2. Boas vindasBoas vindas
Caro Parceiro,
Temos a satisfação de enviar-lhes nossa segunda edição do
Quarterly Review. Além da abordagem dos principais indicadores
econômicos nacionais e internacionais, incluímos um rico artigo
que trata dos riscos e oportunidades do setor de infraestrutura
no Brasil escrito por um dos nossos especialistas da Acoi Expert
Network.
Esperamos que possam apreciar nosso material e contribuir para a
sua contínua melhora.
Atenciosamente,
Fernando Moura – Diretor de Negócios
3. AgendaAgenda
Fusões e Aquisições - Brasil
Brasil: PIB, inflação, juros e expectativas
Crédito e Inadimplência
Mercados Internacionais
Internacional – Os “MIST´s”
Artigo: Risco e oportunidade na infraestrutura
brasileira
AEN na Mídia: Programa Conta Corrente -
Globonews
4. Conjuntura Econômica
Brasil: PIB, inflação, juros e expectativas
Conjuntura Econômica
Brasil: PIB, inflação, juros e expectativas
Na nossa publicação anterior, no final do 3º. Tri de 2012, expusemos um cenário que não apresenta muitas
mudanças para a atual conjuntura. Vínhamos de reduções nas projeções do crescimento do PIB, pressões
inflacionárias já preocupantes e uma taxa de juros (SELIC) chegando ao final do seu ciclo de quedas. Pois bem, o que
podemos citar como mudanças significativas? Na realidade, pouca coisa.
Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu, em 2012, 0,9%. Com o desempenho negativo da indústria e agropecuária,
por exemplo, pudemos contar apenas com o setor de serviços, que se expandiu 1,7%. Apesar do resultado
insatisfatório, o Governo justificou que, ainda que marginalmente, o País foi prejudicado pela forte crise financeira e
pelo consequente quadro de retração de boa parte das maiores economias mundiais. Em contrapartida, nosso
ministro da fazenda, Guido Mantega, segue afirmando que seguimos em trajetória de crescimento e que esforços
fiscais não serão medidos para “garantir” um melhor desempenho da economia brasileira.
Já com pouco espaço para manobras na política monetária, o Banco Central conduziu a taxa SELIC à sua mínima
histórica, 7,25%a.a.. Tal nível é mantido desde a reunião de outubro de 2012, mas analistas já especulam que o
Governo terá que , pelo menos, cogitar uma subida do indicador. Pressões inflacionárias vindas de diversos setores
da economia, além do câmbio, já preocupam a cúpula econômica do País. O afastamento do IPCA do centro da meta
de inflação, mostra claramente que um ajuste, por mais que fora mínimo, deveria ocorrer no médio prazo.
Enfim, os números são bastante conflitivos quando se pensa em impulsionar o crescimento do País. Mais uma vez,
nos deparamos com a questão que tira o sono de qualquer policy maker: como manter a inflação sob controle sem
prejudicar muito o crescimento econômico? Se o Bacen pretende seguir à linha o seu manual de sistema de metas de
inflação, entraríamos no curto ou médio prazo num período de subida de juros, objetivando índices de preços mais
próximos ao centro da meta. Porém, haveria vontade “política” para iniciar-se um ciclo altista de juros em um ano
pré-eleitoral? O Bacen tem a sua autonomia, desde que ela não entre em rota de colisão com os anseios vindos do
Planalto.
O Boletim Focus, do Banco Central, exemplifica muito bem o viés de estabilidade e/ou provável piora do cenário
para 2013 e 2014. Ainda podemos observar que o mercado espera níveis elevados de preços, já projetando a alta
dos juros básicos e projeções do PIB que fatalmente serão ajustadas durante o ano.
Quanto ao câmbio, não devemos ter muitas novidades com relação à atuação do BACEN para mantê-lo num
patamar de R$2,00. Este número é o ponto de equilíbrio das contas do Governo. O mesmo, através de intervenções
massivas no mercado, busca uma proteção contra a inflação e um nível que favoreça as exportações brasileiras.
