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Antônio Neves de Mesquita
Provérbios
APRECIAÇÃO DEVIDA
UMA PALAVRA
1 - INTRODUÇÃO
2 - TÍTULO E PLANO DO LIVRO
3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18)
4 - O PRIMEIRO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (10:1-22:16)
5 - O LIVRO DOS SÁBIOS (22:17-24:22)
6 - O SEGUNDO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (25:1-29:27)
7 - AS PALAVRAS DE AGUR (30:1-33)
8 - AS PALAVRAS DE LEMUEL (31:1-9)
9 - A ESPOSA PERFEITA (31:10-31)
1 - INTRODUÇÃO
1.1. QUEM ESCREVEU PROVÉRBIOS?
1.2. A ÉPOCA DE SALOMÃO
1.3. A SABEDORIA DOS ANTIGOS
1.3.1. Os Homens de Ezequias
1.3.2. Agur, Filho de Jaqué
1.3.3. Provérbios do Rei Lemuel
1.4. A FUNÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS EM ISRAEL
1.5. JESUS E O ENSINO DOS PROVÉRBIOS
1.6. COMPOSIÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
1.7. DATA DO LIVRO
3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18)
3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33)
3.1.1. Conselho de pai (1:8-19)
3.1.2. A Sabedoria clama nas ruas (1:20-23)
3.1.3 A Sabedoria reage (vv. 24-32)
3.2. BUSCA A SABEDORIA (2:1-22)
3.2.1. Filho meu, se aceitares as minhas palavras... (2:1-8)
3.2.2 Os benefícios da sabedoria (2:9-19)
3.2.3 Cuidado com a mulher adúltera (vv. 16-18)
3.2.4 Uma volta depois do desvio (2:20-22)
3.3. CONFIANÇA E OBEDIÊNCIA (3:1-10)
3.3.1 A Sabedoria chama o filho à ordem (3:1-4)
3.3.2 Confiança no Senhor (3:5-10)
3.4. DELEITA-TE NA DISCIPLINA DO SENHOR (3:11-20)
3.4.1 O deleite na lei do Senhor, o tema desta seção (3:11-15)
3.4.2 Algumas conseqüências da sabedoria (3:16-20)
3.5. OS EFEITOS DA SABEDORIA (3:21-35)
3.5.1 A sabedoria e a segurança da vida (3:20-29)
3.5.2 Algumas normas ditadas pela Sabedoria (3:30-35)
3.6. ADVERTÊNCIA AOS FILHOS (4:1-9)
3.7. ABOMINA O MAL
3.7.1. Os alunos são conclamados a ficarem firmes nas lições aprendidas
(4:10-13).
3.7.2 Cuidado com as estradas dos perversos (4:14-19)
3.8. APEGA-TE AO QUE É BOM (4:20-27)
3.8.1 O apelo do pai ao filho (vv. 20-22)
3.8.2 Guarda o teu coração... (vv. 22-27)
3.9. VIGIA AS RELAÇÕES ENTRE OS SEXOS (5:1-23; 6: 24-27; Jó 31:1)
3.9.1 Um apelo de pai para filho (vv. 1-6)
3.9.2 Um apelo repetido (vv. 7-14)
3.9.3 Uma instrução a respeito da alegria de viver bem (vv. 15-20)
3.9.4 Outra vez a admoestação (5:21-23)
3.10. GRANDES PRINCÍPIOS PARA A VIDA (6:1-19)
3.10.1 Ficar como fiador do companheiro (6:1-5)
3.10.2 Olha, ó preguiçoso (6:6-11)
3.10.3 O homem de Bolial (6:12-15)
3.10.4 As sete coisas que Deus aborrece são de Belial (6:16-19)
3.11. O SÉTIMO MANDAMENTO (6:20-35)
3.11.1 Conselho para a vida (6:20-22)
3.11.2 Uma recomendação solene (6:23-31)
3.11.3 Uma recomendação solene (6:32-35)
3.12. O PERIGO DO ADULTÉRIO (7:1-27)
3.12.1 Filho meu, guarda as minhas palavras (7:1-9)
3.12.2 Um que cal na rede (7:10-23)
3.12.3 Agora, filho meu, aprende a lição (7:24-27)
3.13. A SUPREMA SABEDORIA (8:1-36)
3.13.1 A Sabedoria fala entro os homens (8:1-21).
3.13.2 A Sabedoria mora com Deus. Ela é o mesmo Deus (8: 22-36)
(1) A Sabedoria como arquiteto de Deus (8:22-31).
(2) Uma reafirmação doutrinária textual.
(3) Ouçamos a Sabedoria - Fala aos filhos (8:32-36).
3.14. SUMARIO DOS TREZE CONSELHOS (9:1-18)
3.14.1 As sete colunas da Sabedoria (9:1-12)
3.14.2 A festa da loucura (vv. 13-18)
4 - O PRIMEIRO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (10:1-22:16)
4.1. AS DIFERENÇAS ENTRE UMA VIDA MA E UMA VIDA BOA (1 0:1 -32)
4.1.1 O consolo da família (w. 1-3)
4.1.2 Olha o trabalho (10:4, 5)
4.1.3 A bênção sobre a cabeça do justo (10:6-11)
4.1.4 o amor e o ódio (w. 12-14)
4.1.5 A riqueza e a pobreza (v. 15)
4.1.6 A vida e a vida (vv. 16 e 17)
4.1.7 Cuidado com a fala (vv. 18-21)
4.1.8 A bênção do Senhor (v. 22)
4.1.9 Uma volta a uma doutrina velha (vv. 23-26)
4.1.10 Um resumo de doutrina (vv. 27-32)
4.2. ALGUNS ASPECTOS DA INIQUIDADE (11:1-31)
4.2.1 Indícios de mau comércio (11:1-3)
4.2.2 A justiça o a Iniqüidade (vv. 4-8)
4.2.3 A supremacia do bem (vv. 9-13)
4.2.4 Um louvor ao bom senso (v. 14)
4.2.5 Cuidado com as fianças (v. 15)
4.2.6 Dois provérbios Isolados (vv. 16 e 17)
4.2.7 Uma variedade de doutrinas (vv. 17-21)
4.2.8 Uma mulher bela, mas sem valor (v. 22)
4.2.9 O desejo dos justos tende somente para o bem... (v. 23)
4.2.10 A bênção sobro os liberais (vv. 24-26)
4.2.11 Recompensas e castigos (vv. 27-30)
4.3. OS CONTRASTES NA CONDUTA (12:1-28)
4.3.1 Os contrastes (vv. 1 e 2)
4.3.2 A perversidade nada constrói (vv. 3 e 4)
4.3.3 A perversidade não compensa (vv.. 5-9)
4.3.4 O justo o laborioso (vv. 10-12)
4.3.5 Recompensas a punições (vv. 13-16).
4.3.6 Outros contrastes (vv. 17-21)
4.3.7 Mais contrastes sobro a verdade (vv. 22-24)
4.3.8 Sejamos simpáticos uns nos outros (vv. 26-28)
4.4. UM VIVER DISCIPLINADO (13:1-25)
4.4.1 A disciplina começa em casa (vv. 1-3)
4.4.2 A disciplina o o trabalho (vv. 4-8)
4.4.3 Outro contraste (vv. 9-13)
4.4.4 Contrastes entro sabedoria e estultícia (vv. 14-16)
4.4.5 Aceito a disciplina (vv. 17-22)
4.4.6 Outros contrastes (vv. 23-25)
4.5. ANDAR NO CAMINHO CERTO (14:1-35)
4.5.1 A mulher o a sua tarefa (v. 1)
4.5.2 É bom sempre dizer a verdade (vv. 5-9)
4.5.3 Uma série de ensino sobre juízo e sua ausêncla (vv.11-19)
4.5.4 O pobre a o rico (vv. 20-24)
4.5.5 O testemunho falso o o temor do Senhor (vv. 25-29)
4.5.6 Serenidade o paciência (vv. 30-32)
4.5.7 Prudência e justiça... (vv. 33-35)
4.6. OS CAMINHOS DA VIDA E OS SEGREDOS DE UM CORAÇÃO SINCERO
(15:1-35)
4.6.1 Os olhos do Senhor estão sobre toda a terra e sobre todos os homens
(II Crôn. 16:9; Prov. 15:1-7)
4.6.2 Os sacrifícios devem ser puros (vv. 8-10)
4.6.3 Os perigos do descaminho (vv. 10-14)
4.6.4 É melhor ficar contente que zangado (vv. 15-17)
4.6.5 Olha a vereda da vida (vv. 18-24)
4.6.6 O Senhor continua com os justos (vv. 25-29)
4.6.7 O temor do Senhor e a disciplina são o remédio da vida (vv. 30-33)
4.7. O SENHOR VIGIA A VIDA (16:1-33)
4.7.1 Os planos humanos o a direção divina (vv. 1-9)
4.7.2 A Justiça que Deus requer (vv. 10 e 11)
4.7.3 Cuidado com a impiedade (vv. 12-15)
4.7.4 Exortações para se adquirir a sabedoria (vv. 16-21)
4.7.5 As conseqüências da depravação (vv. 27-30)
4.7.6 Há recompensa para os bons (vv. 31-33)
4.8. BONS E MAUS CONVIVEM NESTE MUNDO (17:1-28)
4.8.1 A sabedoria da vida vale mais do que o ouro (vv. 1-5)
4.8.2 Preceitos úteis no vida prática (vv. 6-12)
4.8.3 O conflito com os perversos (vv. 13-16)
4.8.4 O valor de uma conduta sadia (vv. 17-20)
4.8.5 Há fatos que alegram (vv. 21-28)
4.9. HÁ PERIGOS E BÊNÇÃOS NO VIVER (18:1-24)
4.9.1 Uma série de normas para a conduta dos indivíduos e povos (vv. 1-8)
4.9.2 Desta série de conceitos, passa o texto ao trato dos justos (vv. 9-1 2)
4.9.3 A resposta na hora corta (vv. 13-16)
4.9.4 Diversas manifestações de sabedoria (vv.17-24)
4.10. O CARÁTER E A PESSOA (19:1-29)
4.10.1 Diversos assuntos em catálogo - os pobres (19:1-7)
4.10.2 O entendimento na vida é a coisa mais suave possível (vv. 8-1 0)
4.10.3 Outros assuntos correlatos (vv. 11-14)
4.10.4 Dar aos pobres é emprestar a Deus (vv. 15-18)
4.10.5 Fazer tudo com cuidado (vv. 19-22)
4.10.6 Temamos ao Senhor (vv. 23-27)
4.10.7 Os testemunhos falsos (vv. 28 e 29)
4.11. PRECEITOS E ADMOESTAÇÕES (20:1-30)
4.11.1 Cumpro o teu dever (vv. 1-5)
4.11.2 Há muitos propósitos bons (vv. 6-10)
4.11.3 Diversos preceitos (vv. 12-17)
4.11.4 É bom fazer planos (vv. 18-27)
4.12. A VIDA REAL E A LEI DE DEUS (21:1-31)
4.12.1 A má esposa o seus conseqüentes (vv. 9-15)
4.12.2 Boas normas são desejáveis para a vida (vv. 16-23)
4.13. CAUSAS E EFEITOS NA CONDUTA HUMANA (22:1-16)
4.13.1 O valor de um bom nome (vv. 1-6)
4.13.2 Conselhos úteis na vida (vv. 7-12)
4.13.3 Coitado do preguiçoso (vv. 13-16)
5 - O LIVRO DOS SÁBIOS (22:17-24:22)
5.1 O QUE CONVÉM SABER DA VIDA (22:17-23:11)
5.1.1 Coisas que o aluno deve evitar (vv. 22-29)
5.1.2 Sequem-se outros conselhos úteis (23:1-11)
5.2. O QUE DEVEMOS PROCURAR NA VIDA (23:12-25)
5.2.1 Atenção para o ensino o a disciplina (vv. 12-18)
5.2.2 Filho meu, sê sábio (vv. 19-25)
5.3. O CUIDADO COM AS ARMADILHAS DA VIDA (23:26-24:2)
5.4. CURRÍCULO SOBRE A SABEDORIA (24:3-22)
5.4.1 Efeitos da sabedoria (vv. 3-7)
5.4.2 Os efeitos do saber continuam (vv. 18-20)
5.5. FIM DO LIVRO DOS SÁBIOS (24:23-34)
6 - O SEGUNDO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (25:1-29:27)
6.1. COMPARAÇÕES INSTRUTIVAS PARA A VIDA (25:1-28)
6.1.1. Os caminhos de Deus (vv. 1-7)
6.1.2 O litígio (vv. 8-10)
6.1.3 Outras comparações (vv. 11-17).
6.1.4 Ainda os símiles (vv. 18-23)
6.1.5 Que coisas melhores poderá haver? (vv. 24-28)
6.2. UMA CIDADE GOVERNADA POR TOLOS (26:1-28)
6.3. ENSINOS SOBRE RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUOS (27:1-27)
6.3.1 O valor de um amigo (vv. 5-11)
6.3.2 Algumas observações interessantes (vv. 12-16)
6.3.3 Comparações importantes (vv. 17-22)
6.3.4 - Um tratado sobro a vida pastoril (vv. 23-27).
6.4. PROVÉRBIOS ANTITÉTICOS SOBRE A PUREZA DA RELIGIÃO (28:1-28)
6.4.1 Fidelidade à lei de Deus (v. 1-8)
6.4.2 Só a justiça é louvada (vv. 9-12)
6.4.3 Sinceridade na religião o conduta (vv. 13-20)
6.5. DEUS E A SOCIEDADE HUMANA (29:1-27)
6.5.1 O homem justo é o alvo desta seção (vv. 1-10)
6.5.2 Os efeitos de um mau governo (vv. 11-17)
6.5.3 Guardar a lei é certeza de felicidade (vv. 18-27)
7 - AS PALAVRAS DE AGUR (30:1-33)
7.1. O CONHECIMENTO (30:1-4)
7.2. A PALAVRA DE DEUS É PURA (30:5 e 6)
7.3. UMA GRANDE ORAÇÃO (30:7-9)
7.4. FIDELIDADE PARA COM OS OUTROS (30:10)
7.5. QUATRO CLASSES DE PESSOAS (30:11-14)
7.6. QUATRO COISAS INSACIÁVEIS (30:15 e 16)
7.7. O FILHO TURBULENTO E MAU (30:17)
7.8. QUATRO COISAS MARAVILHOSAS (30:18 e 19)
7.9. UMA COISA AINDA MAIS ENIGMÁTICA (30:20)
7.10. QUATRO COISAS INDESEJÁVEIS (30:21-23)
7.11. QUATRO PEQUENAS COISAS, CUJOS ENSINOS SÃO MUI GRANDES
(30:24-28)
7.12. QUATRO SERES ALTANEIROS (30:29-31)
7.13. UMA ADMOESTAÇÃO FINAL (30:32 e 33)
9 - A ESPOSA PERFEITA (31:10-31)
9.1. MULHER VIRTUOSA, QUEM A ACHARA? (31:10 e 11)
9.2. ESSA MULHER É INDUSTRIOSA (31:12 e 13)
9.3. É UMA BOA COMERCIANTE (31:13)
9.4. ELA É COMO O NAVIO MERCANTE, QUE DE LONGE TRAZ MANTIMENTO (31:14 e
15)
9.5. ELA COMPRA E VENDE (31:16-18)
9.6. NÃO DORME A NOITE TODA (31:19-22)
9.7. TEM UM MARIDO FELIZ (31:23)
9.8. É MULHER DILIGENTE E LOUVADA POR TODOS (31:24-28)
9.9. ESSA MULHER É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO E IMITADO (31:29-31)
Devo à Prof.a Waldemira Almeida de Mesquita a paciência de ler o manuscrito, palavra por
palavra, vírgula por vírgula e, sempre que necessário, procurar no dicionário para qualquer
dúvida semântica. Um trabalho de paciência beneditina. O leitor pode receber este livro com
a maior segurança no que tange a pureza e segurança da língua; os senões doutrinários e
exogéticos são de minha responsabilidade.
A Prof.a Waldemira, pois, os agradecimentos muito sinceros do
Autor
UMA PALAVRA
Apresentando aos meus leitores um Estudo sobre Provérbios, tenho a presunção de oferecer
alguma coisa de alta valia, não tanto quanto aos comentários, porque estes são de um pastor
aposentado das lides eclesiásticas, mas, sim, pelo fato de estar tentando colocar a maravilhosa
coleção de ditos clássicos mais à mão do povo. Uma tentativa de vulgarização de um livro
quase ignorado. Esta é a minha despretensiosa contribuição.
Convém dizer que, a bem da verdade, não se trata de um comentário, pois isso levaria o livro a
proporções tais, que o tornariam inacessível à bolsa do povo. O que se pode chamar de
comentário é apenas um ligeiro desdobramento do ensino proverbial, oferecendo umas tantas
ampliações, e, vez por outra, uma opinião pessoal, tudo dentro de um escopo adrede
determinado, pois nunca desejei escrever algo que não estivesse à altura da capacidade do
leitor médio. Os que conhecem os meus livros já sabem que este é o meu ideal desde que me
iniciei nas letras há mais de 40 anos. Escrevo para o povo.
Há provérbios cujo sentido escapa à observação do comentarista; adágios antigos, calcados
dentro de uma sistemática coloquial, são de apreciação difícil. Não são muitos desse tipo.
Outros, vários, relacionam-se com a vida hebraica ou provincial, com aplicações duvidosas ao
nosso modo de pensar ocidental. De modo geral, há muito a lucrar nos ensinos que Salomão e
seus cooperadores nos oferecem, mesmo descontando o que se deve atribuir a um
pensamento oriental.
O Livro dos Provérbios, feitos os descontos aqui referidos, tem uma mensagem para todos os
tempos e todas as pessoas. É um repositório de sabedoria incalculável; bastaria dizer o que já é
bem conhecido: Salomão, o seu principal autor e mesmo o total inspirador, foi o homem mais
sábio da história humana, pois antes dele e depois dele nenhum outro se levantou com
tamanhas credenciais. "Era mais sábio que todos os homens, mais sábio que Etã, do que
Hemã, Calcol e Darda, filhos de Maol. Era mais sábio que todos os do Oriente e do que toda a
sabedoria do Egito" (I Reis 4:30,31). Esta sabedoria lhe foi dada por Deus, ao declarar: " ...
antes de ti não houve teu igual e nem depois de ti o haverá (I Reis 3:12). já então não há
qualquer dúvida sobre a sabedoria de Salomão e os Provérbios são o que se poderia chamar a
sabedoria cristalizada. O Livro dos Provérbios nem carece de interpretação; eles se
interpretam por si.
A primeira parte do livro, que trata da Sabedoria e sua origem, vale por tudo quanto se possa
dizer ou imaginar. Conforme a interpretação geral, é o próprio Cristo quem fala. Ele é a
Sabedoria em pessoa. O capítulo 8 é a cristalização desse saber. Isso por si só recomenda o
Um, e este autor, se outras vantagens não provierem deste Estudo, senão a vulgarização dos
primeiros capítulos, já se sente compensado das horas longas que gastou nesta obra. Os que
conhecem o meu livro sobre Doutrina da Trindade no Velho Testamento, já sabem que eu
adoro Jesus Cristo na sua sabedoria dos primeiros capítulos de Provérbios. Assim, se aprouve a
Jesus oferecer uma introdução a este livro, como a que temos nos referidos oito capítulos, é
porque o livro vale por uma revelação da sabedoria divina, transposta para os domínios
humanos.
Os jovens que desejam uma vida feliz e equilibrada, que almejam um manual que os instrua
sobre os perigos da prostituição, têm aqui uma resposta. Os que pretendem casar e saber
escolher uma companheira, têm aqui o conselho. O rico e o pobre, o sábio e o de menos
saber, todos podem encontrar no Livro em estudo a norma de conduta e equilíbrio para a
vivência na família humana. Se eu tivesse recursos, mandaria fazer uma publicação do tipo de
livro de bolso e ofereceria um exemplar a cada rapaz e a cada moça da minha terra. Falo com
sinceridade. Assim, ponho este Estudo popular na mão dos leitores, com a oração a Deus para
que sejam proveitosos os momentos que gastarem na sua apreciação.
Não posso esquecer a valiosa cooperação que a minha esposa-secretária me deu, até mesmo
em consultas feitas, no preparo do livro. A ela ,o agradecimento meu e de todos os que amam
a Bíblia.
Rio de janeiro, setembro de 1972
Antônio N. de Mesquita
1 - INTRODUÇÃO
1.1. QUEM ESCREVEU PROVÉRBIOS.?
O livro começa com a declaração: Provérbios de Salomão, filho de Davi, Rei de Israel (1:1).
Está então declarado que o autor foi Salomão? Nem tanto assim, porque em diversos lugares
se afirma que há seções que não foram escritas por Salomão, como 22:17, onde se aconselha,
se deve ouvir as palavras dos sábios. Em 24:23 ainda se declara: são também estes provérbios
dos sábios. Em 25:1 afirma-se os provérbios seguintes serem de Salomão, mas escritos pelos
homens de Ezequias. O capítulo 30 introduz uma seção atribuída a Agur, filho de Jaqué, de
Massã. O capítulo 31 diz o seguinte: Palavras do rei Lemuel, de Massá, as quais lho ensinou
sua mão. Os rabinos ensinam que Ezequias e seus homens escreveram Isaías, Provérbios,
Cantares e Eclesiastes.1 Isso não significa que estes homens tenham escrito esses livros, mas,
sim, que os editaram ou puseram em ordem. Sabemos que o livro de Isaías não está na forma
em que as profecias foram apresentadas ao povo, nem mesmo as de Jeremias, pois há muitas
que foram proferidas depois de outras registradas, isto é, não estão na ordem cronológica em
que foram ditas. Houve, então, compiladores das obras clássicas dos judeus, e, quando
fizeram esta compilação, não se detiveram em colocar as obras na sequência em que foram
escritas.
Então, quem escreveu Provérbios? Salomão escreveu muitos, e até o Eclesiastes concorda
com isso quando diz: e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios, isto é, o
Pregador Salomão (Ecl. 12:9; veja I Reis 4:32). Parece, então, que Salomão escreveu muitos
provérbios, talvez muitos mais do que atualmente temos, embora isso não signifique que
tenha composto o Livro dos Provérbios. Dá-se-lhe o nome porque ele foi, sem dúvida, o maior
produtor, mas não propriamente o organizador do livro. Isso, todavia, não tira ao livro
qualquer dos seus valores, pois o que interessa é a doutrina, e não o livro como tal. Um
grande número de livros do Velho Testamento chegou às nossas mãos sem sabermos quem os
teria escrito. Quem escreveu Josué, Juizes, Rute, Samuel, Reis e Crônicas? Não se sabe; e tudo
o que se diz ou se escreve não passa de suposição. Nem por isso esses livros têm menos valia
para nós. O que nos interessa é saber que foram aceitos como inspirados e reunidos à sagrada
coleção, independente de quem teriam sido os seus autores. Antigamente não havia o que
atualmente se chama de "direitos autorais", isto é, um homem ou mulher escreve um livro e
ninguém pode dar-lhe outra autoria; é um direito reconhecido pelas leis modernas. Não era
assim noutros tempos. lsaías escreveu as suas profecias; outro depois as reuniu em forma de
um rolo (livro), e assim passaram à posteridade. Salomão proferiu muitos provérbios e teria
escrito mesmo muitos que andariam disperses, como ditos oficiais, o que era normal entre os
sábios antigos. Depois alguém colecionou estes provérbios e lhes deu a forma de livro (rolo); e
foi assim que passaram de geração à geração. Haverá qualquer prejuízo em admitirmos que
Salomão não preparou este livro? De modo algum. Vale tanto tendo sido compilado por
outrem, como se por ele mesmo.
O Prof. E.J. Young elaborou profundamente um trabalho em que chega à conclusão de que o
Livro dos Provérbios como o temos atualmente deve vir da época pós-exílica.2 Esta é a
posição humilde deste escritor. Os Provérbios e muitos outros escritos andariam disperses,
como seria o caso dos livros de Esdras, Neemias e outros. Então os mestres de Israel teriam
sentido a necessidade, levados pelo Espírito Santo, o Guardião das sagradas "letras, de
coligirem e porem em forma de rolos esta história. Esta é uma das razões por que tantos fatos
da história se encontram um tanto fora da cronologia, pois os colecionadores ou escritores dos
livros não teriam tido a preocupação de fazer os seus registros obedecendo rigorosamente à
ordem quando ditos fatos ocorreram. Esta opinião é também corroborada em outros termos
por H.H. Rowley. 3 Os atuais rolos, descritos na linguagem canônica como Ketuyhlm, escritos
denominados hagiógrafos pelos autores da Septuaginta, sempre fizeram parte da sagrada
coleção, pois em 185 (?) a.C. o autor do Eclesiástico (não Eclesiastes) já os incluía no rol dos
livros sagrados, ao todo 22 ou 24, segundo o número de letras do alfabeto hebraico. Se
Lamentações de Jeremias for contado separado do livro do mesmo autor, e Rute de Juízes,
teremos 22; porém, se os contarmos conjuntamente, teremos 24. Josefo, na sua contenda
contra Apião, um escritor grego, alega que os judeus não tinham uma fábula de livros sem
nexo como os gregos, mas apenas 22. Portanto, os livros que temos foram preparados ou por
seus autores ou por seus amanuenses, muito antes de 185 a.C. A Septuaginta inclui apenas e
justamente os livros que constam do Cânone hebraico, divididos em três seções: Lei, Profetas e
hagiógrafos; e esta obra é dada como de 285 a.C., mais ou menos. Não temos, na sagrada
coleção, qualquer livro do período grego, como pretendem alguns críticos. Todos os livros
estavam catalogados muito antes deste período (333 a.C.).
1 Tratado Baba Batra, 15.
2 E. J. Young, An Introduction to the Old Testament, p. 328.
3 H. H. Rowley (editor), The Old Testament and Modern Study, P. 212-216.
1. 2. A ÉPOCA DE SALOMÃO
Salomão foi o maior sábio da antigüidade. Disto não temos qualquer dúvida, pois é o que as
Sagradas Escrituras nos informam. Andava nos caminhos do Senhor e amava ao Senhor (I Reis
3:3, 9, 12), e por isso Deus o encheu de saber. Esta sabedoria foi devidamente testada no caso
das duas mulheres que disputavam a maternidade de uma criança (I Reis 3:16-28). A sua
sabedoria provinha de Deus, era sabedoria profusa como a areia do mar (I Reis 4:29). A sua
sabedoria excedia a de todos os sábios do Oriente, incluindo os egípcios, conhecidos como os
mais cultos entre os povos antigos (I Reis 4:30); e entre esses sábios são mencionados alguns
dos mais famosos, como Etã, Hemã, Calcol e Darda, filho de Maol. A sua fama atingiu os
limites de todo o Oriente, e todos vinham a ele para o ouvir. Até a famosa rainha da Arábia,
por nós conhecida pelo nome de Rainha de Sabá, veio das longínquas areias escaldantes, com
os seus camelos carregados de especiarias para presentear Salomão e ouvir o seu saber, ao
final exclamando: Eu, contudo, não cria naquelas palavras (que tinha ouvido a respeito de
Salomão) até que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade...
