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Consultoria
         Ponto de Venda




       O ambiente ideal                               N
                                                                ão basta oferecer o que o cliente
                                                                necessita; é fundamental encantá-lo
                                                                e envolvê-lo para que a sua necessi-


       para as compras                                          dade seja de fato convertida em uma
                                                      decisão de compra. Sabendo disso, diversos
                                                      varejistas fazem o que podem para deixar
                                                      suas papelarias mais convidativas e atraentes
                                                      possíveis. O problema é que, muitas vezes,
       Especialistas em marketing de varejo dão       pecam justamente pelo excesso. “Volta e
                                                      meia, há mercadorias demais na vitrine,
       diversas dicas para criar uma ambientação      quando o certo seria fazer um rodízio do
       que envolva a clientela e a deixe mais         mix exposto.Também noto que áreas de
                                                      circulação têm sido sacrificadas para que
       propensa ao consumo na papelaria.              produtos possam ser expostos no meio da
                                                      loja”, aponta o especialista em arquitetura do
                                                      varejo Flávio Radamarker, um dos sócios da
                                                      Arquitetar – Projetos e Construções.
                                                          Já para Luciana Barreto, diretora execu-
                                                      tiva do POPAI – Associação Internacional
                                                      focada em marketing e varejo e que tem um
                                                      de seus escritórios no Brasil –, o maior erro
                                                      é não se adequar às mudanças no perfil do
                                                      consumidor. “Nos últimos dez anos, com
                                                      a popularização da internet, as pessoas
                                                      passaram a ter cada vez mais acesso a uma
                                                      grande quantidade de informação e a expe-


22   | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
“
rimentarem a interatividade no dia a dia.
Com isso, tanto os mais novos como aqueles
que estão na faixa de 40 e 60 anos passaram
a ter um raciocínio mais rápido, assim como
o ritmo de vida nas capitais e em cidades do
interior”, analisa a especialista, que também
destaca o aparecimento de novos nichos de
mercado promissores. “Agora, as classes D e
E, que antes não tinham tanta participação
                                                      Áreas de circulação têm sido
                                                     sacrificadas para que produtos
                                                        possam ser expostos no
                                                                                                             “
no varejo, passam a consumir mais. Este é                      meio da loja.
um importante canal de compra que não será                        Flávio Radamarker, Arquitetar – Projetos
esquecido”, frisa.                                                             e Construções
    Ainda segundo Luciana, o cliente de hoje é
multifacetado, sem tempo, e faz compras em
vários lugares. Basicamente, ele busca bom
atendimento e uma exposição que facilite a        seções funcionam como respostas diretas
sua busca pelo que deseja adquirir. O varejo      às necessidades do consumidor, que ainda
contribuiu para esta transformação, ora in-       tem condições de comparar a qualidade,
fluenciando, ora sendo influenciado. Entre        quantidade e o preço dos itens oferecidos.
as mudanças, a especialista em marketing          De qualquer forma, a exposição por marcas
de varejo destaca a diversificação do mix de      continua tendo um papel importante, es-
produtos oferecidos e a consolidação do au-       pecialmente para os fabricantes que, além
tosserviço. “As farmácias são um bom exemplo      de reforçarem seus nomes na memória do
disso. Antes, vendiam basicamente remédios        consumidor, demonstram mais força no
e produtos de higiene. De uns tempos para         ponto de vendas por terem como apre-
cá, passaram a trabalhar com novos itens e a      sentar todas as linhas que comercializam.
deixar que o consumidor tenha acesso direto       Entre os recursos usados para usar esta
a eles. Desta maneira, ganharam agilidade e       tática em papelarias, merecem destaque os
o deixaram mais livre para se relacionar com      materiais promocionais oferecidos pelos
as mercadorias e tomar a decisão de compra”,      próprios fabricantes para incrementar as
explica.                                          vendas, como displays e gôndolas.
                                                      Luciana Barreto considera bem-vinda
Facilite a vida do consumidor                     esta parceria entre papelarias e fornecedores
    Professora do curso de vitrinismo do          por permitir inovações no paisagismo da loja
Senai/PB – Serviço Nacional de Aprendizagem       e acesso a recursos que podem potencializar
Industrial da Paraíba, Lydia Soares destaca ou-   sua comunicação visual com os fregueses.
tro traço do consumidor de hoje: a busca por      No entanto, adverte que a utilização destes
novidades. Na visão dela, a lógica de expor       acessórios deve ser feita com base em um
itens em seções que nunca variam de lugar         projeto, que também pode ser criado com
– como é comum em supermercados – não             o apoio da indústria. “O Carrefour fez isso
deve ser seguida a risca por papeleiros, justa-   e foi bem sucedido. Eles deixaram a Kraft
mente para fazer com que novas mercadorias        como maior patrocinadora desta categoria
sejam conhecidas e, consequentemente,             e puseram seus produtos em destaque. Em
consumidas. “O marketing procura aguçar           compensação, ela cuidou de toda parte de
o desejo de compra, e a mudança na locali-        sinalização desta seção”, conta.
