O documento apresenta o programa da III Semana de História realizada pela UNEB em Alagoinhas, Bahia, em 2014. O evento contou com conferências, mesas redondas, simpósios e programação cultural com o objetivo de debater o tema "Histórias, Sujeitos e Trajetórias" e fortalecer os laços acadêmicos entre a universidade e a sociedade. Além disso, as discussões ocorreram no contexto dos 50 anos do golpe militar de 1964 no Brasil.
2. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
JOSÉ BITES DE CARVALHO
Reitor
IRES MAIA MULLER
Diretora do Departamento de Educação do Campus II – DEDC II
MARILECIA OLIVEIRA SANTOS
Coordenadora do Colegiado de História
ARIVALDO DE LIMA ALVES
LEONICE DE LIMA MANÇUR LINS
RAIMUNDO NONATO PEREIRA MOREIRA
Comissão Organizadora – Docente
ALISSON CRISTIAN SANTOS CHAGAS
ANDRÉIA FRANCO BELMONT
DIEGO GOUVEIA SANTOS
ELIANE GONÇALVES DE MIRANDA
HELLEN LAIANNE PIRES BARBOSA
LEANDRO AUGUSTO NEVES LINS
TAIANE ELISABETH ALVES DA CRUZ
Comissão Organizadora – Discente
3.
4. APRESENTAÇÃO
O Departamento de Educação (DEDC)/UNEB/Campus II e o Colegiado do Curso
de Licenciatura em História promovem a III Semana de História, que será realizada de 20
a 22 de maio de 2014, na cidade de Alagoinhas (BA). Em sua terceira edição, a partir do
tema geral “Histórias, Sujeitos e Trajetórias”, o evento busca afirmar-se como um
espaço de diálogos e debates com a comunidade acadêmica e o público em geral.
A III Semana de História congregará profissionais (pesquisadores, professores) e
estudantes de História, Educação, Letras, Antropologia e outras áreas afins, oriundos de
instituições de ensino superior e pesquisa baianas e/ou nacionais, fortalecendo os laços
acadêmico-científicos e a difusão do conhecimento. Nesta perspectiva, o evento promoverá
conferências, mesas redondas, simpósios temáticos, lançamentos de livros e programação
cultural. Assim, as discussões contemplarão os seguintes eixos temáticos: História,
Memória e Política; História, Ensino e Pesquisa; Literatura, Gênero e Relações Raciais,
dentre outros a serem abordas no âmbito dos Simpósios Temáticos.
A temática escolhida para esta edição do evento, “Histórias, Sujeitos e
Trajetórias”, é especialmente significativa no contexto das mudanças de paradigmas
experimentadas pelas Ciências Humanas (e a História, em particular) nas últimas décadas
do século passado e aprofundadas no tempo presente. Sobre o ponto em questão, o tema
geral expressa a vastíssima gama de abordagens, métodos e perspectivas que singularizam
o conhecimento histórico na contemporaneidade.
Finalmente, a III Semana de História coincidirá com o momento no qual a
sociedade brasileira rememora os 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Para a
comunidade de historiadores, é fundamental problematizar a história, a memória e a
historiografia do golpe de Estado que depôs o Presidente João Goulart e abriu caminho
para a ditadura militar, encerrada em 1985. A propósito, segundo Eric J. Hobsbawm (1917-
2012), o ofício dos historiadores consiste em lembrar o que os outros esquecem. Assim, o
trabalho dos amantes de Clio torna-se significativo no contexto das discussões sobre o
passado recente e dos seus desdobramentos sobre a sociedade brasileira neste início de
milênio.
Portanto, esperamos que o evento hora apresentado, mediante as discussões acerca
da pluralidade de histórias, sujeitos e trajetórias, intensifique a função social do
conhecimento do conhecimento histórico e contribua para estreitar os vínculos entre a
Sociedade e a Universidade.
5. PROGRAMAÇÃO GERAL
20/05 - TERÇA-FEIRA
14 às 17 horas – Credenciamento.
17 às 19 horas – Lançamento de Livros.
19 horas – Abertura Solene.
19 horas e 30 minutos – Conferência de abertura: Histórias, Sujeitos e
Trajetórias. Conferencista: Prof. Dr. João José Reis (UFBA).
21 horas e 30 minutos – Programação Cultural (Show Musical).
21/05 - QUARTA-FEIRA
Tarde
14 às 18 horas – Simpósios Temáticos.
Noite
19 às 21 horas – Mesa Redonda: HISTÓRIA, MEMÓRIA E POLÍTICA –
Profa. Me. Eliana Evangelista Batista, Prof. Dr. Marcelo Souza Oliveira e Prof.
Thiago Machado de Lima.
22 horas – Programação Cultural (Show Musical).
22/05 - QUINTA-FEIRA
Manhã
9 às 12 horas – Simpósios Temáticos.
Tarde
14 às 16 horas – Mesa Redonda: LITERATURA, GÊNERO E RELAÇÕES
RACIAIS – Profa. Dra. Ana Claudia Lemos Pacheco (UNEB), Prof. Dr. Silvio
Roberto dos Santos Oliveira (UNEB) e Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira
Filho (UNEB).
16 horas e 15 minutos às 18 horas e 15 minutos – Mesa Redonda: HISTÓRIA,
ENSINO E PESQUISA - Profa. Dra. Jaci Maria Ferraz de Menezes (UNEB),
Prof. Me. José Gledison Rocha Pinheiro e Prof. Dr. Cosme Batista Santos
(UNEB).
Noite
19 horas e 30 minutos – Conferência de Encerramento: 50 anos do golpe de
1964: História, Memória e Historiografia. Conferencista: Profa. Dra. Lucileide
Costa Cardoso (UFBA).
22 horas – Programação Cultural (Show Musical).
6. CRONOGRAMA DAS COMUNICAÇÕES ORAIS
Dia 21/05 – das 14 às 18 horas
SIMPÓSIO TEMÁTICO 01: TRAJETÓRIA DE INTELECTUAIS:
CARTAS, DIÁRIOS, BIOGRAFIAS, POLÊMICAS E HISTÓRIA.
Coordenadores: Prof. Carlos Alberto Machado Noronha e Profa. Rosemary de Jesus Santos
Sala: Letramento, Identidade e Formação – Prédio do Mestrado
em Crítica Cultural.
Entre poemas, poesias e menores histórias: a produção intelectual de Osvaldo Sá
Ana Paula Lessa
Mestre em História - PPGHIS - UNEB - Campus V
paula_lessa02@hotmail.com
A comunicação, resultado do trabalho de pesquisa que culminou na dissertação de
mestrado apresentada ao PPGHIS da UNEB em outubro de 2013, tem o intuito de fazer
uma breve exposição sobre a análise da produção intelectual do escritor maragojipano
Osvaldo Sá (1908-2002).
No conjunto de sua produção, Osvaldo Sá ocupou-se primordialmente da história da cidade
onde nasceu (Maragojipe-Ba) destacando episódios de sua história familiar. O escritor era
neto de antigos senhores de engenho do Recôncavo e filho de um ex-intendente de
Maragojipe. Problematizamos o que estava em jogo com a publicação de suas obras.
Por volta dos anos de 1930, suas linhagens familiares foram se enfraquecendo e perdendo
prestígio. O escritor encontrou como principal estratégia de sobrevivência a dedicação às
letras, atuando no jornalismo local, estadual e nacional. A escrita da memória de sua
cidade natal atendia ao seu desejo de tornar-se reconhecido em âmbito local e nacional em
um contexto em que Osvaldo Sá buscava reparar a perda de prestígio político e social de
suas linhagens familiares e assim tornar perene sua própria história.
Diário de Fernando: possíveis motivações de uma escrita produzida em cárcere
Cleidson do Nascimento Santos
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe - UFS
cleidsonsn@hotmail.com
Recompor trajetórias de vidas de sujeitos históricos se configura como uma tarefa
desafiadora e instigante, contudo apresenta limites metodológicos. Em face disso, o
trabalho proposto busca discutir questões acerca da trajetória do frei dominicano Fernando
de Brito no contexto da Ditadura Civil Militar brasileira e suas relações com a morte de
7. Carlos Marighella militante de esquerda, líder da ALN (Ação Libertadora Nacional), em 4
de novembro de 1969. Para essa comunicação é dado destaque ao diário construído pelo
religioso na ocasião em que esteve preso entre os anos de 1969 e 1973. Na tentativa de dar
ênfase às possíveis motivações para a sua escrita tangenciada por uma atmosfera
repressiva, compreendeu-se que esse mesmo espaço possibilitou uma produção de valor
histórico que lutou para se expressar e contar as experiências prisionais e pessoais de um
preso político. A fim de auxiliar esse estudo destacam-se autores (as) como Angela de
Castro Gomes e Maria Tereza Cunha, ambas lidam com esse tipo de fonte atentando para
as exigências interpretativas que demanda a pesquisa histórica. Deste modo, o diário é
aqui entendido como uma produção literária que pode apresentar “múltiplas significações”,
conforme afirma Celso Castro, e se origina possivelmente na perspectiva do frade de uma
motivação pessoal transformada ao longo da sua escrita em um contumaz exercício de
libertação.
O II Congresso Afro-brasileiros da Bahia, Edson Carneiro e os estudos sobre o negro
Marcos Araujo Melo
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
mamelo85@gmail.com
Discutir a importância do II Congresso Afro-brasileiro da Bahia para a consolidação do
intelectual Edison Carneiro, que com seu empenho e atuação como Jornalista e etnólogo
contribuiu para a positivação das manifestações culturais afro-brasileira, na imprensa da
época. Destacar também esse espaço político como lugar de atuação desse pesquisador, na
defesa da liberdade religiosa, dos costumes e do direito de cidadania para população negra
no pós-abolição. Realizado em Salvador-Ba em 1937, por Edison Carneiro e seus ex-
companheiros da extinta Academia dos Rebeldes, o II Congresso Afro-brasileiro, foi palco
de inúmeras lutas e demandas voltadas para a população negra, lutas essas que já vinham
sendo travadas nos diversos espaços sociais do país. A exemplo do evento congênere I
Congresso Afro-brasileiro realizado em Recife em 1934, sob a liderança do antropólogo
pernambucano Gilberto Freire. Na década de 1930, após os desdobramentos da Revolução,
houve forte ênfase dada os estudos étnicos raciais no Brasil. Nesse contexto esse evento
atuou como espaço politico no movimento de valorização da herança africana como fonte
importante de identidade sociocultural no Brasil. A pesquisa procurou analisar a trajetória
biográfica de Edison Carneiro imersa no contexto social em que atuou, como observador
participante nas pesquisas de campo emerso no cotidiano das ruas, nos terreiros de
candomblés, nos samba roda, e nas rodas de capoeira, como todo etnólogo entrevistando,
fotografando, catalogando e publicando essas manifestações culturais negras.
Fundindo realidades e construindo o maravilhoso: a construção do pensamento
político e social de Monteiro Lobato (1914 –1945)
Fabio Pereira Costa
Graduado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
fabiopcos@gmail.com
José Bento Renato Monteiro Lobato (1882-1948) é considerado um grande escritor da
literatura brasileira. Ao ler seus livros, se atentarmos para uma possível ligação entre as
obras e sua realidade histórica, veremos que o autor dialogou com as questões próprias de
seu tempo como o racismo científico e as teorias eugênicas trazendo propostas que,
segundo ele, visavam progressos sociais para o país. Desta forma, objetiva-se discutir
8. como o pensamento lobatiano foi construído ao longo do tempo e como se deu sua
interlocução com diversos grupos sociais e teorias que o legitimaram a propor soluções
para o país, e os meios por onde esse pensamento se difundiu. O que pretendemos
problematizar é como o autor se utilizou de argumentos em prol de modelos sociais para a
nação brasileira em suas obras, destacando a relação entre sua literatura e seus
posicionamentos políticos e ideológicos. Igualmente, a análise das fontes agrupadas sob a
denominação escritas de si (cartas, diários, autobiografias) foram utilizadas, bem como
fontes periódicas de autoria do próprio escritor Monteiro Lobato. E através da perspectiva
da história social da cultura buscaremos entender a lógica de pensamento político-literário
nas obras de Lobato em sua interlocução social, evidenciando seu contexto de escrita, o
diálogo e intenções que o autor fixa em relação a diversos grupos sociais, sejam eles a
quem a obra é endereçada, ou sejam eles os grupos políticos com os quais se identifica. Em
linhas gerais, os resultados obtidos evidenciam duas posturas intelectuais por parte de
Lobato: uma pública e outra privada. Tais comportamentos estavam relacionados a
intenções de fomento de variados projetos políticos e sociais construídos durante a
trajetória do escritor e, que propunham diálogos com diversos grupos intelectuais e
múltiplas correntes ideológicas. Igualmente, Monteiro Lobato desenvolveu uma literatura a
serviço de projetos políticos instituídos próprios, articulados a uma intelectualidade e
meios de divulgação dominantes. Além de um explícito e relevante estreitamento com os
intelectuais reformadores da educação da primeira metade do século XX, os
escolanovistas.
