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AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Ano
01
-
N°
01
-
Ago-dez/2022
Ano
01
-
N°
01
-
Ago-dez/2022
DACOM/NUCSA
/UNIR
DACOM/NUCSA
/UNIR
VERSÕES
VERSÕES
AUSENTES
AUSENTES
Ano
01
-
N°
01
-
mai-jul/2023
Ano
01
-
N°
01
-
mai-jul/2023
DACOM/NUCSA
/PROCEA
DACOM/NUCSA
/PROCEA
Projeto
de
extensão
PIBEC/UNIR
Projeto
de
extensão
PIBEC/UNIR
Imprensa não divulgada
Imprensa não divulgada
Os bastidores da mídia através de vozes que não foram notícias
Os bastidores da mídia através de vozes que não foram notícias
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
REC aborda a importância de protagonizar vozes esquecidas
REC aborda a importância de protagonizar vozes esquecidas
Sumário
2
Editores
Editores
Agressão
Agressão
Escute entrevistas com diretores de três jornais de Rondônia
Escute entrevistas com diretores de três jornais de Rondônia
Profissionais são tidos como “não jornalistas” pelos colegas
Profissionais são tidos como “não jornalistas” pelos colegas
Fotógrafo fala de quando foi espancado por cobrir greve
Fotógrafo fala de quando foi espancado por cobrir greve
Leia na página 10
Leia na página 10
30
30Capa
Capa
Os jornais foram criados
Os jornais foram criados
em Rondônia antes do
em Rondônia antes do
surgimento do estado.
surgimento do estado.
Os ciclos econômicos
Os ciclos econômicos
do Território do Guaporé
do Território do Guaporé
ajudam a entender a
ajudam a entender a
história dos veículos
história dos veículos
impressos locais.
impressos locais.
Leia na página 14
Leia na página 14
5
6
20
23
Cronologia
Cronologia
Opinião
Opinião
4
Assessores
Assessores
Dona Marcelina foi contratada como retoquista pelo jornal Alto Madeira, logo na sua chegada a Rondônia no início da década de
1980. A convite da revista Versões Ausentes, Marcelina retornou ao local onde ficava a sede do jornal, na avenida Sete de Setembro
Izabela Muniz
A edição de estreia da
A edição de estreia da
revista Versões Ausentes
revista Versões Ausentes
traz um álbum de fotos
traz um álbum de fotos
de edições históricas do
de edições históricas do
jornal Alto Madeira. As
jornal Alto Madeira. As
páginas registradas são
páginas registradas são
dos anos de 1950 e 1970.
dos anos de 1950 e 1970.
Veja na página 24
Veja na página 24
Sessão de fotos
Sessão de fotos
Distrito
Distrito
12
Comunitárias
Comunitárias
Emissoras dividem a mesma frequência e sinais se cruzam
Emissoras dividem a mesma frequência e sinais se cruzam
Em Extrema, emissora de rádio supre a falta de informações
Em Extrema, emissora de rádio supre a falta de informações
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Editorial
Um mesmo período ou fato histórico pode ser
contado a partir de inúmeras versões.Essas versões
podem ser até antagônicas. Apesar disso, conhece-
mos, recorrentemente, os fatos históricos através
de uma só versão: a oficial. Essa não se torna ofi-
cial por ser a mais verdadeira, mas sim por imposi-
ções ideológicas, financeiras, estruturais, etc.
A revista Versões Ausentes nasce com o obje-
tivo de contar “outras versões”, aquelas que não
estão narradas em livros oficiais. O objetivo é re-
tratar fatos históricos que não são contados em li-
vros oficiais, mas que estão vivos nas memórias de
pessoas que viveram aqueles momentos.
Serão edições temáticas, de frequência trimes-
tral. As pessoas envolvidas na elaboração desta
revista fazem parte do Departamento Acadêmi-
co de Comunicação da Universidade Federal de
Rondônia (DACOM/UNIR). Com isso, a escolha
natural da equipe foi a de abordar sobre a Mídia
na primeira edição.
Quando buscamos falar sobre a História da Mí-
dia, a versão oficial é, recorrentemente, aquela con-
tada por artistas e jornalistas de grande renome,
bem como por fundadores de veículos dos maiores
centros econômicos do país.