zação dos produtos facilita este processo, até
porque grande parte dos consumidores fiéis        Merchandising eficaz
somente volta à papelaria para comprar os             Flávio Radamarker também acredita ser
mesmos produtos. Logo, se dirigem para o          possível encontrar um meio–termo entre
mesmo lugar, passam pelo mesmo caminho            a setorização com base em categorias e a
e nem sempre circulam pelo ponto de ven-          ancorada em marcas. “Na parte de canetas
das”, observa.                                    e lapiseiras, há como fazer isso de forma
    Entre papeleiros e especialistas em           bem organizada, colocando juntos todos os
marketing de varejo, o método de orga-            modelos do mesmo fabricante”, exemplifica.
nização de itens por categorias parece ser        Segundo ele, o único risco de manter este elo
mais fácil e lógico, já que, na prática, as       tão próximo com fornecedores é criar uma

                                                                      9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria |   23
Consultoria
         Ponto de Venda


                                  espécie de dependência, fazendo com que             que elas sejam trabalhadas com temas ou
                                  eles passem a interferir significativamente         promoções específicas por um curto perí-
                                  na dinâmica da loja, a fim de obter melhor          odo de duração, pois a mudança desperta
                                  posicionamento para seus produtos. “É ne-           a curiosidade”, salienta.
                                  cessário ter bom senso para que a papelaria
                                  toda não pareça estar em promoção e vire um         Produtos destino
                                  aglomerado de displays, sem conexão com o               Determinar que produtos devem ficar em
                                  layout do ponto de vendas”, adverte.                evidência na entrada da loja, a fim de fisgar
                                      De acordo com ele, o ideal é distribuir al-     os olhos de quem passa por ela, e quais de-
                                  ternadamente displays de fornecedores com           vem ficar no fundo, atraindo os clientes para
                                  mobiliário padrão da própria loja. “Desta           dentro do ponto de vendas, é outra decisão
                                  maneira, a loja não parecerá carregada, e os        comum entre varejistas de diversos ramos.
                                  displays terão o efeito desejado: o destaque        Segundo Luciana Barreto, o segredo para
                                  de seus itens”, conclui. Para evitar ciúmes         acertar neste quesito é bem simples: reservar
                                  entre as empresas que são suas parceiras, ele       a frente da loja para novidades, promoções
                                  propõe que o varejista eleja, em intervalos         e itens inusitados, procurando sempre que
                                  regulares, produtos para serem expostos em          possível estabelecer uma relação com datas
                                  áreas patrocinadas de acordo com o calen-           comemorativas, e a retaguarda do ponto de
                                  dário promocional.                                  vendas para os chamados “produtos desti-
                                      Lydia Soares, por sua vez, propõe outra         no”, ou seja, as mercadorias que têm giro
                                  solução: a cobrança pela utilização dos             alto e naturalmente vendem bem na loja.
                                  espaços de destaque da loja. “Nunca pode-           “Também é válido que o lojista tire um mo-
                                  mos nos esquecer de que a poluição visual           mento do dia para observar os hábitos dos
                                  dificulta tanto a procura quanto a compra           consumidores que frequentam a loja. Assim,
                                  de um item. Muitas vezes, o consumidor se           terá como saber se a estratégia adotada deu
                                  confunde e é obrigado a retornar à papela-          certo e se os itens em questão tiveram boa
                                  ria para efetuar trocas. Portanto, quanto           saída”, sugere.
                                  menos material promocional for utilizado,               A porta-voz do Popai ainda chama a
                                  melhor”, aponta a vitrinista, que também            atenção para a altura em que as mercadorias
                                  considera válido encomendar peças perso-            são colocadas. Neste caso, é interessante que
                                  nalizadas de exposição. “Mas é necessário           o lojista procure adotar a exposição ao per-
                                                                                      fil do público-alvo. “Se é uma área voltada
                                                                                      para crianças, os produtos devem ficar em
         Vitrine: a menina dos olhos                                                  uma altura em que possam ser tocados por
             Carro-chefe de várias papelarias, a vitrine é um poderoso chamariz       elas, o que facilitará a compra. Se estamos
         no varejo e, por isso, deve ser tratada com carinho. O ideal é que reflita   falando de artigos mais pesados também
         a especialidade da loja – tomando cuidado para não apresentar todo           é interessante posicioná-los na parte de
         o mix que esta comercializa de uma só vez – e que seja renovada com          baixo”, sinaliza. A criação de ambientes
         frequência. “Ela deve ser alterada a cada três ou cinco dias ou, pelo        dentro da papelaria – como um espaço só
                                                                                      para artesanato ou para presentes – também
         menos, uma vez por semana. É sempre válido explorar as datas come-
                                                                                      pode servir como estímulo para a saída de
         morativas, seja na decoração ou nos objetos apresentados”, recomenda
                                                                                      certos artigos. “É um meio de o papeleiro
         Lydia Soares, que já projetou vitrines de estabelecimentos comerciais        desenvolver um trabalho mais direcionado
         de diversos perfis.                                                          a um determinado grupo de clientes sem
             A diretora executiva do Popai Brasil, Luciana Barreto, também en-        perder outros de vista”, explica Luciana.