Fonte: IBGE – Fev/13
IPCA (Acumulado 12 meses)
Fonte: BACEN – Fev/13
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
ago/10
out/10
dez/10
fev/11
abr/11
jun/11
ago/11
out/11
dez/11
fev/12
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
dez/12
Teto da Meta
Centro da Meta
Boletim Focus
2013 2014
IPCA 5,70% 5,50%
IGP-M 5,18% 5%
Câmbio (R$/USD) 2,02 2,05
SELIC 7,25% 8,25%
PIB (% cresc.) 3,08% 3,65%
Expectativas de Mercado
5. Conjuntura Brasileira
Crédito & Inadimplência
Conjuntura Brasileira
Crédito & Inadimplência
Fonte: BCB – Fev/13
A preocupação com a inadimplência teve seu auge
no ano passado. Após um considerável período de
aumento (inadimplência do consumidor foi 15%
maior em 2012), os indicadores tem apresentado
uma tendência estável. Segundo o Serasa, a
perspectiva de manutenção de um nível baixo das
taxas de juros, a tendência de aceleração do
crescimento econômico interno, ainda que muito
branda, e a predominância de um cenário externo
mais positivo contribuirão para o estabelecimento
de um quadro mais favorável para a queda da
inadimplência das empresas e pessoas físicas em
2013. Além dos fatores citados, há que se considerar
os aumentos de salários, em sua maioria, superiores
à inflação e a manutenção de taxas de desemprego
em níveis de quase “pleno emprego” (abaixo dos
6%).
Do lado das instituições financeiras, várias delas têm
estruturado e incentivado renegociações de débitos
em atraso. Tais campanhas promovem condições
muito atrativas para que empresas e pessoas físicas
quitem suas dívidas e voltem a ter acesso mais
consciente ao crédito. Bancos e agências de fomento
também têm melhorado seus critérios para
concessão de crédito.
As “agressivas” baixas nas taxas de juros promovidas,
principalmente, pelas instituições financeiras públicas
(BB e Caixa), vêm acompanhadas de condições mais
seguras para a concessão de crédito, leia-se garantias.
Como destaques para 2013, as principais instituições
nacionais apontam, novamente, o crédito imobiliário.
Esta modalidade subiu do 5º. para o 2º. lugar nas
carteiras de concessão à pessoas físicas entre os
anos de 2008 a 2012, atingindo a expressiva marca
de R$270bi, algo próximo a 25% do total concedido.
Na ponta descendente, temos as carteiras de
veículos que caíram da 1ª. colocação no final de 2008
para a 3ª. , com um volume R$202bi, 18,9% do total.
Inadimplência 15 a 90 dias por categoria - Pessoas Físicas
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
jan/08
abr/08
jul/08
out/08
jan/09
abr/09
jul/09
out/09
jan/10
abr/10
jul/10
out/10
jan/11
abr/11
jul/11
out/11
jan/12
abr/12
jul/12
out/12
CDC Fin. Imob. - PF Veículos - PF
Inadimplência CDC x Desemprego
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
jan/03
jul/03
jan/04
jul/04
jan/05
jul/05
jan/06
jul/06
jan/07
jul/07
jan/08
jul/08
jan/09
jul/09
jan/10
jul/10
jan/11
jul/11
jan/12
jul/12
Tx. Desemprego Inadimplência CDC
Linear (Tx. Desemprego) Linear (Inadimplência CDC)
Nos gráficos acima, podemos observar a evolução
da inadimplência das pessoas físicas nas principais
modalidades de crédito e a sua tendência à
estabilidade, conforme a taxa de desemprego se
acomoda em níveis historicamente baixos. Apesar
de estarem niveladas em patamares diferentes, as 3
categorias apontam para uma melhora nos atrasos
de contratos, tendendo a atingir suas médias dos
últimos anos.