A história rondoniense, por si, é uma versão au-
sente, por não ser um grande centro econômico
do Brasil. O nosso desejo foi viajar a fundo neste
universo das versões ausentes e trazer histórias de
pessoas que ajudam a construir a História da Mí-
dia de Rondônia, mas não são as mais lembradas
pelo público ou mesmo por historiadores locais.
Na capa, temos a dona Marcelina, uma ex-reto-
quista, profissão hoje extinta. Uma retoquista con-
sertava as palavras que haviam sido impressas com
falhas. Ela faz parte daquela imprensa não noti-
ciada, aqueles profissionais que não participavam
diretamente do processo de criação de notícias.
Para narrar sobre o rádio, optamos por mostrar
o cenário das rádios comunitárias, as emissoras
que não têm fins lucrativos e são as mais perse-
guidas, por enfatizarem críticas sociais. Trazemos
ainda a história de um fotógrafo que foi espancado
ao fazer uma cobertura jornalística nos anos 1990.
Ainda há a versão dos assessores de imprensa, que
até têm os seus textos publicados, mas, não os assi-
nam e, com isso, o público não sabe quem eles são.
Enfim, buscamos viajar no tempo e resgatar
essas versões ausentes para que vocês conheçam
melhor sobre a História de Rondônia, assim como
nós passamos a conhecer ao realizar esta apuração
jornalística.
3
“Versões Ausentes”é uma publicação do grupo de extensão e pesquisa BARRAS - Bloco de Ações
“Versões Ausentes”é uma publicação do grupo de extensão e pesquisa BARRAS - Bloco de Ações
em Rap, Rádio e Ausências Sonoras.
em Rap, Rádio e Ausências Sonoras.
Editores:
Editores: Professor Dr. Carlos Guerra Júnior, Professora Dra. Evelyn Morales e João Noé.
Reportagens:
Reportagens: Alana Bentes; Ana Laura Gomes; Emily Vitória, Lídia Aciole do Carmo e Márcia
Chaves.
Infografia:
Infografia: Alana Bentes.
Fotografia
Fotografia: Izabela Muniz e Professora Dra. Evelyn Morales.
Foto de capa:
Foto de capa: Izabela Muniz.
Edição de capa:
Edição de capa: Alana Bentes.
Diagramação e Identidade Visual:
Diagramação e Identidade Visual: Alana Bentes; Ana Laura Gomes e Professor Dr. Carlos
Guerra Júnior.
Revisor:
Revisor: Elton Emanuel Brito Cavalcante.
Expediente
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Opinião
Opinião
As vozes silenciadas, as versões que não estão nos
holofotes, são parte de um contexto que não é alea-
tório. Não é por acaso. Não é algo sem razão.
Não é aleatório, pelo fato de fazermos parte de
uma sociedade heterogênea, dividida, com clas-
sificações, distinções; e isso inclui e exclui muitos
sujeitos, em razão do que possuem, do que fazem,
do que defendem, do que produzem, do que “são”,
mesmo não sendo “sãos”. Isto é, se o percurso do
sujeito não gera lucro, não conserva modelos de
“normalidade ou padrão social”e não contribui para
a “ordem e o progresso”, ele não é parte do pódio
dos vencedores, do modelo de sucesso pela meri-
tocracia, não tem espaço, não recebe o aplauso da
plateia. Quando tem espaço, quando se torna refe-
rência, quando recebe aplausos, há sempre a dúvida
sobre sua legitimidade.
Esta sociedade da inclusão excludente é mate-
rializada pela disputa de projetos que interessam a
poucos. Poucos e fortes que detém poder de voz e
de decisão herdado e para além das necessidades de
seus bolsos e competências.
As vozes são silenciadas, não por acaso, em razão
da rede de arranjos que articula meticulosamente
mecanismos de invisibilidade dos sujeitos. As vo-
zes são silenciadas com tempo certo, com estratégia
elaborada, pois só interessa que apareçam quando
houver, contraditoriamente, necessidade de ecoar
algo que possa perenizar seu silenciamento.