         fatiza a importância de manter a vitrine atualizada, mas sinaliza que            O arquiteto Flávio Radamarker dá ou-
         os impactos provocados no consumidor poderão variar de um ramo               tra dica relacionada à altura dos produtos:
         para outro. “Nas lojas de roupa, muitas vezes, o cliente vê algo e quer      deixar os maiores nas partes baixas das
         logo entrar para comprar. Na papelaria, é diferente. Normalmente, ele        gôndolas e os menores na altura dos olhos,
         procura algo movido por uma necessidade”, distingue. Outro ponto             especialmente se eles tiverem maior valor.
         relevante é ajudar o consumidor a lembrar de alguma maneira dos itens        “Ainda temos traços de nossa herança
         em evidência. “Como há muitos itens em uma papelaria, é normal que           ancestral de homens-coletores e homens-
                                                                                      caçadores. Os consumidores gostam de
         ele se esqueça do que viu e se relacione com outros produtos. Para evitar
                                                                                      explorar a loja, e o que está ao alcance das
         que isso aconteça, basta deixar alguns destaques da vitrine expostos
                                                                                      mãos desperta maior atenção e é mais atra-
         também dentro da loja”, recomenda.                                           ente”, diz, justificando a sugestão.


24   | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
Consultoria
         Ponto de Venda


                             Compra por impulso                               impressões que tinham do supermercado.
                                 Outro objetivo claro de manter o ponto       Neste caso, comentavam desde a ambien-
                             de vendas bem ornamentado e organizado           tação até tempo de permanência na loja,
                             é induzir os clientes à chamada compra por       e opiniões sobre as ofertas e os preços de
                             impulso. Para chegar a este fim, profissionais   produtos aí oferecidos.
                             de marketing de diversas empresas promo-             Em artigo divulgado em 2009, os pes-
                             vem uma série de pesquisas e testes a fim de     quisadores da Universidade da Pensilvânia
                             mapear práticas que possam servir como           relatam os resultados da iniciativa e apon-
                             uma espécie de atalho cognitivo e elaborar       tam, por exemplo, que o consumidor norte-
                             peças promocionais mágicas, que dêem             americano é diferente do holandês em vários
                             aquele empurrãozinho para adquirir um            aspectos. Enquanto aqueles vão de carro ao
                             item. E, durante algum tempo, acreditou-se       supermercado, estes também fazem uso de
                             que estas ferramentas, por si só, eram sufi-     bicicleta ou vão a pé, o que faz com que sejam
                             cientes para alcançar uma taxa 60% a 70%         menos propensos a compras por impulso
                             de compras não planejadas. Pelo menos,           justamente pela dificuldade de carregar to-
                             estes foram os percentuais citados por Paco      dos os itens depois. O levantamento ainda
                             Underhill no livro Vamos às Compras: a Ciência   constatou que entre os consumidores que se
                             do Consumo, enquanto se referia a resultados     informam pelos jornais ou pelos preços dos
                             de pesquisas divulgados pela indústria de        produtos, a taxa de aquisições espontânea
                             supermercados.                                   cai 25%, e que pessoas que se consideram
                                 No entanto, já existem estudos que ques-     “rápidas e eficientes” apresentam 82% a
                             tionam esta tese e apontam que os índices        menos de chances de apresentar este tipo de
                             de aquisições por impulso são bem mais mo-       conduta. Ainda foi verificado que quando
                             destos. Professor do segmento de marketing       a ida à loja é feita com o intuito de suprir
                             da Universidade da Pensilvânia, situada nos      uma necessidade ou adquirir algo que se
                             Estados Unidos, David Bell afirma que este       esqueceu de comprar, a taxa cai para 53%.
                             volume fica na casa de 20% e defende a tese      Se o cliente tiver feito outras compras antes
                             de que muito mais importante que a arru-         de chegar à loja, seu desejo de consumo
                             mação das mercadorias é conhecer a fundo         também diminui.
                             o tipo de fregueses que frequenta a loja e           Já um estudo publicado um ano antes
                             elaborar estratégias mais direcionadas. A        no Journal of Service Marketing aponta outro
                             constatação veio a partir de uma investigação    fator determinante em aquisições por im-
                             sobre hábitos de clientes de supermercados       pulso: o nível de familiaridade com a loja.
                             na Holanda. Durante duas semanas, foram          Responsáveis pela iniciativa, os acadêmicos
                             ouvidas 2.945 pessoas. Elas foram selecio-       Anna Mattila, da Universidade do Estado
                             nadas em 21 estabelecimentos diferentes          da Pensilvânia, e Jochen Wirtz, da Univer-
                             enquanto compravam itens variados. Os            sidade Nacional de Cingapura, afirmam
                             participantes responderam a questionários        que os clientes que não conhecem uma loja
                             curtos e, em seguida, foram submetidas a         ficam mais receosos em fazer compras e
                             uma nova entrevista. Nas perguntas, falavam      apresentam maior nível de autocontrole à
                             sobre o perfil das mercadorias adquiridas e      estimulação feita no ponto de vendas.