6. Conjuntura Econômica
Mercados Internacionais
Conjuntura Econômica
Mercados Internacionais
Últ. Ano 12m
19.501 -1% 7%
SENSEX Mumbai
Fonte: Yahoo Finance – Fev13
Últ. Ano 12m
43.871 -1% 16%
IPC México
Últ. Ano 12m
14.128 5% 9%
Dow Jones NY
Últ. Ano 12m
6.346 5% 7%
FTSE 100 London
Últ. Ano 12m
7.692 -1% 12%
DAX Frankfurt
Últ. Ano 12m
2.273 0% -4%
SSE Shanghai
Últ. Ano 12m
11.395 7% 21%
Nikkei 225 Tokyo
Últ. Ano 12m
56.499 -10% -15%
Ibovespa
7. Apesar da lentidão na recuperação econômica mundial, as operações de fusões e aquisições seguem
ocorrendo com grande frequência no Brasil. Segundo a PWC, no ano passado, mais de 700 negócios foram
concluídos e/ou pelo menos encaminhados para um fechamento.
De acordo com a Thomson Reuters, entre os meses de janeiro e setembro de 2012 as Companhias
anunciaram cerca de USD54bi em operações no País. O número é 10% menor do que o mesmo período
de 2011. Mesmo assim, o mercado acredita na plena recuperação deste tipo de operações.
Fato é que, temos observado uma quantidade de negócios fechados com interessantes ganhos financeiros
para vendedores e de estratégia para compradores. Podemos citar o exemplo da operação envolvendo a
americana CVS Caremark que adquiriu cerca de 80% da rede de drogarias Onofre, numa operação que
movimentou R$670mi. Isto equivale a 26 vezes o EBITDA da Drogarias Onofre do ano passado. Segundo o
Valor Econômico, há dois anos atrás, no início do processo de consolidação do setor, o múltiplo pago
nestas operações giravam em torno de 13 a 15 vezes o EBITDA. Uma diferença significativa.
O exemplo da aquisição da Onofre, reflete a análise de custo de oportunidade que o investidor estrangeiro
faz com relação aos níveis de preços que chegou-se no Brasil: É um mercado que pode ser considerado
caro, mas que ainda permanece atraente.
O Goldman Sachs reafirma as boas perspectivas para a recuperação das transações de M&A. O banco
divulgou que os fundos de private equity tem, aproximadamente, USD6,3bi para aplicar em empresas
brasileiras. Dentre os diversos setores em potencial da economia brasileira, destacam-se o varejo,
infraestrutura e bens de consumo.
Comprada Comprador Valor
R$ 410mi
R$ 670mi
R$ 688mi
Fonte: http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br
Conjuntura Econômica
Fusões e Aquisições no Brasil
Conjuntura Econômica
Fusões e Aquisições no Brasil
10. Conjuntura Econômica
Internacional – Os “MIST´s”
Conjuntura Econômica
Internacional – Os “MIST´s”
O conceito de “MIST” é composto pelas iniciais
dos futuros novos grandes mercados
emergentes (México, Indonésia, Coréia do Sul –
South Korea e Turquia). O termo surgiu da
estratégia de investimentos do criador de outra
expressão, esta sim amplamente reconhecida,
“BRICS” – que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul – South Africa – o presidente do
conselho Goldman Sachs Asset Management, Jim
O’Neill.
A estratégia de buscar alternativas de mercados
é, em parte, consequência do enfraquecimento
do grupo de emergentes mais famoso, os BRICS.
Com resultados, análises e perspectivas
significativamente menos atraentes, os BRICS
perderam parte da sua atratividade e um
montante considerável do fluxo de capitais
externos que eram destinados à eles. Como
principais fatores, podemos citar os baixíssimos
números que vem apresentando o PIB brasileiro
e as tendências de arrefecimento da economia
chinesa.
Nos quadros que mostramos a seguir,
apontamos, de forma bem sintética, os
indicadores gerais para a comparação entre os
grupos e quais são os pontos fortes e/ou
estratégicos dos MINT´s (slide seguinte). A
análise destes países em conjunto é
relativamente nova, tendo suas primeiras
publicações em 2011. Em contrapartida, os
componentes do novato grupo têm
demonstrado números e fatos contundentes,
como crescimento do PIB acima da média
mundial, avanços políticos e dinamismo
econômico.
Vale a pena acompanhar esta batalha que
poderá se configurar entre os campeões de
audiência “BRICS” contra os novatos do
“MINT´s”!
