,
do clã dos Ramos, da décima geração desde a chegada dos meus ancestrais a esta terra...”, mas a verdade é que
minha família nunca pertenceu a um clã. Meus pais, negros, são pessoas comuns, humildes e moradores de uma
grande favela da minha cidade, Belo Horizonte. Pela própria simplicidade, meus pais perderam o contato com as
histórias dos nossos avós e ancestrais, de forma que não sei direito quem foram. Não sei contar se vieram para cá
em caravelas portuguesas, em porões de navios, ou mesmo fugidos do Egito. Tudo o que sei é que meus pais foram
e são pessoas boníssimas, pobres e fantasticamente éticas, e, por não terem história para me contar, escrevo então
a nossa história com base na minha vida, pelo menos para que parte dela não se perca.
Então começo assim minha história de vida: Meu nome é Roberto Carlos Ramos, sou negro, gosto de sorrir para as
pessoas e para a vida, moro num a casa grande de três andares, no alto de uma colina, tenho uma linda piscina,
dois carros muito bons – um até é importado-, uma linda casa de campo, um apartamento na praia, um bom
escritório. Tenho também treze filhos, apesar de ser solteiro. Sou mestre em educação por uma das melhores
instituições universitárias do país e tenho bons amigos. Mas já tive febre um dia, não tive em muitas ocasiões
comida, fiquei muitos anos longe das escolas e só fui alfabetizado aos catorze anos. Menino de rua na minha cidade
passei por vários orfanatos e internatos, dos quais fugi cento e trinta e duas vezes e acabei sendo tachado de
irrecuperável quando tinha apenas nove anos de. Já cheirei cola de sapateiro e fumei maconha. Até os dez anos
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mijava na cama. Tive piolhos no cabelo e catarro escorrendo pelo nariz. Mas aos treze anos algo extraordinário me
ocorreu e o meu destino mudou drasticamente.
Eu estava física e espiritualmente machucado ao ter-me envolvido numa briga com uma gangue de meninos de rua.
Fui espancado e estuprado por uns cinco garotos maiores do que eu, o que me rendeu uma tentativa, felizmente
frustrada de suicídio e setenta e dois pontos pelo corpo afora.
A mudança em minha vida, à qual denomino um “acontecimento extraordinário”, se deu graças a uma educadora
francesa, uma mulher fantástica que, como mãe, professora e fada que era me ensinou a diferença da vida dos
seres humanos e me deixou de herança uma varinha de condão, que é uma forma maravilhosa que permite mudar
a vida das pessoas e o que se desejar. Muda até mesmo o próprio destino.
Em seguida assistir o Vídeo Roberto Carlos Ramos parte 1:
http://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=related (9 mim)
Pedagogia do Amor Roberto Carlos Ramoshttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnU
(1 min)
18
2º OFICINA
Tempo estimado: 2 HORAS
O Coordenador da oficina reúne os JPPEAS em círculo e diz que vai contar a história “Sei por ouvir dizer” do
escritor Bartolomeu Campos de Queirós que conta mais ou menos assim:
APRESENTAÇÃO
Uma senhora tem três idades e usa três curiosos pares de óculos. Um garoto encontra os óculos, usa-os,
perde-os, e, ao final, descobre os mundos da fantasia e da realidade. Acompanhe a trajetória dessas duas figuras e
descubra o que eles têm de mágico e o que podem lhe dizer sobre sua própria vida.
Ilustração Suppa
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SEI POR OUVIR DIZER
BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS
Não era uma vez. Eram três vezes uma senhora, com três idades: uma idade passada, outra idade presente, e
outra idade futura. Diziam que ela vencia agora a sua última idade. A mulher tagarelava, afirmando ter nascido em
três datas. Dizia comemorar três dias de aniversário: no dia de são nunca, no feriado de nossa senhora do sempre,
e no dia da mentira. Quem a conheceu contava que ela narrava essa história, sorrindo para o lado direito, em
seguida para o lado esquerdo, e depois para quem tivesse indeciso em acreditar. Parecia brincar de fazer três
caretas. Uma feia, uma bonita e a terceira mais cruel ainda.
Explicava ter morado em três cidades: na terra do ontem, na vila do hoje e na capital do amanhã, e se dizia filha
de três casamentos. Declarava ser de um país que não tinha dia, não tinha noite, nem fronteiras, onde se falavam
três línguas: uma só feita de vogais, outra apenas de consoantes e uma terceira feita de silêncios. A bandeira de
sua pátria foi costurada com três retalhos coloridos: um pedaço cor de nada, outro cor de vazio e o terceiro com
metros estampados de silêncios.
Eu duvidava da existência dessa senhora. Mas não me custava fazer de conta. Podia usar três maneiras para
explicar meus motivos: que foi um sonho meu, uma fantasia, ou não ter um que fazer. O senhor Trindade, vizinho
da velha senhora, resmungava que ela aparecera naquele lugar num dia sem manhã, num mês sem semanas, num
ano fora do calendário. Eu, a bem da verdade, não conheci o senhor Trindade. Imaginava ser um homem também
dividido em três: cabeça, tronco e membros. Uma cabeça para imaginar, um tronco com grades para proteger o
coração, pernas para ir e voltar e mãos para dar e receber.
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Ele teimava que a mulher tinha construído sua casa três vezes pequena, numa ilha chamada Tríplice. Três rios
protegiam sua morada: um rio subia pela terra acima, outro descia morro abaixo e, no terceiro, as águas não
haviam escolhido a direção. No rio que subia morava um barco com três velas acesas. No rio que escorregava
viviam cinco peixes comendo três pães, e acreditavam em milagre. No rio sem direção não nadava nada. Três
pontes cortavam suas águas, construídas com madeiras frágeis como é a esperança.
A casa se mantinha de pé com apenas três paredes: um muro contra o vento, outro contra a chuva e mais outro
impedindo o medo de entrar. A quarta parede não existia. Por ela entravam os convidados. Em cada parede, uma
janela. Na primeira ela se debruçava e sorria, olhando o longe. Na segunda janela, ela chorava, olhando as coisas
mais próximas. Na terceira, ela escrevia cartas sobre a linha do horizonte. Usava três penas: uma pena de
passarinho para falar de céus, uma pena de juiz para contar casos de terra. Com a outra pena, ela sentia pena de
quem não sabia ler o livro da fantasia.
Um dia, uma voz vinda de não sei onde, me soprou baixinho, bem ao pé do ouvido, o maior dos segredos da
velha dama. Eu me assustei e cheguei a ter três noites sem dormir e desmaiei três vezes: no café da manhã, no
almoço e no jantar.
Ela usava três pares de óculos. Um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os dois. E
mais, invejando a felicidade da mulher, todos os habitantes sonhavam em comprar três pares de óculos, como os
dela. Mas a velha senhora jamais contou o endereço.
Fiquei confuso e, no princípio meu desejo era de não acreditar. E se ela tivesse mesmo três pares de olhos?,
me perguntei: um par na testa, dois no lugar dos olhos e mais um par de olhos no queixo? Fiquei espantado com
minha ideia. Coisa impossível. Seu rosto seria muito estranho. E para ver o mundo não são necessários tantos
olhos. Guardar na memória o que seis olhos vem é impossível. E mesmo os que não a conheceram, elogiavam a
beleza daquela senhora. Parecia feita de três gotas de sereno, três grãos de açúcar e três toneladas de mansidão.
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Uma mulher assim precisar de seis lentes era muito para um menino compreender. Só que eu não pretendia
compreender. Só procurava ver. Quem vê, não duvida.
Mas jamais cheguei a conhecê-la. Ouvi boatos sobre a sua passagem. Ela partiu três horas antes da minha
chegada. Ficara sabendo que eu havia descoberto seu segredo. Procurei por ela, e alguns respondiam que fora viver
em Três Corações. Outros falavam que morava, hoje, em Três Pontas. Havia que afirmava que se mudara para o
Triângulo Mineiro. Acredito que ela passeia pelo Triângulo das Bermudas, mas ninguém me escuta. Dizem que vivo
no mundo da lua.
Quero ter certeza de que ela existiu. Acredito que a mentira é uma outra verdade. Ao entrar em sua casa,
passando pela parede que não existia, encontrei seus três pares de óculos, dentro de três caixas com cadeados,
sobre três cadeiras de balanço. Devia ter viajado muito de repente e esqueceu seus olhares descansando, pensei.
Ou, quem sabe, ela descobriu que os óculos não lhe faziam mais falta. Guardei-os para mim. Eu enxergava pouco
naquele tempo. Confundia o verdadeiro com o falso, o distante com o próximo, o maior com o menor, o amor com o
desamor. E mais! Meus olhos não enxergavam o lá longe, ignoravam o cá perto e não sabiam encontrar horizontes.
Ao deparar-me com seus três pares de óculos, a alegria disparou no meu coração. Mas me ocorreram três
dúvidas: E se ela voltasse para busca-los? E se esqueceu o caminho de volta? E se viajou pelo rio que rola e virou
mar? A felicidade faz a gente ficar inseguro.
Não perguntei a ninguém por ela. Por muito ouvi dizer, os mais antigos contavam que ela se chamava Maria das
Dores. Os mais jovens afirmavam ser Maria do Céu. Eu cismava ser Maria das Graças. Mas todos a conheciam como
a mulher que tinha três pares de óculos: um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os
dois.
A coragem e a curiosidade me ajudaram a entrar em sua casa. Assentei-me em uma de suas três cadeiras.
Segurei o primeiro par de óculos que estava ao meu lado, arrombei a caixa e vesti minha cara. Eram os óculos para
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ver o longe. E tudo veio para junto de mim de repente. Os pássaros cantavam em meus ombros; as borboletas
pousavam em meus joelhos; as frutas enchiam meu colo; a música das cigarras cerrava meus ouvidos, os rios
corriam debaixo dos meus pés; eu passeava sobre as montanhas sem sair de casa, as árvores me cobriam de
sombras. Até o amos veio me visitar, chegando devagarinho, devagarinho. A linha do horizonte passou a morar em
meu caderno; as nuvens navegavam no teto da casa. Tudo o que me parecia longe, longe, agora eu podia tocar,
acariciar, afagar e escolher.
Chegou um dia que a saudade me pediu para trazer de longe a minha infância. Usei os óculos e me vi brincando na
rua, escutando história da minha vó, esperando a chegada do Natal, nervoso diante de meu primeiro caderno e
aprendendo a ler na cartilha de Lili.
Ansioso com tamanha beleza troquei de óculos. Usei o de ver de perto. Tudo o que me rodeava foi para bem
longe: as pedras do chão, o medo que me rondava, as tristezas que guardava, os segredos, os relâmpagos, as
lágrimas, as perguntas, o pernilongo cantor, o louva- a- deus religioso, as dores, as saudades; tudo viajou para
bem depois.
Senti pesar. É que muitas coisa que estavam perto, eu queria que continuasse perto. Não gostava de óculos
que me roubavam bens: gato, cachorro, vaga-lume, a doce formiga, a melada abelha e as saudades do ontem. É
que saudade só existe quando o tempo foi bom... Eu guardava tantas saudades.
Mas a mulher acabou ficando preguiçosa; inventei para suportar o segredo. Não se levantava nunca da rede que
ficava no meio da casa. Vivia cheia de preguiça e nem mais dormia. Quando o sono passava, ela usava óculos de
ver de perto, e o escuro fugia para longe. E se trocasse os óculos de ver o perto pelos os de ver o longe, a noite
vinha, mas se esquecia de trazer estrela e lua. E o que ela mais queria era a companhia das amigas estrelas
chamadas de Três Marias. Maria das Graças mostrava medo e solidão.
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Pensei bastante e conclui: quem possui três pares de óculos não morre nunca. Todas as vezes que a morte se
aproxima, é só usar os óculos de ver o longe que a vida vem viver perto.
Fiquei com três pares de óculos para mim. Perdi, por descuido, os óculos de ver o perto e os de ver o longe.
Acho que ao usar os meus próprios óculos, descobri que a minha memória podia ver o longe, o perto e escolher
entre os dois. Sonhar meu sonho passou a ser melhor que fantasiar sobre os três pares de óculos.
O problema é que me sobraram os óculos para procurar os dois. E quando uso, não descubro o que está perto
nem o que está distante. Tudo fica misturado e difícil de separar. Agora, moram em mim, num mesmo tempo, o
feio e o bonito, o triste e o alegre, o medo e a coragem, a partida e a chegada, o céu e a terra, o doce e o salgado.
E por mais esforço que faça, não consigo arrancar de mim os óculos de procurar os dois. Insistiam em ser os meus
olhos da verdade. Mas sem gostar de confusão, pedi ajuda ao senhor Trindade. Ele veio, fez força e sumiu com os
óculos para nunca mais.
Se me pergunto onde foram parar os outros dois pares de óculos, penso que avelha senhora os levou. Ela deve
estar perto do paraíso, olhando uma santíssima trindade: céu, inferno e purgatório. Precisa dos óculos para não
errar na escolha do destino. Ela sabe afastar o que incomoda e se servir apenas do que conforta. Mas, se ela se
sentir só, bem poderá usar os óculos de ver o longe e me buscar. Quero muito conhecê-la.
Hoje descubro que não necessito mais de óculos. Os meus olhos de verdade estão sempre procurando o longe
para equilibrar o que está mais perto. Assim vivo de real em real, de fantasia em fantasia. E quanto mais
sonho mais acordado estou. Posso afirmar que todos nascemos com três pares de óculos. É uma
cortesia que a vida nos faz. O difícil é saber usá-los.
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Oficina adaptada do site: http://www.edelbra.com.br/ppe/cpe/Roteiro_SeiPorOuvirDizer.pdf
Após a leitura do texto o Coordenador abre espaço para os JPPEAS contarem suas experiências:
1. Assim como Maria, cada aluno divide sua vida em dois momentos: o momento do passado e o do presente,
apontando fatos marcantes em sua história de vida.
2. Sugerir que os alunos façam uma linha cronológica utilizando uma cartolina mostrando momentos do passado e
do presente e imaginando o seu futuro.
ATIVIDADE:
I – ÁLBUM DE VIDA
1. Incentivar os alunos, a partir da linha cronológica de vida já feita, a construir um álbum desenhos de sua vida,
destacando, através de imagens e de textos curtos (tipo legendas), momentos importantes do seu passado e do seu
presente. Em relação ao futuro, o aluno simulará “fotos” de fatos e de situações que ele acredita que ocorrerão
consigo nos próximos anos.
II — OS ÓCULOS TRIPLOS
1. A turma é dividida em 3 grupos: o do passado, o do presente e o do futuro. Após, são motivados a criarem
óculos, em cujas lentes sejam colados desenhos ou gravuras recortadas de jornal ou de revista com cenas que
representem estes três momentos.
Cada aluno fará os seus óculos de acordo com o grupo do qual faz parte. Os óculos podem ser expostos por grupo e
os alunos explicarão o que as lentes do passado, do presente e do futuro veem.
Obs.: Tal atividade, em princípio, aponta para uma visão mais geral do mundo e das coisas que acontecem ao
redor, estimulando o aluno a perceber a realidade que o cerca, projetando situações para o futuro e percebendo
fatos do passado responsáveis, de certa forma, pelo presente.
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FECHAMENTO OFICINA 2
ELABORADA POR ADRIANA FRIEDMANN in FRIEDMANN, Adriana.