                             dos hábitos de consumo da família, diziam            Realizar pesquisas na própria loja pode
                             que itens estavam na lista de compras, quais     ser um meio de identificar os padrões de
                             foram comprados por impulso e apontavam          compra e as particularidades de consumi-
                                                                              dores como as apontadas pelas pesquisas




      “
                                                                              citadas anteriormente. “Cada papelaria tem
                                                                              um público diferenciado, e essas diferen-
         O marketing procura aguçar o
        desejo de compra, e a mudança
          na localização dos produtos
                                                           “                  ças podem ser percebidas pela faixa etária,
                                                                              sexo, gostos e costumes. Daí, dividir a loja
                                                                              em seções, como materiais de escritório ou
                                                                              itens de artesanato, para atender melhor
                                                                              aos clientes”, salienta Lydia Soares. Para a
                                                                              vitrinista, não é correto ter em mente que
                                                                              compras por impulso só ocorrem quando
              facilita este processo.                                         são motivadas por mensagens subliminares.
                              Lydia Soares - Senai/PB                         O fator comportamental tem grande relevân-


26   | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
“                                                       “
cia, especialmente quando é alimentado por
campanhas. “Um xampu e um condiciona-              Os comerciantes economizam
dor de fabricantes diferentes provavelmente
não serão vendidos em uma compra casada,            muita luz e, com isso, deixam
pois o consumidor é levado a crer que eles
funcionam melhor se ambos pertencerem
à mesma marca. Por outro lado, se forem
                                                   de chamar a atenção para uma
encorajados a adotarem este costume, pode
ser que a proposta vá adiante”, diz.
                                                      série de produtos na loja.
                                                                      Luciana Barreto, do Popai Brasil
    Por outro lado, Flávio Radamarker
reconhece a importância de levar sempre
em conta as características culturais e com-
portamentais dos clientes, mas também            tetura de varejo: a acessibilidade. “As letras
acredita que uma boa arrumação permite           e as cores usadas em banners, painéis de
tirar proveito de elementos subjetivos. Para     aviso, etiquetas de preço e outros recursos
sustentar seu ponto de vista, ele cita o caso    de sinalização devem ser legíveis e apresen-
de pais que compram o material escolar dos       tar tamanhos agradáveis, de fácil leitura e
filhos. “Neste momento, eles relembram de        compreensão. A preocupação com clientes
quando usavam os mesmos itens. Não é à           cegos ou que possuem baixa acuidade visual
toa que a infância é muito explorada para        também é uma medida de respeito do vare-
a conexão emocional dos clientes com uma         jista”, detalha.
marca. É uma fase da vida em que estas me-           Luciana Barreto, do Popai Brasil, cita
mórias são estabelecidas e cristalizadas para    outro aspecto relevante no que diz respeito
a vida inteira”, exemplifica. A relação entre    à exposição de mercadorias: a iluminação
produtos de escritório de design moderno e       delas. “Os comerciantes economizam muita
qualidade com a eficiência de uma empresa        luz e, com isso, deixam de chamar a atenção
é outro ponto que vale a pena explorar.          para uma série de produtos na loja. É um re-
“Seguindo esta linha, caixas e pastas com        curso extremamente válido, mas é necessário
subdivisões inteligentes e coloridas podem       ter cuidado ao escolher a cor que dará o estí-
me ajudar a organizar melhor meus docu-          mulo para o olhar. O mais indicado é optar
mentos”, ilustra.                                pelas mais neutras e manter as paredes da
                                                 papelaria com uma cor clara”, recomenda.
Sedução em todos os sentidos                         A especialista em marketing do Popai
    De acordo com pesquisa feita pela firma      Brasil ainda destaca a possibilidade de ativar
Veronis, Suhler & Associates, 83% da in-         a lembrança do consumidor por outros sen-
formação que processamos é feita pela nos-       tidos. Para despertar o olfato, por exemplo,
sa visão. Em seguida, vêm a audição (11%), o     é possível usar uma fragrância característica
olfato (3,5%), o tato (1,5%) e o paladar (1%).   no ponto de vendas. “Se ele tiver cheiro
Daí, estimular visualmente o cliente a re-       de limão, cada vez que alguém sentir algo
fletir se ele não está se esquecendo de com-     parecido poderá se lembrar da papelaria”,
prar algum item. Entre os especialistas de       explica.
