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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
CAMPUS AVANÇADO “PROF.ª MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA” - CAMEAM
                  DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL
             Curso de Mestrado Acadêmico em Letras
 Disciplina: Filosofia da Linguagem Professor: Ivanaldo Santos




        Mestranda: Francisca Francione Vieira de Brito
Este volume, organizado e prefaciado pelo Prof. Isidro Blikstein, da
Universidade de S. Paulo, reúne alguns dos principais ensaios de um
dos mais eminentes linguistas da atualidade, em cuja obra teve o
Estruturalismo antecipadas algumas de suas formulações básicas.



                               ÍNDICE
   PREFÁCIO 7
   A LINGUAGEM COMUM DOS LINGÜISTAS E DOS ANTROPÓLOGOS 15
   DOIS ASPECTOS DA LINGUAGEM E DOIS TIPOS DE AFASIA 34
   ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA TRADUÇÃO 63
   LINGÜÍSTICA E TEORIA DA COMUNICAÇÃO 73
   A CONCEPÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO GRAMATICAL SEGUNDO BOAS·87
   A PROCURA DA ESSÊNCIA DA LINGUAGEM 98
   LINGÜÍSTICA E POÉTICA 118
PREFÁCIO
   I – Este volume visa: familiarizar leitor com o pensamento
  lingüista; evidenciar papel da Lingüística nas ciências humanas e da
  cultura     em      geral;       mostrar     a     contribuição    da
  Lingüística estrutural para a teoria da comunicação, Antropologia,
  Literatura (Poética), Gramática, Tradução e pesquisas acerca dos
  distúrbios da fala.
 II - Roman Jakobson nasceu em Moscou (1896); estudou no
  Instituto Lazarev de Línguas Orientais, da Universidade de sua
  cidade natal; doutor pela Universidade de Praga (1930). Seus
  interesses intelectuais: estudo da dialectologia e do folclore de sua
  pátria, manifestações de vanguarda (cubismo e futurismo). Foi um
  dos fundadores do Círculo Lingüístico de Moscou (1915-1920), de
  onde nasceu o grupo dos “formalistas”russos, que se preocupava
  com o aspecto simbólico do som na poesia atuando no campo do
  estudo científico da arte . Depois foi se distanciando da
  problemática literária e se encaminhou para o estruturalismo.
  Participou do Círculo Lingüístico de Praga (1926) se destacando na
  elaboração da teoria fonológica.
   III – leit-motiv da obra de Jakohson: a preocupação com a
    relação entre sound (som)e meaning (significado). O seu ponto
    de partida é o caráter simbólico da arquitetura fônica do sistema
    lingüístico. Dessa arquitetura, pode-se depreender uma meta-
    estrutura significativa, válida em outros níveis que não o do
    simples fonema, isto é, ao nível da palavra, da frase, do período.
    o nexo sound/meaning decorra da superposição do princípio da
    similaridade sobre o da contigüidade, princípios que
    constituem os dois pólos básicos da linguagem humana, O
    objetivo último de Jakobson é, pois, a semântica.

    1. A LINGUAGEM COMUM DOS LINGUISTAS E
                     DOS ANTROPOLOGOS
   Base: resultados de uma Conferência Interdisciplinar;
   o fato mais sintomático foi a nítida liquidação de qualquer espécie de
    isolacionanismo; (p.16)
   não podemos verdadeiramente isolar os elementos, mas tão somente
    distingui-los. Se os tratarmos separadamente no processo de análise
    lingüística, deveremos sempre lembrar-nos do caráter artificial de uma tal
    separação;
   objetivo supremo é a observação da linguagem em toda a sua
    complexidade. (p.17)
   Os antropólogos têm sempre afirmado e provado que a
    linguagem e a cultura se implicam mutuamente, que a
    linguagem deve ser concebida como uma parte integrante
    da vida social, que a Lingüística está estreitamente
    ligada à Antropologia Cultural; (p.17)
   A linguagem é um caso particular dessa sub- classe de
    signos que, sob o nome de símbolos, nos foi descrita de
    modo tão penetrante por Chao;
   Analisar sistemas semióticos remete a lembrar-nos da
    divisa de Saussure (Lingüística parte integrante da ciência
    dos signos) e da obra monumental de Charles Sanders
    Peirce - precursor da análise estrutural lingüística – com as
    relações entre a linguagem e os outros sistemas de signos.
    Para N. McQuown, não há igualdade entre os diferentes
    sistemas de signos e que o sistema semiótico mais
    importante, a base, é a linguagem: a linguagem é de fato
    o próprio fundamento da cultura; o instrumento principal
    da comunicação. (p,18)
Questionamentos propostos:
Qual é entao, exatamente, a relação entre Teoria da Comunicação e a linguística?
   De que ordem é exatamente a utilidade da Teoria da Comunicação para a
                            Linguística e vice-versa?

 Analisemos os fatores fundamentais da comunicação
  lingüística: qualquer ato de fala envolve uma mensagem e
  quatro elementos que lhe são conexos: o emissor, o receptor, o
  tema da mensagem e o código utilizado. A relação entre esses
  quatro elementos é variável. (p,19)
 Quanto às interações e permutações possíveis entre esses
  fatores: “os papéis de emissor e de receptor podem confundir-
  se ou alternar-se, o emissor e o receptor podem tornar-se o
  tema da mensagem etc, Mas o problema essencial para a
  análise do discurso é o do código comum ao emissor e ao
  receptor e subjacente à troca de mensagens. Qualquer
  comunicação seria impossível na ausência de um certo
  repertório de “possibilidades preconcebidas” (p.21)
 A teoria da comunicação parece-me uma boa escola para a
  Lingüística estrutural, assim como a Lingüística estrutural é uma
  escola útil para os engenheiros de comunicações. Penso que a
  realidade fundamental com que se tem de haver o lingüista é a
  interlocução. (p. 22)
 Os lingüistas têm muito a aprender da teoria da comunicação.