(I Reis 10:6-8). Esta mulher, pelo que sabemos atualmente da sua então desconhecida terra,
era uma das mais cultas do mundo, e até a famosa Hatshepsut, mãe adotiva de Moisés,
mandou as suas naus à Arábia, a terra da Rainha de Sabá. Pela sua laconicidade, os sagrados
escritos não nos contam as coisas como se passaram; dizem apenas o suficiente, embora
queiramos mais. Salomão compôs três mil provérbios o foram os seus cânticos mil e cinco.
Discorreu sobre todas as plantas (botânico), desde o cedro do Líbano até o hissopo, que brota
do muro; também falou dos animais (zoólogo), e das aves, dos répteis e dos peixes (I Reis 4:32,
33). De todos os povos vinha gente a ouvir a sabedoria de Salomão (I Reis 4:34). Este notável
homem foi o primeiro cientista do mundo antes que houvesse ciência no sentido moderno.
Falar sobre as plantas, sobre os animais e até sobre os peixes do mar é qualquer coisa de que
os reis daqueles tempos se maravilhavam (I Reis 4:34). Portanto, não temos qualquer dúvida
sobre a capacidade de Salomão de escrever um livro como o de Provérbios. Lamentamos, sim,
que não tenham sido preservados os outros conhecimentos de que nos fala o Livro de Reis.
Além dos seus conhecimentos da natureza, era psicólogo e decifrador de enigmas (I Reis 10:1).
Quais seriam estas perguntas cabalísticas, não se diz, mas podemos conjeturar que esta
mulher veio mesmo disposta a pôr à prova o que tinha ouvido. e teria mesmo consultado os
sábios do seu reino, para que lhe dessem enigmas para ela apresentar ao sábio Salomão.
Portanto, concluímos esta seção afirmando que Salomão poderia ter escrito o Livro dos
Provérbios e muito mais do que isso. Não é, pois, a questão de seu poder e saber, mas de
outras razões, que não estão ao nosso alcance explicar.
1.3. A SABEDORIA DOS ANTIGOS
Que sabemos da sabedoria dos antigos? Muito pouco ou quase nada. A sabedoria dos
egípcios, com os seus sábios (magos), decifradores de sonhos (Gên. 41:8); os caldeus, que
tanto trabalho deram a Daniel (Dan. 2:1-49; 5:1-27). Até os edomitas, conforme Obadias 8, um
povo relativamente humilde. Que sabemos da ereção das pirâmides egípcias, especialmente a
de Queops com o seu telescópio no vértice, para estudo das estrelas e dos astros; de
Ptolomeu, o cartógrafo e astrólogo ou astrônomo, geógrafo e que mais? Os grandes poemas
que nos vieram dos gregos famosos como Homero e outros. Repetimos: Que conhecemos dos
sábios antigos? Conforme já dissemos, muito pouco ou quase nada. No entanto, Salomão a
todos sobrepujou, porque a sua sabedoria foi dada diretamente por Deus. Tudo quanto uma
cabeça humana podia receber Salomão alcançou. Digamos que Salomão foi o maior, mas não
o único. Jeremias (18:18) menciona os sábios que tentavam disputar a sabedoria do profeta, e
o mesmo profeta chegou a ficar assombrado com eles. O mesmo Jeremias se desdobra em
esforço para conter os sábios dos seus dias, que pretendiam rivalizar com os profetas de Deus.
Isaías confessa (is. 29:14) que Deus ia fazer coisas tais que os sábios ficariam confusos.
Portanto, a sabedoria não era um patrimônio dos antigos povos, mas também dos israelitas. O
Livro dos Provérbios se refere, outrossim, a alguns sábios que compuseram algumas partes
deste livro, como se vê em 22:17; 24:22-34, ou pelo menos eram contados como os sábios
daquele tempo. O verso 5 do primeiro capítulo contém um conselho aos sábios, para
crescerem em sabedoria e prudência. Poderíamos admitir que muitos destes provérbios
seriam produto destes sábios, que proliferavam em Israel. Especialmente a época de Salomão
daria ensejo a que surgissem muitos sábios, tentando imitá-lo ou mesmo como subproduto de
uma época de exaltada sabedoria. Em tempos de estultícia, parece que todos se tornam
estultos, como, em época de sabedoria, todos se tornam sábios. Podemos até admitir que
muitos destes provérbios venham de datas pré-salomônicas, como uma espécie de antologia
filosófica, em que alguém se teria incumbido de colecionar ditos e frases, que andariam de
boca em boca, como alguns que temos em nossos dias, como costumamos dizer: "Fulano
disse; fulano escreveu." Admitiríamos então que o Livro dos Provérbios não será apenas um
repositório da época de Salomão, mas de muito antes e muito depois. Se chamássemos a isso
o LIVRO DA SABEDORIA HEBRAICA, não exageraríamos. Isto nos é demonstrado em alguns
tópicos do mesmo Livro dos Provérbios.
1.3.1. Os Homens de Ezequias
Lendo em II Crônicas (29:25-30) entendemos que Ezequias promoveu intensa reafirmação
religiosa e artística, quando foram revividas as palavras de Davi e Salomão pela voz de Gade, o
vidente do rei Davi. Deve ter sido um momento de grande alegria em Judá, com respeito ao
avivamento das coisas antigas, em que o passado se uniria ao presente, para dar o brilho que,
em poucas palavras, o sagrado escritor nos revela. Pois todo este avivamento nos é
transmitido de um modo novo em Provérbios 25-29. Como se vê dos textos sagrados,
Ezequias fez muito mais do que nos diz II Crônicas, pois os trabalhos do seu grupo aparecem
de forma muito mais sensível em Provérbios. Ezequias viveu 195 anos depois de Salomão, e
235 depois de Davi; portanto, diversas gerações mais tarde. Porém os ecos dos tempos
gloriosos, tanto de Davi como de Salomão, estavam ecoando ainda nos seus dias. Podemos,
pois, ver que a sabedoria não estava morta, e de tempos em tempos era revivida. Acredita A.
Bentzen4 que os salmos de Davi e Salomão teriam sobrevivido em forma oral e Ezequias teria
tido o impulso de reuni-los em volume, como se encontram, em parte, pelo menos, nos
capítulos 25-29. A sabedoria dos profetas e poetas era cuidadosamente guardada em Israel; e
o nosso livro deve representar não apenas a cultura de Salomão, mas de muitos outros ilustres
varões.
4 A. Bentzen, Introduction to the Old Testament, Vol. II, p. 173, Copenhague.
1.3.2. Agur, Filho de Jaqué
Não se sabe quem foi Agur, e, se traduzíssemos a palavra por "Oráculo", como aparece em
30:1, então poderíamos ligá-la a oráculos de outras terras, como no caso de "Massá", uma
tribo árabe descendente de Abraão por meio de lsmael (Gên. 25:14). Se pudéssemos manter
essa ligação com um passado tão remoto, então concluiríamos que o veio literário, que
desponta em Israel com tanto brilho, era comum também entre outros povos.
Israel, por sua posição política e social, englobou muita coisa que pertencia a outros povos,
adaptando e moldando esta contribuição de acordo com o sentimento nacional e o culto a
Jeová. Seja quem for que tenha sido este Agur, não resta dúvida, ligar-se-ia a essa tribo de
Massá. Era um poeta estrangeiro, louvando a Deus com a sua inteligência nativa. Quando
estudarmos os seus provérbios, notaremos o estilo e qualidades próprias da sua terra tanto
quanto possível.
1.3.3. Provérbios do Rei Lemuel
Quem foi esse rei, não sabemos. Sua mãe aparece como a produtora de alguns provérbios. A
minha enciclopédia dá Lemuel como pseudônimo de Salomão, o que bem poderia ser. Em tal
caso, a mãe de Salomão teria sido uma professa, ou, pelo menos, uma literata. Havia sido
mulher de um capitão hitita, e os hititas foram um povo de renomada cultura, que agora está
sendo devidamente apurada. Seria então Bate-Seba, mulher de Urias, mãe de Salomão, a
autora de tantos lindos provérbios? O texto (Prov. 31:1) diz que Lemuel era também de
Massá, a mesma terra de Agur. Se aceitarmos esta declaração como coisa real, então Lemuel
não é pseudônimo de Salomão. Quanta coisa obscura, historicamente pelo menos! Fica para
melhor explicação a origem desses personagens, Agur, Lemuel e sua mãe, que gostaríamos,
fossem apenas pseudônimos do grande Salomão e sua mãe Bate-Seba, incluindo, já se vê, o
profeta Agur. Um homem como Salomão poderia ser conhecido por diversos nomes, mesmo
que este costume não fosse geral nos seus dias. Talvez o significado do nome Lemuel, "Amado
de Jeová", nos ajude a compreender que deveria ser um personagem de Israel, e não um
massaíta.
Já antes nos referimos à sabedoria de outros povos, como o Egito e a Babilônia, para não
mencionarmos povos menores e de pouca influência na vida internacional. Isso nos leva a
compreender que o Livro dos Provérbios bem pode resumir as culturas israelita e não israelita.
Tem sido evocada a Sabedoria de Amen-en-Open, do Egito, para mostrar que a sabedoria não
era patrimônio dos judeus apenas. Os versos 17-24 do capítulo 22 são, por alguns escritores,
atribuídos a este sábio, devidamente adaptados em Israel. Deve-se notar que a descoberta
relativamente recente dessa obra egípcia é datada de 600 a.C., mais ou menos, portanto,
muito posterior a Salomão. Pensam alguns críticos que Amen-en-Open fez empréstimos ao
Livro de Provérbios, o que, se fosse aceito como real, valeria pela divulgação internacional da
sabedoria israelita. É difícil a qualquer pesquisador acertar essas coisas antigas. Mesmo que a
obra de Amen-en-Open, escrita em 30 capítulos, seja posterior a Salomão, como parece, nem
por isso se pode ignorar a contribuição que os sábios deram uns aos outros naqueles distantes
dias. Não haveria, é certo, o intercâmbio que existe atualmente entre escritores americanos e
franceses com os brasileiros, porém havia intercâmbio em menor escala, sem qualquer sombra
de dúvida. A vida de Moisés foi doada aos israelitas, entretanto, logo se espalhou pelo mundo
inteiro e todos os povos participaram das suas belezas, numa adaptação própria a cada
localidade. Não havia segredos literários entre os antigos. Por outro lado, admite-se que no
palácio de Salomão proliferassem sábios de muitas nacionalidades, que trocariam entre si os
seus "ditos", num intercurso literário muito à moda moderna. Sabemos que todos os povos da
terra estavam representados em Israel pelos casamentos oficiais que Salomão contraiu, e, com
estas princesas, vinham as suas damas e também os seus literatos favoritos. Se acreditarmos
que a mesa de Salomão alimentava 25.000 pessoas, admitimos que muitos dentre elas seriam
sábios e conselheiros estrangeiros, talvez o que nós conhecemos atualmente como
embaixadores. Comparadas diversas doutrinas dos sábios egípcios e de outros, verifica-se que
a doutrina dos sagrados livros canônicos se sobreleva à deles. O intercâmbio existente não
conseguiu dar aos sábios étnicos aquele sabor de segurança que o Livro dos Provérbios
denota. O livro já referido, de Amen-en-Open, que parece uma espécie de ressonância de
Provérbios, e que cita até alguns deles, possui doutrina parecida com Provérbios, sendo,
entretanto, muito diferente. O capítulo 6, entre outras coisas, diz: "Não te debruces na
balança, nem falsifiques os pesos, nem causes danos às frações das medidas." Provérbios
20:10 diz: Dois pesos a duas medidas, uns e outros são abomináveis ao Senhor. Seriam mais
do que naturais estas diferenças, no caso de uma transação entre um país e outro.5
5 Para um estudo completo, veja Ancient Near Texts, Relating to the Old Testament, de James
Pritchard, Princeton, 1950. Também, The Wisdom of Amen-en-Open, em R. 0. Kevon,
Filadélfia, 1931, ref. em Novo Comentário do Bíblia.
1.4. A FUNÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS EM ISRAEL
Acredita-se, e com boas razões, que Provérbios e outras seções do Velho Testamento eram
uma espécie de disciplina, pela qual a nação era guiada e conservada. Efetivamente, um povo
que se oriente pelos ensinos de Provérbios terá de ser uma nação de sábios e justos. Estes
preceitos, na sua real aplicação na vida, são uma interpretação do espírito dos profetas, pois,
enquanto estes procuram manter o povo perto do Senhor, aqueles interpretam a vida nas suas
relações com Deus e os semelhantes. Uns contrabalançam os outros e dão ao todo aquela
segurança de vida que nenhum outro povo teve nos séculos passados. Como muito bem disse
um escritor, a sabedoria não consiste numa contemplação mística do universo e de Deus, mas
na objetivação pessoal do homem em suas relações com o divino Criador. Mudar os termos
dessa combinação é o mesmo que arruinar a harmonia que deve existir entre Deus e a
humanidade. Provérbios não trata apenas das relações do homem com Deus, mas também do
homem com o homem, da esposa com o marido, dos pais com os filhos e dos filhos com os
pais. Vê-se logo que esse ensino abrange todos os contornos da vida religiosa, social e
doméstica; completa o currículo de relações humanas na sua complexidade e na sua conexão
com Deus. Nada fica fora, e quem desprezar esses ensinos certamente está louco. Tanto
quanto a religião não é um pragmatismo insosso, mas uma vivência real entre indivíduos e
Deus, o Livro dos Provérbios é a Bíblia da contextualização dessas relações no círculo
doméstico. O divórcio entre prática e vida religiosa é que tem arruinado o viver humano,
como se a vida e a prática não fossem uma só coisa. Em nosso meio social brasileiro, é isso
que se nota. Um homem é um bom religioso, vai à igreja, recebe água benta e faz as suas
orações, a seu modo, todavia, durante a semana, rouba, como pode, o seu próximo. A religião
do domingo não tem reflexo na vida diária da semana. Isso, em verdade, não é religião. É uma
farsa religiosa. A nossa pregação evangélica pretende fazer a roda voltar ao que era antes e
unir a religião à prática da vida, pois o contrário é pura hipocrisia, é falsidade. O dito comum:
"Faça o que eu digo, mas não o que eu faço" é uma estúpida interpretação da natureza da
religião. A Bíblia não sanciona tal conduta. Por isso todos os religiosos podem ir à igreja e
praticar tudo mais que for do seu agrado durante a semana. Roubar o próximo e ir à igreja no
domingo, uma coisa nada tem a ver com a outra. Isso Provérbios condena.
1.5. JESUS E O ENSINO DOS PROVÉRBIOS
Como não poderia deixar de ser, Jesus fez amplo uso dos ensinos de Provérbios na sua
doutrinação prática. Muitas das suas parábolas estão calcadas em seus ensinos. Por exemplo,
a parábola dos primeiros lugares, quando convidado para banquetes, está firmemente
relacionada com Prov. 25:6,7, onde se lê: Não te glories no meio dos reis nem te ponhas no
meio dos grandes, porque melhor é que te digam: sobe para aqui, do que seres humilhado
diante do príncipe. A parábola do rico insensato está bem retratada em 27:1. Jesus, na
conversa com Nicodemos, parece, copiou a palavra de Agur, filho de Jaqué em Prov. 30:4, a
quando se refere ao povo, dizendo que a sabedoria é justificada por seus filhos, está citando
Provérbios no seu todo. Se o espaço permitisse, poderíamos alinhar um grande número de
passagens do Velho Testamento onde Jesus baseou o seu ensino.
Naturalmente, Jesus doutrinava alicerçado na sabedoria do povo, tomando por base o que
conhecia da sua Bíblia. Grande parte do ensino de Jesus foi feito por meio de parábolas,
justamente o tipo de ensino de Provérbios. A palavra, no hebraico mashal, é traduzida no
grego por parábola. Quando Jesus falava ao povo, que ouvia e não entendia, estava se
referindo a um tipo de adivinhação, muito familiar aos hebreus, com o significado de enigma
(veja Mar. 4:11) que era o seu sistema de ensino a respeito do Reino de Deus. Uma
interpretação de Provérbios à luz do Novo Testamento compreenderia um estudo a que não
pudemos dedicar-nos por causa do espaço, e esta Introdução já está ficando longa. Pedro,
parece, foi o discípulo que mais usou o Livro de Provérbios em suas epístolas, ou por ser o
apóstolo mais íntimo do Mestre ou por suas possíveis leituras deste grande livro. Confira I
Ped. 2:17 com Prov. 24:21; I Ped. 3:13 com Prov. 16:7; I Ped. 4:8 com Prov. 10:12; I Ped. 4:18
com Prov. 11:31, e assim com muitas outras passagens. Paulo, como não poderia deixar de
ser, também usou Provérbios em suas epístolas como Rom. 12:20 e Prov. 25:21 e segs. Cristo,
poder e sabedoria de Deus em I Cor. 1:24 e Prov. 8, é uma demonstração de como este livro
era manuseado pelos apóstolos e primeiros cristãos.
Não devemos surpreender-nos com estas citações, visto como a Sabedoria em Israel era uma
constante da sua vida, e os Provérbios e Eclesiastes eram grandes livros de toda hora. Se o
nosso estudo do Novo Testamento levasse em conta o bebedouro da Sabedoria israelita,
teríamos uma boa base para a exegese bíblica. Infelizmente isso não acontece, pois Provérbios
é um livro quase ignorado pelos pregadores, que só se servem dele em casos especialíssimos.
Não pensam assim os melhores comentadores do Velho Testamento, muitos deles, pelo
menos, que consideram de grande valia este livro. Até que ponto os escritores do Novo
Testamento entenderiam Provérbios, especialmente os capítulos 3-8, onde a Sabedoria
assume grande papel, ignoramos, mas o certo é que não, desconheciam esse livro. A sua Bíblia
em grego, para os que hão entenderiam hebraico, e seriam poucos, não esconderia o livro de
Provérbios.
1.6. COMPOSIÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
De modo geral, já dissemos bastante. Resta agora uma breve digressão sobre o tipo de
composição do livro. Está em forma poética, e consta de ditos e frases, alegorias comuns
entre o povo e especialmente entre os sábios. O termo mashal deriva-se de uma raiz que
parece indicar semelhanças, comparações. Portanto, um verso de Provérbios é uma
comparação com outra verdade, que pode vir no mesmo verso ou, em uma antítese, noutro.
Em muitos casos, os versos representam uma figura, que o Novo Testamento traduz por
parábola, da qual Jesus fez largo usa em seus ensinos. Em muitos casos trata-se de máximas,
aforismos, meios do povo entender e expressar verdades vulgares. Cada verso traz uma lição
sobre um assunto ou outro, pertinente à vida diária. Há entre todos os povos certos adágios,
certas frases, que fazem escola e são usados como máximas ou mesmo como doutrina entre o
povo. Entretanto, é bom advertir o leitor que nem todos os provérbios constam dessas frases;
todavia, são um resumo da Sabedoria hebraica em que o Cristo personificado nos capítulos 3-
8, especialmente, dá a medida do seu valor ético e moral. Há também alguns discursos em
ritmo poético, como nos capítulos 1-9 e 30-31. Não discutimos aqui os diversos tipos de
poesia hebraica, com seus paralelismos, teses e antíteses, por falta de espaço, e mesmo não
estamos fazendo um estudo da poesia hebraica, cabível em outros estudos. Na Septuaginta o
livro recebeu nome qualificado de Paroimiai, que, traduzido em português, significaria uma
boa dieta. O livro pretende ser um gula para o caminhante; então Paroimiai é o meio de levar
o mesmo caminhante ao bom destino. No hebraico o livro tinha o título de M S U, que se lê
com vogais ou sem vogais, como Mashal, provérbios em nossa língua. Os publicadores da
Bíblia hebraica deram-lhe um subtítulo em latim de LIBER PROVERBIORUM, Livros dos
Provérbios, como passou para as versões latinas. O termo grego Parabolê, parábola, tem
também o sentido no hebraico de hidhah, "enigma", adivinhação; e foi assim que Jesus o usou
quando, falando do Reino de Deus a um povo que não o entendia, empregava parábolas, e
sem parábolas, enigmas, não lhe falava (Mar. 4:33, 34).
1.7. DATA DO LIVRO
Jesus Ben Siraque, em cerca de 130 a.C., em seu famoso livro Eclesiasticus (não Eclesiastes),
livro incluído entre os apócrifos, declara no capítulo 47, verso 17, que Provérbios (também
Cânticos) era livro de alta devoção entre o povo. Esta informação é muito valiosa por sua
antigüidade e pela fonte de onde se origina, pois Jesus Ben Siraque é universalmente
considerado um dos mais admirados escritores daqueles dias.
Os tradutores da Septuaginta, em 280 a.C., já incluíram Provérbios na sua tradução, ao qual
deram o nome de Paroimiai Portanto, quase três séculos antes de Cristo, Provérbios era um
livro acatado e reconhecido como inspirado.
Nunca houve entre os rabinos qualquer discussão quanto à sua canonicidade, e, sim, quanto à
sua autoria, como aconteceu com Eclesiastes e outros. Portanto, é um livro que sempre foi
considerado inspirado, e os judeus devem ser reconhecidos como a autoridade máxima nesse
campo, pois era um livro da sua biblioteca sagrada. A influência que este livro exerceu em
Israel, a mesmo fora dele, pode ver-se pelas citações de obras egípcias, como no poema de
Amen-en-Open do Egito. Não seria boa política discutir essas conexões entre Provérbios e
outros livros de povos étnicos, porque, no tocante à sabedoria, todos tinham os seus adágios e
suas máximas. Muito antes de Moisés promulgar o Decálogo, já Hamurabi, da Caldéia, tinha
publicado o seu, e há tão flagrantes similitudes em alguns capítulos, que muitos críticos não
trepidam em afirmar que Moisés copiou de Hamurabi (ver o livro do autor sobre Êxodo).
Portanto, Provérbios é um livro de alta antigüidade, mesmo que não seja possível determinar a
data do seu aparecimento. Noutros Estudos, como em Eclesiastes, dissemos que os livros da
Sabedoria, incluindo alguns salmos, teriam sido colecionados depois da volta do cativeiro
babilônico, quando os judeus se voltaram para a sua Bíblia como jamais haviam feito.
Possivelmente este livro teria sido confeccionado nessa época, reunindo matéria dispersa, e
formando um todo tão harmônico quanto possível.
Parece-nos o suficiente o que acabamos de dizer a respeito de Provérbios e à guisa de
INTRODUÇÃO. Diversas obras já foram mencionadas, onde os mais estudiosos se podem
louvar, restando apenas adicionar artigos em enciclopédias e dicionários bíblicos, onde há
abundante material sobre o livro. Como escrevemos, visando o povo e os estudantes da Bíblia
de um modo geral, nunca desejamos aprofundar demais qualquer estudo sobre esses livros.
2 - TÍTULO E PLANO DO LIVRO
Parece certo que o propósito dos organizadores deste livro foi dar Salomão como seu autor,
mesmo que nem todos os provérbios sejam de sua autoria, conforme vemos de 24:23, onde
figuram como autores os sábios; 30:1-23, em que o autor se chama Agur, filho de Jaqué, de
Massá; e 31:1-9, onde o suposto autor se chama Lemuel. Tirando estas seções, as demais
foram fruto das atividades salomônicas, ou pelo menos de seus imediatos colaboradores.
Portanto, não pecaram os organizadores do livro com a declaração: Provérbios dei Salomão,
filho de Davi. Eclesiastes mesmo confirma que ele escreveu muitos provérbios (Ecl. 12:9; ver
também I Reis 4:32). Quem pode afirmar que nas seções que trazem outros nomes estes não
são apenas pseudônimos, como dissemos na Introdução? Acreditam alguns comentadores ser
o nome de Lemuel dado a Salomão. Por que os ditos de Agur, filho de Jaqué, de Massá, não
poderiam ser seus? Assim, não há censura para o primeiro verso deste livro. Os versos 1-6 são
incontestavelmente dele e são como uma sentença elíptica, chamando o leitor a dar atenção
ao que se segue.
O leitor é convidado a aprender sabedoria o ensino, para entender as palavras da Inteligência
(vv. 2, 3). Esta introdução é categórica em que o livro se destina a conceder sabedoria e tino
ou correção da vida, que é o sentido do termo traduzido em Heb. 12:5: correção que vem do
Senhor. A intenção do livro é, pois, ensinar, corrigir e fazer capaz de entender os caminhos do
Senhor. Isto o autor de Hebreus torna bem claro.
Para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a eqüidade (v. 3), a fim de que os
simples, os menos entendidos nas coisas de Deus, possam capacitar-se para os deveres da vida
e da religião. Para dar... aos jovens conhecimento e bom senso ou siso (v. 4). Não padece
qualquer dúvida o alvo do livro: instruir os simples, os de medos capacidade, os jovens, de
modo que uns e outros sejam capazes de entender o juízo, a justiça e o bom comportamento
na vida. Temos, então, uma cartílha devocional, onde todos somos ensinados nos deveres da
justa, da equidade, do bom siso nas coisas da vida. Bastariam estas palavras introdutórias para
justificar a existência deste livro na sagrada coleção. Toda a Bíblia tem este escopo: preparar o
povo para os seus deveres religiosos, entender as palavras dos profetas, que estavam
preparando o povo para a vinda do seu Messias (ver ls. 5:7 e 1 1:1).
Ouça o sábio a cresça em prudência, o entendido adquira habilidade (v. 5). Israel era uma
nação de sábios, o que ninguém contesta, ainda mesmo hoje, quando as maiores conquistas
científicas são produto da inteligência israelita. Sempre foi assim. Durante os dois mil anos da
era cristã em que este povo tem perambulado pelo mundo, corrido daqui e dali, perseguido e
destruído, como aconteceu na última guerra, quando 15.000.000 foram eliminados nos países
do leste e da Alemanha, eles nunca deixaram de ligar a sua vida às melhores conquistas do
pensamento. Será por isso que Provérbios chama os sábios a crescerem em prudência e
sabedoria? Nunca se ouviu que judeus formassem complôs anarquistas para derrubar
governos, sempre dedicados ao trabalho, cooperadores dos governos. O Brasil deveu muito a
esta gente nos dias coloniais, quando junto aos administradores eram os seus conselheiros,
muita vez. Se o mundo fosse privado dos ensinos da Bíblia, cairia como fruto podre. Isso já
aconteceu na Idade Média, ao ficar a Bíblia escondida nos mosteiros, longe do povo. Que
sucedeu? O mundo entrou na idade das trevas e da ignorância, e não foi sem motivo que os
historiadores deram a esta quadra de 1.200 anos o cognome de Idade Média, isto é, época
entre o classicismo romano e a renovação humanista do século XVI, promovida pela
publicação dos livros da Bíblia. Quaisquer restrições que porventura se façam a esta gente,
que não era e não é perfeita, não poderão esconder a sua contribuição às ciências, às letras e
ao progresso. Diz-se que todas as grandes descobertas no terreno da fisiologia, da física e da
química são patrimônio dos judeus. Durante a 11 Guerra Mundial, quem orientou a Inglaterra
nos laboratórios foi Ben Gurion, célebre químico, depois guindado à Presidência do novo
Estado judeu. É um crime dos árabes pretenderem, por motivos políticos, destruir esta gente e
reduzi-la a párias, como eles mesmos são na grande maioria. Não sou político; sou historiador,
e levado a escrever estas palavras a propósito da recomendação de Prov. 1:5, em que o sábio é
convidado a adquirir sabedoria e mais sabedoria. Quem não se lembra de Einstein, falecido há
pouco? A sua teoria da relatividade revolucionou as ciências físicas e os conhecimentos gerais
nesta matéria. Por que prosseguir? Que a Bíblia faz sábios, nós sabemos e todos admitimos.
