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Crushed ESMAGadas A Pretty Little Liars Novel SARA SHEPARD
Conheces a ti mesmo, conheces teu inimigo. 
—SUN TZU
Prólogo 
MÁ SORTE 
Você já teve uma má vibração de que algo terrível estava para acontecer... e isso se tornou realidade? Como quando você estava de férias e de repente teve um lampejo de sua melhor amiga gritando em agonia — e depois ela lhe disse que ela tinha quebrado o braço dela naquele exato momento? Ou quando você teve a sensação de que você não devia ficar naquela pensão no Maine — e o telhado desabou naquela noite? Ou quando você jurou que ouviu sirenes em um cruzamento — e o pior acidente da cidade aconteceu na semana seguinte? Talvez pareça meio estranho, mas às vezes sextos sentidos sejam reais. Se uma pequena voz em sua cabeça lhe diz que algo está acontecendo, talvez você deva escutar. 
Em Rosewood, muitas coisas horríveis tinham acontecido — especialmente com quatro meninas bonitas. Então, em uma noite quente de verão, quando uma delas foi atingida de forma aleatória com um mau pressentimento de que algo horrível tinha acabado de acontecer, ela tentou ignorá-lo. Um raio não caía no mesmo lugar duas vezes. 
Mas adivinhem? Isso aconteceu. 
* * * 
Apesar de ser quase três horas em Reykjavik, na Islândia, o céu ainda continuava com o estranho branco da aurora. A única pista real de que era o meio da noite era a falta de pessoas, não havia ninguém nas margens da lagoa Tjörnin. O bar Kaffibarinn, onde Björk supostamente festejava, estava vazio. Não havia compradores andando de um lado para o outro na rua principal. Todo mundo estava a salvo na cama, com cortinas fechadas escurecendo-os e máscaras para olhos colocadas. 
Bem, não exatamente todos. Aria Montgomery pulou de uma janela aberta para uma mansão escura chamada Brennan Manor fora da cidade. Seu quadril bateu no chão frio, e ela gritou em voz alta, em seguida, se levantou e fechou a janela rapidamente. No interior, os alarmes estavam soando, mas ela ainda não viu nenhum carro de polícia subindo o morro. 
Ela olhou através do vidro para Olaf, um rapaz que ela acabou de conhecer. O que diabos ela estava fazendo aqui? Ela deveria estar aconchegada na cama dela na pousada ao lado do seu namorado, Noel — não invadindo um lugar com um estranho. Não a ponto de ser presa e trancada pelo resto da sua vida. 
Olaf apareceu na janela, levantando uma pintura até o vidro para Aria poder ver. Brilhantes e estrelados redemoinhos cobriam a tela. A pequena cidade estava de cabeça para baixo, os pináculos parecendo estalactites de uma caverna. No canto estava a assinatura: VAN GOGH. 
De Vincent.
Uma náusea irreal tomou conta de Aria mais uma vez. Ela tinha tido a ideia de vir aqui. Ela tinha descoberto aquela pintura e a puxou para fora da parede. Mas agora ela percebeu o grande erro que isso tinha sido. 
Ela olhou para Olaf. — Largue isso! — ela gritou através do vidro. — Saia antes de a polícia chegar! 
Olaf levantou uma fresta da janela. — O que você quer dizer? — ele disse em seu sotaque islandês. — Isso foi ideia sua. Ou você está com dúvidas? Talvez você seja mais parecida com o seu namorado filisteu do que eu pensava. Mais americana do que eu pensava. 
Aria se virou. Ela estava tendo dúvidas. Ela era americana. Eles estavam de férias, afinal de contas, tudo o que ela queria era uma noite de diversão. Férias não deveriam terminar assim. 
Na primavera passada, quando Noel tinha anunciado que ele estava arranjando uma viagem para Reykjavik para ele, Aria, o irmão de Aria, Mike, e a namorada de Mike, Hanna Marin, Aria tinha estado empolgada. Ela viveu na Islândia por três anos com sua família depois que a melhor amiga das garotas, Alison DiLaurentis, desapareceu no final da sétima série, e ela mal podia esperar para voltar lá. 
Ela e Hanna também precisavam de uma viagem — para qualquer lugar. Junto com suas outras duas melhores amigas, Spencer Hastings e Emily Fields, que tinham acabado de suportar meses de serem perseguidas e atormentadas por um mandador de mensagens chamado A, que era a Verdadeira Alison DiLaurentis — a Ali que elas haviam conhecido era na verdade a irmã gêmea de Ali, Courtney. Courtney tinha estado em um hospital psiquiátrico a maior parte da sua vida, mas ela trocou de lugar com a irmã no início da sexta série, e fingiu ser amiga de Aria, Spencer, Emily e Hanna. A Verdadeira Ali teve sua vingança contra Courtney ao matá-la na última noite da sétima série... e ela se voltou contra as meninas tornando-se A e quase matando-as. 
Então, Aria e Hanna tinham estado animadas para vir aqui quando Noel planejou as férias. A Verdadeira Ali estava morta, A se foi, e elas não tinham nada mais a temer. Em seguida, a viagem de férias de primavera para a Jamaica aconteceu. Algumas outras coisas horríveis aconteceram lá, também. Agora, em julho, Aria e Hanna estavam guardando segredos mais uma vez. Elas mal tinham se falado desde que elas chegaram. Não ajudou que Noel não tenha ficado impressionado com a Islândia, ou que Mike odiava o lugar desde que ele tinha vivido aqui. 
Hoje à noite, a situação havia afundado a um novo nível. De primeira, Aria tinha simplesmente flertado com Olaf, um desalinhado islandês intelectual que eles conheceram em um bar na rua, para irritar Noel. Após cinco doses de Peste Negra, o aguardente local, Aria encontrava-se no beco com os lábios de Olaf nos dela. Avançando algumas horas, e agora... isso. 
O barulho do alarme da casa aumentou o volume. Olaf tentou levantar a janela mais para cima, mas ela estava emperrada. 
Aria congelou. Se ela o ajudasse, ela realmente seria cúmplice de um roubo. — Eu não posso. 
Olaf revirou os olhos e tentou mais uma vez. Ela não se moveu. Ele deixou a pintura cair ruidosamente no chão. — Vou usar a porta — ele gritou para ela. — Espere por mim, ok? 
Ele desapareceu. Aria olhou através do vidro, mas tudo o que ela viu foi escuridão. Então ela ouviu um barulho estridente atrás dela. Ela foi na ponta dos pés para fora de trás dos arbustos e olhou ao redor do lado da casa. Três carros da polícia estavam descendo a rua, as luzes em cima de seus carros piscando azul contra as
pedras elegantes da casa. Os carros derraparam até parar, e seis policiais saíram deles, de armas em punho. 
Aria correu para os bosques. Ela nem tinha percebido que policiais islandeses carregavam armas. 
Os policiais se aproximaram da porta da frente e gritaram algo em islandês que Aria só podia adivinhar que significava “Saia com as mãos para cima!” Ela olhou para a porta pesada e torta de trás, que ela assumiu que Olaf ia tentar usar. Não estava aberta. Talvez ela tivesse um sistema de bloqueio complexo no interior que ele não conseguiu entender. Ele foi preso? Será que a polícia o encontrou? Ela deveria esperar? Ou ela deveria ir embora? 
Ela pegou o celular internacional que ela tinha comprado para a viagem e olhou para a tela. Ela precisava de conselhos... mas ela não podia ligar para Noel. Com os dedos trêmulos, ela discou outro número ao invés. 
Hanna Marin nadou para fora de seus sonhos e piscou na escuridão. Ela estava em um quarto comprido e estreito. A imagem de um cavalo de pernas atarracadas estava pendurada acima da sua cabeça. O namorado dela, Mike, roncava ao lado dela, os pés pendurados do lado de fora do edredom pesado. A cama do outro lado do quarto, onde sua melhor amiga Aria Montgomery e o namorado de Aria, Noel Kahn, deviam estar dormindo, estava vazia. Hanna olhou para a placa da rua do lado de fora da janela. Era uma espécie de Inglês, mas também eram letras meio sem sentido. 
Certo. Ela estava na Islândia. De férias. 
Isso deveriam ser férias. O que Aria via neste país? Era claro o tempo todo. Os banheiros cheiravam a ovo podre. A comida era ruim, e as meninas islandesas eram muito exóticas e bonitas. E agora, como Hanna estava aqui, ela tinha sido atingida pelo sentimento mais sinistro. Como se alguém tivesse acabado de morrer, talvez. 
Seu celular tocou, e ela pulou. Ela olhou para a tela. Ela não reconheceu o número, mas algo a fez pegá-lo de qualquer maneira. 
— Alô? — Hanna sussurrou, segurando o telefone com as duas mãos. 
— Hanna? — a voz de Aria falou. Havia sirenes no fundo. 
Ao lado dela, Mike se mexeu. Hanna saiu da cama e caminhou para o corredor. — Onde você está? 
— Estou em apuros. — As sirenes ficaram mais altas. — Eu preciso da sua ajuda. 
— Você está ferida? — perguntou Hanna. 
O queixo de Aria tremeu. Na frente da casa, os policiais estavam tentando derrubar a porta da frente. — Eu não estou machucada. Mas eu meio que invadi uma casa e roubei uma pintura. 
— Você o quê? — Hanna gritou, sua voz ecoando pelo corredor silencioso. 
— Eu vim aqui com aquele cara de mais cedo. Ele mencionou que a pintura Noite Estrelada de Van Gogh estava em uma mansão na periferia da cidade. Ela havia sido roubada de um gueto judeu em Paris ou algo assim durante a Segunda Guerra Mundial, e o ladrão nunca tinha devolvido ela. 
— Espera, você está com Olaf? — Hanna fechou os olhos com força, recordando o desconfortável desentendimento que ela tivera com Aria e aquele cara barbudo se pegando no beco mais cedo. Ele parecia perfeitamente inofensivo, mas Aria já tinha um namorado. 
— Estou. — Os policiais arrombaram a porta. Todos os seis entraram como tropas de ataque. Aria agarrou o celular com força. — Nós dois entramos para encontrar a pintura. Eu não achei que nós faríamos isso... mas depois lá estava ela. Então, um monte de alarmes disparou... e eu saí. Agora os policiais estão aqui. Eles têm
armas, Hanna. Olaf ainda está lá dentro. Eu preciso que você venha e nos pegue em uma das estradas de trás — nós cortaremos através dos bosques e encontraremos você. De nenhuma maneira nós seremos capazes de pegar o jipe de Olaf com todos esses policiais aqui. 
— Os policiais estão vendo você agora? 
— Não, eu estou na parte de trás, na floresta. 
— Jesus, Aria, por que você ainda está aí? — Hanna gritou. — Corra! 
Aria olhou para a porta dos fundos. — Mas Olaf ainda está lá dentro. 
— Aria, por que você se importa? — Hanna gritou. — Você mal conhece o cara! Corra, agora. Eu vou pegar o ciclomotor. Me dê o nome da rua em que você estiver quando você atravessar a floresta, ok? 
Houve uma longa pausa. O olhar de Aria se fixou nas luzes da polícia girando. Ela avaliou a floresta por trás da mansão. Então, finalmente, ela olhou para a casa mais uma vez. Ainda nada de Olaf. E Hanna estava certa. Ela não o conhecia. 
— Tudo bem — ela disse com a voz trêmula. — Eu vou. 
Ela desligou o celular e correu pela floresta, com o coração batendo a mil por hora. Ela tropeçou em um tronco enorme, quebrando o salto do sapato e esfolando o joelho. Ela avançou através de um riacho raso, deixando metade do seu vestido molhado. No momento em que ela estava na estrada da cidade, ela estava fria e sangrando. Ela ligou para Hanna, disse a ela em qual rua ela estava e sentou na calçada para esperar. Ela ainda podia ouvir as sirenes estridentes à distância. Será que eles tinham encontrado Olaf? E se ele tivesse dito a eles que ela tinha estado com ele? E se eles estivessem procurando por ela? 
Quando ela viu Hanna no ciclomotor no final da rua, ela quase explodiu em lágrimas de alegria. Elas dirigiram de volta em silêncio, os barulhos do motor e do vento muito altos para Hanna fazer todas as perguntas. 
Na pousada, elas abriram a porta tão silenciosamente quanto podiam. Hanna acendeu uma luz na pequena cozinha e olhou para Aria com os olhos arregalados. — Oh, meu Deus — ela sussurrou. — Precisamos te limpar. 
Hanna empurrou Aria até o banheiro, lavou o joelho dela, e tirou os galhos do seu cabelo. Lágrimas escorriam pelo rosto de Aria o tempo todo. — Eu sinto muito — Aria continuou dizendo. — Eu não sei o que deu em mim. 
— Você tem certeza de que a polícia não te viu? — Hanna perguntou severamente, entregando-lhe uma toalha de banho. 
Aria balançou sua cabeça. — Eu acho que não. Eu não sei o que aconteceu com Olaf, no entanto. 
Hanna fechou os olhos. — É melhor você torcer para que ele não diga que você estava com ele. Porque eu não sei o quanto eu posso te ajudar, Aria. 
— Ele não sabia o meu sobrenome — Aria disse, colocando a toalha sobre o radiador e andando para o corredor novamente. — Acho que vou ficar bem. Mas aconteça o que acontecer, por favor, não diga... 
Ela parou, olhando para trás. Noel estava no fundo das escadas perto da porta dos fundos, vestido com um casaco com capuz e calça jeans, embora eles não fossem os mesmos casacos e calça jeans que ele tinha usado mais cedo naquela noite. Sua testa estava escorregadia com suor como sempre ficava depois de ele beber, mas havia um olhar compreensivo em seu rosto que fez as entranhas de Aria se revirarem. O que ele tinha acabado de ouvir? 
— Aí está você. — Noel subiu a escada e deu um tapinha na cabeça molhada de Aria. — Você tomou um banho?
— Uh, sim. — Aria cruzou as pernas para esconder o corte em seu joelho. — Onde você estava? 
Noel fez um gesto para baixo das escadas. — Fumando um baseado. 
Aria pensou em fazer um comentário sarcástico, mas ela se absteve — quem era ela para julgar? Ela agarrou a mão de Noel ao invés. — Vamos lá. Vamos para a cama. 
Seus olhos estavam bem abertos enquanto eles subiam debaixo das cobertas. Noel se moveu ao seu lado, com as pernas nuas espinhosas contra as dela. — Então, onde você estava? — Havia amargura em sua voz. — No bar com Gayloff? 
Aria se virou, a culpa escorrendo para fora de seus poros tão pungente quanto a bebida exalando de Noel. Ela se enfureceu, antecipando uma briga. Mas, então, Noel colocou os braços em volta dela e puxou-a para mais perto. 
— Vamos dar uma trégua. Esta viagem foi estranha. Eu estive estranho. E eu sinto muito. 
Os olhos de Aria se encheram de lágrimas. Isso era exatamente o que ela precisava ouvir... cerca de cinco horas atrás. Ela colocou os braços em torno de Noel e o apertou. — Eu sinto muito, também. — Ela nunca disse algo tão verdadeiro. 
— Não há nada que se desculpar — Noel disse sonolento. — Eu te amo, A... 
Ele murmurou em seu travesseiro quando ele caiu no sono. Por uma fração de segundo, Aria pensou ter ouvido ele dizer outra coisa. Algo estranho. Mas, por outro lado, Noel estava bêbado. Mesmo se ele tivesse dito o que ela achava que ele tinha, ele certamente não queria dizer isso. Não era como se Aria fosse trazer isso à tona para ele amanhã, também. 
Ela nunca mais queria mencionar esta noite novamente. 
* * * 
Na manhã seguinte, Hanna, Aria, Noel e Mike fecharam a conta da pousada e partiram para o aeroporto. Eles atravessaram a linha de segurança e se abasteceram com lanches e revistas inúteis para a longa viagem de avião para casa. Se Aria parecia nervosa, Noel não a questionou. Quando Noel reclamou do aeroporto insignificante não ter um McDonald, Aria não gritou com ele. Quando Hanna e Aria falaram ainda menos do que o habitual, nem Mike nem Noel comentaram. Estou cansada, elas planejaram dizer se alguém as questionasse. Tem sido uma longa viagem. Sinto falta da minha cama. 
O avião tinha televisão por satélite e Aria colocou na CNN Internacional após o embarque. De repente, lá estava ela: a foto da mansão. Estava com a aparência ainda mais decrépita e mal-assombrada do que ela se lembrava. Arrombamento na Brennan Manor, dizia a manchete. 
Um vídeo mostrou os quartos sombrios e cheios de teias de aranha. Então apareceu uma foto borrada de Noite Estrelada... e um esboço da polícia de um retrato falado de Olaf. — Este é o ladrão que fugiu com a pintura, conforme descrito à polícia por uma testemunha que morava na mesma rua — disse o repórter. — As autoridades estão à caça dele agora. 
A boca de Aria estava aberta. Olaf fugiu? 
Hanna olhou para a tela da TV com horror. A situação tinha mudado. Uma arte valiosa tinha sido roubada, e Aria tinha ajudado a facilitar isso. Hanna pensou nos casos de roubo de arte que seu pai tinha trabalhado quando ele exerceu a advocacia: Até mesmo as pessoas que sabiam sobre o crime eram culpadas. Agora ela era uma dessas pessoas.
Aria tocou o antebraço de Hanna, sentindo o que ela estava pensando. — Olaf era inteligente, Han. Ele não vai ser pego... o que quer dizer que ele nunca vai dizer que eu estava com ele. A polícia nunca vai ser capaz de me conectar ao crime. Ninguém nunca vai saber o que você sabe, ninguém. Só não conte para ninguém, ok? Nem mesmo para Emily e Spencer. 
Hanna se virou e olhou para a pista, tentando distrair-se. Talvez Aria estivesse certa. Talvez esse cara, Olaf, quem quer que fosse, poderia fugir da polícia. Essa era a única maneira de o segredo de Aria permanecer seguro. Essa era a única maneira de Hanna permanecer segura também. 
* * * 
E, felizmente, elas ficaram seguras, por quase um ano. A história surgia no noticiário ao longo do tempo, mas não havia muitos detalhes, e os jornalistas nunca mencionaram um cúmplice. Uma vez, Hanna assistiu uma reportagem com Spencer e Emily na sala, o segredo como lava quente dentro dela. Mas ela não disse nada. Ela não podia trair a confiança de Aria. Aria não se atreveu a dizer-lhes, também — quanto menos aquelas meninas soubessem, melhor. 
Depois de um tempo, o que aconteceu não assombrava mais Aria. Olaf tinha desaparecido no esquecimento, e ele tinha levado a pintura com ele. As coisas tinham melhorado entre ela e Noel, também, e aquela viagem para a Islândia era uma memória distante. Ela estava segura. Ninguém sabia. 
Pensamento ilusório. Alguém sabia — e essa pessoa estava mantendo esse segredo muito, muito quieto até o momento certo. E agora, no final do último ano das meninas, esse mesmo alguém decidiu torná-lo público. 
A terceira — e mais assustadora — A.
1 
TOME CUIDADO 
Em uma manhã ensolarada de segunda-feira, Spencer Hastings entrou em sua cozinha e foi recebida pelo cheiro de café e leite vaporizado. Sua mãe; o noivo de sua mãe, Nicholas Pennythistle; a filha dele, Amelia; e a irmã de Spencer, Melissa, estavam sentados ao redor da mesa grande assistindo ao noticiário. Um homem com cabelo impecável estava dando um relatório de seguimento sobre uma explosão que ocorreu em um navio de cruzeiro na costa de Bermuda uma semana atrás. 
— As autoridades ainda estão investigando a causa da explosão que obrigou todos os passageiros a bordo do navio de cruzeiro a evacuar — ele disse. — Novas evidências sugerem que a explosão teve origem na sala da caldeira. Uma fita de vídeo da vigilância que foi recuperada mostra duas pessoas embaçadas. Não está claro se os indivíduos no vídeo causaram a explosão ou se foi um acidente. 
A Sra. Hastings pousou a garrafa de café. — Eu não acredito que eles ainda não sabem o que aconteceu. 
Melissa, que estava em Rosewood visitando amigos, olhou para Spencer. — De todos os cruzeiros, tinha que ser o seu com um Unabomber1 louco a bordo. 
— Eu estou feliz por não ter estado no barco. — Amelia, que era dois anos mais nova do que Spencer e tinha o cabelo encaracolado selvagem, um nariz achatado e uma propensão para conjuntos de suéteres e Mary Janes — até mesmo depois da repaginada que Spencer tinha lhe dado na Cidade de Nova York — bufou arrogantemente. — Vocês estavam em uma missão suicida? É por isso que vocês saíram escondidas e foram para a enseada ao invés da praia? 
Spencer caminhou em direção à torradeira, ignorando-a. Mas Amelia continuou falando. — Isso é o que todo mundo está dizendo, sabe, que você e as suas três amigas enlouqueceram. Talvez vocês precisem viver no quarto do pânico do papai por vinte e quatro horas por dia, hein? 
O Sr. Pennythistle deu a Amelia um olhar severo. — Já basta. 
A Sra. Hastings colocou uma xícara de café na frente do seu noivo. — Você tem um quarto do pânico, Nicholas? — ela perguntou, parecendo ansiosa para mudar de assunto. Ela não tinha exatamente aprendido a disciplinar Amelia ainda. 
O Sr. Pennythistle entrelaçou os dedos. — No modelo da casa em Crestview Estates. Eu construí após alguns mafiosos mudarem-se para alguns dos bairros vizinhos, nunca se sabe. E, além disso, algum comprador pode gostar desse tipo de coisa. Claro, eu duvido que Spencer possa comparecer a Princeton de lá. Não tem acesso à Internet. 
Spencer começou a rir, mas depois parou. O Sr. Pennythistle provavelmente não estava contando uma piada — ele era brilhante no ramo de urbanização, um magnata 
1 Unabomber: É um matemático norte-americano, escritor, ativista político e terrorista, condenado a prisão perpétua na sequência de uma série de atentados à bomba, matando 3 e ferindo outras 23 pessoas.
do mercado imobiliário e um bom cozinheiro, mas ele definitivamente não era um comediante. Ainda assim, ela não se incomodava com ele — ele fazia uma sopa de quiabo todos os sábados, ligava em sua estação de rádio favorita de esportes na cozinha enquanto estava cozinhando, e até mesmo deixava Spencer dirigir seu incrível Range Rover de vez em quando. Seria ótimo se a filha dele fosse suportável. 
Spencer colocou duas fatias de pão de centeio nos buracos da torradeira. Amelia tinha razão, é claro — problema a seguia por toda parte. Talvez ela devesse ir para um quarto do pânico por um tempo. Não só Spencer tinha estado no Esplendor do Mar, mas uma de suas melhores amigas, Aria Montgomery, também tinha estado na sala da caldeira, quando ocorreu a explosão. Igualmente desconcertante, Aria havia estado com um medalhão nesse cruzeiro que pertencia a Tabitha Clark, uma garota que ela tinha ferido acidentalmente na Jamaica no ano passado. Na época, elas tinham pensado que Tabitha era a verdadeira Alison DiLaurentis, a irmã gêmea malvada que tinha perseguido e quase matado Spencer e as outras em Poconos, a casa de férias dos DiLaurentis em um incêndio explosivo. Elas pensaram que Ali tinha voltado para se vingar, então Aria tinha empurrado a menina de um telhado para se livrar dela para sempre. 
Mas então veio a notícia de que Tabitha não era a verdadeira Ali, ela era uma garota inocente. Foi quando o pesadelo começou. 
O colar de Tabitha as ligava à noite que Tabitha morreu, as meninas tinham certeza de que a perseguidora diabólica delas, a nova A, plantou-o para incriminar Aria. Elas sabiam que não podiam simplesmente jogar fora o colar no navio — A iria encontrá-lo e devolver a elas. Então, ao invés de evacuar para a costa após a explosão, Spencer, Aria, e suas amigas, Emily Fields e Hanna Marin, roubaram uma boia salva- vidas motorizada e partiram para uma enseada que Spencer tinha ouvido falar em sua aula de mergulho. Elas enterraram o medalhão em algum lugar que A nunca encontraria, mas depois a boia furou — certamente um plano de A, também. A equipe de resgate chegou em cima da hora. 
Após essa confusão, elas decidiram confessar o que tinham feito com Tabitha, era a única forma de tirar A da cola delas. Elas se encontraram na casa de Aria para ligar para as autoridades, mas enquanto estavam esperando o investigador principal do caso atender, uma notícia apareceu na TV. O relatório da autópsia de Tabitha Clark — ela foi morta por um ferimento na cabeça, não da queda do telhado. Isso não fazia sentido, porém, nenhuma das meninas tinha batido nela. O que significava que... elas não a tinha matado. 
Segundos depois, elas receberam uma mensagem de A. Vocês me pegaram, vadias — eu fiz isso. E adivinhem? Vocês são as próximas. 
— Um cheiro de queimado despertou Spencer de seus pensamentos. Fumaça estava saindo da torradeira. — Merda — ela sussurrou, batendo na alavanca para abrir a torradeira. Quando ela se virou, todos da mesa a estavam olhando. Havia um pequeno sorriso no rosto de Amelia. Melissa parecia preocupada. 
— Você está bem? — a Sra. Hastings perguntou. 