Não é algo sem razão, especialmente pelo teor
que muitos sujeitos silenciados teriam e têm a dizer
e que precisam dizer: eles estão aqui, fazem parte e
são parte desta excludente sociedade. Agem por si
e pelos outros, em comunhão. Seguem aos poucos
e com muitos. Reverberam suas lutas por meio das
brechas que encontram e as ocupam, pois precisam
ocupar, precisam reverberar, precisam seguir para
não serem ainda mais invisibilizados.
As ausências se encontram no embate da presen-
ça dos que querem apagar as marcas e os percursos
dos que se sobressaem em suas potências. Não que-
rem que os muitos ausentes apareçam. A presença
dos ausentes se fortalece nas lutas coletivas e con-
trárias ao apagamento da história, no reavivamento
de suas estradas e no brilho de suas palavras. Desse
modo, suas vozes precisam existir, pois fazem sen-
tido aos muitos que também são silenciados e pre-
cisam de voz.
E o que tem a ver com cidadania? Tem a ver com
o percurso, com o modo como estes visíveis e invi-
síveis sem encontram e se desencontram no lugar
comum e incomum. Tem a ver com o grito das vo-
zes silenciadas e dos que gritam para abafar os sons.
A cidadania não é pílula mágica, não está no piloto
automático e nem existe, de fato, para fazer valer o
direito (e deveres) em uma sociedade. É um proces-
so. É uma construção. É luta. E que não haja enga-
no: ela também é um projeto que ora inclui e exclui.
As vozes fazem parte deste jogo, especialmente, seu
volume e calibre. Enquanto os que excluem têm os
megafones blindados; os excluídos precisam juntar
suas vozes em coletivo para um ecoar mais forte e
intenso. Enquanto os que excluem ativam seus me-
canismos para desagregar e deslegitimar os coleti-
vos; os excluídos buscam a unidade para o fortale-
cimento de seus movimentos silenciados.
Assim, vozes e silêncios, reverberações brandas e
grosseiras, exclusões e inclusões, presenças e ausên-
cias se encontram e se desencontram, nessa dança
de cores e potências borradas, desiguais e cheias de
versões contraditórias e determinadas que é a socie-
dade. Que as versões sejam outras e mais presentes;
não para ocupar o lugar dos que as excluem, mas
para fazer parte do movimento da história e soar
indispensável e legítima, sempre!
*REC é um grupo de extensão e pesquisa da
Universidade Federal de Rondõnia (UNIR), coor-
denado pela professora Dra. Evelyn Morales e par-
ceiro da Revista Versões Ausentes, no processo de
edição de conteúdo
4
Por:Grupo de Pesquisa e Extensão Rádio,Educação e Cidadania (REC/UNIR/CNPq)*
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES 5
As
As vozes
vozesdos diretores dos jornais
dos diretores dos jornais
O jornalista Geovane Berno entrevistou os diretores dos três
O jornalista Geovane Berno entrevistou os diretores dos três
principais jornais impressos de Rondônia. Confira os Qr-Codes
principais jornais impressos de Rondônia. Confira os Qr-Codes
Euro Tourinho
Euro Tourinho Waldir Costa
Waldir Costa Osmar Silva
Osmar Silva
Ao longo da história do jornalismo de Rondônia,
os três jornais de maior circulação de notícias locais
foram Alto Madeira, Diário da Amazônia e O Par-
celeiro. O jornalista Geovane Berno entrevistou di-
retores dos três veículos e cedeu esse conteúdo, com
exclusividade, para a revista Versões Ausentes. Nas
entrevistas, o foco é no lado pessoal e na trajetória
de vida desses profissionais. Euro Tourinho, Walder
Costa e Osmar Silva são os jornalistas entrevistados.
Depois de oito anos da fundação do primeiro
jornal de Rondônia, em 1917, começa a circular
um dos maiores e principais jornais de Rondônia,
o Alto Madeira, que ficou ativo por exatamente um
centenário: de 1917 a 2017. Euro Tourinho foi um
dos seus diretores e faleceu em novembro de 2019.
Ele entrou como repórter do jornal Alto Madeira e
virou diretor do veículo. “O ápice do Alto Madei-
ra foi na década de 80, tínhamos quinze redatores
dentro da redação, fora os técnicos. Sempre foi ma-
tutino, o jornal aí rodava diário. Depois aí veio uma
máquina mais aperfeiçoada e nós fomos melhoran-
do a cada dia”, relata Euro.