Dinâmicas criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
OFICINA: Ontem – hoje - amanhã
Tempo de Duração: Aproximadamente 1 hora 30 m
Olhar para o ontem, o passado, é o olhar que dá a direção para o amanhã, o futuro; mas não podemos esquecer-
nos de olhar para o hoje, o presente. Cada participante recebe três folhas em branco.
Na primeira folha deverá registrar as lembranças de quando tinha entre 11 e 15 anos e representá-las com
símbolos, desenhos ou imagens:
Como eu era.
O que sentia.
Do que mais gostava.
O que me revoltava.
No que acreditava.
Pelo que lutava.
Como era minha família.
Como era minha turma.
Na segunda folha:
Como eu sou.
O que sinto.
No que acredito.
No que deixei de acreditar.
O que me revolta.
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Na terceira folha
Para onde estou indo.
O que quero mudar em mim, na minha vida.
O que quero transmitir para as crianças, igual ou diferente do que já vivi.
Cada participante conta brevemente suas expressões. Recolhem-se os papéis que são agrupados em conjuntos
Ontem – Hoje – Amanhã.
Formam-se três grupos, cada um dos quais recebe um dos três conjuntos. O primeiro grupo deverá, com os dados
recebidos, fazer uma representação, o segundo grupo, uma história, e o terceiro uma música.
Após as apresentações, realiza-se um debate.
Encerrar a dinâmica com a distribuição da letra da música Bola de Meia, Bola Gude, Milton Nascimento, onde todos
cantam.
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Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar à mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar à mão
14 Bis - Bola de Meia, Bola de Gude - 4 min. -
www.youtube.com/watch?v=3QHkSFCV2GU8 set. 2008
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3º DIA OFICINA ELABORADA POR FABIANA GERALDI
GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.) Mitos e
Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
Difícil questão. Sair do mundo infantil e entrar na adolescência implica uma série de transformações, internas
e externas, que para muitos, torna-se confusa e sofrida.
É um momento de reeditar uma identidade formada na infância. Para isso o adolescente precisa estar
conectado de alguma forma à sua essência, a sua história. Ele precisa se reencontrar, se reconhecer nesse processo
de amadurecimento, tal como Teseu precisou de um fio para conduzi-lo pelo labirinto do Minotauro.
O mundo contemporâneo traz algumas questões que dificultam ainda mais esse processo tão delicado. Pais,
muitas vezes ausentes e permissivos, preocupados em preparar seus filhos para um mundo rápido e competitivo,
Adolescência:
Uma passagem mitológica-
Mito de PARSIFAL
O que é deixar de ser criança?
29
submete-os a um “fazer” incessante muito cedo. A falta de limites e regras deixam os jovens perdidos e sem
referências.
A sociedade do consumo e do descartável prega o prazer imediato e fugaz por meio das aquisições de objetos
e de relacionamentos instantâneos.
A tão esperada liberdade sexual atrelada ao medo da AIDS torna as primeiras experiências ainda mais
inseguras. Privacidade dá lugar a uma exposição excessiva por meio de orkuts, youtubes e skipes.
A mídia dita os padrões de estética, em que os corpos perdem sua identidade e subjetividade e são colocados
como mais um objeto de consumo. Com o corpo ainda em formação, os adolescentes colocam próteses, fazem
plásticas, tatuam-se, colocam piercings, buscando um padrão de beleza externo e impositivo. Nessa fase da vida, a
ditadura da beleza ainda é mais perigosa, pois eles precisam do grupo para sentir-se reconhecidos. A maioria dos
jovens acaba não conseguindo se diferenciar do grupo e dos ditames da beleza padronizada, tomando eternamente
emprestado a identidade do outro.
O adolescente, em um mundo dos iguais, não consegue conectar-se com o seu corpo, tornando-se uma terra
devastada e estéril. Diante de sua história, ele desconecta-se da sua essência, do seu sagrado. É nesse contexto
que os ritos e os mitos tornam-se muitos importantes.
As famílias contemporâneas instigadas a dar valor ao que é superficial e consumível, esquecem ou dão pouca
atenção ao que há de mais precioso: a sua história.
O tempo é tão curto para dar conta de toda demanda do mundo moderno que não sobram vazios, “gás”, entre
uma atividade e outra. As pessoas não têm tempo para costurarem as experiências que vêm aos turbilhões. A falta
desse tempo de conexão consigo mesmo traz para o adolescente vários sintomas, tais como: ansiedade, estresse,
síndrome do pânico, compulsão, anorexia, droga-adição.
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O mito vem para ajudar a constituição da identidade podendo ser uma maneira de conhecer o mundo por
meio da representação simbólica. Os mitos têm o poder de entrar no mundo dos mistérios que a humanidade não
deu conta de decifrar. Histórias e imagens míticas podem aliviar os conflitos internos a ajudar a descobrir uma
profundidade e um sentido maior na vida.
O adolescente vive um momento mítico, ele precisa matar padrões que já não servem e seguir uma jornada
de busca do verdadeiro eu.
Vários mitos falam dessa trajetória, a jornada do herói.
Cada um de nós é um herói.
Isso é um dote.
Temos um chamado para a aventura.
Recusamos.
Segue-se uma crise.
Não podemos voltar atrás e atendemos o chamado.
Juntamos auxiliares, professores, guias
E cruzamos o limiar desconhecido.
Perdemos a nossa identidade e afundamos em um abismo,
no nadir, na barriga da baleia.
E emergimos.
Começamos a viajar de volta para casa, para aquilo que conhecemos – cruzando de volta a fronteira.
Nós voltamos TRANSFORMADOS. (KELEMAN, 1999, p.19)
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Esta é a trajetória arquetípica de um herói, segundo Joseph Campbell. A lenda de Parsifal representa a busca
de um adolescente ingênuo e ainda sem forma, por sua verdade e a sua essência.
A Arteterapia para adolescentes tem nos mitos uma poderosa ferramenta de sensibilização, uma ponte para o
self, para o tesouro perdido.
O trabalho feito a partir de um mito torna-se cada vez mais forte, pois atua no campo arquetípico, nas
camadas mais profundas da psique.
A arte, nesse caso, pode ritualizar a passagem de um corpo abandonado, dissociado da razão e do meio
externo, para um corpo com vida, integrado á sua natureza.
Ao final da apresentação da Lenda de Parsifal, apresentarei um trabalho de Arteterapia que podem ser
utilizado com adolescentes.
A LENDA DE PARSIFAL
Quando menino, Parsifal foi mantido afastado do mundo por sua mãe. Seu pai tinha morrido em combate
antes de ele nascer, e nada restara à mãe senão esse filho, que ela estava decidida a não perder. Assim escondeu-o
no coração da floresta e não lhe contou sobre seu direito nobiliárquico de se tornar um cavaleiro na corte do rei
Artur, como seu pai.
Mas mãe de Parsifal deu-lhe ensinamentos sobre Deus, assegurando que o amor divino ajuda todos quantos
vivem na terra. Assim, um dia, ao encontrar um cavaleiro belo e cortês que fora perseguido e se embrenhara na
floresta, Parsifal só pode presumir que essa criatura superior era Deus em pessoa. Embora a ilusão do jovem tenha
sido devidamente desfeita, o encontro com o cavaleiro despertou seu instinto natural de seguir seu próprio destino,
e Parsifal implorou à mãe que o deixasse partir para o mundo. A mãe finalmente deu consentimento, e ele partiu,
32
com uma roupa de bufão; a esperança da mãe era que essa roupa despertasse tamanho escárnio e que o jovem
voltasse para ela.
Mas Parsifal insistiu em sua busca, a despeito das zombarias, e, no devido tempo, sendo levado por um cavalo
sem rédeas, chegou ao castelo de Gurnemanz. Esse nobre dispôs-se a ser mentor do rapaz e lhe ensinou as regras
da cavalaria. A roupa de bufão foi retirada, assim como o instinto tolo de Parsifal, e Gurnenmanz o instruiu na
cortesia, e que talvez fosse o mais importante, na ética que havia por trás dela. “Nunca perca teu senso de
decência, e não importunes as pessoas com perguntas tolas. Lembra-te sempre de demonstrar compaixão pelos
que sofrem”. Parsifal, no entanto, embora decorasse cuidadosamente essas palavras, na verdade não as
compreendia. Aprendeu as formas externas, mas não no sentido interior.
Com o tempo, as viagens de Parsifal levam-no a uma terra distante, onde os campos eram desertos e
estéreis. Em meio a essa terra deserta, havia um castelo, onde ele enfrentou seu primeiro teste de maturidade. Mas
havia uma tarefa para o qual ainda não estava preparado. Havia no castelo um rei doente, que se debatia na cama
em grande aflição. Era o rei do Graal, que havia transgredido s leis da comunidade do Graal ao buscar, sem
permissão, o amor terreno. Como castigo, fora ferido na virilha, e assim permaneceria até que um cavaleiro
desconhecido lhe fizesse duas perguntas. “Senhor, o que vos aflige?” deveria ser a primeira indagação do cavaleiro
ao rei enfermo.
Havia também grandes maravilhas no castelo, e o próprio Graal poderia aparecer ao estrangeiro que lá
chegasse; mas o rei só se curaria quando o cavaleiro desconhecido fizesse a pergunta: “Senhor pra que serve o
Graal?” Nessas duas perguntas, estaria a redenção não apenas do rei doente mas também da terra deserta.
Ao ver o rei adoecido em seu leito, entretanto, Parsifal só consegui se lembrar da forma externa do conselho
de Gurnemanz – que a curiosidade era uma indelicadeza e que ele não deveria importunar os outros com perguntas
tolas. Esqueceu-se de demonstrar compaixão pelos sofredores. Assim, não disse nada. E quando o próprio Graal
apareceu – acompanhado pelos doces dons da música celeste, transportado em lenta procissão pelos Cavaleiros do
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Graal, guardado por donzelas e revelando-se em ima explosão de luz celestial- o jovem cavaleiro admirou-o
intensamente, mas manteve a boca fechada, por medo de parecer tolo.
E assim nada disse. Ouviu-se então um grande estrondo de um trovão, e o castelo desapareceu, enquanto
uma voz dizia: “- Jovem tolo, não fizeste as perguntas que deveria ter feito, o rei teria se curado, seus membros
teriam se fortalecido, e toda terra seria recuperada. Agora, vagarás pelo deserto por muitos anos, até aprenderes a
ter compaixão”. E Parsifal, percebendo tardiamente sua tolice, partiu para o deserto em um alvorecer frio e
cinzento, determinado a um dia conquistar o direito de ter-lhe outra vez concedida a visão do Graal.
Comentários:
A lenda de Parsifal sintetiza vários processos emocionais que a passagem da adolescência traz. O início do
mito mostra a dificuldade da mãe em deixar o filho vivenciar experiências que o tornem capaz de ingressar no
mundo dos adultos. Ela tem medo de que o filho sofra seguindo o seu destino e, com isso, tenta protegê-lo de todas
as formas.
Nos dias de hoje, essa proteção excessiva acaba sendo potencializada e legalizada pela violência da grande
cidade grande. Isso atrapalha ainda mais a conquista da autonomia e a jornada do herói. Na lenda, quando Parsifal
vê o cavaleiro, entra em contato com sua essência, se emociona com aquela imagem e sente que este é o seu
destino.
A Arteterapia ajuda o jovem a encontrar o “seu cavaleiro”. Quando o adolescente produz algum símbolo forte,
arquetípico, ele trabalha com o seu potencial criativo. Esta é uma experiência fundamental, pois ele entra em
contato com a sua verdade. Mesmo que esta venha sem rédeas e desgovernada, como o cavalo que levou Parsifal
ao castelo de seu mestre. Sem experiência de vida, o adolescente absorve os ensinamentos que lhe é possível
naquele momento.
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Parsifal vai para a vida tentando integrar o cavaleiro externo, que ele aprendeu e viu, com o seu cavaleiro
interno. Enquanto ele não está a vontade com a experiência de ser um cavaleiro único e singular, ele fica amarrado
pelas leis e pelo código alheio. Seu ego diz: em uma situação inusitada, siga aos ensinamentos externos. “Não
pagar o mico fala mais alto”. E, por isso ele perde a oportunidade de fazer a pergunta certa.
Só o tempo e as vivências farão ele se sentir seguro para desorganizar os códigos do guerreiro e integrar a
sua intuição e o seu guerreiro interno. Esta é a verdadeira sabedoria. A Arteterapia ajuda o jovem a fazer essa
jornada simbólica, coloca-o frente à frente com uma imagem que o mobiliza.
Por meio de trabalhos corporais e expressivos essa imagem, mesmo que sejam toscas tentativas. O corpo
ainda é um deserto árido que busca o castelo perdido. Aos poucos, ele vai se sentindo mais a vontade em seu vazio
criativo.
A partir dessa conexão ego-self, feita pelas produções simbólicas, o adolescente se aproxima de seu próprio
mito, de sua individualidade. Isto traz plenitude, auto aceitação e o respeito ás diferenças, tão importantes para
esta fase da vida.
Se eu tenho a mínima ideia de quem sou, eu respeito o outro. Quando aparecem diversas formas de se ver a
mesma coisa de um trabalho de Arteterapia em grupo, apresenta-se então a beleza da diversidade. O belo é o que
traz a verdade de cada um. No mito, em que Parsifal for capaz de reconhecer o sofrimento do rei e usar a sua
compaixão para curá-lo, ele terá formado uma consciência pessoal corporificada. O guerreiro estará introjetado e
transformado. O rei, velho e doente, será afetado pela maneira de Parsifal usar a si mesmo.
Essa é a jornada do herói: iniciar o caminho da própria vida
que lhe é dada, ir à busca do seu destino a partir de
experiências internas. Integrar os opostos ao longo da vida é
o caminho do Graal.
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Oficinas
de
Trabalho:
Arteterapêuticos
Para serem feitos após a leitura do
Mito de Parsifal
TEMPO ESTIMADO 2 HORAS
36
Desenho
Proponha ao adolescente que desenhe uma parte da história que mais chamou sua atenção. É uma maneira
de fomentar uma discussão sobre o mito. Ofereça-lhe materiais fáceis de trabalhar, como giz de cera, lápis de cor,
etc. Após a discussão do mito e apresentação dos desenhos realize a atividade:
Vazio a partir do nome - Esta é uma atividade maravilhosa para trabalhar o vazio criativo por meio do jogo
de opostos.
Material: folha branca redonda, lápis de cor, canetinhas, tesoura, cola e cartolina preta.
Processo: distribua para cada participante uma folha branca redonda dobrada ao meio. Solicite a cada um
que escreva o seu nome dentro da meia-lua, embaixo e, de preferência, com letra cursiva (pois gera mais curvas na
forma do nome). Peça a cada um que recorte a forma do nome, deixando a folha redonda com um vazio no meio
(gerado pela forma do nome). Deve-se trabalhar a forma do nome em outra folha, transformando esta forma em
uma produção artística. Solicite a cada um que volte para a folha redonda e coloque-a em cima de uma cartolina
preta (para dar contraste do vazio no meio) e trabalhe ao redor do vazio, como se esse fosse o ponto central de
uma mandala. O nome gera uma forma. A forma será transformada em algo, e o vazio que fica na folha redonda
retirada da forma também irá gerar uma produção ao seu redor.