O Baiano Precoce e Engajado
Priscila Godinho Martins dos Santos
Graduanda em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
priscilagodinho23@hotmail.com
Este trabalho tem o intuito de refletir sobre o dramaturgo, teatrólogo, telenovelista,
“intelectual” Dia Gomes, para isso utilizamos referências como o livro “Dias Gomes”. O
mesmo foi organizado por suas filhas Mayra e Luana Dias Gomes e publicado em 2012,
nele contêm entrevistas dadas a diversas revistas, jornais e programas renomados da TV,
além de artigos do próprio Dias, somada a uma apresentação escrita pelas mesmas,
intitulada: “Mais que um subversivo”. Já em sua autobiografia, publicada em 1998, um ano
antes de falecer, Dias intitula a sua obra como: “Apenas um subversivo”. Em uma
entrevista publicada na revista Cult n° 11, em junho de 1998, ele responde a questão: O
que é ser subversivo hoje? “Ser subversivo é uma atitude diante da vida, é não se
conformar com o que está errado. [...] Quem não é subversivo é acomodado, passa diante
da vida sem viver”. Ao analisar essa citação, percebemos que Gomes, passa a imagem, de
que sempre esteve incomodado com os problemas sociais e políticos do país, e que a
maneira encontrada para denuncia-las foi através de suas obras, sejam elas teatrais,
televisivas ou literárias. Igor Sarmento no artigo intitulado “A retórica autobiográfica em
Dias Gomes: apenas um subversivo?” faz uma analise de como foi construída esta
autobiografia que para ele “Não produz somente uma desvelação dos acontecimentos
vividos, mas é fundamentalmente uma encenação de sentidos construída a partir de
enquadramentos da memória de sua história como a de apenas um subversivo”, ou seja, o
que Sarmento (2011) quer dizer, ao nosso ver, é que a autobiografia também é uma
seleção. Mesmo Dias Gomes falando que: “Apenas quero ser honesto e preciso ao precisar
a imprecisão de minha memória”. É através dessas referências, que pretendemos construir
uma leitura do autor. Porém, ficam algumas questões, que “povo” é esse ao qual o autor se
refere? Ele faz parte desse povo? Pensando nas reflexões de Ridenti (2000) em seu livro
9. “Em Busca do Povo Brasileiro”, os intelectuais e artistas considerados de esquerda, a
maioria deles membros do PCB (Partido Comunista Brasileiro), pincipalmente durante os
períodos de 1960 à 1968 desenvolveram a existência de uma estrutura de sentimento da
brasilidade revolucionária. Em demais países subdesenvolvidos surgiu a esperança de
alternativas libertadoras com o processo de urbanização e modernização da sociedade,
artistas e intelectuais imbuídos do romantismo revolucionário, buscavam a construção do
homem novo, segundo Ridenti (2001).
Altamirando Requião: um intelectual baiano em prol do governo de Getúlio Vargas
Letícia Santos Silva
Mestranda em História Regional e Local pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus V
letybahia@hotmail.com
A pesquisa hora apresentada objetiva analisar as práticas, as representações e os discursos
utilizados pelo jornalista Altamirando Requião com o intuito de legitimar as ações
realizadas pelo governo de Getúlio Vargas, entre os anos de 1930 a 1945. Para tal
finalidade, busca-se compreender suas posições no combate aos autonomistas e no apoio
ao governo de Juraci Magalhães. Além disso, pretende-se relacionar a sua campanha ao
nazismo, nas paginas do seu jornal o Diário de Notícias, e como sua prática interferiu na
abordagem ao integralismo e ao comunismo. Ressalta-se que o anticomunismo é percebido
como um dos artifícios mais recorrentes para demonstrar a população baiana a excelente
atuação do presidente contra as ameaças à nação.
Entre a Revolução de 1930 e o Golpe do Estado Novo, em 1937, as disputas ideológicas
foram intensas. Portanto, a partir das práticas de Altamirando Requião é possível perceber
uma parcela de políticos da conjuntura baiana que apoiaram Vargas, concomitantemente
em confronto com os autonomistas. Além disso, perceber como as ideias de Requião
corroboravam com os mesmos ideais do pensamento de um Estado centralizado e
autoritário correspondente ao Estado Novo.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 03: TRABALHO E TRABALHADORES,
HISTÓRIAS E SOCIABILIDADES.
Coordenadores: Prof. Iuri Roberto Sacramento Ramos e Prof. Luiz Paulo Jesus de Oliveira
Sala: Sala Lima Barreto – Prédio do Mestrado em Crítica
Cultural.
“Eles lá fora na caneta e nós cá dentro na treita” memórias e cotidiano de trabalho dos
mineiros de Boquira
Alcione Souza da Conceição
Graduanda em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
alcione.alechandra@hotmail.com
O tema e questões apresentadas no presente texto estão sendo desenvolvidas no trabalho de
conclusão de curso. Pretende-se aqui, abordar alguns aspectos do cotidiano de trabalho dos
mineiros de Boquira, Bahia, para esse fim a principal fonte utilizada são os relatos de
10. experiência dos antigos trabalhadores mineiros. Durante o final da década de 1950
instalou-se em Boquira, localidade situada no centro sul baiano, uma indústria mineira para
explorar o minério de chumbo que existia em abundância na região, permanecendo até
1992, entretanto, este estudo se atém apenas até o início de 1980. Muitos sujeitos foram
empregados na Mineradora para desenvolver a atividade de extração do chumbo, a função
mais árdua dentro da empresa, homens de várias regiões, não somente de municípios
baianos, mas de outros estados, foram para o local e se tornaram mão de obra naquele
hostil trabalho. Então, o objetivo deste estudo é investigar as relações de trabalho
desenvolvidas pelo grupo de mineiros no âmbito das atividades de mineração, como
experimentaram aquela realidade, as dificuldades enfrentadas, os comportamentos de
solidariedade, amizade e conflitos realizados e forjados ao longo do processo de trabalho
pelo grupo, quais foram as estratégias de resistência que desempenharam contra as de
dominação e disciplina da indústria, é o que tentaremos tratar, em especial pela análise das
narrativas dos seus próprios protagonistas. Por discutirmos trabalho e cotidiano, foram
levadas em conta, as considerações do historiador inglês Edward Palmer Thompson, este
que foi responsável pelas mudanças na historiografia do trabalho, quando na Formação da
classe operária polemiza com sua concepção de classe dando relevância ao vários
elementos do cotidiano que no seu entender ao longo do processo contribui para o fazer-se
da classe. Assim sendo, muitos trabalhos inspirados neste destacado historiador vão
direcionar seu olhar para as relações cotidianas dos trabalhadores em suas diferentes
experiências, não ficando restritos como dantes apenas nas suas ações políticas
organizadas. Desse modo, este trabalho também é inspirado nessa concepção, de perceber
que na labuta do dia a dia, na própria prática de trabalho, são tecidas uma gama de
relações, costumes são criados, e desta maneira as estratégias de resistência e os
antagonismos de interesses contra aqueles que se opõe aos do grupo, também ocorre em
termos culturais.
Trabalho, gênero e sociabilidade: os modos de sobrevivência em uma comunidade
quilombola
Karla Dias de Lima
Mestranda em História Regional e Local pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus V
karladias80@gmail.com
Este artigo busca refletir sobre as relações de trabalho e os modos de sobrevivência na
comunidade quilombola do Tucum, localizada no município de Tanhaçu/BA na entrada sul
da Chapada Diamantina. Esta reflexão se dará a partir de entrevistas realizadas com as
mulheres da comunidade entre os anos de 2009 e 2012. A partir dos relatos pode-se
perceber que estas sofrem as aflições cotidianas de todas as mulheres, na lida com a casa,
no trabalho com o barro e com o futuro dos filhos e dos jovens da comunidade. Ainda que
nos relatos sobre a origem do Tucum não se constate uma linhagem matrilinear, são essas
mulheres que hoje vão tecendo os fios da memória local tentando manter as tradições do
grupo e seus valores. Através das fontes orais visa-se discutir as relações de trabalho na
comunidade entremeadas às questões de gênero, observando as estratégias de
sobrevivência, demarcação de espaços e lideranças comunitárias. As mulheres assumem
parte do sustento do lar, fabricam panelas, vassouras, esteiras e trabalham na colheita do
café. A região é inóspita e não oferece muitas alternativas para o trabalhador rural, sendo a
colheita do café uma solução escolhida para os que precisam sustentar suas famílias.
Através da memória das principais lideranças femininas, busca-se a compreensão desses
anseios e os modos de sociabilidade que se estabelecem nas relações de trabalho da
comunidade.
11. Empregadas domésticas e seus patrões em Feira de Santana (1900-1930)
Keilane Souza de Santana
Graduada em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
keilaness@hotmail.com
Este artigo tem como objetivo discutir, ainda que de forma inicial, a relação entre o
trabalho doméstico como alternativa de labor para as mulheres e meninas pobres em Feira
de Santana entre 1900 a 1930, tendo em vista as peculiaridades da oferta de trabalho nesta
cidade. Analisa a posição que as empregadas domésticas ocupavam nos lares das famílias
feirenses e as hierarquias que definiam o cotidiano de trabalho. Problematiza a visão que as
famílias de Feira de Santana possuíam sobre o comportamento das domésticas que
indicavam um padrão moral a ser seguido, bem como os preconceitos das elites em relação
a essas trabalhadoras. Através da pesquisa, constatou-se que a classe, a geração e o gênero
demarcaram o lugar das empregadas domésticas nos lares das famílias de elite. Também
contatou-se, que a especialidade e os bons costumes determinaram os interesses das
famílias na contratação das domésticas e que a origem popular e a não submissão destas
trabalhadoras a cultura da elite, marcaram receios e preconceitos das patroas (ou dos
patrões) em relação a elas. A base documental dessa pesquisa assentou-se na análise do
Censo de 1920, Relatórios da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, processos
crimes de defloramento e estupro, os jornais O Progresso e O Folha do Norte e entrevista
oral.
Classe e Identidade: uma discussão a partir da história do movimento dos garis de
Itaberaba (1980-1991)
Izac Santos Evangelista
Mestrando em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS - Bolsista Fapesb
izachistoria@gmail.com
O presente artigo procura problematizar de maneira breve duas questões que tem suscitado
importantes debates no campo das ciências humanas e sociais: classe e identidade. Para
tanto, tomamos como base empírica e analítica os estudos que temos desenvolvido sobre o
movimento dos garis de Itaberaba, no período que vai de 1980 a 1991. No ultimo ano da
década de oitenta, os garis itaberabenses protagonizaram um evento de caráter inédito, no
âmbito do funcionalismo público municipal. A realização de uma impactante greve, que
culminou na formação do sindicato da categoria, projetou estes sujeitos como importante
força de luta, empreendendo uma série de ações e enfrentamentos contra o poder publico
local, até a dissolução e transformação do mesmo - em 1998 - no SINDSERVI, entidade
que reunira todos os servidores públicos municipais. Assim, nos estudos que temos
desenvolvido sobre este movimento fomos levados a pensar e nos referenciar nas
formulações e observações colocadas pelo historiador inglês E. P. Thompson. Sobretudo,
no que se refere as suas ideias sobre classe, experiência e consciência de classe. E é,
portanto, mais sobre os desafios teóricos, metodológicos e conceituais, com os quais
temos nos deparado no curso da investigação e análise da história desse movimento, que
teceremos nossa reflexão.
