Resultados das cotadas portuguesas à prova na época de apresentação de contas
1. Tiragem: 18101 Pág: 28
País: Portugal Cores: Cor
Period.: Diária Área: 26,96 x 36,92 cm²
ID: 42948375 24-07-2012 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2
FINANÇAS SEU DINHEIRO
FINANÇAS O
Época de resultados
promete ser dura para
cotadas expostas a Portugal
A ‘earnings season’ da bolsa portuguesa já começou e esta semana mais
de metade das cotadas do PSI 20 vai ao exame dos mercados.
Rui Barroso Com os encargos der pela positiva, ao passo que
rui.barroso@economico.pt sectores mais ligados ao consu- PSI 20 COM VIDA DIFÍCIL
financeiros a mo e exclusivamente nacionais
A época de apresentação de re- pressionar e com as deverão ser mais afectados”, O índice de referência da bolsa
portuguesa sofreu ontem nova
sultados da bolsa portuguesa já vendas no mercado antevê José Sarmento, ao Diá-
derrocada e perde mais de 16%
começou. E apesar de ter come- rio Económico. O analista des-
çado com a surpresa positiva da doméstico a serem taca a Galp, a EDP e a PT pela desde o início do ano.
Portucel, o período em que as afectadas pela crise positiva, dado o potencial de 6000
empresas mostram as contas ao económica, os beneficiarem com as suas ope-
mercado deverá revelar mais si- rações internacionais. Já o sec-
nais de abrandamento. A pressão analistas terão em tor financeiro é aquele em que 5500
dos problemas económicos que o conta evolução dos os investidores estão mais pes-
País vive deverá ter efeitos mais custos para aferir o simistas (ver texto ao lado). Por
negativos nas cotadas expostas seu lado, António Seladas des-
ao mercado doméstico, sendo desempenho das taca pela positiva o sector das
5000
que as cotadas mais internacio- empresas. ‘utilities’. “Nas chamadas “Uti-
nalizadas e que mais controla- lities” (telecomunicações e 4500
ram os custos poderão surpreen- eléctricas) a resiliência eviden-
der pela positiva. ciada nos últimos anos manter-
“As tendências do primeiro se-á”, antecipa.
4000
trimestre devem-se manter, Já a Jerónimo Martins é, para
02-01-2012 23-07-2012
pressão ao nível das receitas José Sarmento, uma incógnita.
Fonte: Bloomberg
principalmente nas empresas E apresenta um desafio comum
mais expostas a Portugal e em a várias cotadas nacionais.
segmentos de negócio mais dis- Conseguir que os negócios in-
cricionários, com quedas de re- ternacionais sirvam para com-
ceitas que nalguns segmentos pensar o abrandamento da acti-
podem atingir os 20%, talvez vidade em Portugal. “A maior
um pouco inferior, na medida incógnita poderá vir da Jeróni-
em que a economia parece estar mo Martins onde os resultados
a querer estabilizar e porque a da Biedronka poderão não ser
base de 2011 começa a ajudar”, suficientes para compensar a
referiu o responsável pela aná- quebra de vendas e margens em
lise de acções do Millennium IB, Portugal”, refere o analista.
António Seladas, ao Diário
Económico. Investidores estarão atentos
Também o analista da Fincor, à evolução dos custos
José Sarmento, reconhece que Com o cenário macroeconómi-
“os resultados nacionais deverão co negro, o que afecta a capaci-
apresentar forte pressão”. Ape- dade das empresas em conse-
sar disso, realça que “dada a cor- guir receitas, os investidores
recção verificada na bolsa portu- deverão estar atentos aos gastos
guesa nos últimos anos, os pre- das empresas. “A evolução dos
ços dos títulos encontram-se custos é determinante, uma vez
agora a valores bastante baixos que a componente de receitas
pelo que o potencial de resulta- está muito condicionada pelo
dos poderem ser uma surpresa ambiente macro deprimido”,
positiva é superior à negativa”. explica António Seladas.
No entanto, com o foco dos Uma das despesas de que as
investidores na intensificação da empresas terão dificuldade em re-
crise de dívida soberana, passar duzir é com os custos dos juros de
no teste dos resultados pode não empréstimos. “Os encargos fi-
ser o suficiente para convencer nanceiros nas empresas não fi-
os investidores a carimbarem a nanceiras deverão continuar a su-
boa nota no mercado. bir, esta tendência manter-se-á
durante os próximos trimestres”,
Cotadas internacionalizadas são antevê António Seladas.
as que mais podem surpreender Também José Sarmento apon-
Desde que a crise se abateu sobre o ta a capacidade das empresas
País, os analistas têm defendido O responsável pela cortarem custos e a evolução dos
que as empresas portuguesas mais análise de acções custos de financiamento como
do Millennium IB,
atractivas são as que têm exposi- António Seladas, factores a ter em conta nesta épo- O BPI apresenta
ção internacional. E, nesta época diz que “a ca de apresentação de resultados. resultados amanhã
de apresentação de resultados, a evolução dos Além disso, considera que “a ca- após o fecho do
custos será mercado. Ainda esta
tendência deverá manter-se. determinante” nas pacidade de exportação de em- semana será a vez do
“Acreditamos que os sectores contas das presas e os respectivos resultados BCP, seguindo-se o
mais defensivos e os ligados a empresas. internacionais serão outro ponto BES na próxima
segunda-feira.
exportações poderão surpreen- determinante”. ■
2. Tiragem: 18101 Pág: 29
País: Portugal Cores: Cor
Period.: Diária Área: 26,72 x 36,68 cm²
ID: 42948375 24-07-2012 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2
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Ao analisar os resultados das empresas há mais
factores em ter em conta além do lucro líquido.
