A ideia para este curso partiu da observação de diversos infográficos elaborados por grupos de pesquisa e de monitoramento do comportamento nas redes sociais.
Dentre estes, chamou-me a atenção o recente e interessante infográfico elaborado pelo grupo norte americano Psychology Degree intitulado “A psicologia das redes sociais”.
Para iluminar algumas dinâmicas próprias da psicologia nas redes sociais, proponho partir de duas observações acerca da natureza humana feitas pelo filósofo grego Aristóteles:
a) A primeira é de que o ser humano é essencialmente um animal social;
b) A segunda é a de que a vontade de conhecer é natural e determinante na constituição dos seres humanos.
Rupturas?
A partir destas duas constatações, defendo que as redes sociais e a era digital nada mais fazem do que fornecer meios em que a dimensão social e conhecedora (curiosa) dos seres humanos é potencializada e amplificada a níveis jamais experimentados na história.
Assim, argumento que a era digital não implica uma ruptura com dinâmicas e comportamentos anteriores, mas que, antes de tudo, potencializa e amplifica a característica social e curiosa dos seres humanos.
O ser humano sempre foi social. Desde o tempo das cavernas. A busca por conhecimento, um móvel onipresente na história da humanidade.
E se não no mesmo nível de profundidade e abrangência, sempre existiram redes sociais e compartilhamento de experiências. A vida em comunidade, central nas relações humanas.
O papel do olhar na relação com o mundo:
Abro um parêntese aqui para lembrar que Aristóteles foi um filósofo que postulava que o conhecimento tinha como ponto de partida os sentidos humanos.
Donde, a relação entre prazer físico das sensações e a busca pelo conhecimento.
Dos cinco sentidos, somente a audição (referida à linguagem) rivaliza com a visão no léxico do conhecimento. Os demais, ou estão ausentes ou operam como metáforas da visão. Falamos em captar uma idéia ou em agarrá-la. Dizemos que um conceito contém ou envolve certas determinações e que as compreendemos (as seguramos juntas) ou as explicamos (as desdobramos uma a uma).
Destaca-se aqui a sensação visual como sentido privilegiado no processo de busca do conhecimento:
Como informa Marilena Chaui (39), lemos nos livros de Aristóteles Sobre a Alma e Sobre a Sensação, que a despeito de o tato estar espalhado pelo corpo e assim estar mais apto para a investigação, a vista é o sentido que mais nos causa prazer.
Para reforçar esta abordagem recorro também ao filósofo francês Maurice Merleau- Ponty. Em obras seminais da filosofia contemporânea como “A fenomenologia da Percepção” e “O visível e o invisível”, o filósofo afirma que a prevalência do olhar sobre os demais sentidos se dá justamente porque ver é ter à distância. Por suas características o olhar permite tocar, apalpar, viajar no meio das coisas sem precisar se apropriar delas. Ter e co
1. Prof. MSc Felipe Correa de Mello
PLANO DE MARKETING
Psicologia das redes sociais
Módulo I
Sociabilidade, conhecimento e o olhar
2012
2. Psicologia das redes sociais
Curso dividido em três módulos:
Módulo I
Sociabilidade, conhecimento e o olhar.
Natureza humana em Aristóteles
Rupturas?
O olhar:
-Importância do olhar nos sentidos;
-Olhar nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e Pinterest.
Módulo II
“Ver e ser visto”: narcisismo nas redes sociais
O mito de Narciso
Narcisismo na psicanálise:
- Desejo na falta;
- Fusão narcísica e egocentrismo (Freud, Winnicott e Klein);
- Lacan: o desejo dos outros;
O olhar como definidor de identidades: o inferno são os outros (Sartre).
Módulo III
Compartilhar e dialogar: o impacto do Outro na constituição da identidade
A representação do “Eu” na vida cotidiana
Compartilhar experiências: identidade na alteridade
Trocas simbólicas e reputação: o capital social
3. Módulo I: Sociabilidade, conhecimento
e o olhar
Natureza humana em Aristóteles
Rupturas?