Mesmo surgido no interior, o Parceleiro conseguiu
circular em várias partes de Rondônia. O veículo foi
fundado em 19 de maio de 1979 e nasceu à luz de vela
no Clube do Gesa, em Ariquemes.“Os primeiros jor-
nais profissionais impressos do interior de Rondônia
fui eu quem fundei, O Parceleiro em 1979 e o Gaze-
ta de Rondônia 1980 em Ji-Paraná, ambos semanais
com 3 mil exemplares”, enfatiza Osmar Silva.
O Diário da Amazônia é o caçula entre os jor-
nais abordados. O veículo começou a circular em
13 de setembro de 1993. O Diário da Amazônia e
a Gazeta de Rondônia são os únicos jornais diários
que ainda são publicados no estado. “O Diário da
Amazônia é um jornal diferenciado, foi o primei-
ro jornal que circulou colorido e com computador
de RIP com rede”, salienta Waldir Costa, primeiro
editor-chefe do Diário da Amazônia.
O foco da nossa revista são em versões ausentes,
aquelas menos conhecidas pelo público. No entan-
to, trazemos os relatos dos diretores porque nessas
entrevistas há uma abordagem sobre a importância
de cada setor em um jornal impresso. Além disso,
no aspecto pessoal, o foco é em momentos pouco
conhecidos das trajetórias deles, ao invés dos textos
amplamente conhecidos.
Acesse as entrevistas na íntegra dos diretores e
fundadores dos Jornais Alto Madeira, Diário da
Amazônia e O Parceleiro, no QR Code abaixo.
Por: Alana Bentes
Por: Alana Bentes
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
A
A
legislação brasileira prevê três modelos
legislação brasileira prevê três modelos
de radiodifusão (comercial, educativo e
de radiodifusão (comercial, educativo e
comunitária). Nesta matéria, trataremos
comunitária). Nesta matéria, trataremos
sobre a rádio comunitária, que tem o objetivo de
sobre a rádio comunitária, que tem o objetivo de
funcionar como um canal de comunicação dedicado
funcionar como um canal de comunicação dedicado
exclusivamente à comunidade. As rádios comunitá-
exclusivamente à comunidade. As rádios comunitá-
rias devem ser operadas, pertencer e ser influencia-
rias devem ser operadas, pertencer e ser influencia-
das pelas comunidades que servem. Essas emissoras
das pelas comunidades que servem. Essas emissoras
são sem fins lucrativos e fornecem um mecanismo
são sem fins lucrativos e fornecem um mecanismo
para permitir que indivíduos ou grupos possam di-
para permitir que indivíduos ou grupos possam di-
vulgar ideias, manifestações culturais, hábitos so-
vulgar ideias, manifestações culturais, hábitos so-
ciais e tradições. A programação deve ser pluralista,
ciais e tradições. A programação deve ser pluralista,
dando voz a todos os habitantes da região que quei-
dando voz a todos os habitantes da região que quei-
ram se expressar por meio dela.
ram se expressar por meio dela.
As rádios comunitárias são regidas pela lei
9.612/1998, que criou o Serviço de Radiodifusão Co-
munitária (RadCom), e pelo Decreto 2.615/1998, que
regulamentou a referida lei. As emissoras funcionam
em Frequência Modulada (FM), de baixa potência
(25 Watts) e com cobertura restrita a 1 km a partir
da antena transmissora. No âmbito do Ministério das
Comunicações,o Radcom contém normas que trazem
todas as regras sobre como serão processados os pe-
didos de outorga (nome dado a autorização oficial) e
como o serviço deverá ser prestado.
As emissoras comunitárias criticam alguns pon-
tos da lei, como a limitação da frequência e os impe-
dimentos para divulgação do apoio cultural, que ge-
ralmente é o que mantém a emissora funcionando.