  Um processo de comunicação normal opera com um codificador
  e um decodificador. O decodificador recebe uma mensagem.
  Conhece o código. A mensagem é nova para ele e, por via do
  código, ele a interpreta. (A psicologia nos ajuda a compreender
  essa operação – um dos momentos mais significativos desta
  Conferência);
 Toda significação lingüística é diferencial. As significações
  lingüísticas são diferenciais no mesmo sentido em que
  os fonemas são unidades fônicas diferenciais. Os lingüistas
  sabem que os sons da fala apresentam, além dos fonemas,
  variantes contextuais e variantes facultativas, situacionais. Do
  mesmo modo, no nível semântico, encontram-se significações
  contextuais e significações situacionais. (p.29)
 A sintaxe se ocupa das relações dos signos entre si (do eixo dos
  encadeamentos – concatenação) e a semântica das relações
  entre os signos e as coisas (do eixo das substituições). (p. 30)
 Segundo Peirce – considerado autêntico precursor da Linguística
  Estrutural (1867) – todo signo pode ser traduzido em outro
  signo mais explícito. (p.33)
2. DOIS ASPECTOS DA LINGUAGEM E DOIS
                  TIPOS DE AFASIA
      I – A afasia como problema linguistico
 Afasia é uma perturbação da linguagem, como o próprio termo
  sugere, segue-se daí que toda descrição e classificação das
  perturbações afásicas deve começar pela questão
  de saber quais aspectos da linguagem são prejudicados nas
  diferentes espécies de tal desordem. (p. 34)
 O autor critica o atraso da participação dos linguistas na
  análise de perturbações da fala (afasia), uma vez que a
  Linguística interessa-se pela linguagem em todos os seus
  aspectos. Segundo ele, neste contexto se situava os espantosos
  progressos da Lingüística estrutural (instrumentos e métodos
  eficazes para o estudo da regressão verbal) e em contrapartida
  nenhuma tentativa de sistematizar os dados clínicos referentes a
  afasia.
 A pesquisa não pode ser limitada ao sistema fonológico mas
  deve estender-se também ao sistema gramatical. (p.37)
II – O duplo caráter da linguagem
   Falar implica a seleção de certas entidades lingüísticas e sua
    combinação em unidades lingüísticas demais alto grau de
    complexidade. Isto se evidencia imediatamente ao nível lexical quem
    fala seleciona palavras e as combina em frases, de acordo com o
    sistema sintático da língua que utiliza;as frases, por sua vez, são
    combinadas em enuncia dos. Mas o que fala não é de modo algum um
    agente completamente livre na sua escolha de palavras: a seleção
    [...]deve ser feita a partir do repertório lexical que ele próprio e o
    destinatário da mensagem possuem em comum. (p.37)
   Todo signo linguístico implica dois modos de arranjo: a combinação
    (contextura- face da mesma operação) e a seleção (substituição –
    outra face desta operação) – percebidas por Saussure.
   Necessidade de contigüidade entre os protagonistas do ato da fala
    para garantir transmissão da mensagem. Ou seja: deve haver certa
    equivalência entre os símbolos utilizados pelo remetente e os que o
    destinatário, caso contrário o receptor será atingido,mas não afetado.
    (p.41)
III – O distúrbio da similaridade
   Os distúrbios da fala podem afetar, em graus diversos, a capacidade
    que o indivíduo tem de combinar e selecionar as unidades lingüísticas.
    O contexto constitui fator indispensável e decisivo.
   Classificação dos casos de afasia segundo Head em dois tipo
    definidos: o primeiro grupo, o qual possui uma deficiência principal na
    seleção e na substituição (têm dificuldades em começar um diálogo –
    as frases como sequências a serem completadas – tem dificuldade de
    encontrar sinônimos), como exemplo: solteiro – homem não-casado /
    lápis – para escrever ; e o segundo grupo, deficiência principal na
    combinação e na contextura

           IV – O distúrbio da contiguidade
   A deterioração da capacidade de construir proposições mais
    complexas - é o oposto do tipo discutido anteriormente – há
    perda na sintaxe que acaba por se tornar agramatical. (Ex:
    frases com relações de coordenação e de subordinação).
V – Os polos metafórico e metonimico
   Toda forma de distúrbio afásico consiste em alguma deterioração, mais ou menos
    grave, da faculdade de seleção e substituição, ou da faculdade de combinação e
    contexto. A primeira afecção envolve deterioração das operações metalingüísticas,
    ao passo que a segunda altera o poder de preservar a hierarquia das unidades
    lingüísticas. A relação de similaridade é suprimida no primeiro tipo, a de
    contigüidade no segundo. A metáfora é incompatível com o distúrbio da
    similaridade e a metonímia com o distúrbio da contigüidade. (p.55)
   Manipulando esses dois tipos de conexão (similaridade e contigüidade) em seus
    dois aspectos (posicional e semântico) — por seleção, combinação e hierarquização
    —. um indivíduo revela seu estilo pessoal, seus gostos e preferências verbais. (p.
