PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Ambiguidade na linguagem
1. Colégio e Curso Coração de Maria
AMBIGUIDADE
Profª Evelyn Leite
2. Ambiguidade
É a "circunstância de uma comunicação lingüística se prestar a mais de
uma interpretação.” (CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática.
Petrópolis: Vozes, 1986).
A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma
mesma mensagem. É uma figura de palavra e de construção.
A inadequação ou a má colocação de elementos como
pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados
inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo a clareza do
texto.
3. Embora funcione como recurso estilístico, a ambigüidade também pode ser
um vício de linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase. Nesse
caso, deve ser evitada, pois compromete o significado da oração.
Exemplo:
" (...) os corpos do casal B serão exumados pela segunda vez nesta semana."
(Folha de S.Paulo)
Comentário:
Os corpos serão exumados pela segunda vez, desde quando o inquérito
começou; ou os corpos serão exumados duas vezes numa mesma semana,
"nesta semana"? (Unicamp)
Correção:
“... Esta semana, os corpos do casal B serão novamente exumados. É a segunda
vez que o procedimento se repete desde que o inquérito teve início.”
4. Exemplo:
“O professor falou com o aluno parado na sala"
Comentário:
Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste
enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A
solução é, mais uma vez, colocar "parado na sala" logo ao lado do
termo a que se refere:
Correção:
"Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou
com o aluno, que estava parado na sala".
5. Exemplo:
"A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."
Comentário:
O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o
ladrão nessa rua? A ambigüidade resulta da má
colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque
"na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se
refere:
Correção:
“Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia
cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos"
6. Exemplo: "O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico
em novembro passado na Arábia Saudita, onde comeu um peru fantasiado de
marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos."
(Veja, 09/01/91)
Comentário I: Às vezes, quando um trecho é ambíguo, é o conhecimento que o
leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que lê.
Um bom exemplo é o trecho acima, no qual há duas ambigüidades, uma
decorrente da ordem das palavras e a outra, de uma elipse do sujeito.
Comentário II: Pode-se entender que o peru estivesse fantasiado de marine
(fuzileiro naval), e não o presidente. Por outro lado, é possível entender que o
presidente estivesse sendo servido aos soldados no bandejão, e não o peru.
Correção: “O presidente americano, fantasiado de marine, produziu um
espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, quando
comeu peru no mesmo bandejão de que se serviam os soldados americanos.”
7. Exemplo: "A principal notícia foi o bate-boca entre os
presidentes do Senado e da Câmara que chocou a todos."
Comentário: A ambiguidade na frase acima reside na
incerteza de identificar o que chocou a todos: o bate-boca ou
a notícia? Apenas a reescrita pode esclarecer.
Correção: “A principal notícia, que chocou a todos, foi o
bate-boca entre os presidentes do Senado e da Câmara.”
8. “Bruno Gagliasso revela que está escrevendo um livro na
bienal”.
Não vai dar tempo, porque a Bienal do Livro (Rio) vai
apenas até o dia 20 de setembro.
Ou Gagliasso acelera a escrita ou o redator muda a
manchete para: “Bruno Gagliasso revela, na Bienal, que está
escrevendo um livro”.
9. O mau uso dos possessivos
O diretor geral de um banco estava preocupado com um jovem e
brilhante diretor que, depois de ter trabalhado durante algum tempo junto
dele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia.
Então o diretor do banco chamou um detetive particular e disse-lhe:
-“Siga o diretor Lopes uma semana.”
O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
-“O diretor Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o seu carro, vai à
sua casa almoçar, namora a sua mulher, fuma um dos seus excelentes
charutos cubanos e regressa ao trabalho.”
Responde o diretor:
- “Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.”
Logo em seguida, o detetive pergunta.
-“Desculpe. Posso tratá-lo por tu?”
-“Sim, claro”, responde o diretor, surpreendido.
- “Bom, então vou repetir”, disse o diretor. “O diretor Lopes sai
normalmente ao meio-dia, pega o teu carro, vai à tua casa
almoçar, namora a tua mulher, fuma um dos teus excelentes charutos
cubanos e regressa ao trabalho.
10. Algumas acepções da palavra receita
Cul. Relação dos ingredientes e do modo de
preparar um prato.
Renda, montante arrecadado, quantia
recebida.
Bras. (Com maíuscula) Receita Federal.
Órgão do governo federal que se ocupa da
arrecadação de impostos.
Cesta básica = cesta contendo alimentos.
Ao dizer “ com a básica União sua
RECEITA rende muito mais“, o anúncio
sugere, por exemplo, que usando um
quilo de açúcar União se poderia fazer um
número maior de receitas que usando um
quilo de açúcar de outra
marca, consequentemente sua RECEITA
(salário) renderia mais.
11. No exemplo abaixo, a
ambiguidade gerada pelo pronome
possessivo SUAS, adquire um sentido
absurdo e cria um problema na
construção do sentido do texto. Que
tal corrigir esse problema?
Correção:
“Recolha as fezes de seu cachorro e
mantenha-o fora dos jardins.”
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19. O out-door da Assistência Funeral SINAF “Como arrumar uma coroa” utiliza da
ambiguidade do verbo arrumar e do substantivo coroa, utilizados no seu sentido
conotativo (arrumar = conseguir, coroa = senhora idosa) e é a provocação que o
texto faz ao colocar a imagem de um senhor idoso e jovial (um coroa esperto) ao
lado da mensagem escrita.
Porém, com o auxílio da imagem (este senhor idoso) atrelada ao nome do
produto (Assistência Funeral) se desfaz a ambiguidade. O verbo arrumar e o
substantivo coroa passam a ter seu sentido original, denotativo (conseguir e
enfeite de flores utilizados em funerais).
20. Exercício de Fixação
1- Indique as ambigüidades das frases a seguir, devido à má colocação da
palavra em destaque:
a) O juiz declaro ter julgado o réu “errado”.
b) Conheço uma professora de literatura “inglesa”.
c) O piloto “enjoado” levantou vôo.
d) Comprou o carro “rápido”.
f) Confessou os erros que cometeu “com franqueza”.
g) O jornal criticou a peça exibida “com um critério
arbitrário”.
2- Assinale o item em que o pronome relativo QUÊ pode causar ambigüidade:
A) O homem QUE cumprimentei é o gerente desse banco.
B) O aluno QUE estuda vence cedo ou tarde.
C) A casa em QUE moro fica próxima ao centro.
D) Não conheço o pai do menino QUE se acidentou.
3) Assinale o item em que não há possibilidade de ocorrer leitura ambígua.
A) Deixe o cigarro correndo.
B) Vendo carne aos fregueses sem pelanca.
C) Meias para mulheres pretas
D) Camas para crianças de ferro.
21. 4) Nos casos abaixo, assinale o item em que não ocorre um caso de
ambiguidade lexical:
A) Estudantes viram piranhas.
B) Corto cabelo e pinto.
C) A mãe olhava a filha sentado no sofá.
D) O dinheiro estava no banco.
5) Nos pares de frases abaixo, apenas num dos itens temos o mesmo
sentido:
A) Exigir de Pedro o livro / Exigir o livro de Pedro.
B) Olha isso aí / Olha isto aqui.
C) Quem mata as matas / As matas, quem as mata?
D) Os jogadores de futebol viram feras no Zoo / Os jogadores de futebol viram
feras no jogo.