Faça-se uma comparação com as nações ditas evangélicas e as não evangélicas. Infelizmente,
nesta época de loucuras, muitas delas se desgarraram, embora isso não milita contra o fato de
os povos da Bíblia serem mais cultos e mais progressistas. Uma comparação talvez sujeita a
críticas seria a dos EE.UU. e o Brasil, ambos colônias, aquele da Inglaterra, e este, de Portugal.
Que diferença! Ambos da mesma idade e feitos com elementos europeus, aqueles evangélicos
e estes católicos romanos.
Para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios (v. 6). Provérbios são
ditos concisos, máximas que encobrem muitos ensinos, o mesmo que parábolas e enigmas.
Isto é tudo que os Provérbios tentam ensinar, e, para tais conhecimentos, só mesmo muita
argúcia e muita sabedoria. O sentido exato destes termos não é bem conhecido, mas refere-se
a coisas menos conhecidas e menos entendidas. Quando Jesus se dirigiu ao seu povo e lhe
falou do Reino de Deus, que acabava de chegar, falou-lhe por enigmas (Mar. 4:13). Mesmo
sendo a sua linguagem corrente, o sentido era obscuro para os ouvintes. Algumas vezes um
provérbio é traduzido por "dito picante" ou agudo, uma espécie de "chiste", coisa não bem
clara. Para entender tal linguagem e tais significados, são os sábios convidados a crescer em
prudência e saber (v. 5).
O verso 7 forma uma espécie de tema do livro: O temor do Senhor é o princípio do saber. A
palavra princípio, em hebraico reshith, tanto é norma como começo. Tudo tem um princípio,
uma forma de começo, e, se alguém desejar sucesso, tem de ter um início determinante. É um
ponto de partida. Temer a Deus e suas leis e ordenanças é seguro caminho para a felicidade.
Esta palavra ou frase ocorre muito em Eclesiastes (3:11; 7:8; 8:23; 9:10 o segs.). Em Provérbios
ocorre três vezes (1:7; 8:22, 23). Quatro vezes em João (1:1; 6:64; 8:25; 15:27). Esta é uma
palavra-chave para a vida, como o é a frase O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DO SABER.
Como poderia a criatura humana, frágil e inculta quanto aos planos divinos, orientar a sua vida
à revelia de Deus? Muitos assim fazem, porém as conseqüências aí estão para todos verem.
Deus é a fonte do saber, e, se nós queremos saber alguma coisa, não podemos ir bater noutra
porta. Jesus é o caminho, e a Verdade e a Vida (João 14:3). Se comparássemos este verso com
tantas outras escrituras, concluiríamos que tem razão o autor do livro. ls. 11:5, referindo-se a
Jesus porvindouro, diz: A justiça será o cinto dos seus lombos o a fidelidade o cinto dos seus
rins. Foi assim com o Messias e será assim conosco, se aceitarmos o princípio do saber. Só os
loucos desprezam este saber (v. 7).
Com esta introdução maravilhosa, estamos em condições de entrar no estudo do livro. Fica
perfeitamente entendido que vamos tratar de sabedoria, entendimento, provérbios, palavras
e enigmas, e, para discernir tais ensino, é preciso mente clara espírito sintonizado com o
Espírito Santo de Deus. Menos disto não basta para entendermos o nos apropriarmos deste
grande livro.
3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18)
Estes Estudos versarão sobre conselhos dados a respeito da Sabedoria, representada por
figuras, mas, sem qualquer sombra de dúvida, referindo-se a Jesus pré-encarnado,
especialmente 8:22-36, trecho que trata de uma pessoa ensinando a sabedoria de Deus.
Tomemos, pois, estes conselhos como vindos de cima, das alturas, onde mora a suprema
Sabedoria. No decorrer de nosso estudo, melhor veremos a função e o ensino a respeito da
sabedoria e das suas origens (v. 1).
O vocativo "Filho meu" inicia cada lição ou conselho oferecidos pela própria Sabedoria. O
conjunto desse ensino da Sabedoria tem o tom de um Mestre que se dirige a seus alunos e
procura trazê-los à realidade da vida. Trata-se, assim, de alguém que aconselha. Quem será
essa pessoa? Como já foi notado antes, a Sabedoria é personificada em Jesus preencarnado.
Ele é a Sabedoria em pessoa e é quem fala nessas lições, mesmo que nem sempre sua
presença seja notória. Vamos, pois, estudar os conselhos da Sabedoria com o espírito de
quem deseja aprender e ser feliz no seu viver, pois, sem este saber, a vida se tornará estulta e
até perigosa.
3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18)
3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33)
3.1.1. Conselho de pai (1:8-19)
Filho meu, ouve o ensino de teu pai. A sabedoria aqui toma a forma de Pai. É uma
representação da Lei de Moisés: Torah O ensino da lei para o judeu era como um diadema de
graça para a cabeça e o modo seguro de não se perder no caminho. Quem usava este diadema
se distinguia dos demais pecadores. Era como o guerreiro que voltava vitorioso da batalha e
triunfalmente entrava na sua vila ou cidade. Não só o diadema da cabeça, mas o colar de
pérolas para o pescoço. Não se pode desejar figura mais insinuante e sugestiva do que essa:
um moço com diadema na cabeça e colar ao pescoço. Seria distinguido de todos os seus
companheiros. Isso é o que o paralelismo indica, quando compara este filho do versículo 9
com o do versículo 10, sendo seduzido por outros a buscar os caminhos do pecado. Uma
comparação desse ensino com o de Deuteronômio (4:9; 6:7; 11:19; 32:46), quando o hebreu é
solicitado a conservar os ensinos recebidos, para por eles ter direito à vida feliz prometida,
sem a qual tudo se tornaria fútil e sem sentido, é urgente.
(1) Filho meu, se os puladores querem seduzir-te não consintas... (vv. 10-19). É o convite aos
desvãos da vida, e note-se que é sedutor o oferecimento. 1 Primeiro uma emboscada para o
crime, para derramar sangue, coisas tão comuns no oriente antigo e ainda hoje em toda parte.
O conselho é: RESISTE. Vem, a seguir, uma série de propostas, cada qual mais perniciosa. É o
roubo organizado em quadrilhas, tão do sabor moderno em muitos lugares e muito comum no
oriente antigo como nos Informam os textos, de modo geral e especialmente Os. 4:2; 6:8 e
outros. Também o Salmo 10:8. Oséias viveu essa era de violências e roubos generalizados e
disso nos Informa em traços escandalosos. Nos dias de nosso Mestre, Isso ainda acontecia,
como nos Informa a Parábola do Bom Samaritano (Luc. 10:25-37). Como não há crime
"perfeito", os malfeitores, dia mais, dia menos, são apanhados e pagam na cadela o seu
desvio. Quantas vidas futurosas são arruinadas para sempre por tais crimes. O crime
organizado, metódico, diriam, "científico", é sempre crime. Houve um Italiano em Chicago,
nos EE.UU., cujos crimes Iam ao desafio de polícia. Nunca ficava rastro por onde ser
apanhado. Um dia, examinando-se a ficha de um homem na Secretaria do Imposto de Renda,
verificou-se que não pagava Imposto conforme o "standard" social que levava. Feita a
Investigação, foi o homem para a cadela. Escapou de muitos crimes, mas não escapou de
todos.
A sedução era de encontrar muitos bens preciosos, pedras preciosas (v. 13), encher as suas
casas desses bens e comer sem trabalhar. Havia ainda uma outra sedução: Uma só bolsa (v.
14), de onde todos se abastecessem fartamente. Contra essas maquinações só há um remédio
para o judeu: fidelidade à sua lei, e para o gentio, fidelidade aos códigos. Sem o temor de
Deus, não há segurança para o jovem. Conta-se que uma quadrilha de piratas (ladrões do
mar), certa noite assaltou um navio. Depois reuniram-se para repartir o roubo. No final,
sobrou um livro, que ninguém quis. O chefe ficou com ele. Era uma Bíblia. Leu-a e se
converteu. Depois foi procurar os comparsas e os convidou um a um a se transformarem. Há
uma estátua numa praça de Nova lorque, pela qual imortalizou-se no bronze esse ladrão
convertido. Só a Bíblia e seus ensinos garantem a vida feliz do jovem.
1 Aconselhamos a leitura do livro do autor - A Doutrina da Trindade no Velho Testamento, à
venda na Casa Publicadora Batista, Rio.
(2) Filho meu, não te ponhas a caminho com eles... (v. 1 5). Convites para uma vida
aparentemente fácil, casa cheia de bens roubados à custa de sangue derramado, bolsa
comum, tudo deve ser rejeitado pelo jovem, segundo a Sabedoria do Pai. Lendo estes versos,
parece estarmos em dia com as notícias dos jornais de nossos dias, nas grandes cidades do
Brasil, em que bandos armados se atiram contra bancos, casas comerciais, e levam grandes
quantias. No decurso do tempo são pegados, um a um, e lá se vão vidas preciosas apodrecer
num cárcere ou na sepultura. O conselho é: Não te ponhas a caminho com elas... (v. 15). O
verso 16 não consta na Septuaginta, mas pode ler-se em lsaias 59:7, cujo texto foi usado por
Paulo em Romanos 3:9-18. Os tais estão irremediavelmente perdidos.
O verso 17 tem uma figura que parece deslocada do seu centro de ensino, quando diz:
Debalde se estendo a rede à vista de qualquer ave. Talvez o autor inspirado queira ensinar
que a ave representa os ladrões, e alguns comentadores assim pensam, sendo os ladrões
cegos às conseqüências dos seus feitos. Todavia, também parece que essa explicação não diz
tudo. O ensino parece ser este: assim como se estende uma armadilha para apanhar uma ave
se estende uma armadilha para prender um jovem. Uma vez armado o laço, a ave cai nele.
Cuidado, moço, com o laço que os malfeitores te armam, parece ser o ensino do verso 17.
Quantos jovens caem, como aves incautas, nos laços armados pelos espíritos mal orientados.
Ordinariamente só se encontram jovens metidos em quadrilhas. Não são homens de 50 anos,
a não ser por exceção. A imaturidade da vida, a falta de experiência, é que levam tantos
jovens à ruína.
Os versos 18 e 19 descrevem a sorte inevitável dos que se entregam ao crime. Emboscados,
esperando a hora de avançar, é quando a polícia os apanha ou um delator os bota a perder. Tal
é a sorte de todo ganancioso (v. 19), de quem quer enriquecer sem fazer força, do que não se
contenta com o fruto do trabalho honesto, que, sendo pouco, é muito, enquanto outro fruto,
sendo muito, é nada. Não se conhece fortuna ganha por meio do crime. O diabo a dá e a
toma. Assistimos, nestes dias, a prisão de contrabandistas de entorpecentes, em que milhões
estão empregados. Já ganharam muitos milhões noutras aventuras, mas esta de agora
sobrepuja todas as outras. Um contrabandista de heroína foi preso em Marselha, na França,
com um carregamento do alimento para o vício calculado em 420 milhões, o bastante para
abastecer durante um mês os viciados da América. Outros e outros vão sendo pegados.
Possivelmente uns escapam, mas quem pode garantir isso a um? Não vale a pena tentar
enriquecer sem fazer força, sem suar... a este espírito de ganância tira a vida de quem o possui
(v .19). Voltamos a dizer que o crime não compensa. Esta foi a confissão de um criminoso
convertido na cadeia, que depois se dedicou a trabalho honesto, vendendo Bíblias. "O crime
não compensa." Este é o ensino dessa seção de Provérbios, onde os moços são advertidos de
que a escada do crime leva à ruína.
3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33)
3.1.2 A Sabedoria clama nas ruas (1:20-23)
Aqui a Sabedoria é personificada; vai falar pessoalmente, enquanto, na primeira seção deste
Estudo, falou por meio do Pai, ao aconselhar o filho a ter cuidado. A Sabedoria é de Deus, e,
segundo a nossa interpretação, é Jesus quem fala. Portanto, é Deus quem fala. Ela vai às
praças, sobe aos muros da cidade e clama, mas a juventude transviada não a ouve; o povo é
surdo aos seus apelos. Temos em mente os clamores dos profetas, através de toda a história
de Israel, procurando trazer o povo para perto do seu Jeová, mas de nada valeu esse clamor.
O povo rebelde, endurecido na rebeldia, foi levando a sua vida, até cair nas malhas dos
conquistadores. Parece que essa parte resume os apelos dos profetas Oséias, lsaías, Jeremias
e outros. Se assim é, os seus convites servem para nós também e para todas as gerações, em
todos os tempos. Isaías, nos capítulos 28-31, faz um apelo ao povo para que confie em Jeová, e
não em alianças políticas. De pouco valeu. Assim, aqui, a Sabedoria levanta a voz, mas
ninguém lhe dá ouvidos. Então chama os néscios, e depois os escarnecedores e os loucos para
que dêem ouvidos. São três classes de pessoas que desprezam a Sabedoria. Há multa gente
néscia, simplória, que se deixa levar por qualquer conversa; e há os que escarnecem dos
conselhos e zombam daqueles que os desejam trazer para o bom caminho, alegando que não
é tanto assim, porque fulano está rico e feliz e eu continuo pobre, dizem. Os loucos ou tolos
aborrecem os conselhos. De todos, os piores são os escarnecedores, os zombadores, que
torcem os lábios, mostram os dentes, arreganham a boca e se contorcem em mímicas
desonestas, contra os conselhos da Sabedoria. Estes facilmente levam os néscios, e até os
loucos, ou tolos, noutros versos, os quais facilmente se deixam ilaquear pelas lábias dos
zombadores. Para tal gente não há remédio, senão a experiência amarga e tardia. No
hebraico o termo louco é nabhal, o mesmo nome do marido de Abigali, conforme I Sam. 25:36.
Louco, grosseiro, Incapaz de reconhecer um conselho e um bom feito. O termo hebraico Ewil,
para escarnecedor, descreve um sujeito incapaz de diferençar um bom conselho, e parece-se
muito com o outro termo, Quezil, o tolo. É termo mais brando, porém nem por isso menos
significativo, pois sua insegurança é sinônimo de loucura. Assim descreve esta seção uma
súcia de indivíduos que são a escória de uma sociedade e levam muitos à perdição. Parece,
estamos a ver uns moços que zombaram do profeta (I Reis 2:23, 24), e cujos resultados foram
funestos para eles.
O verso 22 é um resumo dos versos anteriores. Até quando, 6 néscios, amareis a necessidade?
o vós, escarnecedores, desajareis o escárnio? o vós, loucos, aborreceis o conhecimento? Até
quando? Há um limite para a paciência divina, e a Sabedoria clama enquanto é tempo. Não
constrói, essa vossa atitude; mudai de rumo, deixai a tolice e a maldade. Convertei-vos e vive!.
Parece que estamos lendo Isaías 55:2, clamando para que o povo venha a Deus e viva. A
Sabedoria está chamando, como, em Isaías 11:2, convidava o Espírito de sabedoria e
entendimento. Todo este ensino é um proto-evangelho; o Messias clamando contra o pecado,
os vícios, as más companhias. O Messias dos Evangelhos é o mesmo de Provérbios, e, por esta
razão, este livro tem tanto valor.
3.1.3 A Sabedoria reage (vv. 24-32)
Estes versos representam a reação da Sabedoria ao desprezo dessa gente. O que agora para
esse é uma alegre recusa aos conselhos dados, será mais tarde um remorso, justamente
quando a Sabedoria zombar deles. Então a Sabedoria se rirá em seus rostos, como por tanto
tempo riram-se dela. Este é um quadro dos Evangelhos quando Jesus pregava ao povo e riam-
se dele e zombavam do seu ensino. Quando o terror vier sobre essa nação zombeteira, então
se virarão todos para a Sabedoria, e ela zombará deles. Jesus mesmo disse a essa gente:
Buscarme-eis, o não me achareis (João 7:34). Quando vier a vossa perdição, como
redemoinho, quando vos chegar o aperto a angústia (v. 27), então me invocares, mas ou não
vos responderei (v. 28). Há um tempo de buscar a Deus, como diz ]saías, enquanto se pode
achar (is. 55:6), enquanto a sua paciência não se esgota. Para tudo há um tempo
determinado, até para se crer. Há tempo quando a fé não opera mais. O autor conheceu um
homem que pregava o evangelho a todos os seus conhecidos, e quando lhe inquiriam a razão
de ele não ser crente, respondia: "Eu já rejeitei tanto que agora não posso mais crer." Certo
chega esse tempo para muita gente, como diz a Sabedoria: procurar-me-ão, porém não mo
acharão (v. 28). Há uma causa para esta recusa: rejeitaram o conhecimento, e não preferiram
o temor de Deus, que é o princípio do saber (v. 7). Quem despreza o conselho de Deus sempre
termina mal. Portanto, comerão o fruto do seu procedimento o dos seus próprios conselhos
se fartarão (v. 31). Como pregador e pastor, temos visto gente que assiste a cultos toda uma
vida e nunca se decide. Parece que o evangelho para tais pessoas é o mesmo que deitar água
num cesto. Perderam o gosto pelos conselhos, e agora talvez nem sintam mais desejo de vir a
Jesus. Essa a experiência de muitos pastores. Por sua resistência à verdade, muitos são
destruídos, mortos por seu desvio, a os loucos, a sua impressão de bem-estar os leva à
perdição (v. 32). É aparente o bem-estar dos que se desviam e parecem felizes na sua vida, e
terminam arruinados. Isso parece-se com a Parábola do Rico Louco em Luc. 12:16-20.
Superficialmente, tudo vai bem por algum tempo para os tais, até que o seu pecado os apanha.
Este é o ensino da Sabedoria.
Mas o que me der ouvidos habitará seguro (v. 33). Segurança permanente, só para os crentes
na Sabedoria de Deus, pois eles são como o crente do Salmo 23 - ainda que andem pelo vale
da sombra da morte não temem (v. 4). O assunto é dar ouvidos à Sabedoria para viver seguro;
tudo mais é precário e de pouca duração. É felicidade aparente.
Como vemos, o Primeiro Estudo, ou Conselho da Sabedoria, é assim preconizado - felicidade e
segurança para o crente; destruição e miséria para o rebelde.
3.2. BUSCA A SABEDORIA (2:1-22)
3.2.1. Filho meu, se aceitares as minhas palavras... (2:1-8)
Não há nada na terra dos viventes igual à Sabedoria, especialmente a Sabedoria de Deus. O
ouro e a prata, as pedras preciosas, os amigos, o dinheiro e tudo que nesta vida tem valor,
nada se pode equivaler à sabedoria, mesmo a considerada sabedoria mundana, adquirida nos
colégios e universidades. Mas a Sabedoria que este capítulo ensina é outro tipo de sabedoria,
é a sabedoria de Deus em Jesus Cristo, o Grande Mestre. Ele mesmo, quando em seus dias na
terra, procurou inculcar nos seus ouvintes que as suas palavras eram a verdade, e que esta
verdade é que libertaria o homem (João 8:32). Portanto, a sabedoria da terra é muito útil, e
nós não nos ocuparíamos em diminuí-Ia. Entretanto, a sabedoria de Deus é suprema, para o
tempo e para a eternidade. Mal vão os que, imbuídos de saber literário, se sentem suficientes
e capazes para os embates da vida, quando, para os solenes problemas do agora e do depois,
só a sabedoria de Deus vale. Com esta observação podemos examinar o que significa e o que
vale a sabedoria.
Esta seção do nosso Estudo e do sagrado texto oferecem três exigências: busca e diligência (vv.
3-5); o Senhor é a nossa sabedoria (v. 6); e, Deus vigia e guarda os que recebem esta sabedoria
(vv. 7 e 8). Os princípios aqui envolvidos estão exarados noutras escrituras, como se a pessoa
que fala aqui o fizesse noutros lugares. Quando Salomão teve aquele célebre sonho em
Gibeão (I Reis 3:5-20), que pediu? Sabedoria para poder governar e dirigir o povo que ia cair
sob a sua guarda. Não pediu dinheiro nem a vida dos seus inimigos, e, sim, SABEDORIA. Deus
o ouviu no que pedia, e deu-lhe muito mais ainda: um coração sábio para entender os
mistérios do governo divino na vida humana, quer das nações, quer dos homens. O mesmo
sentimento Paulo expressa em Fil. 2:12-18, quando pede que os irmãos sejam sábios para
entenderem os planos divinos.
O capítulo 2 começa com a mesma frase do capítulo 1:8: Filho meu. É a sabedoria falando
como pai a um filho, que deseja bem encaminhado na vida, dando-lhe os conselhos que
qualquer bom pai daria a seu filho. Então faz um apelo: ... se aceitares as minhas palavras o
esconderes contigo os meus mandamentos... (v. 1), e continua até o verso 4, mostrando que o
jovem deve atender à sabedoria do pai (v. 2), inclinar o coração para entender: e, se clamares
por inteligência o por entendimento, alçarás a tua voz; se buscares a sabedoria como a prata a
como a tesouros escondidos a procurares, ENTÃO entenderás o temor do Senhor (vv. 3-5).
Parece que estamos lendo o Salmo 119, com as suas 22 seções de oito versos cada uma,
ocorrendo em todos a palavra lei ou um dos seus sinônimos. Ali estão a Sabedoria e a prática
da lei como garantia segura da vida humana. Se o rapaz buscar tais bênçãos, atentar para a
sabedoria divina, inclinar o coração para Deus, voltar a inteligência para as coisas celestiais,
buscar esta sabedoria como quem busca prata preciosa ou tesouros escondidos, será feliz. A
palavra coração, em português, não inclui os sentidos que possui no hebraico, quando reúne
todos os sentimentos e afetos do ser humano. Assim, se um jovem, filho de bom pai, inclinar o
coração para o entendimento, será um moço equilibrado, pois todos os seus poderes estarão
igualmente equilibrados. O erro de muitos jovens consiste em, após conseguirem certa
cultura, desprezarem a do coração e a sabedoria que vem da divina Palavra. Daí o descalabro
da mocidade em suas vaidades, suas orgias e seus devaneios sociais. As coisas do mundo,
como a prata, o ouro ou o dinheiro, que esses metais simbolizam, são aquisições boas, e não
devem ser desprezadas; a sabedoria de Deus, porém, sobreleva todos esses valores. Todos
nós lutamos por prata e ouro (dinheiro), e sem ele não se pode viver; mas sacrificar outros
valores espirituais ao ganho, ao lucro material é insensatez. Jesus mesmo, o Mestre deste
capítulo, ensinou nos seus dias que a primeira coisa a fazer era buscar o Reino de Deus e a sua
justiça, porque tudo mais nos seria acrescentado (Mat. 6:33; 13:44). A nossa vida neste
planeta está cheia de sobressaltos, de valas a transpor, de obstáculos a vencer, e não há
sabedoria humana suficiente para essas lutas. Especialmente, para guardarmos as veredas do
juízo (v. 8), isto é, andarmos na reta da vida e não descambarmos para as suas sinuosidades. O
verbo "guardar" aqui tem o sentido de "vigiar", como quem presta
atenção ao que está para chegar. As antigas cidades tinham os seus torreões, onde, de dia e
de noite, os vigias das portas se postavam para dar o alarme, a qualquer perigo que se
avizinhasse. Essa idéia deve estar incluída na mente do pai e do filho, para que vigiem o
caminho, a fim de descobrir os perigos que podem chegar. O salmista aconselha: "entrega o
teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará" (Sal. 37:5). O nosso caminho não nos é
claro. Quem pode saber o que vem depois? Nas curvas da vida há emboscadas, e quem pode
evitá-las? Só Deus pode, porque ele vê tudo que está adiante; para ele não há escuros nem
imprevistos; tudo é claro. Então, se o rapaz lhe entrega o seu caminho, e ainda, por cima, o
vigia, pode prosseguir seguro, sem receio de fracasso.
Se o jovem atentar para estas coisas, ENTÃO entenderá o temor do Senhor, que é o princípio
de todo saber. Esta frase é muito comum em Provérbios, pelo menos em seis lugares, que
deixamos de referir aqui para poupar espaço. A sabedoria vem do Senhor (v. 6), e da sua boca
vêm o entendimento e a inteligência. Há muita sabedoria que vem dos homens e que não
desprezamos, mas a sabedoria que vem de Deus é suprema. Elo reserva esta sabedoria para
os retos e dá escudo para os que caminham na sinceridade (v. 7). O escudo era a arma dos
antigos gladiadores e soldados para proteger o peito, a parte mais vulnerável do corpo. A
figura vale pela guarda e proteção que Deus dá ao jovem que caminha na sinceridade, sem
mentira, falsidade, palavras torpes, descaminhos de tantos, como os tolos e os néscios. Há um
pacto que Deus oferece ao jovem que anda nos retos caminhos do Senhor: Conserva o
caminho dos seus santos (v. 8), e garante as virtudes referidas no verso 9.
3.2.2 Os benefícios da sabedoria (2:9-19)
Podemos alinhar aqui diversos benefícios da sabedoria que valem mais do que o ouro e a
prata, ou tesouros escondidos, pois estes se perdem, mas a sabedoria fica, Não morre com o
seu possuidor, pois fica ainda para as gerações vindouras. O saber humano é um saber
acumulado, em que gerações e mais gerações ajuntam, passam e deixam a sua riqueza. Ainda
hoje os sábios constroem sobre o saber de Newton, no mundo da física; sobre Camões, nos
domínios da poesia, e assim por diante. Quanto a fortunas, bem poucas permaneceram.' Os
grandes tesouros acumulados por milhardários levaram destino ignorado. Ficaram um
Rotschield, um Ford e poucos outros. O saber, que não tem família nem pátria, fica acumulado
para gerações sem fim. Até hoje não se sabe que destino levou o tesouro de Salomão, a sua
imensa riqueza, as toneladas de ouro que guarneciam o templo e a sua casa. Para onde
foram? Ninguém sabe.