    56)


    3. ASPECTOS LINGUISTICOS DA TRADUÇÃO
   O significado das palavras é um fato lingüístico —mais precisamente — um fato
    semiótico. Contra os que atribuem o significado (signatum) não ao signo, mas à própria
    coisa, o melhor argumento e o mais veraz seria dizer que ninguém jamais sentiu o gosto
    ou cheiro do significado de queijo[...]. Não há signatum sem signum. (p. 64)
   O significado da palavra “queijo” não pode ser inferido de um conhecimento não-
    lingüístico. Será necessário recorrer a uma série de signos lingüísticos se se quiser fazer
    compreender uma palavra nova. Apontar simplesmente o objeto não nos fará entender.
   Classificações da tradução de acordo com Jakobson: intralingual ou
    reformulação – consiste em uma troca de signos verbais por meio de
    outros signos da mesma língua. interlingual ou tradução propriamente
    dita – consiste na interpretação dos signos verbais por meio de alguma
    outra língua. A tradução inter-semiótica ou transmutação – consiste em
    troca de signos verbais através de signos não-verbais. (p. 64-65)
   Ê mais difícil permanecer fiel ao original quando se trata de traduzir, para
    uma língua provida de determinada categoria gramatical, de uma língua
    carente de tal categoria.

4. LINGUISTICA E TEORIA DA COMUNICAÇÃO
   Analisando linguisticamente a fala de uma língua percebe-se que há
    traços distintivos (tipo: fonemas os quais sequencialmente formam uma
    palavra cuja sequencia de varias desta formam uma frase). O autor do
    livro cita novamente a dicotomia saussuriana dos signos onde há a
    relação entre o significado e o significante; citando também a relação
    dicotômica da linguagem em que há a relação entre a língua (langue) e
    fala (parole).(p.76)
   Os métodos recentemente desenvolvidos em Lingüística Estrutural e
    Teoria da Comunicação, aplicados à análise das províncias da linguagem,
    poderão abrir vastas perspectivas [...] (p.86)
5. A CONCEPÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO
          GRAMATICAL SEGUNDO BOAS
   A Gramática, segundo Boas, seleciona, classifica e
    exprime os diversos aspectos da experiência e, além
    disso, realiza outra importante função: “determina
    aqueles aspectos de cada experiência que devem ser
    expressos.”     Boas       revela,  sagazmente,   a
    obrigatoriedade das categorias gramaticais como o
    traço     específico     que     as  distingue  das
    significações lexicais. (p.87)
 A verdadeira diferença entre as línguas não reside no que se
  possa ou não exprimir, mas no que deve ou não ser expresso
  pelos que falam. (p.90)
 Esse problema de categorias gramaticais indispensáveis e
  universais foi esboçado por Boas e por seu indagador discípulo
  Sapir (1921) em desafio à aversão dos neogramáticos por toda
  pesquisa de leis universais; tornou-se um problema crucial para
  a Lingüística, hoje. (p.92)
 A distinção entre “a coisa”, “uma coisa”, “as coisas” e
  “coisas” pode ser simplesmente omitida ou
  deliberadamente expressa por meios lexicais.
 Estava claro, para Boas, que toda diferença nas
  categorias gramaticais conduz informação semântica.
  Se a linguagem é um instrumento que serve para
  transmitir informação, não se podem descrever
  as partes constituintes de tal instrumento sem referir-
  lhes as funções. (p. 92)
 A agramaticalidade efetiva priva um enunciado de sua
  informação      semântica.    Enunciados     totalmente
  destituídos de gramática são, de fato, contra-
  sensos. O poder coercitivo do modelo gramatical,
  reconhecido por Boas e por ele contraposto à nossa
  relativa liberdade na escolha das palavras, torna-se
  particularmente manifesto por via de uma investigação
  semântica no domínio do contra-senso. (p.96)
6. À PROCURA DA ESSENCIA DA LINGUAGEM
 Considerando-se o fato de que “ no discurso humano, sons
  diferentes têm uma significação diferente”, Bloomfield (1399)
  destaca que “estudar a coordenação entre certos sons e certas
  significações é estudar a língua (p.98)
 A principio as reflexões saussurianas de signo do qual há
  relação dicotômica do significado e significante faz com que o
  mestre aplique o conceito de “arbitrariedade do signo”;
 A língua é uma convenção e a natureza do signo que se
  convencionou é indiferente.” O arbitrário é declarado o primeiro
  dos dois princípios gerais que permitem definir a natureza do
  signolingüístico: “O liame que une o significante ao significado é
  arbitrário. (p. 102)
 Assim, para Bloomfield “as formas da língua são arbitrárias” (p.
  102)
   Três classes fundamentais de signos: ícones, índices e símbolos.
   Ícone opera, havendo semelhança entre o seu significado e o seu
    significante (Ex.: animal sendo representado e animal representado
    - o significado e o significante se remetem em um signo.
   Índice opera havendo contigüidade ocorrida e vivida entre
    significante e o significado (relação de inferência entre o
    significante e o significado de seus respectivos ícones). Ex.:
    Robinson Crusoé que encontrou um índice o qual “seu significante
    era o vestígio de um pé sobre a areia, e o significado inferido a
    partir dessa pegada, a presença de um ser humano em sua ilha.