Indicador BRICS MIST
PIB (USD bi) 13,7 3,9
Cresc. PIB 6,0% 4,6%
PIB per capita (USD mil) 10,1 16,5
Taxa de pobreza 19% 15,90%
Desemprego 7% 6,40%
Inflação 6,9% 5,3%
Dívida Pública s/ PIB 39,6% 34,4%
Faixa etária média (anos) 34,4 30
Aumento populacional 0,6% 0,9%
Fonte: http://www.razon.com.mx
X
11. Conjuntura Econômica
Internacional – Os “MIST´s”
Conjuntura Econômica
Internacional – Os “MIST´s”
México Indonésia Coréia do Sul Turquia
Geografia Proximidade dos EUA Localiza-se entre o sudeste asiático e
Austrália
Proximidade da China Entreposto comercial entre ocidente e
oriente
Política Baixa intervenção na economia Avanços democráticos e estabilidades
política
Abertura aos investimentos estrangeiros
Benefícios da recuperação americana Enorme mercado consumidor em
desenvolvimento
Alta qualidade profissional, riqueza, bom
nível de consumo
Bancos privados sólidos, dívida pública
em níveis confortáveis
Encarecimento do custo CHINA (maior
exportadora aos EUA)
Atração de empresas (baixos custos) Setores: educação, serviços financeiros,
seguros, bens de consumo
Taxa de Juros
(a.a.)
4,00% 5,75% 2,75% 5,50%
PIB 2012
(Expectativa)
2,00% 6,23% 2,00% 3,00%
Key Points
Economia
Fonte: Revista Veja – Ago12
International Monetary Fund
12. Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
O Relatório Global de Competitividade 2012-2013
do Fórum Econômico Mundial mostrou a percepção
sobre a qualidade da infraestrutura brasileira em
107º lugar no mundo, entre 144 nações. No
relatório anterior, 2011-2012, o país ocupava o 104º
lugar. Basicamente, a percepção sobre a qualidade da
nossa infraestrutura piorou em quase todos os
segmentos em relação ao ano anterior. Somente
dois itens melhoraram: a oferta de assentos no
transporte aéreo e o acesso às telecomunicações,
notadamente no segmento de telefonia celular.
O quadro abaixo, que resume os indicadores, destoa
completamente da percepção internacional sobre o
futuro do país: é possível, para um país, pensar em
ter um futuro brilhante com uma percepção global
tão ruim sobre a qualidade da sua infraestrutura?
Global Competitiveness Report 2012-2013,
World Economic Forum, 144 países:
BRA
Qualidade da infraestrutura geral 107º
Qualidade das rodovias 123º
Qualidade da infraestrutura
ferroviária
100º
Qualidade da infraestrutura
portuária
135º
Qualidade da infraestrutura aérea 134º
Assentos disponíveis na aviação
kms/semana, milhões
7º
Qualidade da oferta de
eletricidade
68º
Linhas telefônicas fixas/100
habitantes
55º
Assinantes de telefonia móvel/100
habitantes
41º
A situação da infraestrutura é um elemento crítico
da competitividade do país. Por exemplo, devido à
precariedade na área de transportes, os custos de
logística chegam a níveis médios bastante elevados
em comparação aos demais países. Segundo uma
estimativa de Jose Luis Guasch e Joseph Kogan, o
custo de logística médio como percentual do valor
dos produtos no Brasil é de 26%, contra uma média
de 9% nos países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), ou 18% no Chile.
Assim, a produção de qualquer item no território
brasileiro é fortemente penalizada frente aos seus
concorrentes, devido ao custo da logística, não
bastasse o elevado peso da tributação que grava os
produtos brasileiros relativamente à média dos
demais países. As deficiências nos demais setores de
infraestrutura trazem implicações dramáticas para o
desenvolvimento econômico, incluindo a redução da
pobreza, a sustentabilidade ambiental e a promoção
de um salto de produtividade na economia.