— Eu estou bem — Spencer disse rapidamente, soltando os pedaços de pão quentes na pia de mármore grande. Sim, era um grande alívio não ter matado Tabitha, mas ainda tinha uma tonelada de segredos sobre elas, incluindo fotos delas na plataforma do telhado naquela noite. A poderia dizer que as meninas tinham ido para a praia quando descobriram que Tabitha não tinha morrido e tinham acabado com ela. E a mensagem de A confessando não serviria no tribunal — eu fiz isso poderia significar qualquer coisa.
E o que dizer do Vocês são as próximas? Quem era A? Quem poderia querer matá- las tanto assim? No mesmo dia que elas iriam confessar, Emily havia dito as meninas que ela tinha deixado a porta aberta para a Verdadeira Ali na casa de Poconos, permitindo que ela possivelmente escapasse da explosão. Assim, ela poderia estar viva... e ela poderia ser A. Isso fazia mais sentido: a Verdadeira Ali era a única pessoa tão louca assim. 
Melissa levantou-se da mesa e fez cócegas na lateral do corpo de Spencer. — Eu aposto que sei o motivo de você estar tão distraída essa manhã. Alguém está nervosa em ver um certo garoto de novo? 
Spencer abaixou a cabeça. Ela deixou escapar que Reefer Fredericks, seu novo namorado, a estava visitando hoje de Princeton, onde ele morava. Eles não se viam desde o cruzeiro. Hoje era um dia de folga para ambas as escolas e o primeiro dia que os dois estavam livres. 
— Vai ser divertido — ela disse com indiferença, mesmo que seu estômago tivesse começado a revirar. 
— Você vai chamar ele para o baile? — Amelia perguntou. 
— Oh, Spence, você deveria! — Melissa gritou. — Você não pode ir sozinha com aquele vestido lindo da Zac Posen! 
Spencer mordeu o lábio. Ela tinha planejado convidar Reefer para o baile, que era daqui a duas semanas. Ela esteve olhando para o vestido da Zac Posen que ela tinha comprado em uma viagem para Nova York com sua mãe naquela manhã, sonhando em como ela ficaria nele nos braços de Reefer. 
O baile nunca foi algo que Spencer tinha sonhava quando era menor — suas fantasias mais centradas era conseguir ser eleita a presidente de classe e fazer o discurso de oradora da turma na formatura. Mas nesse ano, o baile parecia uma atividade agradável e normal em sua vida totalmente anormal, e ela não queria perdê- lo. Ela já sabia que Reefer diria sim. Ela recebia mensagens românticas dele todos os dias. Ele enviou flores para a casa dela e a sala de aula. Eles falavam ao telefone durante horas toda noite, Reefer contava a ela sobre uma nova plantação de maconha que ele tinha criado e Spencer o enchia falando das horas de suspensão cansativas depois da escola que ela tinha que comparecer, a punição da escola por roubar aquele bote salva- vidas. 
Todos lavaram a louça do café, e dentro de dez minutos, eles foram todos embora, deixando Spencer sozinha. Ela bateu as unhas na bancada e assistiu de braços cruzados o noticiário, mas a previsão do tempo não fez nada para acalmar seus nervos. 
A campainha tocou, e ela correu e verificou seu reflexo na torradeira para se certificar de que seu cabelo loiro estava puxado em um rabo de cavalo e seu batom rosa não estava borrado. Então ela correu para a porta da frente e abriu-a. Reefer estava em pé na varanda com um sorriso tímido no rosto. 
— Oi, estranho — Spencer disse. 
— Oi pra você também. — Reefer estava lindo como sempre, com uma camiseta azul marinho apertada puxada contra seus ombros bem definidos, o rosto bem barbeado, seus dreadlocks puxados para trás mostrando suas maçãs do rosto altas e os olhos verdes claros. Spencer ergueu o queixo para cima e beijou-o, e apertou sua bunda de brincadeira. Reefer recuou, surpreso. 
— Não se preocupe — Spencer murmurou em seu pescoço. — Minha mãe saiu. Estamos sozinhos. 
— Oh, tudo bem. — Reefer se afastou. — Hum, Spence, espere. Eu tenho que te contar uma coisa.
— Eu também tenho coisas para te dizer! — Spencer pegou as mãos dele. — Então, eu acho que eu mencionei que o nosso baile é daqui a duas semanas, e... 
— Na verdade, — Reefer a interrompeu — você se importa se eu falar primeiro? Eu meio que preciso ir embora. 
Havia uma expressão estranha em seu rosto que Spencer não conseguia decifrar. Ela o levou até a cozinha e desligou a TV do balcão. Quando ela fez um gesto para ele se sentar à mesa, ele alisava a toalha continuamente com os dedos, tentando fazer com que todas as dobras saíssem. Spencer teve que sorrir: Reefer provavelmente odiava a toalha enrugada tanto quanto ela. Essa era uma das razões pela qual eles se davam tão bem juntos. 
— Eu consegui um estágio que eu realmente quero — ele anunciou. 
Spencer sorriu. Ela não estava surpresa. Reefer era um gênio. Ele provavelmente tinha recebido centenas de ofertas de estágios. — Parabéns! Para onde? 
— Colômbia. 
— A Universidade? Em Nova York? — Spencer juntou as mãos. — Vai ser muito divertido! Podemos experimentar novos restaurantes, ir ao Central Park, assistir um jogo dos Yankees... 
— Não, Spencer, não é a Universidade Columbia. É Colômbia, o país. 
Spencer piscou. — Na América do Sul? — Reefer assentiu. — Bem, isso é legal também. Quer dizer, não é tão perto, mas não demorará muito para você voltar para a faculdade. — Então ela notou a expressão séria no rosto de Reefer. — Você vai voltar para a faculdade, não é? 
Reefer respirou fundo. — Talvez não. É uma oportunidade incrível com um botânico, o Dr. Diaz. Ele é, tipo, um astro do rock da área dele. Eu sempre quis trabalhar com ele, todo mundo quer, mas quando você entra, você meio que não pode sair. Eu nem sequer mencionei para você porque era meio que um tiro no escuro. Mas eu recebi a carta há dois dias me oferecendo um emprego. É por dois anos. Eu vou adiar Princeton até eu voltar. — Ele jogou um dreadlock por cima do ombro. — Honestamente, eu estava pensando em adiar Princeton de qualquer maneira, eu sentia que precisava de alguns anos para apenas, você sabe, viver. Mas, então, eu te conheci, e... 
Um zilhão de pensamentos passaram pelo cérebro de Spencer. Ele sabia disso há dois dias? Eles conversaram muito ao telefone nos últimos dois dias. Ele não tinha dito uma palavra. 
E dois anos... uau. Isso era meio que para sempre. 
Ela se sentou. — Ok. Isso ainda é incrível. Então, quando você vai embora? Ainda temos algum tempo juntos, não é? 
Reefer mordeu seu polegar. — O Dr. Diaz precisa de alguém o mais rápido possível, por isso eu vou viajar essa noite. 
— Hoje à noite? — ela piscou com força. — Você não pode adiar um pouco? Eu achei que você pudesse ir ao meu baile comigo. — Ela odiava o tom implorador em sua voz. 
Pelo olhar no rosto de Reefer, ela sabia que ele ia dizer não. — Eles realmente precisam de mim lá agora. E, Spencer, eu não tenho certeza se deveríamos... você sabe... esperar um pelo outro. 
Spencer sentiu como se tivessem acabado de jogar um balde de gelo em sua cabeça. — Espere um minuto. O quê? 
— Eu gosto de você. — Reefer não encontrou seu olhar. — Mas, eu quero dizer, são dois anos. Eu não sou muito bom em coisa de longa distância. Nós poderemos ser
pessoas diferentes depois que tudo acabar. Eu não quero que você esteja amarrada, sabe? 
— Você quer dizer que você não quer estar amarrado — Spencer deixou escapar com raiva. 
Reefer olhou para o chão. — Eu entendo que isso é meio que um choque. Mas eu queria te dizer pessoalmente. É por isso que eu dirigi até aqui, mesmo que eu devesse estar fazendo as malas. — Ele olhou para o relógio. — Na verdade, eu deveria ir. 
Spencer olhava impotente enquanto se dirigia para a porta da frente. Havia um milhão de coisas que ela queria dizer, mas sua boca não conseguia formar as palavras. Então era isso? E, Você está seriamente tentando me culpar por fazer você dirigir até aqui? E, E todas aquelas mensagens românticas? Você que estava me perseguindo! 
Ela pensou em Reefer prometendo ficar com ela na Universidade de Princeton e mostrar a ela a vida boa. Quem faria isso agora? 
No foyer, Reefer olhou para ela melancolicamente. — Spencer, espero que ainda possamos ser... 
— Apenas vá embora — Spencer o interrompeu, de repente com raiva. Ela o empurrou para fora da porta e fechou-a, caindo contra ela e deslizando até o piso de madeira com as pernas abertas na frente dela. 
O que. Diabos. Tinha. Acontecido? 
Ela imaginou o Cruzeiro Eco em sua cabeça. Reefer a levara para jantar, e eles tiveram o primeiro beijo deles na pista de dança. Tinha sido incrível — ela sabia que ele tinha achado também. Era como se um Reefer Alienígena tivesse acabado de aparecer. A única coisa boa na vida dela tinha sido arrancada de repente. 
Bip. 
Seu celular estava no centro do hall. Seu coração acelerou novamente quando ela se levantou e olhou a tela. Havia uma nova mensagem de um remetente desconhecido. 
Pobre Spencer, não tem um acompanhante 
Melhor encontrar outro antes que seja tarde demais 
A menos, é claro, que eu conte 
Meu conto de todas as pessoas que você matou. 
—A
2 
HANNA É DA REALEZA 
Mais tarde naquele dia, Hanna Marin sentou-se no bar do Rive Gauche, seu restaurante pseudo-francês favorito no shopping King James. Ela estava esperando seu namorado, Mike Montgomery, chegar, e apesar do garçom não estar servindo-a, ela se sentia superior por estar no bar ao invés de em um dos estandes. Além disso, as cabines estavam abarrotadas com outros alunos de Rosewood Day, muitos deles calouros, o que fazia Hanna se sentir melancólica e meio velha. Em poucos meses, ela estaria no FIT2 — ela tinha recebido sua carta de aceitação na semana passada. O Rive Gauche não seria nada além de um lugar para visitar durante suas férias. 
Bem, esperançosamente ela visitaria o Rive Gauche durante as férias e não passaria o resto de sua vida na prisão, como a Nova A queria. Hanna não gostava de pensar nisso. 
Seu celular tocou, e ela o agarrou. ALERTA DO GOOGLE PARA O ESPLENDOR DO MAR DO CRUZEIRO ECO. Hanna pressionou LER. Ela configurou um alerta para o cruzeiro que ela e suas amigas tinham estado a bordo para qualquer notícia sobre quem tinha detonado a bomba na sala da caldeira. Aria e um rapaz que ela conheceu, Graham Pratt, tinham estado lá, mas Hanna e as outras tinham quase certeza de que também tinha uma terceira pessoa — o terrorista. Elas também tinham certeza de que a pessoa era A. Se ao menos a polícia conseguisse identificar quem era a terceira pessoa. Então, tudo isso acabaria. 
Graham Pratt, um passageiro do bombardeado Esplendor do Mar do Cruzeiro Eco ainda está em coma depois de sofrer várias queimaduras por causa da explosão, a primeira linha dizia. 
Hanna ergueu os olhos, olhando desinteressada para uma mesa cheia de jogadores altos de lacrosse, incluindo o namorado de Aria, Noel Kahn, e James Freed. Graham não era apenas um amigo que Aria tinha feito na viagem — ele também era o ex-namorado de Tabitha. Por um momento, as meninas tinham pensado que ele poderia ser o Novo A — especialmente quando ele começou a agir assustadoramente e de forma violenta enquanto perseguia Aria até a sala da caldeira, repetindo que ele tinha algo para dizer. Com medo de que Graham fosse machucá-la, Aria tinha se trancado em um armário... e, em seguida, aconteceu a explosão. 
Hanna continuou lendo. O Sr. Pratt foi transferido para a Clínica de Cirurgia Plástica de William Atlantic e Clínica de Reabilitação de Queimados fora de Rosewood, na Pensilvânia, para continuar o tratamento. A clínica de queimados ganhou o prêmio prestigiado do Melhor da Área dos Três Estados por quatro anos consecutivos, e... 
Hanna olhou sua expressão aflita no espelho antigo e manchado do outro lado do bar. O pai do ex-namorado dela, Sean Ackard, trabalhava na clínica de William Atlantic, ou a “Bill Beach”, e Hanna tinha sido voluntária lá no ano passado como penitência por 
2 FIT (Fashion Institute of Technology): Faculdade de moda.
bater a BMW do Sr. Ackard após Sean terminar com ela. Jenna Cavanaugh havia sido tratada por queimaduras lá, e também a antiga melhor amiga de Hanna, Mona Vanderwaal, a primeira A. Não que Hanna gostasse de pensar nisso, tampouco. 
O resto do artigo não dizia muito — só que as lesões de Graham foram graves. Um arrepio passou pela espinha de Hanna. Parecia que Graham tinha sido pego no fogo cruzado de A, assim como Gayle Riggs, outra pessoa que elas suspeitaram que era A, ela havia morrido a tiros em sua garagem na frente das meninas. Mas por que A queria machucar Graham? De primeira, as meninas ficaram preocupadas que Graham fosse A, e que quisesse confrontar Aria pelo que ela e as outras tinham feito com sua ex na Jamaica. Mas, quando elas receberam mais mensagens de A após Graham estar em coma, elas se perguntaram se ele não estava tentado avisar a Aria que A estava atrás dela. De olho em você, ele disse a Aria repetitivamente através da porta de aço pesada da sala da caldeira. Talvez ele quisesse dizer que A estava observando ela — talvez ele tenha visto A espionando. Então ele sabia quem era A? Se ele acordasse... 
Outro e-mail surgiu em sua caixa de entrada. NOVA MENSAGEM DA AGENTE ESPECIAL JASMINE FUJI. Hanna olhou para a linha de assunto. Dizia, simplesmente, TABITHA CLARK. 
O celular quase escorregou de seus dedos. Agente Especial? 
Ela abriu o e-mail com o coração batendo forte. Jasmine Fuji era uma agente do FBI responsável pelo caso do assassinato de Tabitha, e o nome de Hanna tinha aparecido em uma lista de hóspedes que estavam no resort Cliffs na Jamaica, ao mesmo tempo em que Tabitha Clark tinha estado. Eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre o que você lembra daquela noite, a mensagem dizia. Tenho certeza de que você entende que tempo é essencial, então, por favor, contate-me o mais rápido possível. 
Bile subiu na garganta de Hanna. As meninas já sabiam que não tinham matado Tabitha, mas existiam fotografias incriminatórias delas falando com ela nas férias — e até mesmo uma de Aria empurrando Tabitha do telhado enquanto Hanna e as outras estavam ali, observando. A tinha tanta coisa sobre elas, também: Hanna havia escondido um grave acidente de carro, Spencer tinha feito uma garota ser presa por posse de drogas, Emily tinha aceitado dinheiro por seu bebê... embora ela tenha devolvido. Se A dissesse tudo isso a Agente Fuji, ela nunca iria acreditar que elas eram inocentes. 
— Hanna? — A voz de Mike soou atrás dela. 
Ela virou-se para vê-lo. Ele estava adorável em sua camiseta do Lacrosse de Rosewood Day, jeans preto apertado e tênis Vans velhos. Havia um sorriso animado de garotinho em seu rosto. 
— Eu tenho uma surpresa para você! 
— O que é? — Hanna perguntou cautelosamente, deixando seu celular cair de volta na bolsa. Nesse momento ela não estava no clima para uma surpresa. 
Mike estalou os dedos e, de repente, uma fila de jogadores do lacrosse juvenil entrou. Depois de contar até três, em um movimento sincronizado, eles arrancaram a camisa e olharam para Hanna. Letras tinham sido pintadas em seus abdomes definidos. A primeira era um H, em seguida, um A, e, depois... 
Hanna piscou com força. Seus corpos enunciavam Hanna Para Rainha Do Baile da Primavera. 
Alguém no restaurante aplaudiu. Kate Randall, a meia-irmã de Hanna, que estava sentada em uma das mesas, acenou com a cabeça apreciativamente. Os olhos de uma garçonete se arregalaram com os peitorais e abdomes bem definidos dos meninos, e ela
quase deixou a bandeja cair. Então, Mike se virou, arrancou sua camisa e sorriu para Hanna. Em seu peito nu havia um ponto de exclamação. 
— Você vai concorrer, certo? — ele perguntou animadamente. — Eu já consegui os votos do time juvenil de lacrosse e do time principal do colégio. 
Muda, Hanna tocou o colar da Tiffany em torno do seu pescoço. Rainha do Baile da Primavera era o termo que Rosewood Day dava para a rainha do baile. Hanna e Mike iriam para o baile juntos — ela comprou o vestido no mês passado, em uma promoção da Marchesa. Custou mais do que seu pai queria gastar, mas ele sabia o quanto a formatura significava para ela — ela costumava falar poeticamente sobre como seria sua noite ideal do baile da mesma forma que a maioria das meninas sonhavam com um casamento de conto de fadas. 
Mas a rainha? Claro, Hanna já tinha pensado nisso, sonhado com isso, mas depois desse ano louco, ela não tinha realmente levado a sério. — Eu não sei — ela disse hesitante, olhando para Mike e, em seguida, a fila de rapazes sem camisa. — E Naomi? 
Naomi Zeigler era a rainha de Rosewood. Naomi não tinha deixado Hanna se juntar a ela depois da morte de Mona, e apesar de Hanna ter começado a ter um progresso com Naomi no cruzeiro, tudo tinha desabado quando Hanna descobriu que a prima de Naomi era Madison, a menina que ela tinha deixado inconsciente no lado da estrada depois de bater o carro dela no verão passado. Hanna até mesmo tinha suspeitado que Naomi era A... mas ela estava errada. Quando Hanna confessou o que tinha feito, Naomi ficou tão revoltada que tinha dito para ela não falar com ela novamente. 
Uma mão tocou o braço de Hanna. Kate apareceu à vista. — Naomi não vai concorrer, Han. A média de notas dela não é alta o suficiente. — Ela sorriu triunfante. Por razões que Hanna ainda não sabia, Naomi e Kate estavam brigadas. 
— E você não vai concorrer, também? — Hanna perguntou. Com os longos cabelos castanhos de Kate, até mesmo os traços do rosto, e o corpo de atleta, ela era mais do que bonita o suficiente. 
Kate balançou a cabeça. — Não. Não faz meu tipo. Você deveria concorrer, no entanto. Vou pedir para todos votarem em você. 
Hanna piscou com força. Ela e Kate tinham feito as pazes no mês passado, mas depois de anos sendo inimigas, ela ainda não estava acostumada com isso. — E Riley? — ela perguntou. 
Kate riu. Mike deu a Hanna um olhar estupefato. — Riley? Você está falando sério? 
Hanna imaginou o cabelo assustadoramente vermelho de Riley e a pele pálida de vampiro — definitivamente não era o tipo de Rainha do Baile da Primavera. — Ok. Eu acho que você está certo. 
Mike virou-se e começou a incitar o resto da equipe. — Han-na! — ele cantou. 
— Han-na! — Os outros meninos se juntaram, e Kate também. 
Hanna sorriu e começou a considerar isso. Ela já podia imaginar a foto fabulosa e um pouco assustadora de si mesma e do rei no cemitério perto do Quatro Estações da Filadélfia, uma tradição de Rosewood Day que era impressa em um encarte especial no anuário. Se ela ganhasse, o seu legado em Rosewood seria a de uma menina bonita que estava usando a coroa de Rainha do Baile da Primavera — e não a de uma menina que tinha sido torturada por A. 
— Mas que droga — ela disse lentamente. — Eu estou dentro! 
— Ótimo! — Mike enfiou a camiseta por cima de sua cabeça. — Eu vou ajudá-la na campanha. Vamos comprar um salão de beleza e oferecer as meninas manicures de
graça. Dar conselhos de moda. Vou até assumir uma tarefa pela equipe e me oferecer para dar beijos de graça. — Ele fechou os olhos e fez beicinho. — Somente nas garotas gostosas, no entanto. 
Hanna deu um tapa nele. — Sem barraca do beijo! Mas as outras coisas parecem incríveis. 
Então, uma menina bonita na porta chamou a atenção de Hanna. Tinha o cabelo preto lustroso e olhos azuis, e usava um vestido envelope bonito que Hanna tinha visto na janela da BCBG. Hanna olhou para o rosto da menina, achando-o um pouco familiar. 
— Uau. — Brant Fogelnest, um dos jogadores de lacrosse sentado por perto, inclinou a cabeça para trás para dar uma olhada melhor. — Chassey! 
Hanna ficou estupefata. — Ele acabou de dizer Chassey — ela sussurrou para Mike. — Bledsoe? 
— Acho que sim — Mike murmurou com rugas na testa. Kate também acenou com a cabeça. 
Hanna hesitou. Chassey Bledsoe era uma idiota que jogava ioiôs, usava o chapéu do filme O Gato nos Bailes, e usava mochilas enormes que a faziam parecer um carteiro. Essa menina estava usando sapatos Jimmy Choo e carregando uma bolsa delicada debaixo do braço. Parecia até que ela estava usando cílios postiços. 
Mas então a menina falou. — Ah, aí está você! — ela disse para alguém do outro lado do restaurante. Era a voz de Chassey Bledsoe, a mesma voz que tinha chamado Hanna, Ali, e as outras no intervalo no ensino médio, desesperada para fazer parte do grupo delas. A nova e melhorada Chassey passou por sua melhor amiga, Phi Templeton, que estava sentada em uma cabine no canto. Embora Phi estivesse de jeans Mudd folgados e uma camiseta grande com uma mancha sobre um seio, não parecia o estilo da Nova Chassey. 
— Ela não esteve fora da escola por, tipo, um mês, com herpes? — Hanna sussurrou. Chassey estava em sua aula de cálculo; a professora tinha sentido pena dela porque ela também tinha tido herpes uma vez. 
— Eu acho que sim. — Mike bateu os dedos sobre o bar. — Mas, se herpes fazem isso com alguém, talvez mais meninas deveriam ter. 
Kirsten Cullen, que estava sentada em uma mesa bistrô perto de Hanna, levantou uma sobrancelha, ouvindo. — Ela parece incrível. Ela deveria concorrer à Rainha do Baile da Primavera. 
Mais crianças murmuraram que a Nova Chassey deveria concorrer — até mesmo alguns membros da equipe idiota de cantores de Hanna deram um desanimado “Chas- sey”. — Hanna olhou para Mike, impotente. — Você não pode fazer alguma coisa? 
Mike levantou as palmas das mãos. — Fazer o quê? 
— Eu não sei! Eu que tenho que ser a Rainha do Baile da Primavera! 
Bip. 
O celular de Hanna brilhou insistentemente dentro de sua bolsa. Ela puxou-o para fora. UMA NOVA MENSAGEM DE ANÔNIMO. 
Seu estômago revirou. Ela não tinha ouvido falar de A a semana inteira, mas ela sabia que seria apenas uma questão de tempo. Ela olhou ao redor do restaurante, na esperança de encontrar quem mandou. Uma pessoa passou por trás de uma fonte no pátio. A porta da cozinha se fechou rapidamente, escondendo uma sombra. 
Preparando-se, ela apertou em LER.
Apenas perdedoras competem com perdedoras. Faça qualquer esforço para ganhar, e não só vai perder o meu respeito — como eu também vou dizer a Agente Fuji sobre todas as suas mentirinhas impertinentes. —A
3 
QUERIDA EMILY, EU ESTOU 
DIANTE DE VOCÊ 
Naquela mesma tarde, Emily Fields e sua mãe entraram em uma boutique chamada Grrl Power em Manayunk, um bairro moderno na Filadélfia. A música de uma banda de uma menina grunge tocava pelos alto-falantes estéreos. Uma menina com um piercing na sobrancelha e uma cabeça meio raspada olhava para elas do outro lado do balcão. Duas meninas com as mãos nos bolsos uma da outra percorriam a seção de jeans. Manequins usavam camisetas que ostentavam coisas como EU NÃO CONSIGO NEM SEQUER PENSAR DIREITO! e EU NÃO SOU GAY, MAS MINHA AMIGA É. 
A Sra. Fields vasculhou itens em uma mesa, em seguida, pegou um par de leggings amarelo-canário. — Estas são bonitas, você não acha? Eu poderia usá-las em minhas caminhadas matinais. 
Emily olhou para elas. Havia impresso na bunda EU ADORO UM BOM MUFFIN DE MANHÃ. Ela não tinha certeza se devia rir ou chorar. Será que sua mãe sabia o que isso significava? 
Então, ela olhou em volta. Todos na loja pareciam estar olhando para ela, a ponto de cair na gargalhada. Ela puxou as leggings da mão da sua mãe. 
A Sra. Fields afastou-se da mesa, parecendo intimidada. No mesmo instante, Emily se perguntou se ela tinha sido muito dura. A mãe dela estava tentando tanto. Esta era a mesma mulher que tinha banido Emily para Iowa por ter saído do armário no ano passado. Emily tinha acabado de jogar outra bomba na sua mãe, também: Ela teve um bebê no verão passado e o deu para um casal em Chestnut Hill. Por um tempo, a família dela isolou-a totalmente, mas não havia nada como uma verdadeira bomba em um navio de cruzeiro e um quase afogamento no mar para colocar as coisas em perspectiva. Quando Emily voltou do cruzeiro viva, seus pais haviam lhe dado uma recepção de heroína e prometeram consertar as coisas. 