   Símbolo opera havendo contiguidade instituída e aprendida entre o
    significante e o significado. Isto é: conhecendo-se o significado e o
    significante, sabe-se, portanto, do que se trata;
   Apesar de haver uma notável verossimelhança entre o signo e o
    símbolo, Saussure acabou por preferir a terminologia “signo” à do
    “símbolo” porque a do “símbolo” implica em uma notável
    abrangência de combinações entre o significado e o significante,
    conforme lembra o próprio Saussure do símbolo da balança (da
    justiça) cujo símbolo em si é o significante e o significado a justiça;
    havendo também a possibilidade de um símbolo possuir diversas
    possibilidades de significantes e de haver possibilidades de
    significados com idéias divergentes.
7. LINGUÍSTICA E POÉTICA
 Foram-me solicitadas observações sumárias acerca da Poética
  em sua relação com a Lingüística. A Poética trata
  fundamentalmente do problema: Que é que faz de uma
  mensagem verbal uma obra de arte? (p.118-119)
 A Poética trata dos problemas da estrutura verbal, assim como a
  análise de pintura se ocupa da estrutura pictorial. Como a
  Lingüística é a ciência global da estrutura verbal, a Poética pode
  ser encarada como parte integrando da Lingüística.
 Numerosos traços poéticos pertencem não apenas à ciência da
  linguagem, mas a toda a teoria dos signos, vale dizer, à
  Semiótica geral. Esta afirmativa, contudo, é válida tanto para a
  arte verbal como para todas as variedades de linguagem, de vez
  que a linguagem compartilha muitas propriedades com alguns
  outros sistemas de signos ou mesmo com todos eles. (p.119)
   A Poética, em contraposição à Lingüística, se ocupa de
    julgamentos de valor. Esta separação dos dois campos entre
    si se baseia numa interpretação corrente, mas errônea,do
    contraste entre a estrutura da poesia e outros tipos de
    estrutura verbal: afirma-se que estas se opõem, mercê de
    sua natureza “casual”, não intencional, à natureza “não
    casual”, intencional, da linguagem poética. (p.120)
   Existe íntima correspondência, muito mais íntima do que o
    supõem os críticos, entre o problema dos fenômenos
    lingüísticos a se expandirem no tempo e no espaço e a
    difusão espacial e temporal dos modelos literários.
   Os estudos literários, com a Poética como sua parte focal,
    consistem, como a Lingüística, de dois grupos de problemas:
    sincronia e diacronia. A descrição sincrônica considera não
    apenas a produção literária de um período dado, mas
    também aquela parte da tradição literária que, para o
    período em questão permaneceu viva ou foi revivida. (p.121)
   A Poética sincrônica, assim como a Lingüística sincrônica,
    não deve ser confundida com a estática; toda época
    distingue entre formas mais conservadoras e mais
    inovadoras. Toda época contemporânea é vivida na sua
    dinâmica temporal, e, por outro lado, a abordagem
    histórica, na Poética como na Lingüística,não se ocupa
    apenas de mudanças mas também de fatores contínuos,
    duradouros, estáticos. (p. 121)
   A linguagem deve ser estudada em toda a vai de suas
    funções. Antes de discutir a função poética,devemos
    definir-lhe o lugar entre as outras funções da linguagem.
    Para      se     ter    uma      idéia    geral     dessas
    funções, é mister uma perspectiva sumária dos fatores
    constitutivos de todo processo lingüístico, de todo ato de
    comunicação verbal
   Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da
    linguagem. Vejamos:
   A função emotiva ou "expressiva", centrada no REMETENTE, visa a
    uma expressão direta da atitude de quem fala em relação àquilo de
    que está falando. Tende a suscitar a impressão de uma certa emoção,
    verdadeira ou simulada [...] (pp. 123-124)
   A função conativa A orientação para o DESTINATÁRIO, encontra sua
    expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo, que
    sintática, morfológica e amiúde até fonologicamente, se afastam das
    outras categorias nominais e verbais. As sentenças imperativas
    diferem fundamentalmente das sentenças declarativas: estas podem e
    aquelas não podem ser submetidas à prova de verdade. (...) (pág. 125)
   O modelo tradicional da linguagem, tal como o elucidou Bühler
    particularmente, confinava-se a essas três funções - emotiva, conativa
    e referencial - e aos três ápices desse modelo - a primeira pessoa, o
    remetente; a segunda, o destinatário; e a "terceira pessoa"
    propriamente dita, alguém ou algo de que se fala. Certas funções
    verbais adicionais podem ser facilmente inferidas desse modelo
    triádico. (...) (pp. 125-126)
   A função fática Há mensagens que servem fundamentalmente para prolongar
    ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona ("Alô, está
    me ouvindo?"), para atrair a atenção do interlocutor ou afirmar sua atenção
    continuada (pág. 126)
    A função metalinguística Uma distinção foi feita, na Lógica moderna, entre
    dois níveis de linguagem, a "linguagem-objeto", que fala de objetos, e a
    "metalinguagem", que fala da linguagem. Mas a metalinguagem não é apenas
    um instrumento científico necessário, utilizado pelos lógicos e pelos linguistas;
    desempenha também papel importante em nossa linguagem cotidiana.