O que eu posso produzir a partir do vazio que a forma do meu nome gerou? O que eu posso produzir com a
forma do meu nome? A partir da experiência artística de vivenciar o vazio, o indivíduo é capaz de sentir a plenitude
do encontro com o self e a potência criativa de agir a partir dele. A proposta que esta oficina enriqueça o trabalho
de cada participante e fomente discussões importantes acerca da utilização da arte como um poderoso instrumento
de conexão do indivíduo. Encerrar a oficina com todos cantando a música - Caçador de Mim - Milton Nascimento:
Disponível http://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y
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Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim
CAMPBELL, Joseph. E por falar em mitos... São Paulo: Verus, 2004.
GREENE, Liz: SHARMAN, Juliet. Uma viagem através dos mitos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001.
KELEMAN, Stanley. Mito e corpo. São Paulo: Summus, 1999.
SOUZA, Solange Jobim (Org.) Subjetividade em Questão: a infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.
WINNICOTT, Donald W. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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Importante: Para realização desta oficina o Coordenador e os GDPEAS deverão fazer a leitura do material
complementar PREVIAMENTE. Oficina,gentilmente, cedida pelo DR. Jorge Gutemberg Splettstoser - Tempo
estimado: 1h30m
Primeiro passo: Imaginar um sonho, de preferência escrever com o máximo de detalhes, visuais: lugares,
luminosidade; cores etc. Auditivos sons, palavras, música etc. Cinestésico: sensações, confortável, cheiros e
perfumes etc.
Segundo passo: Traçar no chão um triângulo e em cada ponta do triângulo você vai colocar uma das três
posições psicogeográficas: O sonhador, o critico construtivo e o realizador. No centro do triângulo fica a posição
neutra.
Terceiro passo: O sujeito, com seu sonho, posiciona-se no centro do triângulo na posição NEUTRA e dirige-se
para posição SONHADOR. Aqui ele vai sonhar da mais ampla maneira possível e impossível ( por exemplo se
4º DIA OFICINA -
Estratégia Disney
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seu sonho é ser um palestrante imaginar uma palestra sua no maracanã lotado, ver a luminosidade, as imagens,
escutar os aplausos, as músicas que tocam durante a palestra e perceber como se sente, como seu corpo sente
aquele sucesso)
Quarto passo: Após essa experiência, o sujeito volta ao neutro e quebra estado.
Quinto passo: O sujeito dirige-se para o CRÍTICO CONSTRUTIVO. Aqui ele vai ser o mais critico possível. ( no
exemplo do palestrante ele vai analisar qual vai ser o assunto da palestra, como ele vai se preparar para fazer
essa palestra, quais os caminhos que terá que seguir, com quem falar, como arrumar dinheiro para fazer cursos
etc. etc.
Sexto passo: Voltar ao neutro, quebrar estado.
Sétimo passo: O sujeito entra no REALIZADOR: Aqui ele vai fazer um planejamento de quais ações tomar, em
que prazo, qual a possibilidade, ver o que impede e ir ao encontro de recursos para vencer os impedimentos e
REALIZAR.
Oitavo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões
e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou.
Nono passo: Repetir os passos 3,4,5,6,7,8.
Décimo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões
e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou.
Décimo primeiro passo: Se sujeito estiver satisfeito, solicitar que escreva o que acabou de vivenciar e
encerrar o exercício com o compromisso de que vai começar a partir de tal data as tais horas. Se caso ele não
estiver satisfeito repetir o nono passo até que se de por satisfeito.
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Finalização: Assistir o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQ - Uma mensagem
maravilhosa sobre a importancia de sonhar, ter fé e acreditar no amor. 4.46 min
Leitura complementar
Sonho & carreira
César Souza. www.icarobrasil.com.br – dezembro 2004.
Os sonhos são como uma fita métrica interessante, mas há um detalhe que faz toda a diferença: quem
determina a unidade de medida é o sonhador. O que talvez pareça pequeno aos olhos do outro pode ter um valor
imenso para você. E o que você julga pequeno pode ser o sonho magno de alguém.
A medida está dentro de cada um, a avaliação é absolutamente individual e pessoal. Independente do olhar e
do aplauso do outro.
41
Feio seria uma ditadura dos sonhos onde todos fossem obrigados a imaginar feitos monumentais que mudem
o país ou deixem sua marca na história. Não é por aí. Mesmo uma obra preliminar e pequena vale a pena. O
importante é ter consciência do que se faz e ser feliz com isso. Ficar muito atento à aprovação alheia é desperdiçar
tempo tentando realizar o sonho dos outros. Os valores de sucesso estão dentro de cada um. É melhor, então, que
sejam vários sonhos, para aproveitar ao máximo a grande oportunidade de viver, errar, acertar e começar de novo.
Afinal de contas, tudo que fica pronto na vida foi construído antes na alma. Não importa se seus sonhos são
grandes ou pequenos, mas que tragam a você a possibilidade de inventar seu futuro. Nos momentos de dúvida,
lembre-se sempre:
O sonho é seu, está dentro de você;
Sonhe com os olhos abertos;
Tenha sonhos em vez de um único e busque o equilíbrio;
Expresse o seu sonho. O segredo deixou de ser a alma do negócio;
Incentive os outros a sonhar. Não seja castrador de sonhos alheios;
Ninguém nasce sortudo. Sorte é preciso crer para ter;
Transforme sonhos em projetos;
Transforme projetos em ação;
VOCÊ É DO TAMANHO DE SEU SONHO!
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Para saber mais...
PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula
A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas
Por Ricardo Luiz Marcello
Artigo Disponível em: http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm
Meus cumprimentos a todos os leitores da coluna. É um grande prazer estar compartilhando com vocês as
aplicações da PNL na sala de aula.
Com o texto passado, concluímos uma trilogia sobre a importância do controle emocional do professor antes,
durante e depois das aulas. Definimos o que são estados emocionais e como podemos alterá-los; falamos sobre a
importância da inteligência emocional perante os alunos e, também, como o professor pode realizar uma auto-
avaliação proveitosa, utilizando a experiência do dia-a-dia para aprimorar suas aulas.
Hoje, apresentaremos a estratégia da criatividade de Walt Disney, que poderá ser aplicada no planejamento
das aulas. O processo é simples e fácil de aprender. Sugiro que você pratique as etapas enquanto lê o texto; assim,
ao encerrar a leitura, você já estará apto a utilizar esta mesma estratégia sempre que precisar ser criativo.
Um breve histórico da PNL: a modelagem
Quando éramos crianças, aprendemos a andar, a comer e a nos comunicar observando atentamente os
adultos, imitando-os. Sabíamos que estávamos tendo sucesso ao recebermos mimos e sorrisos de aprovação; por
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outro lado, sabíamos que não estávamos de sucesso (Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson): observaram
fazendo o certo quando recebíamos broncas e olhares de desaprovação...
O nome que a PNL dá para este processo de “observação-e-imitação” é modelagem. Foi isso que Richard
Bandler e John Grinder fizeram na década de 70 com alguns terapeutas e analisaram como esses profissionais
agiam e se comunicavam. A partir dos dados coletados, Bandler e Grinder perceberam que havia padrões verbais e
não-verbais de comportamento em comum a esses terapeutas. A partir desta conclusão, reuniram estes padrões e
codificaram as principais técnicas de PNL.
É, portanto, modelando as pessoas de sucesso que podemos reproduzir suas ações, seus pensamentos e seus
resultados. Na verdade, não deveríamos nunca deixar de lado essa habilidade natural de modelar os outros, pois
esta é uma maneira excelente de dinamizar o processo de aprendizado, seja qual for o assunto que estamos
estudando.
Um dos principais pressupostos da PNL é o de que se alguém pode fazer bem alguma coisa, então todas as
outras pessoas também têm a chance de conseguirem. Segundo Dilts (1998, p. 158), “a PNL examina a maneira
como as pessoas organizam seqüencialmente e usam capacidades mentais fundamentais como a visão, a audição e
a sensação para organizar e agir no mundo ao seu redor.”
Robert B. Dilts foi a pessoa que estudou a vida de grandes personalidades da história, como Aristóteles,
Mozart, Albert Einstein e Walt Disney, entre outros, utilizando a mesma técnica de modelagem de Bandler e
Grinder. Ele pôde, assim, traçar suas estratégias mentais e publicou suas conclusões em três volumes do livro “A
Estratégia da Genialidade”.
Vamos, agora, dar uma olhada na estratégia de criatividade de um dos maiores produtores de desenho da
história do cinema. Vamos conhecer a maneira como Walt Disney concebia, planejava e executava seus fabulosos
projetos que marcaram a nossa era.
44
A Estratégia de Criatividade de Walt Disney
“Planejar é fazer um esboço ou esquema que representa uma ideia,
uma ação ou uma série de ações que, ao mesmo tempo,
serve como guia para sua realização. Planejar é antecipar ou
representar algo que virá a ser realizado; é prever uma ação antes de realizá-la.”
(Sacristán, in: Hentschke e Del Ben, 2003, p. 177).
Uma aula bem planejada é sinônima de um bom controle, por parte do professor, do que irá acontecer em
classe. Além disso, é uma atitude de respeito para com os alunos e, também, uma forma de evitar que o processo
de ensino aconteça na base do improviso.
Alguns professores sentem-se bem em não planejar o que vão fazer, pois acham que, assim, suas atitudes em
classe ficarão mais espontâneas. Na verdade, planejar aulas não significa enclausurar as ações; significa traçar um
roteiro de possibilidades criativas, que norteiam o professor e o ajudam a estar tranquilo e seguro perante seus
alunos.
É importante dizer que criatividade não é um dom. Criatividade nada mais é do que um estado emocional que
podemos ativar quando necessário. E o que iremos ensinar neste texto é a forma como Walt Disney acessava seu
“eu criativo”.
A estratégia é simples e você pode aprendê-la rapidamente. Tudo que você precisa fazer é planejar sua aula
adotando três “personalidades” bem diferentes: o sonhador, o realista e o crítico. Dilts (1998, p. 158), ao falar
sobre a estratégia de criatividade de Disney, diz que “a criatividade inclui a síntese de diferentes processos ou
fases. O sonhador é necessário para formar novas ideias e metas. O realista transforma essas ideias em expressões
45
concretas. O crítico é um filtro e um estímulo para apurá-las cada vez mais.” A seguir, apresentaremos estas três
etapas do processo com mais detalhes.
Posição do Sonhador
“Walt Disney tinha uma imaginação fabulosa.
Era um sonhador muito criativo.
Sonhar é o primeiro passo para criar um objetivo (...).
Primeiro Disney criava um sonho ou uma visão do filme inteiro.
Imaginava como a história seria vista pelos olhos de
cada personagem e quais seriam seus sentimentos.”
(O’Connor e Seymour, 1996, p. 203).
A primeira coisa que você deve fazer é escolher um local confortável, onde possa divagar à vontade, sem ser
interrompido. Se possível, volte a este lugar sempre que quiser adotar a posição do sonhador, a fim de associá-lo a
um estado emocional de devaneios e fantasias.
Um método bastante utilizado por empresas de publicidade e que pode ser muito útil para a posição do
sonhador é o “brainstorming” (tempestade cerebral), que será apresentado abaixo, com base em Weisinger (1997,
p. 66).
Com um lápis e um papel em mãos, deixe sua mente viajar pelo mundo do “faz de conta”, criando
possibilidades diversas. Visualize internamente as idéias acontecendo (atividades a serem feitas em classe,
explicações diferentes para um mesmo assunto, esquemas visuais interessantes) e anote todas rapidamente,
mesmo que sejam irreais ou malucas. O importante é não reprimir, censurar ou corrigir as idéias, pois elas poderão
46
ser, de alguma forma, aproveitadas ou adaptadas mais tarde. Além disso, o bom humor reforçará seu estado
criativo.
Faça de tudo para que suas idéias continuem fluindo. Você pode desenvolvê-las, combiná-las com outras,
imaginar o oposto delas, etc. Talvez seja útil trazer à memória algumas aulas que você ministrou de forma bem-
sucedida e reviver as situações que deram certo. Neste momento, quantidade vale mais do que qualidade. Deixe
que uma idéia puxe a outra e não se esqueça de tomar nota de todas.
Quando julgar que já possui uma boa lista de ideias e quiser encerrar esta etapa, abandone o “lugar do
sonhador” e passe para a próxima etapa da estratégia: a posição do realista.
Posição do Realista
“Depois, [Walt Disney] examinava seu projeto de maneira realista,
levando em consideração o custo, o tempo e os recursos necessários
para sua realização, ou seja, todas as informações fundamentais, para
se certificar de que o sonho poderia se tornar realidade”
(O’Connor e Seymour, 1996, p. 204).
Com a lista de idéias em mãos, esta é a hora de voltar à terra firme, à realidade. Escolha um lugar diferente,
para o qual possa retornar sempre que quiser desfrutar de um estado interior de racionalidade, planejamento e
organização.
Vivencie, em sua imaginação, cada uma das idéias que você anotou sendo colocadas em prática, com a maior
riqueza de detalhes possíveis. Pergunte-se: como poderei realizar meus planos? Viva cada idéia em sua plenitude,
imaginando a classe bem à sua frente, ouvindo sua própria voz enquanto fala com os alunos e sentindo o
movimento de seus próprios gestos enquanto explica o conteúdo da aula.
47
Você pode distribuir os assuntos da aula em tópicos, planejando o tempo necessário para abordar cada um
deles. Pense em todos os passos que precisará realizar para ver seu planejamento realmente acontecendo conforme
o esperado. Anote tudo que precisará ter às mãos para colocar as idéias em prática: lousa, canetas coloridas, retro-
projetor, data-show, quantidade de cadeiras, equipamento de som, televisão, DVD, vídeo-cassete, etc.
Pegue aquelas idéias malucas que surgiram e ajuste-as, para que possam também ser colocadas em prática.
Talvez você perceba que não precisará usar todas as idéias que teve enquanto estava na posição do sonhador;
sugiro, neste caso, que você guarde as anotações para uma próxima vez, pois elas poderão lhe servir para uma
próxima aula.
Ao encerrar seu planejamento, saia do “lugar do realista” e avance para a última etapa da estratégia: a
posição do crítico.
Posição do Crítico
“Depois de criar o sonho do filme, [Disney] voltava
a analisá-lo do ponto de vista do público. Ele se perguntava:
„Foi interessante? Foi divertido? Tem alguma coisa que não funciona?‟”
(O’Connor e Seymour, 1996, p. 204).
Nesta posição, você deverá assumir o papel de “chato da história”. Escolha um terceiro lugar diferente, que
lhe inspire um estado emocional de crítico construtivo e para o qual você possa retornar quando quiser assumir
novamente esta posição.
48
É a hora de colocar seu plano em teste. Busque os erros, os problemas, as dificuldades e os principais
obstáculos que poderá enfrentar; procure imaginar o que está faltando, o que poderá não funcionar adequadamente
e meça todas as consequências das suas ações.
Sua intenção, aqui, não é destruir seu próprio planejamento, mas sim torná-lo mais eficaz. Você poderá, por
exemplo, imaginar quais as dúvidas mais prováveis que seus alunos terão e, assim, incorporá-las já na explicação
da aula.