O olhar:
Importância do olhar nos sentidos;
Olhar nas redes sociais.
4.
5. Para iluminar algumas dinâmicas próprias da psicologia nas redes sociais,
proponho partir de duas observações acerca da natureza humana feitas
pelo filósofo grego Aristóteles:
i. A primeira é de que o ser humano é essencialmente um animal
social;
ii. A segunda é a de que a vontade de conhecer é natural e
determinante na constituição dos seres humanos.
6. Sociabilidade e a natureza humana
Aristóteles , o filosofo mais influente no pensamento Ocidental, definiu em sua obra política
que o humano é um animal naturalmente político (zóon poliktikon)
Ou seja, definiu que é da natureza humana buscar a vida em comunidade.
“É manifesto, a partir disso, que a Cidade faz parte das coisas naturais e que o homem é
por natureza um animal político, e que aquele que está fora da Cidade [...] ou é um ser
degradado ou um ser sobre-humano.”
(Aristóteles, Livro I da Política apud Chauí, 2010: 463)
Política= pólis= cidade= comunidade (comum)
7. Sociabilidade e a natureza humana
“O homem é um animal político porque é um ser carente e imperfeito que
necessita de coisas (para desejar) e de outros (para se reunir), buscando a
comunidade como lugar em que, com os seus semelhantes, alcance a
completude” (CHAUI, 2010: 464)
Se fosse sem carências, seria um deus e não precisaria da
vida comunitária;
Se fosse uma besta selvagem nem sentiria a falta de outros.
8. Linguagem: comunicar sentimentos de
prazer e dor (como a maioria dos animais),
mas também para exprimir em comum a
percepção do bom e do mau, do útil e do
nocivo, do justo e do injusto, ou seja, para
exprimir em comum a percepção dos
valores.
9. O desejo de conhecer
Na abertura da Metafísica, Aristóteles escreve:
Por natureza, todos os homens desejam conhecer;
Prova disso é o prazer causado pelas sensações, pois mesmo fora de
toda utilidade, nos agradam por si mesmas e, acima de todas, as
sensações visuais;
A vista é, de todos os nossos sentidos, aquele que nos faz adquirir
mais conhecimentos e o que nos faz descobrir mais diferenças.
10. Rupturas?
O ser humano sempre foi social. Desde o tempo das cavernas. A busca por
conhecimento, um móvel onipresente na história da humanidade.
E se não no mesmo nível de profundidade e abrangência, sempre existiram
redes sociais e compartilhamento de experiências.
11. Redes sociais e a era digital não implicam uma ruptura com
dinâmicas e comportamentos anteriores. O que fazem é fornecer
meios em que a dimensão social e conhecedora (curiosa) dos seres
humanos seja potencializada e amplificada a níveis
jamais experimentados na história.
12. Importância do olhar nos sentidos
A aptidão da vista para o discernimento —é o que nos faz descobrir mais
diferenças — a coloca como o primeiro sentido de que nos valemos para o
conhecimento.
Como dizia o filósofo francês Merleau-Ponty, ver é ter à distância.
13. “O olhar apalpa as coisas, repousa sobre elas, viaja no meio
Olhar, conhecimentos e
delas, informaçõesnão se apropria.redes sociais.
mas delas potencializados:
Facebook: social, vida dos outros. Leitura e fotos
Resume e ultrapassa os outros visual
Instangram: intuitivo, prazer sentidos porque os realiza naquilo
Pinterest: expressão de si,
que lhes é vedado pela finitude do corpo, a saída de si, sem
curiosidade, decobertas.
precisar de mediação alguma, e a volta a si, sem sofrer qualquer
alteração material”.
(Marilena Chaui, “Janela da alma, espelho do mundo”)
20. Pinterest
Modo intuitivo de compartilhamento de gostos, estilo de vida e
interesses via imagem;
Expressão de si a partir de coleções de imagens;
Possibilidade de socializar/dialogar com pessoas que não fazem
parte do círculo de amigos da “vida real”;
Descobrir e conhecer coisas novas.