    [...]praticamos a metalinguagem sem nos dar conta do caráter metalinguistico
    de nossas operações. Sempre que [...] o discurso focaliza o CÓDIGO;
    desempenha uma função METALinguística (isto é, de glosa). (pág. 127)
    A função poética o enfoque da mensagem por ela própria, eis a função
    poética da linguagem. Essa função não pode ser estudada de maneira
    proveitosa desvinculada dos problemas gerais da linguagem [...] (pp. 127-128)

   CONCLUINDO: O lingüista, cujo campo abrange qualquer espécie de
    linguagem pode e deve incluir a poesia no âmbito de seus estudos (p.162)
   Um lingüista surdo à função poética da linguagem                               é
    um especialista de literatura indiferente aos problemas lingüísticos e ignorante
    dos métodos lingüísticos são, um e outro, flagrantes anacronismos. (p.162)
REFERÊNCIAS
   JAKOBSON, Roman. Linguistica e comunicação. São Paulo:
    Cultrix, 1969.
   http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/31
    87266 acesso em 15.08.12
   http://www.jackbran.pro.br/linguistica/funcoes_da_linguagem_jak
    obson.htm acesso em 15.08.12

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Seminário linguistica e comunicação jakobson

  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN CAMPUS AVANÇADO “PROF.ª MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA” - CAMEAM DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL Curso de Mestrado Acadêmico em Letras Disciplina: Filosofia da Linguagem Professor: Ivanaldo Santos Mestranda: Francisca Francione Vieira de Brito
  • 2. Este volume, organizado e prefaciado pelo Prof. Isidro Blikstein, da Universidade de S. Paulo, reúne alguns dos principais ensaios de um dos mais eminentes linguistas da atualidade, em cuja obra teve o Estruturalismo antecipadas algumas de suas formulações básicas. ÍNDICE  PREFÁCIO 7  A LINGUAGEM COMUM DOS LINGÜISTAS E DOS ANTROPÓLOGOS 15  DOIS ASPECTOS DA LINGUAGEM E DOIS TIPOS DE AFASIA 34  ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA TRADUÇÃO 63  LINGÜÍSTICA E TEORIA DA COMUNICAÇÃO 73  A CONCEPÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO GRAMATICAL SEGUNDO BOAS·87  A PROCURA DA ESSÊNCIA DA LINGUAGEM 98  LINGÜÍSTICA E POÉTICA 118
  • 3. PREFÁCIO  I – Este volume visa: familiarizar leitor com o pensamento lingüista; evidenciar papel da Lingüística nas ciências humanas e da cultura em geral; mostrar a contribuição da Lingüística estrutural para a teoria da comunicação, Antropologia, Literatura (Poética), Gramática, Tradução e pesquisas acerca dos distúrbios da fala.  II - Roman Jakobson nasceu em Moscou (1896); estudou no Instituto Lazarev de Línguas Orientais, da Universidade de sua cidade natal; doutor pela Universidade de Praga (1930). Seus interesses intelectuais: estudo da dialectologia e do folclore de sua pátria, manifestações de vanguarda (cubismo e futurismo). Foi um dos fundadores do Círculo Lingüístico de Moscou (1915-1920), de onde nasceu o grupo dos “formalistas”russos, que se preocupava com o aspecto simbólico do som na poesia atuando no campo do estudo científico da arte . Depois foi se distanciando da problemática literária e se encaminhou para o estruturalismo. Participou do Círculo Lingüístico de Praga (1926) se destacando na elaboração da teoria fonológica.
  • 4. III – leit-motiv da obra de Jakohson: a preocupação com a relação entre sound (som)e meaning (significado). O seu ponto de partida é o caráter simbólico da arquitetura fônica do sistema lingüístico. Dessa arquitetura, pode-se depreender uma meta- estrutura significativa, válida em outros níveis que não o do simples fonema, isto é, ao nível da palavra, da frase, do período. o nexo sound/meaning decorra da superposição do princípio da similaridade sobre o da contigüidade, princípios que constituem os dois pólos básicos da linguagem humana, O objetivo último de Jakobson é, pois, a semântica. 1. A LINGUAGEM COMUM DOS LINGUISTAS E DOS ANTROPOLOGOS  Base: resultados de uma Conferência Interdisciplinar;  o fato mais sintomático foi a nítida liquidação de qualquer espécie de isolacionanismo; (p.16)  não podemos verdadeiramente isolar os elementos, mas tão somente distingui-los. Se os tratarmos separadamente no processo de análise lingüística, deveremos sempre lembrar-nos do caráter artificial de uma tal separação;  objetivo supremo é a observação da linguagem em toda a sua complexidade. (p.17)
  • 5. Os antropólogos têm sempre afirmado e provado que a linguagem e a cultura se implicam mutuamente, que a linguagem deve ser concebida como uma parte integrante da vida social, que a Lingüística está estreitamente ligada à Antropologia Cultural; (p.17)  A linguagem é um caso particular dessa sub- classe de signos que, sob o nome de símbolos, nos foi descrita de modo tão penetrante por Chao;  Analisar sistemas semióticos remete a lembrar-nos da divisa de Saussure (Lingüística parte integrante da ciência dos signos) e da obra monumental de Charles Sanders Peirce - precursor da análise estrutural lingüística – com as relações entre a linguagem e os outros sistemas de signos.  Para N. McQuown, não há igualdade entre os diferentes sistemas de signos e que o sistema semiótico mais importante, a base, é a linguagem: a linguagem é de fato o próprio fundamento da cultura; o instrumento principal da comunicação. (p,18)