Você também pode imaginar um “plano B” para a abordagem dos tópicos, para se prevenir de possíveis
imprevistos. O que você fará, por exemplo, se o data-show não funcionar corretamente? Que outra atividade poderá
realizar com a classe, caso aquela que você planejou não surtir o efeito desejado?
Depois que tiver refletido a partir do ponto de vista do crítico, é bem provável que sua aula será um sucesso!
Caso sentia a necessidade de passar novamente por cada uma das posições, lembre-se de retornar aos mesmos
lugares escolhidos.
Espero que este texto tenha sido realmente bastante útil para você, caro professor. Foram apresentadas,
aqui, as três etapas da estratégia de criatividade de Walt Disney, que você pode utilizar a partir de agora para
planejar suas aulas com mais eficiência.
Logo abaixo desse texto, há um link onde você pode escrever seus comentários, os quais serão muito bem-
vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre como é possível cativar a classe e estabelecer com os alunos
uma forte sensação de empatia (rapport).
49
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (org.). Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula.
São Paulo: Moderna, 2003.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Prefiro divertir as pessoas, na esperança
de que elas aprendam, ao invés de ensinar
as pessoas, na esperança de que elas se
divirtam” (Walt Disney)
Bye!
50
Tempo estimado 2 horas
O coordenador deverá fazer uma retrospectiva das quatro oficinas com os JPPEAS, tendo como fio condutor a
análise de cada oficina e o que elas contribuíram para dar asas aos sonhos e utopias dos jovens.
Culminância: Assistir o filme: Fernão Capelo Gaivota - 1 hora 30 min
Sinopse
Filme para quem gosta de ver o movimento. Livro para quem gosta das palavras e imaginar. Como os
movimentos que fazemos afeta os demais. Uma história de liberdade, de como se pode conhecer o outro e a si
mesmo. Este filme que marcou uma geração e transformou o livro de Richard Bach num best-seller que vendeu 40
milhões de cópias e viajou por 70 países do mundo.
5º DIA ENCERRAMENTO E AVALIAÇÃO
51
Fernão Capelo Gaivota é uma ave quem não se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar
e esforça-se em aprender tudo sobre vôo. Por ser diferente do bando, é expulso. Com excelente trilha sonora de
Neil Diamond e magnífica fotografia, o filme é uma parábola. Faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no
sentido de mostrar as dificuldades de superação dos limites, do encontro com a liberdade verdadeira, pautada no
amor e na compreensão do outro.
Para quem quiser ler...
”Não se preocupe em tomar a decisão certa... Pois ela não existe..."
Fernão Capelo Gaivota
52
Como a canção em busca da voz que é Silêncio. E a que Deus comporá para teu caminho.
Fernão Capelo Gaivota
53
BOM TRABALHO!
O sonho
Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de
fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para
aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas.
Clarice Lispector
Disponível: http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector/
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAPTISTA, Ana Maria Haddad. Educação, Ensino&Literatura: propostas para reflexão. São Paulo: Arte-
Livros Editora, 2011.
CERQUEIRA, Monique Borba. Pobres resistência e criação: personagens no encontro da arte com a
vida. São Paulo: Cortez, 2010.
DINIZ, Ligia. (Org.) Mitos e Arquétipos na Arteterapia: rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2010.
DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo, Editora de Cultura, 2003.
FRIEDMANN, Adriana. Dinâmicas Criativas. Um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2004.
GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.)
Mitos e Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2010.
55
GRUPO DOS 35. Portugal Primeiro: Empreendedores precisam-se. Lisboa, Sílabo, 2011.
HAZIN, Elizabeth. Uma linguagem infantil. In Anais do Congresso Brasileiro de Literatura Infantil e Juvenil.
Rio de Janeiro, Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, FNLIJ, 1985.
INSTITUTO BEM DA TERRA. http://institutobemdaterra.wix.com/ibt
MARCELLO, Ricardo Luiz. PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula: A estratégica
da criatividade de Disney no planejamento das aulas Artigo Disponível em:
http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm
SPLETTSTOSER. Dr.Jorge Gutemberg. Programação Neurolinguística - COACH em gestão – Hipnose-
http://www.terceiraidadenainternet.com.br/
RAMOS, Antônio Carlos. A arte de construir cidadãos: as 15 lições da pedagogia do amor. São Paulo:
Cerebris, 2004.
SOUZA, César. O Tamanho do sonho. Disponível em: www.icarobrasil.com.br

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Roteiro de estudo 1 (2013 2014) peas

  • 1. 1 Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio Diretoria de Ensino Médio PROGRAMA EDUCACIONAL DE ATENÇÃO AO JOVEM ROTEIRO DE ESTUDOS 1 2013-2014 Sonhos e Projetos de Vida
  • 2. 2 “O principal papel que a escola deveria desempenhar junto àqueles que estão deixando a adolescência é o de suporte para a construção de um projeto de vida.” Helena Singer Disponível em: http://www.ebah.com.br/ empreendedorismo-na-educacao-perspectivas-desafios-professor-seculo-xxi
  • 3. 3 Governador Antônio Augusto Junho Anastasia Secretária de Estado de Educação Ana Lúcia Almeida Gazzola Secretário Adjunto de Educação Maria Sueli de Oliveira Pires Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica Raquel Elizabete de Souza Santos Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio Maria Esméria Antunes Diretoria de Ensino Médio Jorge Carlos de Figueiredo Gerência Peas Juventude Mércia de Souza Azevedo Equipe Técnica Kátia Regina Bibiano Helena Maria Campos Autora Beatriz Sales da Silva Superintendência Regional de Ensino de Poços de Caldas
  • 4. 4 SUMÁRIO Introdução 05 Roteiro das oficinas 11 1º Dia 11 2º Dia 16 3º Dia 19 Oficinas de trabalho arteterapêuticos 26 4º Dia 29 A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas 35 5º Dia 40 Referencias Bibliográficas 44
  • 5. 5 INTRODUÇÃO Retomando em 2013 mais um ano de trabalho quando novas escolas estão iniciando a caminhada junto a família PEAS Juventude procurou-se assim apresentar o Roteiro 1 Sonhos e Projetos de Vida como uma possibilidade de iniciar os trabalhos com oficinas que proporcionam o sonhar acordado, sonho este tão necessário a nossa prática pedagógica muitas vezes destituídas de humanidade. Dar ao jovem dentro da escola a possibilidade de sonhar com as mudanças que eles desejam e começamos dentro de cada um nós para depois se tornarem realidade. Desta forma, ao atender o convite da Gerência Geral do Programa PEAS Juventude para escrever este roteiro de estudos muitas coisas passaram pelos meus pensamentos e cheguei à conclusão que seria mais assertiva falar a partir da minha experiência profissional, bem como me posicionar sobre alguns pontos que considero fundamental para uma contribuição ao pensar a escola como um espaço capaz de criar condições para que o aluno acredite em seus sonhos. Desde já algum tempo sempre me pergunto por que o Programa PEAS Juventude resiste a tantas mudanças de governos, mudanças de rotas, mas continua vivo com suas táticas no cotidiano, onde as escolas “brigam” pela sua continuidade. Completando em 2012 seus dezoito anos, de uma cumplicidade pedagógica com os nossos sonhos por uma escola que conceba o ser humano nas múltiplas dimensões que não cabem nas grades curriculares. Reconhecendo o Programa como eu o entendo, na medida em que contribui para a formação de professores, jovens, analistas, uma vez que imprimem em nossas práticas as táticas e resistências dos percalços e vieses de uma sociedade materialista e capitalista como a nossa, na medida em que os projetos e oficinas desenvolvidos nas escolas contribuem para refletir melhor sobre o papel do educador e oferecer aos jovens um ensino realmente libertador.
  • 6. 6 Creio que, em relação a isso, cabe aqui uma questão de saber qual é a “mágica” capaz de gerar esta transformação. Se a escola e suas contradições forem melhores compreendidas, pode- se vir a sonhar com um novo tipo de educação, para que isso aconteça, nós, professores, precisamos ser leitores, leitores das contribuições da Literatura, da Arte e do Cinema. Muitas experiências das nossas escolas comprovam minha afirmação e é desta perspectiva que me dirijo a vocês através de muitas outras experiências pedagógicas em que os professores e alunos são estimulados a criar, em grupo ou individualmente, seus próprios sonhos, projetos e utopias. O que pode ser uma possibilidade de educação, capaz de criar uma relação forte, duradoura, empreendedora, verdadeira com o mundo do jovem. Não preciso mais me estender sobre esse ponto para deixar claro sobre a importância da escola (diga-se mais corretamente dos professores) de levar os alunos a acreditarem nos seus sonhos, nas suas utopias. Sei perfeitamente que não se trata da responsabilidade exclusiva e sim compartilhá-las com várias outras instituições sociais, mas isso não diminui a relevância do papel da escola e dos professores. Nesse sentido parafraseando as reflexões Friedmann, 2004, que contribuem para se pensar que a escola está sendo protagonista de profundas e significativas mudanças na reformulação de objetivos, redefinição de conteúdos curriculares, revisão de metodologias. As escolas, junto com seus protagonistas, estão passando por um processo reflexivo no qual se faz uma tentativa por resgatar verdades e valores significativos; no qual o espaço possa traduzir o perfil dos seus usuários; no qual seja possível errar e crescer com esses erros, seja possível brincar abertamente e não às escondidas, seja possível fazer arte, dançar e fazer música como uma resposta ao mundo, vozes no ar cantando quem cada um e todos juntos são e representam para aquela comunidade. Também vem percebendo que precisa acordar estar em movimento e conhecer seus alunos para não os empurrar a buscar respostas ás suas inquietações em “outras terras”.
  • 7. 7 Algumas questões se impõem necessárias quando nos voltamos para a educação empreendedora dentro da escola, são muitas questões e novos conceitos devido á especificidade da temática. Nesse sentido considero importante salientar que não é minha finalidade discorrer especificamente sobre o tema do empreendedorismo. No final do roteiro será apresentado um levantamento bibliográfico das principais obras teóricas sobre o assunto e procuramos considerar também alguns depoimentos de autores que respaldam nossa escolha para refletir sobre o tema. Não se trata de, pois, de uma abordagem exaustiva do tema Mundo do Trabalho e Perspectiva de vida. Nosso maior intuito foi trazer a baila algumas reflexões sobre a importância da escola como espaço para os jovens darem asas aos seus sonhos e incentivá-los a sua realização na vida real, por nos parecer indispensável, a questão dos sonhos. Se à escola cabe um papel destacado de dar asas aos sonhos e utopias dos alunos e professores, para que isso aconteça não podemos perder a oportunidade de apostar na força da arte e da literatura como uma fonte inesgotável para o conhecimento da condição humana. Baptista, 2011 nos ajuda a pensar que a literatura por si só provoca e potencializa atitudes, que talvez, nenhuma outra linguagem consiga. Literatura é ficção, leva a imaginar a sonhar. Para a autora somente quando insistimos, somente praticando literatura poderemos “ensiná-la”. Potencializá-la. Estimulá-la. Plantá-la. Eternizá-la. Para a autora poucos se prestarão à resistência. Nossos estudantes possuem uma sensibilidade que pode se mais aberta e prolongada, contudo, somente a partir do momento que perceberem a literatura, assim como a leitura, não servem apenas e somente para ensinar gramática, escrever melhor, mostrar novas palavras, aumentar vocabulário, decifrar enigmas, buscar sentidos ocultos, interpretar. Ao praticar literatura o educador terá, incondicionalmente, a abertura de espaços sedutores, proliferantes, que deverão atingir grande parte dos educandos.
  • 8. 8 Partindo desta concepção a leitura do livro: Pobres, resistência e criação: personagens no encontro da arte com a vida, foi fundamental para que eu pudesse pensar nas oficinas desse roteiro. A partir de uma abordagem nietzschiana, este estudo trata da potência dos pobres e requer a introdução de um novo diálogo, numa perspectiva em que a pesquisa possa extrair do mundo uma invenção que arde, cria e reconduz à vida, fazendo ressoar a potência soberana do sujeito. Ao invés de privilegiar um universo moral que a tudo ordena, parte-se da potência afirmativa que se ergue como ética criadora de modos de vida, apontando para um sujeito ético- político intenso, ousado e pleno de superação. Restituindo à verdade seu caráter limitado, desfazendo-se do véu absoluto da razão, trata-se, sobretudo de incitar o pensamento e a vida a se abrirem ao múltiplo, longe de certezas e modelos, na direção infinita experimentação criadora. Cerqueira, 2010, neste estudo focaliza o campo das artes – literatura e cinema – cujo recorte define a escolha de três personagens: Carlitos, que tornou clássico o cinema mudo criado por Charles Chaplin; Gabriela, do romance de Jorge Amado, e Macabéa, protagonista de A hora da estrela, de Clarice Lispector. Intrigantes, os personagens ensaiam a possibilidade de um por vir, aonde o mundo o venha a ser saudado por um povo nômade, surpreendente e indomável. Os personagens multiplicam e fazem circular entre nós potências puras que inundam seu percurso existencial e expressam foram ilimitadas de criação, concedendo um estatuto mais nobre à vida. Após refletir sobre as trajetórias desses personagens fiz um contraponto com o livro: A arte de construir cidadãos: As 15 lições da Pedagogia do Amor, onde Roberto Carlos Ramos narra sua história de vida que ganha potência à medida que acredita nos seus sonhos mesmo quando tudo contribui para que ele desista. Nesse sentido os estudos de Cerqueira, 2010 contribuem para nos ajudar a pensar que a história de vida de Roberto Carlos Ramos, que é um sujeito potente e criador por excelência, com capacidade de correr riscos, abandonando riscos vínculos estáveis e tornando-se cúmplice do acaso, do improvável. Para a autora viver não
  • 9. 9 significa sobreviver, o que remete às forças de conservação. Pelo contrário, viver é essa capacidade de ultrapassamento, de experimentação das formas de ser, é abrir-se a potências desconhecidas, é reinventar-se. Nesta perspectiva acredito que uma educação empreendedora incentiva seus alunos a conhecer a biografia de pessoas como Roberto Carlos Ramos, o contador de histórias. Nas palavras de Baptista (2011), a literatura deve ser um encontro de valores, valores dignos que conduzam a uma fascinante construção humana. Para tanto quero apresentar neste roteiro sugestões de quatro oficinas escolhidas sistematicamente e sob orientação de profissionais com grande experiência na temática em questão e que muito contribuíram com suas considerações sobre a importância da sequência e do fechamento das oficinas para que levem ao enriquecimento e sensibilização de professores e alunos para o trabalho com a literatura, Arteterapia e cinema pensando sempre na importância dos sonhos. Nesse sentido serão apresentamos o roteiro de quatro oficinas pensadas para ser um ponto de partida para que os JPPeas possam descobrir a existência dos seus sonhos em sua profundidade e conscientizando de que somos os responsáveis por transformá-los em realidade. Parafraseando Elizabeth Hazin, 1985, é interessante notar que o sonho não determina apenas a diferença entre o adulto e a criança. Também a semelhança entre eles reside precisamente nos sonho e é aí (e unicamente aí) que eles se encontram. É o sonho que une as duas pontas do fio – infância e idade adulta, fechando em círculo a existência do homem. É ele que projeta o adulto no futuro e preserva a criança no tempo, apesar do tempo: o adulto já existe porque a criança o inventa, assim como a criança vive porque o adulto a recria. Para a autora quando a criança sonha com o adulto, tal sonho corresponde à imagem do homem com que ela se identifica, vale pelo retrato que ela ainda vai ser. No adulto, o sonho é um retorno ao que ele já foi. Como no verso de Drummond, “Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho”.