12. Escolas noturnas no período abolicionista em Salvador
Jucimar Cerqueira dos Santos
Graduado pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
jucimar18@yahoo.com.br
Esse trabalho analisa como as escolas noturnas para trabalhadores foram estabelecidas em
Salvador, seus objetivos e qual a sua relação com as transformações sociais e econômicas
ocorridas no período abolicionista, bem como visa situar o contexto em que estavam
presentes, desde a criação, as formas variadas de manutenção e existência, até o
fechamento de algumas por motivos diversos. Parte-se da hipótese que foram criadas por
consequências das práticas liberais no país, com o desenvolvimento de ideias de cidadania
e na busca por nova estruturação do tipo de mão de obra que deveria prevalecer no país,
também pela via educacional.
Essas escolas noturnas existiram na Bahia em um contexto em que o abolicionismo dava os
primeiros passos, seguindo o movimento em âmbito nacional, principalmente, a partir da
década de 1870, quando se intensificaram os conflitos relacionados à mão de obra. É
possível verificar que parte do público dessas escolas era de trabalhadores, conforme o
exemplo da escola noturna conduzida pelo Vigário Tiburtino Alves Minard, que alegou ter
alunos lavradores e oficiais, sendo que a maior parte era casada, pobre e vivendo de
trabalho diurno.
Portanto, as escolas ou aulas noturnas em Salvador e no Estado imperial foram
estabelecidas justamente em um período em que a cidadania se apresentava possível
também as populações recém emancipadas. Porém, essas ofertas educacionais foram
limitadas às primeiras letras, o que se pode perceber, até então, uma não inserção em
grande escala dessas populações em níveis educacionais que permitissem condições sociais
para além dos conhecimentos elementares úteis aos trabalhos manuais, embora toda a base
argumentativa para implantação dessas escolas fosse referendada nas ideias liberais de
cidadania, liberdade e igualdade.
Os analfabetos e os desafios no mundo do trabalho
Maurina Lima Silva
Graduanda em Letras Vernáculas – UNEB- Campus VI/Caetité
maurina_cba@hotmail.com
No trabalho pretende-se tratar de trajetórias de idosos analfabetos, abordando suas
estratégias e táticas nas experiências cotidianas, bem como o silêncio diante do fato de não
saberem decodificar a escrita. Parte-se da hipótese de que o mencionado silêncio surge a
partir de experiências de processos insidiosos de estigmatização, discriminação e
marginalização. Ao falar das estratégias e táticas, foi usado o sentido conferido por Michel
de Certeau; elas surgiriam a partir de experiências cotidianas dos analfabetos, como no
trabalho, na família e durante viagens. Para perceber tais questões, foram utilizadas
entrevistas realizadas na região de Candiba, cidade localizada no alto sertão baiano,
focando em pessoas acima de 60 anos. Por se tratar de uma pesquisa com idosos, leva-se
em conta a memória e sua mobilidade, e que esse movimento configura uma espiral no
espaço e no tempo, que se inicia e se atualiza no presente (SEIXAS, 2002). Nesse sentido,
o trabalho está dividido em três partes: na primeira, aborda-se o aspecto histórico do
analfabetismo do nacional para o regional; na segunda analisa-se as estratégias e táticas
que pessoas idosas não escolarizadas utilizam em seu cotidiano; e na última tenta-se
perceber as formas de silêncio que implicitamente são colocadas em decorrência do
13. preconceito com aqueles que não sabem ler. Durante o estudo foi possível perceber que os
entrevistados analfabetos desenvolveram as mais diversas funções, entre elas, comerciante,
cozinheira, criador de gado, agricultor, sanfoneiro.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 04: ENTRECRUZAMENTOS ENTRE A
HISTÓRIA ORAL E AS CULTURAS NEGRAS.
Coordenadores: Prof. Luís Vítor Castro Junior e Prof. Eduardo Oliveira Miranda.
Sala: Sala 01 – Prédio de Educação Física.
A cidade das mulheres: o poder feminino no candomblé
da cidade de Eunápolis (1970 – 2013)
André de Jesus Lima
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
andrelima_ajl@yahoo.com.br
A presente comunicação oral visa apresentar resultados parciais acerca do Trabalho de
Conclusão de Curso, intitulado A Cidade das Mulheres: O poder feminino no Candomblé
da cidade de Eunápolis (1970 – 2013). A pesquisa busca compreender um aspecto peculiar
do candomblé com a ótica voltada para a cidade de Eunápolis, a saber: o poder feminino,
suas peculiaridades e a influência dos terreiros na comunidade ao qual se inserem e fora
dela, analisando os conflitos e alianças dessas mulheres com a população da cidade, bem
como as relações de gênero no interior do terreiro e nas relações familiares, uma vez que
os espaços familiares e religiosos estão imbricados, sendo os terreiros e as casas de
moradas pertencentes a um mesmo espaço físico. Neste sentido será possível analisar como
essas mulheres exercem o poder e a autoridade não apenas dentro do espaço religioso, mas
como também se constituem líderes e chefes da família carnal. O referencial teórico que
perpassa a pesquisa gira em torno da obra de Ruth Landes, intitulada “A Cidade das
Mulheres” que discute as relações de gênero e poder das sacerdotisas do Candomblé da
cidade de Salvador no final da década de 1930 e início da década de 1940. Além da obra
de Landes, outros autores se farão presentes como Pierre Fatumbi Verger, Edilson Carneiro
e Luis Nicolau Parés. A metodologia que perpassa a pesquisa tem como base a História
Oral. A história oral nada mais é do que um método de investigação científica que permite
analisar o que não é possível encontrar em outras fontes. Esta modalidade de pesquisa
privilegia a análise histórica através da recuperação do vivido conforme concebido por
quem o viveu, tendo em vista que o depoimento oral é um dado individual que representa
todo um contexto em que o depoente estava inserido. Como referencial metodológico, será
utilizada a obra de Verena Alberti, intitulada “Manual de História Oral”. O trabalho acerca
da memória terá como referencial textos de Michel Pollak que trazem uma série de
ferramentas para a análise e interpretação da memória em fontes orais. Os resultados da
pesquisa ainda são parciais, porém já é possível perceber como o poder feminino se
consolidou tanto dentro do espaço religioso como no espaço familiar dessas mulheres,
constituindo assim uma fonte fecunda para a análise histórica do poderio feminino do
Candomblé eunapolitano.
14. AS INSTÂNCIAS DO PODER MASCULINO DENTRO DO CANDOMBLÉ:
ESTUDO DE VIDA DO BABALORIXÁ KABILA DE OXOSSI
Danilo de Souza Serafim
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
daniloodeci@hotmail.com
Essa proposta de comunicação oral é resultado parcial da pesquisa, que está sendo
realizada sobre a participação masculina no exercício do sacerdócio dentro do Candomblé,
aonde o homem vem ganhando destaque. O Candomblé gerido por homens chama atenção
pelo fato de romperem com as casas tradicionais, criando terreiros onde são recriados e
preservados ensinamentos oriundos de suas raízes culturais afro-brasileira. O terreiro se
torna um espaço de elaboração e transmissão cultural, através da oralidade, onde a
memória e a transmissão de conhecimentos se tornam as prioridades de todo egbé, onde o
sacerdote é o guardião e transmissor dos saberes relacionados à religião. A casa escolhida
para pesquisa fica na região sudeste do Brasil situada na região metropolitana de São Paulo
na cidade de Barueri, O Ilê Alaketu Asé Odé Akuerãn, distante das casas tradicionais da
Bahia que são alvos de pesquisa, o Candomblé liderado pelo Babalorixá Kabila tem um
calendário de festas anual onde são louvados os Orixás, seguindo as tradições dos
candomblés baianos. O Babalorixá ou a Yalorixá tornam-se detentores do conhecimento
acerca da religião, a ponto de serem tratados como pais e mães, que zelam pelo bem estar
de seus filhos e de todo egbé. Pesquisando a função sacerdotal do Babalorixá Kabila é
possível mostrar o Candomblé por uma ótica diferente das pesquisas que já foram
realizadas em torno das Yalorixás, principalmente dos Terreiros da Bahia, assim
poderemos ver por outro ângulo uma casa governada por um homem em uma região
distante das Casas Tradicionais.
Trajetória e Identidade Cultural na
Comunidade Negra Rural de Lagedo - Mirangaba-BA
Marcelo Nunes Rocha
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus IV
rocha.celo@yahoo.com.br
O trabalho busca apresentar um panorama da trajetória de uma das muitas comunidades
negras rurais do sertão baiano, Lagedo, situada na divisa territorial dos municípios de
Mirangaba e Saúde, nas serras da microrregião de Jacobina – BA. Essas localidades de
população rural majoritariamente negra também são conhecidas como “comunidades
quilombola” ou “remanescentes de quilombo”. O objetivo da pesquisa foi fazer um
levantamento histórico da trajetória dessa população desde seus primeiros habitantes,
procurando compreender um pouco de suas tradições, costumes, lutas e desafios, bem
como investigar se realmente a comunidade foi área de quilombo ou mesmo agrupamento
de libertos. A pesquisa também procura contribuir com o debate acadêmico, social e
político acerca dos direitos das populações negras rurais por meio da problematização de
conceitos cristalizados e hegemônicos que permeiam esse debate. Tal problemática nos
inquieta, pois uma vez que tais conceitos são pensados e forjados fora do ambiente das
comunidades negras rurais, e por agentes também externos a elas, estes acabam se
configurando como identidades exógenas, que lhes são praticamente impostas
verticalmente, uma vez que para ter direito e acesso aos benefícios do Estado essas
populações são “coagidas” a reconhecerem-se oficialmente como quilombolas, muitas
vezes sem nenhuma compreensão do significado histórico-cultural dessa terminologia.
15. Fotografia e cultura afro-brasileira em "Festas Populares do Brasil"
Hellen Mabel Santana Silva
Mestranda pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
hellenmabelss@gmail.com
Coautor: Eduardo O. Miranda
Mestrando pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
eduardomiranda48@gmail.com
A lei 10639/03 preconiza que as escolas devem obrigatoriamente trabalhar com a história e
culturas africanas e afro- brasileiras. Trata-se da possibilidade de dar voz a culturas
silenciadas, mantidas sob a égide do esquecimento ou preconceito. Nesse prisma,
elencamos o livro “Festas Populares no Brasil” de Lélia de Gonzalez como ferramenta
pedagógica que possibilita ao educando perceber por meio de fotografias a territorialização
da cultura africana e afro-brasileira nas festas que acontecem nos mais diversos estados do
Brasil. Em consonância ao intento do livro e, como parte importante no processo de
ensino- aprendizagem que desejamos alcançar, apresentamos a Metodologia Dialética que
concebe o sujeito como ser ativo e construtor do seu conhecimento em meio ao seu espaço
de vivência global e local. O educando poderá não conhecer sobre as festas, mas o mesmo
possui alguma pré-interpretação acerca do tema, o que deverá ser utilizado como
ferramenta mister para a construção do conhecimento. Nesse prisma, faz-se necessário que
o educador não somente ministre disciplinas que tratem da temática da história e culturas
africanas e afro-brasileiras, mas que este desenvolva uma metodologia que preze pela
participação ativa dos educandos e entenda que os mesmos não estão estanques ao
processo de interpretação e compreensão das formas simbólicas que constituem os
conteúdos ministrados. Assim, trazemos a Metodologia Dialética de Vasconcellos (1992)
que concebe o sujeito enquanto ser ativo e construtor do seu conhecimento em meio ao seu
espaço de vivência global e local.