Avanços e desafios
Apesar da situação crítica de sua infraestrutura, o
Brasil tem boas notícias para comemorar. Na
década de 90, o país iniciou transformações
macroeconômicas e institucionais que abriram um
caminho para um salto na sua infraestrutura, ainda
nos anos 2000.
13. Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Os principais elementos dessas transformações
foram:
• a introdução de marcos regulatórios para todos
os setores de infraestrutura, com criação de
entidades reguladoras e de vários mecanismos de
promoção de concorrência;
• a introdução de um aparato legal e institucional
para a participação privada nos serviços de
infraestrutura, com a Lei das Concessões de
1995 e a Lei das PPP de 2004, e que vem
amadurecendo, com um número crescente de
projetos de boa qualidade entre os entes
subnacionais;
• o ambiente fiscal contribuiu significativamente,
com reformas que, desde os anos 90,
melhoraram sensivelmente a perspectiva de
solvência de todos os entes da federação sendo
que, nos últimos anos, o maior crescimento
relativo da economia brasileira e, portanto, da
arrecadação, criou um espaço para que os entes
aumentassem os investimentos em infraestrutura
sem comprometer um crescimento ainda maior
do custeio;
• o custo de capital declinante, refletindo o menor
risco, que se deve tanto aos marcos regulatórios
e contratos mais estáveis quanto à transição
política de 2002/2003, que reduziu
significativamente o risco de expropriações e de
mudanças bruscas na política econômica.
Com estas transformações, o Brasil está pronto
para um salto em infraestrutura, e desta vez será
inevitável contar com forte participação do setor
privado, local e internacional. A legislação que rege a
participação privada no país já está bem preparada
para dar suporte aos novos modelos necessários.
Os marcos regulatórios, ainda que longe de
perfeitos, já atribuem papel relevante à competição
e à entrada de novos players em diversos
segmentos, favorecendo o investimento com risco
relativamente mais baixo.
O Estado brasileiro esgotou sua capacidade de
investimentos e, mesmo o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), do governo federal, não
trouxe grandes melhorias, apenas aproveitando, com
um selo, o melhor ambiente criado no país e
também se beneficiando da folga fiscal do período
de crescimento mais elevado. Em alguns casos, o
PAC chegou a deslocar investimentos privados,
atrasando-os e reduzindo sua eficiência. Mesmo
assim, vários níveis de governo vêm melhorando sua
tecnologia institucional na área de infraestrutura,
criando projetos interessantes, principalmente
através de concessões e parcerias.
Dores do crescimento?
Tornou-se comum, no Brasil, apontar o forte
crescimento da demanda como o responsável
direto pela severa deterioração da qualidade no
sistema aeroportuário, uma evolução que, apesar de
evidente aos usuários frequentes do sistema, é
também detectada pelos relatórios internacionais
de competitividade.
Entretanto, a experiência mundial desmente essa
associação entre crescimento e piora da qualidade,
de forma veemente. Há um bom número de países,
grandes e pequenos, que experimentaram explosão
de crescimento da sua demanda aérea nos últimos
anos e, ao mesmo tempo, conseguiram entregar
mais qualidade.
O próprio crescimento relativo do transporte
aéreo brasileiro não está entre os mais
espetaculares do mundo, tomando-se um horizonte
razoável.
14. Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Trata-se de um crescimento significativo. No
começo dos anos 2000, o número de passageiros
transportados no Brasil era semelhante, em ordem
de grandeza, ao de países como a Itália, Austrália e
Coréia. No fim da mesma década, já
transportávamos pelo menos o dobro do que
qualquer um desses países, com um crescimento de
125% no período.
Entretanto, há um bom conjunto de países que
mostraram taxas de crescimento ainda mais
impressionantes. Por exemplo, entre 2001 e 2010,
segundo dados do IMD, Índia e China
experimentaram crescimento de mais de 270% no
número de passageiros. O Peru experimentou
crescimento de 172% e a Turquia, de 352%, no
mesmo período.
Um indicador da relação entre melhora/piora da
qualidade e o crescimento dos serviços pode ser
obtido no ranking de competitividade do World
Competitiveness Yearbook do Institute for
Management Development.