  • 6. Questionamentos propostos: Qual é entao, exatamente, a relação entre Teoria da Comunicação e a linguística? De que ordem é exatamente a utilidade da Teoria da Comunicação para a Linguística e vice-versa?  Analisemos os fatores fundamentais da comunicação lingüística: qualquer ato de fala envolve uma mensagem e quatro elementos que lhe são conexos: o emissor, o receptor, o tema da mensagem e o código utilizado. A relação entre esses quatro elementos é variável. (p,19)  Quanto às interações e permutações possíveis entre esses fatores: “os papéis de emissor e de receptor podem confundir- se ou alternar-se, o emissor e o receptor podem tornar-se o tema da mensagem etc, Mas o problema essencial para a análise do discurso é o do código comum ao emissor e ao receptor e subjacente à troca de mensagens. Qualquer comunicação seria impossível na ausência de um certo repertório de “possibilidades preconcebidas” (p.21)  A teoria da comunicação parece-me uma boa escola para a Lingüística estrutural, assim como a Lingüística estrutural é uma escola útil para os engenheiros de comunicações. Penso que a realidade fundamental com que se tem de haver o lingüista é a interlocução. (p. 22)
  • 7.  Os lingüistas têm muito a aprender da teoria da comunicação. Um processo de comunicação normal opera com um codificador e um decodificador. O decodificador recebe uma mensagem. Conhece o código. A mensagem é nova para ele e, por via do código, ele a interpreta. (A psicologia nos ajuda a compreender essa operação – um dos momentos mais significativos desta Conferência);  Toda significação lingüística é diferencial. As significações lingüísticas são diferenciais no mesmo sentido em que os fonemas são unidades fônicas diferenciais. Os lingüistas sabem que os sons da fala apresentam, além dos fonemas, variantes contextuais e variantes facultativas, situacionais. Do mesmo modo, no nível semântico, encontram-se significações contextuais e significações situacionais. (p.29)  A sintaxe se ocupa das relações dos signos entre si (do eixo dos encadeamentos – concatenação) e a semântica das relações entre os signos e as coisas (do eixo das substituições). (p. 30)  Segundo Peirce – considerado autêntico precursor da Linguística Estrutural (1867) – todo signo pode ser traduzido em outro signo mais explícito. (p.33)
  • 8. 2. DOIS ASPECTOS DA LINGUAGEM E DOIS TIPOS DE AFASIA I – A afasia como problema linguistico  Afasia é uma perturbação da linguagem, como o próprio termo sugere, segue-se daí que toda descrição e classificação das perturbações afásicas deve começar pela questão de saber quais aspectos da linguagem são prejudicados nas diferentes espécies de tal desordem. (p. 34)  O autor critica o atraso da participação dos linguistas na análise de perturbações da fala (afasia), uma vez que a Linguística interessa-se pela linguagem em todos os seus aspectos. Segundo ele, neste contexto se situava os espantosos progressos da Lingüística estrutural (instrumentos e métodos eficazes para o estudo da regressão verbal) e em contrapartida nenhuma tentativa de sistematizar os dados clínicos referentes a afasia.  A pesquisa não pode ser limitada ao sistema fonológico mas deve estender-se também ao sistema gramatical. (p.37)
  • 9. II – O duplo caráter da linguagem  Falar implica a seleção de certas entidades lingüísticas e sua combinação em unidades lingüísticas demais alto grau de complexidade. Isto se evidencia imediatamente ao nível lexical quem fala seleciona palavras e as combina em frases, de acordo com o sistema sintático da língua que utiliza;as frases, por sua vez, são combinadas em enuncia dos. Mas o que fala não é de modo algum um agente completamente livre na sua escolha de palavras: a seleção [...]deve ser feita a partir do repertório lexical que ele próprio e o destinatário da mensagem possuem em comum. (p.37)  Todo signo linguístico implica dois modos de arranjo: a combinação (contextura- face da mesma operação) e a seleção (substituição – outra face desta operação) – percebidas por Saussure.  Necessidade de contigüidade entre os protagonistas do ato da fala para garantir transmissão da mensagem. Ou seja: deve haver certa equivalência entre os símbolos utilizados pelo remetente e os que o destinatário, caso contrário o receptor será atingido,mas não afetado. (p.41)
  • 10. III – O distúrbio da similaridade  Os distúrbios da fala podem afetar, em graus diversos, a capacidade que o indivíduo tem de combinar e selecionar as unidades lingüísticas. O contexto constitui fator indispensável e decisivo.  Classificação dos casos de afasia segundo Head em dois tipo definidos: o primeiro grupo, o qual possui uma deficiência principal na seleção e na substituição (têm dificuldades em começar um diálogo – as frases como sequências a serem completadas – tem dificuldade de encontrar sinônimos), como exemplo: solteiro – homem não-casado / lápis – para escrever ; e o segundo grupo, deficiência principal na combinação e na contextura IV – O distúrbio da contiguidade  A deterioração da capacidade de construir proposições mais complexas - é o oposto do tipo discutido anteriormente – há perda na sintaxe que acaba por se tornar agramatical. (Ex: frases com relações de coordenação e de subordinação).