Entretanto, o seu saber aqui está ante os nossos olhos, neste fabuloso Provérbios, no
Eclesiastes e noutros livros. A sabedoria é o escudo da justiça, do juízo e da eqüidade, e sem
ela não se entende a boa vereda da vida (v. 9).
A sabedoria entra no coração, e faz o homem sábio. O bom siso te guardará, e a inteligência te
conservará, para te livrar do caminho do mal e do homem pernicioso, que enche o mundo de
coisas perversas. As livrarias estão pejadas de livros perniciosos para a juventude, a chamada
literatura marrom, que a polícia uma vez ou outra joga no lixo. Estes são os homens maus que
escrevem indecências para seduzir as mentes jovens, enquanto enchem a sua barriga de
ganhos fáceis. Esta gente se alegra em fazer mal (vv. 11-14). Contra os tais só uma oração
como o Pai Nosso, em que se pede a Deus que nos livre do mal, porque este é tão blandicioso,
tão matreiro, que sua perniciosidade escapa ao pensamento de muitos. O verso 14 parece
indicar certa qualidade de gente cujo prazer é fazer mal aos outros. É um sentimento sórdido,
pervertido, doentio. Uma perversão dos sentimentos. Os tais seguem por veredas tortuosas e
se desviam em seus caminhos (v. 15). Se o jovem entra num caminho tortuoso, por certo se
desviará do caminho direito, porque uma vereda má conduz a outra, pior. Os grandes
pecadores não nasceram assim, fizeram-se. Uma parenta nossa contava que, quando certa vez
um criminoso, alcunhado de "Cabeleira", ia subir à forca, na cidade do Recife, pediu para se
despedir de sua mãe. O pedido foi deferido e ela chamada para beijar o filho na desgraça. O
"beijo" foi uma dentada que lhe arrancou a ponta do nariz, e depois ele explicou que a sua vida
de crime tinha começado ao roubar um carretel de linha de uma vizinha, e sua mãe aceitou o
roubo. Depois continuou roubando até ir à forca. A doutrina de lombroso, o grande
criminalista italiano, peca em muitos aspectos. Ninguém nasce criminoso. Eles se fazem ao
entrarem por caminhos tortuosos e se desviarem nos seus caminhos (v. 15).
3.2.3 Cuidado com a mulher adúltera (vv. 16-18)
A sabedoria livra da mulher adúltera e da estrangeira, que lisonjeia com os lábios, a mulher
que abandonou os caminhos da sua juventude e se esqueceu dos preceitos de Deus (v. 17). A
casa desta pervertida se- inclina para a morte. O homem sábio livra-se dessa gente, que faz do
vício e do pecado o seu ganha-pão. É uma chaga social, que nada pode modificar, a não ser o
poder e a graça de Deus. Quase já não há tais mulheres; e se o autor do livro de Provérbios
escrevesse hoje, diria que só o poder de Deus livra o jovem da promiscuidade social, em que
dificilmente se distingue a mulher virtuosa da multidão de pobres pervertidas e
desencaminhadas, aceitas no rol da gente bem. A adúltera, a quem assim se pode colocar o
nome, não só peca contra o marido, como contra a lei de Deus, que diz: "Não adulterarás" (Êx.
20:14). A nossa sociedade está pervertida porque aceita e se acomoda a essa onda de
prostitutas. Uma investigação feita num certo colégio nos EE.UU. revelou que entre as muitas
moças não havia uma única virgem, e poucas não eram "promíscuas". É o caso de clamarmos a
Deus, para livrar os nossos jovens de tais situações. 1 Todos os que se dirigem a essas casas de
perdição, não voltarão o não atinarão (mais) com as veredas da vida, porque as veredas da
vida destas pobres infelizes vão para o reino da sombra da morte (v. 18). Haverá coisa mais
perniciosa, mais degradante, mais nauseabunda do que um "mercado" do sexo montado na
Dinamarca, uma nação outrora luterana, isto é, evangélica? Não é sem motivo que as doenças
venéreas na Dinamarca, e também na Suécia e na Noruega, são do mais alto índice em todo o
mundo, e com estas doenças, o aniquilamento da juventude e o caminho da morte física,
porque a morte moral foi a primeira que chegou. Só a sabedoria divina pode livrar um jovem
desse caminho que conduz à sombra da morte e do aniquilamento. Os tais não atinam com a
volta ao bom caminho. O Autor desta sabedoria, que é Cristo mesmo, pinta com as cores mais
sombrias este quadro degradante, que, naqueles afastados dias, seria diferente. Somente
Cristo pode nos livrar dessa e de outras pragas sociais; é por isso que os pastores procuram
cuidar da sua mocidade, a fim de esta não cair em tais redutos do vício e do crime sexual.
Infelizmente também há médicos e professores que encaminham os jovens para tal prática,
sob a alegação de que é necessário à saúde. Se tal coisa pudesse ser aceita, então seria o caso
de se rasgar esta página de Provérbios. As relações sexuais são boas e sadias quando
praticadas de acordo com a moral e a higiene; e são mesmo bíblicas, pois Deus fez o homem e
a mulher e mandou que procriassem, porém jamais em qualquer parte da Revelação se
aconselhou a promiscuidade sexual, a busca da mulher ou da filha dos outros. Isso ocorre por
conta de homens desfibrados, e não da boa saúde. A nossa experiência de muitos anos,
lidando com jovens, é que os que se mantêm puros fora do matrimônio, os que não se tornam
fornicários, são os mais atilados e intelectuais. Não pode ser sem razão que a divina Sabedoria
aconselha a fugir da mulher adúltera e da mulher perdida.
1 Uma pesquisa mandada fazer pelo governo americano revelou que 459ó das mulheres
americanas não chegam virgens aos 19 anos. Das entrevistadas, 60% tiveram relações sexuais
com um homem durante um mês, mas a maioria tinha tido tais relações com diversos (jornal
do Brasil de 1015172). Para onde vai a sociedade?
3.2.4 Uma volta depois do desvio (2:20-22)
Depois do verso 11, o autor fez uma volta ao redor de muitos crimes e vícios, para alertar o
jovem dos perigos do caminho errado, para então voltar ao pensamento inicial (v. 11), de que
o dom da sabedoria de Deus não só protege o homem desses maus caminhos, mas também o
capacita para o desempenho dos deveres de uma vida reta e decente. Noutra linguagem, os
que se desviam ficam fora do caminho do bem e fora de Deus. Os que se desviam de tais
caminhos tortuosos, andarão pelo caminho dos homens de bem, e guardarão as veredas da
justiça. É o caso de perguntarmos: Esses homens, que assim se desviam dos bons caminhos,
poderão ensinar a justiça e a moral? Foi há pouco incluído no currículo escolar a disciplina de
Moral e Cívica. Quem poderá ensinar esta disciplina? Só se por moral entendermos não
roubar, nem perjurar, e por civismo, amar a pátria. Muito bom, mas não basta. É metade do
ensino que se deve dar, se este é o caso. Os que andam pelos caminhos retos são os que
habitarão a terra, e os íntegros habitarão nela, ou permanecerão nela (v. 21). A decadência
dos povos sempre resultou da devassidão. Enquanto os romanos permaneceram puritanos,
enquanto lutavam para construir o seu império, foram um povo invencível. Depois que se
deram às suas saturnálias e bacanais, aos seus deboches, a nação caiu. Quantas nações têm
caído assim? Por que caíram? Por causa do seu pecado e do seu afastamento de Deus e da
moral. Nenhum povo vai permanecer na terra se pecar contra Deus. Nós nos sentimos
horrorizados com o aborto livre, que o Presidente Nixon, dos EE.UU. reprovou na Comissão
nomeada para estudar os problemas sociais, alegando que tal prática era uma vergonha para a
nação (Revista Time de 17 de abril de 1972). Não vale alegar, que clandestinamente isso se
pratica em grande escala até no Brasil. O responsável é uma nação dita cristã oficializar tal
prática.
Os perversos serão eliminados da terra o os aleivosos serão dela desarraigados (v. 22). Diz-se
que esta ordem de coisas em nosso planeta caminha para o fim. Acreditamos. Pode ser um
fim causado por uma autodestruição ou determinado pela história divina. O fim há de vir,
porque tudo que começa tem um fim, mas até que este fim chegue, os que viverem verão os
resultados dos povos que se entregam ao deboche sexual e social. Não podemos agradecer a
Deus pela pureza do Brasil, mas agradecemos porque ainda não descemos tanto neste sentido
como os europeus. A terra. com sua plenitude, é do Senhor (Sal. 24:1; I Cor. 10:26) (Boa
leitura é Sal. 31:1-11). Ora, se a terra, com tudo que tem, é do Senhor, então, sem qualquer
dúvida, ele a dá a quem quer e a tira de quem quer. Isso está fartamente demonstrado na
história. Os perversos e os aleivosos serão desarraigados da terra. Os povos que se entregam
à dissolução e até a oficializam serão destruídos. Parece que estamos vendo o fim da gloriosa
civilização, criada pela Reforma, quando as nações foram bafejadas pela Bíblia e depois se
prostituíram. Nosso Senhor, nas bem-aventuranças, disse que os mansos possuirão a terra
(Mat. 5:5). Mansos aqui não designa apenas o pacífico ou pacifista, mas os limpos de coração,
que verão a Deus. Aí está a lição; aprenda-a quem quiser. De Deus não se zomba, pois tudo o
que o homem semear, isso colherá (Gál. 6:7).
3.3. CONFIANÇA E OBEDIÊNCIA (3:1-10)
As promessas de Deus são sempre SIM. Jamais se comprovou que ele falhasse, mesmo
quando aqueles a quem ele prometeu ajudar falharam. Esta é a história do povo judaico, que
olvidou o cumprimento dos seus deveres religiosos, de fidelidade ao concerto feito com eles, e
por isso quebrou o mesmo concerto, quando rejeitou o Messias prometido. Todavia, Deus
manteve a sua palavra porque não podia falhar (Rom. 11:1, 2). Deus não rejeitou o seu povo.
Deus é fiei aos que lhe obedecem, e esta é a grande lição deste terceiro conselho.
3.3.1 A Sabedoria chama o filho à ordem (3:1-4)
Note-se que a Sabedoria começou chamando o filho a precaver-se contra as seduções dos
pecadores (1:8), contra a recusa em aceitar as suas idéias (2:1), e agora a não esquecer os
seus ensinos (3:1). Em todas estas admoestações, ela, a Sabedoria, mostra que é a melhor
coisa da vida, e, por ser pura e sóbria, contrapondo-se a toda perversidade, dolo e mentira,
adverte que o filho não esqueça os seus conselhos, insistindo que o coração do filho guarde os
seus mandamentos, para ter vida longa e feliz. Parece que estamos ouvindo Moisés no
deserto, aconselhando os filhos a ouvirem e obedecerem a seus pais, para terem longa vida na
terra (Êx. 20:12), e Paulo, quando advertiu os jovens a respeitar e amar a seus pais, para terem
vida longa (Ef. 6:1, 2). Afirmam os teólogos que os pais estão no lugar de Deus, para a
propagação da espécie, e por isso merecem todo o respeito e acatamento, como se fossem
deuses. Há muita verdade aí. É isso que a Sabedoria aconselha ao Filho querido, para
aumentar os seus anos de vida na terra. Esse é o tema desse conselho: sabedoria que, por sua
vez, envolve respeito aos pais e, por seu turno, a Deus. Além da obediência aos pais,
recomenda a Sabedoria que não te desamparem a benignidade, e a fidelidade, ata-as ao teu
Pescoço, escreva-as na tábua do teu coração (v. 3) Não é muito fácil interpretar este verso.
Benignidade (hesedth) parece que representa "amor-de-concerto" . O concerto feito por Deus
com o povo mostra toda a benignidade de Deus, a sua bondade e paciência, para com quem
nada tinha feito para merecer essa bênção. Ao contrário. Em Deut. 6:5 e Lev. 19:18, se ensina
que amar a Deus de todo o coração é a suprema lei, e esta recomendação deve ser atada ao
coração, enquanto Levítico manda ser benigno para com o próximo. O Grande Mandamento
é: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma... ; e ao teu próximo
como a ti mesmo." Então a benignidade é para com o próximo faltoso, que necessita
misericórdia, como Deus a havia demonstrado para com o povo de Israel. Escrever na tábua
do coração este mandamento é o mesmo que repetir Deut. 6:5. Pelo visto, o autor de
Provérbios estava em dia com a lei. Fidelidade (hebraico emeth), vale por firmeza, e dignidade
e estabilidade, tudo em referência à lei, com os seus reflexos na vida do hebreu. Os termos
correspondentes também valem, tais como sinceridade, compreensão e paciência. É assim
que o Senhor se apresenta em Apoc. 19:11: Fiei e Verdadeiro. Estas qualidades humanas
reúnem as demandas da lei no que respeita a Deus e ao próximo, bem assim as duas tábuas da
lei. Quem não ama o próximo (irmão) a quem vê, como poderá amar a Deus? (1 João 4:20).
Nisto se cumpre a lei.. Provérbios tem a norma divina do evangelho - Amar o próximo como a
si mesmo; e, se alguém não ama o próximo, o amor de Deus não está nele. O conselho para
que estas qualidades sejam atadas ao coração é um apelo dos mais incisivos, quanto ao dever
do bom judeu e, por sua vez, do bom cristão (ver Jer. 31:33). Estas grandes qualidades do
hebreu preparam o terreno para o verso 4, onde se lê: E acharás graça e boa compreensão
diante de Deus e dos homens. Lembrando-nos de que é Jesus quem fala nessa Sabedoria,
podemos entender o alcance dessas recomendações e dessa promessa de encontrarmos graça
e boa compreensão (entendimento) diante de Deus e dos homens. Estas palavras resumem o
Evangelho como se encontra em muitos passos. Lendo Provérbios, tão pouco conhecido,
estamos lendo antecipadamente o Evangelho de Jesus, muito precioso. É certo que nada se
encontra nos Evangelhos que não esteja no resto da Bíblia, Velho Testamento. Todavia, a
impressão que se tem é que Jesus trouxe tudo novo para a economia humana. Por muitos
lados podemos ver que deu uma interpretação nova da lei, como se vê em Mat. 5:7, mas o
cerne desta interpretação estava na lei, mesmo que em outras palavras. Benignidade,
fidelidade e graça são termos correntes no Novo Testamento. Esta linguagem prepara o leitor
para o verso 5: Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio
entendimento.
3.3.2 Confiança no Senhor (3:5-10)
Confiança de todo o coração é um postulado do evangelho. Reconhecer a. Deus em todos os
departamentos da vida é o mesmo que amar a Deus de todo o coração. Os que se estribam
em seu próprio raciocínio e se deixam levar por suas próprias conclusões estão errados.
Quando a Escritura manda dar a Deus o que é de Deus, inclui aquilo que lhe devemos, e mais o
dizimo das nossas rendas, costume que bem poucos praticam. O que prevalece em nossas
relações com Deus é o nosso entendimento, o modo como entendemos as coisas do
evangelho. Por isso o escritor inspirado recomenda que não nos estribemos em nosso próprio
entendimento, porque podemos estar certos em nosso raciocínio, mas errados em relação a
Deus. É como dizem os filósofos: Podemos raciocinar certo, porém com premissas falsas; então
o resultado tem de ser falso. Isso é o que acontece com a maioria dos cristãos. Essa condição
de confiar no Senhor leva-nos ao verso 6, que diz: Reconhece-o em todos os teus caminhos, e
ele endireitará as tuas veredas. O texto sagrado admite veredas erradas, e há mesmo.
Tornemos ao caminho reto, caminho feito por Deus, não nos estribando em nossos
entendimentos, em nossos raciocínios, pois podemos estar errados mesmo sendo sinceros. A
advertência "endireitar o caminho" é usada em ls. 40:3, em relação com a obra de Jesus, que,
segundo a pregação de João, o Batista (Luc. 3:4-6), veio endireitar os caminhos tortuosos.
corrigir as suas veredas. Vemos, por essa amostra, como as Escrituras se entrelaçam num
mesmo sentido doutrinário, quer no Velho, quer em o Novo Testamento. Os que viajam pelo
interior de qualquer país, especialmente pelo Oriente, sabem o que é endireitar caminhos e
veredas, cheios de pedras e cabeços. Arredar as pedras e cortar os cabeços ou montículos é
obra que os antigos não conheciam. Quando encontravam um montículo rodeavam-no,
aumentando o mesmo caminho. O que o texto nos indica é que o Senhor endireita o nosso
caminho e faz planas as nossas veredas.
Não sejas sábio aos teus próprios olhos... (v. 7). Não pretendas substituir a Deus em teus
caminhos, não presumas, não de enfatues, não te ensoberbeças, dizem outros passos. É muito
fácil uma pessoa julgar-se sábia aos seus próprios olhos, e entender que a sua maneira de
nortear a vida é que vale. A recomendação é ser humilde, não se supor entendido nas coisas
de Deus. Os grandes sábios foram e são, em regra, homens humildes e tementes a Deus.
Conta-se que quando Benjamim Franklin entrava no seu gabinete, seu primeiro ato era abrir a
sua Bíblia e orar, pedindo luz. A verdadeira sabedoria leva o homem a apartar-se do mal, pois
Isto será saúde para o teu corpo o refrigério para os teus ossos. A Antiga Versão de Almeida
diz: Isto será remédio para o teu umbigo o medula para os teus ossos. Preferimos esta versão.
O umbigo é o começo da vida e, quando não é tratado logo ao nascimento, pode pôr em risco
a vida do recém-nascido. A Septuaginta também traduz como a Versão Revista da SBB, porém
a antiga versão neste ponto parece melhor.
Assim, em lugar de refrigério, medula, em lugar de saúde, remédio, e, em lugar de ossos,
umbigo. Ossos sem medula não funcionam; é a sua base de existência. O temor ao Senhor
determina todos esses favores divinos.
Tais ensinos nos levam aos versos 9 e 10, onde lemos: Honra ao Senhor com os teus bens (tua
fazenda), e com as primícias de toda a tua renda. A reverência devida a Deus leva ao
reconhecimento de que é o Senhor de tudo, e então somos atraídos a honrá-lo com os nossos
bens e com a nossa renda. Esta doutrina está em conformidade com Mal. 3:10 e 1I Cor. 9, bem
assim com a parábola dos talentos e a das minas. A doutrina do dizimo e das primícias era
preceito muito sério entre os hebreus. Podiam estar errados muitas vezes, mas nos
pagamentos devidos ao Senhor eram pontuais, inclusive na remissão de todos os primogênitos
de animais ditos impuros. Os primeiros frutos da terra eram trazidos ao templo para os
sacerdotes, assim como os dízimos do azeite, do vinho, do trigo e de tudo quanto colhiam,
sendo entregues ao mordomo para sustento dos mesmos. Quando os hebreus negligenciavam
essa doutrina, os sacerdotes tinham de ir para as suas chácaras, cultivar a terra para comerem.
A verdade é que os crentes devem temer ao Senhor em primeiro lugar, para então entregar-
lhe os dízimos e as ofertas. Se, porém, não temem ao Senhor, não lhe pagam nada. É isso que
acontece com 70% dos crentes; não temem a Deus e nada levam à sua casa. Será que isso
ficará assim mesmo? Não, não ficará. O verso seguinte diz: E se encherão fartamente os teus
celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares. É fartura sempre ausente nas casas dos
faltosos. Não há crente que prospere roubando a Deus, como não há crente empobrecido
quando dizima a sua renda Agora todo brasileiro é obrigado a pagar 15% e até muito mais,
conforme a sua renda, para o governo. Não pague, para ver uma coisa. Mas em roubar a Deus
nada acontece; Deus não vem cobrar, como pensam os tais, e então podem ficar devendo.
Este autor acha que Deus não perdoa. Mais dia menos dia, ele vem buscar o seu, de um modo
ou de outro; e, não fora assim, de nada valeria a promessa. Uma virada ao Antigo Testamento
ajudaria muito os crentes desobedientes e incrédulos nessa doutrina (ver Deut. 26:1-15 e
referências). O Senhor, que ordenou a doutrina d o dizimo e das primícias, é o mesmo que
exige em Provérbios, honra a Deus com os teus bens e com toda a tua renda,
3.4. DELEITA-TE NA DISCIPLINA DO SENHOR (3:11-20)
3.4.1 O deleite na lei do Senhor, o tema desta seção (3:11-15)
A Sabedoria é a única bênção, o único elemento, que pode trazer segurança à vida humana.
Deus disciplina o homem, especialmente o salvo, que tanto recebe as graças agradáveis dadas
por Deus, como as desagradáveis, que são o castigo. Bem poucas vezes entendemos esta
espécie de bênção, que se nos afigura castigo ou então abandono da parte de Deus. O autor
da Carta aos Hebreus não nos deixa em dúvidas a respeito, quando diz: Porque o Senhor
corrige ao que ama e açoita a todo filho que recebe (Heb. 12:6). É a mesma doutrina do verso
12 de Provérbios: Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai ao filho a quem
quer bem. Há meia centena de casos exigindo a repreensão, usados na Bíblia, pelo que
podemos concluir que repreender ou castigar fazem parte da economia divina para a vida
humana. Provérbios usa estas palavras 18 vezes, por onde podemos concluir que a sabedoria
consiste em corrigir. Pais que não corrigem os seus filhos com amor arrependem-se muito
tarde, quando já estão desviados e sem jeito. Outros os repreendem de modo desumano, o
que também não corrige. Uma advertência aqui seria oportuna: corrigir o filho é querer vê-lo
no bom caminho; não o corrigir é esperar que ele se desvie e se perca.
Com estas advertências, o escritor sagrado passa a outro assunto, a outro campo da felicidade,
que é o encontro com a sabedoria ou o senso do bom viver. Parece que ao seu lado havia
muitos preocupados em ajuntar riquezas, descuidando-se de Deus. Então ele vem e promete a
sabedoria celestial como algo bem superior às riquezas da terra (vv. 13-18). Certamente, não
se trata especificamente de sabedoria livresca, mas de sabedoria que nasce da comunhão com
Deus. Esta sabedoria é mais preciosa do que o lucro que dão a prata e o ouro (v. 14). Mais
preciosa ainda do que as pérolas e tudo que se pode desejar não é comparável a ela (v. 15). O
que possui tal sabedoria é mais feliz e seguro do que aquele que amontoa prata e ouro, que
facilmente se podem perder. O verso 14 se parece muito com uma parábola de nosso Senhor,
quando compara a salvação a uma pérola preciosa ou de grande valor (Mat. 13:45, 46). Nós já
apreciamos, noutro local, que as riquezas produzem um bem-estar fictício, e, se puderem
ajudar a viver um pouco, esta ajuda não permanece, pois até aos que morrem deixando
fortunas, estas trazem consigo o germe de contendas entre os que vão herdá-las.
3.4.2 Algumas conseqüências da sabedoria (3:16-20)
Uma das conseqüências da sabedoria divina é o alongamento da vida (v. 16). A vida longa
consiste em certa resistência orgânica, do bom trato que se dá ao corpo; entretanto, o seguir a
sabedoria do Senhor é o fator principal de uma vida longa. Foi isso que vimos em relação ao
temor que se deve aos pais, em que Deus promete longos dias na terra. Por outro lado, além
da longura de dias, vem a riqueza, que outros buscam por outros caminhos. Na mão direita
está a longura de dias, e na esquerda, riquezas e honras (v. 16). Isto porque os seus caminhos
são caninhos deliciosos, o todas as suas veredas, paz (v. 17). Não há felicidade nas riquezas se
não houver paz no coração. Isso vale por todo ouro que se possa ajuntar. A história já
demonstrou sobejamente que dinheiro, como tal, não traz felicidade; só quando vem
acompanhado de outros elementos, como o temor de Deus e obediência às suas leis. A
sabedoria divina é árvore de vida para os que a alcançam (v. 18). Recordemos a árvore da vida
que Deus colocou no jardim do Éden, e que Perown chama de árvore venenosa, salientando
que tal árvore do conhecimento do bem e do mal era um veneno (Cambridge Bible for Schools
and Colleges). Não concordamos com esse autor famoso, a não ser quanto às conseqüências
do uso da liberdade de comer da árvore proibida. Em si seria boa, tanto que ela volta a ser
oferecida aos crentes no Apocalipse (22:2). Aqui ela é um ornamento dado para a saúde das
nações. Logo, não é uma árvore venenosa.
Os versos 19 e 20 são uma exaltação da Sabedoria divina, sabedoria que nos é oferecida. Foi
esta Sabedoria que orientou o Criador ao fazer este Universo maravilhoso. Em João 1:1-3
somos informados de que o divino Verbo estava no princípio com Deus e por meio dele tudo
foi feito, e sem ele nada do que foi feito se fez. O Divino Verbo criou o universo, e esta criação
foi produto da sua sabedoria, que é aqui exaltada admiravelmente. Como já foi notado, esta
Sabedoria em Provérbios é a sabedoria de Cristo, ou Cristo é a Sabedoria de Provérbios. Aqui
não estamos lidando com a sabedoria comum, mas com a Sabedoria divina, personificada em
Jesus pré-encarnado. É ele que fala aos homens do Antigo Testamento. É ele que admoesta os
mesmos homens a se virarem para esta Sabedoria, que é ele mesmo. O verso 20 nos leva a Jó
38, quando Deus mostra que é ele quem governa os mundos, as nuvens, os trovões, os animais
e tudo mais na face da terra. Pelo conhecimento desta Sabedoria, os abismos se rompem e as
nuvens destilam água (v. 20). O autor de Jó, capítulo 38 e seguintes, é o mesmo de Provérbios,
especialmente de 1-9. É uma certeza feliz a gente saber que está lidando com a Sabedoria em
pessoa quando medita nesses versos. Sentimo-nos mais perto do Senhor. Não há necessidade
de especular, como fazem alguns comentadores, ao discutirem se é Deus quem fala aqui, ou se
é uma personalidade dele, ou mesmo um destilamento de saber do autor do livro. Nós não
temos tais preocupações. Para nós, é claro que o Cristo pré-encarnado fala aqui como fala no
resto do Velho Testamento, através dos profetas. Por isso este livro, tão pouco lido, é para nós
um manancial de sabedoria para a vida cotidiana, veio capaz de guiar o homem pelas suas
veredas, até encontrar o único caminho que conduz ao céu (João 14:1-3).
3.5. OS EFEITOS DA SABEDORIA (3:21-35)
A Sabedoria não se extingue com uma série de observações para a vida. Vai mais longe e
descobre os segredos mais profundos da vida mesma (v. 26). Somos, então, de parecer que
um estudo tão exaustivo quanto possível desta Sabedoria só nos pode fazer bem.