O apoio cultural é uma das poucas fontes de renda
das emissoras. Esses apoios se assemelham às publi-
cidades, mas não podem conter informações de
Rádios comunitárias
Rádios comunitárias dividem a
dividem a
frequência 105,9 em Porto Velho
frequência 105,9 em Porto Velho
As emissoras Transamazônica, Rio Madeira e Tempo de Paz
As emissoras Transamazônica, Rio Madeira e Tempo de Paz
operam no canal 105.9 e, em alguns locais, acabam se cruzando
operam no canal 105.9 e, em alguns locais, acabam se cruzando
Izabela Muniz
A lei das determina que as comunitárias dividam o canal e atuem com 25 Watts de potência, o que prevê uma cobertura de 1km
Por: Márcia Chaves
Por: Márcia Chaves
6
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
preços e produtos, além de ser restrito ao raio de
1km de onde as emissoras estão instaladas. As rá-
dios comunitárias esperam que a lei seja reformulada,
neste aspecto, dando mais liberdade a elas.
Atualmente, no estado de Rondônia existem 41
emissoras de rádio comunitárias outorgadas, quatro
delas ficam localizadas em Porto Velho, a capital do
estado, as emissoras Transamazônica, Rio Madeira,
Tempo de Paz, e a Rádio Educadora no distrito do
município,em Extrema.Todas elas fazem as mesmas
críticas referente a lei Radcom, as rádios comunitá-
rias da capital reclamam de mais um ponto da lei,
a utilização da mesma frequência, a 105.9, que faz
com que em um ponto da cidade elas se cruzem e
acabam atrapalhando a programação uma da outra.
TRANSAMAZÔNICA
TRANSAMAZÔNICA
A primeira rádio comunitária licenciada em Por-
to Velho é a Transamazônica, que este ano comple-
ta 22 anos. A emissora foi inaugurada no dia 17 de
setembro de 2001 na esquina da principal avenida
da cidade, a Jorge Teixeira, com a rua José Cama-
cho. O grande idealizador foi Francisco de Assis
Calixto. Completamente apaixonado por rádio,
Calixto já se inseria no meio fazendo manutenções
desde seus 13 anos, quando na época as rádios ain-
da funcionavam em pontos específicos da cidade no
alto de postes, como conta o seu filho, Henry Alves
Calixto, ex-presidente da emissora.
“Meu pai tinha um sonho desde criança. Ele tinha
uns 13 anos, ele fazia aquela rádio de poste, tinha um
nome lá que ele falava, mas é aquele de poste. Ele co-
meçou a gostar do assunto, começou a dar manuten-
ção,e foi por isso que até mesmo ele se tornou técnico,
né?! De tanta vontade que ele tinha, ele começou a
aprender a ser técnico de eletrônica.Daí ele ficou com
isso na cabeça de ter rádio”, relata Henry Calixto.
Depois de tantas tentativas, Francisco apostou
que o modelo de rádio comunitária seria viável
para realizar o seu sonho, já que a concessão não é
dada apenas por questões econômicas. A concessão
depende prioritariamente do impacto social que a
futura emissora pretende proporcionar para a co-
munidade onde pretende se instalar.
“Por mais que seja uma concessão temporária,
não é algo de leilão, né?! E daí o papai conseguiu,
fez a associação, fundou a empresa, e daí depois
de dois anos saiu em Brasília, só que não saiu do
Ministério da Comunicação, eles não liberaram a
outorga que tava tudo certinho. Daí eles fizeram
a documentação para poder entrar com mandado
de segurança, já que estava tudo certo e daí quan-
do tava enviando para Brasília, né? Porque tudo era
demorado, chegou outorga, né?! E aí, a gente inau-
gurou e fez todos os procedimentos sensatos para
administrar a emissora’’, conta Henry.
Izabela Muniz
Na maioria das cidades, essa potência só atinge a área prevista, mas em Porto Velho, as emissoras vão além devido a cidade ser plana
7
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
8
A rádio Transamazônica teve expressiva ascensão
no início, com a audiência e apoiadores que pagavam
menos por anúncio e alcançava mais pessoas. As rá-
dios comerciais, que, em sua maioria, estão nas mãos
de políticos na cidade, se incomodaram chegando a
atacar com diversas denúncias,e a perseguir a emisso-
ra comunitária para que fosse fechada.