  • 10. 10 Argumenta Hazin, mas se por um lado o sonho é a medida da diferença entre o adulto e a criança (o sonho da criança é diferente do sonho do adulto), por outro, é apenas no sonho que se dá o encontro entre os dois. Só no interior do sonho é possível conciliar a criança real com o adulto sonhado, ou a criança sonhada, com o adulto real. Aqui chegamos a um ponto que parece de grande importância: se a criança e o adulto se encontram no sonho, também na literatura (que é uma forma de sonho) se dá o encontro. Antes de entrar especificamente no Roteiro 3 penso ser fundamental tomar algumas precauções para a realização das oficinas propostas aqui. A contribuição de Adriana Friedman vem ao encontro desta minha proposta e reproduzo abaixo algumas das suas recomendações apresentadas no Livro FRIEDMAN, Adriana. Dinâmicas: criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. Não é fácil encontrar o caminho do despertar autêntico (...). A principio podemos aprender com a experiência alheia, inspirando-nos com o exemplo dos mestres e sábios, (...) Ouvimos muitas melodias diferentes, pois é assim que as grandes tradições espirituais expressam a harmonia essencial. (...) Todos aqueles que já buscaram a sabedoria têm em comum que aprenderam a ouvi-la em seu próprio coração, atentos à harmonia subjacente, enquanto percorria cada um seu próprio caminho. (Histórias da alma, histórias do coração- Compiladas por Christian Feldman e Jack Kornfield). Afinal, ninguém “descobriu a América” Quando trabalhamos com grupos há dinâmicas que “dão certo” e que muitas vezes são repetidas. O interessante é que, com cada grupo, elas se tornam diferentes. As reações e as respostas nunca são as mesmas. Por isso mesmo, é recomendável, antes de propor uma dinâmica, vivenciá-la. Podemos surpreender-nos com as reações dos outros, mas, ao menos, temos algum “ “continente” para lidar com o inesperado.
  • 11. 11 Quando propomos um método, uma estratégia ou uma dinâmica, de forma automática, surgem dois tipos de frustração, por ela não ter tido os resultados esperados, ou susto, por defrontar-nos com reações jamais imaginadas. Vejamos um exemplo: Falar da própria infância pode evocar uma lembrança feliz, mas pode também ser uma experiência difícil. Lembrar-se de episódios e partilhá-los com um grupo que pouco conhecemos nem sempre é uma tarefa simples. É importante trazer de volta nossos espaços, tempos, personagens e objetos significativos de infância: eles continuam fazendo parte do nosso ser. A criança que fomos existe sempre dentro de nós, espontânea, autentica cheia de desejos e energia e, muitas vezes, frustrada por desejos não realizados ou feridas não cicatrizadas, ou relações mal resolvidas, ou... As receitas prontas e padronizadas não cabem quando trabalhamos com pessoas. Já quando ousamos criar, improvisar ingredientes e ideias... a história é outra. Sentimo-nos por um lado eufóricos, criativos, ansiosos e inseguros: será que vai dar certo? Propomos uma atividade diferente e sentimo-nos “descobridores da América”. Mas quando vamos pesquisar estudar ou vivenciar outras situações, descobrimos que outros já tinham pensado em algo semelhante. Nunca será igual. Nossa criação tem a nossa personalidade, o nosso jeito singular, mas é bom perceber que ninguém é um gênio especial e que também não somos donos das ideias. Elas são peculiares do jeito que eu as coloco que eu as levo adiante, a partir dos objetivos que eu tenho em mente. Elas podem ser perfeitas para um grupo e um fracasso para outros. Mas as ideias não são patrimônio de ninguém. Você pode ter certeza de que nenhuma outra pessoa no mundo fará igual a você. Você é único, naquele momento com aquele grupo, com aquela proposta.
  • 12. 12 “Ficar presente” e sentir o grupo e suas necessidades é a “chave” principal. Ter flexibilidade para tirar uma carta do bolso. Aproveitar as respostas negativas, “os rebeldes” e os nossos próprios erros, para olhar pelo avesso. Atuar no grupo é um exercício para o educador apurar a observação e aprender a ouvir. Para aguçar sua capacidade é importante ele ter passado pela vivência antes de aplicá-la. Obs.: Lembramos que neste Roteiro de Estudos de 16 horas o foco principal é planejamento, preparação e desenvolvimento das quatro oficinas que devem ser aplicadas em dias alternados seguindo a sequência para que a finalização seja realizada com a exibição do Filme: Fernão Capelo Gaivota, fechando-se assim o ciclo.
  • 13. 13 ROTEIRO DAS OFICINAS 1º DIA - Oficina elaborada por Beatriz Sales da Silva Esta oficina visa socializar a força da literatura através da história de vida do Educador Roberto Carlos Ramos e favorecer a discussão da importância dos sonhos na vida das pessoas como potência criadora do sujeito empreender novos horizontes em sua vida. Com ela estamos construindo esta proposta da escola comprometida com a promoção do espaço para incentivar os alunos acreditar nos seus sonhos e empreender. 1º Momento: Apresentação - Tempo estimado – 10 min. Na entrada, cada pessoa recebe um cartão de diferentes cores onde escreve seu nome e depois prende com um alfinete de roupa; Realiza-se uma breve introdução onde se acolhe os participantes e o coordenador se apresenta; Em cada um dos grupos, os integrantes devem dizer o seu nome e se agruparem pelas cores formando grupos de acordo com o número total de participantes. 2º Momento – 1h 30m aproximadamente O Coordenador diz que vai contar uma história sem falar quem é o autor. Após a leitura estimula o grupo perguntando para os participantes se aquela história é real ou fictícia e o porquê da resposta. Em grupo eles devem intervir e mudar o final da história. Cada grupo apresenta um novo final para a história. LEITURA DA HISTÓRIA “Embora não soubesse ler nem escrever, aconteceu algo interessante quando eu tinha oito anos. Percebi que um bom contador de histórias é aquele que conta às histórias que as pessoas gostam de ouvir. O bom professor é aquele que sabe ensinar do jeito que os alunos estão aptos a aprender: Assim como o bom vendedor é aquele que
  • 14. 14 sabe vender o que o cliente quer comprar. Se uma pessoa tem algum interesse na vida, se vai, por exemplo, a uma loja com a intenção de comparar um liquidificador e o vendedor insiste em lhe vender o forno micro-ondas e seu interesse não é atendido, ela vai sair dali e procurar uma loja que tem o liquidificador que quer comprar. Eu sabia que os meus colegas tinham muitos interesses na rua. Eles gostavam de ouvir histórias, novidades. Todas as vezes que parávamos em frente de uma banca de jornal e revistas ficávamos vendo as fotografias dos jornais, e quando ouvíamos comentários sobre algum acidente tentávamos interpretar as fotografias estampadas nos jornais. Assim, descobri que meus colegas gostavam muito de histórias. E fui mais além. Como bom observador, aos oito anos percebi que os meus colegas de rua se interessavam por assuntos relacionados com a violência, tais como atropelamentos, sequestros, assaltos, ou qualquer coisa que tivesse sangue. A página policial era para a maioria deles a mais interessante de um jornal. Como não tinha ninguém para ler, eu passei a fazer o papel de leitor oficial da turma. Um dia chamei os meus amigos e me ofereci para ler o jornal para eles. Alguns se assustaram e me perguntaram: __Uai, Neguinho, você sabe ler? __ Sei, sim. Aprendi com dois meses de idade ----exagerava. Eu estava no berço e li a Bíblia toda para minha mãe. Então eles me desafiaram: __ Comece a ler que queremos ouvir. Peguei uma página com uma fotografia de uma linha de trem. Na mesma hora inventei a história que comecei a “ler “ para eles: __”Uma mulher foi atropelada na linha do trem, o trem passou por cima dela, mas ela não morreu na hora e ficou gritando: Pelo amor de Deus, me ajudem. Para que essa mulher pudesse morrer o maquinista desceu do trem na hora e lhe deu dois tiros de escopeta na cara. Assim ela morreu...” Curiosos os meninos me perguntaram: __Mas onde foi que aconteceu isso? __Foi na Praça da Estação de Belo Horizonte.
  • 15. 15 No mesmo instante a turma saiu correndo rumo a Praça da Estação para ver se ainda conseguiam ver alguma coisa daquele acontecimento tão trágico, mas ao mesmo tempo tão sedutor que os atraía tanto. Percebi que eles realmente acreditaram na história que eu tinha criado naquele momento apenas com a visão daquela fotografia da linha de trem. Quando chegaram a Praça da Estação e perguntaram aos transeuntes sobre o atropelamento, ninguém sabia de nada. Para minha felicidade chegaram à conclusão de que o jornal tinha mentido. Mas percebi que eles acreditaram que eu sabia ler e passei então a fazer o papel de leitor. Recebia deles muitos elogios. __O Neguinho lê melhor até que a tia da FEBEM. Ela fica lendo aquelas histórias de gatinho, de porquinho, só coisa boba, e ele só lê histórias que a gente gosta. Eu sabia que corria um risco muito grande se chegasse algum colega alfabetizado e descobrisse que eu ficava criando histórias. Então comecei a me preparar para enfrentar tão provável situação. Quando chegava um colega que sabia ler, eu logo passava a bola para ele e deixava que ele fizesse a leitura. Dizia para a turma que ele também sabia ler e lhe passava o jornal. Porém, a leitura era quase igual à de qualquer criança que estava sendo alfabetizada – com muitas pausas e sem muita emoção na narrativa. Aí a turma reclamava: __Esse cara não sabe ler direito, não. Ele é analfabeto. O Roberto é que sabe ler. Mostra pra ele como se lê. Eu pegava o jornal e começa a inventar histórias: __”Um menino caiu do décimo andar de um prédio, quebrou os dois braços e as duas pernas. Quando ele chegou ao pronto-socorro cortou o pescoço do médico com uma navalha...” E por aí continuava com as histórias de sempre, com muito sangue, das quais a turma já era fã. Trecho extraído do Capítulo: Lição nº 3 Noção de Relacionamento do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do Amor. Ramos, Roberto Carlos. São Paulo: Celebris, 2004.
  • 16. 16 3º Momento: Após a apresentação dos grupos apresentando um novo final para a história o coordenador faz a leitura da introdução do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do Amor. Ramos, Roberto Carlos. São Paulo: Celebris, 2004. Refletir com os JPPEAS se eles imaginavam que esta é uma história real. LEITURA DA HISTÓRIA Há muito tempo as pessoas vinham insistindo comigo para que eu escrevesse a minha história de vida, pois, segundo diziam, ela poderia estimular os leitores a uma postura mais feliz e mais critica perante a própria vida. E eu sempre quis escrever um livro que começasse com um parágrafo épico do tipo: “Eu sou Roberto Carlos Ramos, do clã dos Ramos, da décima geração desde a chegada dos meus ancestrais a esta terra...”, mas a verdade é que minha família nunca pertenceu a um clã. Meus pais, negros, são pessoas comuns, humildes e moradores de uma grande favela da minha cidade, Belo Horizonte. Pela própria simplicidade, meus pais perderam o contato com as histórias dos nossos avós e ancestrais, de forma que não sei direito quem foram. Não sei contar se vieram para cá em caravelas portuguesas, em porões de navios, ou mesmo fugidos do Egito. Tudo o que sei é que meus pais foram e são pessoas boníssimas, pobres e fantasticamente éticas, e, por não terem história para me contar, escrevo então a nossa história com base na minha vida, pelo menos para que parte dela não se perca. Então começo assim minha história de vida: Meu nome é Roberto Carlos Ramos, sou negro, gosto de sorrir para as pessoas e para a vida, moro num a casa grande de três andares, no alto de uma colina, tenho uma linda piscina, dois carros muito bons – um até é importado-, uma linda casa de campo, um apartamento na praia, um bom escritório. Tenho também treze filhos, apesar de ser solteiro. Sou mestre em educação por uma das melhores instituições universitárias do país e tenho bons amigos. Mas já tive febre um dia, não tive em muitas ocasiões comida, fiquei muitos anos longe das escolas e só fui alfabetizado aos catorze anos. Menino de rua na minha cidade passei por vários orfanatos e internatos, dos quais fugi cento e trinta e duas vezes e acabei sendo tachado de irrecuperável quando tinha apenas nove anos de. Já cheirei cola de sapateiro e fumei maconha. Até os dez anos
  • 17. 17 mijava na cama. Tive piolhos no cabelo e catarro escorrendo pelo nariz. Mas aos treze anos algo extraordinário me ocorreu e o meu destino mudou drasticamente. Eu estava física e espiritualmente machucado ao ter-me envolvido numa briga com uma gangue de meninos de rua. Fui espancado e estuprado por uns cinco garotos maiores do que eu, o que me rendeu uma tentativa, felizmente frustrada de suicídio e setenta e dois pontos pelo corpo afora. A mudança em minha vida, à qual denomino um “acontecimento extraordinário”, se deu graças a uma educadora francesa, uma mulher fantástica que, como mãe, professora e fada que era me ensinou a diferença da vida dos seres humanos e me deixou de herança uma varinha de condão, que é uma forma maravilhosa que permite mudar a vida das pessoas e o que se desejar. Muda até mesmo o próprio destino. Em seguida assistir o Vídeo Roberto Carlos Ramos parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=related (9 mim) Pedagogia do Amor Roberto Carlos Ramoshttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnU (1 min)
  • 18. 18 2º OFICINA Tempo estimado: 2 HORAS O Coordenador da oficina reúne os JPPEAS em círculo e diz que vai contar a história “Sei por ouvir dizer” do escritor Bartolomeu Campos de Queirós que conta mais ou menos assim: APRESENTAÇÃO Uma senhora tem três idades e usa três curiosos pares de óculos. Um garoto encontra os óculos, usa-os, perde-os, e, ao final, descobre os mundos da fantasia e da realidade. Acompanhe a trajetória dessas duas figuras e descubra o que eles têm de mágico e o que podem lhe dizer sobre sua própria vida. Ilustração Suppa
  • 19. 19 SEI POR OUVIR DIZER BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS Não era uma vez. Eram três vezes uma senhora, com três idades: uma idade passada, outra idade presente, e outra idade futura. Diziam que ela vencia agora a sua última idade. A mulher tagarelava, afirmando ter nascido em três datas. Dizia comemorar três dias de aniversário: no dia de são nunca, no feriado de nossa senhora do sempre, e no dia da mentira. Quem a conheceu contava que ela narrava essa história, sorrindo para o lado direito, em seguida para o lado esquerdo, e depois para quem tivesse indeciso em acreditar. Parecia brincar de fazer três caretas. Uma feia, uma bonita e a terceira mais cruel ainda. Explicava ter morado em três cidades: na terra do ontem, na vila do hoje e na capital do amanhã, e se dizia filha de três casamentos. Declarava ser de um país que não tinha dia, não tinha noite, nem fronteiras, onde se falavam três línguas: uma só feita de vogais, outra apenas de consoantes e uma terceira feita de silêncios. A bandeira de sua pátria foi costurada com três retalhos coloridos: um pedaço cor de nada, outro cor de vazio e o terceiro com metros estampados de silêncios. Eu duvidava da existência dessa senhora. Mas não me custava fazer de conta. Podia usar três maneiras para explicar meus motivos: que foi um sonho meu, uma fantasia, ou não ter um que fazer. O senhor Trindade, vizinho da velha senhora, resmungava que ela aparecera naquele lugar num dia sem manhã, num mês sem semanas, num ano fora do calendário. Eu, a bem da verdade, não conheci o senhor Trindade. Imaginava ser um homem também dividido em três: cabeça, tronco e membros. Uma cabeça para imaginar, um tronco com grades para proteger o coração, pernas para ir e voltar e mãos para dar e receber.