3.5.1 A sabedoria e a segurança da vida (3:20-29)
A primeira bênção da Sabedoria e do bom siso é a vida da alma (v. 22). Alma (no hebraico
nephesh, ou nefás, como se grafa agora) é o fôlego de vida, que Deus implantou no homem
depois de lhe soprar nas narinas (Gên. 1:24 e 2:27). Em nosso Estudo no Livro de Ecleslastes,
capítulo 3, examinamos um tanto exaustivamente a diferença entre o nephesh dos seres
viventes e o nephesh do homem que foi tornado ser vivente depois de Deus lhe soprar nas
narinas, transmitindo-lhe o fôlego da vida especial. Acreditam alguns comentadores que
nephesh originalmente significava garganta, e daí passou a significar ser vivo. Ignoramos tal
evolução do termo, pois em Gênesis é mesmo ser vivente. Pondo de lado especulações, que
pouco adiantam, verifiquemos que a obediência à Sabedoria é saúde para a alma o adorno
para o pescoço (v. 22). A saúde ou a vida da alma dependem da obediência ao Criador. O
homem foi feito à imagem e semelhança de seu Criador, e só pode encontrar felicidade em
comunhão com Ele. Fora disso, é especular sobre os caminhos da vida.
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  • 1. Antônio Neves de Mesquita Provérbios
  • 2. APRECIAÇÃO DEVIDA UMA PALAVRA 1 - INTRODUÇÃO 2 - TÍTULO E PLANO DO LIVRO 3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18) 4 - O PRIMEIRO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (10:1-22:16) 5 - O LIVRO DOS SÁBIOS (22:17-24:22) 6 - O SEGUNDO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (25:1-29:27) 7 - AS PALAVRAS DE AGUR (30:1-33) 8 - AS PALAVRAS DE LEMUEL (31:1-9) 9 - A ESPOSA PERFEITA (31:10-31)
  • 3. 1 - INTRODUÇÃO 1.1. QUEM ESCREVEU PROVÉRBIOS? 1.2. A ÉPOCA DE SALOMÃO 1.3. A SABEDORIA DOS ANTIGOS 1.3.1. Os Homens de Ezequias 1.3.2. Agur, Filho de Jaqué 1.3.3. Provérbios do Rei Lemuel 1.4. A FUNÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS EM ISRAEL 1.5. JESUS E O ENSINO DOS PROVÉRBIOS 1.6. COMPOSIÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS 1.7. DATA DO LIVRO
  • 4. 3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18) 3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33) 3.1.1. Conselho de pai (1:8-19) 3.1.2. A Sabedoria clama nas ruas (1:20-23) 3.1.3 A Sabedoria reage (vv. 24-32) 3.2. BUSCA A SABEDORIA (2:1-22) 3.2.1. Filho meu, se aceitares as minhas palavras... (2:1-8) 3.2.2 Os benefícios da sabedoria (2:9-19) 3.2.3 Cuidado com a mulher adúltera (vv. 16-18) 3.2.4 Uma volta depois do desvio (2:20-22) 3.3. CONFIANÇA E OBEDIÊNCIA (3:1-10) 3.3.1 A Sabedoria chama o filho à ordem (3:1-4) 3.3.2 Confiança no Senhor (3:5-10) 3.4. DELEITA-TE NA DISCIPLINA DO SENHOR (3:11-20) 3.4.1 O deleite na lei do Senhor, o tema desta seção (3:11-15) 3.4.2 Algumas conseqüências da sabedoria (3:16-20) 3.5. OS EFEITOS DA SABEDORIA (3:21-35) 3.5.1 A sabedoria e a segurança da vida (3:20-29) 3.5.2 Algumas normas ditadas pela Sabedoria (3:30-35) 3.6. ADVERTÊNCIA AOS FILHOS (4:1-9) 3.7. ABOMINA O MAL 3.7.1. Os alunos são conclamados a ficarem firmes nas lições aprendidas (4:10-13). 3.7.2 Cuidado com as estradas dos perversos (4:14-19) 3.8. APEGA-TE AO QUE É BOM (4:20-27)
  • 5. 3.8.1 O apelo do pai ao filho (vv. 20-22) 3.8.2 Guarda o teu coração... (vv. 22-27) 3.9. VIGIA AS RELAÇÕES ENTRE OS SEXOS (5:1-23; 6: 24-27; Jó 31:1) 3.9.1 Um apelo de pai para filho (vv. 1-6) 3.9.2 Um apelo repetido (vv. 7-14) 3.9.3 Uma instrução a respeito da alegria de viver bem (vv. 15-20) 3.9.4 Outra vez a admoestação (5:21-23) 3.10. GRANDES PRINCÍPIOS PARA A VIDA (6:1-19) 3.10.1 Ficar como fiador do companheiro (6:1-5) 3.10.2 Olha, ó preguiçoso (6:6-11) 3.10.3 O homem de Bolial (6:12-15) 3.10.4 As sete coisas que Deus aborrece são de Belial (6:16-19) 3.11. O SÉTIMO MANDAMENTO (6:20-35) 3.11.1 Conselho para a vida (6:20-22) 3.11.2 Uma recomendação solene (6:23-31) 3.11.3 Uma recomendação solene (6:32-35) 3.12. O PERIGO DO ADULTÉRIO (7:1-27) 3.12.1 Filho meu, guarda as minhas palavras (7:1-9) 3.12.2 Um que cal na rede (7:10-23) 3.12.3 Agora, filho meu, aprende a lição (7:24-27) 3.13. A SUPREMA SABEDORIA (8:1-36) 3.13.1 A Sabedoria fala entro os homens (8:1-21). 3.13.2 A Sabedoria mora com Deus. Ela é o mesmo Deus (8: 22-36) (1) A Sabedoria como arquiteto de Deus (8:22-31).
  • 6. (2) Uma reafirmação doutrinária textual. (3) Ouçamos a Sabedoria - Fala aos filhos (8:32-36). 3.14. SUMARIO DOS TREZE CONSELHOS (9:1-18) 3.14.1 As sete colunas da Sabedoria (9:1-12) 3.14.2 A festa da loucura (vv. 13-18)
  • 7. 4 - O PRIMEIRO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (10:1-22:16) 4.1. AS DIFERENÇAS ENTRE UMA VIDA MA E UMA VIDA BOA (1 0:1 -32) 4.1.1 O consolo da família (w. 1-3) 4.1.2 Olha o trabalho (10:4, 5) 4.1.3 A bênção sobre a cabeça do justo (10:6-11) 4.1.4 o amor e o ódio (w. 12-14) 4.1.5 A riqueza e a pobreza (v. 15) 4.1.6 A vida e a vida (vv. 16 e 17) 4.1.7 Cuidado com a fala (vv. 18-21) 4.1.8 A bênção do Senhor (v. 22) 4.1.9 Uma volta a uma doutrina velha (vv. 23-26) 4.1.10 Um resumo de doutrina (vv. 27-32) 4.2. ALGUNS ASPECTOS DA INIQUIDADE (11:1-31) 4.2.1 Indícios de mau comércio (11:1-3) 4.2.2 A justiça o a Iniqüidade (vv. 4-8) 4.2.3 A supremacia do bem (vv. 9-13) 4.2.4 Um louvor ao bom senso (v. 14) 4.2.5 Cuidado com as fianças (v. 15) 4.2.6 Dois provérbios Isolados (vv. 16 e 17) 4.2.7 Uma variedade de doutrinas (vv. 17-21) 4.2.8 Uma mulher bela, mas sem valor (v. 22) 4.2.9 O desejo dos justos tende somente para o bem... (v. 23) 4.2.10 A bênção sobro os liberais (vv. 24-26) 4.2.11 Recompensas e castigos (vv. 27-30)
  • 8. 4.3. OS CONTRASTES NA CONDUTA (12:1-28) 4.3.1 Os contrastes (vv. 1 e 2) 4.3.2 A perversidade nada constrói (vv. 3 e 4) 4.3.3 A perversidade não compensa (vv.. 5-9) 4.3.4 O justo o laborioso (vv. 10-12) 4.3.5 Recompensas a punições (vv. 13-16). 4.3.6 Outros contrastes (vv. 17-21) 4.3.7 Mais contrastes sobro a verdade (vv. 22-24) 4.3.8 Sejamos simpáticos uns nos outros (vv. 26-28) 4.4. UM VIVER DISCIPLINADO (13:1-25) 4.4.1 A disciplina começa em casa (vv. 1-3) 4.4.2 A disciplina o o trabalho (vv. 4-8) 4.4.3 Outro contraste (vv. 9-13) 4.4.4 Contrastes entro sabedoria e estultícia (vv. 14-16) 4.4.5 Aceito a disciplina (vv. 17-22) 4.4.6 Outros contrastes (vv. 23-25) 4.5. ANDAR NO CAMINHO CERTO (14:1-35) 4.5.1 A mulher o a sua tarefa (v. 1) 4.5.2 É bom sempre dizer a verdade (vv. 5-9) 4.5.3 Uma série de ensino sobre juízo e sua ausêncla (vv.11-19) 4.5.4 O pobre a o rico (vv. 20-24) 4.5.5 O testemunho falso o o temor do Senhor (vv. 25-29) 4.5.6 Serenidade o paciência (vv. 30-32) 4.5.7 Prudência e justiça... (vv. 33-35)
  • 9. 4.6. OS CAMINHOS DA VIDA E OS SEGREDOS DE UM CORAÇÃO SINCERO (15:1-35) 4.6.1 Os olhos do Senhor estão sobre toda a terra e sobre todos os homens (II Crôn. 16:9; Prov. 15:1-7) 4.6.2 Os sacrifícios devem ser puros (vv. 8-10) 4.6.3 Os perigos do descaminho (vv. 10-14) 4.6.4 É melhor ficar contente que zangado (vv. 15-17) 4.6.5 Olha a vereda da vida (vv. 18-24) 4.6.6 O Senhor continua com os justos (vv. 25-29) 4.6.7 O temor do Senhor e a disciplina são o remédio da vida (vv. 30-33) 4.7. O SENHOR VIGIA A VIDA (16:1-33) 4.7.1 Os planos humanos o a direção divina (vv. 1-9) 4.7.2 A Justiça que Deus requer (vv. 10 e 11) 4.7.3 Cuidado com a impiedade (vv. 12-15) 4.7.4 Exortações para se adquirir a sabedoria (vv. 16-21) 4.7.5 As conseqüências da depravação (vv. 27-30) 4.7.6 Há recompensa para os bons (vv. 31-33) 4.8. BONS E MAUS CONVIVEM NESTE MUNDO (17:1-28) 4.8.1 A sabedoria da vida vale mais do que o ouro (vv. 1-5) 4.8.2 Preceitos úteis no vida prática (vv. 6-12) 4.8.3 O conflito com os perversos (vv. 13-16) 4.8.4 O valor de uma conduta sadia (vv. 17-20) 4.8.5 Há fatos que alegram (vv. 21-28) 4.9. HÁ PERIGOS E BÊNÇÃOS NO VIVER (18:1-24) 4.9.1 Uma série de normas para a conduta dos indivíduos e povos (vv. 1-8)
  • 10. 4.9.2 Desta série de conceitos, passa o texto ao trato dos justos (vv. 9-1 2) 4.9.3 A resposta na hora corta (vv. 13-16) 4.9.4 Diversas manifestações de sabedoria (vv.17-24) 4.10. O CARÁTER E A PESSOA (19:1-29) 4.10.1 Diversos assuntos em catálogo - os pobres (19:1-7) 4.10.2 O entendimento na vida é a coisa mais suave possível (vv. 8-1 0) 4.10.3 Outros assuntos correlatos (vv. 11-14) 4.10.4 Dar aos pobres é emprestar a Deus (vv. 15-18) 4.10.5 Fazer tudo com cuidado (vv. 19-22) 4.10.6 Temamos ao Senhor (vv. 23-27) 4.10.7 Os testemunhos falsos (vv. 28 e 29) 4.11. PRECEITOS E ADMOESTAÇÕES (20:1-30) 4.11.1 Cumpro o teu dever (vv. 1-5) 4.11.2 Há muitos propósitos bons (vv. 6-10) 4.11.3 Diversos preceitos (vv. 12-17) 4.11.4 É bom fazer planos (vv. 18-27) 4.12. A VIDA REAL E A LEI DE DEUS (21:1-31) 4.12.1 A má esposa o seus conseqüentes (vv. 9-15) 4.12.2 Boas normas são desejáveis para a vida (vv. 16-23) 4.13. CAUSAS E EFEITOS NA CONDUTA HUMANA (22:1-16) 4.13.1 O valor de um bom nome (vv. 1-6) 4.13.2 Conselhos úteis na vida (vv. 7-12) 4.13.3 Coitado do preguiçoso (vv. 13-16)
  • 11. 5 - O LIVRO DOS SÁBIOS (22:17-24:22) 5.1 O QUE CONVÉM SABER DA VIDA (22:17-23:11) 5.1.1 Coisas que o aluno deve evitar (vv. 22-29) 5.1.2 Sequem-se outros conselhos úteis (23:1-11) 5.2. O QUE DEVEMOS PROCURAR NA VIDA (23:12-25) 5.2.1 Atenção para o ensino o a disciplina (vv. 12-18) 5.2.2 Filho meu, sê sábio (vv. 19-25) 5.3. O CUIDADO COM AS ARMADILHAS DA VIDA (23:26-24:2) 5.4. CURRÍCULO SOBRE A SABEDORIA (24:3-22) 5.4.1 Efeitos da sabedoria (vv. 3-7) 5.4.2 Os efeitos do saber continuam (vv. 18-20) 5.5. FIM DO LIVRO DOS SÁBIOS (24:23-34)
  • 12. 6 - O SEGUNDO LIVRO DOS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (25:1-29:27) 6.1. COMPARAÇÕES INSTRUTIVAS PARA A VIDA (25:1-28) 6.1.1. Os caminhos de Deus (vv. 1-7) 6.1.2 O litígio (vv. 8-10) 6.1.3 Outras comparações (vv. 11-17). 6.1.4 Ainda os símiles (vv. 18-23) 6.1.5 Que coisas melhores poderá haver? (vv. 24-28) 6.2. UMA CIDADE GOVERNADA POR TOLOS (26:1-28) 6.3. ENSINOS SOBRE RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUOS (27:1-27) 6.3.1 O valor de um amigo (vv. 5-11) 6.3.2 Algumas observações interessantes (vv. 12-16) 6.3.3 Comparações importantes (vv. 17-22) 6.3.4 - Um tratado sobro a vida pastoril (vv. 23-27). 6.4. PROVÉRBIOS ANTITÉTICOS SOBRE A PUREZA DA RELIGIÃO (28:1-28) 6.4.1 Fidelidade à lei de Deus (v. 1-8) 6.4.2 Só a justiça é louvada (vv. 9-12) 6.4.3 Sinceridade na religião o conduta (vv. 13-20) 6.5. DEUS E A SOCIEDADE HUMANA (29:1-27) 6.5.1 O homem justo é o alvo desta seção (vv. 1-10) 6.5.2 Os efeitos de um mau governo (vv. 11-17) 6.5.3 Guardar a lei é certeza de felicidade (vv. 18-27)
  • 13. 7 - AS PALAVRAS DE AGUR (30:1-33) 7.1. O CONHECIMENTO (30:1-4) 7.2. A PALAVRA DE DEUS É PURA (30:5 e 6) 7.3. UMA GRANDE ORAÇÃO (30:7-9) 7.4. FIDELIDADE PARA COM OS OUTROS (30:10) 7.5. QUATRO CLASSES DE PESSOAS (30:11-14) 7.6. QUATRO COISAS INSACIÁVEIS (30:15 e 16) 7.7. O FILHO TURBULENTO E MAU (30:17) 7.8. QUATRO COISAS MARAVILHOSAS (30:18 e 19) 7.9. UMA COISA AINDA MAIS ENIGMÁTICA (30:20) 7.10. QUATRO COISAS INDESEJÁVEIS (30:21-23) 7.11. QUATRO PEQUENAS COISAS, CUJOS ENSINOS SÃO MUI GRANDES (30:24-28) 7.12. QUATRO SERES ALTANEIROS (30:29-31) 7.13. UMA ADMOESTAÇÃO FINAL (30:32 e 33)
  • 14. 9 - A ESPOSA PERFEITA (31:10-31) 9.1. MULHER VIRTUOSA, QUEM A ACHARA? (31:10 e 11) 9.2. ESSA MULHER É INDUSTRIOSA (31:12 e 13) 9.3. É UMA BOA COMERCIANTE (31:13) 9.4. ELA É COMO O NAVIO MERCANTE, QUE DE LONGE TRAZ MANTIMENTO (31:14 e 15) 9.5. ELA COMPRA E VENDE (31:16-18) 9.6. NÃO DORME A NOITE TODA (31:19-22) 9.7. TEM UM MARIDO FELIZ (31:23) 9.8. É MULHER DILIGENTE E LOUVADA POR TODOS (31:24-28) 9.9. ESSA MULHER É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO E IMITADO (31:29-31)
  • 15. Devo à Prof.a Waldemira Almeida de Mesquita a paciência de ler o manuscrito, palavra por palavra, vírgula por vírgula e, sempre que necessário, procurar no dicionário para qualquer dúvida semântica. Um trabalho de paciência beneditina. O leitor pode receber este livro com a maior segurança no que tange a pureza e segurança da língua; os senões doutrinários e exogéticos são de minha responsabilidade. A Prof.a Waldemira, pois, os agradecimentos muito sinceros do Autor
  • 16. UMA PALAVRA Apresentando aos meus leitores um Estudo sobre Provérbios, tenho a presunção de oferecer alguma coisa de alta valia, não tanto quanto aos comentários, porque estes são de um pastor aposentado das lides eclesiásticas, mas, sim, pelo fato de estar tentando colocar a maravilhosa coleção de ditos clássicos mais à mão do povo. Uma tentativa de vulgarização de um livro quase ignorado. Esta é a minha despretensiosa contribuição. Convém dizer que, a bem da verdade, não se trata de um comentário, pois isso levaria o livro a proporções tais, que o tornariam inacessível à bolsa do povo. O que se pode chamar de comentário é apenas um ligeiro desdobramento do ensino proverbial, oferecendo umas tantas ampliações, e, vez por outra, uma opinião pessoal, tudo dentro de um escopo adrede determinado, pois nunca desejei escrever algo que não estivesse à altura da capacidade do leitor médio. Os que conhecem os meus livros já sabem que este é o meu ideal desde que me iniciei nas letras há mais de 40 anos. Escrevo para o povo. Há provérbios cujo sentido escapa à observação do comentarista; adágios antigos, calcados dentro de uma sistemática coloquial, são de apreciação difícil. Não são muitos desse tipo. Outros, vários, relacionam-se com a vida hebraica ou provincial, com aplicações duvidosas ao nosso modo de pensar ocidental. De modo geral, há muito a lucrar nos ensinos que Salomão e seus cooperadores nos oferecem, mesmo descontando o que se deve atribuir a um pensamento oriental. O Livro dos Provérbios, feitos os descontos aqui referidos, tem uma mensagem para todos os tempos e todas as pessoas. É um repositório de sabedoria incalculável; bastaria dizer o que já é bem conhecido: Salomão, o seu principal autor e mesmo o total inspirador, foi o homem mais sábio da história humana, pois antes dele e depois dele nenhum outro se levantou com tamanhas credenciais. "Era mais sábio que todos os homens, mais sábio que Etã, do que Hemã, Calcol e Darda, filhos de Maol. Era mais sábio que todos os do Oriente e do que toda a sabedoria do Egito" (I Reis 4:30,31). Esta sabedoria lhe foi dada por Deus, ao declarar: " ... antes de ti não houve teu igual e nem depois de ti o haverá (I Reis 3:12). já então não há qualquer dúvida sobre a sabedoria de Salomão e os Provérbios são o que se poderia chamar a sabedoria cristalizada. O Livro dos Provérbios nem carece de interpretação; eles se interpretam por si. A primeira parte do livro, que trata da Sabedoria e sua origem, vale por tudo quanto se possa dizer ou imaginar. Conforme a interpretação geral, é o próprio Cristo quem fala. Ele é a Sabedoria em pessoa. O capítulo 8 é a cristalização desse saber. Isso por si só recomenda o Um, e este autor, se outras vantagens não provierem deste Estudo, senão a vulgarização dos primeiros capítulos, já se sente compensado das horas longas que gastou nesta obra. Os que conhecem o meu livro sobre Doutrina da Trindade no Velho Testamento, já sabem que eu adoro Jesus Cristo na sua sabedoria dos primeiros capítulos de Provérbios. Assim, se aprouve a
  • 17. Jesus oferecer uma introdução a este livro, como a que temos nos referidos oito capítulos, é porque o livro vale por uma revelação da sabedoria divina, transposta para os domínios humanos. Os jovens que desejam uma vida feliz e equilibrada, que almejam um manual que os instrua sobre os perigos da prostituição, têm aqui uma resposta. Os que pretendem casar e saber escolher uma companheira, têm aqui o conselho. O rico e o pobre, o sábio e o de menos saber, todos podem encontrar no Livro em estudo a norma de conduta e equilíbrio para a vivência na família humana. Se eu tivesse recursos, mandaria fazer uma publicação do tipo de livro de bolso e ofereceria um exemplar a cada rapaz e a cada moça da minha terra. Falo com sinceridade. Assim, ponho este Estudo popular na mão dos leitores, com a oração a Deus para que sejam proveitosos os momentos que gastarem na sua apreciação. Não posso esquecer a valiosa cooperação que a minha esposa-secretária me deu, até mesmo em consultas feitas, no preparo do livro. A ela ,o agradecimento meu e de todos os que amam a Bíblia. Rio de janeiro, setembro de 1972 Antônio N. de Mesquita
  • 18. 1 - INTRODUÇÃO 1.1. QUEM ESCREVEU PROVÉRBIOS.? O livro começa com a declaração: Provérbios de Salomão, filho de Davi, Rei de Israel (1:1). Está então declarado que o autor foi Salomão? Nem tanto assim, porque em diversos lugares se afirma que há seções que não foram escritas por Salomão, como 22:17, onde se aconselha, se deve ouvir as palavras dos sábios. Em 24:23 ainda se declara: são também estes provérbios dos sábios. Em 25:1 afirma-se os provérbios seguintes serem de Salomão, mas escritos pelos homens de Ezequias. O capítulo 30 introduz uma seção atribuída a Agur, filho de Jaqué, de Massã. O capítulo 31 diz o seguinte: Palavras do rei Lemuel, de Massá, as quais lho ensinou sua mão. Os rabinos ensinam que Ezequias e seus homens escreveram Isaías, Provérbios, Cantares e Eclesiastes.1 Isso não significa que estes homens tenham escrito esses livros, mas, sim, que os editaram ou puseram em ordem. Sabemos que o livro de Isaías não está na forma em que as profecias foram apresentadas ao povo, nem mesmo as de Jeremias, pois há muitas que foram proferidas depois de outras registradas, isto é, não estão na ordem cronológica em que foram ditas. Houve, então, compiladores das obras clássicas dos judeus, e, quando fizeram esta compilação, não se detiveram em colocar as obras na sequência em que foram escritas. Então, quem escreveu Provérbios? Salomão escreveu muitos, e até o Eclesiastes concorda com isso quando diz: e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios, isto é, o Pregador Salomão (Ecl. 12:9; veja I Reis 4:32). Parece, então, que Salomão escreveu muitos provérbios, talvez muitos mais do que atualmente temos, embora isso não signifique que tenha composto o Livro dos Provérbios. Dá-se-lhe o nome porque ele foi, sem dúvida, o maior produtor, mas não propriamente o organizador do livro. Isso, todavia, não tira ao livro qualquer dos seus valores, pois o que interessa é a doutrina, e não o livro como tal. Um grande número de livros do Velho Testamento chegou às nossas mãos sem sabermos quem os teria escrito. Quem escreveu Josué, Juizes, Rute, Samuel, Reis e Crônicas? Não se sabe; e tudo o que se diz ou se escreve não passa de suposição. Nem por isso esses livros têm menos valia para nós. O que nos interessa é saber que foram aceitos como inspirados e reunidos à sagrada coleção, independente de quem teriam sido os seus autores. Antigamente não havia o que atualmente se chama de "direitos autorais", isto é, um homem ou mulher escreve um livro e ninguém pode dar-lhe outra autoria; é um direito reconhecido pelas leis modernas. Não era assim noutros tempos. lsaías escreveu as suas profecias; outro depois as reuniu em forma de um rolo (livro), e assim passaram à posteridade. Salomão proferiu muitos provérbios e teria escrito mesmo muitos que andariam disperses, como ditos oficiais, o que era normal entre os sábios antigos. Depois alguém colecionou estes provérbios e lhes deu a forma de livro (rolo); e foi assim que passaram de geração à geração. Haverá qualquer prejuízo em admitirmos que Salomão não preparou este livro? De modo algum. Vale tanto tendo sido compilado por outrem, como se por ele mesmo.
  • 19. O Prof. E.J. Young elaborou profundamente um trabalho em que chega à conclusão de que o Livro dos Provérbios como o temos atualmente deve vir da época pós-exílica.2 Esta é a posição humilde deste escritor. Os Provérbios e muitos outros escritos andariam disperses, como seria o caso dos livros de Esdras, Neemias e outros. Então os mestres de Israel teriam sentido a necessidade, levados pelo Espírito Santo, o Guardião das sagradas "letras, de coligirem e porem em forma de rolos esta história. Esta é uma das razões por que tantos fatos da história se encontram um tanto fora da cronologia, pois os colecionadores ou escritores dos livros não teriam tido a preocupação de fazer os seus registros obedecendo rigorosamente à ordem quando ditos fatos ocorreram. Esta opinião é também corroborada em outros termos por H.H. Rowley. 3 Os atuais rolos, descritos na linguagem canônica como Ketuyhlm, escritos denominados hagiógrafos pelos autores da Septuaginta, sempre fizeram parte da sagrada coleção, pois em 185 (?) a.C. o autor do Eclesiástico (não Eclesiastes) já os incluía no rol dos livros sagrados, ao todo 22 ou 24, segundo o número de letras do alfabeto hebraico. Se Lamentações de Jeremias for contado separado do livro do mesmo autor, e Rute de Juízes, teremos 22; porém, se os contarmos conjuntamente, teremos 24. Josefo, na sua contenda contra Apião, um escritor grego, alega que os judeus não tinham uma fábula de livros sem nexo como os gregos, mas apenas 22. Portanto, os livros que temos foram preparados ou por seus autores ou por seus amanuenses, muito antes de 185 a.C. A Septuaginta inclui apenas e justamente os livros que constam do Cânone hebraico, divididos em três seções: Lei, Profetas e hagiógrafos; e esta obra é dada como de 285 a.C., mais ou menos. Não temos, na sagrada coleção, qualquer livro do período grego, como pretendem alguns críticos. Todos os livros estavam catalogados muito antes deste período (333 a.C.). 1 Tratado Baba Batra, 15. 2 E. J. Young, An Introduction to the Old Testament, p. 328. 3 H. H. Rowley (editor), The Old Testament and Modern Study, P. 212-216.