“A gente tava ganhando algo, mas automatica-
mente perdendo, porque vinha fiscalização, vinha
um monte de multas sem necessidade. A gente ia,
recorria, ganhava. Só que cada uma dessas que che-
gavam já era algo que a gente não nomeava, não
conseguia administrar. Porque tanta perseguição por
algo tão simples que a gente não está fazendo nada
de errado. A gente andava na linha, e daí chegou um
certo momento que tipo assim, ‘vamos tentar parar
de tentar entrar junto com o pessoal, porque a gente
vai sempre tá batendo em alguém que não possa ba-
ter’. Então a gente parou de tentar tomar cliente de
quem já tinha outras emissoras para a gente não ficar
prejudicado’’, afirma Henry.
As rádios comunitárias não sofrem apenas com
a concorrência das rádios comerciais. Como a lei
não permite que sejam anunciados preços ou mar-
cas dos produtos, o atual modelo de apoio cultu-
ral coloca à prova a continuidade das rádios comuni
tárias, pois muitas emissoras lidam com a falta de
recursos financeiros suficientes para funcionarem,
como é o caso da rádio Transamazônica. Henry lista
as dificuldades que a rádio passa por conta da lei.
“A Radcom atrapalha bastante na questão financei-
ra,né? É o que mais pega porque o que acontece,hoje
a rádio comunitária só pode se ter um custo através
de apoios culturais. Antigamente a gente tinha be-
nefício do Governo Federal, Assembleia Legislativa,
Prefeitura e Governo, que era o que automaticamente
sustentava a emissora, daí entrou um conselheiro do
Tribunal de Contas, não vou falar o nome. E ele sim-
plesmente vetou esse auxílio[...] a Radcom bloqueia
vários serviços, por exemplo, o apoio cultural anti-
gamente só poderia ser de 15 segundos. Onde você
consegue falar algum apoio cultural em 15 segundos?
Você mal fala o endereço da pessoa, o telefone, e aca-
bou os 15 segundos[...] Depois disso saiu um projeto
de lei, né? Que prorroga por mais 15 segundos, mas
ainda simplesmente não podendo falar o preço, nem
a marca, nem a forma de pagamento. Então, com isso,
a gente continua ainda tendo atritos para conseguir
conquistar algum cliente’’, reclama Henry.
Amazonilo Queiroz da Silva, mais conhecido
como Silva Queiroz, trabalha com rádio há mais de
50 anos. Só na rádio Transamazônica são mais de 10
anos, onde atualmente comanda o programa Linha
de Frente aos sábados das 14h até às 16h, voluntaria-
mente.Queiroz também reclama das limitações da lei
Radcom, além das que Henry listou. Queiroz aponta
mais uma,o compartilhamento da mesma frequência,
a 105,9. A lei prevê que todas as emissoras comuni-
tárias de uma cidade dividam uma mesma frequência.
Por isso, limita a potência em 25 Watts, o que é pre-
visto como suficiente para atingir uma área de 1km.
Além disso, há uma distância mínima de 5km entre
a sede de uma emissora e outra emissora comunitária,
para evitar o choque. Em cidades com muitas irregu-
laridades e prédios, como São Paulo, a potência de 25
Watts é suficiente para evitar os choques. No entanto,
como Porto Velho é uma cidade plana, os sinais das
emissoras comunitárias em determinado ponto se en-
contram e se sobrepõem, misturando as mensagens.
“Aqui é difícil, porque aqui o comercial, o merchan,
essas coisas, o apoio cultural é muito difícil, porque
existe um tabu muito grande.‘Ah, é comunitária? não,
não quero anunciar,porque não chega.Ninguém ouve.
Não sei o que’. É um tabu danado, pelo menos aqui.
Eu acho que lá fora também, em em qualquer lu-
gar, até porque as frequências são as mesmas quando
chega determinado ponto é tudo misturado, mistura
tudo,se tiver todas as três,você vai ouvir as três ao mes-
Izabela Muniz
Locutores afirmam que não são remunerados
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
mo tempo no rádio volante, andando, né?
Em movimento no rádio do carro. Em
casa você pode até ter um rádio monitor,
se você fizer as posições pro rádio, pro
monitor, você até pode conseguir sintoni-
zar’’, conta Queiroz.