  • 11. V – Os polos metafórico e metonimico  Toda forma de distúrbio afásico consiste em alguma deterioração, mais ou menos grave, da faculdade de seleção e substituição, ou da faculdade de combinação e contexto. A primeira afecção envolve deterioração das operações metalingüísticas, ao passo que a segunda altera o poder de preservar a hierarquia das unidades lingüísticas. A relação de similaridade é suprimida no primeiro tipo, a de contigüidade no segundo. A metáfora é incompatível com o distúrbio da similaridade e a metonímia com o distúrbio da contigüidade. (p.55)  Manipulando esses dois tipos de conexão (similaridade e contigüidade) em seus dois aspectos (posicional e semântico) — por seleção, combinação e hierarquização —. um indivíduo revela seu estilo pessoal, seus gostos e preferências verbais. (p. 56) 3. ASPECTOS LINGUISTICOS DA TRADUÇÃO  O significado das palavras é um fato lingüístico —mais precisamente — um fato semiótico. Contra os que atribuem o significado (signatum) não ao signo, mas à própria coisa, o melhor argumento e o mais veraz seria dizer que ninguém jamais sentiu o gosto ou cheiro do significado de queijo[...]. Não há signatum sem signum. (p. 64)  O significado da palavra “queijo” não pode ser inferido de um conhecimento não- lingüístico. Será necessário recorrer a uma série de signos lingüísticos se se quiser fazer compreender uma palavra nova. Apontar simplesmente o objeto não nos fará entender.
  • 12. Classificações da tradução de acordo com Jakobson: intralingual ou reformulação – consiste em uma troca de signos verbais por meio de outros signos da mesma língua. interlingual ou tradução propriamente dita – consiste na interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua. A tradução inter-semiótica ou transmutação – consiste em troca de signos verbais através de signos não-verbais. (p. 64-65)  Ê mais difícil permanecer fiel ao original quando se trata de traduzir, para uma língua provida de determinada categoria gramatical, de uma língua carente de tal categoria. 4. LINGUISTICA E TEORIA DA COMUNICAÇÃO  Analisando linguisticamente a fala de uma língua percebe-se que há traços distintivos (tipo: fonemas os quais sequencialmente formam uma palavra cuja sequencia de varias desta formam uma frase). O autor do livro cita novamente a dicotomia saussuriana dos signos onde há a relação entre o significado e o significante; citando também a relação dicotômica da linguagem em que há a relação entre a língua (langue) e fala (parole).(p.76)  Os métodos recentemente desenvolvidos em Lingüística Estrutural e Teoria da Comunicação, aplicados à análise das províncias da linguagem, poderão abrir vastas perspectivas [...] (p.86)
  • 13. 5. A CONCEPÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO GRAMATICAL SEGUNDO BOAS  A Gramática, segundo Boas, seleciona, classifica e exprime os diversos aspectos da experiência e, além disso, realiza outra importante função: “determina aqueles aspectos de cada experiência que devem ser expressos.” Boas revela, sagazmente, a obrigatoriedade das categorias gramaticais como o traço específico que as distingue das significações lexicais. (p.87)  A verdadeira diferença entre as línguas não reside no que se possa ou não exprimir, mas no que deve ou não ser expresso pelos que falam. (p.90)  Esse problema de categorias gramaticais indispensáveis e universais foi esboçado por Boas e por seu indagador discípulo Sapir (1921) em desafio à aversão dos neogramáticos por toda pesquisa de leis universais; tornou-se um problema crucial para a Lingüística, hoje. (p.92)
  • 14.  A distinção entre “a coisa”, “uma coisa”, “as coisas” e “coisas” pode ser simplesmente omitida ou deliberadamente expressa por meios lexicais.  Estava claro, para Boas, que toda diferença nas categorias gramaticais conduz informação semântica. Se a linguagem é um instrumento que serve para transmitir informação, não se podem descrever as partes constituintes de tal instrumento sem referir- lhes as funções. (p. 92)  A agramaticalidade efetiva priva um enunciado de sua informação semântica. Enunciados totalmente destituídos de gramática são, de fato, contra- sensos. O poder coercitivo do modelo gramatical, reconhecido por Boas e por ele contraposto à nossa relativa liberdade na escolha das palavras, torna-se particularmente manifesto por via de uma investigação semântica no domínio do contra-senso. (p.96)
  • 15. 6. À PROCURA DA ESSENCIA DA LINGUAGEM  Considerando-se o fato de que “ no discurso humano, sons diferentes têm uma significação diferente”, Bloomfield (1399) destaca que “estudar a coordenação entre certos sons e certas significações é estudar a língua (p.98)  A principio as reflexões saussurianas de signo do qual há relação dicotômica do significado e significante faz com que o mestre aplique o conceito de “arbitrariedade do signo”;  A língua é uma convenção e a natureza do signo que se convencionou é indiferente.” O arbitrário é declarado o primeiro dos dois princípios gerais que permitem definir a natureza do signolingüístico: “O liame que une o significante ao significado é arbitrário. (p. 102)  Assim, para Bloomfield “as formas da língua são arbitrárias” (p. 102)
  • 16. Três classes fundamentais de signos: ícones, índices e símbolos.  Ícone opera, havendo semelhança entre o seu significado e o seu significante (Ex.: animal sendo representado e animal representado - o significado e o significante se remetem em um signo.  Índice opera havendo contigüidade ocorrida e vivida entre significante e o significado (relação de inferência entre o significante e o significado de seus respectivos ícones). Ex.: Robinson Crusoé que encontrou um índice o qual “seu significante era o vestígio de um pé sobre a areia, e o significado inferido a partir dessa pegada, a presença de um ser humano em sua ilha.  Símbolo opera havendo contiguidade instituída e aprendida entre o significante e o significado. Isto é: conhecendo-se o significado e o significante, sabe-se, portanto, do que se trata;  Apesar de haver uma notável verossimelhança entre o signo e o símbolo, Saussure acabou por preferir a terminologia “signo” à do “símbolo” porque a do “símbolo” implica em uma notável abrangência de combinações entre o significado e o significante, conforme lembra o próprio Saussure do símbolo da balança (da justiça) cujo símbolo em si é o significante e o significado a justiça; havendo também a possibilidade de um símbolo possuir diversas possibilidades de significantes e de haver possibilidades de significados com idéias divergentes.