Até agora, o Sr. Fields fez panquecas de banana para o café da manhã de Emily todos os dias na semana passada. Ambos os seus pais se sentaram diante do computador de Emily e olharam suas fotos do cruzeiro com ela, e se impressionaram com suas fotos do pôr do sol laranja brilhante e com as barbatanas dos golfinhos distantes. Hoje, a Sra. Fields tinha chegado no quarto de Emily às oito da manhã e anunciou que elas iriam ter um dia de meninas: manicures, almoço e, em seguida, fazer compras em Manayunk. Mesmo que mani-pedi e compras não fossem o tipo de coisa de Emily, ela concordou prontamente. 
Emily colocou as leggings de volta na mesa e escolheu um par vermelho que dizia REGRAS DAS MENINAS na bunda. Ela entregou a sua mãe. — Eu acho que vermelho fica melhor em você. 
O sorriso voltou ao rosto da sua mãe. É isso aí. Isso era bem melhor.
Em seguida, o telefone da Sra. Fields tocou, e ela puxou-o para fora do seu bolso, olhou para a tela e sorriu. — Carolyn acabou de mandar uma mensagem dizendo que ela arrasou na prova final de biologia dela. Isso não é ótimo? 
Emily puxou o lábio inferior em sua boca. Sua irmã estava agora em Stanford com uma bolsa de natação, e Emily tinha ouvido de segunda mão como ela lutou com o curso durante todo o ano. Carolyn não tinha dito para ela por si mesma, é claro. Sua irmã tinha amargamente escondido Emily na Filadélfia durante os últimos estágios da sua gravidez, e elas não estavam exatamente se falando. 
Emily brincava com uma pulseira de couro batido em uma bandeja de exibição. — Então, quando você acha que eu vou falar com Carolyn? 
A Sra. Fields redobrou uma camiseta que esteve olhando, evitando cuidadosamente o olhar de Emily. — Tenho certeza que ela vai ligar em breve para você. 
— Será que ela realmente quer pedir desculpas? 
A pálpebra da Sra. Fields contraiu. — Devemos nos concentrar em você e em mim, você não acha? Estou tão feliz que estamos juntas. Espero que possamos fazer isso mais vezes. 
Emily levantou a cabeça. — Então... isso significa que Carolyn ainda está com muita raiva? 
O celular da Sra. Fields tocou, e ela demorou bastante vasculhando através da sua bolsa para encontrá-lo. — Eu preciso atender — ela disse rapidamente, mesmo que Emily tivesse certeza de que era apenas o pai dela... ou talvez a própria Carolyn. 
Emily encostou-se em uma prateleira de casacos e suspirou. Ok, então as coisas não estavam perfeitas ainda. A Sra. Fields havia dito a ela que Carolyn queria esquecer o passado, mas Emily não tinha visto nenhuma indicação disso ainda. Ela e sua família nem tinham tido uma conversa sobre a gravidez de Emily ou o bebê. Mas estas coisas levavam tempo, certo? Panquecas de banana ainda era um enorme gesto. 
Quando a mãe dela saiu pela porta da frente, Emily pegou seu próprio celular e verificou seu e-mail. Havia uma nova mensagem do Comitê do Baile de Formatura da Primavera de Rosewood Day: Não se esqueça de comprar um ingresso para o baile de formatura! 7 de maio, 19:00h. No Hotel Quatro Estações, 1 Logan Square, Filadélfia. Jantar e dança. 
Um sentimento de solidão a invadiu. Ela já tinha comprado um ingresso para o baile, suas amigas estavam obrigando-a a ir. Mas a única pessoa que Emily queria convidar — uma menina chamada Jordan Richards que ela conheceu no cruzeiro — não podia ir. 
Felizmente, não houve novas notícias sobre Tabitha. O dedo de Emily apertou o botão para a galeria de fotos e, de repente, uma foto de Alison DiLaurentis a encarou de volta. Era a Verdadeira Alison DiLaurentis, a menina que voltou para Rosewood no ano passado e mais tarde revelou-se como A. Emily tinha tirado a foto de Ali em seu quarto no dia que Ali a tinha beijado. Sou eu, Em, Emily podia praticamente ouvir Ali dizendo. Estou de volta. Eu quis fazer isso de novo há tanto tempo. Tenho tantas saudades suas. 
Emily continuava amando Ali, apesar de tudo. Mesmo depois que Ali confessou que tinha matado sua própria irmã, Emily tinha esperança de que ela recuperaria a sanidade e repararia o que ela tinha feito. Seu amor por Ali tinha sido tão intenso que ela tinha deixado a porta aberta para ela em Poconos em vez de fechá-la e deixar a suposta assassina das meninas queimar. 
Ela manteve o segredo por um tempo, mas ela finalmente disse a suas amigas na semana passada. Agora, elas estavam começando a acreditar no que Emily sabia o
tempo todo: A Verdadeira Ali não estava morta, e ela era a Nova A. Isso significava que a Verdadeira Ali tinha testemunhado todas as transgressões das meninas no verão passado, incluindo Emily contrabandeando seu bebê do hospital e levando-o para longe de Gayle Riggs, uma mulher que ela achava que era louca — e uma mulher que estava morta. Ali poderia ter estado na Jamaica, também, e ela poderia ser a verdadeira assassina de Tabitha. Isso significava também que a Verdadeira Ali tinha estado no navio de cruzeiro na semana passada. Como elas não tinham visto ela? Como é que ninguém a viu? 
O polegar de Emily pairava sobre o APAGAR. Depois de A ter ameaçado a vida do seu bebê, ela finalmente chegou a odiar a Verdadeira Ali. E ainda assim ela não conseguia se decidir se apagava ou não a única foto que ela tinha dela. Suspirando, Emily rolou para o fim da sua galeria de fotos e olhou para a foto de outra menina que ela tinha certeza de que ela amava. Jordan sorria para a câmera. O corpo dela estava iluminado pelo sol escaldante de Porto Rico, e uma água azul se esticava atrás dela por quilômetros. Emily tocou a tela, desejando que ela pudesse sentir o rosto suave de Jordan mais uma vez. 
— Ela é bonita. — A vendedora olhou por cima do ombro de Emily para a foto de Jordan. — É sua namorada? 
Emily sorriu timidamente. — Mais ou menos. 
Um canto do lábio da menina se enrolou em um sorriso. — O que isso significa? 
Emily colocou o telefone no bolso. Isso significa que ela era uma fugitiva. Isso significa que ela pulou de um navio de cruzeiro em Bermuda para evitar o FBI, e eu não tenho ideia de onde ela está agora ou quando eu vou vê-la novamente. 
Ela vagou em direção à seção de calçados, que cheirava fortemente a couro e borracha. Ela nunca iria esquecer os últimos minutos que ela e Jordan estiveram juntas. Na vida passada de Jordan, ela tinha sido Katherine DeLong, a Ladra Patricinha, a menina que roubou barcos, carros e aviões. Quando Emily a conheceu, ela tinha acabado de escapar da prisão e de mudar seu nome, e estava pronta para um novo começo. Os agentes do FBI, provavelmente alertados pela Verdadeira Ali/Nova A, perseguiu elas duas no corrimão do navio. Jordan tinha dado a Emily um último olhar, em seguida, mergulhou na baía para escapar. 
Quando Emily voltou para casa, ela recebeu um cartão postal de Jordan. Nós nos veremos outra vez. Emily estava morrendo de vontade de escrever de volta, mas Jordan não era estúpida o suficiente para incluir um endereço de retorno. Onde quer que ela estivesse — na Tailândia, no Brasil, ou em uma ilha pequenina na costa da Espanha — ela estava se escondendo bem o suficiente para fugir da polícia. 
Emily passou os dedos sobre o couro liso de um par de Doc Martens em exibição, tendo uma ideia. Ela pegou o telefone novamente, abriu o aplicativo do Twitter, e entrou em sua conta. Então ela copiou e colou o convite do baile em um novo tweet. O BAILE É EM DUAS SEMANAS, ela digitou. EU GOSTARIA DE PODER LEVAR O MEU VERDADEIRO AMOR. 
Ela clicou em TWITTAR, sentindo-se satisfeita. Ela esperava que Jordan o visse e entendesse o que isso significava. E mesmo que Jordan provavelmente não respondesse, pelo menos ela saberia que Emily estava pensando nela. 
Quando seu telefone tocou um segundo depois, seu ânimo se elevou — já era Jordan! Mas o e-mail era de alguém chamada Agente Especial Jasmine Fuji. PRECISO FALAR COM VOCÊ SOBRE TABITHA CLARK. 
A visão de Emily se estreitou. As vozes guturais da música bombeando através dos alto-falantes da loja de repente soaram como cães ferozes. Pressionando-se em um
canto de trás, ela abriu o e-mail. Querida Senhorita Fields, lia-se. Eu sou uma agente especial encarregada da investigação do assassinato de Tabitha Clark. Seu nome estava em uma lista de hóspedes do resort Cliffs em Negril, Jamaica, ao mesmo tempo em que a senhorita Clark estava lá. O procedimento dita que eu devo entrevistar todos para obter uma melhor perspectiva do que aconteceu naquela noite. Entre em contato comigo o mais breve possível. Atenciosamente, Agente Especial Jasmine Fuji. 
— Emily? 
Sua mãe estava olhando para ela, sua bolsa de pele de crocodilo falsa debaixo do braço. — Você está bem? 
Emily lambeu os lábios secos. De nenhuma maneira ela poderia falar com essa policial. Jasmine Fuji saberia imediatamente que ela estava mentindo. 
A Sra. Fields a pegou pelo braço. — Você está tão pálida. Vamos pegar um pouco de ar. 
A rua cheirava a exaustão de carro e cerveja velha do bar ao lado. Emily respirou ofegantemente, tentando dizer a si mesma que não era uma grande coisa. Mas era. Ela não podia mentir para uma agente federal. 
Bip. 
Vertiginosamente, ela olhou para o telefone novamente. Como uma deixa, uma mensagem de texto de um remetente anônimo tinha chegado. Emily suspirou quando ela leu a nota. 
Espere até que eu diga a Agente Fuji que você e sua namorada são perfeitas uma para a outra — vocês duas são criminosas de sangue frio. —A
4 
NINGUÉM SABE O QUE ARIA FEZ NO VERÃO PASSADO 
— Vai, Noel, vai! — Aria Montgomery gritou do lado de fora do campo de lacrosse na tarde do dia seguinte na hora do almoço. O namorado dela, Noel Kahn, atravessou a grama e tentou fazer seu quinto gol consecutivo. Aria prendeu a respiração quando a bola partiu para a rede. 
— Yeah! — ela gritou, batendo as mãos nas de Hanna. A equipe de lacrosse estava arrecadando dinheiro para o abrigo local, e as pessoas tinham feito apostas de doação em qual jogador poderia obter o maior número de gols em menos de um minuto. Naturalmente, Aria tinha apostado dez dólares em Noel. 
Assim que um minuto se passou — Noel ficou em segundo lugar depois de Jim Freed — Noel correu até ela. — Você foi incrível! — Aria gritou, envolvendo os braços ao redor dele. 
— Obrigado, gata. — Noel beijou-a longo e duramente, fazendo as costas das pernas de Aria formigarem. Mesmo que eles estivessem namorando há mais de um ano, o estômago de Aria ainda capotava quando ela sentia seu cheiro levemente de limão, levemente suado pós-treino. 
Hanna, que tinha acabado de cumprimentar seu próprio namorado jogador de lacrosse, o irmão de Aria, Mike, cutucou Noel. — Eu não posso acreditar que você tornou Aria uma fã de lacrosse. Eu não achava que isso seria possível. 
Noel fez uma reverência zombeteira. — Foi um trabalho árduo, mas valeu a pena totalmente. 
— Ah, obrigada. — Aria puxou seu cardigã mais apertado ao redor de seus ombros. Fazia frio para o final de abril, e o céu cinzento ameaçava chuva. Hanna estava certa: Se alguém lhe houvesse dito no início do seu primeiro ano que ela estaria assistindo ao evento de caridade de lacrosse durante o almoço, em vez de, digamos, trabalhando em uma escultura, ela teria rido na cara dele. E se essa pessoa tivesse dito que ela estaria namorando Noel Kahn, ela teria caído de sua cadeira. Aria tinha se apaixonado por Noel quando ela e Ali eram amigas no ensino médio, mas depois que Noel começou a gostar de Ali, ela tinha desistido dele. Então, quando ela voltou dos três anos de período sabático da sua família na Islândia, ela já não era o tipo de garota que namorava típicos jogadores de lacrosse. Ou assim ela pensava. 
O treinador soprou o apito. Noel pegou seu taco, deu outro beijo em Aria, e correu com Mike em direção ao meio do campo para estar com sua equipe. O coração de Aria inchou quando ela olhou para as suas firmes e fortes panturrilhas. Quando as meninas tinham estado a ponto de confessar à polícia sobre a morte de Tabitha, tudo em que ela poderia pensar era em nunca ver Noel novamente — nunca beijá-lo, segurar sua mão, até mesmo ficar deitada com ele no sofá e ouvi-lo mastigar pretzels audivelmente.
Embora elas não tivessem confessado, ela ainda sentia como se estivesse em dívida com ele. 
Depois que os garotos estavam a uma distância segura, Aria pigarreou. — Então, eu recebi uma mensagem estranha ontem. 
Ela mostrou a Hanna a tela do seu celular. Seu nome estava em uma lista de hóspedes do resort Cliffs durante o assassinato de Tabitha Clark... Nós precisamos conversar assim que possível... Agradeço sua cooperação. 
Hanna acenou com a cabeça. — Eu recebi também. Assim como Spencer e Emily — e Mike — ela disse. — Será que Noel recebeu? — Os meninos estavam nas férias da Jamaica com elas. 
Aria ficou rígida, olhando para Noel em sua roupa de proteção e chuteiras. Ele simplesmente pulou nas costas de Mason Byers, e Mason estava balançando ao redor, tentando tirá-lo. — Hum, eu não lhe perguntei — ela disse em uma voz baixa. — Noel não nos viu conversando com Tabitha, no entanto. E ele e Mike definitivamente não viram... você sabe. Não é como se eles fossem dizer alguma coisa estranha. 
Assim que as palavras saíram da sua boca, ela não tinha certeza se ela acreditava nelas. Na viagem, Noel não tinha prestado atenção em Tabitha, exceto para dizer que ela parecia de alguma forma familiar. Então, quando o corpo de Tabitha tinha aparecido e estava em todos os noticiários, Noel muitas vezes mudou de canal, metade do tempo nem sequer registrando que tinha estado na Jamaica ao mesmo tempo em que ela estava. Só recentemente ele tinha começado a mostrar interesse na história. Agora, toda vez que a foto dela aparecia na TV, ele olhava para ela com curiosidade, dizendo: — Ela não te lembra alguém? — E se ele tivesse notado o quão nervosa Aria sempre ficava sempre que uma história de Tabitha aparecia? E se ele inocentemente mencionasse que Tabitha lembrava Ali? Havia todos os tipos de formas acidentais e não intencionais que Noel poderia incriminá-la. 
Aria apertou as mãos. Noel provavelmente iria falar com a policial por dois minutos, no máximo. E de qualquer maneira, as meninas não tinham matado Tabitha — A tinha espancado ela na praia. 
Claro, elas eram as únicas que sabiam disso. 
— Devemos nos encontrar com a Agente Fuji? — perguntou Hanna. 
— Não é como se nós pudéssemos dizer que não. — Aria mordeu uma unha. — Talvez todas nós pudéssemos nos encontrar com ela juntas. Pelo menos então vamos todas contar a mesma história. 
Então Hanna empurrou o celular para Aria. — Eu também recebi isso. 
Aria leu a mensagem. Apenas perdedoras competem contra perdedoras. Faça qualquer esforço para ganhar, e não só vai perder o meu respeito — como também eu vou dizer a Agente Fuji sobre todas as suas mentirinhas impertinentes. —A 
— Mike estava tentando me convencer a concorrer para o Baile da Primavera — Hanna sussurrou. — E então Chassey Bledsoe entrou parecendo toda fabulosa. 
— Eu a vi! — exclamou Aria. — Ela parece meio... retocada, não é? 
Hanna encolheu os ombros. — Eu não sei. O estranho é, A enviou isto praticamente no momento em que eu vi a transformação de Chassey... como se A estivesse assistindo. Havia toneladas de crianças no Rive Gauche naquele dia, mas eu não vi ninguém mandando mensagem. 
— A está em toda parte — Aria sussurrou, tremendo. Elas tinham passado por tantos diferentes suspeitos de serem o Novo A, mas cada um tinha resultado em um beco sem saída — um deles literalmente — ou em um prejuízo horrível. Como Graham, o cara com quem Aria tinha feito amizade no cruzeiro que também revelou ser o ex-
namorado de Tabitha. Por um tempo, Aria tinha medo de que Graham pudesse ser A, ele certamente tinha um motivo, e ele começou a agir de um modo estranho, insistindo que ele tinha algo a lhe dizer. Agora, ela percebeu que ele queria dizer-lhe que alguém estava de olho nela. Mas A havia detonado uma bomba antes que Graham houvesse dito isso... talvez porque A não queria que Graham identificasse ele ou ela. 
— Você recebeu alguma outra mensagem de A? — Hanna colocou o celular de volta no bolso. 
Aria balançou a cabeça, em seguida, mostrou a Hanna um novo iPhone em uma case de neoprene rosa. — Mas talvez seja porque eu estou com isso. Ele tem um número não rastreável. 
— Bem pensado — disse Hanna. Ela olhou nervosamente para o campo. — Você acha que A poderia nos incriminar por causa de Tabitha? 
Aria lambeu os lábios. A tinha todas aquelas fotos horríveis delas no telhado daquela noite. E quem sabe o que mais A não tinha mostrado ainda. 
Ela estava prestes a responder quando, de repente, os alto-falantes montados na parte superior da arquibancada gritaram. — Atenção! — disse uma voz ecoando. Uma tosse forte e um som de pigarro se seguiu. Era o diretor Appleton. Por alguma razão, ele sempre pigarreava ao microfone, fazendo barulhos que muitas vezes soavam como arroto. 
— Todos os sêniores! Eu tenho uma notícia emocionante! — disse Appleton. — Nós temos os nossos candidatos a Rei e Rainha do Baile da Primavera! Para o rei, é Joseph Ketchum e Noel Kahn! 
Todo mundo nas arquibancadas aplaudiu. Hanna cutucou Aria, e os caras do campo deram tapinhas nas costas de Noel com diversão, como se dissessem vamos- fingir-que-o-baile-não-importa-mesmo-que-meio-que-importe. 
— E para a rainha — Appleton continuou, — temos Hanna Marin... 
Hanna sorriu nervosamente. Aria apertou o braço dela. 
— ...e Chassey Bledsoe! — Appleton terminou. 
Vários aplausos se seguiram. Algumas pessoas franziram o cenho, se perguntando quem Chassey era, como se todos eles não tivessem ido para a escola juntos desde a infância. Hanna apertou a boca em uma linha. 
— Você não está realmente preocupada com Chassey vencer, não é? — perguntou Aria. 
— Eu não posso fazer campanha! — Hanna pegou um fio solto da sua saia. — De nenhuma maneira eu vou ferrar todas vocês só para que eu possa ser a Rainha do Baile da Primavera. 
O alto-falante estalou novamente. — Quanto à decoração do Baile da Primavera — Appleton disse, — nós recebemos uma série de pedidos para ser a presidente de decoração. Nós vamos fazer um anúncio assim que escolhermos! 
A multidão murmurou. Hanna olhou para Aria. — Você se inscreveu para isso? 
— Eu queria, mas eu esqueci — Aria disse, sentindo uma vibração de decepção. Rosewood Day levava o trabalho de presidente de decoração a sério — aqueles que estavam interessados tiveram que preencher um pedido de dez páginas com ideias de design e esboços com meses de antecedência, e muitos candidatos ainda incluíam portfólios digitais e vídeos pessoais explicando porque deveriam ser escolhidos — mas as pessoas que conseguiam o título, no passado, sempre falavam sobre como era divertido. Além de projetar toda a decoração do baile de finalistas, o presidente também fazia o blog do baile e tirava fotos de rituais de bailes idiotas-mas-exclusivos, como da grande fila de conga, e do rei e da rainha no cemitério perto do hotel Quatro
Estações na Filadélfia, onde o evento era realizado a cada ano. Aria tinha estado tão consumida com A que ela tinha perdido o prazo de inscrição. 
— Mas eu posso dizer que nós decidimos sobre um tema! — Appleton continuou. — O Conselho Estudantil decidiu por... A Noite Estrelada! 
As pessoas aplaudiram. Hanna apoiou a coluna vertebral contra o muro por trás delas. — Esse é um bom tema, você não acha? 
Aria apenas olhou para Hanna, o sangue escorrendo da sua cabeça. Pensando bem, graças a Deus que ela não tinha se inscrito. Era um tema terrível. 
— O quê? — Hanna piscou. — Eles podem fazer grandes pinturas de Van Gogh e... oh. 
A pintura. Aria podia ver o pensamento piscando na mente de Hanna, como se estivesse em neon. Aria e Hanna nunca tinham falado sobre aquela noite... mas isso não significava que Aria tinha esquecido. Ela poderia dizer que Hanna não tinha, também. 
Aria colocou as mãos sobre os olhos. A viagem para a Islândia tinha sido um desastre desde o início. Eles ficaram sentados na pista por quase duas horas antes da descolagem. E então, nenhum caixa eletrônico estava funcionando no Aeroporto Keflavik, o que significava que eles tiveram que juntar os cheques de viagem por um ônibus para o hotel em vez de um táxi. O hotel cancelou suas reservas e enviou-os para uma pousada na mesma rua, que era úmida, cheirava a peixe, e era tão pequena e lotada que todos eles tiveram que dividir um quarto. 
Em seguida, Noel começou a reclamar sobre tudo — do gosto estranho do leite, de como a banheira de hidromassagem do quintal era provavelmente cheia de bactérias, do quão incômodo o edredom era contra sua pele. Aria tinha atribuído isso ao cansaço da viagem de avião, só que ele reclamou no dia seguinte, também. E no próximo. Ele não parecia impressionado com seus passeios românticos pela cidade. Ele não elogiava a deliciosa cerveja local. Ele nem sequer achou o museu do pênis interessante. Ele achou os cavalos nativos ridículos, e quando Aria apontou para o lindo Monte Esja à distância, Noel disse, — É, as Montanhas Rochosas são melhores. 
Mike entrou no ato, dizendo que os bares da cidade pareciam ainda mais idiotas do que quando ele morava lá. Quando Hanna reclamou sobre a falta de boutiques, Aria tinha ido para o quarto e gritou em um travesseiro. Típicos Rosewoods, ela pensou amargamente. 
Na última noite, o ar tinha se enchido de tensão, e todos eles tinham ido a um bar no caminho para extravasar. Quando Aria sentou-se ao lado do garoto emo-barbudo, cabeludo e de óculos chamado Olaf, que iniciou uma conversa sobre um poeta islandês que Aria amava, ela quase o abraçou de alívio. Ali estava alguém que sabia que havia mais vida além de Rosewood. Alguém que gostava de música interessante, tinha o seu próprio pônei, e amava a Islândia tanto quanto ela. 
Claro que Noel e Mike achavam que ele era ridículo. Eles o chamavam de Gayloff por trás das costas dele — não em voz baixa, no entanto — como eles também bebiam goles após goles do aguardente Black Death, contavam piadas estúpidas, e agiam de um modo tão americano e idiota que Aria queria que não fosse tão óbvio que ela estava com eles. Em seguida, eles tentaram se infiltrar na conversa de Aria e Olaf. — Você é um estudante de arte? — Noel se arrastou até Olaf. — Ei, eu gosto de arte, também. 
Olaf levantou uma sobrancelha. — Quem é seu artista favorito? 
Aria queria se esconder. Futebol, Noel poderia falar. Mas arte? Desastre. — Uh, aquela pintura com as estrelas estranhas e uns redemoinhos — respondeu Noel. — Daquele cara que cortou a orelha? 
— Você quer dizer Van Gogh? — Olaf disse soando Van Gock.
Noel sorriu para a sua pronúncia, mas não fez nenhum comentário. — Você ouviu que há uma pintura secreta dele escondida em uma mansão não muito longe daqui? Foi roubada por um barão alemão de um rico rapaz judeu durante o Holograma. 
Ele disse Holograma em vez de Holocausto. Aria cobriu os olhos. — Onde você ouviu algo tão idiota assim? — ela murmurou, mortificada. 
— Na verdade, eu o ouvi dizer isso. — Noel projetou um polegar para Olaf. 
Olaf levantou uma sobrancelha. — Não fui eu. 
— Bem, foi alguém — Noel falou arrastado. Então, ele estufou o peito, o que só o fez perder o equilíbrio e cair para fora do banco. Mike riu muito e alto, enquanto o barman olhou para os dois, cansado, certamente pensando, Deus, eu estou tão cansado de crianças americanas. 
Mas, então, Olaf tocou o braço de Aria. — Ele está certo, no entanto. Há uma pintura em uma mansão não muito longe daqui — uma pintura autêntica de Noite Estrelada. Ninguém jamais a viu. 
— Sério? — Aria levantou uma sobrancelha. 
— Sério. — Olaf olhou para fora da janela, pensativo. — A dona da casa é muito mesquinha com seu dinheiro e suas coisas. Dizem que ela tem todos os tipos de bens inestimáveis naquela casa que deveria estar em museus, mas ela quer eles só para ela. 
