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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº 1326
Agosto/2013
A cooperação familiar garante qualidade
de vida no Semiárido
Senador Pompeu
O Açude Patu, no município de Senador Pompeu, Ceará, começou a ser construído no
ano de 1919 do século passado, a obra foi paralisada em 1924. No ano de 1932, o canteiro de obras
abandonado foi transformado em um campo de concentração, uma grande tragédia, provocada
muito mais pelas questões políticas que pelo fenômeno natural da seca, que teve como
consequência o confinamento de 16 mil sertanejos em condições desumanas e a morte de
milhares. Na primeira metade da década de 1980, durante a retomada das obras, mais uma vez
centenas de famílias foram impactadas, com a remoção de comunidades, desvalorização das terras
e benfeitorias, fato que motivou a organização e mobilização dos agricultores e agricultoras para
reivindicarem seus direitos, até então negados.
No cenário de lutas e sofrimento
do passado, hoje vigora a esperança, o
sonho, a superação, conquistas, experiências
que promovem mudanças no cotidiano das
famílias e sua relação com Semiárido. Na
comunidade Carnaúba dos Marianos, que fica
localizada às margens do Açude Patu, um
grupo de agricultores e agricultoras, formado
por três famílias desenvolvem atividades que
promovem a convivência com o Semiárido de
forma sustentável. Uma delas é a piscicultura,
que vem garantindo alimento de qualidade e
renda para as famílias.
A atividade foi iniciada através do
Projeto Dom Helder Câmera, desenvolvido no
município pelo Centro de Defesa dos Direitos
Humanos Antônio Conselheiro, com a implantação de uma unidade demonstrativa no ano de 2009.
Com o projeto foi possível realizar capacitações, intercâmbios, compra das gaiolas, alevinos e
ração para iniciar a produção.
Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
2
Realização Patrocínio
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Antes, por falta de conhecimento, era praticada a pesca predatória, o que levou à
escassez do peixe, acabando com a principal fonte de renda das comunidades do entorno do
açude. Tal fato foi decisivo para uma mudança de postura, no sentido de se buscar alternativas
sustentáveis para a garantia da subsistência das famílias. “A chegada do Projeto Dom Helder
mostrou o que poderia ser feito com o que a gente tem aqui suficiente, que é água,” relata Sérgio
Moreira da Silva, beneficiário do projeto. Segundo ele,no início eram nove famílias envolvidas, “hoje
são três as famílias que acreditaram e deram continuidade, e já estamos colhendo os frutos desse
investimento, melhorando a renda e a qualidade da alimentação da nossa família”.
Mesmo com o fim do projeto, o grupo formado por três famílias, composto por nove
integrantes, entre homens, mulheres e crianças, dão continuidade à produção de tilápias em
gaiolas, nas águas do Açude Patu. O trabalho é realizado em cooperação familiar, onde todos
participam diretamente das atividades, tanto as mulheres como os homens e as crianças sempre a
observarem os pais no sentido de absorverem o conhecimento e aprenderem a valorizar o trabalho
familiar. O modelo de gestão colaborativa tem sido fundamental para o crescimento da atividade.
Tanto as mulheres quanto os homens realizam o trabalho de alimentação, pesagem, limpeza e
captura dos peixes. Todos e todas foram enfáticos em afirmar a importância do trabalho coletivo,
da cooperação, onde cada um tem sua função dentro do processo, não havendo trabalho mais ou
menos importante. “Aqui tem a participação da mulher, que a gente sabe que antes não era
valorizada, mas hoje a gente tem consciência da nossa importância, temos direitos iguais”, explica
Dorinha Alves.
Atualmente o grupo continua recebendo assistência técnica através do Centro de Defesa
dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro. Para Sérgio Moreira, a parceria com o CDDH-AC é
fundamental para a continuidade do projeto, tanto com relação à assistência técnica, como no
apoio logístico, para a compra de alevinos, ração e a comercialização. “O aprendizado é muito
importante e a cada dia a gente aprende coisas novas que melhoram o nosso trabalho”, diz Edival
Alves da Silva. Esse aprendizado é adquirido através da prática, dos intercâmbios e capacitações.