Silva Queiroz diz que chegou a sair de
uma emissora comercial para ir para uma
rádio comunitária por conta da censura ao
trabalho que ele estava desempenhando, e
afirma gostar da sensação de liberdade que
a rádio Transamazônica lhe proporciona.
“Na verdade, qualquer rádio eu faria,
tanto a comercial quanto a comunitária.
Só que eu vim para comunitária por falta
de opção nas rádios comerciais, porque as
rádios comerciais não me aceitariam do jeito que eu
sou,do jeito de como eu conduzo o programa.Eu sou
muito polêmico, eu sou muito crítico, eu gosto muito
de política, de montar quebra-cabeça para fazer, para
ver aonde a gente vai chegar. Tudo isso. Nós fizemos
muito isso aqui.[...] Foi quando eu decolei para a rá-
dio comunitária, porque era a única que me aceitava,
e me aceitam até hoje. Porque ninguém me amordaça
aqui’’, ressaltou Silva.
A paixão por rádio e o desejo de se manter ainda
de portas abertas é o que faz a rádio Transamazônica
persistir, apesar de não haver recursos suficientes os
próprios voluntários que trabalham na rádio ajudam
como podem. Queiroz conta que já chegou a trazer
uma lâmpada de casa para manter o estúdio bem ilu-
minado. Em uma de nossas visitas a rádio, o micro-
fone do apresentador não funcionou e o programa
atrasou. Mas, apesar de toda a resistência dentro da
rádio, em certos momentos o desânimo se manifesta
no dia a dia.
“Eu digo que tem horas que eu tô aqui no sábado,
tô achando que não tem ninguém ouvindo a rádio.
Eu peço muito a interação desse povo, e não tenho.
Tem hora que eu fico assim totalmente desanimado,o
Emanuel [sonoplasta da emissora] sabe disso,eu disse
‘Puxa vida,nós estamos fazendo,se empenhando tan-
to para passar tudo isso que sabemos pros ouvintes, e
acabando ficando assim, tipo falando sozinho sabe?’.
É isso que eu penso, é desse jeito que eu vejo”, desa-
bafa Queiroz.
Emanuel Soares Pinheiro é o sonoplasta do pro-
grama Linha de Frente e divide a locução com Quei
9
roz. Ele descobriu a sua paixão pela comunicação por
volta de 2005, quando ainda morava em Manaus e
participava de uma comunidade religiosa onde fazia
a locução de arraiais, festas comunitárias e afins. Foi a
partir de 2010,quando veio para Rondônia,que Ema-
nuel conheceu Francisco Calixto enquanto frequenta-
va uma paróquia.
“Conheci ele lá na igreja, aí depois eu soube da Rá-
dio Transamazônica, eu comecei a vir aqui. Vim, con-
versei com a dona Neiva [esposa de Francisco],porque
eu queria fazer um programa religioso. Conversamos
e acabei fazendo o programa religioso.Fazia uma hora
no sábado e uma hora no domingo.Chamava-se Água
Viva, o programa. Aí convidei alguns amigos para
fazermos. Fizemos aí durante, eu acho que, uns dois
anos’’, relembra Emanuel.
A relação de Emanuel com a rádio comunitária
Transamazônica vai muito além.Ele trabalha também
com construção civil, e foi responsável pela edificação
dos estúdios novos da sede.Ele chegou a trabalhar por
quatro anos de carteira assinada na rádio, mas atual-
mente trabalha voluntariamente e comanda o progra-
ma Estação 105, que é transmitido todos os sábados
de meio-dia até às 14h.Emanuel conta que suas moti-
vações para continuar e o seu desejo de fazer parte da
rádio e pelo seu carinho pela família Calixto.
“Ao longo dos anos,eu me tornei membro da família
deles, eu tenho uma liberdade muito grande aqui,com
eles. E essa amizade, esse laço aí, é o que me mantém
aqui.[...] E toda vez que há uma necessidade de fazer
alguma coisa para a comunidade, a rádio está sempre
disponível”, salienta Emanuel.
Izabela Muniz
Silva Queiroz pede flexibilidade na lei da Radcom para obter anúncios
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
“A gente ganha pouco, mas se diverte. Tem que
ter essa vocação e gostar. Com o tempo você vai se
adaptando às entrevistas, aos assuntos. Mas a gen-
te gosta’’. As palavras acima são de Marcelo Melo,
que lidera dois programas diários na outra emissora
comunitária de Porto Velho: a rádio Rio Madeira.