A análise desmente o mito de que não é possível
expandir mantendo a qualidade. Tome-se o diagrama
de dispersão a seguir, elaborado com dados do O
diâmetro das esferas representa a população do
país.
No eixo horizontal, tem-se o crescimento do
mercado de transporte aéreo, os mesmos dados
comentados alguns parágrafos acima. Quanto mais à
direita, maior o crescimento no período entre 2001
e 2010. É fácil ver que há muitos países mais à
direita que o Brasil, portanto que tiveram maior
crescimento. Depreende-se que o transporte aéreo
brasileiro não é uma estrela do crescimento
mundial.
No eixo vertical, os dados do IMD medem a
melhoria da percepção de qualidade sobre o
transporte aéreo de cada país, avaliada entre os
executivos. Quanto mais para cima, maior a variação
de qualidade, entre os anos de 2002 e 2010.
O resultado é surpreendente: o Brasil foi o país que
teve a maior piora na qualidade percebida de seu
transporte aéreo no período. A nossa nota, em
2010, era de apenas 3,7 enquanto em 2002
obtivemos nota 7! No mesmo período, o México
caiu de 6,2 para 5,8. A China subiu de 5,5 para 7. Ou
seja, a China conquistou, há poucos anos, a nota que
o Brasil tirou em 2002, mas quando a China atingiu
este patamar.
Países próximos à avaliação brasileira incluem a
Venezuela, com nota 2,7 e a Argentina que obteve
4,3. Até a Grécia melhorou em meio à severa crise
que vem experimentando, de 6,1 para 7,4. Países
desenvolvidos, também em crise, melhoraram sua
nota no período: EUA de 8 para 8,3; Alemanha de
8,7 para 9.
15. Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Riscos e oportunidades
Os ativos de infraestrutura são geralmente
considerados como ativos defensivos, tipicamente
por apresentarem correlação relativamente baixa
em relação à economia. Entretanto, esta baixa
correlação com a economia não significa que
tenham baixo risco, sendo que em vários casos
ocorre justamente o contrário. Embora se possa
dizer que a fonte dos riscos do setor de
infraestrutura não é o movimento típico de
flutuação da economia, há outros importantes
riscos que devem ser levados em consideração.
O elevado custo fixo envolvido nas operações de
infraestrutura, derivado de grandes investimentos
caracterizados por significativas economias de
escala, está associado a alta alavancagem operacional
das empresas de infraestrutura.
Note-se que nem tudo que faz parte da cadeia de
produção da infraestrutura é, rigorosamente,
infraestrutura. Há vários serviços que não
compartilham das características típicas de alto
custo fixo, especificidade de ativos e alta
alavancagem operacional. Um exemplo é o
segmento de comercialização de energia elétrica,
que faz parte da cadeia mas não tem as
características de monopólio natural dos segmentos
de transmissão e distribuição.
Até mesmo a geração elétrica opera com
características bem diferentes dos segmentos
intensivos em fio. Assim, a abordagem regulatória
difere sensivelmente entre os segmentos. Nas áreas
mais competitivas da energia elétrica as
oportunidades abundam, inclusive em nichos. O
mesmo vale em telecomunicações: apesar da
elevada concentração típica nos principais
mercados, há um grande número de empresas
atuando em nichos lucrativos e ainda promissores.
Nos segmentos com alto custo fixo, a recuperação
dos investimentos, tipicamente realizada a longo
prazo com paybacks longos, depende de estabilidade
política e regulatória. Em termos políticos, foi
justamente a transição de 2002/03 e a subsequente
manutenção das políticas econômicas ortodoxas
que correspondeu a uma redução apreciável no
risco dos investimentos em infraestrutura. Contudo,
apesar do melhor ambiente político propiciado por
esta transição, o grau de manipulação discricionária
de marcos regulatórios e de intervenção
governamental na ordem econômica com objetivos
mais ligados ao ciclo eleitoral são elementos que
adicionam preocupação e já afetam os preços no
mercado de capitais. O anúncio de grandes pacotes
sem a devida preocupação regulatória e
concorrencial ilustra bem essa tendência.