Afoxé Filhos de Gandhy: o “tapete branco” da paz
Flávio Cardoso dos Santos Júnior
Graduado em História e Especialista em História da Cultura Afro-brasileira
flaviao@oi.com.br
Esse trabalho pauta-se em identificar as similaridades e diferenças na indumentária do
Afoxé Filhos de Gandhy subjacentes nas imagens fotográficas de Marcel Gautherot em sua
obra “Bahia, Rio São Francisco, Recôncavo e Salvador” e as fotografias produzidas na
pesquisa “O corpo no carnaval soteropolitano”. Para tal tarefa, nos apoiamos em Kossoy
(2002), a partir da análise fotográfica. Verifica-se que a cultura material em vestir-se de
Gandhy vem se modificando com o passar do tempo; no passado a vestimenta branca não
tinha nenhum desenho estampado e quase nenhum adereço era usado pelo folião.
Atualmente, além dos desenhos na roupa, outros acessórios aparecem como os colares, a
pedra azul e branca do turbante, o frasco de alfazema, a bolsa e as meias, dentre outros.
Assim, ao contemplar as fotografias de tempos históricos diferentes, percebe-se o
surgimento de múltiplos significados da cultura material que sofre transformações tanto na
forma de expressão como no uso de novos elementos alegóricos.
16. Aloísio Resende e as populações negras em
Feira de Santana: contribuições para a lei 10.639/03
Ewerton Monteiro
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB
ewetonsmonteiro@gmail.com
A origem do município de Feira de Santana apresenta uma história oficial que enaltece os
valores eurocêntricos em detrimento dos grupos étnicos africanos e afro-brasileiros.
Destarte, enquanto educadores e de acordo com a lei 10.639, visualizamos a necessidade
em inserir nos planos de curso as bases de informações contempladoras dos grupos étnicos
africanos e afro-brasileiros, os quais contribuíram com a produção dos aspectos geo-
históricos de Feira de Santana. Amparada na supracitada Lei, o presente artigo elucida a
seguinte problemática: De que forma a cultura negra evidenciada na literatura de Aloísio
Resende pode contribuir com a Lei 10639/03? A escolha do autor se deu pelo fato de tecer
produções textuais responsáveis por desenhar a continuidade e resistência dos saberes
africanos e afro-brasileiros na historiografia feirense. Na primeira parte desta
comunicação, busca-se apresentar de forma sucinta a trajetória de Aloísio Resende, posto
que compreendemos que se faz necessário identificar a biografia deste sujeito. Em seguida,
perfazer entrecruzamentos com a ideia de cultura negra proposta por Muniz Sodré, e
consequentemente elencar os registros das populações negras na “Princesa do Sertão”.
Para finalizar, propor a inserção dessas leituras no currículo das escolas de educação
básica, posto que visualizamos que tal discussão deve ser encarada enquanto ferramenta na
efetivação da lei 10.639.
A festa do padroeiro do município de Santo Estevão de 1922 a 2003
Jéssica da Silva Nascimento
Graduanda em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
jhell_@hotmail.com
Como era comemorada a festa religiosa do dia 26 de Dezembro. E sua influencia da
população durante as mudanças ocorridas no evento? A tradicional festa religiosa do
município de Santo Estevão como fator de identidade cultural. A pesquisa realizada
pretende mostrar que a tradição da Festa do padroeiro de Santo Estevão. Origina-se da
História de um homem que fazia o bem, e tornar-se santo. E Consequentemente o
homenageado com o nome do município de Santo Estevão é um município brasileiro do
Estado da Bahia. Aproximadamente 157 km distante da cidade de Salvador. A
comemoração do dia de Santo Estevão, o padroeiro da cidade, no dia 26 de dezembro
também é muito comemorado por fieis tanto da zona rural como da zona urbana. Marcada
também por mudanças festivas no decorrer de seu perfil. A pesquisa também aborda como
a festa de Santo Estevão era comemorada na época de sua emancipação e suas primeiras
comemorações do padroeiro do município como os primeiros blocos das “pastorinhas”, o
bumba meu boi, a festa de “chegança” tradição desta festa em 1922 aproximadamente.
Através das fontes orais de dos questionários. Por fim apresento o decreto na Lei de
n°01/89. E sancionada em 18 de Abril do mesmo ano Na gestão do Prefeito Edivaldo
Feitas da Silva e as mudanças corrida na cidade, após o decreto de lei que faz do 26 de
dezembro, feriado municipal. A partir do ano de 2003, quando o Mons. José Nery de
Almeida esteve a frente da Paróquia de Santo Estevão. E criou junto com a população uma
equipe responsável pela organização da festa além de uma programação especifica para
esta festa.
17. Os Caminhos da Memória do Reisado de São Sebastião em Eunápolis
Márcio Ramalho Ribeiro
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
marcioramalho2009@hotmail.com
Coautor: Priscilla Luíza Saturnino
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
priscillasaturnino@hotmail.com
O presente projeto de pesquisa foi elaborado com o propósito de desenvolver uma oficina,
para cumprimento das exigências do Componente Curricular de Estágio IV do curso de
Licenciatura em História da Universidade do Estado da Bahia - UNEB e que contempla o
uso dos espaços não formais nos processos educativos. O objeto aqui pesquisado são os
caminhos da memória do Reisado de São Sebastião, localizado no Bairro Rosa Neto, bairro
situado na zona norte da cidade de Eunápolis, a partir dos depoimentos de seus principais
componentes, dos aspectos religiosos presentes nesta manifestação, bem como os culturais
e as suas significações para a comunidade ao qual está inserido. O Reisado de São
Sebastião constitui-se em uma manifestação religiosa realizada durante várias épocas do
ano, mas que possui sua culminância no mês de janeiro em louvor ao mesmo santo que dá
o nome do grupo, e é constituído por homens e mulheres de várias idades. Em suas
atividades festivas, saem pelas ruas e de casa em casa entoando animados cânticos
relacionados ao patrono da festa e portando bandeiras e estandartes com a imagem do
santo. O Reisado de São Sebastião na cidade de Eunápolis encontra-se atualmente sob a
liderança de D. Zilda e de seus dois filhos, sendo que apenas o mais jovem, por nome
Carlos (mais conhecido como Carlinhos) quem toma a frente do evento. O reisado possui
sua sede na de Comunidade adepta da Igreja Espírita Nossa Senhora das Graças, situado no
bairro Rosa Neto. O nome da sede ainda é alvo de investigação, pois o que se sabe até
então é que D. Zilda é devota de Nossa Senhora das Graças, assim como seu falecido
esposo, que foi quem batizou o templo. Dessa forma, temos três divindades centrais às
quais são direcionados os elementos de devoção: São Sebastião, o patrono do reisado;
Nossa Senhora das Graças, santa de devoção da matriarca do reisado e que dá o nome à
igreja da comunidade religiosa; e São Cosme e São Damião, santos homenageados todos
os anos por conta da afinidade de D. Zilda com as crianças e de sua devoção aos santos. A
memória cultural e religiosa do Reisado de São Sebastião se mostra como elemento
primordial para a análise científica da manifestação, pois a tradição do reisado se mantém
viva através dos ensinamentos orais, portanto, fruto de uma memória que sobrevive e se
adapta às modificações ocorridas ao longo do tempo. Nesse sentido, a memória é
construída socialmente de forma tanto individual quanto coletiva. Assim, a História oral
faz-se importante para compreender os discursos memorialísticos do grupo em estudo
através da coleta de informações, suas tradições e memórias são transmitidas
hereditariamente, mediante brincadeiras e devoções.
A mulher negra baiana e sua condição social no pós-abolição
Janiete Teles Araújo Machado
janietemachado@yahoo.com.br
Minha pesquisa procura entender a vida da mulher negra na Bahia, após a abolição dos
escravos ressaltando as agressões que sofriam, e caracterizando a sua sensualidade e seu
modo de vestir. De forma aprofundada questiono a condição social das negras libertas em
Salvador no século XIX. E o processo politico, social e econômico da Bahia nesse mesmo
18. século e entender a condição social do negro neste contexto histórico. A pesquisa foi
realizada a partir de leituras, analise de livros e artigos onde analisa o contexto histórico da
Bahia, em especial Salvador e da mulher negra no século XIX, após a abolição dos
escravos.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 05: HISTÓRIA, MEMÓRIA E
(AUTO)BIOGRAFIA.
Coordenador: Prof. José Jorge Andrade Damasceno.
Sala: Sala 11 – Prédio principal – Iº Andar.
Os encourados de Pedrão e o seu lugar através
das memórias dos vaqueiros pedronenses
Wellington de Souza Madureira
Mestrando em Crítica Cultural pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
wsouzamadureira@uol.com.br
A história da humanidade e as práticas sociais de um povo sempre estiveram
intrinsecamente marcadas e vinculadas à memória. Assim, a memória coletiva auxilia na
construção da identidade local e também na cidadania. Ela permite compreender como o
grupo se constitui e como funciona sua identidade. Desse modo, essa comunicação
pretende, a partir da representação popular dos vaqueiros pedronenses sobre um
determinado fato histórico dentro da historiografia baiana, a participação dos Encourados
de Pedrão no processo de Independência da Bahia em 1823, conhecer e problematizar o
sentido que esse movimento adquiri tendo como viés as narrativas orais desses sujeitos.
Trabalhar as memórias dos vaqueiros do município de Pedrão é uma importante
empreitada para o pesquisador, pois a memória permite uma leitura particular e própria
sobre o assunto, e esta é a visão que, ao ser transmitida, carrega uma leitura própria e
pessoal do fato. Para ir ao encontro das narrativas orais, principais objetos dessa pesquisa,
e dos seus narradores, pretende-se adotar, procedimentos metodológicos específicos e
qualificados para a coleta das narrativas orais (histórias de vida, causos e cantigas de
aboio), observação e registros. Utilizando como fundamentação para norteamento da
pesquisa, dentre outros, utilizaremos os pressupostos teóricos trazidos por Alberti (2004),
Andrade (1987), Benjamin (1994), Bosi (2009), Burke (2000), LeGoff (2003), Cascudo
(1939), Portelli (2000), Seixas (2001), Zumthor (1997), Albuquerque (1996), Kraay
(2000), Guerra (2004) e Martinez (2000). Nesse sentido o desenvolvimento da pesquisa
contribui para dar espaço a um trabalho de fundamental importância para a comunidade
pedronense, bem como para a construção da identidade e memória da cidade de Pedrão,
além de uma importante referência no campo da historiografia baiana.
Memória e Autobiografia: Everardo Dias e o Movimento Operário Brasileiro
Luan Eloy Oliveira
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
luan_eloy@hotmail.com
19. Desde muito cedo, a classe e movimento operário no Brasil se estabeleceu como objeto de
densas reflexões. Realizadas inicialmente distantes do rigor cientifico, essas incursões ao
tema gradualmente o inscreveu no interior da academia, onde hoje se encontra como objeto
privilegiado para análise. Entrementes, estas primeiras reflexões elaboradas por militantes
políticos não especializados, em geral advogados e jornalistas, e publicitadas por meio de
autobiografias e livros de memória, constitui um corpus documental fragilmente analisado
pela historiografia e que ganha visibilidade no momento em que as discussões no âmbito
da memória, experiência e trajetórias, são retomadas, sobretudo, a partir da década de
1980. Assim sendo, autobiografias e textos memorialísticos se constituem hoje como
fontes privilegiadas para a discussão de aspectos ainda não trabalhados ou para
preenchimento de lacunas existentes na historiografia. Esta comunicação pretende
apresentar as perspectivas com as quais a pesquisa de mestrado “Política e Memória:
Everardo Dias e o Movimento Operário no Brasil” vêm sendo desenvolvida. A pretensão
aqui é abordar, especificamente, a instrumentalização do campo teórico da Memória como
possibilidade para aproximação do objeto em estudo; apontar para a utilização da
autobiografia como fonte histórica e expor acerca da escrita biográfica como estratégia
metodológica para a consecução dos objetivos estabelecidos. A pesquisa a qual esta
comunicação pretende apresentar elege o texto autobiográfico História das Lutas Sociais
no Brasil (1961) de autoria do militante de esquerda Everardo Dias (1883-1966) como
fonte, e é realizada com o intuito de efetuar progressos no âmbito da historiografia do
movimento operário no Brasil à medida que elege fontes ainda não investigadas e se vale
de um aporte teórico relativamente recente para o campo de conhecimento em questão.