marketing, este recurso é chamado de cross           A audição também pode ter um efeito
merchandising, enquanto no varejo é conhe-       poderoso na mudança de comportamento
cido como venda casada. “Produtos de uso         de clientes. “Em Dallas, foi detectado um
e utilidades conectadas podem ser expostos       caso interessante em uma franquia do Mc
próximos uns dos outros. Se estiverem ao         Donald’s, que costumava ser atacada por
alcance do cliente, enquanto ele aguarda         gangues. Depois que a gerência passou a
para finalizar a compra, podem gerar sen-        colocar música clássica, os atos de violência
síveis volumes de venda, especialmente se        acabaram. Como o gênero não combinava
forem de uso constante e apresentarem            com o estilo dos grupos, eles desapareceram
preços baixos, bom sortimento e pequeno          do lugar”, relata. Já no caso de uma papelaria,
porte. A presença deles ativa a lembrança        o artifício ajudaria as pessoas a saírem do
de necessidade imediata e futura”, explica       ritmo acelerado em que se encontram e per-
Radamarker.                                      manecerem na loja por mais tempo. “Assim,
    Ainda em relação à visão, Radamarker         aumentam as chances de adquirirem mais
salienta um aspecto importante da arqui-         itens”, finaliza.

                                                                      9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria |   27

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Varias formas de se ver uma loja Artigo para a Revista Dirigente Lojista
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Varias formas de se ver uma loja Artigo para a Revista Dirigente Lojista
 
Matéria para a Revista Gôndolas
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O ambiente ideal para as compras

  • 1. Consultoria Ponto de Venda O ambiente ideal N ão basta oferecer o que o cliente necessita; é fundamental encantá-lo e envolvê-lo para que a sua necessi- para as compras dade seja de fato convertida em uma decisão de compra. Sabendo disso, diversos varejistas fazem o que podem para deixar suas papelarias mais convidativas e atraentes possíveis. O problema é que, muitas vezes, Especialistas em marketing de varejo dão pecam justamente pelo excesso. “Volta e meia, há mercadorias demais na vitrine, diversas dicas para criar uma ambientação quando o certo seria fazer um rodízio do que envolva a clientela e a deixe mais mix exposto.Também noto que áreas de circulação têm sido sacrificadas para que propensa ao consumo na papelaria. produtos possam ser expostos no meio da loja”, aponta o especialista em arquitetura do varejo Flávio Radamarker, um dos sócios da Arquitetar – Projetos e Construções. Já para Luciana Barreto, diretora execu- tiva do POPAI – Associação Internacional focada em marketing e varejo e que tem um de seus escritórios no Brasil –, o maior erro é não se adequar às mudanças no perfil do consumidor. “Nos últimos dez anos, com a popularização da internet, as pessoas passaram a ter cada vez mais acesso a uma grande quantidade de informação e a expe- 22 | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
  • 2. “ rimentarem a interatividade no dia a dia. Com isso, tanto os mais novos como aqueles que estão na faixa de 40 e 60 anos passaram a ter um raciocínio mais rápido, assim como o ritmo de vida nas capitais e em cidades do interior”, analisa a especialista, que também destaca o aparecimento de novos nichos de mercado promissores. “Agora, as classes D e E, que antes não tinham tanta participação Áreas de circulação têm sido sacrificadas para que produtos possam ser expostos no “ no varejo, passam a consumir mais. Este é meio da loja. um importante canal de compra que não será Flávio Radamarker, Arquitetar – Projetos esquecido”, frisa. e Construções Ainda segundo Luciana, o cliente de hoje é multifacetado, sem tempo, e faz compras em vários lugares. Basicamente, ele busca bom atendimento e uma exposição que facilite a seções funcionam como respostas diretas sua busca pelo que deseja adquirir. O varejo às necessidades do consumidor, que ainda contribuiu para esta transformação, ora in- tem condições de comparar a qualidade, fluenciando, ora sendo influenciado. Entre quantidade e o preço dos itens oferecidos. as mudanças, a especialista em marketing De qualquer forma, a exposição por marcas de varejo destaca a diversificação do mix de continua tendo um papel importante, es- produtos oferecidos e a consolidação do au- pecialmente para os fabricantes que, além tosserviço. “As farmácias são um bom exemplo de reforçarem seus nomes na memória do disso. Antes, vendiam basicamente remédios consumidor, demonstram mais força no e produtos de higiene. De uns tempos para ponto de vendas por terem como apre- cá, passaram a trabalhar com novos itens e a sentar todas as linhas que comercializam. deixar que o consumidor tenha acesso direto Entre os recursos usados para usar esta a eles. Desta maneira, ganharam agilidade e tática em papelarias, merecem destaque os o deixaram mais livre para se relacionar com materiais promocionais oferecidos pelos as mercadorias e tomar a decisão de compra”, próprios fabricantes para incrementar as explica. vendas, como displays e gôndolas. Luciana Barreto considera bem-vinda Facilite a vida do consumidor esta parceria entre papelarias e fornecedores Professora do curso de vitrinismo do por permitir inovações no paisagismo da loja Senai/PB – Serviço Nacional de Aprendizagem e acesso a recursos que podem potencializar Industrial da Paraíba, Lydia Soares destaca ou- sua comunicação visual com os fregueses. tro traço do consumidor de hoje: a busca por No entanto, adverte que a utilização destes novidades. Na visão dela, a lógica de expor acessórios deve ser feita com base em um itens em seções que nunca variam de lugar projeto, que também pode ser criado com – como é comum em supermercados – não o apoio da indústria. “O Carrefour fez isso deve ser seguida a risca por papeleiros, justa- e foi bem sucedido. Eles deixaram a Kraft mente para fazer com que novas