— Bem, isso é tão ridículo. — Aria colocou as mãos nos quadris. — Essa é a coisa mais burguesa que eu já ouvi. As massas merecem testemunhar a grande arte tanto quanto os ricos o fazem. 
— Eu concordo — disse Olaf. — Artes como estas devem ser de propriedade do mundo, e não apenas de uma pessoa. 
Aria balançou a cabeça enfaticamente. — Devem ser libertadas. 
— Libertadas? — Noel deu uma gargalhada do chão. — Não é um tigre enjaulado, Aria. 
Mas os olhos de Olaf brilharam. — Essa é a coisa mais linda que eu já ouvi — disse ele em seu delicioso sotaque islandês. 
A próxima coisa que ela sabia era que estava encostada em uma parede de tijolos do lado de fora do bar, a barba de Olaf arranhando seu rosto, seus lábios procurando os dela. Quando a porta rangeu, eles se separaram. Uma figura estava de pé na soleira da porta, e o coração de Aria parou. Noel? 
Era Hanna que tinha saído. Ela parou quando ela os viu, um olhar de desgosto em seu rosto. — Por favor — Aria pedira, afastando-se de Olaf. — Não diga nada, ok? 
Agora, um apito soou, arrancando Aria da sua memória. Ela olhou para Hanna e a viu morder as unhas, como se fossem feitas de chocolate. Mais abaixo no campo, Noel estava rindo com Jim Freed. Ele provavelmente não se lembrava daquela noite de conversação — ele estava tão bêbado. Graças a Deus ele não tinha ideia do que tinha acontecido naquela noite — ninguém exceto Hanna. Às vezes, em momentos sombrios, Aria se atrevia a pensar em Olaf. Nunca houve uma história sobre a polícia pegá-lo — e ela assumiu que ele e a pintura ainda estavam por aí afora. Mas como ele havia fugido da mansão? Para onde ele foi? 
Blop. 
Aria olhou para baixo e franziu a testa. Havia, na tela de seu novo celular, um alerta para uma mensagem de texto. Só que ela não tinha dado a ninguém seu número ainda. 
Seu coração começou a bater forte. Nervosa, ela abriu a mensagem. Era uma foto do navio de cruzeiro Esplendor do Mar em chamas. Uma mensagem a acompanhava.
Isso era um cruzeiro a vapor, Aria — tenho certeza de que seu melhor amigo Graham também pensava assim. Melhor torcer para que ele sobreviva! —A
5 
DEIXE O INTERROGATÓRIO COMEÇAR 
Na quarta-feira à tarde, Spencer ficou na frente do espelho de corpo inteiro em seu quarto, analisando seu reflexo. A Agente Fuji viria entrevistar todas elas daqui a alguns minutos, e Spencer não conseguia se lembrar da última vez que ela tinha ficado tão aflita em escolher uma roupa. 
Um blazer listrado era muito comum? Ela franziu a testa, tirou-o e provou uma blusa cor de rosa, mas só a fez parecer um grande chiclete. Ela precisava estar casual, mas séria. Uma garota doce — não, uma garota esperta. Alguém que nunca, jamais violaria uma lei. 
Seu olhar se desviou para o vestido cintilante cinza-pérola da Zac Posen que estava pendurado em seu armário. Ainda estava com a etiqueta, mas ela não teve coragem de devolvê-lo. Dois dias depois, a rejeição de Reefer ainda doía. Spencer tinha enviado para ele algumas mensagens melancólicas, implorando para conversarem. Talvez ela tivesse interpretado mal o que ele quis dizer quando ele disse que eles não deveriam estar presos. Talvez ele mudasse de ideia. Mas Reefer não tinha respondido, e ela começou a se sentir tola e desesperada. O que ela precisava, ela decidiu, era de um baile para afastar sua mente dessas coisas. Mas com quem? Todos os meninos elegíveis tinham par há meses. Spencer pensou em chamar seu antigo namorado, Andrew Campbell, que havia se formado mais cedo e agora estava em Cornell, mas eles não tinham se falado desde o ano passado. 
A campainha tocou, e ela tirou a blusa, se trocou de novo, e desceu as escadas com uma camisa azul oxford e calça cáqui skinny. Aria, Emily e Hanna estavam na varanda, se balançando e tremendo como um trio de garrafas de refrigerante sacudindo. Elas entraram rapidamente. 
— Nós temos que fazer alguma coisa — Hanna disse. 
— Eu acho que A leu meus e-mails — Emily reclamou ao mesmo tempo. 
— Eu recebi uma mensagem de um celular confidencial — Aria proferiu abruptamente. 
— Calma aí. — Spencer parou entre a porta do corredor e a sala de estar. — Recomecem. 
Cada menina explicou que todas tinham recebido uma mensagem nas últimas quarenta e oito horas. Todas elas tinham a ver com falar para os policiais sobre elas, assim como a de Spencer, e várias menções sobre a Agente Fuji. Aria estava especialmente desconcertada — A tinha descoberto seu número desconhecido em questão de horas.
— A tem contatos na Verizon3 ou algo assim? — ela gemeu. — E eu acho que A está tentando nos culpar por machucar Graham. Como se eu tivesse provocado a explosão. 
— A poderia também tentar fazer isso com Gayle — Emily disse. — Nós estávamos na garagem dela quando ela foi baleada. Eu tenho certeza de que A tem alguma coisa na manga sobre isso. 
— Não se esqueçam de que A ameaçou nos matar — Hanna acrescentou. 
— Isso está ficando ridículo. É como se A estivesse em toda parte. — Spencer lembrou que A tinha mandado uma mensagem quase um minuto depois que Reefer foi embora. Mas como A sabia? Spencer estava dentro de sua casa. Era como se A tivesse grampeado o lugar ou algo assim. 
Ela piscou. Seria possível? Ela olhou para os cantos da sala, os espaços sob os sofás, as janelas altas. Uma pintura extravagante da Guerra Civil de um cavalo em pé que o Sr. Pennythistle tinha pendurado na sala olhou de soslaio para ela. 
De repente, ela teve uma ideia. — Venham comigo — ela ordenou as outras por cima do ombro, indo em direção ao quintal. 
Todo mundo a seguiu para fora da porta deslizante. Estava úmido e cinza lá fora, e o ar cheirava a grama recém-cortada e ao riacho pantanoso da floresta na parte de trás da propriedade. Uma grande lona azul cobria a piscina da família. Uma névoa sinistra pairava sobre as árvores onde o celeiro renovado dos Hastings tinha estado uma vez — antes de Ali incendiá-lo. À esquerda era a antiga casa dos DiLaurentis, embora a única lembrança que sobreviveu de lá foi a grande pedra no meio do quintal que nunca tiraram — a nova família havia retirado todos os outros vestígios deles até agora, incluindo o antigo terraço, e não havia mais um santuário de Ali na calçada da frente. 
Spencer caminhou para o galpão que o Sr. Pennythistle tinha instalado algumas semanas atrás, abriu a porta e olhou em volta. Um aspirador de folha de laranja estava encostado na parede esquerda. Ela agarrou-o, arrastou-o para o meio do quintal, e puxou a corrente de partida. Suas três amigas olharam para ela como se ela fosse louca, mas havia um motivo para a sua loucura. O cabelo de todo mundo voou até que Spencer apontou o bico para o chão. O ar se encheu com o cheiro nocivo da gasolina. A parte melhor e mais importante era o barulho ensurdecedor que a coisa fazia. Ninguém, nem mesmo A, seria capaz de ouvir as meninas sobre o barulho. 
Spencer gesticulou para as meninas se aproximarem. — Isso tem que acabar — ela disse com raiva. — Se A sabe onde estamos o tempo todo, então A deve estar nos gravando de alguma forma. A está tentando nos culpar por todos esses crimes que não cometemos, e se não agirmos logo, A terá sucesso. 
— O que vamos fazer? — Hanna gritou sobre o aspirador de folhas. 
— Acho que deveríamos fazer o que não fizemos ainda — Spencer declarou. — Nos livrar dos nossos celulares atuais e números de telefone. Se precisarmos de celulares para absolutas emergências, podemos usar um celular descartável, mas não podemos dizer nada importante umas as outras por ligações ou mensagens de voz. Deveríamos usar frases com códigos. 
— Que tal isso não? — Emily interrompeu. 
— Perfeito — Spencer disse. — E nós não podemos dar o número para ninguém, exceto para os nossos pais. 
Aria trocou seu peso. — E quanto aos namorados? 
3 Verizon Communications, Inc.: É uma companhia americana especializada em telecomunicações sediada em Nova Iorque e cotada no NYSE.
Spencer balançou a cabeça. — É muito arriscado. 
Aria fez uma careta. — Noel não vai contar a ninguém. 
— Ele pode deixar o celular em algum lugar que A possa ver, no entanto. E você vai ter que explicar a ele o motivo de estar usando um celular descartável. 
— Como é que eu vou explicar o motivo de não estar usando nenhum celular? — Aria perguntou com as mãos nos quadris. 
Spencer olhou para ela, exasperada. — Eu não sei! Digamos que você está fazendo isso para um projeto da escola sobre a vida sem tecnologia por uma semana. 
— E e-mail? — Hanna perguntou. 
— Nós ainda podemos usar o e-mail para os trabalhos escolares, talvez pudéssemos carregar os nossos celulares antigos por aí, mas só para usar WiFi. Tenho certeza de que o uso de celulares com WiFi não podem ser controlados da mesma forma que o uso com um plano de dados. E não devemos usar a Internet dos computadores das nossas casas, pelo que sabemos, A invadiu nossos sistemas. Precisamos usar computadores que não estão vinculados a nós e, definitivamente, que não tenha nenhum spyware instalado. 
Emily olhou para o local onde o celeiro ficava. — Isso soa muito bem para A não saber onde estamos agora. Mas A ainda pode nos denunciar. 
— Essa é a segunda parte do meu plano — Spencer gritou sobre o aspirador de folhas. — Assim que possível, precisamos ir a algum lugar realmente secreto e seguro, sentarmos e descobrirmos quem poderia ser A. Há, provavelmente, várias pistas que não estamos cogitando. E agora que sabemos o que aconteceu na noite do incêndio, A poderia ser a Verdadeira Ali. 
O aspirador de folhas balbuciou. As árvores na parte de trás da casa balançaram, e por um momento, Spencer jurou ter visto um vulto na floresta. 
— Parece uma boa ideia para mim — Hanna disse. — Para onde deveríamos ir? 
Todo mundo parou para pensar. Então o olhar de Spencer desviou para uma luz de dentro do escritório do Sr. Pennythistle na casa. — Um dia desses, o Sr. Pennythistle me disse que em um modelo de casa em Crestview Estates tem um quarto do pânico. Esses lugares não são, tipo, à prova de som? 
— Acho que sim — Hanna disse. — E às vezes têm videovigilância, assim a pessoa pode ver se alguém está em sua casa. 
— Perfeito — Emily disse. — A nunca vai nos ouvir em um lugar assim. 
Aria apertou os olhos. — Crestview Estates é perto daqui, certo? É em Hopewell? 
— Sim — Spencer disse. Hopewell era uma cidade a cerca de quinze minutos de Rosewood. — E eu aposto que eu poderia roubar a chave da casa. — O Sr. Pennythistle mantinha cópias de todas as chaves dos seus imóveis em seu escritório em casa. Iria ser simples encontrar a certa. 
Os olhos de Emily brilharam. — Deveríamos ir juntas? 
Spencer balançou a cabeça com veemência. — Temos que ir separadas para confundir A. Seria ainda melhor se pudéssemos ir por meios de transporte diferentes, como ônibus, metrô ou carro. 
Aria apertou os pés na grama. — Bem, o transporte público vai para Hopewell. 
— E se alguma de nós dirigir, podemos pegar rotas diferentes — Emily disse. — A não vai saber quem de nós seguir. E se acharmos que alguém está nos seguindo, poderíamos acelerar, parar ou retornar, e talvez conseguir pegar A no flagra. Então nós poderíamos ver quem é A. 
— Ótimo — Spencer disse. Ela olhou fixamente para as outras. — Que tal amanhã à noite?
Todo mundo concordou. Então Spencer avistou um sedan preto estacionando na garagem longa. Seu estômago revirou. Hora do show. 
O carro virou e parou na parte da frente da casa. Uma mulher alta e magra com cabelos pretos longos e ondulados, e corpo esbelto dirigiu-se para a porta da frente. Quando ela notou Spencer e as outras no quintal, ela parou e acenou. 
— Senhorita Hastings? — Ela olhou interrogativamente para o aspirador de folhas. — Ajeitando o jardim? 
Spencer desligou o aspirador de folhas e o deixou cair no chão. Ela vagou pela grama molhada em direção à casa. — Mais ou menos. 
A mulher estendeu a mão. — Eu sou Jasmine Fuji. — Ela olhou para as outras com os grandes olhos cinzentos. — Deixe-me adivinhar. Hanna, Aria e Emily — ela disse, apontando para cada menina certa. Mas por outro lado, não era difícil, as quatro estavam estampadas por toda a revista da People do ano passado, depois da Verdadeira Ali ter morrido. Até mesmo um filme feito para a TV chamado Pretty Little Killer tinha sido filmado, documentando que a Verdadeira Ali quase matou as meninas e o sofrimento que ela as causou. 
Quando ninguém disse nada, ela limpou a garganta. — Que tal entrarmos para conversar? 
Spencer atravessou a cozinha nervosamente, tentando não tropeçar em nada. Em seguida, elas se alinharam no sofá da sala, sentadas muito próximas. Aria sacudia as franjas de uma almofada. Emily cruzava e descruzava as pernas. O cabelo de todo mundo estava um ninho de ratos assanhados pelo vento do aspirador de folhas. 
Fuji sentou-se com elas em um pufe listrado, tirou um bloco amarelo e virou em uma página limpa. Suas unhas eram impecavelmente feitas e pintadas de rosa. — Bem. Ok. Obrigada por se encontrarem comigo, em primeiro lugar. Isso é apenas uma formalidade, mas eu aprecio a cooperação de vocês. 
— É claro — Spencer disse em seu tom mais maduro e profissional. Ela queria ter algo para fazer com as mãos. 
— Seus nomes estavam na lista de hóspedes do resort Cliffs na Jamaica ao mesmo tempo em que Tabitha Clark foi assassinada — Fuji disse, olhando para uma folha de papel separada. — De vinte e três à trinta de março. Vocês confirmam isso? 
— Sim. — A voz de Spencer falhou, e ela começou novamente. — Sim. Nós estávamos lá. Estávamos nas férias de primavera com vários colegas. 
Fuji lhes deu um sorriso forçado. — Parece ter sido divertido. 
Spencer se contorceu. Isso soou meio amargo. Parece ter sido divertido para vocês meninas ricas e mimadas, ou talvez, Vocês acham que podem se safar dessa, não é? Mas, então, Fuji apontou para uma aquarela de uma cena de fazenda acima do piano. — Minha avó tem uma muito parecida, só que um pouco maior. 
— Oh, que legal. Eu sempre amei essa pintura — Spencer disse rapidamente. Acalme-se, ela se repreendeu. 
— Então. — Fuji tirou um par de óculos de sua bolsa e colocou-os no nariz, em seguida, analisou suas anotações novamente. — Vocês conheceram a Senhorita Clark enquanto estiveram hospedadas lá? 
Spencer trocou um olhar com as outras. Ontem à noite ao telefone, elas tinham conversado brevemente sobre o que elas iriam dizer, mas sua mente de repente estava em branco. — Mais ou menos — ela disse depois de um momento. — Eu tive uma conversa rápida com ela, nada importante. 
Fuji tirou os óculos e colocou uma das hastes na boca. — Você poderia me dizer sobre o que foi?
O estômago de Spencer revirou. — Ela achou que eu parecia familiar. Tipo irmãs há muito tempo perdidas. 
Fuji inclinou a cabeça. Seus brincos de lágrima balançaram. — Isso é uma coisa estranha de se dizer. 
Spencer deu de ombros. — Ela tinha bebido demais. 
Fuji escreveu alguma coisa e virou-se para as outras meninas. — Vocês se lembram de Tabitha também? 
Emily assentiu. — Nós dançamos perto uma da outra. — Ela engoliu em seco. 
Fuji virou para Hanna e Aria, e ambas disseram que conheceram Tabitha rapidamente, mas que não tiveram uma longa conversa. Fuji não pediu para elas detalharem, assim Emily não mencionou a pulseira de Tabitha estranhamente similar com a pulseira da Coisa de Jenna, Aria não falou sobre Tabitha ter insinuado que ela sabia que o pai dela tinha traído sua mãe, e Hanna não disse a ela que Tabitha sabia que Hanna costumava ser uma perdedora. 
Todas responderam de forma clara. Se Spencer fosse espectadora da conversa, as meninas pareceriam sinceras o suficiente. Atormentadas e quietas, talvez, mas não era nada demais: Uma menina que elas tinham conhecido havia sido assassinada a poucos metros de onde elas haviam dormido. 
Fuji tampou sua caneta. — Parece que várias pessoas estão me dizendo a mesma coisa, Tabitha deve ter conversado com muita gente naquela noite. Todo mundo se lembra dela, mas ninguém consegue conectá-la a ninguém em particular. — Ela largou o caderno e encontrou os olhares delas. — Ouvi dizer que vocês também estavam no navio de cruzeiro que explodiu. 
— É isso mesmo — Spencer resmungou. 
— E eu soube que vocês estavam na casa de Gayle Riggs quando ela foi assassinada. — Ela olhou sem piscar para as quatro meninas. 
Hanna acenou com a cabeça levemente. Emily tossiu. — Nós estivemos no lugar errado na hora errada — Spencer disse. 
— Parece que vocês tiveram uns anos difíceis. — Um sorriso triste se espalhou pelo rosto de Fuji. — Malucos com teorias de conspirações provavelmente teriam um ótimo dia de campo com vocês, hein, meninas? Eles poderiam dizer que vocês foram amaldiçoadas. 
Todas as meninas riram, embora suas risadas fossem tristes e forçadas. Quando Fuji deu-lhes um olhar estranho e astuto, o momento pareceu elétrico. E se A já houvesse dito tudo a Fuji? E se ela estivesse apenas brincando com elas, esperando elas fracassarem? 
Mas, então, Fuji pressionou as palmas das mãos na parte superior do seu caderno e se levantou. — Obrigada pelo tempo de vocês, meninas. Se vocês pensarem em outra coisa, por favor, me avisem. 
Spencer levantou também. — Eu levo você até a porta. 
Fuji disse a elas outro adeus na porta, caminhou e entrou em seu carro. Quando ela se afastou da garagem e virou na rua sem saída, Spencer virou-se para ficar de frente para suas amigas que estavam sentadas no mesmo lugar do sofá. 
Hanna interrompeu o silêncio. — Eu achei que ela ia nos prender. 
— Eu sei. — Aria caiu nas almofadas do encosto. — Eu achava que ela sabia mais do que estava dizendo. 
Bip. 
Era o celular de Spencer. Todas as espinhas das meninas ficaram eretas. O bip foi logo seguido pelo celular de Emily. Então o de Hanna tocou. O celular de Aria fez um
som de apito. Todas as suas telas brilharam com um alerta de que uma nova mensagem tinha chegado. 
Tomando um fôlego enorme, Spencer olhou para a tela. 
Eu amo umas mentiras recém-plantadas em uma bela tarde de primavera. Eu me pergunto se a Agente Fuji sente o mesmo... 
—A 
Spencer fechou os olhos. Deixando escapar um gemido, ela atirou o celular do outro lado da sala, onde ele bateu contra um pequeno centro. A bateria voou para fora e deslizou no chão. Então, ela olhou para as outras. — Amanhã? 
— Amanhã — Aria rosnou. Emily e Hanna também acenaram com a cabeça. 
Era a única esperança delas. Elas iriam resolver isso de uma vez por todas.
6 
SALA DE SITUAÇÃO 
Na quinta-feira, após o último sinal tocar, Hanna correu em direção ao estacionamento, sua bolsa de couro batendo contra suas costas. Quando ela ouviu alguém chamar seu nome, ela se virou. Chassey Bledsoe estava na calçada, sorrindo ansiosamente, cada centímetro de sua pele, antes cheia de marcas, estava estranhamente livre de defeitos. 
— Nós vamos filmar os vídeos da campanha — Chassey gorjeou. — Você não vem? 
Hanna olhou para o estacionamento, então de volta para Chassey. — Hum, eu não posso. 
Chassey pareceu desapontada. — Você quer que eu diga a eles para remarcar? 
Hanna mordeu o lábio. Tudo o que ela queria era fazer um vídeo que fosse um zilhão de vezes melhor do que qualquer coisa que Chassey pudesse fazer. Mas então ela pensou na mensagem de A sobre a campanha. Era doloroso ver todos os cartazes VOTE EM CHASSEY na parede enquanto ela não poderia colocar um único HANNA PARA RAINHA DA PRIMAVERA. E se Chassey vencesse por maioria de votos? Hanna seria humilhada. 
— Tudo bem. Eu tenho um compromisso que não posso perder — ela disse. — É meio difícil de explicar. Mas, boa sorte! 
— Mas... — Chassey começou, mas Hanna apenas acenou, virou-se e correu até a colina onde estava seu carro. Antes que ela entrasse, colocou um gorro preto na cabeça e cobriu os ombros com um casaco de lã preto que ela tinha escondido na parte de trás do Prius. Estava na hora de entrar no modo missão secreta. 
Ela entrou no carro, acelerou para fora do estacionamento — bem, tão rápido quanto um Prius poderia andar — e virou para a estrada. Ela pegou o novo celular descartável e conectou na Radio Shack no console, em seguida, olhou para o GPS do carro. O próximo retorno só seria daqui a alguns quilômetros, mas quem estava no SUV preto na cola dela? Ela olhou no espelho retrovisor para tentar conseguir ter um vislumbre do condutor. As janelas eram escuras. Seu coração começou a acelerar. SUVs pretos eram muito comuns aqui em Rosewood — poderia ser qualquer um lá dentro. 
Ela pegou a saída mais próxima. Recalculando, o GPS disse. O SUV a seguia. Hanna desacelerou em uma placa de pare e virou à esquerda. O SUV fez o mesmo. — Oh meu Deus — Hanna sussurrou. Era A? 
Ela avistou um posto de gasolina Wawa em frente e entrou no estacionamento. O SUV passou zunindo. Hanna pegou uma caneta para rabiscar a placa do carro, mas o carro estava fora de vista antes que ela pudesse ler as duas últimas letras. Saindo em marcha à ré, ela pegou o caminho de volta para a rodovia. Quando ela entrou no tráfego, o SUV preto não estava mais à vista. Ela desejou poder ligar para Mike e dizer a ele sobre o quão fodona ela era. Mas a partir de agora, Mike nem sequer tinha o
número do celular descartável dela, um telefone flip horrível que Hanna nem conseguiu comprar uma case enfeitada da Tory Burch. 
Vinte minutos, mais três veículos suspeitos, e várias curvas evasivas depois, Hanna estacionou na rua isolada com enormes mansões idênticas. Um lago artificial brilhava à distância — até mesmo os patos brilhantes e coloridos eram lindos. Algumas pessoas de aparência atlética estavam fora passeando com seus cachorros, apesar de uma constante chuva começar a cair. Hanna parou na longa garagem de número 11, percebendo uma luz dentro. 
Ela saiu do carro e na ponta dos pés foi em direção à porta. O cheiro forte de pinho bombardeou suas narinas. Para um bairro no meio da movimentada Main Line, estava estranhamente silencioso, os únicos sons eram os ruídos agitados da natureza. 
Antes que ela pudesse tocar a campainha, uma mão agarrou-lhe pelo braço por trás. Ela começou a gritar, mas a segunda mão usando uma luva preta cobriu sua boca. — Shh — Spencer sussurrou, puxando o capuz do rosto. — Eu não te disse para não vir pela frente? 
— Eu esqueci — Hanna disse, de repente irritada. Ela tinha sido seguida! Ela não podia querer que ela se lembrasse de tudo. 
Spencer levou-a através de uma entrada lateral e em um mudroom4 que cheirava ao produto de limpeza 409 e vela de canela. Em seguida, ela a guiou por um lance de escadas em um porão organizado com uma sala de jogos, adega e home theater. À esquerda havia uma porta de ferro grossa como um cofre de banco com fechadura. Spencer abriu-a. — Entra — ela sussurrou, empurrando Hanna para dentro como se ela fosse uma refém. 
Hanna olhou na penumbra. O lugar tinha paredes sólidas e grossas. Havia um pequeno sofá de denim, algumas cadeiras e uma mesa de jogos no canto, perto de uma estante que continha algumas revistas e jogos de tabuleiro. Em duas paredes havia câmeras de vídeo visualizando a frente da casa enorme e o quintal da casa. Hanna assistiu por alguns minutos. As árvores balançavam de um lado para o outro. Um coelho pulou na frente de uma das câmeras. 
Uma das telas mostrou um táxi parando na calçada. Aria, usando um capuz preto, como Spencer, saiu do carro e foi em direção à casa. Spencer apareceu na tela e levou Aria pela mesma entrada que Hanna tinha entrado. 
Emily chegou alguns minutos depois. Então Spencer desdobrou um grande pedaço de papel em branco e colocou sobre a porta do cofre fechado. — Ok. Vamos começar. 
Ela tirou um lápis hidrocor preto de sua bolsa e escreveu um A no topo da folha de papel. — O que sabemos até agora? — ela perguntou. 