  • 20. 1. 2. A ÉPOCA DE SALOMÃO Salomão foi o maior sábio da antigüidade. Disto não temos qualquer dúvida, pois é o que as Sagradas Escrituras nos informam. Andava nos caminhos do Senhor e amava ao Senhor (I Reis 3:3, 9, 12), e por isso Deus o encheu de saber. Esta sabedoria foi devidamente testada no caso das duas mulheres que disputavam a maternidade de uma criança (I Reis 3:16-28). A sua sabedoria provinha de Deus, era sabedoria profusa como a areia do mar (I Reis 4:29). A sua sabedoria excedia a de todos os sábios do Oriente, incluindo os egípcios, conhecidos como os mais cultos entre os povos antigos (I Reis 4:30); e entre esses sábios são mencionados alguns dos mais famosos, como Etã, Hemã, Calcol e Darda, filho de Maol. A sua fama atingiu os limites de todo o Oriente, e todos vinham a ele para o ouvir. Até a famosa rainha da Arábia, por nós conhecida pelo nome de Rainha de Sabá, veio das longínquas areias escaldantes, com os seus camelos carregados de especiarias para presentear Salomão e ouvir o seu saber, ao final exclamando: Eu, contudo, não cria naquelas palavras (que tinha ouvido a respeito de Salomão) até que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade... (I Reis 10:6-8). Esta mulher, pelo que sabemos atualmente da sua então desconhecida terra, era uma das mais cultas do mundo, e até a famosa Hatshepsut, mãe adotiva de Moisés, mandou as suas naus à Arábia, a terra da Rainha de Sabá. Pela sua laconicidade, os sagrados escritos não nos contam as coisas como se passaram; dizem apenas o suficiente, embora queiramos mais. Salomão compôs três mil provérbios o foram os seus cânticos mil e cinco. Discorreu sobre todas as plantas (botânico), desde o cedro do Líbano até o hissopo, que brota do muro; também falou dos animais (zoólogo), e das aves, dos répteis e dos peixes (I Reis 4:32, 33). De todos os povos vinha gente a ouvir a sabedoria de Salomão (I Reis 4:34). Este notável homem foi o primeiro cientista do mundo antes que houvesse ciência no sentido moderno. Falar sobre as plantas, sobre os animais e até sobre os peixes do mar é qualquer coisa de que os reis daqueles tempos se maravilhavam (I Reis 4:34). Portanto, não temos qualquer dúvida sobre a capacidade de Salomão de escrever um livro como o de Provérbios. Lamentamos, sim, que não tenham sido preservados os outros conhecimentos de que nos fala o Livro de Reis. Além dos seus conhecimentos da natureza, era psicólogo e decifrador de enigmas (I Reis 10:1). Quais seriam estas perguntas cabalísticas, não se diz, mas podemos conjeturar que esta mulher veio mesmo disposta a pôr à prova o que tinha ouvido. e teria mesmo consultado os sábios do seu reino, para que lhe dessem enigmas para ela apresentar ao sábio Salomão. Portanto, concluímos esta seção afirmando que Salomão poderia ter escrito o Livro dos Provérbios e muito mais do que isso. Não é, pois, a questão de seu poder e saber, mas de outras razões, que não estão ao nosso alcance explicar.
  • 21. 1.3. A SABEDORIA DOS ANTIGOS Que sabemos da sabedoria dos antigos? Muito pouco ou quase nada. A sabedoria dos egípcios, com os seus sábios (magos), decifradores de sonhos (Gên. 41:8); os caldeus, que tanto trabalho deram a Daniel (Dan. 2:1-49; 5:1-27). Até os edomitas, conforme Obadias 8, um povo relativamente humilde. Que sabemos da ereção das pirâmides egípcias, especialmente a de Queops com o seu telescópio no vértice, para estudo das estrelas e dos astros; de Ptolomeu, o cartógrafo e astrólogo ou astrônomo, geógrafo e que mais? Os grandes poemas que nos vieram dos gregos famosos como Homero e outros. Repetimos: Que conhecemos dos sábios antigos? Conforme já dissemos, muito pouco ou quase nada. No entanto, Salomão a todos sobrepujou, porque a sua sabedoria foi dada diretamente por Deus. Tudo quanto uma cabeça humana podia receber Salomão alcançou. Digamos que Salomão foi o maior, mas não o único. Jeremias (18:18) menciona os sábios que tentavam disputar a sabedoria do profeta, e o mesmo profeta chegou a ficar assombrado com eles. O mesmo Jeremias se desdobra em esforço para conter os sábios dos seus dias, que pretendiam rivalizar com os profetas de Deus. Isaías confessa (is. 29:14) que Deus ia fazer coisas tais que os sábios ficariam confusos. Portanto, a sabedoria não era um patrimônio dos antigos povos, mas também dos israelitas. O Livro dos Provérbios se refere, outrossim, a alguns sábios que compuseram algumas partes deste livro, como se vê em 22:17; 24:22-34, ou pelo menos eram contados como os sábios daquele tempo. O verso 5 do primeiro capítulo contém um conselho aos sábios, para crescerem em sabedoria e prudência. Poderíamos admitir que muitos destes provérbios seriam produto destes sábios, que proliferavam em Israel. Especialmente a época de Salomão daria ensejo a que surgissem muitos sábios, tentando imitá-lo ou mesmo como subproduto de uma época de exaltada sabedoria. Em tempos de estultícia, parece que todos se tornam estultos, como, em época de sabedoria, todos se tornam sábios. Podemos até admitir que muitos destes provérbios venham de datas pré-salomônicas, como uma espécie de antologia filosófica, em que alguém se teria incumbido de colecionar ditos e frases, que andariam de boca em boca, como alguns que temos em nossos dias, como costumamos dizer: "Fulano disse; fulano escreveu." Admitiríamos então que o Livro dos Provérbios não será apenas um repositório da época de Salomão, mas de muito antes e muito depois. Se chamássemos a isso o LIVRO DA SABEDORIA HEBRAICA, não exageraríamos. Isto nos é demonstrado em alguns tópicos do mesmo Livro dos Provérbios.
  • 22. 1.3.1. Os Homens de Ezequias Lendo em II Crônicas (29:25-30) entendemos que Ezequias promoveu intensa reafirmação religiosa e artística, quando foram revividas as palavras de Davi e Salomão pela voz de Gade, o vidente do rei Davi. Deve ter sido um momento de grande alegria em Judá, com respeito ao avivamento das coisas antigas, em que o passado se uniria ao presente, para dar o brilho que, em poucas palavras, o sagrado escritor nos revela. Pois todo este avivamento nos é transmitido de um modo novo em Provérbios 25-29. Como se vê dos textos sagrados, Ezequias fez muito mais do que nos diz II Crônicas, pois os trabalhos do seu grupo aparecem de forma muito mais sensível em Provérbios. Ezequias viveu 195 anos depois de Salomão, e 235 depois de Davi; portanto, diversas gerações mais tarde. Porém os ecos dos tempos gloriosos, tanto de Davi como de Salomão, estavam ecoando ainda nos seus dias. Podemos, pois, ver que a sabedoria não estava morta, e de tempos em tempos era revivida. Acredita A. Bentzen4 que os salmos de Davi e Salomão teriam sobrevivido em forma oral e Ezequias teria tido o impulso de reuni-los em volume, como se encontram, em parte, pelo menos, nos capítulos 25-29. A sabedoria dos profetas e poetas era cuidadosamente guardada em Israel; e o nosso livro deve representar não apenas a cultura de Salomão, mas de muitos outros ilustres varões. 4 A. Bentzen, Introduction to the Old Testament, Vol. II, p. 173, Copenhague.
  • 23. 1.3.2. Agur, Filho de Jaqué Não se sabe quem foi Agur, e, se traduzíssemos a palavra por "Oráculo", como aparece em 30:1, então poderíamos ligá-la a oráculos de outras terras, como no caso de "Massá", uma tribo árabe descendente de Abraão por meio de lsmael (Gên. 25:14). Se pudéssemos manter essa ligação com um passado tão remoto, então concluiríamos que o veio literário, que desponta em Israel com tanto brilho, era comum também entre outros povos. Israel, por sua posição política e social, englobou muita coisa que pertencia a outros povos, adaptando e moldando esta contribuição de acordo com o sentimento nacional e o culto a Jeová. Seja quem for que tenha sido este Agur, não resta dúvida, ligar-se-ia a essa tribo de Massá. Era um poeta estrangeiro, louvando a Deus com a sua inteligência nativa. Quando estudarmos os seus provérbios, notaremos o estilo e qualidades próprias da sua terra tanto quanto possível. 1.3.3. Provérbios do Rei Lemuel Quem foi esse rei, não sabemos. Sua mãe aparece como a produtora de alguns provérbios. A minha enciclopédia dá Lemuel como pseudônimo de Salomão, o que bem poderia ser. Em tal caso, a mãe de Salomão teria sido uma professa, ou, pelo menos, uma literata. Havia sido mulher de um capitão hitita, e os hititas foram um povo de renomada cultura, que agora está sendo devidamente apurada. Seria então Bate-Seba, mulher de Urias, mãe de Salomão, a autora de tantos lindos provérbios? O texto (Prov. 31:1) diz que Lemuel era também de Massá, a mesma terra de Agur. Se aceitarmos esta declaração como coisa real, então Lemuel não é pseudônimo de Salomão. Quanta coisa obscura, historicamente pelo menos! Fica para melhor explicação a origem desses personagens, Agur, Lemuel e sua mãe, que gostaríamos, fossem apenas pseudônimos do grande Salomão e sua mãe Bate-Seba, incluindo, já se vê, o profeta Agur. Um homem como Salomão poderia ser conhecido por diversos nomes, mesmo que este costume não fosse geral nos seus dias. Talvez o significado do nome Lemuel, "Amado de Jeová", nos ajude a compreender que deveria ser um personagem de Israel, e não um massaíta. Já antes nos referimos à sabedoria de outros povos, como o Egito e a Babilônia, para não mencionarmos povos menores e de pouca influência na vida internacional. Isso nos leva a compreender que o Livro dos Provérbios bem pode resumir as culturas israelita e não israelita. Tem sido evocada a Sabedoria de Amen-en-Open, do Egito, para mostrar que a sabedoria não era patrimônio dos judeus apenas. Os versos 17-24 do capítulo 22 são, por alguns escritores, atribuídos a este sábio, devidamente adaptados em Israel. Deve-se notar que a descoberta relativamente recente dessa obra egípcia é datada de 600 a.C., mais ou menos, portanto, muito posterior a Salomão. Pensam alguns críticos que Amen-en-Open fez empréstimos ao
  • 24. Livro de Provérbios, o que, se fosse aceito como real, valeria pela divulgação internacional da sabedoria israelita. É difícil a qualquer pesquisador acertar essas coisas antigas. Mesmo que a obra de Amen-en-Open, escrita em 30 capítulos, seja posterior a Salomão, como parece, nem por isso se pode ignorar a contribuição que os sábios deram uns aos outros naqueles distantes dias. Não haveria, é certo, o intercâmbio que existe atualmente entre escritores americanos e franceses com os brasileiros, porém havia intercâmbio em menor escala, sem qualquer sombra de dúvida. A vida de Moisés foi doada aos israelitas, entretanto, logo se espalhou pelo mundo inteiro e todos os povos participaram das suas belezas, numa adaptação própria a cada localidade. Não havia segredos literários entre os antigos. Por outro lado, admite-se que no palácio de Salomão proliferassem sábios de muitas nacionalidades, que trocariam entre si os seus "ditos", num intercurso literário muito à moda moderna. Sabemos que todos os povos da terra estavam representados em Israel pelos casamentos oficiais que Salomão contraiu, e, com estas princesas, vinham as suas damas e também os seus literatos favoritos. Se acreditarmos que a mesa de Salomão alimentava 25.000 pessoas, admitimos que muitos dentre elas seriam sábios e conselheiros estrangeiros, talvez o que nós conhecemos atualmente como embaixadores. Comparadas diversas doutrinas dos sábios egípcios e de outros, verifica-se que a doutrina dos sagrados livros canônicos se sobreleva à deles. O intercâmbio existente não conseguiu dar aos sábios étnicos aquele sabor de segurança que o Livro dos Provérbios denota. O livro já referido, de Amen-en-Open, que parece uma espécie de ressonância de Provérbios, e que cita até alguns deles, possui doutrina parecida com Provérbios, sendo, entretanto, muito diferente. O capítulo 6, entre outras coisas, diz: "Não te debruces na balança, nem falsifiques os pesos, nem causes danos às frações das medidas." Provérbios 20:10 diz: Dois pesos a duas medidas, uns e outros são abomináveis ao Senhor. Seriam mais do que naturais estas diferenças, no caso de uma transação entre um país e outro.5 5 Para um estudo completo, veja Ancient Near Texts, Relating to the Old Testament, de James Pritchard, Princeton, 1950. Também, The Wisdom of Amen-en-Open, em R. 0. Kevon, Filadélfia, 1931, ref. em Novo Comentário do Bíblia.
  • 25. 1.4. A FUNÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS EM ISRAEL Acredita-se, e com boas razões, que Provérbios e outras seções do Velho Testamento eram uma espécie de disciplina, pela qual a nação era guiada e conservada. Efetivamente, um povo que se oriente pelos ensinos de Provérbios terá de ser uma nação de sábios e justos. Estes preceitos, na sua real aplicação na vida, são uma interpretação do espírito dos profetas, pois, enquanto estes procuram manter o povo perto do Senhor, aqueles interpretam a vida nas suas relações com Deus e os semelhantes. Uns contrabalançam os outros e dão ao todo aquela segurança de vida que nenhum outro povo teve nos séculos passados. Como muito bem disse um escritor, a sabedoria não consiste numa contemplação mística do universo e de Deus, mas na objetivação pessoal do homem em suas relações com o divino Criador. Mudar os termos dessa combinação é o mesmo que arruinar a harmonia que deve existir entre Deus e a humanidade. Provérbios não trata apenas das relações do homem com Deus, mas também do homem com o homem, da esposa com o marido, dos pais com os filhos e dos filhos com os pais. Vê-se logo que esse ensino abrange todos os contornos da vida religiosa, social e doméstica; completa o currículo de relações humanas na sua complexidade e na sua conexão com Deus. Nada fica fora, e quem desprezar esses ensinos certamente está louco. Tanto quanto a religião não é um pragmatismo insosso, mas uma vivência real entre indivíduos e Deus, o Livro dos Provérbios é a Bíblia da contextualização dessas relações no círculo doméstico. O divórcio entre prática e vida religiosa é que tem arruinado o viver humano, como se a vida e a prática não fossem uma só coisa. Em nosso meio social brasileiro, é isso que se nota. Um homem é um bom religioso, vai à igreja, recebe água benta e faz as suas orações, a seu modo, todavia, durante a semana, rouba, como pode, o seu próximo. A religião do domingo não tem reflexo na vida diária da semana. Isso, em verdade, não é religião. É uma farsa religiosa. A nossa pregação evangélica pretende fazer a roda voltar ao que era antes e unir a religião à prática da vida, pois o contrário é pura hipocrisia, é falsidade. O dito comum: "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço" é uma estúpida interpretação da natureza da religião. A Bíblia não sanciona tal conduta. Por isso todos os religiosos podem ir à igreja e praticar tudo mais que for do seu agrado durante a semana. Roubar o próximo e ir à igreja no domingo, uma coisa nada tem a ver com a outra. Isso Provérbios condena.
  • 26. 1.5. JESUS E O ENSINO DOS PROVÉRBIOS Como não poderia deixar de ser, Jesus fez amplo uso dos ensinos de Provérbios na sua doutrinação prática. Muitas das suas parábolas estão calcadas em seus ensinos. Por exemplo, a parábola dos primeiros lugares, quando convidado para banquetes, está firmemente relacionada com Prov. 25:6,7, onde se lê: Não te glories no meio dos reis nem te ponhas no meio dos grandes, porque melhor é que te digam: sobe para aqui, do que seres humilhado diante do príncipe. A parábola do rico insensato está bem retratada em 27:1. Jesus, na conversa com Nicodemos, parece, copiou a palavra de Agur, filho de Jaqué em Prov. 30:4, a quando se refere ao povo, dizendo que a sabedoria é justificada por seus filhos, está citando Provérbios no seu todo. Se o espaço permitisse, poderíamos alinhar um grande número de passagens do Velho Testamento onde Jesus baseou o seu ensino. Naturalmente, Jesus doutrinava alicerçado na sabedoria do povo, tomando por base o que conhecia da sua Bíblia. Grande parte do ensino de Jesus foi feito por meio de parábolas, justamente o tipo de ensino de Provérbios. A palavra, no hebraico mashal, é traduzida no grego por parábola. Quando Jesus falava ao povo, que ouvia e não entendia, estava se referindo a um tipo de adivinhação, muito familiar aos hebreus, com o significado de enigma (veja Mar. 4:11) que era o seu sistema de ensino a respeito do Reino de Deus. Uma interpretação de Provérbios à luz do Novo Testamento compreenderia um estudo a que não pudemos dedicar-nos por causa do espaço, e esta Introdução já está ficando longa. Pedro, parece, foi o discípulo que mais usou o Livro de Provérbios em suas epístolas, ou por ser o apóstolo mais íntimo do Mestre ou por suas possíveis leituras deste grande livro. Confira I Ped. 2:17 com Prov. 24:21; I Ped. 3:13 com Prov. 16:7; I Ped. 4:8 com Prov. 10:12; I Ped. 4:18 com Prov. 11:31, e assim com muitas outras passagens. Paulo, como não poderia deixar de ser, também usou Provérbios em suas epístolas como Rom. 12:20 e Prov. 25:21 e segs. Cristo, poder e sabedoria de Deus em I Cor. 1:24 e Prov. 8, é uma demonstração de como este livro era manuseado pelos apóstolos e primeiros cristãos. Não devemos surpreender-nos com estas citações, visto como a Sabedoria em Israel era uma constante da sua vida, e os Provérbios e Eclesiastes eram grandes livros de toda hora. Se o nosso estudo do Novo Testamento levasse em conta o bebedouro da Sabedoria israelita, teríamos uma boa base para a exegese bíblica. Infelizmente isso não acontece, pois Provérbios é um livro quase ignorado pelos pregadores, que só se servem dele em casos especialíssimos. Não pensam assim os melhores comentadores do Velho Testamento, muitos deles, pelo menos, que consideram de grande valia este livro. Até que ponto os escritores do Novo Testamento entenderiam Provérbios, especialmente os capítulos 3-8, onde a Sabedoria assume grande papel, ignoramos, mas o certo é que não, desconheciam esse livro. A sua Bíblia em grego, para os que hão entenderiam hebraico, e seriam poucos, não esconderia o livro de Provérbios.
  • 27. 1.6. COMPOSIÇÃO DO LIVRO DE PROVÉRBIOS De modo geral, já dissemos bastante. Resta agora uma breve digressão sobre o tipo de composição do livro. Está em forma poética, e consta de ditos e frases, alegorias comuns entre o povo e especialmente entre os sábios. O termo mashal deriva-se de uma raiz que parece indicar semelhanças, comparações. Portanto, um verso de Provérbios é uma comparação com outra verdade, que pode vir no mesmo verso ou, em uma antítese, noutro. Em muitos casos, os versos representam uma figura, que o Novo Testamento traduz por parábola, da qual Jesus fez largo usa em seus ensinos. Em muitos casos trata-se de máximas, aforismos, meios do povo entender e expressar verdades vulgares. Cada verso traz uma lição sobre um assunto ou outro, pertinente à vida diária. Há entre todos os povos certos adágios, certas frases, que fazem escola e são usados como máximas ou mesmo como doutrina entre o povo. Entretanto, é bom advertir o leitor que nem todos os provérbios constam dessas frases; todavia, são um resumo da Sabedoria hebraica em que o Cristo personificado nos capítulos 3- 8, especialmente, dá a medida do seu valor ético e moral. Há também alguns discursos em ritmo poético, como nos capítulos 1-9 e 30-31. Não discutimos aqui os diversos tipos de poesia hebraica, com seus paralelismos, teses e antíteses, por falta de espaço, e mesmo não estamos fazendo um estudo da poesia hebraica, cabível em outros estudos. Na Septuaginta o livro recebeu nome qualificado de Paroimiai, que, traduzido em português, significaria uma boa dieta. O livro pretende ser um gula para o caminhante; então Paroimiai é o meio de levar o mesmo caminhante ao bom destino. No hebraico o livro tinha o título de M S U, que se lê com vogais ou sem vogais, como Mashal, provérbios em nossa língua. Os publicadores da Bíblia hebraica deram-lhe um subtítulo em latim de LIBER PROVERBIORUM, Livros dos Provérbios, como passou para as versões latinas. O termo grego Parabolê, parábola, tem também o sentido no hebraico de hidhah, "enigma", adivinhação; e foi assim que Jesus o usou quando, falando do Reino de Deus a um povo que não o entendia, empregava parábolas, e sem parábolas, enigmas, não lhe falava (Mar. 4:33, 34).
  • 28. 1.7. DATA DO LIVRO Jesus Ben Siraque, em cerca de 130 a.C., em seu famoso livro Eclesiasticus (não Eclesiastes), livro incluído entre os apócrifos, declara no capítulo 47, verso 17, que Provérbios (também Cânticos) era livro de alta devoção entre o povo. Esta informação é muito valiosa por sua antigüidade e pela fonte de onde se origina, pois Jesus Ben Siraque é universalmente considerado um dos mais admirados escritores daqueles dias. Os tradutores da Septuaginta, em 280 a.C., já incluíram Provérbios na sua tradução, ao qual deram o nome de Paroimiai Portanto, quase três séculos antes de Cristo, Provérbios era um livro acatado e reconhecido como inspirado. Nunca houve entre os rabinos qualquer discussão quanto à sua canonicidade, e, sim, quanto à sua autoria, como aconteceu com Eclesiastes e outros. Portanto, é um livro que sempre foi considerado inspirado, e os judeus devem ser reconhecidos como a autoridade máxima nesse campo, pois era um livro da sua biblioteca sagrada. A influência que este livro exerceu em Israel, a mesmo fora dele, pode ver-se pelas citações de obras egípcias, como no poema de Amen-en-Open do Egito. Não seria boa política discutir essas conexões entre Provérbios e outros livros de povos étnicos, porque, no tocante à sabedoria, todos tinham os seus adágios e suas máximas. Muito antes de Moisés promulgar o Decálogo, já Hamurabi, da Caldéia, tinha publicado o seu, e há tão flagrantes similitudes em alguns capítulos, que muitos críticos não trepidam em afirmar que Moisés copiou de Hamurabi (ver o livro do autor sobre Êxodo). Portanto, Provérbios é um livro de alta antigüidade, mesmo que não seja possível determinar a data do seu aparecimento. Noutros Estudos, como em Eclesiastes, dissemos que os livros da Sabedoria, incluindo alguns salmos, teriam sido colecionados depois da volta do cativeiro babilônico, quando os judeus se voltaram para a sua Bíblia como jamais haviam feito. Possivelmente este livro teria sido confeccionado nessa época, reunindo matéria dispersa, e formando um todo tão harmônico quanto possível. Parece-nos o suficiente o que acabamos de dizer a respeito de Provérbios e à guisa de INTRODUÇÃO. Diversas obras já foram mencionadas, onde os mais estudiosos se podem louvar, restando apenas adicionar artigos em enciclopédias e dicionários bíblicos, onde há abundante material sobre o livro. Como escrevemos, visando o povo e os estudantes da Bíblia de um modo geral, nunca desejamos aprofundar demais qualquer estudo sobre esses livros.