O Hip hop como lugar de memória e historicidade
Caio Cesar Santos Machado
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
caiocesar015@hotmail.com
Coautor: Jonathan Oliveira Mercez
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
jhonmercez@gmail.com
A educação no espaço não-formal está atribuída a diversos espaços de diferentes origens:
pública, particular, e afins, sendo assim o trabalho não pode ser realizado de maneira
unilateral, ele precisa entrar em diálogo com outras instâncias, e através da disciplina de
Estágio no curso de Licenciatura em História – UNEB Campus XIII foi possível realizar o
trabalho com o grupo de Hip Hop, Skyna Black, da cidade de Itaberaba-BA. O trabalho
consistiu primeiramente em sondagem e observação dos ensaios do grupo, e
posteriormente a aplicação das atividades que foram sendo desempenhadas durante o
período de 20 horas. Através da memória e oralidade, buscamos compreender a
historicidade do grupo “Skyna Black”, tal como se deu a sua formação, pensando quais os
fatores que o influenciaram. O grupo veio a disseminar a cultura do Hip Hop na cidade de
Itaberaba de forma pioneira? São questões como essa que pretendemos abordar e discutir
com nesse projeto. Este artigo mostra como o grupo Skyna Black surgiu, traz também à
tona o papel social do grupo, a relação do grupo com a sociedade itaberabense, além das
diversas atividades desempenhadas pelo mesmo, o espaço físico onde são realizados os
ensaios, a grafitagem no espaço do Mercado de Artes da cidade, e também a discussão
sobre drogas, discriminação e preconceito, ainda em discursos equivocados que se
encontram em muitas pessoas da sociedade.
20. Reflexões da resistência: memórias de uma baiana
na ditadura militar e seu apoio à esquerda
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior
Graduado em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB
ajunior.ufrb@hotmail.com
O presente trabalho pretende discutir a partir do par memória-oralidade a memória de uma
mulher baiana na ditadura militar. A ditadura militar ocorreu entre os anos de 1964 a 1985
e este ano completa-se 50 anos, no qual o Estado Brasileiro agia de forma coercitiva a seus
oposicionistas, independentemente de militar ou civil, criando uma série de órgãos
instalados em Estados com o intuito de garantir a segurança do país, seja através do campo
político, social, cultural ou ideológico. Neste ponto, segundo Albuquerque Junior (2009), a
historiografia muitas vezes destaca Estados do Sul-Sudeste, porém é importante pontuar
que o Nordeste e especificamente a Bahia também sofrera com os mandos militares e suas
promulgações. Dessa forma, assim como surgiram inúmeros debates em torno do golpe e
suas implicações, o trato da relação da ditadura com a ação feminina também ganha
destaque. Neste ponto, a partir da década de 90 do século passado que os primeiros debates
em torno da participação da mulher na resistência à Ditadura passa a ganhar um olhar
diferente. Destacam-se os trabalhos de Ridenti (1993), Ferreira (1996) e Colling (1997)
que se propõe a discutir tal problemática. A resistência feminina se torna peculiar ao passo
em que o trato com as mulheres envolvidas com a resistência apresenta uma série de
implicações, sejam elas da tortura física, mental, e muitas vezes abrindo mão de sua
vivência em torno da crença na oposição ao regime. Porém, a historiografia aborda
principalmente os casos de mulheres que resistiram em partidos políticos, na
clandestinidade e na luta armada. Para tanto, este trabalho pretende fazer um reflexão
quanto à ação de uma resistência fora dos “modelos” apresentados, trazendo uma outra
forma de resistência. Onde uma resistência propriamente dita ativa não dê descrédito à
aquela não tão direta. Sendo assim, a mulher estudada tivera irmã e cunhado presos e
desaparecidos na guerrilha do Araguaia, ao passo que esta rememora como apoiava sua
irmã e seus companheiros, sem envolvimento “direto” por conta das limitações das
relações de gênero da época e como lutou pela lei de anistia.
Memória e narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura
da experiência do tempo
João Rafael Santos Rebouças
Graduando pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
joaorafaelhistoria@gmail.com
O presente trabalho tem por objeto de pesquisa a produção escrituraria de Alcides Góbiras
Lacerda (1929-2006), especificamente o livro intitulado O Fundador de Eunápolis,
Sessenta e Quatro, as Treze Marias e os Anjos da Traição (lançado em 2003). Neste livro
o autor relata a história da “fundação” da cidade de Eunápolis, Bahia, que teria se iniciado
a partir do ano de 1942, com a chegada de Joaquim Quatro. Essa produção será
problematizada enquanto uma prática de escrita da história, compreendida como a
configuração narrativa de uma experiência do tempo que tem no trabalho sobre a memória
um de seus aspectos fundamentais. Dessa prática emerge a narrativa memorialística onde é
possível depreendermos questões relativas aos modos de vida de seus “primeiros”
habitantes, o processo de ocupação da região e as formas de sociabilidade desse novo
espaço de experiência que surge com a “fundação” do que viria a ser a cidade de
21. Eunápolis. Nesse sentido nos perguntamos o que marcaria a singularidade da narrativa
memorialística e onde ela se localizaria com relação ao debate teórico que trata da
narrativa histórica e da narrativa de ficção.
Carreiras femininas e masculinas no magistério superior: docência, memória e
gênero
Eliane Brito Silva
Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Professora pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
britto.eliane@uol.com.br
A história do magistério envolve também estudos acerca dos saberes e práticas docentes, a
construção da escola e do campo intelectual da educação. Portanto, indissociável da
história da profissão docente e da formação dos professores. Esse debate se faz presente no
chão da escola, mas também no espaço acadêmico, e evidencia um campo de tensões,
contradições e disputas. Neste cenário, vemos perpetuada a desvalorização da licenciatura,
do magistério, do trabalho docente, do professor. O presente trabalho apresenta algumas
questões da trajetória de professores na educação superior, considerando as relações de
gênero. Busco, então, perceber a representação da docência no ensino universitário, e
investigar como o gênero atua na carreira acadêmico-profissional. A pesquisa, ainda
preliminar, é parte de um estudo mais amplo sobre a formação de professores de História,
que tem como campo empírico a Universidade do Estado da Bahia. Adotamos como
referências os estudos sobre a formação de professores de Bernadete Gatti (2000), Delcele
Queiroz (2000), Denice Catani (1997), Iria Brzezinski (1997), dentre outros. A formação
de docentes para a educação básica, apesar das recentes reformulações curriculares, tem
como ênfase os conteúdos curriculares de natureza científico-culturais, a “formação
específica”, em detrimento das experiências da vida escolar, do cotidiano em sala de aula,
do trabalho que se realiza na escola. O que se encontra em relação à preparação do docente
para o magistério universitário é a transposição dessa formação, a do especialista por
disciplina. Pode-se observar a hierarquização pesquisa e ensino, bacharel e licenciado, a
polarização entre teoria e prática, a distinção entre professor e pesquisador. Ademais, a
perpetuação da visão feminizante do trabalho docente. O processo de feminização do
magistério se relaciona ao fenômeno da escolarização em massa (CATANI, 1997),
induzindo a desvalorização social e econômica do trabalho docente. Com a inserção da
mulher no magistério, o homem chegou a ser impedido de ingressar certos cursos, como é
o caso do Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, por tratar-se de um
curso restrito ao sexo feminino (RABELO, 2014; SANTOS e RAMOS, 2014). Embora,
notemos homens e mulheres do magistério superior, cruzando as fronteiras dos “espaços
femininos” e “territórios masculinos”, respectivamente, é importante destacar uma maior
atuação das mulheres nas disciplinas da “formação docente”, as disciplinas pedagógicas,
relacionadas ao ensino, atividade de menor prestígio na docência universitária.
“Quem sabe faz a hora”: memória social e movimento estudantil fortalezense durante
a ditadura civil-militar
Athaysi Colaço Gomes
Graduada em História pela Universidade Estadual do Ceará - UECE
athaysicolaco@gmail.com
22. O presente trabalho se propõe a analisar a construção da(s) memória(s) social(is) dos
estudantes fortalezenses participantes do movimento estudantil durante o período da
ditadura civil-militar no Brasil a partir da análise de fontes orais. O objeto em estudo são as
memórias construídas a respeito das ações do movimento estudantil universitário e
secundário de Fortaleza durante os anos de chumbo. A pesquisa pretende relacionar a
construção mnemônica à formação das identidades coletivas e individuais a partir da
elaboração das representações sociais. Utilizando-se da metodologia da História oral para a
análise das entrevistas realizadas e embasando-se no conceito de Memória social elaborado
por James Fentress e Chris Wickham e de Representação proposto por Chartier, buscamos
apreender através dos discursos dos entrevistados de que maneira os eventos ocorridos
naquela conjuntura sociopolítica foram introjetados pelos mesmos e como tal percepção
contribuiu para a construção de suas memórias sociais a respeito da sua atuação enquanto
militante político. A análise das memórias dos entrevistados relaciona também o lugar
social do sujeito histórico durante a atuação militante e durante o tempo da lembrança, pois
a construção de tal memória social é influenciada pelo tempo histórico. As memórias dos
entrevistados foram analisadas segundo a representação social que compunham articuladas
pelo discurso. O objetivo deste trabalho é interpretar as memórias sociais construídas pelos
participantes do movimento estudantil em Fortaleza em meio ao contexto da implantação
da ditadura civil-militar no Brasil. As memórias permitiram compreender que a disposição
da luta advinha da defesa de um ideal de luta e de vida. Os entrevistados representam a si
próprios a partir das ações realizadas no enfrentamento às ações repressivas dos militares.
É neste ponto que podemos perceber a construção da memória como fenômeno social
ainda que estruturada sobre recordações, aparentemente, individuais.
Os ferroviários grevistas de Alagoinhas e o golpe civil-miliar de 31 de março de 1964
Ede Ricardo de Assis Soares
Mestre em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
ede.soares@gmail.com
Trabalhadores de longa experiência política, os ferroviários da Viação Férrea Federal Leste
Brasileiro (VFFLB) foram duramente atingidos pelo golpe de 31 de março de 1964. O
putsch acabou desmobilizando a categoria, visto que as forças públicas de segurança
envidaram esforços em investigar e punir ferroviários que possuíssem alguma ligação com
o a mobilização operária ou com o comunismo. Considerando que aqueles trabalhadores
tinham um histórico de reivindicação e de greve, foi fácil para a repressão se aproveitar do
contexto autoritário para enquadrar suas principais lideranças nos ditames do Ato
Institucional. Vários ferroviários perseguidos dentro da VFFLB, alguns foram demitidos,
outros acabaram sendo aposentados compulsoriamente, além daqueles que foram
transferidos para regiões distantes. Em paralelo, esses trabalhadores foram alvos das
investigações das forças da repressão, que se valeram do contexto prévio ao golpe, onde o
debate sobre os direitos dos trabalhadores e das camadas populares junto ao Estado se
aprofundava, para identificar suas principais lideranças, enquadrando-os como agitadores e
promotores da desordem pública. Nesse texto estabelecemos, especificamente, uma relação
entre a greve ferroviária de 1960 e o golpe de 1964. Em outras palavras, pretende-se
analisar o modo que os adversários de classe dos ferroviários se aproveitaram do contexto
autoritário para um acerto de contas. As fontes revelam que a referida greve foi comandada
pelos ferroviários das estações ferroviárias de São Francisco e Aramari, ambas localizadas
no município de Alagoinhas. Considerando que aquela localidade se constituía num
entroncamento ferroviário que ligava Salvador à região do Rio São Francisco e ao estado
de Sergipe, aquele movimento teve grande repercussão na imprensa estadual, como é
23. possível observar nos jornais da época, como é o caso do Jornal da Bahia, Diário de
Notícias e Estado da Bahia. Não foi por obra do acaso que as lideranças daquele
movimento figuraram entre as primeiras pessoas que foram detidas em Alagoinhas após o
golpe de 1964. Tudo indica que a visibilidade por eles obtida na greve influenciou
diretamente nas ações das forças da repressão após a instalação do Ato Institucional.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 06: ECONOMIA, SOCIEDADE E
POLÍTICA NA BAHIA COLONIAL.