Todo o trabalho é cuidadosamente gerenciado, no sentido de garantir uma boa produção,
organizada através de ciclos, para que sempre tenha peixe para vender e para a alimentação.
Em cada ciclo, as famílias colhem cerca de 1500 kg de tilápia. O peixe é vendido para a
merenda escolar do município. “Os nossos filhos, na escola, comem do peixe que é produzido
aqui”, disse em tom emocionado Celso Moreira da Silva. O grupo sente a necessidade de ampliar o
número de gaiolas, adquirir equipamentos para beneficiamento do peixe para agregar valor. Celso
Moreira fala da necessidade de mais apoio, principalmente das instituições bancárias da região.
Pois se trata de uma atividade que demanda investimentos, sendo que o retorno é garantido. Mas
atribui o descrédito dos bancos ao fato de não ser uma atividade comum na região. Relata que para
ampliar um pouco mais do que foi implantado na unidade demonstrativa, fez uso de recursos do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), na modalidade Estiagem,
que possibilitou a compra de mais gaiolas, mas ainda não foi suficiente para ampliar a quantidade
de alevinos. O grupo dispõe atualmente de 36 gaiolas, a pretensão é comprar mais gaiolas com
lucro das próximas vendas. Com isso, abrir espaço para a comercialização de forma contínua,
conquistar mais clientes e investir em equipamentos para beneficiamento do peixe.
Além da piscicultura, outras atividades são
desenvolvidas: criação de galinha caipira, apicultura e
criação de bovinos. As diversas atividades são
fundamentais, pois uma complementa a outra e garante
sustentabilidade da renda e segurança alimentar das
famílias.
Essas três famílias protagonizam uma
história diferente das que ocorreram no entorno do
Açude Patu no passado. A história do bem viver no
Semiárido, a história do aprender a conviver, de criar
novas perspectivas de vida. Acreditam no potencial
produtivo do Semiárido, fazendo uso das tecnologias
apropriadas para a região.

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A cooperação familiar garante qualidade de vida no Semiárido

  • 1. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1326 Agosto/2013 A cooperação familiar garante qualidade de vida no Semiárido Senador Pompeu O Açude Patu, no município de Senador Pompeu, Ceará, começou a ser construído no ano de 1919 do século passado, a obra foi paralisada em 1924. No ano de 1932, o canteiro de obras abandonado foi transformado em um campo de concentração, uma grande tragédia, provocada muito mais pelas questões políticas que pelo fenômeno natural da seca, que teve como consequência o confinamento de 16 mil sertanejos em condições desumanas e a morte de milhares. Na primeira metade da década de 1980, durante a retomada das obras, mais uma vez centenas de famílias foram impactadas, com a remoção de comunidades, desvalorização das terras e benfeitorias, fato que motivou a organização e mobilização dos agricultores e agricultoras para reivindicarem seus direitos, até então negados. No cenário de lutas e sofrimento do passado, hoje vigora a esperança, o sonho, a superação, conquistas, experiências que promovem mudanças no cotidiano das famílias e sua relação com Semiárido. Na comunidade Carnaúba dos Marianos, que fica localizada às margens do Açude Patu, um grupo de agricultores e agricultoras, formado por três famílias desenvolvem atividades que promovem a convivência com o Semiárido de forma sustentável. Uma delas é a piscicultura, que vem garantindo alimento de qualidade e renda para as famílias. A atividade foi iniciada através do Projeto Dom Helder Câmera, desenvolvido no município pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro, com a implantação de uma unidade demonstrativa no ano de 2009. Com o projeto foi possível realizar capacitações, intercâmbios, compra das gaiolas, alevinos e ração para iniciar a produção.