mercadorias como maior patrocinadora desta categoria sejam conhecidas e, consequentemente, e puseram seus produtos em destaque. Em consumidas. “O marketing procura aguçar compensação, ela cuidou de toda parte de o desejo de compra, e a mudança na locali- sinalização desta seção”, conta. zação dos produtos facilita este processo, até porque grande parte dos consumidores fiéis Merchandising eficaz somente volta à papelaria para comprar os Flávio Radamarker também acredita ser mesmos produtos. Logo, se dirigem para o possível encontrar um meio–termo entre mesmo lugar, passam pelo mesmo caminho a setorização com base em categorias e a e nem sempre circulam pelo ponto de ven- ancorada em marcas. “Na parte de canetas das”, observa. e lapiseiras, há como fazer isso de forma Entre papeleiros e especialistas em bem organizada, colocando juntos todos os marketing de varejo, o método de orga- modelos do mesmo fabricante”, exemplifica. nização de itens por categorias parece ser Segundo ele, o único risco de manter este elo mais fácil e lógico, já que, na prática, as tão próximo com fornecedores é criar uma 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria | 23
  • 3. Consultoria Ponto de Venda espécie de dependência, fazendo com que que elas sejam trabalhadas com temas ou eles passem a interferir significativamente promoções específicas por um curto perí- na dinâmica da loja, a fim de obter melhor odo de duração, pois a mudança desperta posicionamento para seus produtos. “É ne- a curiosidade”, salienta. cessário ter bom senso para que a papelaria toda não pareça estar em promoção e vire um Produtos destino aglomerado de displays, sem conexão com o Determinar que produtos devem ficar em layout do ponto de vendas”, adverte. evidência na entrada da loja, a fim de fisgar De acordo com ele, o ideal é distribuir al- os olhos de quem passa por ela, e quais de- ternadamente displays de fornecedores com vem ficar no fundo, atraindo os clientes para mobiliário padrão da própria loja. “Desta dentro do ponto de vendas, é outra decisão maneira, a loja não parecerá carregada, e os comum entre varejistas de diversos ramos. displays terão o efeito desejado: o destaque Segundo Luciana Barreto, o segredo para de seus itens”, conclui. Para evitar ciúmes acertar neste quesito é bem simples: reservar entre as empresas que são suas parceiras, ele a frente da loja para novidades, promoções propõe que o varejista eleja, em intervalos e itens inusitados, procurando sempre que regulares, produtos para serem expostos em possível estabelecer uma relação com datas áreas patrocinadas de acordo com o calen- comemorativas, e a retaguarda do ponto de dário promocional. vendas para os chamados “produtos desti- Lydia Soares, por sua vez, propõe outra no”, ou seja, as mercadorias que têm giro solução: a cobrança pela utilização dos alto e naturalmente vendem bem na loja. espaços de destaque da loja. “Nunca pode- “Também é válido que o lojista tire um mo- mos nos esquecer de que a poluição visual mento do dia para observar os hábitos dos dificulta tanto a procura quanto a compra consumidores que frequentam a loja. Assim, de um item. Muitas vezes, o consumidor se terá como saber se a estratégia adotada deu confunde e é obrigado a retornar à papela- certo e se os itens em questão tiveram boa ria para efetuar trocas. Portanto, quanto saída”, sugere. menos material promocional for utilizado, A porta-voz do Popai ainda chama a melhor”, aponta a vitrinista, que também atenção para a altura em que as mercadorias considera válido encomendar peças perso- são colocadas. Neste caso, é interessante que nalizadas de exposição. “Mas é necessário o lojista procure adotar a exposição ao per- fil do público-alvo. “Se é uma área voltada para crianças, os produtos devem ficar em Vitrine: a menina dos olhos uma altura em que possam ser tocados por Carro-chefe de várias papelarias, a vitrine é um poderoso chamariz elas, o que facilitará a compra. Se estamos no varejo e, por isso, deve ser tratada com carinho. O ideal é que reflita falando de artigos mais pesados também a especialidade da loja – tomando cuidado para não apresentar todo é interessante posicioná-los na parte de o mix que esta comercializa de uma só vez – e que seja renovada com baixo”, sinaliza. A criação de ambientes frequência. “Ela deve ser alterada a cada três ou cinco dias ou, pelo dentro da papelaria – como um espaço só para artesanato ou para presentes – também menos, uma vez por semana. É sempre válido explorar as datas come- pode servir como estímulo para a saída de morativas, seja na decoração ou nos objetos apresentados”, recomenda certos artigos. “É um meio de o papeleiro Lydia Soares, que já projetou vitrines de estabelecimentos comerciais desenvolver um trabalho mais direcionado de diversos perfis. a um determinado grupo de clientes sem A diretora executiva do Popai Brasil, Luciana Barreto, também en- perder outros de vista”, explica Luciana. fatiza a importância de manter a vitrine atualizada, mas sinaliza que O arquiteto Flávio Radamarker dá ou- os impactos provocados no consumidor poderão variar de um ramo tra dica relacionada à altura dos produtos: para outro. “Nas lojas de roupa, muitas vezes, o cliente vê algo e quer deixar os maiores nas partes baixas das logo entrar para comprar. Na papelaria, é diferente. Normalmente, ele gôndolas e os menores na altura dos olhos, procura algo movido por uma necessidade”, distingue. Outro ponto especialmente se eles tiverem maior valor. relevante é ajudar o consumidor a lembrar de alguma maneira dos itens “Ainda temos traços de nossa herança em evidência. “Como há muitos itens em uma papelaria, é normal que ancestral de homens-coletores e homens- caçadores. Os consumidores gostam de ele se esqueça do que viu e se relacione com outros produtos. Para evitar explorar a loja, e o que está ao alcance das que isso aconteça, basta deixar alguns destaques da vitrine expostos mãos desperta maior atenção e é mais atra- também dentro da loja”, recomenda. ente”, diz, justificando a sugestão. 24 | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
  • 4.