Hanna balançava sua perna. — Bem, que A matou Tabitha. Por isso, essa pessoa estava na Jamaica. 
Jamaica, Spencer escreveu. — O que mais? 
— Vocês acham que A era um amigo de Tabitha, ou um inimigo? — Emily perguntou. — Eu diria que um inimigo, já que A matou ela, mas talvez fosse isso que A queria que a gente pensasse. 
Aria concordou. — A estava pronta na praia, por isso A sabia que Tabitha iria subir no telhado para falar com a gente. Vocês também acham que A mandou Tabitha nos dizer todas aquelas coisas como se fosse Ali? Tipo, que vocês pareciam irmãs há muito tempo perdidas, Spence? Ou que você costumava ser gordinha, Hanna? 
4 Mudroom: É a área que separa a entrada e a saída de uma casa.
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  • 1.
  • 2. Crushed ESMAGadas A Pretty Little Liars Novel SARA SHEPARD
  • 3. Conheces a ti mesmo, conheces teu inimigo. —SUN TZU
  • 4. Prólogo MÁ SORTE Você já teve uma má vibração de que algo terrível estava para acontecer... e isso se tornou realidade? Como quando você estava de férias e de repente teve um lampejo de sua melhor amiga gritando em agonia — e depois ela lhe disse que ela tinha quebrado o braço dela naquele exato momento? Ou quando você teve a sensação de que você não devia ficar naquela pensão no Maine — e o telhado desabou naquela noite? Ou quando você jurou que ouviu sirenes em um cruzamento — e o pior acidente da cidade aconteceu na semana seguinte? Talvez pareça meio estranho, mas às vezes sextos sentidos sejam reais. Se uma pequena voz em sua cabeça lhe diz que algo está acontecendo, talvez você deva escutar. Em Rosewood, muitas coisas horríveis tinham acontecido — especialmente com quatro meninas bonitas. Então, em uma noite quente de verão, quando uma delas foi atingida de forma aleatória com um mau pressentimento de que algo horrível tinha acabado de acontecer, ela tentou ignorá-lo. Um raio não caía no mesmo lugar duas vezes. Mas adivinhem? Isso aconteceu. * * * Apesar de ser quase três horas em Reykjavik, na Islândia, o céu ainda continuava com o estranho branco da aurora. A única pista real de que era o meio da noite era a falta de pessoas, não havia ninguém nas margens da lagoa Tjörnin. O bar Kaffibarinn, onde Björk supostamente festejava, estava vazio. Não havia compradores andando de um lado para o outro na rua principal. Todo mundo estava a salvo na cama, com cortinas fechadas escurecendo-os e máscaras para olhos colocadas. Bem, não exatamente todos. Aria Montgomery pulou de uma janela aberta para uma mansão escura chamada Brennan Manor fora da cidade. Seu quadril bateu no chão frio, e ela gritou em voz alta, em seguida, se levantou e fechou a janela rapidamente. No interior, os alarmes estavam soando, mas ela ainda não viu nenhum carro de polícia subindo o morro. Ela olhou através do vidro para Olaf, um rapaz que ela acabou de conhecer. O que diabos ela estava fazendo aqui? Ela deveria estar aconchegada na cama dela na pousada ao lado do seu namorado, Noel — não invadindo um lugar com um estranho. Não a ponto de ser presa e trancada pelo resto da sua vida. Olaf apareceu na janela, levantando uma pintura até o vidro para Aria poder ver. Brilhantes e estrelados redemoinhos cobriam a tela. A pequena cidade estava de cabeça para baixo, os pináculos parecendo estalactites de uma caverna. No canto estava a assinatura: VAN GOGH. De Vincent.
  • 5. Uma náusea irreal tomou conta de Aria mais uma vez. Ela tinha tido a ideia de vir aqui. Ela tinha descoberto aquela pintura e a puxou para fora da parede. Mas agora ela percebeu o grande erro que isso tinha sido. Ela olhou para Olaf. — Largue isso! — ela gritou através do vidro. — Saia antes de a polícia chegar! Olaf levantou uma fresta da janela. — O que você quer dizer? — ele disse em seu sotaque islandês. — Isso foi ideia sua. Ou você está com dúvidas? Talvez você seja mais parecida com o seu namorado filisteu do que eu pensava. Mais americana do que eu pensava. Aria se virou. Ela estava tendo dúvidas. Ela era americana. Eles estavam de férias, afinal de contas, tudo o que ela queria era uma noite de diversão. Férias não deveriam terminar assim. Na primavera passada, quando Noel tinha anunciado que ele estava arranjando uma viagem para Reykjavik para ele, Aria, o irmão de Aria, Mike, e a namorada de Mike, Hanna Marin, Aria tinha estado empolgada. Ela viveu na Islândia por três anos com sua família depois que a melhor amiga das garotas, Alison DiLaurentis, desapareceu no final da sétima série, e ela mal podia esperar para voltar lá. Ela e Hanna também precisavam de uma viagem — para qualquer lugar. Junto com suas outras duas melhores amigas, Spencer Hastings e Emily Fields, que tinham acabado de suportar meses de serem perseguidas e atormentadas por um mandador de mensagens chamado A, que era a Verdadeira Alison DiLaurentis — a Ali que elas haviam conhecido era na verdade a irmã gêmea de Ali, Courtney. Courtney tinha estado em um hospital psiquiátrico a maior parte da sua vida, mas ela trocou de lugar com a irmã no início da sexta série, e fingiu ser amiga de Aria, Spencer, Emily e Hanna. A Verdadeira Ali teve sua vingança contra Courtney ao matá-la na última noite da sétima série... e ela se voltou contra as meninas tornando-se A e quase matando-as. Então, Aria e Hanna tinham estado animadas para vir aqui quando Noel planejou as férias. A Verdadeira Ali estava morta, A se foi, e elas não tinham nada mais a temer. Em seguida, a viagem de férias de primavera para a Jamaica aconteceu. Algumas outras coisas horríveis aconteceram lá, também. Agora, em julho, Aria e Hanna estavam guardando segredos mais uma vez. Elas mal tinham se falado desde que elas chegaram. Não ajudou que Noel não tenha ficado impressionado com a Islândia, ou que Mike odiava o lugar desde que ele tinha vivido aqui. Hoje à noite, a situação havia afundado a um novo nível. De primeira, Aria tinha simplesmente flertado com Olaf, um desalinhado islandês intelectual que eles conheceram em um bar na rua, para irritar Noel. Após cinco doses de Peste Negra, o aguardente local, Aria encontrava-se no beco com os lábios de Olaf nos dela. Avançando algumas horas, e agora... isso. O barulho do alarme da casa aumentou o volume. Olaf tentou levantar a janela mais para cima, mas ela estava emperrada. Aria congelou. Se ela o ajudasse, ela realmente seria cúmplice de um roubo. — Eu não posso. Olaf revirou os olhos e tentou mais uma vez. Ela não se moveu. Ele deixou a pintura cair ruidosamente no chão. — Vou usar a porta — ele gritou para ela. — Espere por mim, ok? Ele desapareceu. Aria olhou através do vidro, mas tudo o que ela viu foi escuridão. Então ela ouviu um barulho estridente atrás dela. Ela foi na ponta dos pés para fora de trás dos arbustos e olhou ao redor do lado da casa. Três carros da polícia estavam descendo a rua, as luzes em cima de seus carros piscando azul contra as
  • 6. pedras elegantes da casa. Os carros derraparam até parar, e seis policiais saíram deles, de armas em punho. Aria correu para os bosques. Ela nem tinha percebido que policiais islandeses carregavam armas. Os policiais se aproximaram da porta da frente e gritaram algo em islandês que Aria só podia adivinhar que significava “Saia com as mãos para cima!” Ela olhou para a porta pesada e torta de trás, que ela assumiu que Olaf ia tentar usar. Não estava aberta. Talvez ela tivesse um sistema de bloqueio complexo no interior que ele não conseguiu entender. Ele foi preso? Será que a polícia o encontrou? Ela deveria esperar? Ou ela deveria ir embora? Ela pegou o celular internacional que ela tinha comprado para a viagem e olhou para a tela. Ela precisava de conselhos... mas ela não podia ligar para Noel. Com os dedos trêmulos, ela discou outro número ao invés. Hanna Marin nadou para fora de seus sonhos e piscou na escuridão. Ela estava em um quarto comprido e estreito. A imagem de um cavalo de pernas atarracadas estava pendurada acima da sua cabeça. O namorado dela, Mike, roncava ao lado dela, os pés pendurados do lado de fora do edredom pesado. A cama do outro lado do quarto, onde sua melhor amiga Aria Montgomery e o namorado de Aria, Noel Kahn, deviam estar dormindo, estava vazia. Hanna olhou para a placa da rua do lado de fora da janela. Era uma espécie de Inglês, mas também eram letras meio sem sentido. Certo. Ela estava na Islândia. De férias. Isso deveriam ser férias. O que Aria via neste país? Era claro o tempo todo. Os banheiros cheiravam a ovo podre. A comida era ruim, e as meninas islandesas eram muito exóticas e bonitas. E agora, como Hanna estava aqui, ela tinha sido atingida pelo sentimento mais sinistro. Como se alguém tivesse acabado de morrer, talvez. Seu celular tocou, e ela pulou. Ela olhou para a tela. Ela não reconheceu o número, mas algo a fez pegá-lo de qualquer maneira. — Alô? — Hanna sussurrou, segurando o telefone com as duas mãos. — Hanna? — a voz de Aria falou. Havia sirenes no fundo. Ao lado dela, Mike se mexeu. Hanna saiu da cama e caminhou para o corredor. — Onde você está? — Estou em apuros. — As sirenes ficaram mais altas. — Eu preciso da sua ajuda. — Você está ferida? — perguntou Hanna. O queixo de Aria tremeu. Na frente da casa, os policiais estavam tentando derrubar a porta da frente. — Eu não estou machucada. Mas eu meio que invadi uma casa e roubei uma pintura. — Você o quê? — Hanna gritou, sua voz ecoando pelo corredor silencioso. — Eu vim aqui com aquele cara de mais cedo. Ele mencionou que a pintura Noite Estrelada de Van Gogh estava em uma mansão na periferia da cidade. Ela havia sido roubada de um gueto judeu em Paris ou algo assim durante a Segunda Guerra Mundial, e o ladrão nunca tinha devolvido ela. — Espera, você está com Olaf? — Hanna fechou os olhos com força, recordando o desconfortável desentendimento que ela tivera com Aria e aquele cara barbudo se pegando no beco mais cedo. Ele parecia perfeitamente inofensivo, mas Aria já tinha um namorado. — Estou. — Os policiais arrombaram a porta. Todos os seis entraram como tropas de ataque. Aria agarrou o celular com força. — Nós dois entramos para encontrar a pintura. Eu não achei que nós faríamos isso... mas depois lá estava ela. Então, um monte de alarmes disparou... e eu saí. Agora os policiais estão aqui. Eles têm
  • 7. armas, Hanna. Olaf ainda está lá dentro. Eu preciso que você venha e nos pegue em uma das estradas de trás — nós cortaremos através dos bosques e encontraremos você. De nenhuma maneira nós seremos capazes de pegar o jipe de Olaf com todos esses policiais aqui. — Os policiais estão vendo você agora? — Não, eu estou na parte de trás, na floresta. — Jesus, Aria, por que você ainda está aí? — Hanna gritou. — Corra! Aria olhou para a porta dos fundos. — Mas Olaf ainda está lá dentro. — Aria, por que você se importa? — Hanna gritou. — Você mal conhece o cara! Corra, agora. Eu vou pegar o ciclomotor. Me dê o nome da rua em que você estiver quando você atravessar a floresta, ok? Houve uma longa pausa. O olhar de Aria se fixou nas luzes da polícia girando. Ela avaliou a floresta por trás da mansão. Então, finalmente, ela olhou para a casa mais uma vez. Ainda nada de Olaf. E Hanna estava certa. Ela não o conhecia. — Tudo bem — ela disse com a voz trêmula. — Eu vou. Ela desligou o celular e correu pela floresta, com o coração batendo a mil por hora. Ela tropeçou em um tronco enorme, quebrando o salto do sapato e esfolando o joelho. Ela avançou através de um riacho raso, deixando metade do seu vestido molhado. No momento em que ela estava na estrada da cidade, ela estava fria e sangrando. Ela ligou para Hanna, disse a ela em qual rua ela estava e sentou na calçada para esperar. Ela ainda podia ouvir as sirenes estridentes à distância. Será que eles tinham encontrado Olaf? E se ele tivesse dito a eles que ela tinha estado com ele? E se eles estivessem procurando por ela? Quando ela viu Hanna no ciclomotor no final da rua, ela quase explodiu em lágrimas de alegria. Elas dirigiram de volta em silêncio, os barulhos do motor e do vento muito altos para Hanna fazer todas as perguntas. Na pousada, elas abriram a porta tão silenciosamente quanto podiam. Hanna acendeu uma luz na pequena cozinha e olhou para Aria com os olhos arregalados. — Oh, meu Deus — ela sussurrou. — Precisamos te limpar. Hanna empurrou Aria até o banheiro, lavou o joelho dela, e tirou os galhos do seu cabelo. Lágrimas escorriam pelo rosto de Aria o tempo todo. — Eu sinto muito — Aria continuou dizendo. — Eu não sei o que deu em mim. — Você tem certeza de que a polícia não te viu? — Hanna perguntou severamente, entregando-lhe uma toalha de banho. Aria balançou sua cabeça. — Eu acho que não. Eu não sei o que aconteceu com Olaf, no entanto. Hanna fechou os olhos. — É melhor você torcer para que ele não diga que você estava com ele. Porque eu não sei o quanto eu posso te ajudar, Aria. — Ele não sabia o meu sobrenome — Aria disse, colocando a toalha sobre o radiador e andando para o corredor novamente. — Acho que vou ficar bem. Mas aconteça o que acontecer, por favor, não diga... Ela parou, olhando para trás. Noel estava no fundo das escadas perto da porta dos fundos, vestido com um casaco com capuz e calça jeans, embora eles não fossem os mesmos casacos e calça jeans que ele tinha usado mais cedo naquela noite. Sua testa estava escorregadia com suor como sempre ficava depois de ele beber, mas havia um olhar compreensivo em seu rosto que fez as entranhas de Aria se revirarem. O que ele tinha acabado de ouvir? — Aí está você. — Noel subiu a escada e deu um tapinha na cabeça molhada de Aria. — Você tomou um banho?
  • 8. — Uh, sim. — Aria cruzou as pernas para esconder o corte em seu joelho. — Onde você estava? Noel fez um gesto para baixo das escadas. — Fumando um baseado. Aria pensou em fazer um comentário sarcástico, mas ela se absteve — quem era ela para julgar? Ela agarrou a mão de Noel ao invés. — Vamos lá. Vamos para a cama. Seus olhos estavam bem abertos enquanto eles subiam debaixo das cobertas. Noel se moveu ao seu lado, com as pernas nuas espinhosas contra as dela. — Então, onde você estava? — Havia amargura em sua voz. — No bar com Gayloff? Aria se virou, a culpa escorrendo para fora de seus poros tão pungente quanto a bebida exalando de Noel. Ela se enfureceu, antecipando uma briga. Mas, então, Noel colocou os braços em volta dela e puxou-a para mais perto. — Vamos dar uma trégua. Esta viagem foi estranha. Eu estive estranho. E eu sinto muito. Os olhos de Aria se encheram de lágrimas. Isso era exatamente o que ela precisava ouvir... cerca de cinco horas atrás. Ela colocou os braços em torno de Noel e o apertou. — Eu sinto muito, também. — Ela nunca disse algo tão verdadeiro. — Não há nada que se desculpar — Noel disse sonolento. — Eu te amo, A... Ele murmurou em seu travesseiro quando ele caiu no sono. Por uma fração de segundo, Aria pensou ter ouvido ele dizer outra coisa. Algo estranho. Mas, por outro lado, Noel estava bêbado. Mesmo se ele tivesse dito o que ela achava que ele tinha, ele certamente não queria dizer isso. Não era como se Aria fosse trazer isso à tona para ele amanhã, também. Ela nunca mais queria mencionar esta noite novamente. * * * Na manhã seguinte, Hanna, Aria, Noel e Mike fecharam a conta da pousada e partiram para o aeroporto. Eles atravessaram a linha de segurança e se abasteceram com lanches e revistas inúteis para a longa viagem de avião para casa. Se Aria parecia nervosa, Noel não a questionou. Quando Noel reclamou do aeroporto insignificante não ter um McDonald, Aria não gritou com ele. Quando Hanna e Aria falaram ainda menos do que o habitual, nem Mike nem Noel comentaram. Estou cansada, elas planejaram dizer se alguém as questionasse. Tem sido uma longa viagem. Sinto falta da minha cama. O avião tinha televisão por satélite e Aria colocou na CNN Internacional após o embarque. De repente, lá estava ela: a foto da mansão. Estava com a aparência ainda mais decrépita e mal-assombrada do que ela se lembrava. Arrombamento na Brennan Manor, dizia a manchete. Um vídeo mostrou os quartos sombrios e cheios de teias de aranha. Então apareceu uma foto borrada de Noite Estrelada... e um esboço da polícia de um retrato falado de Olaf. — Este é o ladrão que fugiu com a pintura, conforme descrito à polícia por uma testemunha que morava na mesma rua — disse o repórter. — As autoridades estão à caça dele agora. A boca de Aria estava aberta. Olaf fugiu? Hanna olhou para a tela da TV com horror. A situação tinha mudado. Uma arte valiosa tinha sido roubada, e Aria tinha ajudado a facilitar isso. Hanna pensou nos casos de roubo de arte que seu pai tinha trabalhado quando ele exerceu a advocacia: Até mesmo as pessoas que sabiam sobre o crime eram culpadas. Agora ela era uma dessas pessoas.
  • 9. Aria tocou o antebraço de Hanna, sentindo o que ela estava pensando. — Olaf era inteligente, Han. Ele não vai ser pego... o que quer dizer que ele nunca vai dizer que eu estava com ele. A polícia nunca vai ser capaz de me conectar ao crime. Ninguém nunca vai saber o que você sabe, ninguém. Só não conte para ninguém, ok? Nem mesmo para Emily e Spencer. Hanna se virou e olhou para a pista, tentando distrair-se. Talvez Aria estivesse certa. Talvez esse cara, Olaf, quem quer que fosse, poderia fugir da polícia. Essa era a única maneira de o segredo de Aria permanecer seguro. Essa era a única maneira de Hanna permanecer segura também. * * * E, felizmente, elas ficaram seguras, por quase um ano. A história surgia no noticiário ao longo do tempo, mas não havia muitos detalhes, e os jornalistas nunca mencionaram um cúmplice. Uma vez, Hanna assistiu uma reportagem com Spencer e Emily na sala, o segredo como lava quente dentro dela. Mas ela não disse nada. Ela não podia trair a confiança de Aria. Aria não se atreveu a dizer-lhes, também — quanto menos aquelas meninas soubessem, melhor. Depois de um tempo, o que aconteceu não assombrava mais Aria. Olaf tinha desaparecido no esquecimento, e ele tinha levado a pintura com ele. As coisas tinham melhorado entre ela e Noel, também, e aquela viagem para a Islândia era uma memória distante. Ela estava segura. Ninguém sabia. Pensamento ilusório. Alguém sabia — e essa pessoa estava mantendo esse segredo muito, muito quieto até o momento certo. E agora, no final do último ano das meninas, esse mesmo alguém decidiu torná-lo público. A terceira — e mais assustadora — A.
  • 10. 1 TOME CUIDADO Em uma manhã ensolarada de segunda-feira, Spencer Hastings entrou em sua cozinha e foi recebida pelo cheiro de café e leite vaporizado. Sua mãe; o noivo de sua mãe, Nicholas Pennythistle; a filha dele, Amelia; e a irmã de Spencer, Melissa, estavam sentados ao redor da mesa grande assistindo ao noticiário. Um homem com cabelo impecável estava dando um relatório de seguimento sobre uma explosão que ocorreu em um navio de cruzeiro na costa de Bermuda uma semana atrás. — As autoridades ainda estão investigando a causa da explosão que obrigou todos os passageiros a bordo do navio de cruzeiro a evacuar — ele disse. — Novas evidências sugerem que a explosão teve origem na sala da caldeira. Uma fita de vídeo da vigilância que foi recuperada mostra duas pessoas embaçadas. Não está claro se os indivíduos no vídeo causaram a explosão ou se foi um acidente. A Sra. Hastings pousou a garrafa de café. — Eu não acredito que eles ainda não sabem o que aconteceu. Melissa, que estava em Rosewood visitando amigos, olhou para Spencer. — De todos os cruzeiros, tinha que ser o seu com um Unabomber1 louco a bordo. — Eu estou feliz por não ter estado no barco. — Amelia, que era dois anos mais nova do que Spencer e tinha o cabelo encaracolado selvagem, um nariz achatado e uma propensão para conjuntos de suéteres e Mary Janes — até mesmo depois da repaginada que Spencer tinha lhe dado na Cidade de Nova York — bufou arrogantemente. — Vocês estavam em uma missão suicida? É por isso que vocês saíram escondidas e foram para a enseada ao invés da praia? Spencer caminhou em direção à torradeira, ignorando-a. Mas Amelia continuou falando. — Isso é o que todo mundo está dizendo, sabe, que você e as suas três amigas enlouqueceram. Talvez vocês precisem viver no quarto do pânico do papai por vinte e quatro horas por dia, hein? O Sr. Pennythistle deu a Amelia um olhar severo. — Já basta. A Sra. Hastings colocou uma xícara de café na frente do seu noivo. — Você tem um quarto do pânico, Nicholas? — ela perguntou, parecendo ansiosa para mudar de assunto. Ela não tinha exatamente aprendido a disciplinar Amelia ainda. O Sr. Pennythistle entrelaçou os dedos. — No modelo da casa em Crestview Estates. Eu construí após alguns mafiosos mudarem-se para alguns dos bairros vizinhos, nunca se sabe. E, além disso, algum comprador pode gostar desse tipo de coisa. Claro, eu duvido que Spencer possa comparecer a Princeton de lá. Não tem acesso à Internet. Spencer começou a rir, mas depois parou. O Sr. Pennythistle provavelmente não estava contando uma piada — ele era brilhante no ramo de urbanização, um magnata 1 Unabomber: É um matemático norte-americano, escritor, ativista político e terrorista, condenado a prisão perpétua na sequência de uma série de atentados à bomba, matando 3 e ferindo outras 23 pessoas.
  • 11. do mercado imobiliário e um bom cozinheiro, mas ele definitivamente não era um comediante. Ainda assim, ela não se incomodava com ele — ele fazia uma sopa de quiabo todos os sábados, ligava em sua estação de rádio favorita de esportes na cozinha enquanto estava cozinhando, e até mesmo deixava Spencer dirigir seu incrível Range Rover de vez em quando. Seria ótimo se a filha dele fosse suportável. Spencer colocou duas fatias de pão de centeio nos buracos da torradeira. Amelia tinha razão, é claro — problema a seguia por toda parte. Talvez ela devesse ir para um quarto do pânico por um tempo. Não só Spencer tinha estado no Esplendor do Mar, mas uma de suas melhores amigas, Aria Montgomery, também tinha estado na sala da caldeira, quando ocorreu a explosão. Igualmente desconcertante, Aria havia estado com um medalhão nesse cruzeiro que pertencia a Tabitha Clark, uma garota que ela tinha ferido acidentalmente na Jamaica no ano passado. Na época, elas tinham pensado que Tabitha era a verdadeira Alison DiLaurentis, a irmã gêmea malvada que tinha perseguido e quase matado Spencer e as outras em Poconos, a casa de férias dos DiLaurentis em um incêndio explosivo. Elas pensaram que Ali tinha voltado para se vingar, então Aria tinha empurrado a menina de um telhado para se livrar dela para sempre. Mas então veio a notícia de que Tabitha não era a verdadeira Ali, ela era uma garota inocente. Foi quando o pesadelo começou. O colar de Tabitha as ligava à noite que Tabitha morreu, as meninas tinham certeza de que a perseguidora diabólica delas, a nova A, plantou-o para incriminar Aria. Elas sabiam que não podiam simplesmente jogar fora o colar no navio — A iria encontrá-lo e devolver a elas. Então, ao invés de evacuar para a costa após a explosão, Spencer, Aria, e suas amigas, Emily Fields e Hanna Marin, roubaram uma boia salva- vidas motorizada e partiram para uma enseada que Spencer tinha ouvido falar em sua aula de mergulho. Elas enterraram o medalhão em algum lugar que A nunca encontraria, mas depois a boia furou — certamente um plano de A, também. A equipe de resgate chegou em cima da hora. Após essa confusão, elas decidiram confessar o que tinham feito com Tabitha, era a única forma de tirar A da cola delas. Elas se encontraram na casa de Aria para ligar para as autoridades, mas enquanto estavam esperando o investigador principal do caso atender, uma notícia apareceu na TV. O relatório da autópsia de Tabitha Clark — ela foi morta por um ferimento na cabeça, não da queda do telhado. Isso não fazia sentido, porém, nenhuma das meninas tinha batido nela. O que significava que... elas não a tinha matado. Segundos depois, elas receberam uma mensagem de A. Vocês me pegaram, vadias — eu fiz isso. E adivinhem? Vocês são as próximas. — Um cheiro de queimado despertou Spencer de seus pensamentos. Fumaça estava saindo da torradeira. — Merda — ela sussurrou, batendo na alavanca para abrir a torradeira. Quando ela se virou, todos da mesa a estavam olhando. Havia um pequeno sorriso no rosto de Amelia. Melissa parecia preocupada. — Você está bem? — a Sra. Hastings perguntou. — Eu estou bem — Spencer disse rapidamente, soltando os pedaços de pão quentes na pia de mármore grande. Sim, era um grande alívio não ter matado Tabitha, mas ainda tinha uma tonelada de segredos sobre elas, incluindo fotos delas na plataforma do telhado naquela noite. A poderia dizer que as meninas tinham ido para a praia quando descobriram que Tabitha não tinha morrido e tinham acabado com ela. E a mensagem de A confessando não serviria no tribunal — eu fiz isso poderia significar qualquer coisa.