  • 17. 7. LINGUÍSTICA E POÉTICA  Foram-me solicitadas observações sumárias acerca da Poética em sua relação com a Lingüística. A Poética trata fundamentalmente do problema: Que é que faz de uma mensagem verbal uma obra de arte? (p.118-119)  A Poética trata dos problemas da estrutura verbal, assim como a análise de pintura se ocupa da estrutura pictorial. Como a Lingüística é a ciência global da estrutura verbal, a Poética pode ser encarada como parte integrando da Lingüística.  Numerosos traços poéticos pertencem não apenas à ciência da linguagem, mas a toda a teoria dos signos, vale dizer, à Semiótica geral. Esta afirmativa, contudo, é válida tanto para a arte verbal como para todas as variedades de linguagem, de vez que a linguagem compartilha muitas propriedades com alguns outros sistemas de signos ou mesmo com todos eles. (p.119)
  • 18. A Poética, em contraposição à Lingüística, se ocupa de julgamentos de valor. Esta separação dos dois campos entre si se baseia numa interpretação corrente, mas errônea,do contraste entre a estrutura da poesia e outros tipos de estrutura verbal: afirma-se que estas se opõem, mercê de sua natureza “casual”, não intencional, à natureza “não casual”, intencional, da linguagem poética. (p.120)  Existe íntima correspondência, muito mais íntima do que o supõem os críticos, entre o problema dos fenômenos lingüísticos a se expandirem no tempo e no espaço e a difusão espacial e temporal dos modelos literários.  Os estudos literários, com a Poética como sua parte focal, consistem, como a Lingüística, de dois grupos de problemas: sincronia e diacronia. A descrição sincrônica considera não apenas a produção literária de um período dado, mas também aquela parte da tradição literária que, para o período em questão permaneceu viva ou foi revivida. (p.121)
  • 19. A Poética sincrônica, assim como a Lingüística sincrônica, não deve ser confundida com a estática; toda época distingue entre formas mais conservadoras e mais inovadoras. Toda época contemporânea é vivida na sua dinâmica temporal, e, por outro lado, a abordagem histórica, na Poética como na Lingüística,não se ocupa apenas de mudanças mas também de fatores contínuos, duradouros, estáticos. (p. 121)  A linguagem deve ser estudada em toda a vai de suas funções. Antes de discutir a função poética,devemos definir-lhe o lugar entre as outras funções da linguagem. Para se ter uma idéia geral dessas funções, é mister uma perspectiva sumária dos fatores constitutivos de todo processo lingüístico, de todo ato de comunicação verbal
  • 20.
  • 21. Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem. Vejamos:  A função emotiva ou "expressiva", centrada no REMETENTE, visa a uma expressão direta da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando. Tende a suscitar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou simulada [...] (pp. 123-124)  A função conativa A orientação para o DESTINATÁRIO, encontra sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo, que sintática, morfológica e amiúde até fonologicamente, se afastam das outras categorias nominais e verbais. As sentenças imperativas diferem fundamentalmente das sentenças declarativas: estas podem e aquelas não podem ser submetidas à prova de verdade. (...) (pág. 125)  O modelo tradicional da linguagem, tal como o elucidou Bühler particularmente, confinava-se a essas três funções - emotiva, conativa e referencial - e aos três ápices desse modelo - a primeira pessoa, o remetente; a segunda, o destinatário; e a "terceira pessoa" propriamente dita, alguém ou algo de que se fala. Certas funções verbais adicionais podem ser facilmente inferidas desse modelo triádico. (...) (pp. 125-126)
  • 22. A função fática Há mensagens que servem fundamentalmente para prolongar ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona ("Alô, está me ouvindo?"), para atrair a atenção do interlocutor ou afirmar sua atenção continuada (pág. 126)  A função metalinguística Uma distinção foi feita, na Lógica moderna, entre dois níveis de linguagem, a "linguagem-objeto", que fala de objetos, e a "metalinguagem", que fala da linguagem. Mas a metalinguagem não é apenas um instrumento científico necessário, utilizado pelos lógicos e pelos linguistas; desempenha também papel importante em nossa linguagem cotidiana. [...]praticamos a metalinguagem sem nos dar conta do caráter metalinguistico de nossas operações. Sempre que [...] o discurso focaliza o CÓDIGO; desempenha uma função METALinguística (isto é, de glosa). (pág. 127)  A função poética o enfoque da mensagem por ela própria, eis a função poética da linguagem. Essa função não pode ser estudada de maneira proveitosa desvinculada dos problemas gerais da linguagem [...] (pp. 127-128)  CONCLUINDO: O lingüista, cujo campo abrange qualquer espécie de linguagem pode e deve incluir a poesia no âmbito de seus estudos (p.162)  Um lingüista surdo à função poética da linguagem é um especialista de literatura indiferente aos problemas lingüísticos e ignorante dos métodos lingüísticos são, um e outro, flagrantes anacronismos. (p.162)
  • 23. REFERÊNCIAS  JAKOBSON, Roman. Linguistica e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969.  http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/31 87266 acesso em 15.08.12  http://www.jackbran.pro.br/linguistica/funcoes_da_linguagem_jak obson.htm acesso em 15.08.12