Coordenadores: Profa. Poliana Cordeiro de Farias e Prof. Cândido Eugênio Domingues de
Souza.
Sala: Sala de Oficina de Crítica Cultural – Prédio do Mestrado
em Crítica Cultural.
O Negócio do Pau-brasil: entre o Regimento, Contratos e Contratadores
(1605 – 1644)
Uiá Freire Dias dos Santos
Mestrando em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
uiadias@yahoo.com.br
O presente trabalho tem por objetivo analisar a atividade extrativista de pau-brasil na
Capitania de Porto Seguro entre a criação do Regimento do Pau-Brasil de 1605 até 1644.
Tema negligenciado pela historiografia clássica sobre a América Portuguesa, a atividade
extrativista de pau-brasil foi de fundamental importância no processo de colonização. Feito
a partir de contrato de estanco o negócio do pau-brasil provocava, na maioria das vezes,
relações de negociação e conflito entre a Coroa portuguesa, contratadores e agentes locais
envolvidos diretamente na atividade de extração. A partir da análise do regimento, das
condições estabelecidas pelo contrato, das experiências dos contratadores e dos limites e
possibilidades no trato com o pau-brasil, busca-se estabelecer uma abordagem que
privilegie não só a importância econômica da atividade extrativista para a Capitania de
Porto Seguro como a sua importância social. O século XVII é marcado por tensões e crises
tendo como elementos principais as guerras holandesas e a restauração bragantina. Nesse
contexto, os rendimentos do pau-brasil assumem grande importância para a manutenção do
controle da colônia. Com a ocupação do Nordeste pelos holandeses, as matas da Capitania
de Porto Seguro transformam-se em grandes fornecedoras da madeira tintorial.
Criminalidade e justiça na vila de Santo Antonio da Jacobina (1720-1750)
Geraldo Antonio da Silva
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
geraldo.a.s@hotmail.com
O Presente trabalho busca analisar e compreender como juízes ordinários,
desembargadores e Vice-Reis lidaram com a criminalidade na vila de Santo Antonio da
Jacobina, na primeira metade do século XVIII. Já em 1725, Vasco Fernandes César de
Meneses, Vice-Rei, informava a D. João V que na vila de Jacobina, num período de
24. aproximadamente onze anos havia ocorrido 532 assassinatos. Desvios comportamentais
como roubos, assassinatos, descaminhos, etc. eram praticados por toda sorte de indivíduos.
Desde aqueles a serviço d´El-rei – como juízes, militares, vereadores e padres –, a
faiscadores e escravos. Em tal região, o afluxo abrupto de homens e mulheres de distintas
categorias socioeconômicas amalgamar-se-á numa sociedade problemática e violenta,
dando margem para a Coroa agir, aumentando o número de militares na vila e instalando
localmente aparatos burocráticos responsáveis por tentar assegurar o pleno convívio social
por meio da aplicação da lei.
“Como se poderá restringir o trabalho universal de tantos engenhos a huã só Casa da
Inspecção?” Conflitos entre a Mesa de Inspeção da Bahia e a Câmara de Salvador
Poliana Cordeiro de Farias
Doutoranda em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
policfarias@yahoo.com.br
Em 1751 foram criadas as Mesas de Inspeção nas capitanias da Bahia, Pernambuco,
Maranhão e Rio de Janeiro, parte do projeto empreendido pelo ministro de D. José I,
Sebastião José de Carvalho e Melo, que visava a reorganização política, administrativa e
econômica dos domínios ultramarinos. De acordo com o Regimento, sua principal função
consistia no estímulo à produção, controle da qualidade dos principais gêneros exportados
– açúcar e tabaco -, organização do comércio externo, fiscalização dos preços e combate
aos descaminhos. O novo controle simbolizado pela instituição, fez irromper hostilidades
por parte de senhores de engenho, lavradores de cana e tabaco e negociantes da praça da
Bahia, que através de cartas enviadas a autoridades diversas, mostraram-se contrários a
regulamentação econômica imposta e empenhados em revertê-la, como já foi enfatizado
por Stuart Schwartz. A Câmara da cidade de Salvador mostrou-se favorável aos interesses
locais, questionando a criação da Mesa de Inspeção da Bahia e censurando todos os
parágrafos de seu Regimento, em grande parte da documentação consultada. Por outro
lado, em correspondências encaminhadas à Coroa, o juiz de fora mostrou-se sintonizado
com as políticas metropolitanas, denunciando os “interesses mesquinhos” daqueles que
relutavam em aceitá-las. Esta comunicação objetiva discutir o posicionamento do Senado
da Câmara de Salvador - órgão reconhecido como “cabeça do povo e Estado” - nos
conflitos citados, destacando a complexidade do exercício do poder político no Império
português.
A última viagem do Capitão Manoel da Fonseca: investimentos e prejuízos no tráfico
negreiro. Bahia, século XVIII
Cândido Eugênio Domingues de Souza
Mestre em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
Professor da Universidade do Estado da Bahia - UNEB
candido_eugenio@yahoo.com.br
Nesta apresentação abordarei a atuação dos capitães negreiros que também investiam no
tráfico atlântico de escravos na Cidade da Bahia em meados do século XVIII. Para tanto
busco analisar os investimentos do capitão Manoel da Fonseca em sua última viagem à
Costa da Mina em 1757. Os capitães-armadores desempenhavam outro papel além de
apenas serem marinheiros. Atuando como negociantes para si, buscavam aumentar seus
lucros e riqueza. Falecendo logo após retornar a Salvador, Manuel não teve tempo de
alcançar o esperado lucro de seus investimentos. Seu testamenteiro, Lourenço da Silva
25. Niza, ficou responsável pelos trinta africanos recém-desembarcados e por concluir seus
negócios neste mundo. A falta de parentes do capitão, no entanto, provocou uma demora
na venda de seus escravos e sua contabilidade mostra-nos o quanto o tempo poderia ser
fatal para a ruina de uma sociedade negreira ou de um pequeno investidor. O exemplo
desse investimento do capitão Manoel da Fonseca é um espelho para entendermos a
complexidade desse negócio e os altos riscos inerentes a ele.
As “minicapitanias” do Recôncavo: política e economia no século XVI
Alexandre Gonçalves do Bonfim
Mestrando em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
alexandrebonfim90@gmail.com
No século XVI duas capitanias donatárias foram instaladas no Recôncavo: Itaparica e
Tamarandiva doada a Dom António de Ataíde (Conde de Castanheira) em 1556 e
Paraguaçu doada a Dom Álvaro da Costa entre os anos de 1565 e 1566. As duas
“minicapitanias” - maneira como Rodrigo Ricupero as chamaram em seu livro “A
formação da elite colonial” - foram doadas em um período que Portugal demonstrava uma
maior preocupação com a administração de sua parte na América como atesta a decisão de
criar o Governo Geral em 1549. Assim sendo o intuito desse trabalho é discutir como as
donatarias de Itaparica e Tamarandiva e do Paraguaçu se inseriam nesse contexto. Para isso
a investigação analisou as cartas de doações de sesmarias feitas na capitania do Paraguaçu
e indícios sobre moradores e atividades econômicas na capitania de Itaparica e
Tamarandiva encontrados em diferentes tipos de documento (processos do Tribunal do
Santo Ofício, documentos da administração régia e informação de cronistas). Todos os
dados pesquisados estão inseridos em um recorte cronológico que vai da década de 1550
até a década de 1590. A análise da documentação acima elencada apontam indícios de
desenvolvimento de atividades econômicas no território como a criação de gado, da cana
de açúcar e de culturas de subsistências durante o período acima citado. Assim, vemos que
a administração das donatarias - pertencentes a duas famílias relativamente próximas ao
monarca - incentivava as atividades produtivas de indivíduos ligados à colonização
portuguesa, atendendo dessa maneira a duas demandas fundamentais do regimento do
Governo Geral: a ocupação e o aproveitamento das terras da América Portuguesa.
Ascensão e inserção social de africanos na Cidade da Bahia na segunda metade do
século XVIII
Raiza Cristina Canuta da Hora
Mestranda em História Social pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
raizacanuta@hotmail.com
A presente comunicação integra meu trabalho de mestrado na área de História Social que
se dedica ao estudo de casamentos de africanos na Cidade da Bahia no século XVIII
(1750-1808). Recorro à análise de inventários, testamentos, livros de casamentos, batismo
e óbito para análise da utilização de estratégias de inserção e ascensão social, que se faziam
através do estabelecimento de laços de afetividade (através do matrimônio católico),
sociabilidade e de clientelismo, elementos que favoreceram à distinção, respeitabilidade
social, e até mesmo, a formação de riqueza na vida de africanos moradores da Cidade da
Bahia. Tais aspectos têm sido tema de estudos de historiadores, a exemplo de Maria Nizza
da Silva (1988), Maria Inês Cortes de Oliveira (1988), Hebe de Castro (1995), Robert
Slenes (1999), Mariza de Carvalho Soares (2000), Silvia Hunold Lara (2007), Juliana
26. Barreto Farias (2012). A professora Katia Mattoso (1988) afirmou que se casar legalmente
representava uma espécie de ascensão social para o casal mestiço ou negro. Estes sujeitos,
tão estigmatizados pela sociedade, pelas leis de distinção social (como o estatuto de pureza
de sangue) e pelo regime escravista - que os atrelava inexoravelmente ao cativeiro direta
ou indiretamente, ao celebrarem como cônjuges ou participarem como padrinhos de tais
uniões compartilhavam minimamente da lógica e dos valores da sociedade da América
Portuguesa e dos colonizadores, inserindo-se, assim, socialmente.
Casamentos, cor e mobilidade social em Santiago de Iguape - 1806-1830
Jamile Serra Coutinho
Graduada em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
mile.coutinho@hotmail.com
A sociedade colonial foi extremamente marcada pelas relações de Antigo Regime, a
mobilidade social era garantida através das relações pessoais. O presente trabalho
desenvolve-se com o intuito de analisar os “padrões” de casamentos dos escravos, libertos
e livres de cor para perceber de que forma a união matrimonial formalizada pela Igreja
Católica representaria o intento de mobilidade social, haja vista que o casamento
representava situação privilegiada para a constituição de alianças políticas e sociais, trocas
e solidariedades. A escolha do parceiro utiliza como parâmetros de decisão a
cor/qualidade, origem/etnia, bem como o estatuto jurídico. Para tanto, analisou-se os
assentos de casamentos da freguesia de Santiago de Iguape, recôncavo baiano, no período
de 1806-1830. Assim, pôde-se perceber a incidência dessa instituição nessa sociedade, a
proporção de escravos, libertos e livres de cor que contraíram o matrimônio e escolha do
seu parceiro, além da sua cor/qualidade. Para analisar a questão da cor/qualidade utiliza-se
o conceito presente no trabalho de Eduardo França Paiva (2012) de que a cor estava
relacionada à “qualidade”, ou seja, o branco era de qualidade superior, pois “limpo de
nascimento” enquanto o mulato (pardo) e negro possuíam um “defeito de sangue” e
qualidade inferior. Cor/qualidade, portanto implicavam em categorias e hierarquizações
sociais próprias do Antigo Regime. O conceito de mobilidade social é utilizado a partir da
definição de Roberto Guedes (2008), que defende que ela não significa apenas a elevação
das condições materiais de sobrevivência, mas, sobretudo, a redefinição da posição de um
indivíduo na sociedade e, no caso dos ex-escravos, a permanência destes em liberdade,
provocando também mudanças de cor. Os resultados preliminares foram obtidos através da
análise quantitativa das fontes a partir de um banco de dados nominativo. Foram analisadas
309 celebrações, dentre estas, 280 ocorrem entre indivíduos de mesmo estatuto jurídico –
sendo 102 entre escravos, 46 entre forros e 132 entre livres. Com relação à cor/qualidade
dos nubentes observa-se que, entre os nascidos no Brasil há predominância dos pardos, que
somam 153 indivíduos entre homens (71) e mulheres (82), destes, 134 casam-se entre si. A
cor do parceiro e a endogamia por origem revelam a escolha matrimonial pensada de modo
a garantir e/ou facilitar meios de sobrevivência na sociedade, sobretudo entre os escravos
nascidos no Brasil e os libertos africanos.