  • 20. 20 Ele teimava que a mulher tinha construído sua casa três vezes pequena, numa ilha chamada Tríplice. Três rios protegiam sua morada: um rio subia pela terra acima, outro descia morro abaixo e, no terceiro, as águas não haviam escolhido a direção. No rio que subia morava um barco com três velas acesas. No rio que escorregava viviam cinco peixes comendo três pães, e acreditavam em milagre. No rio sem direção não nadava nada. Três pontes cortavam suas águas, construídas com madeiras frágeis como é a esperança. A casa se mantinha de pé com apenas três paredes: um muro contra o vento, outro contra a chuva e mais outro impedindo o medo de entrar. A quarta parede não existia. Por ela entravam os convidados. Em cada parede, uma janela. Na primeira ela se debruçava e sorria, olhando o longe. Na segunda janela, ela chorava, olhando as coisas mais próximas. Na terceira, ela escrevia cartas sobre a linha do horizonte. Usava três penas: uma pena de passarinho para falar de céus, uma pena de juiz para contar casos de terra. Com a outra pena, ela sentia pena de quem não sabia ler o livro da fantasia. Um dia, uma voz vinda de não sei onde, me soprou baixinho, bem ao pé do ouvido, o maior dos segredos da velha dama. Eu me assustei e cheguei a ter três noites sem dormir e desmaiei três vezes: no café da manhã, no almoço e no jantar. Ela usava três pares de óculos. Um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os dois. E mais, invejando a felicidade da mulher, todos os habitantes sonhavam em comprar três pares de óculos, como os dela. Mas a velha senhora jamais contou o endereço. Fiquei confuso e, no princípio meu desejo era de não acreditar. E se ela tivesse mesmo três pares de olhos?, me perguntei: um par na testa, dois no lugar dos olhos e mais um par de olhos no queixo? Fiquei espantado com minha ideia. Coisa impossível. Seu rosto seria muito estranho. E para ver o mundo não são necessários tantos olhos. Guardar na memória o que seis olhos vem é impossível. E mesmo os que não a conheceram, elogiavam a beleza daquela senhora. Parecia feita de três gotas de sereno, três grãos de açúcar e três toneladas de mansidão.
  • 21. 21 Uma mulher assim precisar de seis lentes era muito para um menino compreender. Só que eu não pretendia compreender. Só procurava ver. Quem vê, não duvida. Mas jamais cheguei a conhecê-la. Ouvi boatos sobre a sua passagem. Ela partiu três horas antes da minha chegada. Ficara sabendo que eu havia descoberto seu segredo. Procurei por ela, e alguns respondiam que fora viver em Três Corações. Outros falavam que morava, hoje, em Três Pontas. Havia que afirmava que se mudara para o Triângulo Mineiro. Acredito que ela passeia pelo Triângulo das Bermudas, mas ninguém me escuta. Dizem que vivo no mundo da lua. Quero ter certeza de que ela existiu. Acredito que a mentira é uma outra verdade. Ao entrar em sua casa, passando pela parede que não existia, encontrei seus três pares de óculos, dentro de três caixas com cadeados, sobre três cadeiras de balanço. Devia ter viajado muito de repente e esqueceu seus olhares descansando, pensei. Ou, quem sabe, ela descobriu que os óculos não lhe faziam mais falta. Guardei-os para mim. Eu enxergava pouco naquele tempo. Confundia o verdadeiro com o falso, o distante com o próximo, o maior com o menor, o amor com o desamor. E mais! Meus olhos não enxergavam o lá longe, ignoravam o cá perto e não sabiam encontrar horizontes. Ao deparar-me com seus três pares de óculos, a alegria disparou no meu coração. Mas me ocorreram três dúvidas: E se ela voltasse para busca-los? E se esqueceu o caminho de volta? E se viajou pelo rio que rola e virou mar? A felicidade faz a gente ficar inseguro. Não perguntei a ninguém por ela. Por muito ouvi dizer, os mais antigos contavam que ela se chamava Maria das Dores. Os mais jovens afirmavam ser Maria do Céu. Eu cismava ser Maria das Graças. Mas todos a conheciam como a mulher que tinha três pares de óculos: um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os dois. A coragem e a curiosidade me ajudaram a entrar em sua casa. Assentei-me em uma de suas três cadeiras. Segurei o primeiro par de óculos que estava ao meu lado, arrombei a caixa e vesti minha cara. Eram os óculos para
  • 22. 22 ver o longe. E tudo veio para junto de mim de repente. Os pássaros cantavam em meus ombros; as borboletas pousavam em meus joelhos; as frutas enchiam meu colo; a música das cigarras cerrava meus ouvidos, os rios corriam debaixo dos meus pés; eu passeava sobre as montanhas sem sair de casa, as árvores me cobriam de sombras. Até o amos veio me visitar, chegando devagarinho, devagarinho. A linha do horizonte passou a morar em meu caderno; as nuvens navegavam no teto da casa. Tudo o que me parecia longe, longe, agora eu podia tocar, acariciar, afagar e escolher. Chegou um dia que a saudade me pediu para trazer de longe a minha infância. Usei os óculos e me vi brincando na rua, escutando história da minha vó, esperando a chegada do Natal, nervoso diante de meu primeiro caderno e aprendendo a ler na cartilha de Lili. Ansioso com tamanha beleza troquei de óculos. Usei o de ver de perto. Tudo o que me rodeava foi para bem longe: as pedras do chão, o medo que me rondava, as tristezas que guardava, os segredos, os relâmpagos, as lágrimas, as perguntas, o pernilongo cantor, o louva- a- deus religioso, as dores, as saudades; tudo viajou para bem depois. Senti pesar. É que muitas coisa que estavam perto, eu queria que continuasse perto. Não gostava de óculos que me roubavam bens: gato, cachorro, vaga-lume, a doce formiga, a melada abelha e as saudades do ontem. É que saudade só existe quando o tempo foi bom... Eu guardava tantas saudades. Mas a mulher acabou ficando preguiçosa; inventei para suportar o segredo. Não se levantava nunca da rede que ficava no meio da casa. Vivia cheia de preguiça e nem mais dormia. Quando o sono passava, ela usava óculos de ver de perto, e o escuro fugia para longe. E se trocasse os óculos de ver o perto pelos os de ver o longe, a noite vinha, mas se esquecia de trazer estrela e lua. E o que ela mais queria era a companhia das amigas estrelas chamadas de Três Marias. Maria das Graças mostrava medo e solidão.
  • 23. 23 Pensei bastante e conclui: quem possui três pares de óculos não morre nunca. Todas as vezes que a morte se aproxima, é só usar os óculos de ver o longe que a vida vem viver perto. Fiquei com três pares de óculos para mim. Perdi, por descuido, os óculos de ver o perto e os de ver o longe. Acho que ao usar os meus próprios óculos, descobri que a minha memória podia ver o longe, o perto e escolher entre os dois. Sonhar meu sonho passou a ser melhor que fantasiar sobre os três pares de óculos. O problema é que me sobraram os óculos para procurar os dois. E quando uso, não descubro o que está perto nem o que está distante. Tudo fica misturado e difícil de separar. Agora, moram em mim, num mesmo tempo, o feio e o bonito, o triste e o alegre, o medo e a coragem, a partida e a chegada, o céu e a terra, o doce e o salgado. E por mais esforço que faça, não consigo arrancar de mim os óculos de procurar os dois. Insistiam em ser os meus olhos da verdade. Mas sem gostar de confusão, pedi ajuda ao senhor Trindade. Ele veio, fez força e sumiu com os óculos para nunca mais. Se me pergunto onde foram parar os outros dois pares de óculos, penso que avelha senhora os levou. Ela deve estar perto do paraíso, olhando uma santíssima trindade: céu, inferno e purgatório. Precisa dos óculos para não errar na escolha do destino. Ela sabe afastar o que incomoda e se servir apenas do que conforta. Mas, se ela se sentir só, bem poderá usar os óculos de ver o longe e me buscar. Quero muito conhecê-la. Hoje descubro que não necessito mais de óculos. Os meus olhos de verdade estão sempre procurando o longe para equilibrar o que está mais perto. Assim vivo de real em real, de fantasia em fantasia. E quanto mais sonho mais acordado estou. Posso afirmar que todos nascemos com três pares de óculos. É uma cortesia que a vida nos faz. O difícil é saber usá-los.
  • 24. 24 Oficina adaptada do site: http://www.edelbra.com.br/ppe/cpe/Roteiro_SeiPorOuvirDizer.pdf Após a leitura do texto o Coordenador abre espaço para os JPPEAS contarem suas experiências: 1. Assim como Maria, cada aluno divide sua vida em dois momentos: o momento do passado e o do presente, apontando fatos marcantes em sua história de vida. 2. Sugerir que os alunos façam uma linha cronológica utilizando uma cartolina mostrando momentos do passado e do presente e imaginando o seu futuro. ATIVIDADE: I – ÁLBUM DE VIDA 1. Incentivar os alunos, a partir da linha cronológica de vida já feita, a construir um álbum desenhos de sua vida, destacando, através de imagens e de textos curtos (tipo legendas), momentos importantes do seu passado e do seu presente. Em relação ao futuro, o aluno simulará “fotos” de fatos e de situações que ele acredita que ocorrerão consigo nos próximos anos. II — OS ÓCULOS TRIPLOS 1. A turma é dividida em 3 grupos: o do passado, o do presente e o do futuro. Após, são motivados a criarem óculos, em cujas lentes sejam colados desenhos ou gravuras recortadas de jornal ou de revista com cenas que representem estes três momentos. Cada aluno fará os seus óculos de acordo com o grupo do qual faz parte. Os óculos podem ser expostos por grupo e os alunos explicarão o que as lentes do passado, do presente e do futuro veem. Obs.: Tal atividade, em princípio, aponta para uma visão mais geral do mundo e das coisas que acontecem ao redor, estimulando o aluno a perceber a realidade que o cerca, projetando situações para o futuro e percebendo fatos do passado responsáveis, de certa forma, pelo presente.
  • 25. 25 FECHAMENTO OFICINA 2 ELABORADA POR ADRIANA FRIEDMANN in FRIEDMANN, Adriana. Dinâmicas criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. OFICINA: Ontem – hoje - amanhã Tempo de Duração: Aproximadamente 1 hora 30 m Olhar para o ontem, o passado, é o olhar que dá a direção para o amanhã, o futuro; mas não podemos esquecer- nos de olhar para o hoje, o presente. Cada participante recebe três folhas em branco. Na primeira folha deverá registrar as lembranças de quando tinha entre 11 e 15 anos e representá-las com símbolos, desenhos ou imagens: Como eu era. O que sentia. Do que mais gostava. O que me revoltava. No que acreditava. Pelo que lutava. Como era minha família. Como era minha turma. Na segunda folha: Como eu sou. O que sinto. No que acredito. No que deixei de acreditar. O que me revolta.
  • 26. 26 Na terceira folha Para onde estou indo. O que quero mudar em mim, na minha vida. O que quero transmitir para as crianças, igual ou diferente do que já vivi. Cada participante conta brevemente suas expressões. Recolhem-se os papéis que são agrupados em conjuntos Ontem – Hoje – Amanhã. Formam-se três grupos, cada um dos quais recebe um dos três conjuntos. O primeiro grupo deverá, com os dados recebidos, fazer uma representação, o segundo grupo, uma história, e o terceiro uma música. Após as apresentações, realiza-se um debate. Encerrar a dinâmica com a distribuição da letra da música Bola de Meia, Bola Gude, Milton Nascimento, onde todos cantam.
  • 27. 27 Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto balança Ele vem pra me dar à mão Há um passado no meu presente Um sol bem quente lá no meu quintal Toda vez que a bruxa me assombra O menino me dá a mão E me fala de coisas bonitas Que eu acredito Que não deixarão de existir Amizade, palavra, respeito Caráter, bondade alegria e amor Pois não posso Não devo Não quero Viver como toda essa gente Insiste em viver E não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal Bola de meia, bola de gude O solidário não quer solidão Toda vez que a tristeza me alcança O menino me dá a mão Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto fraqueja Ele vem pra me dar à mão 14 Bis - Bola de Meia, Bola de Gude - 4 min. - www.youtube.com/watch?v=3QHkSFCV2GU8 set. 2008
  • 28. 28 3º DIA OFICINA ELABORADA POR FABIANA GERALDI GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.) Mitos e Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010. Difícil questão. Sair do mundo infantil e entrar na adolescência implica uma série de transformações, internas e externas, que para muitos, torna-se confusa e sofrida. É um momento de reeditar uma identidade formada na infância. Para isso o adolescente precisa estar conectado de alguma forma à sua essência, a sua história. Ele precisa se reencontrar, se reconhecer nesse processo de amadurecimento, tal como Teseu precisou de um fio para conduzi-lo pelo labirinto do Minotauro. O mundo contemporâneo traz algumas questões que dificultam ainda mais esse processo tão delicado. Pais, muitas vezes ausentes e permissivos, preocupados em preparar seus filhos para um mundo rápido e competitivo, Adolescência: Uma passagem mitológica- Mito de PARSIFAL O que é deixar de ser criança?
  • 29. 29 submete-os a um “fazer” incessante muito cedo. A falta de limites e regras deixam os jovens perdidos e sem referências. A sociedade do consumo e do descartável prega o prazer imediato e fugaz por meio das aquisições de objetos e de relacionamentos instantâneos. A tão esperada liberdade sexual atrelada ao medo da AIDS torna as primeiras experiências ainda mais inseguras. Privacidade dá lugar a uma exposição excessiva por meio de orkuts, youtubes e skipes. A mídia dita os padrões de estética, em que os corpos perdem sua identidade e subjetividade e são colocados como mais um objeto de consumo. Com o corpo ainda em formação, os adolescentes colocam próteses, fazem plásticas, tatuam-se, colocam piercings, buscando um padrão de beleza externo e impositivo. Nessa fase da vida, a ditadura da beleza ainda é mais perigosa, pois eles precisam do grupo para sentir-se reconhecidos. A maioria dos jovens acaba não conseguindo se diferenciar do grupo e dos ditames da beleza padronizada, tomando eternamente emprestado a identidade do outro. O adolescente, em um mundo dos iguais, não consegue conectar-se com o seu corpo, tornando-se uma terra devastada e estéril. Diante de sua história, ele desconecta-se da sua essência, do seu sagrado. É nesse contexto que os ritos e os mitos tornam-se muitos importantes. As famílias contemporâneas instigadas a dar valor ao que é superficial e consumível, esquecem ou dão pouca atenção ao que há de mais precioso: a sua história. O tempo é tão curto para dar conta de toda demanda do mundo moderno que não sobram vazios, “gás”, entre uma atividade e outra. As pessoas não têm tempo para costurarem as experiências que vêm aos turbilhões. A falta desse tempo de conexão consigo mesmo traz para o adolescente vários sintomas, tais como: ansiedade, estresse, síndrome do pânico, compulsão, anorexia, droga-adição.