Oportunidades setoriais
Há diferentes oportunidades nos diversos setores
da infraestrutura. A cadeia da energia, tanto
petróleo e gás quanto a energia elétrica, oferecem
negócios de grande volume, assim como nichos em
expansão. Neste momento, os segmentos de
transportes estão em destaque, com os programas
federais de participação privada, ainda que os
anúncios recentes padeçam de problemas de
desenho que podem sacrificar resultados,
considerando o esforço político que o governo
parece estar decidido a fazer para recuperar parte
do tempo perdido.
16. Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
Artigo
Risco e oportunidade na infraestrutura brasileira
O saneamento básico tende a oferecer mais
possibilidades, com investimentos elevados. As
telecomunicações, um grande gargalo do
desenvolvimento brasileiro, sofrem com a baixa
promoção da competição, mas ainda assim tendem a
manter um ritmo de crescimento forte, com novos
nichos de mercado em expansão. De fato, este foi o
único segmento que mostrou melhora no último
relatório de competitividade do World Economic
Forum, ainda que seja uma melhoria mais
circunscrita à área móvel, e mais quantitativa que
qualitativa.
Neste novo ambiente, há significativas
oportunidades para investimentos diretos e para
alocação de carteiras nos setores de infraestrutura
no Brasil. Esta classe de ativos oferece, neste
momento, um retorno razoável frente a um risco
relativamente baixo, mesmo considerando a
preocupação recente com o aumento das práticas
de intervenção e de seleção discricionária. Em um
mundo de baixos retornos, os ativos brasileiros
nesta área são, no mínimo, uma alternativa a ser
considerada.
É claro que o desenvolvimento e a adequada
regulação dos segmentos puros de infraestrutura é
que propiciam o maior desenvolvimento dos nichos.
Há, entretanto, oportunidades que nascem
justamente do contrário: as ineficiências presentes
em vários segmentos da infraestrutura brasileira, e
as deficiências regulatórias fazem surgir negócios
que se aproveitam dos problemas. Embora tenham
horizonte limitado, estas oportunidades acabam
viabilizando a entrada de novas empresas,
possibilitando que estas percorram a curva de
aprendizado íngreme que caracteriza a atuação nos
negócios altamente especializados da infraestrutura.
Apesar do aumento das intervenções discricionárias
e das incríveis aberrações ainda existentes ou que
ainda surgem, os avanços das últimas décadas
criaram espaço para o aparecimento de projetos de
boa qualidade, com relação risco-retorno altamente
atrativas. Em suma, a classe de ativos de
infraestrutura, no Brasil, merece ser avaliada com
atenção por quem busca boas oportunidades de
investimento, assim como pelos investidores
interessados em participar diretamente do
crescimento do país.
• Este artigo foi gentilmente cedido por um especialista
da nossa base de profissionais
Frederico Turolla p/ Quaterly AEN
Doutor em Economia de Empresas (FGV-
SP); Mestre em Economia de Empresas
(FGV-SP) com intercâmbio em Economia
Internacional e Finanças na Universidade
de Brandeis (Estados Unidos); Economista
(UFJF). Professor do Programa de
Mestrado em Gestão Internacional da
ESPM, professor de MBA da FGV-SP. Foi
economista do Banco WestLB. Sócio da
Pezco Microanalysis (Empresa Brasileira
de Consultoria Econômica), onde tem
participado de projetos em diversos
setores regulados. É um especialista da
Acoi Expert Network desde junho de
2012.
17. AEN na Mídia
Globonews: Programa Conta Corrente 17/09/12
AEN na Mídia
Globonews: Programa Conta Corrente 17/09/12
Participamos do programa Conta Corrente do canal por assinatura Globonews, Nele, o
sócio-fundador da Acoi Expert Network, destacou pontos de extrema importância para a
gestão de novos negócios, dicas e oportunidades para empreendedores e gestores de
startups.
Segue o link da nossa participação:
http://g1.globo.com/globo-news/conta-corrente/videos/t/todos-os-videos/v/brasil-e-o-
terceiro-pais-com-mais-empreendedores-no-mundo/2143402/
Esperamos que apreciem nossa apresentação.