27. SIMPÓSIO TEMÁTICO 07: CIDADES, SUJEITOS,
TRAJETÓRIAS INTELECTUAIS E SOCIABILIDADES NA BAHIA
REPPUBLICANA.
Coordenadores: Profa. Aline Aguiar Cerqueira dos Santos e Prof. Juliano Mota Campos.
Sala: Sala 02 – Prédio de Educação Física.
O “progresso” na cidade: médicos, imprensa e poder público
Alcides Lima
Mestrando em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus V
alcidjlima@gmail.com
O presente artigo apresenta algumas considerações acerca do projeto de modernização da
cidade de Itaberaba. Focaliza-se o conjunto de elementos pensados em meados do século
XX para consolidar o progresso na urbe. Nesse sentido, propõem-se identificar e analisar
quais foram os mecanismos adotados pelo poder público para construir a imagem de uma
cidade moderna. Este pensamento modernizador está relacionado a um fenômeno que se
originou na sociedade ocidental nos últimos séculos: a modernidade. Jacques Legoff
definiu a “modernidade como uma cultura de massa” (LEGOFF, 1997:23). As
considerações sobre a modernidade brasileira são bastante relevantes para as análises aqui
desenvolvidas, já que alguns autores assinalaram algumas especificidades deste fenômeno.
José Martins observou que essa apresenta “um caráter incompleto, uma vez que exclui
parte da sociedade brasileira” (MARTINS, 2008: 18). “A ciência se destaca como o
principal instrumento que balizou a construção do Brasil moderno” (ALBERTO e
HERSCHMANN, 1994:22). Nessa perspectiva, o discurso científico fez parte das
experiências modernizadoras na cidade de Itaberaba. O progresso se construía através da
introdução de melhoramentos urbanos. Esses por sua vez transformavam a paisagem
urbana. No entanto, sujeitos distintos vivenciaram experiências diversas ou até mesmo
opostas neste espaço. O poder público e imprensa local se notabilizaram pela difusão da
imagem cidade progressista. Além desses agentes históricos, destacaram-se também os
médicos. Esses desempenharam um papel crucial no processo de modernização da urbe.
Eles foram utilizados pelo poder público e pelo jornal O Itaberaba como fundamentos dos
seus discursos. Por fim, o projeto de modernização da urbe se estruturou em torno de três
elementos: energia elétrica, extinção de práticas antimodernas e urbanismo.
O passado como projeto de futuro: Análise do discurso identitário dos projetos de
recuperação econômica da cidade de Lençóis (1950 – 1973)
Julio César Moreira dos Santos
Graduado em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
jcesar11@outlook.com
O presente projeto de pesquisa pretende analisar a utilização de um discurso identitário
para a superação da crise econômica que afetou a cidade de Lençóis no estado da Bahia na
metade do século XX. Lençóis teve sua economia baseada por muito tempo na
garimpagem de diamantes, sofrendo com diversas crises na sua história. Na metade do
28. século XX, além de sofrer com a crise que afetou a atividade econômica que mantinha a
cidade, esta também vê parte de sua população migrar para outras regiões do país. Vendo
os efeitos da crise do garimpo afetar toda a cidade, a municipalidade, tenta encontrar
maneiras de superação da crise, elaborando projetos de reestruturação, propondo novos
caminhos para economia da cidade, mas as elaborações foram feitas com base no discurso
identitário da cidade. A pesquisa situa-se no campo da história cultural, um campo
eminentemente multidisciplinar, que dialogo com outras disciplinas para a construção dos
referenciais. O principal debate é sobre os estudos que versam sobre as representações.
Este trabalho adota a definição levantada pelo Antropólogo Francês Joël Gandau, que
pensa que a identidade se constitui como uma representação social. Este autor, também
ressalta que as representações são usadas por grupos de pessoas para ações políticas e
sociais. Na perspectiva levantada por Gandau a identidade é uma representação social, e
esta só se torna efetiva quando gera ação no social, quando as pessoas se utilizam das
imagens representacionais, para suas atuações.
A imprensa chega à Itaberaba: os novos hábitos e comportamentos inseridos no
“torrão baiano” (1926 a 1936)
Franciny da Silva Boaventura
Graduada em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
franboaventura@hotmail.com
Este trabalho tem por objetivo dialogar com as notícias circuladas no jornal O Itaberaba,
primeiro periódico da cidade de Itaberaba, que funcionou durante os anos de 1926 a 1954.
A circulação de jornais demonstra a existência de uma classe alfabetizada e o interesse de
divulgação e expansão da mesma. Foram analisados dez anos do Jornal O Itaberaba (1926
– 1936), no qual, se exaltava o surgimento da imprensa local, como um símbolo respeitável
da modernização. Com o auxílio do referencial bibliográfico, constatamos que a circulação
de Jornais, no período da Primeira República, foi essencial para a divulgação dos ideais de
modernização, e da padronização de um modelo europeu, que estava sendo almejado para
o país. O jornal O Itaberaba buscava com seus discursos ditar normas e padrões de
“sociedades civilizadas”, preocupando-se com informações sobre a instrução escolar, o
saber letrado, mudanças urbanísticas. Eram circuladas notícias de insatisfação da
população e do poder público, solicitando melhorias para a estrutura da cidade e para o
comportamento humano. A cidade de Itaberaba, entre as décadas de 20 e 30, sofreu
significativas mudanças no seu meio urbano. A população começara a ser pressionada a se
adequar a algumas medidas, que eram tomadas pelo poder público e divulgadas no jornal.
A República tem como uma importante característica as mudanças urbanísticas, sociais e
comportamentais, que eclodiram em uma série de posturas para serem “acatadas” pela
sociedade. A leitura do jornal O Itaberaba nos possibilitou visualizar que além da
importância da imprensa e da divulgação do saber letrado, outro elemento muito enfatizado
em suas notícias, era a preocupação com o padrão social, que passou a ser exigido pelo
regime republicano e que contribuía com a modernização que estava sendo implantada no
país.
“A cultura popular é transgressora e rebelde por natureza”: movimentos culturais
em São Gabriel - Ba (1979 à 1988)
Larissa Godinho Martins dos Santos
Graduanda em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
lariigms19@hotmail.com
29. O presente trabalho tem como principal objetivo analisar dois grupos culturais, o MAC
(Movimento de Arte e Cultura) e JUPP (Jovens Unidos a Procura da Paz), que atuaram na
cidade de São Gabriel - Ba, de 1979 à 1988. O MAC teve pouco tempo de atuação, pois
surgiu em um momento ainda conturbado do Regime Militar no final dos anos 70. Já o
JUPP, começa a atuar no fim da Ditadura Militar, e ainda tendo o apoio da igreja católica
conseguindo assim desenvolver oito anos de trabalho. Esses grupos se aproximam, quando
os dois se tratavam de grupos de jovens que realizaram movimentos cultuais na cidade de
São Gabriel. Buscando uma alternativa em trazer a arte para o povo, valorizando a cultura
popular, e pensando a arte como forma de protestos e reivindicações por melhorias. Poucas
pesquisas tratam de movimentos culturais no período militar no interior da Bahia, mas é a
partir desses dois exemplos que podemos perceber que mobilização jovem em busca de um
Brasil melhor, não existiu apenas nos grandes centros, mas também sertão adentro. Para
desenvolver essa pesquisa utilizamos como fonte as entrevistas dos participantes desses
movimentos e de pessoas que presenciaram a atuação dos mesmos. Portanto nossa
metodologia é a História Oral, onde nos embasamos em Janaina Amado, e para pensarmos
a memória Michael Pollak. Usaremos também como fonte para cruzar com as entrevistas,
dois livros de memórias da cidade. O primeiro “São Gabriel, Memórias e Lembranças” de
Cecília Machado de Oliveira e o outro, “Terra dos arcanjos: Historiografia da cidade de
São Gabriel - Ba”, de João Purcino Pereira e Leonellia Pereira. Como principais
referenciais teóricos utilizaremos Macello Ridenti, Millandre Garcia, Peter Burke, Edward
P. Thompson, Mainelia Silva e Jair Pençanha Rostoldo. Portanto pensamos que faz-se
necessário refletir e dar a devida importância para a discussão desses movimentos culturais
no interior da Bahia.
Diversões e Civilidade na Princesa do Sertão (1919 – 1946) Feira de Santana
Aline Aguiar Cerqueira dos Santos
Mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
aguiarzen@hotmail.com
Analisar algumas das diversões e formas de sociabilidades em Feira de Santana, no período
de 1919 a 1946, em suas relações com os discursos de progresso e da civilidade proposta
para cidade, destacando-se, especialmente, o papel desempenhado pelo Cine-Teatro
Santana. Assim, destacamos essa casa de espetáculos, por ser este um espaço
multifacetado, no qual diversas experiências e práticas sociais, culturais e políticas eram
desenvolvidas, nos possibilitando compreender uma faceta do cotidiano feirense. Entre as
diversões analisadas temos as filarmônicas, os grêmios lítero-dramáticos, futebol, circos,
teatro e cinema. Muitos grupos ligados às diversões citadas anteriormente gravitavam de
alguma forma em torno do Cine-Teatro Santana, promovendo espetáculos beneficentes em
prol de diversas instituições da cidade, estabelecendo uma rede de solidariedade entre as
agremiações culturais e instituições assistencialistas.
Faustino Ribeiro júnior: os caminhos da cura em Salvador no limiar do século XX
Rafael Rosa da Rocha
Mestrando em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
xrr.rocha@gmail.com
Investiga a trajetória do curandeiro espírita Faustino Ribeiro Junior e busca através dela
trabalhar o tema das práticas de cura no limiar do século XX, colocando em perspectiva os
30. embates entre os saberes oficiais e as práticas de cura leigas na Bahia. Ele nasceu no
Estado de São Paulo, no ano de 1870. Na década de 1890, atuava como funcionário
público - inspetor escolar - e professor formado pela Escola Normal Superior de São Paulo.
Na última década do século XIX, entretanto, o então inspetor passou a executar curas
“miraculosas” apenas com o uso das mãos. Esse momento foi fundamental, pois foi
quando Faustino começou a ser perseguido pelo Juizado Municipal de Campinas, em 1901.
A partir de então começou a peregrinar por outros estados do país, executando seus
processos de cura. Quando aportado na Bahia, Faustino Ribeiro Junior integrou em
contraponto, sobretudo para higiene pública, ao escopo no qual a ciência médica buscava
fincar seus pilares saneando os espaços, controlando as habitações e os costumes e as
concepções de civilização e progresso davam legitimidade às ações da inspeção de higiene.
Lançamos mão de um referencial que perpassa os debates sobre saúde e doença em “A
morte vigiada: a cidade do Salvador e a prática da medicina urbana” de Jorge Uzeda e “A
gripe espanhola na Bahia” de Cristiane Souza; e religião, quando lançamos mão de
“Cuidado com os Mortos: uma história da condenação e legitimação do Espiritismo” de
Emerson Giumbelli. Tomamos como fonte, para este trabalho, periódicos como o Diário
de Notícias, A Baia e o livro Espiritismo e Protestantismo, que contém artigos escritos pelo
próprio Faustino. Nosso objetivo é discutir as visões que a Inspeção de Higiene tinha sobre
as práticas de cura empregadas por Faustino e confronta-las com as ideias do curador e
igualmente perceber a antinomia das práticas executadas por Faustino.
