1) O documento discute a morfologia e adaptações evolutivas de frutos e sementes para a dispersão. 2) São descritos mecanismos de dispersão abiótica (vento, água) e biótica (animais). 3) As principais adaptações incluem cor, tamanho, textura de casca e atrativos para diferentes dispersores como pássaros, mamíferos e peixes.
2. Conceitos Básicos
Dispersão: Transporte dos diásporos
(unidade de dispersão Van der (Pijl, 1969)) da planta
mãe até um novo local, através de vetores bióticos
ou abióticos.
Síndrome de dispersão: conjunto de
características estruturais dos diásporos que
indicam a adaptação da planta aos agentes
dispersores abiótico ou bióticos
3. Conceitos Básicos
semente
Inga sp. (“ingá”) Ormosia paraensis Ducke (“tento”)
Extrato
arilo
epidémico
mimético
da testa
Legume indeiscente Legume
4. Fruto
Platonia inisignis Mart. (“bacuri”)
endocarpo
pirênio
Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. (“cumaru”)
baga uniloculada
s
Copaifera duckei Dwyer. (“copaíba”)
1 cm
drupa
Gustavia augusta L. (“jeniparana”)
Legume
Pixídio indeiscente
5. Dispersão: Adaptações evolutivas
A hipótese de fuga: a dispersão é o transporte do
diásporo para longe da árvore matriz a fim de aumentar a
chance de sobrevivência da plântula.
Diásporos das árvores tropicais = maiores chances de
sobreviver quando carregadas para longe, do que quando
deixados próximos a árvore matriz.
Possibilita maiores vantagens para escapar da
competição e predação próximo à planta-mãe.
É um processo fundamental na distribuição, diversidade,
regeneração e sucessão das plantas de florestas tropicais.
A dispersão pode ser abiótica e/ou biótica.
6. Dispersão: Adaptações evolutivas A – Abiótica
Refere-se aos propágulos
disseminados por agentes do
ambiente, tais como o vento
(anemocoria) e a água
(hidrocoria).
7. Adaptações evolutivas da dispersão - A – Abiótica
A 1. – Anemocoria
Transporte de suas estruturas
reprodutivas pelo ar em movimento.
É comum em espécies de
ecossistemas campestres ou árvores
emergentes de ecossistemas
florestais.
8. Adaptações evolutivas da dispersão - A – Abiótica . . .
Os diásporos anemocóricos caracterizam-se por
serem pequenos e leves, classificam-se em três tipos:
Esporocórica – esporos diminutos Briófitas e
Pteridófitas.
Pterocórica – sementes ou frutos alados.
Pogonocórica – sementes ou frutos plumosos.
Hecistopteris pumila
Ptero- gr. pterón ou Chorisia speciosa
pluma de asa
9. 4.3.2.1. Adaptações evolutivas da dispersão - A – Abiótica
A 2. – Hidrocoria
Disseminação mediante a
ação da água de rios, mares...
Adaptação de espécies
típicas de áreas alagadas
(várzea e igapós).
Exemplos: buriti (Mauritia
flexuosa) e mamorana (Pachyra
aquatica)
10. Adaptações evolutivas da dispersão - A – Abiótica
Existem ainda mecanismos de disseminação de
propágulos que são executados pela própria planta, tem-
se:
Barocoria - Queda dos frutos e
sementes em conseqüência do
próprio peso - por gravidade,
produzindo disseminação a curtas
distâncias.
Exemplo: Fruto da Castanha do Pará,
embora as sementes sejam efetivamente
dispersadas por roedores (dispersão
secundária)
11. Adaptações evolutivas da dispersão - A – Abiótica
Balocoria – Dispersão
mecânica em que as
sementes/frutos são
ejetados ou expulsos –
deiscência explosiva.
Exemplo: Hevea sp.
(seringueira) – esta espécie
possui ainda adaptações para
flutuar – dispersão secundária.
12. Adaptações evolutivas da dispersão - B – Biótica.
A semente e/ou o fruto dispersadas(os) por um
agente biótico (animal).
Comumente chamada de zoocoria,
O mais importante mecanismo na evolução
da dispersão, já que envolve características
adaptativas e seletivas para as espécies.
Três principais tipos de zoocoria:
Endozoocoria, Sinzoocoria e Epizoocoria
13. Adaptações evolutivas da dispersão - B – Biótica.
B 1. Endozoocoria
Ocorre a ingestão de sementes, frutos ou partes dos
frutos
Por aves, macacos e outros animais (frugívoros),
Passam pelo trato intestinal dos animais sem sofre
danos.
Algumas plantas necessitam da dispersão
endozoocórica para que suas sementes possam germinar.
O tempo de germinação depende do grau de
escarificação na casca (ou testa) da semente durante a
passagem pelo trato digestivo do dispersor.
Sementes possuem testa mais resistente e grossa.
15. Adaptações evolutivas da dispersão - B – Biótica.
B 2. Sinzoocoria –
Quando os diásporos são intencionalmente enterrados
ou armazenados (acumulados), ou levados (difundidos).
Ex. cutias e morcegos.
(Galetti, M. & Guimarães, P.R.J. 2004)
16. Adaptações evolutivas da dispersão - B – Biótica.
B 3. Epizoocoria – frutos ou sementes com espinhos,
carrapichos, ganchos ou substâncias são transportados,
eventualmente no corpo dos animais.