  • 12. E o que dizer do Vocês são as próximas? Quem era A? Quem poderia querer matá- las tanto assim? No mesmo dia que elas iriam confessar, Emily havia dito as meninas que ela tinha deixado a porta aberta para a Verdadeira Ali na casa de Poconos, permitindo que ela possivelmente escapasse da explosão. Assim, ela poderia estar viva... e ela poderia ser A. Isso fazia mais sentido: a Verdadeira Ali era a única pessoa tão louca assim. Melissa levantou-se da mesa e fez cócegas na lateral do corpo de Spencer. — Eu aposto que sei o motivo de você estar tão distraída essa manhã. Alguém está nervosa em ver um certo garoto de novo? Spencer abaixou a cabeça. Ela deixou escapar que Reefer Fredericks, seu novo namorado, a estava visitando hoje de Princeton, onde ele morava. Eles não se viam desde o cruzeiro. Hoje era um dia de folga para ambas as escolas e o primeiro dia que os dois estavam livres. — Vai ser divertido — ela disse com indiferença, mesmo que seu estômago tivesse começado a revirar. — Você vai chamar ele para o baile? — Amelia perguntou. — Oh, Spence, você deveria! — Melissa gritou. — Você não pode ir sozinha com aquele vestido lindo da Zac Posen! Spencer mordeu o lábio. Ela tinha planejado convidar Reefer para o baile, que era daqui a duas semanas. Ela esteve olhando para o vestido da Zac Posen que ela tinha comprado em uma viagem para Nova York com sua mãe naquela manhã, sonhando em como ela ficaria nele nos braços de Reefer. O baile nunca foi algo que Spencer tinha sonhava quando era menor — suas fantasias mais centradas era conseguir ser eleita a presidente de classe e fazer o discurso de oradora da turma na formatura. Mas nesse ano, o baile parecia uma atividade agradável e normal em sua vida totalmente anormal, e ela não queria perdê- lo. Ela já sabia que Reefer diria sim. Ela recebia mensagens românticas dele todos os dias. Ele enviou flores para a casa dela e a sala de aula. Eles falavam ao telefone durante horas toda noite, Reefer contava a ela sobre uma nova plantação de maconha que ele tinha criado e Spencer o enchia falando das horas de suspensão cansativas depois da escola que ela tinha que comparecer, a punição da escola por roubar aquele bote salva- vidas. Todos lavaram a louça do café, e dentro de dez minutos, eles foram todos embora, deixando Spencer sozinha. Ela bateu as unhas na bancada e assistiu de braços cruzados o noticiário, mas a previsão do tempo não fez nada para acalmar seus nervos. A campainha tocou, e ela correu e verificou seu reflexo na torradeira para se certificar de que seu cabelo loiro estava puxado em um rabo de cavalo e seu batom rosa não estava borrado. Então ela correu para a porta da frente e abriu-a. Reefer estava em pé na varanda com um sorriso tímido no rosto. — Oi, estranho — Spencer disse. — Oi pra você também. — Reefer estava lindo como sempre, com uma camiseta azul marinho apertada puxada contra seus ombros bem definidos, o rosto bem barbeado, seus dreadlocks puxados para trás mostrando suas maçãs do rosto altas e os olhos verdes claros. Spencer ergueu o queixo para cima e beijou-o, e apertou sua bunda de brincadeira. Reefer recuou, surpreso. — Não se preocupe — Spencer murmurou em seu pescoço. — Minha mãe saiu. Estamos sozinhos. — Oh, tudo bem. — Reefer se afastou. — Hum, Spence, espere. Eu tenho que te contar uma coisa.
  • 13. — Eu também tenho coisas para te dizer! — Spencer pegou as mãos dele. — Então, eu acho que eu mencionei que o nosso baile é daqui a duas semanas, e... — Na verdade, — Reefer a interrompeu — você se importa se eu falar primeiro? Eu meio que preciso ir embora. Havia uma expressão estranha em seu rosto que Spencer não conseguia decifrar. Ela o levou até a cozinha e desligou a TV do balcão. Quando ela fez um gesto para ele se sentar à mesa, ele alisava a toalha continuamente com os dedos, tentando fazer com que todas as dobras saíssem. Spencer teve que sorrir: Reefer provavelmente odiava a toalha enrugada tanto quanto ela. Essa era uma das razões pela qual eles se davam tão bem juntos. — Eu consegui um estágio que eu realmente quero — ele anunciou. Spencer sorriu. Ela não estava surpresa. Reefer era um gênio. Ele provavelmente tinha recebido centenas de ofertas de estágios. — Parabéns! Para onde? — Colômbia. — A Universidade? Em Nova York? — Spencer juntou as mãos. — Vai ser muito divertido! Podemos experimentar novos restaurantes, ir ao Central Park, assistir um jogo dos Yankees... — Não, Spencer, não é a Universidade Columbia. É Colômbia, o país. Spencer piscou. — Na América do Sul? — Reefer assentiu. — Bem, isso é legal também. Quer dizer, não é tão perto, mas não demorará muito para você voltar para a faculdade. — Então ela notou a expressão séria no rosto de Reefer. — Você vai voltar para a faculdade, não é? Reefer respirou fundo. — Talvez não. É uma oportunidade incrível com um botânico, o Dr. Diaz. Ele é, tipo, um astro do rock da área dele. Eu sempre quis trabalhar com ele, todo mundo quer, mas quando você entra, você meio que não pode sair. Eu nem sequer mencionei para você porque era meio que um tiro no escuro. Mas eu recebi a carta há dois dias me oferecendo um emprego. É por dois anos. Eu vou adiar Princeton até eu voltar. — Ele jogou um dreadlock por cima do ombro. — Honestamente, eu estava pensando em adiar Princeton de qualquer maneira, eu sentia que precisava de alguns anos para apenas, você sabe, viver. Mas, então, eu te conheci, e... Um zilhão de pensamentos passaram pelo cérebro de Spencer. Ele sabia disso há dois dias? Eles conversaram muito ao telefone nos últimos dois dias. Ele não tinha dito uma palavra. E dois anos... uau. Isso era meio que para sempre. Ela se sentou. — Ok. Isso ainda é incrível. Então, quando você vai embora? Ainda temos algum tempo juntos, não é? Reefer mordeu seu polegar. — O Dr. Diaz precisa de alguém o mais rápido possível, por isso eu vou viajar essa noite. — Hoje à noite? — ela piscou com força. — Você não pode adiar um pouco? Eu achei que você pudesse ir ao meu baile comigo. — Ela odiava o tom implorador em sua voz. Pelo olhar no rosto de Reefer, ela sabia que ele ia dizer não. — Eles realmente precisam de mim lá agora. E, Spencer, eu não tenho certeza se deveríamos... você sabe... esperar um pelo outro. Spencer sentiu como se tivessem acabado de jogar um balde de gelo em sua cabeça. — Espere um minuto. O quê? — Eu gosto de você. — Reefer não encontrou seu olhar. — Mas, eu quero dizer, são dois anos. Eu não sou muito bom em coisa de longa distância. Nós poderemos ser
  • 14. pessoas diferentes depois que tudo acabar. Eu não quero que você esteja amarrada, sabe? — Você quer dizer que você não quer estar amarrado — Spencer deixou escapar com raiva. Reefer olhou para o chão. — Eu entendo que isso é meio que um choque. Mas eu queria te dizer pessoalmente. É por isso que eu dirigi até aqui, mesmo que eu devesse estar fazendo as malas. — Ele olhou para o relógio. — Na verdade, eu deveria ir. Spencer olhava impotente enquanto se dirigia para a porta da frente. Havia um milhão de coisas que ela queria dizer, mas sua boca não conseguia formar as palavras. Então era isso? E, Você está seriamente tentando me culpar por fazer você dirigir até aqui? E, E todas aquelas mensagens românticas? Você que estava me perseguindo! Ela pensou em Reefer prometendo ficar com ela na Universidade de Princeton e mostrar a ela a vida boa. Quem faria isso agora? No foyer, Reefer olhou para ela melancolicamente. — Spencer, espero que ainda possamos ser... — Apenas vá embora — Spencer o interrompeu, de repente com raiva. Ela o empurrou para fora da porta e fechou-a, caindo contra ela e deslizando até o piso de madeira com as pernas abertas na frente dela. O que. Diabos. Tinha. Acontecido? Ela imaginou o Cruzeiro Eco em sua cabeça. Reefer a levara para jantar, e eles tiveram o primeiro beijo deles na pista de dança. Tinha sido incrível — ela sabia que ele tinha achado também. Era como se um Reefer Alienígena tivesse acabado de aparecer. A única coisa boa na vida dela tinha sido arrancada de repente. Bip. Seu celular estava no centro do hall. Seu coração acelerou novamente quando ela se levantou e olhou a tela. Havia uma nova mensagem de um remetente desconhecido. Pobre Spencer, não tem um acompanhante Melhor encontrar outro antes que seja tarde demais A menos, é claro, que eu conte Meu conto de todas as pessoas que você matou. —A
  • 15. 2 HANNA É DA REALEZA Mais tarde naquele dia, Hanna Marin sentou-se no bar do Rive Gauche, seu restaurante pseudo-francês favorito no shopping King James. Ela estava esperando seu namorado, Mike Montgomery, chegar, e apesar do garçom não estar servindo-a, ela se sentia superior por estar no bar ao invés de em um dos estandes. Além disso, as cabines estavam abarrotadas com outros alunos de Rosewood Day, muitos deles calouros, o que fazia Hanna se sentir melancólica e meio velha. Em poucos meses, ela estaria no FIT2 — ela tinha recebido sua carta de aceitação na semana passada. O Rive Gauche não seria nada além de um lugar para visitar durante suas férias. Bem, esperançosamente ela visitaria o Rive Gauche durante as férias e não passaria o resto de sua vida na prisão, como a Nova A queria. Hanna não gostava de pensar nisso. Seu celular tocou, e ela o agarrou. ALERTA DO GOOGLE PARA O ESPLENDOR DO MAR DO CRUZEIRO ECO. Hanna pressionou LER. Ela configurou um alerta para o cruzeiro que ela e suas amigas tinham estado a bordo para qualquer notícia sobre quem tinha detonado a bomba na sala da caldeira. Aria e um rapaz que ela conheceu, Graham Pratt, tinham estado lá, mas Hanna e as outras tinham quase certeza de que também tinha uma terceira pessoa — o terrorista. Elas também tinham certeza de que a pessoa era A. Se ao menos a polícia conseguisse identificar quem era a terceira pessoa. Então, tudo isso acabaria. Graham Pratt, um passageiro do bombardeado Esplendor do Mar do Cruzeiro Eco ainda está em coma depois de sofrer várias queimaduras por causa da explosão, a primeira linha dizia. Hanna ergueu os olhos, olhando desinteressada para uma mesa cheia de jogadores altos de lacrosse, incluindo o namorado de Aria, Noel Kahn, e James Freed. Graham não era apenas um amigo que Aria tinha feito na viagem — ele também era o ex-namorado de Tabitha. Por um momento, as meninas tinham pensado que ele poderia ser o Novo A — especialmente quando ele começou a agir assustadoramente e de forma violenta enquanto perseguia Aria até a sala da caldeira, repetindo que ele tinha algo para dizer. Com medo de que Graham fosse machucá-la, Aria tinha se trancado em um armário... e, em seguida, aconteceu a explosão. Hanna continuou lendo. O Sr. Pratt foi transferido para a Clínica de Cirurgia Plástica de William Atlantic e Clínica de Reabilitação de Queimados fora de Rosewood, na Pensilvânia, para continuar o tratamento. A clínica de queimados ganhou o prêmio prestigiado do Melhor da Área dos Três Estados por quatro anos consecutivos, e... Hanna olhou sua expressão aflita no espelho antigo e manchado do outro lado do bar. O pai do ex-namorado dela, Sean Ackard, trabalhava na clínica de William Atlantic, ou a “Bill Beach”, e Hanna tinha sido voluntária lá no ano passado como penitência por 2 FIT (Fashion Institute of Technology): Faculdade de moda.
  • 16. bater a BMW do Sr. Ackard após Sean terminar com ela. Jenna Cavanaugh havia sido tratada por queimaduras lá, e também a antiga melhor amiga de Hanna, Mona Vanderwaal, a primeira A. Não que Hanna gostasse de pensar nisso, tampouco. O resto do artigo não dizia muito — só que as lesões de Graham foram graves. Um arrepio passou pela espinha de Hanna. Parecia que Graham tinha sido pego no fogo cruzado de A, assim como Gayle Riggs, outra pessoa que elas suspeitaram que era A, ela havia morrido a tiros em sua garagem na frente das meninas. Mas por que A queria machucar Graham? De primeira, as meninas ficaram preocupadas que Graham fosse A, e que quisesse confrontar Aria pelo que ela e as outras tinham feito com sua ex na Jamaica. Mas, quando elas receberam mais mensagens de A após Graham estar em coma, elas se perguntaram se ele não estava tentado avisar a Aria que A estava atrás dela. De olho em você, ele disse a Aria repetitivamente através da porta de aço pesada da sala da caldeira. Talvez ele quisesse dizer que A estava observando ela — talvez ele tenha visto A espionando. Então ele sabia quem era A? Se ele acordasse... Outro e-mail surgiu em sua caixa de entrada. NOVA MENSAGEM DA AGENTE ESPECIAL JASMINE FUJI. Hanna olhou para a linha de assunto. Dizia, simplesmente, TABITHA CLARK. O celular quase escorregou de seus dedos. Agente Especial? Ela abriu o e-mail com o coração batendo forte. Jasmine Fuji era uma agente do FBI responsável pelo caso do assassinato de Tabitha, e o nome de Hanna tinha aparecido em uma lista de hóspedes que estavam no resort Cliffs na Jamaica, ao mesmo tempo em que Tabitha Clark tinha estado. Eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre o que você lembra daquela noite, a mensagem dizia. Tenho certeza de que você entende que tempo é essencial, então, por favor, contate-me o mais rápido possível. Bile subiu na garganta de Hanna. As meninas já sabiam que não tinham matado Tabitha, mas existiam fotografias incriminatórias delas falando com ela nas férias — e até mesmo uma de Aria empurrando Tabitha do telhado enquanto Hanna e as outras estavam ali, observando. A tinha tanta coisa sobre elas, também: Hanna havia escondido um grave acidente de carro, Spencer tinha feito uma garota ser presa por posse de drogas, Emily tinha aceitado dinheiro por seu bebê... embora ela tenha devolvido. Se A dissesse tudo isso a Agente Fuji, ela nunca iria acreditar que elas eram inocentes. — Hanna? — A voz de Mike soou atrás dela. Ela virou-se para vê-lo. Ele estava adorável em sua camiseta do Lacrosse de Rosewood Day, jeans preto apertado e tênis Vans velhos. Havia um sorriso animado de garotinho em seu rosto. — Eu tenho uma surpresa para você! — O que é? — Hanna perguntou cautelosamente, deixando seu celular cair de volta na bolsa. Nesse momento ela não estava no clima para uma surpresa. Mike estalou os dedos e, de repente, uma fila de jogadores do lacrosse juvenil entrou. Depois de contar até três, em um movimento sincronizado, eles arrancaram a camisa e olharam para Hanna. Letras tinham sido pintadas em seus abdomes definidos. A primeira era um H, em seguida, um A, e, depois... Hanna piscou com força. Seus corpos enunciavam Hanna Para Rainha Do Baile da Primavera. Alguém no restaurante aplaudiu. Kate Randall, a meia-irmã de Hanna, que estava sentada em uma das mesas, acenou com a cabeça apreciativamente. Os olhos de uma garçonete se arregalaram com os peitorais e abdomes bem definidos dos meninos, e ela
  • 17. quase deixou a bandeja cair. Então, Mike se virou, arrancou sua camisa e sorriu para Hanna. Em seu peito nu havia um ponto de exclamação. — Você vai concorrer, certo? — ele perguntou animadamente. — Eu já consegui os votos do time juvenil de lacrosse e do time principal do colégio. Muda, Hanna tocou o colar da Tiffany em torno do seu pescoço. Rainha do Baile da Primavera era o termo que Rosewood Day dava para a rainha do baile. Hanna e Mike iriam para o baile juntos — ela comprou o vestido no mês passado, em uma promoção da Marchesa. Custou mais do que seu pai queria gastar, mas ele sabia o quanto a formatura significava para ela — ela costumava falar poeticamente sobre como seria sua noite ideal do baile da mesma forma que a maioria das meninas sonhavam com um casamento de conto de fadas. Mas a rainha? Claro, Hanna já tinha pensado nisso, sonhado com isso, mas depois desse ano louco, ela não tinha realmente levado a sério. — Eu não sei — ela disse hesitante, olhando para Mike e, em seguida, a fila de rapazes sem camisa. — E Naomi? Naomi Zeigler era a rainha de Rosewood. Naomi não tinha deixado Hanna se juntar a ela depois da morte de Mona, e apesar de Hanna ter começado a ter um progresso com Naomi no cruzeiro, tudo tinha desabado quando Hanna descobriu que a prima de Naomi era Madison, a menina que ela tinha deixado inconsciente no lado da estrada depois de bater o carro dela no verão passado. Hanna até mesmo tinha suspeitado que Naomi era A... mas ela estava errada. Quando Hanna confessou o que tinha feito, Naomi ficou tão revoltada que tinha dito para ela não falar com ela novamente. Uma mão tocou o braço de Hanna. Kate apareceu à vista. — Naomi não vai concorrer, Han. A média de notas dela não é alta o suficiente. — Ela sorriu triunfante. Por razões que Hanna ainda não sabia, Naomi e Kate estavam brigadas. — E você não vai concorrer, também? — Hanna perguntou. Com os longos cabelos castanhos de Kate, até mesmo os traços do rosto, e o corpo de atleta, ela era mais do que bonita o suficiente. Kate balançou a cabeça. — Não. Não faz meu tipo. Você deveria concorrer, no entanto. Vou pedir para todos votarem em você. Hanna piscou com força. Ela e Kate tinham feito as pazes no mês passado, mas depois de anos sendo inimigas, ela ainda não estava acostumada com isso. — E Riley? — ela perguntou. Kate riu. Mike deu a Hanna um olhar estupefato. — Riley? Você está falando sério? Hanna imaginou o cabelo assustadoramente vermelho de Riley e a pele pálida de vampiro — definitivamente não era o tipo de Rainha do Baile da Primavera. — Ok. Eu acho que você está certo. Mike virou-se e começou a incitar o resto da equipe. — Han-na! — ele cantou. — Han-na! — Os outros meninos se juntaram, e Kate também. Hanna sorriu e começou a considerar isso. Ela já podia imaginar a foto fabulosa e um pouco assustadora de si mesma e do rei no cemitério perto do Quatro Estações da Filadélfia, uma tradição de Rosewood Day que era impressa em um encarte especial no anuário. Se ela ganhasse, o seu legado em Rosewood seria a de uma menina bonita que estava usando a coroa de Rainha do Baile da Primavera — e não a de uma menina que tinha sido torturada por A. — Mas que droga — ela disse lentamente. — Eu estou dentro! — Ótimo! — Mike enfiou a camiseta por cima de sua cabeça. — Eu vou ajudá-la na campanha. Vamos comprar um salão de beleza e oferecer as meninas manicures de
  • 18. graça. Dar conselhos de moda. Vou até assumir uma tarefa pela equipe e me oferecer para dar beijos de graça. — Ele fechou os olhos e fez beicinho. — Somente nas garotas gostosas, no entanto. Hanna deu um tapa nele. — Sem barraca do beijo! Mas as outras coisas parecem incríveis. Então, uma menina bonita na porta chamou a atenção de Hanna. Tinha o cabelo preto lustroso e olhos azuis, e usava um vestido envelope bonito que Hanna tinha visto na janela da BCBG. Hanna olhou para o rosto da menina, achando-o um pouco familiar. — Uau. — Brant Fogelnest, um dos jogadores de lacrosse sentado por perto, inclinou a cabeça para trás para dar uma olhada melhor. — Chassey! Hanna ficou estupefata. — Ele acabou de dizer Chassey — ela sussurrou para Mike. — Bledsoe? — Acho que sim — Mike murmurou com rugas na testa. Kate também acenou com a cabeça. Hanna hesitou. Chassey Bledsoe era uma idiota que jogava ioiôs, usava o chapéu do filme O Gato nos Bailes, e usava mochilas enormes que a faziam parecer um carteiro. Essa menina estava usando sapatos Jimmy Choo e carregando uma bolsa delicada debaixo do braço. Parecia até que ela estava usando cílios postiços. Mas então a menina falou. — Ah, aí está você! — ela disse para alguém do outro lado do restaurante. Era a voz de Chassey Bledsoe, a mesma voz que tinha chamado Hanna, Ali, e as outras no intervalo no ensino médio, desesperada para fazer parte do grupo delas. A nova e melhorada Chassey passou por sua melhor amiga, Phi Templeton, que estava sentada em uma cabine no canto. Embora Phi estivesse de jeans Mudd folgados e uma camiseta grande com uma mancha sobre um seio, não parecia o estilo da Nova Chassey. — Ela não esteve fora da escola por, tipo, um mês, com herpes? — Hanna sussurrou. Chassey estava em sua aula de cálculo; a professora tinha sentido pena dela porque ela também tinha tido herpes uma vez. — Eu acho que sim. — Mike bateu os dedos sobre o bar. — Mas, se herpes fazem isso com alguém, talvez mais meninas deveriam ter. Kirsten Cullen, que estava sentada em uma mesa bistrô perto de Hanna, levantou uma sobrancelha, ouvindo. — Ela parece incrível. Ela deveria concorrer à Rainha do Baile da Primavera. Mais crianças murmuraram que a Nova Chassey deveria concorrer — até mesmo alguns membros da equipe idiota de cantores de Hanna deram um desanimado “Chas- sey”. — Hanna olhou para Mike, impotente. — Você não pode fazer alguma coisa? Mike levantou as palmas das mãos. — Fazer o quê? — Eu não sei! Eu que tenho que ser a Rainha do Baile da Primavera! Bip. O celular de Hanna brilhou insistentemente dentro de sua bolsa. Ela puxou-o para fora. UMA NOVA MENSAGEM DE ANÔNIMO. Seu estômago revirou. Ela não tinha ouvido falar de A a semana inteira, mas ela sabia que seria apenas uma questão de tempo. Ela olhou ao redor do restaurante, na esperança de encontrar quem mandou. Uma pessoa passou por trás de uma fonte no pátio. A porta da cozinha se fechou rapidamente, escondendo uma sombra. Preparando-se, ela apertou em LER.
  • 19. Apenas perdedoras competem com perdedoras. Faça qualquer esforço para ganhar, e não só vai perder o meu respeito — como eu também vou dizer a Agente Fuji sobre todas as suas mentirinhas impertinentes. —A
  • 20. 3 QUERIDA EMILY, EU ESTOU DIANTE DE VOCÊ Naquela mesma tarde, Emily Fields e sua mãe entraram em uma boutique chamada Grrl Power em Manayunk, um bairro moderno na Filadélfia. A música de uma banda de uma menina grunge tocava pelos alto-falantes estéreos. Uma menina com um piercing na sobrancelha e uma cabeça meio raspada olhava para elas do outro lado do balcão. Duas meninas com as mãos nos bolsos uma da outra percorriam a seção de jeans. Manequins usavam camisetas que ostentavam coisas como EU NÃO CONSIGO NEM SEQUER PENSAR DIREITO! e EU NÃO SOU GAY, MAS MINHA AMIGA É. A Sra. Fields vasculhou itens em uma mesa, em seguida, pegou um par de leggings amarelo-canário. — Estas são bonitas, você não acha? Eu poderia usá-las em minhas caminhadas matinais. Emily olhou para elas. Havia impresso na bunda EU ADORO UM BOM MUFFIN DE MANHÃ. Ela não tinha certeza se devia rir ou chorar. Será que sua mãe sabia o que isso significava? Então, ela olhou em volta. Todos na loja pareciam estar olhando para ela, a ponto de cair na gargalhada. Ela puxou as leggings da mão da sua mãe. A Sra. Fields afastou-se da mesa, parecendo intimidada. No mesmo instante, Emily se perguntou se ela tinha sido muito dura. A mãe dela estava tentando tanto. Esta era a mesma mulher que tinha banido Emily para Iowa por ter saído do armário no ano passado. Emily tinha acabado de jogar outra bomba na sua mãe, também: Ela teve um bebê no verão passado e o deu para um casal em Chestnut Hill. Por um tempo, a família dela isolou-a totalmente, mas não havia nada como uma verdadeira bomba em um navio de cruzeiro e um quase afogamento no mar para colocar as coisas em perspectiva. Quando Emily voltou do cruzeiro viva, seus pais haviam lhe dado uma recepção de heroína e prometeram consertar as coisas. Até agora, o Sr. Fields fez panquecas de banana para o café da manhã de Emily todos os dias na semana passada. Ambos os seus pais se sentaram diante do computador de Emily e olharam suas fotos do cruzeiro com ela, e se impressionaram com suas fotos do pôr do sol laranja brilhante e com as barbatanas dos golfinhos distantes. Hoje, a Sra. Fields tinha chegado no quarto de Emily às oito da manhã e anunciou que elas iriam ter um dia de meninas: manicures, almoço e, em seguida, fazer compras em Manayunk. Mesmo que mani-pedi e compras não fossem o tipo de coisa de Emily, ela concordou prontamente. Emily colocou as leggings de volta na mesa e escolheu um par vermelho que dizia REGRAS DAS MENINAS na bunda. Ela entregou a sua mãe. — Eu acho que vermelho fica melhor em você. O sorriso voltou ao rosto da sua mãe. É isso aí. Isso era bem melhor.