  • 5. Consultoria Ponto de Venda Compra por impulso impressões que tinham do supermercado. Outro objetivo claro de manter o ponto Neste caso, comentavam desde a ambien- de vendas bem ornamentado e organizado tação até tempo de permanência na loja, é induzir os clientes à chamada compra por e opiniões sobre as ofertas e os preços de impulso. Para chegar a este fim, profissionais produtos aí oferecidos. de marketing de diversas empresas promo- Em artigo divulgado em 2009, os pes- vem uma série de pesquisas e testes a fim de quisadores da Universidade da Pensilvânia mapear práticas que possam servir como relatam os resultados da iniciativa e apon- uma espécie de atalho cognitivo e elaborar tam, por exemplo, que o consumidor norte- peças promocionais mágicas, que dêem americano é diferente do holandês em vários aquele empurrãozinho para adquirir um aspectos. Enquanto aqueles vão de carro ao item. E, durante algum tempo, acreditou-se supermercado, estes também fazem uso de que estas ferramentas, por si só, eram sufi- bicicleta ou vão a pé, o que faz com que sejam cientes para alcançar uma taxa 60% a 70% menos propensos a compras por impulso de compras não planejadas. Pelo menos, justamente pela dificuldade de carregar to- estes foram os percentuais citados por Paco dos os itens depois. O levantamento ainda Underhill no livro Vamos às Compras: a Ciência constatou que entre os consumidores que se do Consumo, enquanto se referia a resultados informam pelos jornais ou pelos preços dos de pesquisas divulgados pela indústria de produtos, a taxa de aquisições espontânea supermercados. cai 25%, e que pessoas que se consideram No entanto, já existem estudos que ques- “rápidas e eficientes” apresentam 82% a tionam esta tese e apontam que os índices menos de chances de apresentar este tipo de de aquisições por impulso são bem mais mo- conduta. Ainda foi verificado que quando destos. Professor do segmento de marketing a ida à loja é feita com o intuito de suprir da Universidade da Pensilvânia, situada nos uma necessidade ou adquirir algo que se Estados Unidos, David Bell afirma que este esqueceu de comprar, a taxa cai para 53%. volume fica na casa de 20% e defende a tese Se o cliente tiver feito outras compras antes de que muito mais importante que a arru- de chegar à loja, seu desejo de consumo mação das mercadorias é conhecer a fundo também diminui. o tipo de fregueses que frequenta a loja e Já um estudo publicado um ano antes elaborar estratégias mais direcionadas. A no Journal of Service Marketing aponta outro constatação veio a partir de uma investigação fator determinante em aquisições por im- sobre hábitos de clientes de supermercados pulso: o nível de familiaridade com a loja. na Holanda. Durante duas semanas, foram Responsáveis pela iniciativa, os acadêmicos ouvidas 2.945 pessoas. Elas foram selecio- Anna Mattila, da Universidade do Estado nadas em 21 estabelecimentos diferentes da Pensilvânia, e Jochen Wirtz, da Univer- enquanto compravam itens variados. Os sidade Nacional de Cingapura, afirmam participantes responderam a questionários que os clientes que não conhecem uma loja curtos e, em seguida, foram submetidas a ficam mais receosos em fazer compras e uma nova entrevista. Nas perguntas, falavam apresentam maior nível de autocontrole à sobre o perfil das mercadorias adquiridas e estimulação feita no ponto de vendas. dos hábitos de consumo da família, diziam Realizar pesquisas na própria loja pode que itens estavam na lista de compras, quais ser um meio de identificar os padrões de foram comprados por impulso e apontavam compra e as particularidades de consumi- dores como as apontadas pelas pesquisas “ citadas anteriormente. “Cada papelaria tem um público diferenciado, e essas diferen- O marketing procura aguçar o desejo de compra, e a mudança na localização dos produtos “ ças podem ser percebidas pela faixa etária, sexo, gostos e costumes. Daí, dividir a loja em seções, como materiais de escritório ou itens de artesanato, para atender melhor aos clientes”, salienta Lydia Soares. Para a vitrinista, não é correto ter em mente que compras por impulso só ocorrem quando facilita este processo. são motivadas por mensagens subliminares. Lydia Soares - Senai/PB O fator comportamental tem grande relevân- 26 | 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria
  • 6. “ cia, especialmente quando é alimentado por campanhas. “Um xampu e um condiciona- Os comerciantes economizam dor de fabricantes diferentes provavelmente não serão vendidos em uma compra casada, muita luz e, com isso, deixam pois o consumidor é levado a crer que eles funcionam melhor se ambos pertencerem à mesma marca. Por outro lado, se forem de chamar a atenção para uma encorajados a adotarem este costume, pode ser que a proposta vá adiante”, diz. série de produtos na loja. Luciana Barreto, do Popai Brasil Por outro lado, Flávio Radamarker reconhece a importância de levar sempre em conta as características culturais e com- portamentais dos clientes, mas também tetura de varejo: a acessibilidade. “As letras acredita que uma boa arrumação permite e as cores usadas em banners, painéis de tirar proveito de elementos subjetivos. Para aviso, etiquetas de preço e outros recursos sustentar seu ponto de vista, ele cita o caso de sinalização devem ser legíveis e apresen- de pais que compram o material escolar dos tar tamanhos agradáveis, de fácil leitura e filhos. “Neste momento, eles relembram de compreensão. A preocupação com clientes quando usavam os mesmos itens. Não é à cegos ou que possuem baixa acuidade visual toa que a infância é muito explorada para também é uma medida de respeito do vare- a conexão emocional dos clientes com uma jista”, detalha. marca. É uma fase da vida em que estas me- Luciana Barreto, do Popai Brasil, cita mórias são estabelecidas e cristalizadas para outro aspecto relevante no que diz respeito a vida inteira”, exemplifica. A relação entre à exposição de mercadorias: a iluminação produtos de escritório de design moderno e delas. “Os comerciantes economizam muita qualidade com a eficiência de uma empresa luz e, com isso, deixam de chamar a atenção é outro ponto que vale a pena explorar. para uma série de produtos na loja. É um re- “Seguindo esta linha, caixas e pastas com curso extremamente válido, mas é necessário subdivisões inteligentes e coloridas podem ter cuidado ao escolher a cor que dará o estí- me ajudar a organizar melhor meus docu- mulo para o olhar. O mais indicado é optar mentos”, ilustra. pelas mais neutras e manter as paredes da papelaria com uma cor clara”, recomenda. Sedução em todos os sentidos A especialista em marketing do Popai De acordo com pesquisa feita pela firma Brasil ainda destaca a possibilidade de ativar Veronis, Suhler & Associates, 83% da in- a lembrança do consumidor por outros sen- formação que processamos é feita pela nos- tidos. Para despertar o olfato, por exemplo, sa visão. Em seguida, vêm a audição (11%), o é possível usar uma fragrância característica olfato (3,5%), o tato (1,5%) e o paladar (1%). no ponto de vendas. “Se ele tiver cheiro Daí, estimular visualmente o cliente a re- de limão, cada vez que alguém sentir algo fletir se ele não está se esquecendo de com- parecido poderá se lembrar da papelaria”, prar algum item. Entre os especialistas de explica. marketing, este recurso é chamado de cross A audição também pode ter um efeito merchandising, enquanto no varejo é conhe- poderoso na mudança de comportamento cido como venda casada. “Produtos de uso de clientes. “Em Dallas, foi detectado um e utilidades conectadas podem ser expostos caso interessante em uma franquia do Mc próximos uns dos outros. Se estiverem ao Donald’s, que costumava ser atacada por alcance do cliente, enquanto ele aguarda gangues. Depois que a gerência passou a para finalizar a compra, podem gerar sen- colocar música clássica, os atos de violência síveis volumes de venda, especialmente se acabaram. Como o gênero não combinava forem de uso constante e apresentarem com o estilo dos grupos, eles desapareceram preços baixos, bom sortimento e pequeno do lugar”, relata. Já no caso de uma papelaria, porte. A presença deles ativa a lembrança o artifício ajudaria as pessoas a saírem do de necessidade imediata e futura”, explica ritmo acelerado em que se encontram e per- Radamarker. manecerem na loja por mais tempo. “Assim, Ainda em relação à visão, Radamarker aumentam as chances de adquirirem mais salienta um aspecto importante da arqui- itens”, finaliza. 9° Guia Brasileiro do Comprador de Papelaria | 27