  • 30. 30 O mito vem para ajudar a constituição da identidade podendo ser uma maneira de conhecer o mundo por meio da representação simbólica. Os mitos têm o poder de entrar no mundo dos mistérios que a humanidade não deu conta de decifrar. Histórias e imagens míticas podem aliviar os conflitos internos a ajudar a descobrir uma profundidade e um sentido maior na vida. O adolescente vive um momento mítico, ele precisa matar padrões que já não servem e seguir uma jornada de busca do verdadeiro eu. Vários mitos falam dessa trajetória, a jornada do herói. Cada um de nós é um herói. Isso é um dote. Temos um chamado para a aventura. Recusamos. Segue-se uma crise. Não podemos voltar atrás e atendemos o chamado. Juntamos auxiliares, professores, guias E cruzamos o limiar desconhecido. Perdemos a nossa identidade e afundamos em um abismo, no nadir, na barriga da baleia. E emergimos. Começamos a viajar de volta para casa, para aquilo que conhecemos – cruzando de volta a fronteira. Nós voltamos TRANSFORMADOS. (KELEMAN, 1999, p.19)
  • 31. 31 Esta é a trajetória arquetípica de um herói, segundo Joseph Campbell. A lenda de Parsifal representa a busca de um adolescente ingênuo e ainda sem forma, por sua verdade e a sua essência. A Arteterapia para adolescentes tem nos mitos uma poderosa ferramenta de sensibilização, uma ponte para o self, para o tesouro perdido. O trabalho feito a partir de um mito torna-se cada vez mais forte, pois atua no campo arquetípico, nas camadas mais profundas da psique. A arte, nesse caso, pode ritualizar a passagem de um corpo abandonado, dissociado da razão e do meio externo, para um corpo com vida, integrado á sua natureza. Ao final da apresentação da Lenda de Parsifal, apresentarei um trabalho de Arteterapia que podem ser utilizado com adolescentes. A LENDA DE PARSIFAL Quando menino, Parsifal foi mantido afastado do mundo por sua mãe. Seu pai tinha morrido em combate antes de ele nascer, e nada restara à mãe senão esse filho, que ela estava decidida a não perder. Assim escondeu-o no coração da floresta e não lhe contou sobre seu direito nobiliárquico de se tornar um cavaleiro na corte do rei Artur, como seu pai. Mas mãe de Parsifal deu-lhe ensinamentos sobre Deus, assegurando que o amor divino ajuda todos quantos vivem na terra. Assim, um dia, ao encontrar um cavaleiro belo e cortês que fora perseguido e se embrenhara na floresta, Parsifal só pode presumir que essa criatura superior era Deus em pessoa. Embora a ilusão do jovem tenha sido devidamente desfeita, o encontro com o cavaleiro despertou seu instinto natural de seguir seu próprio destino, e Parsifal implorou à mãe que o deixasse partir para o mundo. A mãe finalmente deu consentimento, e ele partiu,
  • 32. 32 com uma roupa de bufão; a esperança da mãe era que essa roupa despertasse tamanho escárnio e que o jovem voltasse para ela. Mas Parsifal insistiu em sua busca, a despeito das zombarias, e, no devido tempo, sendo levado por um cavalo sem rédeas, chegou ao castelo de Gurnemanz. Esse nobre dispôs-se a ser mentor do rapaz e lhe ensinou as regras da cavalaria. A roupa de bufão foi retirada, assim como o instinto tolo de Parsifal, e Gurnenmanz o instruiu na cortesia, e que talvez fosse o mais importante, na ética que havia por trás dela. “Nunca perca teu senso de decência, e não importunes as pessoas com perguntas tolas. Lembra-te sempre de demonstrar compaixão pelos que sofrem”. Parsifal, no entanto, embora decorasse cuidadosamente essas palavras, na verdade não as compreendia. Aprendeu as formas externas, mas não no sentido interior. Com o tempo, as viagens de Parsifal levam-no a uma terra distante, onde os campos eram desertos e estéreis. Em meio a essa terra deserta, havia um castelo, onde ele enfrentou seu primeiro teste de maturidade. Mas havia uma tarefa para o qual ainda não estava preparado. Havia no castelo um rei doente, que se debatia na cama em grande aflição. Era o rei do Graal, que havia transgredido s leis da comunidade do Graal ao buscar, sem permissão, o amor terreno. Como castigo, fora ferido na virilha, e assim permaneceria até que um cavaleiro desconhecido lhe fizesse duas perguntas. “Senhor, o que vos aflige?” deveria ser a primeira indagação do cavaleiro ao rei enfermo. Havia também grandes maravilhas no castelo, e o próprio Graal poderia aparecer ao estrangeiro que lá chegasse; mas o rei só se curaria quando o cavaleiro desconhecido fizesse a pergunta: “Senhor pra que serve o Graal?” Nessas duas perguntas, estaria a redenção não apenas do rei doente mas também da terra deserta. Ao ver o rei adoecido em seu leito, entretanto, Parsifal só consegui se lembrar da forma externa do conselho de Gurnemanz – que a curiosidade era uma indelicadeza e que ele não deveria importunar os outros com perguntas tolas. Esqueceu-se de demonstrar compaixão pelos sofredores. Assim, não disse nada. E quando o próprio Graal apareceu – acompanhado pelos doces dons da música celeste, transportado em lenta procissão pelos Cavaleiros do
  • 33. 33 Graal, guardado por donzelas e revelando-se em ima explosão de luz celestial- o jovem cavaleiro admirou-o intensamente, mas manteve a boca fechada, por medo de parecer tolo. E assim nada disse. Ouviu-se então um grande estrondo de um trovão, e o castelo desapareceu, enquanto uma voz dizia: “- Jovem tolo, não fizeste as perguntas que deveria ter feito, o rei teria se curado, seus membros teriam se fortalecido, e toda terra seria recuperada. Agora, vagarás pelo deserto por muitos anos, até aprenderes a ter compaixão”. E Parsifal, percebendo tardiamente sua tolice, partiu para o deserto em um alvorecer frio e cinzento, determinado a um dia conquistar o direito de ter-lhe outra vez concedida a visão do Graal. Comentários: A lenda de Parsifal sintetiza vários processos emocionais que a passagem da adolescência traz. O início do mito mostra a dificuldade da mãe em deixar o filho vivenciar experiências que o tornem capaz de ingressar no mundo dos adultos. Ela tem medo de que o filho sofra seguindo o seu destino e, com isso, tenta protegê-lo de todas as formas. Nos dias de hoje, essa proteção excessiva acaba sendo potencializada e legalizada pela violência da grande cidade grande. Isso atrapalha ainda mais a conquista da autonomia e a jornada do herói. Na lenda, quando Parsifal vê o cavaleiro, entra em contato com sua essência, se emociona com aquela imagem e sente que este é o seu destino. A Arteterapia ajuda o jovem a encontrar o “seu cavaleiro”. Quando o adolescente produz algum símbolo forte, arquetípico, ele trabalha com o seu potencial criativo. Esta é uma experiência fundamental, pois ele entra em contato com a sua verdade. Mesmo que esta venha sem rédeas e desgovernada, como o cavalo que levou Parsifal ao castelo de seu mestre. Sem experiência de vida, o adolescente absorve os ensinamentos que lhe é possível naquele momento.
  • 34. 34 Parsifal vai para a vida tentando integrar o cavaleiro externo, que ele aprendeu e viu, com o seu cavaleiro interno. Enquanto ele não está a vontade com a experiência de ser um cavaleiro único e singular, ele fica amarrado pelas leis e pelo código alheio. Seu ego diz: em uma situação inusitada, siga aos ensinamentos externos. “Não pagar o mico fala mais alto”. E, por isso ele perde a oportunidade de fazer a pergunta certa. Só o tempo e as vivências farão ele se sentir seguro para desorganizar os códigos do guerreiro e integrar a sua intuição e o seu guerreiro interno. Esta é a verdadeira sabedoria. A Arteterapia ajuda o jovem a fazer essa jornada simbólica, coloca-o frente à frente com uma imagem que o mobiliza. Por meio de trabalhos corporais e expressivos essa imagem, mesmo que sejam toscas tentativas. O corpo ainda é um deserto árido que busca o castelo perdido. Aos poucos, ele vai se sentindo mais a vontade em seu vazio criativo. A partir dessa conexão ego-self, feita pelas produções simbólicas, o adolescente se aproxima de seu próprio mito, de sua individualidade. Isto traz plenitude, auto aceitação e o respeito ás diferenças, tão importantes para esta fase da vida. Se eu tenho a mínima ideia de quem sou, eu respeito o outro. Quando aparecem diversas formas de se ver a mesma coisa de um trabalho de Arteterapia em grupo, apresenta-se então a beleza da diversidade. O belo é o que traz a verdade de cada um. No mito, em que Parsifal for capaz de reconhecer o sofrimento do rei e usar a sua compaixão para curá-lo, ele terá formado uma consciência pessoal corporificada. O guerreiro estará introjetado e transformado. O rei, velho e doente, será afetado pela maneira de Parsifal usar a si mesmo. Essa é a jornada do herói: iniciar o caminho da própria vida que lhe é dada, ir à busca do seu destino a partir de experiências internas. Integrar os opostos ao longo da vida é o caminho do Graal.
  • 35. 35 Oficinas de Trabalho: Arteterapêuticos Para serem feitos após a leitura do Mito de Parsifal TEMPO ESTIMADO 2 HORAS
  • 36. 36 Desenho Proponha ao adolescente que desenhe uma parte da história que mais chamou sua atenção. É uma maneira de fomentar uma discussão sobre o mito. Ofereça-lhe materiais fáceis de trabalhar, como giz de cera, lápis de cor, etc. Após a discussão do mito e apresentação dos desenhos realize a atividade: Vazio a partir do nome - Esta é uma atividade maravilhosa para trabalhar o vazio criativo por meio do jogo de opostos. Material: folha branca redonda, lápis de cor, canetinhas, tesoura, cola e cartolina preta. Processo: distribua para cada participante uma folha branca redonda dobrada ao meio. Solicite a cada um que escreva o seu nome dentro da meia-lua, embaixo e, de preferência, com letra cursiva (pois gera mais curvas na forma do nome). Peça a cada um que recorte a forma do nome, deixando a folha redonda com um vazio no meio (gerado pela forma do nome). Deve-se trabalhar a forma do nome em outra folha, transformando esta forma em uma produção artística. Solicite a cada um que volte para a folha redonda e coloque-a em cima de uma cartolina preta (para dar contraste do vazio no meio) e trabalhe ao redor do vazio, como se esse fosse o ponto central de uma mandala. O nome gera uma forma. A forma será transformada em algo, e o vazio que fica na folha redonda retirada da forma também irá gerar uma produção ao seu redor. O que eu posso produzir a partir do vazio que a forma do meu nome gerou? O que eu posso produzir com a forma do meu nome? A partir da experiência artística de vivenciar o vazio, o indivíduo é capaz de sentir a plenitude do encontro com o self e a potência criativa de agir a partir dele. A proposta que esta oficina enriqueça o trabalho de cada participante e fomente discussões importantes acerca da utilização da arte como um poderoso instrumento de conexão do indivíduo. Encerrar a oficina com todos cantando a música - Caçador de Mim - Milton Nascimento: Disponível http://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y
  • 37. 37 Por tanto amor Por tanta emoção A vida me fez assim Doce ou atroz Manso ou feroz Eu caçador de mim Preso a canções Entregue a paixões Que nunca tiveram fim Vou me encontrar Longe do meu lugar Eu, caçador de mim Nada a temer senão o correr da luta Nada a fazer senão esquecer o medo Abrir o peito a força, numa procura Fugir às armadilhas da mata escura Longe se vai Sonhando demais Mas onde se chega assim Vou descobrir O que me faz sentir Eu, caçador de mim CAMPBELL, Joseph. E por falar em mitos... São Paulo: Verus, 2004. GREENE, Liz: SHARMAN, Juliet. Uma viagem através dos mitos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001. KELEMAN, Stanley. Mito e corpo. São Paulo: Summus, 1999. SOUZA, Solange Jobim (Org.) Subjetividade em Questão: a infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000. WINNICOTT, Donald W. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
  • 38. 38 Importante: Para realização desta oficina o Coordenador e os GDPEAS deverão fazer a leitura do material complementar PREVIAMENTE. Oficina,gentilmente, cedida pelo DR. Jorge Gutemberg Splettstoser - Tempo estimado: 1h30m Primeiro passo: Imaginar um sonho, de preferência escrever com o máximo de detalhes, visuais: lugares, luminosidade; cores etc. Auditivos sons, palavras, música etc. Cinestésico: sensações, confortável, cheiros e perfumes etc. Segundo passo: Traçar no chão um triângulo e em cada ponta do triângulo você vai colocar uma das três posições psicogeográficas: O sonhador, o critico construtivo e o realizador. No centro do triângulo fica a posição neutra. Terceiro passo: O sujeito, com seu sonho, posiciona-se no centro do triângulo na posição NEUTRA e dirige-se para posição SONHADOR. Aqui ele vai sonhar da mais ampla maneira possível e impossível ( por exemplo se 4º DIA OFICINA - Estratégia Disney
  • 39. 39 seu sonho é ser um palestrante imaginar uma palestra sua no maracanã lotado, ver a luminosidade, as imagens, escutar os aplausos, as músicas que tocam durante a palestra e perceber como se sente, como seu corpo sente aquele sucesso) Quarto passo: Após essa experiência, o sujeito volta ao neutro e quebra estado. Quinto passo: O sujeito dirige-se para o CRÍTICO CONSTRUTIVO. Aqui ele vai ser o mais critico possível. ( no exemplo do palestrante ele vai analisar qual vai ser o assunto da palestra, como ele vai se preparar para fazer essa palestra, quais os caminhos que terá que seguir, com quem falar, como arrumar dinheiro para fazer cursos etc. etc. Sexto passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Sétimo passo: O sujeito entra no REALIZADOR: Aqui ele vai fazer um planejamento de quais ações tomar, em que prazo, qual a possibilidade, ver o que impede e ir ao encontro de recursos para vencer os impedimentos e REALIZAR. Oitavo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou. Nono passo: Repetir os passos 3,4,5,6,7,8. Décimo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou. Décimo primeiro passo: Se sujeito estiver satisfeito, solicitar que escreva o que acabou de vivenciar e encerrar o exercício com o compromisso de que vai começar a partir de tal data as tais horas. Se caso ele não estiver satisfeito repetir o nono passo até que se de por satisfeito.
  • 40. 40 Finalização: Assistir o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQ - Uma mensagem maravilhosa sobre a importancia de sonhar, ter fé e acreditar no amor. 4.46 min Leitura complementar Sonho & carreira César Souza. www.icarobrasil.com.br – dezembro 2004. Os sonhos são como uma fita métrica interessante, mas há um detalhe que faz toda a diferença: quem determina a unidade de medida é o sonhador. O que talvez pareça pequeno aos olhos do outro pode ter um valor imenso para você. E o que você julga pequeno pode ser o sonho magno de alguém. A medida está dentro de cada um, a avaliação é absolutamente individual e pessoal. Independente do olhar e do aplauso do outro.