  • 29. 2 - TÍTULO E PLANO DO LIVRO Parece certo que o propósito dos organizadores deste livro foi dar Salomão como seu autor, mesmo que nem todos os provérbios sejam de sua autoria, conforme vemos de 24:23, onde figuram como autores os sábios; 30:1-23, em que o autor se chama Agur, filho de Jaqué, de Massá; e 31:1-9, onde o suposto autor se chama Lemuel. Tirando estas seções, as demais foram fruto das atividades salomônicas, ou pelo menos de seus imediatos colaboradores. Portanto, não pecaram os organizadores do livro com a declaração: Provérbios dei Salomão, filho de Davi. Eclesiastes mesmo confirma que ele escreveu muitos provérbios (Ecl. 12:9; ver também I Reis 4:32). Quem pode afirmar que nas seções que trazem outros nomes estes não são apenas pseudônimos, como dissemos na Introdução? Acreditam alguns comentadores ser o nome de Lemuel dado a Salomão. Por que os ditos de Agur, filho de Jaqué, de Massá, não poderiam ser seus? Assim, não há censura para o primeiro verso deste livro. Os versos 1-6 são incontestavelmente dele e são como uma sentença elíptica, chamando o leitor a dar atenção ao que se segue. O leitor é convidado a aprender sabedoria o ensino, para entender as palavras da Inteligência (vv. 2, 3). Esta introdução é categórica em que o livro se destina a conceder sabedoria e tino ou correção da vida, que é o sentido do termo traduzido em Heb. 12:5: correção que vem do Senhor. A intenção do livro é, pois, ensinar, corrigir e fazer capaz de entender os caminhos do Senhor. Isto o autor de Hebreus torna bem claro. Para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a eqüidade (v. 3), a fim de que os simples, os menos entendidos nas coisas de Deus, possam capacitar-se para os deveres da vida e da religião. Para dar... aos jovens conhecimento e bom senso ou siso (v. 4). Não padece qualquer dúvida o alvo do livro: instruir os simples, os de medos capacidade, os jovens, de modo que uns e outros sejam capazes de entender o juízo, a justiça e o bom comportamento na vida. Temos, então, uma cartílha devocional, onde todos somos ensinados nos deveres da justa, da equidade, do bom siso nas coisas da vida. Bastariam estas palavras introdutórias para justificar a existência deste livro na sagrada coleção. Toda a Bíblia tem este escopo: preparar o povo para os seus deveres religiosos, entender as palavras dos profetas, que estavam preparando o povo para a vinda do seu Messias (ver ls. 5:7 e 1 1:1). Ouça o sábio a cresça em prudência, o entendido adquira habilidade (v. 5). Israel era uma nação de sábios, o que ninguém contesta, ainda mesmo hoje, quando as maiores conquistas científicas são produto da inteligência israelita. Sempre foi assim. Durante os dois mil anos da era cristã em que este povo tem perambulado pelo mundo, corrido daqui e dali, perseguido e destruído, como aconteceu na última guerra, quando 15.000.000 foram eliminados nos países do leste e da Alemanha, eles nunca deixaram de ligar a sua vida às melhores conquistas do pensamento. Será por isso que Provérbios chama os sábios a crescerem em prudência e sabedoria? Nunca se ouviu que judeus formassem complôs anarquistas para derrubar
  • 30. governos, sempre dedicados ao trabalho, cooperadores dos governos. O Brasil deveu muito a esta gente nos dias coloniais, quando junto aos administradores eram os seus conselheiros, muita vez. Se o mundo fosse privado dos ensinos da Bíblia, cairia como fruto podre. Isso já aconteceu na Idade Média, ao ficar a Bíblia escondida nos mosteiros, longe do povo. Que sucedeu? O mundo entrou na idade das trevas e da ignorância, e não foi sem motivo que os historiadores deram a esta quadra de 1.200 anos o cognome de Idade Média, isto é, época entre o classicismo romano e a renovação humanista do século XVI, promovida pela publicação dos livros da Bíblia. Quaisquer restrições que porventura se façam a esta gente, que não era e não é perfeita, não poderão esconder a sua contribuição às ciências, às letras e ao progresso. Diz-se que todas as grandes descobertas no terreno da fisiologia, da física e da química são patrimônio dos judeus. Durante a 11 Guerra Mundial, quem orientou a Inglaterra nos laboratórios foi Ben Gurion, célebre químico, depois guindado à Presidência do novo Estado judeu. É um crime dos árabes pretenderem, por motivos políticos, destruir esta gente e reduzi-la a párias, como eles mesmos são na grande maioria. Não sou político; sou historiador, e levado a escrever estas palavras a propósito da recomendação de Prov. 1:5, em que o sábio é convidado a adquirir sabedoria e mais sabedoria. Quem não se lembra de Einstein, falecido há pouco? A sua teoria da relatividade revolucionou as ciências físicas e os conhecimentos gerais nesta matéria. Por que prosseguir? Que a Bíblia faz sábios, nós sabemos e todos admitimos. Faça-se uma comparação com as nações ditas evangélicas e as não evangélicas. Infelizmente, nesta época de loucuras, muitas delas se desgarraram, embora isso não milita contra o fato de os povos da Bíblia serem mais cultos e mais progressistas. Uma comparação talvez sujeita a críticas seria a dos EE.UU. e o Brasil, ambos colônias, aquele da Inglaterra, e este, de Portugal. Que diferença! Ambos da mesma idade e feitos com elementos europeus, aqueles evangélicos e estes católicos romanos. Para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios (v. 6). Provérbios são ditos concisos, máximas que encobrem muitos ensinos, o mesmo que parábolas e enigmas. Isto é tudo que os Provérbios tentam ensinar, e, para tais conhecimentos, só mesmo muita argúcia e muita sabedoria. O sentido exato destes termos não é bem conhecido, mas refere-se a coisas menos conhecidas e menos entendidas. Quando Jesus se dirigiu ao seu povo e lhe falou do Reino de Deus, que acabava de chegar, falou-lhe por enigmas (Mar. 4:13). Mesmo sendo a sua linguagem corrente, o sentido era obscuro para os ouvintes. Algumas vezes um provérbio é traduzido por "dito picante" ou agudo, uma espécie de "chiste", coisa não bem clara. Para entender tal linguagem e tais significados, são os sábios convidados a crescer em prudência e saber (v. 5). O verso 7 forma uma espécie de tema do livro: O temor do Senhor é o princípio do saber. A palavra princípio, em hebraico reshith, tanto é norma como começo. Tudo tem um princípio, uma forma de começo, e, se alguém desejar sucesso, tem de ter um início determinante. É um ponto de partida. Temer a Deus e suas leis e ordenanças é seguro caminho para a felicidade. Esta palavra ou frase ocorre muito em Eclesiastes (3:11; 7:8; 8:23; 9:10 o segs.). Em Provérbios ocorre três vezes (1:7; 8:22, 23). Quatro vezes em João (1:1; 6:64; 8:25; 15:27). Esta é uma
  • 31. palavra-chave para a vida, como o é a frase O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DO SABER. Como poderia a criatura humana, frágil e inculta quanto aos planos divinos, orientar a sua vida à revelia de Deus? Muitos assim fazem, porém as conseqüências aí estão para todos verem. Deus é a fonte do saber, e, se nós queremos saber alguma coisa, não podemos ir bater noutra porta. Jesus é o caminho, e a Verdade e a Vida (João 14:3). Se comparássemos este verso com tantas outras escrituras, concluiríamos que tem razão o autor do livro. ls. 11:5, referindo-se a Jesus porvindouro, diz: A justiça será o cinto dos seus lombos o a fidelidade o cinto dos seus rins. Foi assim com o Messias e será assim conosco, se aceitarmos o princípio do saber. Só os loucos desprezam este saber (v. 7). Com esta introdução maravilhosa, estamos em condições de entrar no estudo do livro. Fica perfeitamente entendido que vamos tratar de sabedoria, entendimento, provérbios, palavras e enigmas, e, para discernir tais ensino, é preciso mente clara espírito sintonizado com o Espírito Santo de Deus. Menos disto não basta para entendermos o nos apropriarmos deste grande livro. 3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18) Estes Estudos versarão sobre conselhos dados a respeito da Sabedoria, representada por figuras, mas, sem qualquer sombra de dúvida, referindo-se a Jesus pré-encarnado, especialmente 8:22-36, trecho que trata de uma pessoa ensinando a sabedoria de Deus. Tomemos, pois, estes conselhos como vindos de cima, das alturas, onde mora a suprema Sabedoria. No decorrer de nosso estudo, melhor veremos a função e o ensino a respeito da sabedoria e das suas origens (v. 1). O vocativo "Filho meu" inicia cada lição ou conselho oferecidos pela própria Sabedoria. O conjunto desse ensino da Sabedoria tem o tom de um Mestre que se dirige a seus alunos e procura trazê-los à realidade da vida. Trata-se, assim, de alguém que aconselha. Quem será essa pessoa? Como já foi notado antes, a Sabedoria é personificada em Jesus preencarnado. Ele é a Sabedoria em pessoa e é quem fala nessas lições, mesmo que nem sempre sua presença seja notória. Vamos, pois, estudar os conselhos da Sabedoria com o espírito de quem deseja aprender e ser feliz no seu viver, pois, sem este saber, a vida se tornará estulta e até perigosa.
  • 32. 3 - TREZE CONSELHOS A RESPEITO DA SABEDORIA (1:8-9:18) 3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33) 3.1.1. Conselho de pai (1:8-19) Filho meu, ouve o ensino de teu pai. A sabedoria aqui toma a forma de Pai. É uma representação da Lei de Moisés: Torah O ensino da lei para o judeu era como um diadema de graça para a cabeça e o modo seguro de não se perder no caminho. Quem usava este diadema se distinguia dos demais pecadores. Era como o guerreiro que voltava vitorioso da batalha e triunfalmente entrava na sua vila ou cidade. Não só o diadema da cabeça, mas o colar de pérolas para o pescoço. Não se pode desejar figura mais insinuante e sugestiva do que essa: um moço com diadema na cabeça e colar ao pescoço. Seria distinguido de todos os seus companheiros. Isso é o que o paralelismo indica, quando compara este filho do versículo 9 com o do versículo 10, sendo seduzido por outros a buscar os caminhos do pecado. Uma comparação desse ensino com o de Deuteronômio (4:9; 6:7; 11:19; 32:46), quando o hebreu é solicitado a conservar os ensinos recebidos, para por eles ter direito à vida feliz prometida, sem a qual tudo se tornaria fútil e sem sentido, é urgente. (1) Filho meu, se os puladores querem seduzir-te não consintas... (vv. 10-19). É o convite aos desvãos da vida, e note-se que é sedutor o oferecimento. 1 Primeiro uma emboscada para o crime, para derramar sangue, coisas tão comuns no oriente antigo e ainda hoje em toda parte. O conselho é: RESISTE. Vem, a seguir, uma série de propostas, cada qual mais perniciosa. É o roubo organizado em quadrilhas, tão do sabor moderno em muitos lugares e muito comum no oriente antigo como nos Informam os textos, de modo geral e especialmente Os. 4:2; 6:8 e outros. Também o Salmo 10:8. Oséias viveu essa era de violências e roubos generalizados e disso nos Informa em traços escandalosos. Nos dias de nosso Mestre, Isso ainda acontecia, como nos Informa a Parábola do Bom Samaritano (Luc. 10:25-37). Como não há crime "perfeito", os malfeitores, dia mais, dia menos, são apanhados e pagam na cadela o seu desvio. Quantas vidas futurosas são arruinadas para sempre por tais crimes. O crime organizado, metódico, diriam, "científico", é sempre crime. Houve um Italiano em Chicago, nos EE.UU., cujos crimes Iam ao desafio de polícia. Nunca ficava rastro por onde ser apanhado. Um dia, examinando-se a ficha de um homem na Secretaria do Imposto de Renda, verificou-se que não pagava Imposto conforme o "standard" social que levava. Feita a Investigação, foi o homem para a cadela. Escapou de muitos crimes, mas não escapou de todos. A sedução era de encontrar muitos bens preciosos, pedras preciosas (v. 13), encher as suas casas desses bens e comer sem trabalhar. Havia ainda uma outra sedução: Uma só bolsa (v. 14), de onde todos se abastecessem fartamente. Contra essas maquinações só há um remédio
  • 33. para o judeu: fidelidade à sua lei, e para o gentio, fidelidade aos códigos. Sem o temor de Deus, não há segurança para o jovem. Conta-se que uma quadrilha de piratas (ladrões do mar), certa noite assaltou um navio. Depois reuniram-se para repartir o roubo. No final, sobrou um livro, que ninguém quis. O chefe ficou com ele. Era uma Bíblia. Leu-a e se converteu. Depois foi procurar os comparsas e os convidou um a um a se transformarem. Há uma estátua numa praça de Nova lorque, pela qual imortalizou-se no bronze esse ladrão convertido. Só a Bíblia e seus ensinos garantem a vida feliz do jovem. 1 Aconselhamos a leitura do livro do autor - A Doutrina da Trindade no Velho Testamento, à venda na Casa Publicadora Batista, Rio. (2) Filho meu, não te ponhas a caminho com eles... (v. 1 5). Convites para uma vida aparentemente fácil, casa cheia de bens roubados à custa de sangue derramado, bolsa comum, tudo deve ser rejeitado pelo jovem, segundo a Sabedoria do Pai. Lendo estes versos, parece estarmos em dia com as notícias dos jornais de nossos dias, nas grandes cidades do Brasil, em que bandos armados se atiram contra bancos, casas comerciais, e levam grandes quantias. No decurso do tempo são pegados, um a um, e lá se vão vidas preciosas apodrecer num cárcere ou na sepultura. O conselho é: Não te ponhas a caminho com elas... (v. 15). O verso 16 não consta na Septuaginta, mas pode ler-se em lsaias 59:7, cujo texto foi usado por Paulo em Romanos 3:9-18. Os tais estão irremediavelmente perdidos. O verso 17 tem uma figura que parece deslocada do seu centro de ensino, quando diz: Debalde se estendo a rede à vista de qualquer ave. Talvez o autor inspirado queira ensinar que a ave representa os ladrões, e alguns comentadores assim pensam, sendo os ladrões cegos às conseqüências dos seus feitos. Todavia, também parece que essa explicação não diz tudo. O ensino parece ser este: assim como se estende uma armadilha para apanhar uma ave se estende uma armadilha para prender um jovem. Uma vez armado o laço, a ave cai nele. Cuidado, moço, com o laço que os malfeitores te armam, parece ser o ensino do verso 17. Quantos jovens caem, como aves incautas, nos laços armados pelos espíritos mal orientados. Ordinariamente só se encontram jovens metidos em quadrilhas. Não são homens de 50 anos, a não ser por exceção. A imaturidade da vida, a falta de experiência, é que levam tantos jovens à ruína. Os versos 18 e 19 descrevem a sorte inevitável dos que se entregam ao crime. Emboscados, esperando a hora de avançar, é quando a polícia os apanha ou um delator os bota a perder. Tal é a sorte de todo ganancioso (v. 19), de quem quer enriquecer sem fazer força, do que não se contenta com o fruto do trabalho honesto, que, sendo pouco, é muito, enquanto outro fruto, sendo muito, é nada. Não se conhece fortuna ganha por meio do crime. O diabo a dá e a
  • 34. toma. Assistimos, nestes dias, a prisão de contrabandistas de entorpecentes, em que milhões estão empregados. Já ganharam muitos milhões noutras aventuras, mas esta de agora sobrepuja todas as outras. Um contrabandista de heroína foi preso em Marselha, na França, com um carregamento do alimento para o vício calculado em 420 milhões, o bastante para abastecer durante um mês os viciados da América. Outros e outros vão sendo pegados. Possivelmente uns escapam, mas quem pode garantir isso a um? Não vale a pena tentar enriquecer sem fazer força, sem suar... a este espírito de ganância tira a vida de quem o possui (v .19). Voltamos a dizer que o crime não compensa. Esta foi a confissão de um criminoso convertido na cadeia, que depois se dedicou a trabalho honesto, vendendo Bíblias. "O crime não compensa." Este é o ensino dessa seção de Provérbios, onde os moços são advertidos de que a escada do crime leva à ruína. 3.1. EVITA AS MAS COMPANHIAS (1:8-33) 3.1.2 A Sabedoria clama nas ruas (1:20-23) Aqui a Sabedoria é personificada; vai falar pessoalmente, enquanto, na primeira seção deste Estudo, falou por meio do Pai, ao aconselhar o filho a ter cuidado. A Sabedoria é de Deus, e, segundo a nossa interpretação, é Jesus quem fala. Portanto, é Deus quem fala. Ela vai às praças, sobe aos muros da cidade e clama, mas a juventude transviada não a ouve; o povo é surdo aos seus apelos. Temos em mente os clamores dos profetas, através de toda a história de Israel, procurando trazer o povo para perto do seu Jeová, mas de nada valeu esse clamor. O povo rebelde, endurecido na rebeldia, foi levando a sua vida, até cair nas malhas dos conquistadores. Parece que essa parte resume os apelos dos profetas Oséias, lsaías, Jeremias e outros. Se assim é, os seus convites servem para nós também e para todas as gerações, em todos os tempos. Isaías, nos capítulos 28-31, faz um apelo ao povo para que confie em Jeová, e não em alianças políticas. De pouco valeu. Assim, aqui, a Sabedoria levanta a voz, mas ninguém lhe dá ouvidos. Então chama os néscios, e depois os escarnecedores e os loucos para que dêem ouvidos. São três classes de pessoas que desprezam a Sabedoria. Há multa gente néscia, simplória, que se deixa levar por qualquer conversa; e há os que escarnecem dos conselhos e zombam daqueles que os desejam trazer para o bom caminho, alegando que não é tanto assim, porque fulano está rico e feliz e eu continuo pobre, dizem. Os loucos ou tolos aborrecem os conselhos. De todos, os piores são os escarnecedores, os zombadores, que torcem os lábios, mostram os dentes, arreganham a boca e se contorcem em mímicas
  • 35. desonestas, contra os conselhos da Sabedoria. Estes facilmente levam os néscios, e até os loucos, ou tolos, noutros versos, os quais facilmente se deixam ilaquear pelas lábias dos zombadores. Para tal gente não há remédio, senão a experiência amarga e tardia. No hebraico o termo louco é nabhal, o mesmo nome do marido de Abigali, conforme I Sam. 25:36. Louco, grosseiro, Incapaz de reconhecer um conselho e um bom feito. O termo hebraico Ewil, para escarnecedor, descreve um sujeito incapaz de diferençar um bom conselho, e parece-se muito com o outro termo, Quezil, o tolo. É termo mais brando, porém nem por isso menos significativo, pois sua insegurança é sinônimo de loucura. Assim descreve esta seção uma súcia de indivíduos que são a escória de uma sociedade e levam muitos à perdição. Parece, estamos a ver uns moços que zombaram do profeta (I Reis 2:23, 24), e cujos resultados foram funestos para eles. O verso 22 é um resumo dos versos anteriores. Até quando, 6 néscios, amareis a necessidade? o vós, escarnecedores, desajareis o escárnio? o vós, loucos, aborreceis o conhecimento? Até quando? Há um limite para a paciência divina, e a Sabedoria clama enquanto é tempo. Não constrói, essa vossa atitude; mudai de rumo, deixai a tolice e a maldade. Convertei-vos e vive!. Parece que estamos lendo Isaías 55:2, clamando para que o povo venha a Deus e viva. A Sabedoria está chamando, como, em Isaías 11:2, convidava o Espírito de sabedoria e entendimento. Todo este ensino é um proto-evangelho; o Messias clamando contra o pecado, os vícios, as más companhias. O Messias dos Evangelhos é o mesmo de Provérbios, e, por esta razão, este livro tem tanto valor. 3.1.3 A Sabedoria reage (vv. 24-32) Estes versos representam a reação da Sabedoria ao desprezo dessa gente. O que agora para esse é uma alegre recusa aos conselhos dados, será mais tarde um remorso, justamente quando a Sabedoria zombar deles. Então a Sabedoria se rirá em seus rostos, como por tanto tempo riram-se dela. Este é um quadro dos Evangelhos quando Jesus pregava ao povo e riam- se dele e zombavam do seu ensino. Quando o terror vier sobre essa nação zombeteira, então se virarão todos para a Sabedoria, e ela zombará deles. Jesus mesmo disse a essa gente: Buscarme-eis, o não me achareis (João 7:34). Quando vier a vossa perdição, como redemoinho, quando vos chegar o aperto a angústia (v. 27), então me invocares, mas ou não vos responderei (v. 28). Há um tempo de buscar a Deus, como diz ]saías, enquanto se pode achar (is. 55:6), enquanto a sua paciência não se esgota. Para tudo há um tempo
  • 36. determinado, até para se crer. Há tempo quando a fé não opera mais. O autor conheceu um homem que pregava o evangelho a todos os seus conhecidos, e quando lhe inquiriam a razão de ele não ser crente, respondia: "Eu já rejeitei tanto que agora não posso mais crer." Certo chega esse tempo para muita gente, como diz a Sabedoria: procurar-me-ão, porém não mo acharão (v. 28). Há uma causa para esta recusa: rejeitaram o conhecimento, e não preferiram o temor de Deus, que é o princípio do saber (v. 7). Quem despreza o conselho de Deus sempre termina mal. Portanto, comerão o fruto do seu procedimento o dos seus próprios conselhos se fartarão (v. 31). Como pregador e pastor, temos visto gente que assiste a cultos toda uma vida e nunca se decide. Parece que o evangelho para tais pessoas é o mesmo que deitar água num cesto. Perderam o gosto pelos conselhos, e agora talvez nem sintam mais desejo de vir a Jesus. Essa a experiência de muitos pastores. Por sua resistência à verdade, muitos são destruídos, mortos por seu desvio, a os loucos, a sua impressão de bem-estar os leva à perdição (v. 32). É aparente o bem-estar dos que se desviam e parecem felizes na sua vida, e terminam arruinados. Isso parece-se com a Parábola do Rico Louco em Luc. 12:16-20. Superficialmente, tudo vai bem por algum tempo para os tais, até que o seu pecado os apanha. Este é o ensino da Sabedoria. Mas o que me der ouvidos habitará seguro (v. 33). Segurança permanente, só para os crentes na Sabedoria de Deus, pois eles são como o crente do Salmo 23 - ainda que andem pelo vale da sombra da morte não temem (v. 4). O assunto é dar ouvidos à Sabedoria para viver seguro; tudo mais é precário e de pouca duração. É felicidade aparente. Como vemos, o Primeiro Estudo, ou Conselho da Sabedoria, é assim preconizado - felicidade e segurança para o crente; destruição e miséria para o rebelde. 3.2. BUSCA A SABEDORIA (2:1-22) 3.2.1. Filho meu, se aceitares as minhas palavras... (2:1-8) Não há nada na terra dos viventes igual à Sabedoria, especialmente a Sabedoria de Deus. O ouro e a prata, as pedras preciosas, os amigos, o dinheiro e tudo que nesta vida tem valor, nada se pode equivaler à sabedoria, mesmo a considerada sabedoria mundana, adquirida nos colégios e universidades. Mas a Sabedoria que este capítulo ensina é outro tipo de sabedoria, é a sabedoria de Deus em Jesus Cristo, o Grande Mestre. Ele mesmo, quando em seus dias na terra, procurou inculcar nos seus ouvintes que as suas palavras eram a verdade, e que esta verdade é que libertaria o homem (João 8:32). Portanto, a sabedoria da terra é muito útil, e nós não nos ocuparíamos em diminuí-Ia. Entretanto, a sabedoria de Deus é suprema, para o
  • 37. tempo e para a eternidade. Mal vão os que, imbuídos de saber literário, se sentem suficientes e capazes para os embates da vida, quando, para os solenes problemas do agora e do depois, só a sabedoria de Deus vale. Com esta observação podemos examinar o que significa e o que vale a sabedoria. Esta seção do nosso Estudo e do sagrado texto oferecem três exigências: busca e diligência (vv. 3-5); o Senhor é a nossa sabedoria (v. 6); e, Deus vigia e guarda os que recebem esta sabedoria (vv. 7 e 8). Os princípios aqui envolvidos estão exarados noutras escrituras, como se a pessoa que fala aqui o fizesse noutros lugares. Quando Salomão teve aquele célebre sonho em Gibeão (I Reis 3:5-20), que pediu? Sabedoria para poder governar e dirigir o povo que ia cair sob a sua guarda. Não pediu dinheiro nem a vida dos seus inimigos, e, sim, SABEDORIA. Deus o ouviu no que pedia, e deu-lhe muito mais ainda: um coração sábio para entender os mistérios do governo divino na vida humana, quer das nações, quer dos homens. O mesmo sentimento Paulo expressa em Fil. 2:12-18, quando pede que os irmãos sejam sábios para entenderem os planos divinos. O capítulo 2 começa com a mesma frase do capítulo 1:8: Filho meu. É a sabedoria falando como pai a um filho, que deseja bem encaminhado na vida, dando-lhe os conselhos que qualquer bom pai daria a seu filho. Então faz um apelo: ... se aceitares as minhas palavras o esconderes contigo os meus mandamentos... (v. 1), e continua até o verso 4, mostrando que o jovem deve atender à sabedoria do pai (v. 2), inclinar o coração para entender: e, se clamares por inteligência o por entendimento, alçarás a tua voz; se buscares a sabedoria como a prata a como a tesouros escondidos a procurares, ENTÃO entenderás o temor do Senhor (vv. 3-5). Parece que estamos lendo o Salmo 119, com as suas 22 seções de oito versos cada uma, ocorrendo em todos a palavra lei ou um dos seus sinônimos. Ali estão a Sabedoria e a prática da lei como garantia segura da vida humana. Se o rapaz buscar tais bênçãos, atentar para a sabedoria divina, inclinar o coração para Deus, voltar a inteligência para as coisas celestiais, buscar esta sabedoria como quem busca prata preciosa ou tesouros escondidos, será feliz. A palavra coração, em português, não inclui os sentidos que possui no hebraico, quando reúne todos os sentimentos e afetos do ser humano. Assim, se um jovem, filho de bom pai, inclinar o coração para o entendimento, será um moço equilibrado, pois todos os seus poderes estarão igualmente equilibrados. O erro de muitos jovens consiste em, após conseguirem certa cultura, desprezarem a do coração e a sabedoria que vem da divina Palavra. Daí o descalabro da mocidade em suas vaidades, suas orgias e seus devaneios sociais. As coisas do mundo, como a prata, o ouro ou o dinheiro, que esses metais simbolizam, são aquisições boas, e não devem ser desprezadas; a sabedoria de Deus, porém, sobreleva todos esses valores. Todos nós lutamos por prata e ouro (dinheiro), e sem ele não se pode viver; mas sacrificar outros valores espirituais ao ganho, ao lucro material é insensatez. Jesus mesmo, o Mestre deste capítulo, ensinou nos seus dias que a primeira coisa a fazer era buscar o Reino de Deus e a sua justiça, porque tudo mais nos seria acrescentado (Mat. 6:33; 13:44). A nossa vida neste planeta está cheia de sobressaltos, de valas a transpor, de obstáculos a vencer, e não há sabedoria humana suficiente para essas lutas. Especialmente, para guardarmos as veredas do
  • 38. juízo (v. 8), isto é, andarmos na reta da vida e não descambarmos para as suas sinuosidades. O verbo "guardar" aqui tem o sentido de "vigiar", como quem presta atenção ao que está para chegar. As antigas cidades tinham os seus torreões, onde, de dia e de noite, os vigias das portas se postavam para dar o alarme, a qualquer perigo que se avizinhasse. Essa idéia deve estar incluída na mente do pai e do filho, para que vigiem o caminho, a fim de descobrir os perigos que podem chegar. O salmista aconselha: "entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará" (Sal. 37:5). O nosso caminho não nos é claro. Quem pode saber o que vem depois? Nas curvas da vida há emboscadas, e quem pode evitá-las? Só Deus pode, porque ele vê tudo que está adiante; para ele não há escuros nem imprevistos; tudo é claro. Então, se o rapaz lhe entrega o seu caminho, e ainda, por cima, o vigia, pode prosseguir seguro, sem receio de fracasso. Se o jovem atentar para estas coisas, ENTÃO entenderá o temor do Senhor, que é o princípio de todo saber. Esta frase é muito comum em Provérbios, pelo menos em seis lugares, que deixamos de referir aqui para poupar espaço. A sabedoria vem do Senhor (v. 6), e da sua boca vêm o entendimento e a inteligência. Há muita sabedoria que vem dos homens e que não desprezamos, mas a sabedoria que vem de Deus é suprema. Elo reserva esta sabedoria para os retos e dá escudo para os que caminham na sinceridade (v. 7). O escudo era a arma dos antigos gladiadores e soldados para proteger o peito, a parte mais vulnerável do corpo. A figura vale pela guarda e proteção que Deus dá ao jovem que caminha na sinceridade, sem mentira, falsidade, palavras torpes, descaminhos de tantos, como os tolos e os néscios. Há um pacto que Deus oferece ao jovem que anda nos retos caminhos do Senhor: Conserva o caminho dos seus santos (v. 8), e garante as virtudes referidas no verso 9. 3.2.2 Os benefícios da sabedoria (2:9-19) Podemos alinhar aqui diversos benefícios da sabedoria que valem mais do que o ouro e a prata, ou tesouros escondidos, pois estes se perdem, mas a sabedoria fica, Não morre com o seu possuidor, pois fica ainda para as gerações vindouras. O saber humano é um saber acumulado, em que gerações e mais gerações ajuntam, passam e deixam a sua riqueza. Ainda hoje os sábios constroem sobre o saber de Newton, no mundo da física; sobre Camões, nos domínios da poesia, e assim por diante. Quanto a fortunas, bem poucas permaneceram.' Os grandes tesouros acumulados por milhardários levaram destino ignorado. Ficaram um Rotschield, um Ford e poucos outros. O saber, que não tem família nem pátria, fica acumulado
  • 39. para gerações sem fim. Até hoje não se sabe que destino levou o tesouro de Salomão, a sua imensa riqueza, as toneladas de ouro que guarneciam o templo e a sua casa. Para onde foram? Ninguém sabe. Entretanto, o seu saber aqui está ante os nossos olhos, neste fabuloso Provérbios, no Eclesiastes e noutros livros. A sabedoria é o escudo da justiça, do juízo e da eqüidade, e sem ela não se entende a boa vereda da vida (v. 9). A sabedoria entra no coração, e faz o homem sábio. O bom siso te guardará, e a inteligência te conservará, para te livrar do caminho do mal e do homem pernicioso, que enche o mundo de coisas perversas. As livrarias estão pejadas de livros perniciosos para a juventude, a chamada literatura marrom, que a polícia uma vez ou outra joga no lixo. Estes são os homens maus que escrevem indecências para seduzir as mentes jovens, enquanto enchem a sua barriga de ganhos fáceis. Esta gente se alegra em fazer mal (vv. 11-14). Contra os tais só uma oração como o Pai Nosso, em que se pede a Deus que nos livre do mal, porque este é tão blandicioso, tão matreiro, que sua perniciosidade escapa ao pensamento de muitos. O verso 14 parece indicar certa qualidade de gente cujo prazer é fazer mal aos outros. É um sentimento sórdido, pervertido, doentio. Uma perversão dos sentimentos. Os tais seguem por veredas tortuosas e se desviam em seus caminhos (v. 15). Se o jovem entra num caminho tortuoso, por certo se desviará do caminho direito, porque uma vereda má conduz a outra, pior. Os grandes pecadores não nasceram assim, fizeram-se. Uma parenta nossa contava que, quando certa vez um criminoso, alcunhado de "Cabeleira", ia subir à forca, na cidade do Recife, pediu para se despedir de sua mãe. O pedido foi deferido e ela chamada para beijar o filho na desgraça. O "beijo" foi uma dentada que lhe arrancou a ponta do nariz, e depois ele explicou que a sua vida de crime tinha começado ao roubar um carretel de linha de uma vizinha, e sua mãe aceitou o roubo. Depois continuou roubando até ir à forca. A doutrina de lombroso, o grande criminalista italiano, peca em muitos aspectos. Ninguém nasce criminoso. Eles se fazem ao entrarem por caminhos tortuosos e se desviarem nos seus caminhos (v. 15). 3.2.3 Cuidado com a mulher adúltera (vv. 16-18) A sabedoria livra da mulher adúltera e da estrangeira, que lisonjeia com os lábios, a mulher que abandonou os caminhos da sua juventude e se esqueceu dos preceitos de Deus (v. 17). A casa desta pervertida se- inclina para a morte. O homem sábio livra-se dessa gente, que faz do vício e do pecado o seu ganha-pão. É uma chaga social, que nada pode modificar, a não ser o poder e a graça de Deus. Quase já não há tais mulheres; e se o autor do livro de Provérbios
  • 40. escrevesse hoje, diria que só o poder de Deus livra o jovem da promiscuidade social, em que dificilmente se distingue a mulher virtuosa da multidão de pobres pervertidas e desencaminhadas, aceitas no rol da gente bem. A adúltera, a quem assim se pode colocar o nome, não só peca contra o marido, como contra a lei de Deus, que diz: "Não adulterarás" (Êx. 20:14). A nossa sociedade está pervertida porque aceita e se acomoda a essa onda de prostitutas. Uma investigação feita num certo colégio nos EE.UU. revelou que entre as muitas moças não havia uma única virgem, e poucas não eram "promíscuas". É o caso de clamarmos a Deus, para livrar os nossos jovens de tais situações. 1 Todos os que se dirigem a essas casas de perdição, não voltarão o não atinarão (mais) com as veredas da vida, porque as veredas da vida destas pobres infelizes vão para o reino da sombra da morte (v. 18). Haverá coisa mais perniciosa, mais degradante, mais nauseabunda do que um "mercado" do sexo montado na Dinamarca, uma nação outrora luterana, isto é, evangélica? Não é sem motivo que as doenças venéreas na Dinamarca, e também na Suécia e na Noruega, são do mais alto índice em todo o mundo, e com estas doenças, o aniquilamento da juventude e o caminho da morte física, porque a morte moral foi a primeira que chegou. Só a sabedoria divina pode livrar um jovem desse caminho que conduz à sombra da morte e do aniquilamento. Os tais não atinam com a volta ao bom caminho. O Autor desta sabedoria, que é Cristo mesmo, pinta com as cores mais sombrias este quadro degradante, que, naqueles afastados dias, seria diferente. Somente Cristo pode nos livrar dessa e de outras pragas sociais; é por isso que os pastores procuram cuidar da sua mocidade, a fim de esta não cair em tais redutos do vício e do crime sexual. Infelizmente também há médicos e professores que encaminham os jovens para tal prática, sob a alegação de que é necessário à saúde. Se tal coisa pudesse ser aceita, então seria o caso de se rasgar esta página de Provérbios. As relações sexuais são boas e sadias quando praticadas de acordo com a moral e a higiene; e são mesmo bíblicas, pois Deus fez o homem e a mulher e mandou que procriassem, porém jamais em qualquer parte da Revelação se aconselhou a promiscuidade sexual, a busca da mulher ou da filha dos outros. Isso ocorre por conta de homens desfibrados, e não da boa saúde. A nossa experiência de muitos anos, lidando com jovens, é que os que se mantêm puros fora do matrimônio, os que não se tornam fornicários, são os mais atilados e intelectuais. Não pode ser sem razão que a divina Sabedoria aconselha a fugir da mulher adúltera e da mulher perdida. 1 Uma pesquisa mandada fazer pelo governo americano revelou que 459ó das mulheres americanas não chegam virgens aos 19 anos. Das entrevistadas, 60% tiveram relações sexuais com um homem durante um mês, mas a maioria tinha tido tais relações com diversos (jornal do Brasil de 1015172). Para onde vai a sociedade?