  • 21. Em seguida, o telefone da Sra. Fields tocou, e ela puxou-o para fora do seu bolso, olhou para a tela e sorriu. — Carolyn acabou de mandar uma mensagem dizendo que ela arrasou na prova final de biologia dela. Isso não é ótimo? Emily puxou o lábio inferior em sua boca. Sua irmã estava agora em Stanford com uma bolsa de natação, e Emily tinha ouvido de segunda mão como ela lutou com o curso durante todo o ano. Carolyn não tinha dito para ela por si mesma, é claro. Sua irmã tinha amargamente escondido Emily na Filadélfia durante os últimos estágios da sua gravidez, e elas não estavam exatamente se falando. Emily brincava com uma pulseira de couro batido em uma bandeja de exibição. — Então, quando você acha que eu vou falar com Carolyn? A Sra. Fields redobrou uma camiseta que esteve olhando, evitando cuidadosamente o olhar de Emily. — Tenho certeza que ela vai ligar em breve para você. — Será que ela realmente quer pedir desculpas? A pálpebra da Sra. Fields contraiu. — Devemos nos concentrar em você e em mim, você não acha? Estou tão feliz que estamos juntas. Espero que possamos fazer isso mais vezes. Emily levantou a cabeça. — Então... isso significa que Carolyn ainda está com muita raiva? O celular da Sra. Fields tocou, e ela demorou bastante vasculhando através da sua bolsa para encontrá-lo. — Eu preciso atender — ela disse rapidamente, mesmo que Emily tivesse certeza de que era apenas o pai dela... ou talvez a própria Carolyn. Emily encostou-se em uma prateleira de casacos e suspirou. Ok, então as coisas não estavam perfeitas ainda. A Sra. Fields havia dito a ela que Carolyn queria esquecer o passado, mas Emily não tinha visto nenhuma indicação disso ainda. Ela e sua família nem tinham tido uma conversa sobre a gravidez de Emily ou o bebê. Mas estas coisas levavam tempo, certo? Panquecas de banana ainda era um enorme gesto. Quando a mãe dela saiu pela porta da frente, Emily pegou seu próprio celular e verificou seu e-mail. Havia uma nova mensagem do Comitê do Baile de Formatura da Primavera de Rosewood Day: Não se esqueça de comprar um ingresso para o baile de formatura! 7 de maio, 19:00h. No Hotel Quatro Estações, 1 Logan Square, Filadélfia. Jantar e dança. Um sentimento de solidão a invadiu. Ela já tinha comprado um ingresso para o baile, suas amigas estavam obrigando-a a ir. Mas a única pessoa que Emily queria convidar — uma menina chamada Jordan Richards que ela conheceu no cruzeiro — não podia ir. Felizmente, não houve novas notícias sobre Tabitha. O dedo de Emily apertou o botão para a galeria de fotos e, de repente, uma foto de Alison DiLaurentis a encarou de volta. Era a Verdadeira Alison DiLaurentis, a menina que voltou para Rosewood no ano passado e mais tarde revelou-se como A. Emily tinha tirado a foto de Ali em seu quarto no dia que Ali a tinha beijado. Sou eu, Em, Emily podia praticamente ouvir Ali dizendo. Estou de volta. Eu quis fazer isso de novo há tanto tempo. Tenho tantas saudades suas. Emily continuava amando Ali, apesar de tudo. Mesmo depois que Ali confessou que tinha matado sua própria irmã, Emily tinha esperança de que ela recuperaria a sanidade e repararia o que ela tinha feito. Seu amor por Ali tinha sido tão intenso que ela tinha deixado a porta aberta para ela em Poconos em vez de fechá-la e deixar a suposta assassina das meninas queimar. Ela manteve o segredo por um tempo, mas ela finalmente disse a suas amigas na semana passada. Agora, elas estavam começando a acreditar no que Emily sabia o
  • 22. tempo todo: A Verdadeira Ali não estava morta, e ela era a Nova A. Isso significava que a Verdadeira Ali tinha testemunhado todas as transgressões das meninas no verão passado, incluindo Emily contrabandeando seu bebê do hospital e levando-o para longe de Gayle Riggs, uma mulher que ela achava que era louca — e uma mulher que estava morta. Ali poderia ter estado na Jamaica, também, e ela poderia ser a verdadeira assassina de Tabitha. Isso significava também que a Verdadeira Ali tinha estado no navio de cruzeiro na semana passada. Como elas não tinham visto ela? Como é que ninguém a viu? O polegar de Emily pairava sobre o APAGAR. Depois de A ter ameaçado a vida do seu bebê, ela finalmente chegou a odiar a Verdadeira Ali. E ainda assim ela não conseguia se decidir se apagava ou não a única foto que ela tinha dela. Suspirando, Emily rolou para o fim da sua galeria de fotos e olhou para a foto de outra menina que ela tinha certeza de que ela amava. Jordan sorria para a câmera. O corpo dela estava iluminado pelo sol escaldante de Porto Rico, e uma água azul se esticava atrás dela por quilômetros. Emily tocou a tela, desejando que ela pudesse sentir o rosto suave de Jordan mais uma vez. — Ela é bonita. — A vendedora olhou por cima do ombro de Emily para a foto de Jordan. — É sua namorada? Emily sorriu timidamente. — Mais ou menos. Um canto do lábio da menina se enrolou em um sorriso. — O que isso significa? Emily colocou o telefone no bolso. Isso significa que ela era uma fugitiva. Isso significa que ela pulou de um navio de cruzeiro em Bermuda para evitar o FBI, e eu não tenho ideia de onde ela está agora ou quando eu vou vê-la novamente. Ela vagou em direção à seção de calçados, que cheirava fortemente a couro e borracha. Ela nunca iria esquecer os últimos minutos que ela e Jordan estiveram juntas. Na vida passada de Jordan, ela tinha sido Katherine DeLong, a Ladra Patricinha, a menina que roubou barcos, carros e aviões. Quando Emily a conheceu, ela tinha acabado de escapar da prisão e de mudar seu nome, e estava pronta para um novo começo. Os agentes do FBI, provavelmente alertados pela Verdadeira Ali/Nova A, perseguiu elas duas no corrimão do navio. Jordan tinha dado a Emily um último olhar, em seguida, mergulhou na baía para escapar. Quando Emily voltou para casa, ela recebeu um cartão postal de Jordan. Nós nos veremos outra vez. Emily estava morrendo de vontade de escrever de volta, mas Jordan não era estúpida o suficiente para incluir um endereço de retorno. Onde quer que ela estivesse — na Tailândia, no Brasil, ou em uma ilha pequenina na costa da Espanha — ela estava se escondendo bem o suficiente para fugir da polícia. Emily passou os dedos sobre o couro liso de um par de Doc Martens em exibição, tendo uma ideia. Ela pegou o telefone novamente, abriu o aplicativo do Twitter, e entrou em sua conta. Então ela copiou e colou o convite do baile em um novo tweet. O BAILE É EM DUAS SEMANAS, ela digitou. EU GOSTARIA DE PODER LEVAR O MEU VERDADEIRO AMOR. Ela clicou em TWITTAR, sentindo-se satisfeita. Ela esperava que Jordan o visse e entendesse o que isso significava. E mesmo que Jordan provavelmente não respondesse, pelo menos ela saberia que Emily estava pensando nela. Quando seu telefone tocou um segundo depois, seu ânimo se elevou — já era Jordan! Mas o e-mail era de alguém chamada Agente Especial Jasmine Fuji. PRECISO FALAR COM VOCÊ SOBRE TABITHA CLARK. A visão de Emily se estreitou. As vozes guturais da música bombeando através dos alto-falantes da loja de repente soaram como cães ferozes. Pressionando-se em um
  • 23. canto de trás, ela abriu o e-mail. Querida Senhorita Fields, lia-se. Eu sou uma agente especial encarregada da investigação do assassinato de Tabitha Clark. Seu nome estava em uma lista de hóspedes do resort Cliffs em Negril, Jamaica, ao mesmo tempo em que a senhorita Clark estava lá. O procedimento dita que eu devo entrevistar todos para obter uma melhor perspectiva do que aconteceu naquela noite. Entre em contato comigo o mais breve possível. Atenciosamente, Agente Especial Jasmine Fuji. — Emily? Sua mãe estava olhando para ela, sua bolsa de pele de crocodilo falsa debaixo do braço. — Você está bem? Emily lambeu os lábios secos. De nenhuma maneira ela poderia falar com essa policial. Jasmine Fuji saberia imediatamente que ela estava mentindo. A Sra. Fields a pegou pelo braço. — Você está tão pálida. Vamos pegar um pouco de ar. A rua cheirava a exaustão de carro e cerveja velha do bar ao lado. Emily respirou ofegantemente, tentando dizer a si mesma que não era uma grande coisa. Mas era. Ela não podia mentir para uma agente federal. Bip. Vertiginosamente, ela olhou para o telefone novamente. Como uma deixa, uma mensagem de texto de um remetente anônimo tinha chegado. Emily suspirou quando ela leu a nota. Espere até que eu diga a Agente Fuji que você e sua namorada são perfeitas uma para a outra — vocês duas são criminosas de sangue frio. —A
  • 24. 4 NINGUÉM SABE O QUE ARIA FEZ NO VERÃO PASSADO — Vai, Noel, vai! — Aria Montgomery gritou do lado de fora do campo de lacrosse na tarde do dia seguinte na hora do almoço. O namorado dela, Noel Kahn, atravessou a grama e tentou fazer seu quinto gol consecutivo. Aria prendeu a respiração quando a bola partiu para a rede. — Yeah! — ela gritou, batendo as mãos nas de Hanna. A equipe de lacrosse estava arrecadando dinheiro para o abrigo local, e as pessoas tinham feito apostas de doação em qual jogador poderia obter o maior número de gols em menos de um minuto. Naturalmente, Aria tinha apostado dez dólares em Noel. Assim que um minuto se passou — Noel ficou em segundo lugar depois de Jim Freed — Noel correu até ela. — Você foi incrível! — Aria gritou, envolvendo os braços ao redor dele. — Obrigado, gata. — Noel beijou-a longo e duramente, fazendo as costas das pernas de Aria formigarem. Mesmo que eles estivessem namorando há mais de um ano, o estômago de Aria ainda capotava quando ela sentia seu cheiro levemente de limão, levemente suado pós-treino. Hanna, que tinha acabado de cumprimentar seu próprio namorado jogador de lacrosse, o irmão de Aria, Mike, cutucou Noel. — Eu não posso acreditar que você tornou Aria uma fã de lacrosse. Eu não achava que isso seria possível. Noel fez uma reverência zombeteira. — Foi um trabalho árduo, mas valeu a pena totalmente. — Ah, obrigada. — Aria puxou seu cardigã mais apertado ao redor de seus ombros. Fazia frio para o final de abril, e o céu cinzento ameaçava chuva. Hanna estava certa: Se alguém lhe houvesse dito no início do seu primeiro ano que ela estaria assistindo ao evento de caridade de lacrosse durante o almoço, em vez de, digamos, trabalhando em uma escultura, ela teria rido na cara dele. E se essa pessoa tivesse dito que ela estaria namorando Noel Kahn, ela teria caído de sua cadeira. Aria tinha se apaixonado por Noel quando ela e Ali eram amigas no ensino médio, mas depois que Noel começou a gostar de Ali, ela tinha desistido dele. Então, quando ela voltou dos três anos de período sabático da sua família na Islândia, ela já não era o tipo de garota que namorava típicos jogadores de lacrosse. Ou assim ela pensava. O treinador soprou o apito. Noel pegou seu taco, deu outro beijo em Aria, e correu com Mike em direção ao meio do campo para estar com sua equipe. O coração de Aria inchou quando ela olhou para as suas firmes e fortes panturrilhas. Quando as meninas tinham estado a ponto de confessar à polícia sobre a morte de Tabitha, tudo em que ela poderia pensar era em nunca ver Noel novamente — nunca beijá-lo, segurar sua mão, até mesmo ficar deitada com ele no sofá e ouvi-lo mastigar pretzels audivelmente.
  • 25. Embora elas não tivessem confessado, ela ainda sentia como se estivesse em dívida com ele. Depois que os garotos estavam a uma distância segura, Aria pigarreou. — Então, eu recebi uma mensagem estranha ontem. Ela mostrou a Hanna a tela do seu celular. Seu nome estava em uma lista de hóspedes do resort Cliffs durante o assassinato de Tabitha Clark... Nós precisamos conversar assim que possível... Agradeço sua cooperação. Hanna acenou com a cabeça. — Eu recebi também. Assim como Spencer e Emily — e Mike — ela disse. — Será que Noel recebeu? — Os meninos estavam nas férias da Jamaica com elas. Aria ficou rígida, olhando para Noel em sua roupa de proteção e chuteiras. Ele simplesmente pulou nas costas de Mason Byers, e Mason estava balançando ao redor, tentando tirá-lo. — Hum, eu não lhe perguntei — ela disse em uma voz baixa. — Noel não nos viu conversando com Tabitha, no entanto. E ele e Mike definitivamente não viram... você sabe. Não é como se eles fossem dizer alguma coisa estranha. Assim que as palavras saíram da sua boca, ela não tinha certeza se ela acreditava nelas. Na viagem, Noel não tinha prestado atenção em Tabitha, exceto para dizer que ela parecia de alguma forma familiar. Então, quando o corpo de Tabitha tinha aparecido e estava em todos os noticiários, Noel muitas vezes mudou de canal, metade do tempo nem sequer registrando que tinha estado na Jamaica ao mesmo tempo em que ela estava. Só recentemente ele tinha começado a mostrar interesse na história. Agora, toda vez que a foto dela aparecia na TV, ele olhava para ela com curiosidade, dizendo: — Ela não te lembra alguém? — E se ele tivesse notado o quão nervosa Aria sempre ficava sempre que uma história de Tabitha aparecia? E se ele inocentemente mencionasse que Tabitha lembrava Ali? Havia todos os tipos de formas acidentais e não intencionais que Noel poderia incriminá-la. Aria apertou as mãos. Noel provavelmente iria falar com a policial por dois minutos, no máximo. E de qualquer maneira, as meninas não tinham matado Tabitha — A tinha espancado ela na praia. Claro, elas eram as únicas que sabiam disso. — Devemos nos encontrar com a Agente Fuji? — perguntou Hanna. — Não é como se nós pudéssemos dizer que não. — Aria mordeu uma unha. — Talvez todas nós pudéssemos nos encontrar com ela juntas. Pelo menos então vamos todas contar a mesma história. Então Hanna empurrou o celular para Aria. — Eu também recebi isso. Aria leu a mensagem. Apenas perdedoras competem contra perdedoras. Faça qualquer esforço para ganhar, e não só vai perder o meu respeito — como também eu vou dizer a Agente Fuji sobre todas as suas mentirinhas impertinentes. —A — Mike estava tentando me convencer a concorrer para o Baile da Primavera — Hanna sussurrou. — E então Chassey Bledsoe entrou parecendo toda fabulosa. — Eu a vi! — exclamou Aria. — Ela parece meio... retocada, não é? Hanna encolheu os ombros. — Eu não sei. O estranho é, A enviou isto praticamente no momento em que eu vi a transformação de Chassey... como se A estivesse assistindo. Havia toneladas de crianças no Rive Gauche naquele dia, mas eu não vi ninguém mandando mensagem. — A está em toda parte — Aria sussurrou, tremendo. Elas tinham passado por tantos diferentes suspeitos de serem o Novo A, mas cada um tinha resultado em um beco sem saída — um deles literalmente — ou em um prejuízo horrível. Como Graham, o cara com quem Aria tinha feito amizade no cruzeiro que também revelou ser o ex-
  • 26. namorado de Tabitha. Por um tempo, Aria tinha medo de que Graham pudesse ser A, ele certamente tinha um motivo, e ele começou a agir de um modo estranho, insistindo que ele tinha algo a lhe dizer. Agora, ela percebeu que ele queria dizer-lhe que alguém estava de olho nela. Mas A havia detonado uma bomba antes que Graham houvesse dito isso... talvez porque A não queria que Graham identificasse ele ou ela. — Você recebeu alguma outra mensagem de A? — Hanna colocou o celular de volta no bolso. Aria balançou a cabeça, em seguida, mostrou a Hanna um novo iPhone em uma case de neoprene rosa. — Mas talvez seja porque eu estou com isso. Ele tem um número não rastreável. — Bem pensado — disse Hanna. Ela olhou nervosamente para o campo. — Você acha que A poderia nos incriminar por causa de Tabitha? Aria lambeu os lábios. A tinha todas aquelas fotos horríveis delas no telhado daquela noite. E quem sabe o que mais A não tinha mostrado ainda. Ela estava prestes a responder quando, de repente, os alto-falantes montados na parte superior da arquibancada gritaram. — Atenção! — disse uma voz ecoando. Uma tosse forte e um som de pigarro se seguiu. Era o diretor Appleton. Por alguma razão, ele sempre pigarreava ao microfone, fazendo barulhos que muitas vezes soavam como arroto. — Todos os sêniores! Eu tenho uma notícia emocionante! — disse Appleton. — Nós temos os nossos candidatos a Rei e Rainha do Baile da Primavera! Para o rei, é Joseph Ketchum e Noel Kahn! Todo mundo nas arquibancadas aplaudiu. Hanna cutucou Aria, e os caras do campo deram tapinhas nas costas de Noel com diversão, como se dissessem vamos- fingir-que-o-baile-não-importa-mesmo-que-meio-que-importe. — E para a rainha — Appleton continuou, — temos Hanna Marin... Hanna sorriu nervosamente. Aria apertou o braço dela. — ...e Chassey Bledsoe! — Appleton terminou. Vários aplausos se seguiram. Algumas pessoas franziram o cenho, se perguntando quem Chassey era, como se todos eles não tivessem ido para a escola juntos desde a infância. Hanna apertou a boca em uma linha. — Você não está realmente preocupada com Chassey vencer, não é? — perguntou Aria. — Eu não posso fazer campanha! — Hanna pegou um fio solto da sua saia. — De nenhuma maneira eu vou ferrar todas vocês só para que eu possa ser a Rainha do Baile da Primavera. O alto-falante estalou novamente. — Quanto à decoração do Baile da Primavera — Appleton disse, — nós recebemos uma série de pedidos para ser a presidente de decoração. Nós vamos fazer um anúncio assim que escolhermos! A multidão murmurou. Hanna olhou para Aria. — Você se inscreveu para isso? — Eu queria, mas eu esqueci — Aria disse, sentindo uma vibração de decepção. Rosewood Day levava o trabalho de presidente de decoração a sério — aqueles que estavam interessados tiveram que preencher um pedido de dez páginas com ideias de design e esboços com meses de antecedência, e muitos candidatos ainda incluíam portfólios digitais e vídeos pessoais explicando porque deveriam ser escolhidos — mas as pessoas que conseguiam o título, no passado, sempre falavam sobre como era divertido. Além de projetar toda a decoração do baile de finalistas, o presidente também fazia o blog do baile e tirava fotos de rituais de bailes idiotas-mas-exclusivos, como da grande fila de conga, e do rei e da rainha no cemitério perto do hotel Quatro
  • 27. Estações na Filadélfia, onde o evento era realizado a cada ano. Aria tinha estado tão consumida com A que ela tinha perdido o prazo de inscrição. — Mas eu posso dizer que nós decidimos sobre um tema! — Appleton continuou. — O Conselho Estudantil decidiu por... A Noite Estrelada! As pessoas aplaudiram. Hanna apoiou a coluna vertebral contra o muro por trás delas. — Esse é um bom tema, você não acha? Aria apenas olhou para Hanna, o sangue escorrendo da sua cabeça. Pensando bem, graças a Deus que ela não tinha se inscrito. Era um tema terrível. — O quê? — Hanna piscou. — Eles podem fazer grandes pinturas de Van Gogh e... oh. A pintura. Aria podia ver o pensamento piscando na mente de Hanna, como se estivesse em neon. Aria e Hanna nunca tinham falado sobre aquela noite... mas isso não significava que Aria tinha esquecido. Ela poderia dizer que Hanna não tinha, também. Aria colocou as mãos sobre os olhos. A viagem para a Islândia tinha sido um desastre desde o início. Eles ficaram sentados na pista por quase duas horas antes da descolagem. E então, nenhum caixa eletrônico estava funcionando no Aeroporto Keflavik, o que significava que eles tiveram que juntar os cheques de viagem por um ônibus para o hotel em vez de um táxi. O hotel cancelou suas reservas e enviou-os para uma pousada na mesma rua, que era úmida, cheirava a peixe, e era tão pequena e lotada que todos eles tiveram que dividir um quarto. Em seguida, Noel começou a reclamar sobre tudo — do gosto estranho do leite, de como a banheira de hidromassagem do quintal era provavelmente cheia de bactérias, do quão incômodo o edredom era contra sua pele. Aria tinha atribuído isso ao cansaço da viagem de avião, só que ele reclamou no dia seguinte, também. E no próximo. Ele não parecia impressionado com seus passeios românticos pela cidade. Ele não elogiava a deliciosa cerveja local. Ele nem sequer achou o museu do pênis interessante. Ele achou os cavalos nativos ridículos, e quando Aria apontou para o lindo Monte Esja à distância, Noel disse, — É, as Montanhas Rochosas são melhores. Mike entrou no ato, dizendo que os bares da cidade pareciam ainda mais idiotas do que quando ele morava lá. Quando Hanna reclamou sobre a falta de boutiques, Aria tinha ido para o quarto e gritou em um travesseiro. Típicos Rosewoods, ela pensou amargamente. Na última noite, o ar tinha se enchido de tensão, e todos eles tinham ido a um bar no caminho para extravasar. Quando Aria sentou-se ao lado do garoto emo-barbudo, cabeludo e de óculos chamado Olaf, que iniciou uma conversa sobre um poeta islandês que Aria amava, ela quase o abraçou de alívio. Ali estava alguém que sabia que havia mais vida além de Rosewood. Alguém que gostava de música interessante, tinha o seu próprio pônei, e amava a Islândia tanto quanto ela. Claro que Noel e Mike achavam que ele era ridículo. Eles o chamavam de Gayloff por trás das costas dele — não em voz baixa, no entanto — como eles também bebiam goles após goles do aguardente Black Death, contavam piadas estúpidas, e agiam de um modo tão americano e idiota que Aria queria que não fosse tão óbvio que ela estava com eles. Em seguida, eles tentaram se infiltrar na conversa de Aria e Olaf. — Você é um estudante de arte? — Noel se arrastou até Olaf. — Ei, eu gosto de arte, também. Olaf levantou uma sobrancelha. — Quem é seu artista favorito? Aria queria se esconder. Futebol, Noel poderia falar. Mas arte? Desastre. — Uh, aquela pintura com as estrelas estranhas e uns redemoinhos — respondeu Noel. — Daquele cara que cortou a orelha? — Você quer dizer Van Gogh? — Olaf disse soando Van Gock.