O papel da mulher no carnaval de Serrinha na década de 1970-1980
Katiane dos Santos
Graduanda pela Universidade do Estado da Bahia - Campus XIV
ferreira-katy@hotmail.com
Nesse artigo, pretendo discutir destacar o papel da mulher no carnaval de Serrinha na
década de 1970 a1980, mostrando como ela se revelou uma figura preponderante, mesmo
quando os homens se intitulavam “os senhores da alegria”. Tendo como base os trabalhos
de CUNHA (2002); SCHETTINI (2002); PEREIRA (2002); FRANCO (1996), adicionado
às pesquisas em jornais e revistas da época e entrevistas com mulheres que participaram
das festividades no espaço-tempo em análise, procuro perceber o que há de expressões
singulares da mulher-serrinhense no carnaval da sua cidade. Percebemos que mesmo com a
preocupação dos senhores locais em delimitar o espaço de atuação onde as mulheres de
família ou as prostitutas deveriam se ater, na pratica isso não acontecia de fato, pois nos
dias de carnaval as “mulheres de família” se misturavam aos entrudeiros, fantasiadas, elas
também tinham seus meios para “burlar os padrões” e mesmo as que assistiam o carnaval
das sacadas de suas casas não se eximia de jogar limões de cheiros e molhar os foliões com
bisnaga. Essa quebra de padrões implementada nas folias momescas acaba por influenciar
outros comportamentos das mulheres serrinhenses e noutras áreas de atuação.
História, literatura e cidade: as visões literárias de Humberto Soares e Silva (1969)
Edson Silva
Mestrando em História pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
edisomsilva@gmail.com
O objetivo do trabalho foi analisar uma construção poética do escritor jacobinense
Humberto Soares e Silva. Em 1969, em um poema épico, Humberto Soares e Silva, narrou
31. em versos a história das origens de Jacobina. Será sobre este escrito acerca da gênese
histórica de Jacobina que nos debruçaremos. Dessa maneira, questionamos. Como foi
representada as origens da cidade no poema de Humberto Soares e Silva? Quais elementos
representativos e estratégias discursivas foram invocados na construção poética? Quais os
personagens e eventos foram considerados dignos de registro? Qual a imagem do passado
da cidade sobressai no texto? Neste sentido, esclarecemos inicialmente, que daremos maior
ênfase à análise interna do texto, examinaremos o poema buscando as noções e ideias mais
recorrentes na sua construção poética, atentando para os adjetivos, personagens e ações,
invenções históricas e descrições geográficas. A historiadora Sandra Jatahy Pesavento teve
como fonte primordial a literatura para analisar as transformações urbanas da cidade de
Porto Alegre no final do século XIX e início do XX. Sua reflexão baseou-se no
entendimento de que sobre a dimensão física das cidades, tantas vezes construídas e
reconstruídas em seus traçados e formas, se constrói um olhar literário, que passa a ser
conhecido na forma de texto. Sobre este material, que o historiador, com a sua bagagem
cultural e fundamentação teórica e metodológica, entrará em cena para examinar as visões
dos literatos sobre a cidade. Nesse sentido, o mito fundador em torno do nome do lugar e
origem da cidade, condensada e cristalizada no imaginário, parece-nos significativo para
analisar, ainda mais quando literatos e memorialistas reverberam em seus textos, a
construção de um “efeito de realidade”. A questão não é a veracidade das versões, mas o
potencial representativo e ideológico que em tais narrativas podem ser reveladoras. Na
leitura do passado da cidade, Humberto Soares e Silva, destacou a paisagem natural do
lugar. A cultura apareceu centrada na religião cristã e na obra dos colonos. No poema,
depois de destacar a beleza natural, emerge no cenário o colonizador, bandeirantes
bárbaros e missionários civilizadores. E os indígenas, apelando para seus impotentes
deuses. Porém, logo passam a colaborar com o processo colonizador (civilizador). Diante
das ações dos colonizadores, os indígenas são representados na narrativa como vitimas, são
passivos, não esboçarem reação, desenvolvem resistência ou negociação. Sua contribuição
para a cidade foi legar apenas o nome, simbolizado pela imagem criada, de passividade e
harmonia das relações estabelecidas entre colonos e indígenas.
Entre tinteiros e palanques: a trajetória intelectual e politica de Arnold Ferreira da
Silva (1912-1952)
Juliano Mota Campos
Mestrando em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
julianouefs@hotmail.com
No presente estudo buscaremos compreender a partir da trajetória intelectual e política de
Arnold Ferreira Silva (1912-1952), o cenário sociocultural de Feira de Santana. Enquanto
problemática, buscamos analisar em que medida as produções intelectuais de Arnold Silva
possuíam relação com a política credenciando-o ao hall das figuras de prestígio tanto no
executivo (prefeito e intendente municipal) quanto no legislativo (vereador e presidente do
conselho municipal), mesmo em um período longo e de significativas transformações
sociais, econômicas e culturais para a população não apenas feirense, mas baiana e
brasileira. Utilizamos como fontes para o nosso estudo o Jornal Folha do Norte, periódico
de propriedade da sua família, folhetim em que predominaram suas produções (crônicas,
editoriais, colunas e notas judiciais), mas também o jornal Folha da Feira que destacava a
participação deste “autodidata” nos grêmios lítero-dramáticos enquanto escritor,
palestrante e ator, além de atas da sociedade “Montepio dos artistas Feirenses”, “Santa
Casa de Misericórdia” (na qual foi provedor), nos processos crimes, no qual atuou como
32. rábula e nas poesias de seus conterrâneos. Acreditamos que esse conjunto de documentos
nos auxilie a traçar seus campos de atuação
SIMPÓSIO TEMÁTICO 08: ESTADO, INTELECTUAIS E LUTAS
SOCIAIS NO BRASIL DO SÉCULO XX E XXI.
Coordenadores: Prof. Diego Carvalho Corrêa e Profa. Tamires Assad Nery de Brito.
Sala: Sala Margens da Literatura – Prédio do Mestrado em
Crítica Cultural.
“Não há fronteiras para os que exploram, não deve haver para os que lutam”: o
Movimento Comerciários em Luta em Feira de Santana
André Luiz Bastos de Freitas
Graduado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
albdefreitas@hotmail.com
Identificado como oposição sindical da base dos trabalhadores do comércio de Feira de
Santana, o Movimento Comerciários em Luta ascendera em fins de 1986 na cidade,
apresentando-se como alternativa reivindicatória frente à perspectiva oficial da ação
sindical dos empregados do comércio, seus membros emergidos de segmentos de esquerda
como: partidos políticos, organismos pastorais da Igreja Católica e associações de
moradores trabalhavam na base da categoria dos comerciários, militantes passavam para o
movimento a perspectiva de construir um sindicalismo autônomo, democrático e livre do
controle do Estado e seus representantes.
Constituir uma análise em torno da perspectiva sindical disseminada pelo movimento e
seus referenciais que convergiam com o ideário de um sindicalismo reivindicatório e a
natureza histórica social que possibilitou esse desdobramento é em princípio objetivo dessa
pesquisa.
O Mercado é vai continuar sendo mesmo um mercado
Camila Ferreira de Souza
Graduanda em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
cscamilafs@gmail.com
Esta comunicação faz parte de uma pesquisa em desenvolvimento vinculado ao projeto de
iniciação cientifica PIBIC/FAPESB sobre o processo de institucionalização do trabalho
camelô e as alterações nas relações de trabalho através da criação Mercado de Arte Popular
de Feira de Santana. Nesse trabalho, em andamento, debruçamos no processo de
revitalização do Mercado de Arte Popular – MAP que foi é um espaços que teve sua
construção iniciada no governo de Colbert Martins 1978 no prédio que sediou desde 1915
até 1976 o Mercado Municipal, local que até então representava uma extensão da Feira
Livre. Nesse momento deu-se o espaço para um novo mercado, que se preocupava em
atender a população local com: atrações teatrais, restaurantes e também atrair turistas a
cidade até o momento em que este teve a fachada tombada pelo Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural da Bahia – IPAC em 1994. As discussões sobre a implantação do MAP
33. permitem não somente pensar as discussões sobre patrimônio, mas também possibilita
pensar sobre os conflitos gerados, as alterações que as relações de trabalho sofreram, sobre
como os trabalhadores receberam e experimentaram esse espaço. Preocupa-se aqui
perceber dentro desse processo de institucionalização das relações de trabalho: os
interesses, as relações e os conflitos presentes no âmbito da construção deste espaço.
Analisamos que a construção de espaço como o Mercado de Arte Popular estando
associado a uma lógica de criação de dispositivos que impulsiona a assimilação pelo
Estado o trabalho considerado informal; iniciado pelo Projeto Cabana, com a transferência
do Mercado Municipal e a Feira Livre para o Centro de Abastecimento. Compreendemos o
Mercado de Arte Popular como aparelho urbano, ressalta-se que este altera o espaço e
delimita, normatiza também os sujeitos, contudo, a construção desses espaços a partir da
disciplina também tem a funcionalidade de tornar o espaço útil e tornar os sujeitos úteis.
Para pensar sobre o a construção do MAP e os conflitos por trás desta lançamos mão do
conceito de disciplina do filósofo francês Michael Foucault e o conceito de Estado do
pensador político Antonio Gramsci, junto também à historiografia Inglesa e os trabalhos já
produzidos sobre Feira de Santana.
Atuação e dimensão política da Associação Comunitária de Canta Galo (1988-2000)
Ludmilla Ramos Silva
Graduanda em História pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
lud_coite@hotmail.com
O presente trabalho justifica-se pela necessidade de trabalhar com as formas de
organizações comunitárias existentes no meio rural. A forma de organização coletiva é de
suma importância para a construção de uma cidadania ativa, na qual todos os sujeitos
tenham direitos e deveres respeitados perante a sociedade e aos órgãos públicos.
Por meio, do estudo das associações comunitárias é possível conhecer em partes a
pluralidade da história dos movimentos sociais, este, gestado pela participação popular
comunitária, uma vez que as estratégias capitalistas direta ou indiretamente, incentivaram
essa busca pelas reivindicações sociais, fomentando assim, as lutas de todos os cidadãos
que possuem interesses e valores comuns.
A ação da participação transforma os seres humanos em representantes de grupos, que
visam à conquista de direitos e deveres sociais entre os sujeitos e as instituições públicas.
Portanto, a participação se constrói na prática diária, na qual os indivíduos expressam suas
demandas, a respeito das questões sociais e praticam a cidadania uma vez que, esta, está
atrelada a participação dos cidadãos nas estruturas políticas e na busca por reconhecimento
dos seus direitos. Sobre essa questão, Posser nos diz que: “Os espaços públicos de reflexão
(associações) tornaram- se imprescindíveis para manter o comprimento dos direitos
conquistados”. (...). (POSSER, 2008, p.34).
Desse modo, meu objeto de estudo está embasado na construção da cidadania dentro da
ACC, bem como buscarei dentro dessa análise compreender o real entendimento que os
dirigentes e associados têm da organização, enquanto uma prática política e social sem
preferências partidárias. Ainda na procura por respostas convincentes para minha pesquisa
e meus leitores, analisarei as reivindicações escritas nas atas de reuniões, bem como sua
eficácia na concretização, diante da realidade, e além, dessas problemáticas investigarei a
relação entre a associação comunitária e a prática clientelista com a política local do
município. Diante dos argumentos supracitados, considero que no processo histórico das
lutas sociais brasileiras, as associações comunitárias vêm colaborando com um debate
político e social, tanto no que se refere às questões nacionais, como também em ocasiões
vividas cotidianamente pelos sujeitos envolvidos nas participações populares.