  • 2. Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará 2 Realização Patrocínio Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Antes, por falta de conhecimento, era praticada a pesca predatória, o que levou à escassez do peixe, acabando com a principal fonte de renda das comunidades do entorno do açude. Tal fato foi decisivo para uma mudança de postura, no sentido de se buscar alternativas sustentáveis para a garantia da subsistência das famílias. “A chegada do Projeto Dom Helder mostrou o que poderia ser feito com o que a gente tem aqui suficiente, que é água,” relata Sérgio Moreira da Silva, beneficiário do projeto. Segundo ele,no início eram nove famílias envolvidas, “hoje são três as famílias que acreditaram e deram continuidade, e já estamos colhendo os frutos desse investimento, melhorando a renda e a qualidade da alimentação da nossa família”. Mesmo com o fim do projeto, o grupo formado por três famílias, composto por nove integrantes, entre homens, mulheres e crianças, dão continuidade à produção de tilápias em gaiolas, nas águas do Açude Patu. O trabalho é realizado em cooperação familiar, onde todos participam diretamente das atividades, tanto as mulheres como os homens e as crianças sempre a observarem os pais no sentido de absorverem o conhecimento e aprenderem a valorizar o trabalho familiar. O modelo de gestão colaborativa tem sido fundamental para o crescimento da atividade. Tanto as mulheres quanto os homens realizam o trabalho de alimentação, pesagem, limpeza e captura dos peixes. Todos e todas foram enfáticos em afirmar a importância do trabalho coletivo, da cooperação, onde cada um tem sua função dentro do processo, não havendo trabalho mais ou menos importante. “Aqui tem a participação da mulher, que a gente sabe que antes não era valorizada, mas hoje a gente tem consciência da nossa importância, temos direitos iguais”, explica Dorinha Alves. Atualmente o grupo continua recebendo assistência técnica através do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro. Para Sérgio Moreira, a parceria com o CDDH-AC é fundamental para a continuidade do projeto, tanto com relação à assistência técnica, como no apoio logístico, para a compra de alevinos, ração e a comercialização. “O aprendizado é muito importante e a cada dia a gente aprende coisas novas que melhoram o nosso trabalho”, diz Edival Alves da Silva. Esse aprendizado é adquirido através da prática, dos intercâmbios e capacitações. Todo o trabalho é cuidadosamente gerenciado, no sentido de garantir uma boa produção, organizada através de ciclos, para que sempre tenha peixe para vender e para a alimentação. Em cada ciclo, as famílias colhem cerca de 1500 kg de tilápia. O peixe é vendido para a merenda escolar do município. “Os nossos filhos, na escola, comem do peixe que é produzido aqui”, disse em tom emocionado Celso Moreira da Silva. O grupo sente a necessidade de ampliar o número de gaiolas, adquirir equipamentos para beneficiamento do peixe para agregar valor. Celso Moreira fala da necessidade de mais apoio, principalmente das instituições bancárias da região. Pois se trata de uma atividade que demanda investimentos, sendo que o retorno é garantido. Mas atribui o descrédito dos bancos ao fato de não ser uma atividade comum na região. Relata que para ampliar um pouco mais do que foi implantado na unidade demonstrativa, fez uso de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), na modalidade Estiagem, que possibilitou a compra de mais gaiolas, mas ainda não foi suficiente para ampliar a quantidade de alevinos. O grupo dispõe atualmente de 36 gaiolas, a pretensão é comprar mais gaiolas com lucro das próximas vendas. Com isso, abrir espaço para a comercialização de forma contínua, conquistar mais clientes e investir em equipamentos para beneficiamento do peixe. Além da piscicultura, outras atividades são desenvolvidas: criação de galinha caipira, apicultura e criação de bovinos. As diversas atividades são fundamentais, pois uma complementa a outra e garante sustentabilidade da renda e segurança alimentar das famílias. Essas três famílias protagonizam uma história diferente das que ocorreram no entorno do Açude Patu no passado. A história do bem viver no Semiárido, a história do aprender a conviver, de criar novas perspectivas de vida. Acreditam no potencial produtivo do Semiárido, fazendo uso das tecnologias apropriadas para a região.