Harpagophytum (Pedaliaceae)
Xanthium
Galium aparine
17. Adaptações evolutivas da dispersão
Estudos com dispersão de sementes indicam que, em
florestas tropicais:
74 a 77% das espécies apresentam dispersão
zoocórica
8 a 22% dispersão abiótica.
As formas mais comuns consistem
em endozoocoria (mamíferos e
pássaros) e sinzoocoria (roedores)
18. Principais animais dispersores
Aspectos morfológicos dos frutos são correlatos com
seus agentes de dispersão
Um fator que deve ser considerado é o tamanho do
fruto proporcional ao tamanho do corpo do frugívoro.
Algumas plantas desenvolveram ao longo de sua
história evolutiva características específicas para atrair
seus dispersaores, tais como:
Tamanho do fruto e semente,
Cor do fruto ou arilo,
Conteúdo nutritivo do arilo,
Espessura da casca, etc.
19. Principais dispersores - a – Pássaros (ornitocoria)
Frutos geralmente de cor brilhante;
Menor porte do que dispersos por mamíferos e;
Geralmente sem uma casca muito dura.
Consumidoras de semente e outras de frutos (polpa)
Ingerem as sementes e aquelas que as regurgitam.
20. Principais dispersores - a – Pássaros (ornitocoria)
Copaifera duckei Dwyer. (“copaíba”)
Legume
Gustavia augusta L. (“jeniparana”)
Pixídio indeiscente
Ormosia paraensis Ducke (“tento”)
arilo
mimético
Legume
21. Principais dispersores - b – Mamíferos (mamaliocoria)
Casca resistente,
Odor e proteção da semente (subs. tóxica ou amarga).
Animais mais comuns: macacos e morcegos
Macacos
Enxergam cores e são pouco olfativos.
Inga sp. (“ingá”)
Legume indeiscente
22. Principais dispersores - b – Mamíferos (mamaliocoria)
Morcegos
(quiropterocoria)
Frutos verdes ou verde-
amarelados,
Olfato é aguçado,
drupa
Hábito noturno
Apreciam odores como o de mofo.
Comem apenas a parte macia do
fruto, jogando fora as sementes.
pirênio s
Exemplo: jaca, sapoti, manga, goiaba.
Dipteryx odorata (“cumaru”)
23. Principais dispersores - c – Répteis (saurozoocoria)
Sensíveis às cores laranja e vermelho
Olfato desenvolvido.
Exemplo: jacarés e iguanas
comem frutos de Annona
glabra e realizam a
dispersão.
24. Principais dispersores - d – Peixes (ictiocoria)
Comum em áreas alagadas da Amazônia (várzea e
igapó)
Frutos e sementes: principais alimentos de vários peixes
da Amazônia.
Igapó: plantas frutificam durante a inundação, época em
que os peixes tem acesso aos frutos.
Muitos peixes, além de atuarem como dispersores
também são exímios preadores de sementes.
Exemplo: pacu e pirajuba - Inga
(leguminosae),
Tambaqui frutos de seringueira
(Euphobiaceae).
25. Principais dispersores – Dispersão secundária
Dispersores secundários:
Formigas, paca, cutia, caititu, queixada, anta
Desempenham papel
importante na pós-dispersão,
Deslocam sementes
dispersadas para locais
favoráveis a germinação.
27. Referências Bibliográficas
Bianchini, M. & Pacini, E. 1996. The caruncle of Ricinus comunis L. (Castor bean): its
development and role in seed dehydration, rehydration, and germination. Int. J. Plant Sci.
157(1):40-48.
Cazetta, E.& Galetti, M. 2003. Ecologia das ervas-de-passarinho - Ciência Hoje. Vol. 33, No.
195.
Galetti, M. & Guimarães, P.R.J, 2004. Seed dispersal of Attalea phalerata (Palmae) by
Crested caracaras (Caracara plancus) in the Pantanal and a review of frugivory by raptors
Ararajuba 12 (2):133-135.
Howe, H. F.; Smallwood, J. 1982. Ecology of seed dispersal. Ann. Rev. Ecol. Syst., 13:201-
228.
Janzen, D. H. 1982. Dispersal of seeds by vertebrate guts. In: D. J. Futuyma; M. Slatkin
(eds.). Coevolution. Sinawer, Swiderland, Massachustts. p.232-262.
Oliveira, D.M.T; Beltrati, C.M. 1993. Morfologia e anatomia dos frutos e sementes de Inga
fagifolia (Fabaceae : Mimosoideae). Ver. Brasil. Biol., 54 (1):91-100
Tsou, C.H. & Mori, S.A. 2002. Seed coat anatomy and its relationship to seed dispersal
insubfamily Lecythidoideae of the Lecythidaceae (The Brazil Nut Family). Bot. Bull. Acad.
Sin. 43:37-56.
Van der Pijl, L. 1972. Principles of dispersal in higher plants. Springer Verlag, Berlin. 162p
Werker, E. Seeds Anatomy. 1997. Berlin: Gerbrüder Borntraeger. (Handbuch der
Pflanzenanatomie). P.121-137