  • 28. Noel sorriu para a sua pronúncia, mas não fez nenhum comentário. — Você ouviu que há uma pintura secreta dele escondida em uma mansão não muito longe daqui? Foi roubada por um barão alemão de um rico rapaz judeu durante o Holograma. Ele disse Holograma em vez de Holocausto. Aria cobriu os olhos. — Onde você ouviu algo tão idiota assim? — ela murmurou, mortificada. — Na verdade, eu o ouvi dizer isso. — Noel projetou um polegar para Olaf. Olaf levantou uma sobrancelha. — Não fui eu. — Bem, foi alguém — Noel falou arrastado. Então, ele estufou o peito, o que só o fez perder o equilíbrio e cair para fora do banco. Mike riu muito e alto, enquanto o barman olhou para os dois, cansado, certamente pensando, Deus, eu estou tão cansado de crianças americanas. Mas, então, Olaf tocou o braço de Aria. — Ele está certo, no entanto. Há uma pintura em uma mansão não muito longe daqui — uma pintura autêntica de Noite Estrelada. Ninguém jamais a viu. — Sério? — Aria levantou uma sobrancelha. — Sério. — Olaf olhou para fora da janela, pensativo. — A dona da casa é muito mesquinha com seu dinheiro e suas coisas. Dizem que ela tem todos os tipos de bens inestimáveis naquela casa que deveria estar em museus, mas ela quer eles só para ela. — Bem, isso é tão ridículo. — Aria colocou as mãos nos quadris. — Essa é a coisa mais burguesa que eu já ouvi. As massas merecem testemunhar a grande arte tanto quanto os ricos o fazem. — Eu concordo — disse Olaf. — Artes como estas devem ser de propriedade do mundo, e não apenas de uma pessoa. Aria balançou a cabeça enfaticamente. — Devem ser libertadas. — Libertadas? — Noel deu uma gargalhada do chão. — Não é um tigre enjaulado, Aria. Mas os olhos de Olaf brilharam. — Essa é a coisa mais linda que eu já ouvi — disse ele em seu delicioso sotaque islandês. A próxima coisa que ela sabia era que estava encostada em uma parede de tijolos do lado de fora do bar, a barba de Olaf arranhando seu rosto, seus lábios procurando os dela. Quando a porta rangeu, eles se separaram. Uma figura estava de pé na soleira da porta, e o coração de Aria parou. Noel? Era Hanna que tinha saído. Ela parou quando ela os viu, um olhar de desgosto em seu rosto. — Por favor — Aria pedira, afastando-se de Olaf. — Não diga nada, ok? Agora, um apito soou, arrancando Aria da sua memória. Ela olhou para Hanna e a viu morder as unhas, como se fossem feitas de chocolate. Mais abaixo no campo, Noel estava rindo com Jim Freed. Ele provavelmente não se lembrava daquela noite de conversação — ele estava tão bêbado. Graças a Deus ele não tinha ideia do que tinha acontecido naquela noite — ninguém exceto Hanna. Às vezes, em momentos sombrios, Aria se atrevia a pensar em Olaf. Nunca houve uma história sobre a polícia pegá-lo — e ela assumiu que ele e a pintura ainda estavam por aí afora. Mas como ele havia fugido da mansão? Para onde ele foi? Blop. Aria olhou para baixo e franziu a testa. Havia, na tela de seu novo celular, um alerta para uma mensagem de texto. Só que ela não tinha dado a ninguém seu número ainda. Seu coração começou a bater forte. Nervosa, ela abriu a mensagem. Era uma foto do navio de cruzeiro Esplendor do Mar em chamas. Uma mensagem a acompanhava.
  • 29. Isso era um cruzeiro a vapor, Aria — tenho certeza de que seu melhor amigo Graham também pensava assim. Melhor torcer para que ele sobreviva! —A
  • 30. 5 DEIXE O INTERROGATÓRIO COMEÇAR Na quarta-feira à tarde, Spencer ficou na frente do espelho de corpo inteiro em seu quarto, analisando seu reflexo. A Agente Fuji viria entrevistar todas elas daqui a alguns minutos, e Spencer não conseguia se lembrar da última vez que ela tinha ficado tão aflita em escolher uma roupa. Um blazer listrado era muito comum? Ela franziu a testa, tirou-o e provou uma blusa cor de rosa, mas só a fez parecer um grande chiclete. Ela precisava estar casual, mas séria. Uma garota doce — não, uma garota esperta. Alguém que nunca, jamais violaria uma lei. Seu olhar se desviou para o vestido cintilante cinza-pérola da Zac Posen que estava pendurado em seu armário. Ainda estava com a etiqueta, mas ela não teve coragem de devolvê-lo. Dois dias depois, a rejeição de Reefer ainda doía. Spencer tinha enviado para ele algumas mensagens melancólicas, implorando para conversarem. Talvez ela tivesse interpretado mal o que ele quis dizer quando ele disse que eles não deveriam estar presos. Talvez ele mudasse de ideia. Mas Reefer não tinha respondido, e ela começou a se sentir tola e desesperada. O que ela precisava, ela decidiu, era de um baile para afastar sua mente dessas coisas. Mas com quem? Todos os meninos elegíveis tinham par há meses. Spencer pensou em chamar seu antigo namorado, Andrew Campbell, que havia se formado mais cedo e agora estava em Cornell, mas eles não tinham se falado desde o ano passado. A campainha tocou, e ela tirou a blusa, se trocou de novo, e desceu as escadas com uma camisa azul oxford e calça cáqui skinny. Aria, Emily e Hanna estavam na varanda, se balançando e tremendo como um trio de garrafas de refrigerante sacudindo. Elas entraram rapidamente. — Nós temos que fazer alguma coisa — Hanna disse. — Eu acho que A leu meus e-mails — Emily reclamou ao mesmo tempo. — Eu recebi uma mensagem de um celular confidencial — Aria proferiu abruptamente. — Calma aí. — Spencer parou entre a porta do corredor e a sala de estar. — Recomecem. Cada menina explicou que todas tinham recebido uma mensagem nas últimas quarenta e oito horas. Todas elas tinham a ver com falar para os policiais sobre elas, assim como a de Spencer, e várias menções sobre a Agente Fuji. Aria estava especialmente desconcertada — A tinha descoberto seu número desconhecido em questão de horas.
  • 31. — A tem contatos na Verizon3 ou algo assim? — ela gemeu. — E eu acho que A está tentando nos culpar por machucar Graham. Como se eu tivesse provocado a explosão. — A poderia também tentar fazer isso com Gayle — Emily disse. — Nós estávamos na garagem dela quando ela foi baleada. Eu tenho certeza de que A tem alguma coisa na manga sobre isso. — Não se esqueçam de que A ameaçou nos matar — Hanna acrescentou. — Isso está ficando ridículo. É como se A estivesse em toda parte. — Spencer lembrou que A tinha mandado uma mensagem quase um minuto depois que Reefer foi embora. Mas como A sabia? Spencer estava dentro de sua casa. Era como se A tivesse grampeado o lugar ou algo assim. Ela piscou. Seria possível? Ela olhou para os cantos da sala, os espaços sob os sofás, as janelas altas. Uma pintura extravagante da Guerra Civil de um cavalo em pé que o Sr. Pennythistle tinha pendurado na sala olhou de soslaio para ela. De repente, ela teve uma ideia. — Venham comigo — ela ordenou as outras por cima do ombro, indo em direção ao quintal. Todo mundo a seguiu para fora da porta deslizante. Estava úmido e cinza lá fora, e o ar cheirava a grama recém-cortada e ao riacho pantanoso da floresta na parte de trás da propriedade. Uma grande lona azul cobria a piscina da família. Uma névoa sinistra pairava sobre as árvores onde o celeiro renovado dos Hastings tinha estado uma vez — antes de Ali incendiá-lo. À esquerda era a antiga casa dos DiLaurentis, embora a única lembrança que sobreviveu de lá foi a grande pedra no meio do quintal que nunca tiraram — a nova família havia retirado todos os outros vestígios deles até agora, incluindo o antigo terraço, e não havia mais um santuário de Ali na calçada da frente. Spencer caminhou para o galpão que o Sr. Pennythistle tinha instalado algumas semanas atrás, abriu a porta e olhou em volta. Um aspirador de folha de laranja estava encostado na parede esquerda. Ela agarrou-o, arrastou-o para o meio do quintal, e puxou a corrente de partida. Suas três amigas olharam para ela como se ela fosse louca, mas havia um motivo para a sua loucura. O cabelo de todo mundo voou até que Spencer apontou o bico para o chão. O ar se encheu com o cheiro nocivo da gasolina. A parte melhor e mais importante era o barulho ensurdecedor que a coisa fazia. Ninguém, nem mesmo A, seria capaz de ouvir as meninas sobre o barulho. Spencer gesticulou para as meninas se aproximarem. — Isso tem que acabar — ela disse com raiva. — Se A sabe onde estamos o tempo todo, então A deve estar nos gravando de alguma forma. A está tentando nos culpar por todos esses crimes que não cometemos, e se não agirmos logo, A terá sucesso. — O que vamos fazer? — Hanna gritou sobre o aspirador de folhas. — Acho que deveríamos fazer o que não fizemos ainda — Spencer declarou. — Nos livrar dos nossos celulares atuais e números de telefone. Se precisarmos de celulares para absolutas emergências, podemos usar um celular descartável, mas não podemos dizer nada importante umas as outras por ligações ou mensagens de voz. Deveríamos usar frases com códigos. — Que tal isso não? — Emily interrompeu. — Perfeito — Spencer disse. — E nós não podemos dar o número para ninguém, exceto para os nossos pais. Aria trocou seu peso. — E quanto aos namorados? 3 Verizon Communications, Inc.: É uma companhia americana especializada em telecomunicações sediada em Nova Iorque e cotada no NYSE.
  • 32. Spencer balançou a cabeça. — É muito arriscado. Aria fez uma careta. — Noel não vai contar a ninguém. — Ele pode deixar o celular em algum lugar que A possa ver, no entanto. E você vai ter que explicar a ele o motivo de estar usando um celular descartável. — Como é que eu vou explicar o motivo de não estar usando nenhum celular? — Aria perguntou com as mãos nos quadris. Spencer olhou para ela, exasperada. — Eu não sei! Digamos que você está fazendo isso para um projeto da escola sobre a vida sem tecnologia por uma semana. — E e-mail? — Hanna perguntou. — Nós ainda podemos usar o e-mail para os trabalhos escolares, talvez pudéssemos carregar os nossos celulares antigos por aí, mas só para usar WiFi. Tenho certeza de que o uso de celulares com WiFi não podem ser controlados da mesma forma que o uso com um plano de dados. E não devemos usar a Internet dos computadores das nossas casas, pelo que sabemos, A invadiu nossos sistemas. Precisamos usar computadores que não estão vinculados a nós e, definitivamente, que não tenha nenhum spyware instalado. Emily olhou para o local onde o celeiro ficava. — Isso soa muito bem para A não saber onde estamos agora. Mas A ainda pode nos denunciar. — Essa é a segunda parte do meu plano — Spencer gritou sobre o aspirador de folhas. — Assim que possível, precisamos ir a algum lugar realmente secreto e seguro, sentarmos e descobrirmos quem poderia ser A. Há, provavelmente, várias pistas que não estamos cogitando. E agora que sabemos o que aconteceu na noite do incêndio, A poderia ser a Verdadeira Ali. O aspirador de folhas balbuciou. As árvores na parte de trás da casa balançaram, e por um momento, Spencer jurou ter visto um vulto na floresta. — Parece uma boa ideia para mim — Hanna disse. — Para onde deveríamos ir? Todo mundo parou para pensar. Então o olhar de Spencer desviou para uma luz de dentro do escritório do Sr. Pennythistle na casa. — Um dia desses, o Sr. Pennythistle me disse que em um modelo de casa em Crestview Estates tem um quarto do pânico. Esses lugares não são, tipo, à prova de som? — Acho que sim — Hanna disse. — E às vezes têm videovigilância, assim a pessoa pode ver se alguém está em sua casa. — Perfeito — Emily disse. — A nunca vai nos ouvir em um lugar assim. Aria apertou os olhos. — Crestview Estates é perto daqui, certo? É em Hopewell? — Sim — Spencer disse. Hopewell era uma cidade a cerca de quinze minutos de Rosewood. — E eu aposto que eu poderia roubar a chave da casa. — O Sr. Pennythistle mantinha cópias de todas as chaves dos seus imóveis em seu escritório em casa. Iria ser simples encontrar a certa. Os olhos de Emily brilharam. — Deveríamos ir juntas? Spencer balançou a cabeça com veemência. — Temos que ir separadas para confundir A. Seria ainda melhor se pudéssemos ir por meios de transporte diferentes, como ônibus, metrô ou carro. Aria apertou os pés na grama. — Bem, o transporte público vai para Hopewell. — E se alguma de nós dirigir, podemos pegar rotas diferentes — Emily disse. — A não vai saber quem de nós seguir. E se acharmos que alguém está nos seguindo, poderíamos acelerar, parar ou retornar, e talvez conseguir pegar A no flagra. Então nós poderíamos ver quem é A. — Ótimo — Spencer disse. Ela olhou fixamente para as outras. — Que tal amanhã à noite?
  • 33. Todo mundo concordou. Então Spencer avistou um sedan preto estacionando na garagem longa. Seu estômago revirou. Hora do show. O carro virou e parou na parte da frente da casa. Uma mulher alta e magra com cabelos pretos longos e ondulados, e corpo esbelto dirigiu-se para a porta da frente. Quando ela notou Spencer e as outras no quintal, ela parou e acenou. — Senhorita Hastings? — Ela olhou interrogativamente para o aspirador de folhas. — Ajeitando o jardim? Spencer desligou o aspirador de folhas e o deixou cair no chão. Ela vagou pela grama molhada em direção à casa. — Mais ou menos. A mulher estendeu a mão. — Eu sou Jasmine Fuji. — Ela olhou para as outras com os grandes olhos cinzentos. — Deixe-me adivinhar. Hanna, Aria e Emily — ela disse, apontando para cada menina certa. Mas por outro lado, não era difícil, as quatro estavam estampadas por toda a revista da People do ano passado, depois da Verdadeira Ali ter morrido. Até mesmo um filme feito para a TV chamado Pretty Little Killer tinha sido filmado, documentando que a Verdadeira Ali quase matou as meninas e o sofrimento que ela as causou. Quando ninguém disse nada, ela limpou a garganta. — Que tal entrarmos para conversar? Spencer atravessou a cozinha nervosamente, tentando não tropeçar em nada. Em seguida, elas se alinharam no sofá da sala, sentadas muito próximas. Aria sacudia as franjas de uma almofada. Emily cruzava e descruzava as pernas. O cabelo de todo mundo estava um ninho de ratos assanhados pelo vento do aspirador de folhas. Fuji sentou-se com elas em um pufe listrado, tirou um bloco amarelo e virou em uma página limpa. Suas unhas eram impecavelmente feitas e pintadas de rosa. — Bem. Ok. Obrigada por se encontrarem comigo, em primeiro lugar. Isso é apenas uma formalidade, mas eu aprecio a cooperação de vocês. — É claro — Spencer disse em seu tom mais maduro e profissional. Ela queria ter algo para fazer com as mãos. — Seus nomes estavam na lista de hóspedes do resort Cliffs na Jamaica ao mesmo tempo em que Tabitha Clark foi assassinada — Fuji disse, olhando para uma folha de papel separada. — De vinte e três à trinta de março. Vocês confirmam isso? — Sim. — A voz de Spencer falhou, e ela começou novamente. — Sim. Nós estávamos lá. Estávamos nas férias de primavera com vários colegas. Fuji lhes deu um sorriso forçado. — Parece ter sido divertido. Spencer se contorceu. Isso soou meio amargo. Parece ter sido divertido para vocês meninas ricas e mimadas, ou talvez, Vocês acham que podem se safar dessa, não é? Mas, então, Fuji apontou para uma aquarela de uma cena de fazenda acima do piano. — Minha avó tem uma muito parecida, só que um pouco maior. — Oh, que legal. Eu sempre amei essa pintura — Spencer disse rapidamente. Acalme-se, ela se repreendeu. — Então. — Fuji tirou um par de óculos de sua bolsa e colocou-os no nariz, em seguida, analisou suas anotações novamente. — Vocês conheceram a Senhorita Clark enquanto estiveram hospedadas lá? Spencer trocou um olhar com as outras. Ontem à noite ao telefone, elas tinham conversado brevemente sobre o que elas iriam dizer, mas sua mente de repente estava em branco. — Mais ou menos — ela disse depois de um momento. — Eu tive uma conversa rápida com ela, nada importante. Fuji tirou os óculos e colocou uma das hastes na boca. — Você poderia me dizer sobre o que foi?
  • 34. O estômago de Spencer revirou. — Ela achou que eu parecia familiar. Tipo irmãs há muito tempo perdidas. Fuji inclinou a cabeça. Seus brincos de lágrima balançaram. — Isso é uma coisa estranha de se dizer. Spencer deu de ombros. — Ela tinha bebido demais. Fuji escreveu alguma coisa e virou-se para as outras meninas. — Vocês se lembram de Tabitha também? Emily assentiu. — Nós dançamos perto uma da outra. — Ela engoliu em seco. Fuji virou para Hanna e Aria, e ambas disseram que conheceram Tabitha rapidamente, mas que não tiveram uma longa conversa. Fuji não pediu para elas detalharem, assim Emily não mencionou a pulseira de Tabitha estranhamente similar com a pulseira da Coisa de Jenna, Aria não falou sobre Tabitha ter insinuado que ela sabia que o pai dela tinha traído sua mãe, e Hanna não disse a ela que Tabitha sabia que Hanna costumava ser uma perdedora. Todas responderam de forma clara. Se Spencer fosse espectadora da conversa, as meninas pareceriam sinceras o suficiente. Atormentadas e quietas, talvez, mas não era nada demais: Uma menina que elas tinham conhecido havia sido assassinada a poucos metros de onde elas haviam dormido. Fuji tampou sua caneta. — Parece que várias pessoas estão me dizendo a mesma coisa, Tabitha deve ter conversado com muita gente naquela noite. Todo mundo se lembra dela, mas ninguém consegue conectá-la a ninguém em particular. — Ela largou o caderno e encontrou os olhares delas. — Ouvi dizer que vocês também estavam no navio de cruzeiro que explodiu. — É isso mesmo — Spencer resmungou. — E eu soube que vocês estavam na casa de Gayle Riggs quando ela foi assassinada. — Ela olhou sem piscar para as quatro meninas. Hanna acenou com a cabeça levemente. Emily tossiu. — Nós estivemos no lugar errado na hora errada — Spencer disse. — Parece que vocês tiveram uns anos difíceis. — Um sorriso triste se espalhou pelo rosto de Fuji. — Malucos com teorias de conspirações provavelmente teriam um ótimo dia de campo com vocês, hein, meninas? Eles poderiam dizer que vocês foram amaldiçoadas. Todas as meninas riram, embora suas risadas fossem tristes e forçadas. Quando Fuji deu-lhes um olhar estranho e astuto, o momento pareceu elétrico. E se A já houvesse dito tudo a Fuji? E se ela estivesse apenas brincando com elas, esperando elas fracassarem? Mas, então, Fuji pressionou as palmas das mãos na parte superior do seu caderno e se levantou. — Obrigada pelo tempo de vocês, meninas. Se vocês pensarem em outra coisa, por favor, me avisem. Spencer levantou também. — Eu levo você até a porta. Fuji disse a elas outro adeus na porta, caminhou e entrou em seu carro. Quando ela se afastou da garagem e virou na rua sem saída, Spencer virou-se para ficar de frente para suas amigas que estavam sentadas no mesmo lugar do sofá. Hanna interrompeu o silêncio. — Eu achei que ela ia nos prender. — Eu sei. — Aria caiu nas almofadas do encosto. — Eu achava que ela sabia mais do que estava dizendo. Bip. Era o celular de Spencer. Todas as espinhas das meninas ficaram eretas. O bip foi logo seguido pelo celular de Emily. Então o de Hanna tocou. O celular de Aria fez um
  • 35. som de apito. Todas as suas telas brilharam com um alerta de que uma nova mensagem tinha chegado. Tomando um fôlego enorme, Spencer olhou para a tela. Eu amo umas mentiras recém-plantadas em uma bela tarde de primavera. Eu me pergunto se a Agente Fuji sente o mesmo... —A Spencer fechou os olhos. Deixando escapar um gemido, ela atirou o celular do outro lado da sala, onde ele bateu contra um pequeno centro. A bateria voou para fora e deslizou no chão. Então, ela olhou para as outras. — Amanhã? — Amanhã — Aria rosnou. Emily e Hanna também acenaram com a cabeça. Era a única esperança delas. Elas iriam resolver isso de uma vez por todas.
  • 36. 6 SALA DE SITUAÇÃO Na quinta-feira, após o último sinal tocar, Hanna correu em direção ao estacionamento, sua bolsa de couro batendo contra suas costas. Quando ela ouviu alguém chamar seu nome, ela se virou. Chassey Bledsoe estava na calçada, sorrindo ansiosamente, cada centímetro de sua pele, antes cheia de marcas, estava estranhamente livre de defeitos. — Nós vamos filmar os vídeos da campanha — Chassey gorjeou. — Você não vem? Hanna olhou para o estacionamento, então de volta para Chassey. — Hum, eu não posso. Chassey pareceu desapontada. — Você quer que eu diga a eles para remarcar? Hanna mordeu o lábio. Tudo o que ela queria era fazer um vídeo que fosse um zilhão de vezes melhor do que qualquer coisa que Chassey pudesse fazer. Mas então ela pensou na mensagem de A sobre a campanha. Era doloroso ver todos os cartazes VOTE EM CHASSEY na parede enquanto ela não poderia colocar um único HANNA PARA RAINHA DA PRIMAVERA. E se Chassey vencesse por maioria de votos? Hanna seria humilhada. — Tudo bem. Eu tenho um compromisso que não posso perder — ela disse. — É meio difícil de explicar. Mas, boa sorte! — Mas... — Chassey começou, mas Hanna apenas acenou, virou-se e correu até a colina onde estava seu carro. Antes que ela entrasse, colocou um gorro preto na cabeça e cobriu os ombros com um casaco de lã preto que ela tinha escondido na parte de trás do Prius. Estava na hora de entrar no modo missão secreta. Ela entrou no carro, acelerou para fora do estacionamento — bem, tão rápido quanto um Prius poderia andar — e virou para a estrada. Ela pegou o novo celular descartável e conectou na Radio Shack no console, em seguida, olhou para o GPS do carro. O próximo retorno só seria daqui a alguns quilômetros, mas quem estava no SUV preto na cola dela? Ela olhou no espelho retrovisor para tentar conseguir ter um vislumbre do condutor. As janelas eram escuras. Seu coração começou a acelerar. SUVs pretos eram muito comuns aqui em Rosewood — poderia ser qualquer um lá dentro. Ela pegou a saída mais próxima. Recalculando, o GPS disse. O SUV a seguia. Hanna desacelerou em uma placa de pare e virou à esquerda. O SUV fez o mesmo. — Oh meu Deus — Hanna sussurrou. Era A? Ela avistou um posto de gasolina Wawa em frente e entrou no estacionamento. O SUV passou zunindo. Hanna pegou uma caneta para rabiscar a placa do carro, mas o carro estava fora de vista antes que ela pudesse ler as duas últimas letras. Saindo em marcha à ré, ela pegou o caminho de volta para a rodovia. Quando ela entrou no tráfego, o SUV preto não estava mais à vista. Ela desejou poder ligar para Mike e dizer a ele sobre o quão fodona ela era. Mas a partir de agora, Mike nem sequer tinha o
  • 37. número do celular descartável dela, um telefone flip horrível que Hanna nem conseguiu comprar uma case enfeitada da Tory Burch. Vinte minutos, mais três veículos suspeitos, e várias curvas evasivas depois, Hanna estacionou na rua isolada com enormes mansões idênticas. Um lago artificial brilhava à distância — até mesmo os patos brilhantes e coloridos eram lindos. Algumas pessoas de aparência atlética estavam fora passeando com seus cachorros, apesar de uma constante chuva começar a cair. Hanna parou na longa garagem de número 11, percebendo uma luz dentro. Ela saiu do carro e na ponta dos pés foi em direção à porta. O cheiro forte de pinho bombardeou suas narinas. Para um bairro no meio da movimentada Main Line, estava estranhamente silencioso, os únicos sons eram os ruídos agitados da natureza. Antes que ela pudesse tocar a campainha, uma mão agarrou-lhe pelo braço por trás. Ela começou a gritar, mas a segunda mão usando uma luva preta cobriu sua boca. — Shh — Spencer sussurrou, puxando o capuz do rosto. — Eu não te disse para não vir pela frente? — Eu esqueci — Hanna disse, de repente irritada. Ela tinha sido seguida! Ela não podia querer que ela se lembrasse de tudo. Spencer levou-a através de uma entrada lateral e em um mudroom4 que cheirava ao produto de limpeza 409 e vela de canela. Em seguida, ela a guiou por um lance de escadas em um porão organizado com uma sala de jogos, adega e home theater. À esquerda havia uma porta de ferro grossa como um cofre de banco com fechadura. Spencer abriu-a. — Entra — ela sussurrou, empurrando Hanna para dentro como se ela fosse uma refém. Hanna olhou na penumbra. O lugar tinha paredes sólidas e grossas. Havia um pequeno sofá de denim, algumas cadeiras e uma mesa de jogos no canto, perto de uma estante que continha algumas revistas e jogos de tabuleiro. Em duas paredes havia câmeras de vídeo visualizando a frente da casa enorme e o quintal da casa. Hanna assistiu por alguns minutos. As árvores balançavam de um lado para o outro. Um coelho pulou na frente de uma das câmeras. Uma das telas mostrou um táxi parando na calçada. Aria, usando um capuz preto, como Spencer, saiu do carro e foi em direção à casa. Spencer apareceu na tela e levou Aria pela mesma entrada que Hanna tinha entrado. Emily chegou alguns minutos depois. Então Spencer desdobrou um grande pedaço de papel em branco e colocou sobre a porta do cofre fechado. — Ok. Vamos começar. Ela tirou um lápis hidrocor preto de sua bolsa e escreveu um A no topo da folha de papel. — O que sabemos até agora? — ela perguntou. Hanna balançava sua perna. — Bem, que A matou Tabitha. Por isso, essa pessoa estava na Jamaica. Jamaica, Spencer escreveu. — O que mais? — Vocês acham que A era um amigo de Tabitha, ou um inimigo? — Emily perguntou. — Eu diria que um inimigo, já que A matou ela, mas talvez fosse isso que A queria que a gente pensasse. Aria concordou. — A estava pronta na praia, por isso A sabia que Tabitha iria subir no telhado para falar com a gente. Vocês também acham que A mandou Tabitha nos dizer todas aquelas coisas como se fosse Ali? Tipo, que vocês pareciam irmãs há muito tempo perdidas, Spence? Ou que você costumava ser gordinha, Hanna? 4 Mudroom: É a área que separa a entrada e a saída de uma casa.