Os dados das vendas e das receitas indicam
NÚMERO DICA
como a actividade da empresa está a evoluir,
Número de cotadas do PSI 20 que apresenta enquanto a evolução dos custos reflecte se a
resultados até ao final da semana. empresa se está a tornar mais eficiente.
Bruno Barbosa
ESTIMATIVAS SEGUNDO TRIMESTRE Angola voltará
Estimativas para o lucro líquido das cotadas.
Data Estimativa
(em milhões de euros)
Var. Homóloga a ser a jóia
Sonaecom
BPI
Jerónimo Martins
EDP Renováveis
24-Jul
25-Jul
25-Jul
25-Jul
14,4
27,1
90,6
30,8
-20%
-19,96%
3,30%
-23,64%
da coroa do BPI
EDP 26-Jul 225,6 -15,28%
Soane Indústria 26-Jul n.d. n.d. Estimativas de três casas de in- Além da queda da margem
BCP 27-Jul -536 vestimento apontam para resul- financeira em termos homólo-
Zon Multimédia 27-Jul 9,65 4,84% tado de 27,1 milhões de euros. gos, os analistas temem a dete-
Galp 27-Jul 123,4 29,50% rioração dos activos do banco.
Brisa 27-Jul n.d. n.d. Rui Barroso “A actividade doméstica deverá
BES 30-Jul 18,3 -80,76% rui.barroso@economico.pt continuar sob pressão, com
REN 31-Jul 33,3 -1,77% margens esticadas e um aumen-
Portugal Telecom 02-Ago 67,14 -31,56% to da deterioração da qualidade
O BPI é o primeiro banco nacio-
Sonae 23-Ago n.d. n.d.
nal cotado a mostrar as contas dos activos”, referem os analis-
Altri 29-Ago n.d. n.d.
Semapa 30-Ago n.d. n.d.
do segundo trimestre ao merca- tas do Espírito Santo IB, que es-
Mota-Engil 31-Ago n.d. n.d. do. O banco liderado por Fer- peram que o banco constitua
Fonte: Estimativas coligidas pela Bloomberg, à excepção da Sonaecom(Reuters) e dos bancos. nas nando Ulrich deverá apresentar provisões para crédito no valor
entidades finandeiras,as estimativas foram calculadas pelo Diário Económico com base em relató-
rios do Espírito Santo IB, Millennium IB e Caixa BI. amanhã um lucro em torno de de 35 milhões de euros. Tam-
27 milhões de euros, segundo a bém Rita Silva antecipa “fortes
média das estimativas feitas pe- provisões para crédito reflectin-
los analistas do Caixa BI, Espíri- do maiores níveis de desempre-
to Santo IB e Millennium IB. No go e a actividade económica de-
mesmo período do ano passado, primida”.
o BPI apresentou um resultado Já a operação de recapitaliza-
de 33,9 milhões de euros ção do banco permitirá ao BPI
De referir, no entanto, que a ter rácios acima do exigido pelas
estimativa do Millennium IB é autoridades, tanto europeias,
de 14 milhões de euros. Já as ou- como portuguesas. O Caixa BI e
tras duas entidades têm previ- o Espírito Santo IB esperam que
sões similares, 34,4 milhões no o rácio ‘core tier 1’ se situe em
caso do Caixa BI e 33 milhões de 14,4% e 14,6%, respectivamen-
euros, segundo as contas do Es- te, segundo a definição do Ban-
pírito Santo IB. co de Portugal. Já segundo o
A ajudar os resultados do critério da Autoridade Bancária
banco estará novamente Ango- Europeia, os analistas do Espíri-
la. “A operação em Angola (com to Santo IB esperam um CT1 de
um lucro líquido estimado de 9,4%, incluindo o efeito da in-
19,3 milhões de euros) deverá jecção estatal.
continuar a ser o segmento mais Em resumo, “o ambiente
dinâmico do grupo (ROE perto económico deverá manter a
de 22,5%), referiram os analis- pressão para o sector nos próxi-
tas do Caixa BI, André Rodri- mos trimestres devido à dete-
gues e Inês Simões, numa nota rioração da qualidade dos acti-
de antevisão dos resultados di- vos”, concluem os analistas do
vulgada ontem. Também a Caixa BI. ■
equipa de analistas do Espírito
Santo IB coloca a operação an-
golana como a principal impul- ESTIMATIVAS BPI
sionadora dos resultados.
Previsões para o resultado
A média das estimativas
líquido e margem financeira
aponta para que o banco tenha
(valores em milhões de euros)
conseguido uma margem finan-
ceira de 129,4 milhões de euros, Lucro Margem
menos 10,76% que no mesmo líquido financeira
período do ano anterior. A justi- BES IB 33 128
ficar esta descida está o custo Millennium IB 14 131,2
com depósitos. Isto apesar dos Caixa BI 34,4 124,6
ganhos proporcionados pelas Média 27,13 127,93
cedências de liquidez do BCE a
uma taxa de 1%.
Num relatório do Millennium
IB, a analista Rita Silva realçou
que a margem financeira a nível
doméstico deverá melhorar em
relação ao trimestre anterior,
“impulsionada pelo financia-
mento do BCE, algum ‘carry
trade’ através de compra de dí-
vida soberana de curto prazo e
da contínua reavaliação dos
preços dos activos”. Segundo o
Caixa BI, o BPI “conseguiu cer-
ca de dois mil milhões de euros
em cada LTRO [operação de re-
financiamento de prazo alarga-
do] e não deverá ter nenhum
constrangimento de financia-
mento este ano enquanto su-
porta a sua margem financeira
nos próximos trimestres”.