  • 41. 3.2.4 Uma volta depois do desvio (2:20-22) Depois do verso 11, o autor fez uma volta ao redor de muitos crimes e vícios, para alertar o jovem dos perigos do caminho errado, para então voltar ao pensamento inicial (v. 11), de que o dom da sabedoria de Deus não só protege o homem desses maus caminhos, mas também o capacita para o desempenho dos deveres de uma vida reta e decente. Noutra linguagem, os que se desviam ficam fora do caminho do bem e fora de Deus. Os que se desviam de tais caminhos tortuosos, andarão pelo caminho dos homens de bem, e guardarão as veredas da justiça. É o caso de perguntarmos: Esses homens, que assim se desviam dos bons caminhos, poderão ensinar a justiça e a moral? Foi há pouco incluído no currículo escolar a disciplina de Moral e Cívica. Quem poderá ensinar esta disciplina? Só se por moral entendermos não roubar, nem perjurar, e por civismo, amar a pátria. Muito bom, mas não basta. É metade do ensino que se deve dar, se este é o caso. Os que andam pelos caminhos retos são os que habitarão a terra, e os íntegros habitarão nela, ou permanecerão nela (v. 21). A decadência dos povos sempre resultou da devassidão. Enquanto os romanos permaneceram puritanos, enquanto lutavam para construir o seu império, foram um povo invencível. Depois que se deram às suas saturnálias e bacanais, aos seus deboches, a nação caiu. Quantas nações têm caído assim? Por que caíram? Por causa do seu pecado e do seu afastamento de Deus e da moral. Nenhum povo vai permanecer na terra se pecar contra Deus. Nós nos sentimos horrorizados com o aborto livre, que o Presidente Nixon, dos EE.UU. reprovou na Comissão nomeada para estudar os problemas sociais, alegando que tal prática era uma vergonha para a nação (Revista Time de 17 de abril de 1972). Não vale alegar, que clandestinamente isso se pratica em grande escala até no Brasil. O responsável é uma nação dita cristã oficializar tal prática. Os perversos serão eliminados da terra o os aleivosos serão dela desarraigados (v. 22). Diz-se que esta ordem de coisas em nosso planeta caminha para o fim. Acreditamos. Pode ser um fim causado por uma autodestruição ou determinado pela história divina. O fim há de vir, porque tudo que começa tem um fim, mas até que este fim chegue, os que viverem verão os resultados dos povos que se entregam ao deboche sexual e social. Não podemos agradecer a Deus pela pureza do Brasil, mas agradecemos porque ainda não descemos tanto neste sentido como os europeus. A terra. com sua plenitude, é do Senhor (Sal. 24:1; I Cor. 10:26) (Boa leitura é Sal. 31:1-11). Ora, se a terra, com tudo que tem, é do Senhor, então, sem qualquer dúvida, ele a dá a quem quer e a tira de quem quer. Isso está fartamente demonstrado na história. Os perversos e os aleivosos serão desarraigados da terra. Os povos que se entregam à dissolução e até a oficializam serão destruídos. Parece que estamos vendo o fim da gloriosa civilização, criada pela Reforma, quando as nações foram bafejadas pela Bíblia e depois se prostituíram. Nosso Senhor, nas bem-aventuranças, disse que os mansos possuirão a terra (Mat. 5:5). Mansos aqui não designa apenas o pacífico ou pacifista, mas os limpos de coração, que verão a Deus. Aí está a lição; aprenda-a quem quiser. De Deus não se zomba, pois tudo o que o homem semear, isso colherá (Gál. 6:7).
  • 42. 3.3. CONFIANÇA E OBEDIÊNCIA (3:1-10) As promessas de Deus são sempre SIM. Jamais se comprovou que ele falhasse, mesmo quando aqueles a quem ele prometeu ajudar falharam. Esta é a história do povo judaico, que olvidou o cumprimento dos seus deveres religiosos, de fidelidade ao concerto feito com eles, e por isso quebrou o mesmo concerto, quando rejeitou o Messias prometido. Todavia, Deus manteve a sua palavra porque não podia falhar (Rom. 11:1, 2). Deus não rejeitou o seu povo. Deus é fiei aos que lhe obedecem, e esta é a grande lição deste terceiro conselho. 3.3.1 A Sabedoria chama o filho à ordem (3:1-4) Note-se que a Sabedoria começou chamando o filho a precaver-se contra as seduções dos pecadores (1:8), contra a recusa em aceitar as suas idéias (2:1), e agora a não esquecer os seus ensinos (3:1). Em todas estas admoestações, ela, a Sabedoria, mostra que é a melhor coisa da vida, e, por ser pura e sóbria, contrapondo-se a toda perversidade, dolo e mentira, adverte que o filho não esqueça os seus conselhos, insistindo que o coração do filho guarde os seus mandamentos, para ter vida longa e feliz. Parece que estamos ouvindo Moisés no deserto, aconselhando os filhos a ouvirem e obedecerem a seus pais, para terem longa vida na terra (Êx. 20:12), e Paulo, quando advertiu os jovens a respeitar e amar a seus pais, para terem vida longa (Ef. 6:1, 2). Afirmam os teólogos que os pais estão no lugar de Deus, para a propagação da espécie, e por isso merecem todo o respeito e acatamento, como se fossem deuses. Há muita verdade aí. É isso que a Sabedoria aconselha ao Filho querido, para aumentar os seus anos de vida na terra. Esse é o tema desse conselho: sabedoria que, por sua vez, envolve respeito aos pais e, por seu turno, a Deus. Além da obediência aos pais, recomenda a Sabedoria que não te desamparem a benignidade, e a fidelidade, ata-as ao teu Pescoço, escreva-as na tábua do teu coração (v. 3) Não é muito fácil interpretar este verso. Benignidade (hesedth) parece que representa "amor-de-concerto" . O concerto feito por Deus com o povo mostra toda a benignidade de Deus, a sua bondade e paciência, para com quem nada tinha feito para merecer essa bênção. Ao contrário. Em Deut. 6:5 e Lev. 19:18, se ensina que amar a Deus de todo o coração é a suprema lei, e esta recomendação deve ser atada ao coração, enquanto Levítico manda ser benigno para com o próximo. O Grande Mandamento é: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma... ; e ao teu próximo como a ti mesmo." Então a benignidade é para com o próximo faltoso, que necessita misericórdia, como Deus a havia demonstrado para com o povo de Israel. Escrever na tábua do coração este mandamento é o mesmo que repetir Deut. 6:5. Pelo visto, o autor de Provérbios estava em dia com a lei. Fidelidade (hebraico emeth), vale por firmeza, e dignidade
  • 43. e estabilidade, tudo em referência à lei, com os seus reflexos na vida do hebreu. Os termos correspondentes também valem, tais como sinceridade, compreensão e paciência. É assim que o Senhor se apresenta em Apoc. 19:11: Fiei e Verdadeiro. Estas qualidades humanas reúnem as demandas da lei no que respeita a Deus e ao próximo, bem assim as duas tábuas da lei. Quem não ama o próximo (irmão) a quem vê, como poderá amar a Deus? (1 João 4:20). Nisto se cumpre a lei.. Provérbios tem a norma divina do evangelho - Amar o próximo como a si mesmo; e, se alguém não ama o próximo, o amor de Deus não está nele. O conselho para que estas qualidades sejam atadas ao coração é um apelo dos mais incisivos, quanto ao dever do bom judeu e, por sua vez, do bom cristão (ver Jer. 31:33). Estas grandes qualidades do hebreu preparam o terreno para o verso 4, onde se lê: E acharás graça e boa compreensão diante de Deus e dos homens. Lembrando-nos de que é Jesus quem fala nessa Sabedoria, podemos entender o alcance dessas recomendações e dessa promessa de encontrarmos graça e boa compreensão (entendimento) diante de Deus e dos homens. Estas palavras resumem o Evangelho como se encontra em muitos passos. Lendo Provérbios, tão pouco conhecido, estamos lendo antecipadamente o Evangelho de Jesus, muito precioso. É certo que nada se encontra nos Evangelhos que não esteja no resto da Bíblia, Velho Testamento. Todavia, a impressão que se tem é que Jesus trouxe tudo novo para a economia humana. Por muitos lados podemos ver que deu uma interpretação nova da lei, como se vê em Mat. 5:7, mas o cerne desta interpretação estava na lei, mesmo que em outras palavras. Benignidade, fidelidade e graça são termos correntes no Novo Testamento. Esta linguagem prepara o leitor para o verso 5: Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. 3.3.2 Confiança no Senhor (3:5-10) Confiança de todo o coração é um postulado do evangelho. Reconhecer a. Deus em todos os departamentos da vida é o mesmo que amar a Deus de todo o coração. Os que se estribam em seu próprio raciocínio e se deixam levar por suas próprias conclusões estão errados. Quando a Escritura manda dar a Deus o que é de Deus, inclui aquilo que lhe devemos, e mais o dizimo das nossas rendas, costume que bem poucos praticam. O que prevalece em nossas relações com Deus é o nosso entendimento, o modo como entendemos as coisas do evangelho. Por isso o escritor inspirado recomenda que não nos estribemos em nosso próprio entendimento, porque podemos estar certos em nosso raciocínio, mas errados em relação a Deus. É como dizem os filósofos: Podemos raciocinar certo, porém com premissas falsas; então
  • 44. o resultado tem de ser falso. Isso é o que acontece com a maioria dos cristãos. Essa condição de confiar no Senhor leva-nos ao verso 6, que diz: Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. O texto sagrado admite veredas erradas, e há mesmo. Tornemos ao caminho reto, caminho feito por Deus, não nos estribando em nossos entendimentos, em nossos raciocínios, pois podemos estar errados mesmo sendo sinceros. A advertência "endireitar o caminho" é usada em ls. 40:3, em relação com a obra de Jesus, que, segundo a pregação de João, o Batista (Luc. 3:4-6), veio endireitar os caminhos tortuosos. corrigir as suas veredas. Vemos, por essa amostra, como as Escrituras se entrelaçam num mesmo sentido doutrinário, quer no Velho, quer em o Novo Testamento. Os que viajam pelo interior de qualquer país, especialmente pelo Oriente, sabem o que é endireitar caminhos e veredas, cheios de pedras e cabeços. Arredar as pedras e cortar os cabeços ou montículos é obra que os antigos não conheciam. Quando encontravam um montículo rodeavam-no, aumentando o mesmo caminho. O que o texto nos indica é que o Senhor endireita o nosso caminho e faz planas as nossas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos... (v. 7). Não pretendas substituir a Deus em teus caminhos, não presumas, não de enfatues, não te ensoberbeças, dizem outros passos. É muito fácil uma pessoa julgar-se sábia aos seus próprios olhos, e entender que a sua maneira de nortear a vida é que vale. A recomendação é ser humilde, não se supor entendido nas coisas de Deus. Os grandes sábios foram e são, em regra, homens humildes e tementes a Deus. Conta-se que quando Benjamim Franklin entrava no seu gabinete, seu primeiro ato era abrir a sua Bíblia e orar, pedindo luz. A verdadeira sabedoria leva o homem a apartar-se do mal, pois Isto será saúde para o teu corpo o refrigério para os teus ossos. A Antiga Versão de Almeida diz: Isto será remédio para o teu umbigo o medula para os teus ossos. Preferimos esta versão. O umbigo é o começo da vida e, quando não é tratado logo ao nascimento, pode pôr em risco a vida do recém-nascido. A Septuaginta também traduz como a Versão Revista da SBB, porém a antiga versão neste ponto parece melhor. Assim, em lugar de refrigério, medula, em lugar de saúde, remédio, e, em lugar de ossos, umbigo. Ossos sem medula não funcionam; é a sua base de existência. O temor ao Senhor determina todos esses favores divinos. Tais ensinos nos levam aos versos 9 e 10, onde lemos: Honra ao Senhor com os teus bens (tua fazenda), e com as primícias de toda a tua renda. A reverência devida a Deus leva ao reconhecimento de que é o Senhor de tudo, e então somos atraídos a honrá-lo com os nossos bens e com a nossa renda. Esta doutrina está em conformidade com Mal. 3:10 e 1I Cor. 9, bem assim com a parábola dos talentos e a das minas. A doutrina do dizimo e das primícias era preceito muito sério entre os hebreus. Podiam estar errados muitas vezes, mas nos pagamentos devidos ao Senhor eram pontuais, inclusive na remissão de todos os primogênitos de animais ditos impuros. Os primeiros frutos da terra eram trazidos ao templo para os sacerdotes, assim como os dízimos do azeite, do vinho, do trigo e de tudo quanto colhiam, sendo entregues ao mordomo para sustento dos mesmos. Quando os hebreus negligenciavam essa doutrina, os sacerdotes tinham de ir para as suas chácaras, cultivar a terra para comerem.
  • 45. A verdade é que os crentes devem temer ao Senhor em primeiro lugar, para então entregar- lhe os dízimos e as ofertas. Se, porém, não temem ao Senhor, não lhe pagam nada. É isso que acontece com 70% dos crentes; não temem a Deus e nada levam à sua casa. Será que isso ficará assim mesmo? Não, não ficará. O verso seguinte diz: E se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares. É fartura sempre ausente nas casas dos faltosos. Não há crente que prospere roubando a Deus, como não há crente empobrecido quando dizima a sua renda Agora todo brasileiro é obrigado a pagar 15% e até muito mais, conforme a sua renda, para o governo. Não pague, para ver uma coisa. Mas em roubar a Deus nada acontece; Deus não vem cobrar, como pensam os tais, e então podem ficar devendo. Este autor acha que Deus não perdoa. Mais dia menos dia, ele vem buscar o seu, de um modo ou de outro; e, não fora assim, de nada valeria a promessa. Uma virada ao Antigo Testamento ajudaria muito os crentes desobedientes e incrédulos nessa doutrina (ver Deut. 26:1-15 e referências). O Senhor, que ordenou a doutrina d o dizimo e das primícias, é o mesmo que exige em Provérbios, honra a Deus com os teus bens e com toda a tua renda, 3.4. DELEITA-TE NA DISCIPLINA DO SENHOR (3:11-20) 3.4.1 O deleite na lei do Senhor, o tema desta seção (3:11-15) A Sabedoria é a única bênção, o único elemento, que pode trazer segurança à vida humana. Deus disciplina o homem, especialmente o salvo, que tanto recebe as graças agradáveis dadas por Deus, como as desagradáveis, que são o castigo. Bem poucas vezes entendemos esta espécie de bênção, que se nos afigura castigo ou então abandono da parte de Deus. O autor da Carta aos Hebreus não nos deixa em dúvidas a respeito, quando diz: Porque o Senhor corrige ao que ama e açoita a todo filho que recebe (Heb. 12:6). É a mesma doutrina do verso 12 de Provérbios: Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem. Há meia centena de casos exigindo a repreensão, usados na Bíblia, pelo que podemos concluir que repreender ou castigar fazem parte da economia divina para a vida humana. Provérbios usa estas palavras 18 vezes, por onde podemos concluir que a sabedoria consiste em corrigir. Pais que não corrigem os seus filhos com amor arrependem-se muito tarde, quando já estão desviados e sem jeito. Outros os repreendem de modo desumano, o que também não corrige. Uma advertência aqui seria oportuna: corrigir o filho é querer vê-lo no bom caminho; não o corrigir é esperar que ele se desvie e se perca. Com estas advertências, o escritor sagrado passa a outro assunto, a outro campo da felicidade, que é o encontro com a sabedoria ou o senso do bom viver. Parece que ao seu lado havia muitos preocupados em ajuntar riquezas, descuidando-se de Deus. Então ele vem e promete a sabedoria celestial como algo bem superior às riquezas da terra (vv. 13-18). Certamente, não se trata especificamente de sabedoria livresca, mas de sabedoria que nasce da comunhão com Deus. Esta sabedoria é mais preciosa do que o lucro que dão a prata e o ouro (v. 14). Mais
  • 46. preciosa ainda do que as pérolas e tudo que se pode desejar não é comparável a ela (v. 15). O que possui tal sabedoria é mais feliz e seguro do que aquele que amontoa prata e ouro, que facilmente se podem perder. O verso 14 se parece muito com uma parábola de nosso Senhor, quando compara a salvação a uma pérola preciosa ou de grande valor (Mat. 13:45, 46). Nós já apreciamos, noutro local, que as riquezas produzem um bem-estar fictício, e, se puderem ajudar a viver um pouco, esta ajuda não permanece, pois até aos que morrem deixando fortunas, estas trazem consigo o germe de contendas entre os que vão herdá-las. 3.4.2 Algumas conseqüências da sabedoria (3:16-20) Uma das conseqüências da sabedoria divina é o alongamento da vida (v. 16). A vida longa consiste em certa resistência orgânica, do bom trato que se dá ao corpo; entretanto, o seguir a sabedoria do Senhor é o fator principal de uma vida longa. Foi isso que vimos em relação ao temor que se deve aos pais, em que Deus promete longos dias na terra. Por outro lado, além da longura de dias, vem a riqueza, que outros buscam por outros caminhos. Na mão direita está a longura de dias, e na esquerda, riquezas e honras (v. 16). Isto porque os seus caminhos são caninhos deliciosos, o todas as suas veredas, paz (v. 17). Não há felicidade nas riquezas se não houver paz no coração. Isso vale por todo ouro que se possa ajuntar. A história já demonstrou sobejamente que dinheiro, como tal, não traz felicidade; só quando vem acompanhado de outros elementos, como o temor de Deus e obediência às suas leis. A sabedoria divina é árvore de vida para os que a alcançam (v. 18). Recordemos a árvore da vida que Deus colocou no jardim do Éden, e que Perown chama de árvore venenosa, salientando que tal árvore do conhecimento do bem e do mal era um veneno (Cambridge Bible for Schools and Colleges). Não concordamos com esse autor famoso, a não ser quanto às conseqüências do uso da liberdade de comer da árvore proibida. Em si seria boa, tanto que ela volta a ser oferecida aos crentes no Apocalipse (22:2). Aqui ela é um ornamento dado para a saúde das nações. Logo, não é uma árvore venenosa. Os versos 19 e 20 são uma exaltação da Sabedoria divina, sabedoria que nos é oferecida. Foi esta Sabedoria que orientou o Criador ao fazer este Universo maravilhoso. Em João 1:1-3 somos informados de que o divino Verbo estava no princípio com Deus e por meio dele tudo foi feito, e sem ele nada do que foi feito se fez. O Divino Verbo criou o universo, e esta criação foi produto da sua sabedoria, que é aqui exaltada admiravelmente. Como já foi notado, esta Sabedoria em Provérbios é a sabedoria de Cristo, ou Cristo é a Sabedoria de Provérbios. Aqui não estamos lidando com a sabedoria comum, mas com a Sabedoria divina, personificada em Jesus pré-encarnado. É ele que fala aos homens do Antigo Testamento. É ele que admoesta os mesmos homens a se virarem para esta Sabedoria, que é ele mesmo. O verso 20 nos leva a Jó 38, quando Deus mostra que é ele quem governa os mundos, as nuvens, os trovões, os animais e tudo mais na face da terra. Pelo conhecimento desta Sabedoria, os abismos se rompem e as
  • 47. nuvens destilam água (v. 20). O autor de Jó, capítulo 38 e seguintes, é o mesmo de Provérbios, especialmente de 1-9. É uma certeza feliz a gente saber que está lidando com a Sabedoria em pessoa quando medita nesses versos. Sentimo-nos mais perto do Senhor. Não há necessidade de especular, como fazem alguns comentadores, ao discutirem se é Deus quem fala aqui, ou se é uma personalidade dele, ou mesmo um destilamento de saber do autor do livro. Nós não temos tais preocupações. Para nós, é claro que o Cristo pré-encarnado fala aqui como fala no resto do Velho Testamento, através dos profetas. Por isso este livro, tão pouco lido, é para nós um manancial de sabedoria para a vida cotidiana, veio capaz de guiar o homem pelas suas veredas, até encontrar o único caminho que conduz ao céu (João 14:1-3). 3.5. OS EFEITOS DA SABEDORIA (3:21-35) A Sabedoria não se extingue com uma série de observações para a vida. Vai mais longe e descobre os segredos mais profundos da vida mesma (v. 26). Somos, então, de parecer que um estudo tão exaustivo quanto possível desta Sabedoria só nos pode fazer bem. 3.5.1 A sabedoria e a segurança da vida (3:20-29) A primeira bênção da Sabedoria e do bom siso é a vida da alma (v. 22). Alma (no hebraico nephesh, ou nefás, como se grafa agora) é o fôlego de vida, que Deus implantou no homem depois de lhe soprar nas narinas (Gên. 1:24 e 2:27). Em nosso Estudo no Livro de Ecleslastes, capítulo 3, examinamos um tanto exaustivamente a diferença entre o nephesh dos seres viventes e o nephesh do homem que foi tornado ser vivente depois de Deus lhe soprar nas narinas, transmitindo-lhe o fôlego da vida especial. Acreditam alguns comentadores que nephesh originalmente significava garganta, e daí passou a significar ser vivo. Ignoramos tal evolução do termo, pois em Gênesis é mesmo ser vivente. Pondo de lado especulações, que pouco adiantam, verifiquemos que a obediência à Sabedoria é saúde para a alma o adorno para o pescoço (v. 22). A saúde ou a vida da alma dependem da obediência ao Criador. O homem foi feito à imagem e semelhança de seu Criador, e só pode encontrar felicidade em comunhão com Ele. Fora disso, é especular sobre os caminhos da vida.