  • 41. 41 Feio seria uma ditadura dos sonhos onde todos fossem obrigados a imaginar feitos monumentais que mudem o país ou deixem sua marca na história. Não é por aí. Mesmo uma obra preliminar e pequena vale a pena. O importante é ter consciência do que se faz e ser feliz com isso. Ficar muito atento à aprovação alheia é desperdiçar tempo tentando realizar o sonho dos outros. Os valores de sucesso estão dentro de cada um. É melhor, então, que sejam vários sonhos, para aproveitar ao máximo a grande oportunidade de viver, errar, acertar e começar de novo. Afinal de contas, tudo que fica pronto na vida foi construído antes na alma. Não importa se seus sonhos são grandes ou pequenos, mas que tragam a você a possibilidade de inventar seu futuro. Nos momentos de dúvida, lembre-se sempre: O sonho é seu, está dentro de você; Sonhe com os olhos abertos; Tenha sonhos em vez de um único e busque o equilíbrio; Expresse o seu sonho. O segredo deixou de ser a alma do negócio; Incentive os outros a sonhar. Não seja castrador de sonhos alheios; Ninguém nasce sortudo. Sorte é preciso crer para ter; Transforme sonhos em projetos; Transforme projetos em ação; VOCÊ É DO TAMANHO DE SEU SONHO!
  • 42. 42 Para saber mais... PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas Por Ricardo Luiz Marcello Artigo Disponível em: http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm Meus cumprimentos a todos os leitores da coluna. É um grande prazer estar compartilhando com vocês as aplicações da PNL na sala de aula. Com o texto passado, concluímos uma trilogia sobre a importância do controle emocional do professor antes, durante e depois das aulas. Definimos o que são estados emocionais e como podemos alterá-los; falamos sobre a importância da inteligência emocional perante os alunos e, também, como o professor pode realizar uma auto- avaliação proveitosa, utilizando a experiência do dia-a-dia para aprimorar suas aulas. Hoje, apresentaremos a estratégia da criatividade de Walt Disney, que poderá ser aplicada no planejamento das aulas. O processo é simples e fácil de aprender. Sugiro que você pratique as etapas enquanto lê o texto; assim, ao encerrar a leitura, você já estará apto a utilizar esta mesma estratégia sempre que precisar ser criativo. Um breve histórico da PNL: a modelagem Quando éramos crianças, aprendemos a andar, a comer e a nos comunicar observando atentamente os adultos, imitando-os. Sabíamos que estávamos tendo sucesso ao recebermos mimos e sorrisos de aprovação; por
  • 43. 43 outro lado, sabíamos que não estávamos de sucesso (Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson): observaram fazendo o certo quando recebíamos broncas e olhares de desaprovação... O nome que a PNL dá para este processo de “observação-e-imitação” é modelagem. Foi isso que Richard Bandler e John Grinder fizeram na década de 70 com alguns terapeutas e analisaram como esses profissionais agiam e se comunicavam. A partir dos dados coletados, Bandler e Grinder perceberam que havia padrões verbais e não-verbais de comportamento em comum a esses terapeutas. A partir desta conclusão, reuniram estes padrões e codificaram as principais técnicas de PNL. É, portanto, modelando as pessoas de sucesso que podemos reproduzir suas ações, seus pensamentos e seus resultados. Na verdade, não deveríamos nunca deixar de lado essa habilidade natural de modelar os outros, pois esta é uma maneira excelente de dinamizar o processo de aprendizado, seja qual for o assunto que estamos estudando. Um dos principais pressupostos da PNL é o de que se alguém pode fazer bem alguma coisa, então todas as outras pessoas também têm a chance de conseguirem. Segundo Dilts (1998, p. 158), “a PNL examina a maneira como as pessoas organizam seqüencialmente e usam capacidades mentais fundamentais como a visão, a audição e a sensação para organizar e agir no mundo ao seu redor.” Robert B. Dilts foi a pessoa que estudou a vida de grandes personalidades da história, como Aristóteles, Mozart, Albert Einstein e Walt Disney, entre outros, utilizando a mesma técnica de modelagem de Bandler e Grinder. Ele pôde, assim, traçar suas estratégias mentais e publicou suas conclusões em três volumes do livro “A Estratégia da Genialidade”. Vamos, agora, dar uma olhada na estratégia de criatividade de um dos maiores produtores de desenho da história do cinema. Vamos conhecer a maneira como Walt Disney concebia, planejava e executava seus fabulosos projetos que marcaram a nossa era.
  • 44. 44 A Estratégia de Criatividade de Walt Disney “Planejar é fazer um esboço ou esquema que representa uma ideia, uma ação ou uma série de ações que, ao mesmo tempo, serve como guia para sua realização. Planejar é antecipar ou representar algo que virá a ser realizado; é prever uma ação antes de realizá-la.” (Sacristán, in: Hentschke e Del Ben, 2003, p. 177). Uma aula bem planejada é sinônima de um bom controle, por parte do professor, do que irá acontecer em classe. Além disso, é uma atitude de respeito para com os alunos e, também, uma forma de evitar que o processo de ensino aconteça na base do improviso. Alguns professores sentem-se bem em não planejar o que vão fazer, pois acham que, assim, suas atitudes em classe ficarão mais espontâneas. Na verdade, planejar aulas não significa enclausurar as ações; significa traçar um roteiro de possibilidades criativas, que norteiam o professor e o ajudam a estar tranquilo e seguro perante seus alunos. É importante dizer que criatividade não é um dom. Criatividade nada mais é do que um estado emocional que podemos ativar quando necessário. E o que iremos ensinar neste texto é a forma como Walt Disney acessava seu “eu criativo”. A estratégia é simples e você pode aprendê-la rapidamente. Tudo que você precisa fazer é planejar sua aula adotando três “personalidades” bem diferentes: o sonhador, o realista e o crítico. Dilts (1998, p. 158), ao falar sobre a estratégia de criatividade de Disney, diz que “a criatividade inclui a síntese de diferentes processos ou fases. O sonhador é necessário para formar novas ideias e metas. O realista transforma essas ideias em expressões
  • 45. 45 concretas. O crítico é um filtro e um estímulo para apurá-las cada vez mais.” A seguir, apresentaremos estas três etapas do processo com mais detalhes. Posição do Sonhador “Walt Disney tinha uma imaginação fabulosa. Era um sonhador muito criativo. Sonhar é o primeiro passo para criar um objetivo (...). Primeiro Disney criava um sonho ou uma visão do filme inteiro. Imaginava como a história seria vista pelos olhos de cada personagem e quais seriam seus sentimentos.” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 203). A primeira coisa que você deve fazer é escolher um local confortável, onde possa divagar à vontade, sem ser interrompido. Se possível, volte a este lugar sempre que quiser adotar a posição do sonhador, a fim de associá-lo a um estado emocional de devaneios e fantasias. Um método bastante utilizado por empresas de publicidade e que pode ser muito útil para a posição do sonhador é o “brainstorming” (tempestade cerebral), que será apresentado abaixo, com base em Weisinger (1997, p. 66). Com um lápis e um papel em mãos, deixe sua mente viajar pelo mundo do “faz de conta”, criando possibilidades diversas. Visualize internamente as idéias acontecendo (atividades a serem feitas em classe, explicações diferentes para um mesmo assunto, esquemas visuais interessantes) e anote todas rapidamente, mesmo que sejam irreais ou malucas. O importante é não reprimir, censurar ou corrigir as idéias, pois elas poderão
  • 46. 46 ser, de alguma forma, aproveitadas ou adaptadas mais tarde. Além disso, o bom humor reforçará seu estado criativo. Faça de tudo para que suas idéias continuem fluindo. Você pode desenvolvê-las, combiná-las com outras, imaginar o oposto delas, etc. Talvez seja útil trazer à memória algumas aulas que você ministrou de forma bem- sucedida e reviver as situações que deram certo. Neste momento, quantidade vale mais do que qualidade. Deixe que uma idéia puxe a outra e não se esqueça de tomar nota de todas. Quando julgar que já possui uma boa lista de ideias e quiser encerrar esta etapa, abandone o “lugar do sonhador” e passe para a próxima etapa da estratégia: a posição do realista. Posição do Realista “Depois, [Walt Disney] examinava seu projeto de maneira realista, levando em consideração o custo, o tempo e os recursos necessários para sua realização, ou seja, todas as informações fundamentais, para se certificar de que o sonho poderia se tornar realidade” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 204). Com a lista de idéias em mãos, esta é a hora de voltar à terra firme, à realidade. Escolha um lugar diferente, para o qual possa retornar sempre que quiser desfrutar de um estado interior de racionalidade, planejamento e organização. Vivencie, em sua imaginação, cada uma das idéias que você anotou sendo colocadas em prática, com a maior riqueza de detalhes possíveis. Pergunte-se: como poderei realizar meus planos? Viva cada idéia em sua plenitude, imaginando a classe bem à sua frente, ouvindo sua própria voz enquanto fala com os alunos e sentindo o movimento de seus próprios gestos enquanto explica o conteúdo da aula.
  • 47. 47 Você pode distribuir os assuntos da aula em tópicos, planejando o tempo necessário para abordar cada um deles. Pense em todos os passos que precisará realizar para ver seu planejamento realmente acontecendo conforme o esperado. Anote tudo que precisará ter às mãos para colocar as idéias em prática: lousa, canetas coloridas, retro- projetor, data-show, quantidade de cadeiras, equipamento de som, televisão, DVD, vídeo-cassete, etc. Pegue aquelas idéias malucas que surgiram e ajuste-as, para que possam também ser colocadas em prática. Talvez você perceba que não precisará usar todas as idéias que teve enquanto estava na posição do sonhador; sugiro, neste caso, que você guarde as anotações para uma próxima vez, pois elas poderão lhe servir para uma próxima aula. Ao encerrar seu planejamento, saia do “lugar do realista” e avance para a última etapa da estratégia: a posição do crítico. Posição do Crítico “Depois de criar o sonho do filme, [Disney] voltava a analisá-lo do ponto de vista do público. Ele se perguntava: „Foi interessante? Foi divertido? Tem alguma coisa que não funciona?‟” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 204). Nesta posição, você deverá assumir o papel de “chato da história”. Escolha um terceiro lugar diferente, que lhe inspire um estado emocional de crítico construtivo e para o qual você possa retornar quando quiser assumir novamente esta posição.
  • 48. 48 É a hora de colocar seu plano em teste. Busque os erros, os problemas, as dificuldades e os principais obstáculos que poderá enfrentar; procure imaginar o que está faltando, o que poderá não funcionar adequadamente e meça todas as consequências das suas ações. Sua intenção, aqui, não é destruir seu próprio planejamento, mas sim torná-lo mais eficaz. Você poderá, por exemplo, imaginar quais as dúvidas mais prováveis que seus alunos terão e, assim, incorporá-las já na explicação da aula. Você também pode imaginar um “plano B” para a abordagem dos tópicos, para se prevenir de possíveis imprevistos. O que você fará, por exemplo, se o data-show não funcionar corretamente? Que outra atividade poderá realizar com a classe, caso aquela que você planejou não surtir o efeito desejado? Depois que tiver refletido a partir do ponto de vista do crítico, é bem provável que sua aula será um sucesso! Caso sentia a necessidade de passar novamente por cada uma das posições, lembre-se de retornar aos mesmos lugares escolhidos. Espero que este texto tenha sido realmente bastante útil para você, caro professor. Foram apresentadas, aqui, as três etapas da estratégia de criatividade de Walt Disney, que você pode utilizar a partir de agora para planejar suas aulas com mais eficiência. Logo abaixo desse texto, há um link onde você pode escrever seus comentários, os quais serão muito bem- vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre como é possível cativar a classe e estabelecer com os alunos uma forte sensação de empatia (rapport).
  • 49. 49 Referências Bibliográficas BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003. CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d. DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998. HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (org.). Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004. O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996. PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004. ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002. WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. Prefiro divertir as pessoas, na esperança de que elas aprendam, ao invés de ensinar as pessoas, na esperança de que elas se divirtam” (Walt Disney) Bye!
  • 50. 50 Tempo estimado 2 horas O coordenador deverá fazer uma retrospectiva das quatro oficinas com os JPPEAS, tendo como fio condutor a análise de cada oficina e o que elas contribuíram para dar asas aos sonhos e utopias dos jovens. Culminância: Assistir o filme: Fernão Capelo Gaivota - 1 hora 30 min Sinopse Filme para quem gosta de ver o movimento. Livro para quem gosta das palavras e imaginar. Como os movimentos que fazemos afeta os demais. Uma história de liberdade, de como se pode conhecer o outro e a si mesmo. Este filme que marcou uma geração e transformou o livro de Richard Bach num best-seller que vendeu 40 milhões de cópias e viajou por 70 países do mundo. 5º DIA ENCERRAMENTO E AVALIAÇÃO
  • 51. 51 Fernão Capelo Gaivota é uma ave quem não se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar e esforça-se em aprender tudo sobre vôo. Por ser diferente do bando, é expulso. Com excelente trilha sonora de Neil Diamond e magnífica fotografia, o filme é uma parábola. Faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no sentido de mostrar as dificuldades de superação dos limites, do encontro com a liberdade verdadeira, pautada no amor e na compreensão do outro. Para quem quiser ler... ”Não se preocupe em tomar a decisão certa... Pois ela não existe..." Fernão Capelo Gaivota
  • 52. 52 Como a canção em busca da voz que é Silêncio. E a que Deus comporá para teu caminho. Fernão Capelo Gaivota
  • 53. 53 BOM TRABALHO! O sonho Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas. Clarice Lispector Disponível: http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector/
  • 54. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAPTISTA, Ana Maria Haddad. Educação, Ensino&Literatura: propostas para reflexão. São Paulo: Arte- Livros Editora, 2011. CERQUEIRA, Monique Borba. Pobres resistência e criação: personagens no encontro da arte com a vida. São Paulo: Cortez, 2010. DINIZ, Ligia. (Org.) Mitos e Arquétipos na Arteterapia: rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010. DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo, Editora de Cultura, 2003. FRIEDMANN, Adriana. Dinâmicas Criativas. Um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.) Mitos e Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
  • 55. 55 GRUPO DOS 35. Portugal Primeiro: Empreendedores precisam-se. Lisboa, Sílabo, 2011. HAZIN, Elizabeth. Uma linguagem infantil. In Anais do Congresso Brasileiro de Literatura Infantil e Juvenil. Rio de Janeiro, Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, FNLIJ, 1985. INSTITUTO BEM DA TERRA. http://institutobemdaterra.wix.com/ibt MARCELLO, Ricardo Luiz. PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula: A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas Artigo Disponível em: http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm SPLETTSTOSER. Dr.Jorge Gutemberg. Programação Neurolinguística - COACH em gestão – Hipnose- http://www.terceiraidadenainternet.com.br/ RAMOS, Antônio Carlos. A arte de construir cidadãos: as 15 lições da pedagogia do amor. São Paulo: Cerebris, 2004. SOUZA, César. O Tamanho do sonho. Disponível em: www.icarobrasil.com.br