Marcelo Melo apresenta o Porto Show, das 13h às
14h e o programa Fim de Tarde das 18h às 19h.
A emissora funciona no bairro Vila Eletronor-
te, na zona Sul da capital. A sede da emissora fica
no mesmo endereço da Igreja São José Operário,
mas o apresentador afirma que existe uma indepen-
dência dos locutores, em relação à Igreja. Uma das
normas da Radcom proíbe que as emissoras façam
proselitismo religioso. Essa independência, segun-
do Marcelo, ocorre com espaços sendo concedidos a
diversas religiões.
Marcelo dedica várias horas do seu dia a Rio Ma-
deira, pois é responsável pela produção, ao contac-
tar entrevistados e escolher as músicas que irão ser
transmitidas. Além disso, circula pelo comércio local
em busca de apoios culturais.
A rádio comunitária não é a única fonte de renda
de Marcelo, pois ele também apresenta um progra-
ma de televisão e realiza lives em suas redes sociais,
com o objetivo de oferecer mais produtos aos seus
apoiadores.
“Essa questão do patrocínio é um diferencial por
um lado muito grande, porque a gente tem que ter
uma estrutura, tem aqui um sonoplasta, tem toda
a questão do funcionamento operacional da rádio.
Alguma autoridade, deputado, senador, ou o pró-
prio presidente tem que ver algum projeto que pos-
sa abrir um pouco mais o ‘leque’ [opções de patro-
cínio] das rádios comunitárias [...] O diferencial da
rádio comercial é viver do capital, já o nosso (rádio
comunitária) quer está interagindo com a popula-
ção”, conta Marcelo.
O apresentador afirma que um diferencial da rá-
dio comunitária é oferecer portas abertas para a co-
munidade. A Radcom determina que as emissoras
comunitárias devem servir as comunidades onde es-
tão instaladas, concedendo voz para as pessoas. De
acordo com Marcelo, esses objetivos são atendidos,
anunciando constantemente que a emissora está de
portas abertas para a comunidade.
“A gente sempre anuncia aqui que a rádio comuni-
tária Rio Madeira está de portas abertas. Aí a pessoa
Rádio Rio Madeira
Rádio Rio Madeira dá voz
dá voz
para as pessoas da zona Sul
para as pessoas da zona Sul
Emissora fica localizada no mesmo endereço da Igreja São José Operário, no bairro Vila Eletronorte
Por: Márcia Chaves / Fotos: Izabela Muniz
Por: Márcia Chaves / Fotos: Izabela Muniz
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AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
O sonoplasta Plínio Silva afirmou que viveu mo-
mentos de aflição logo no dia de inauguração da rá-
dio Rio Madeira. Plínio era o responsável por abrir a
emissora, para transmitir o programa político eleito-
ral gratuito, que foi o responsável por estrear o fun-
cionamento da
emissora. No en-
tanto, a chave para
abrir a porta da
emissora simples-
mente não esta-
va abrindo. Com
isso, ele pensou
de imediato que a
emissora poderia
sofrer multas se-
veras. Depois de
inúmeras tentati-
vas, o profissional
conseguiu abrir e
colocou o programa no ar quando faltavam poucos se-
gundos do horário previsto.Ele afirmou que foi o mo-
mento de maior aflição em sua carreira profissional.
“A primeira vez que eu vim trabalhar nessa rá-
dio aqui estava começando o horário político. No
primeiro dia do horário político, começava seis da
manhã e acabava seis e meia. [...] Eu acordei era
cinco e meia da manhã. Eu tinha que estar na rádio
às seis para pas-
sar a programação
política. Se não
pagava uma mul-
ta, com um valor
muito alto. Quan-
do eu cheguei só
tinha uma chave
da frente, quando
eu rodei, quebrou.
[...] A chave tinha
quebrado, eu tirei,
coloquei, encaixei
e rodei e abriu. Eu
saí correndo para a
mesa de som, e já estava começando a contagem de
10 segundos para começar a programação política’’,
conta Plínio Silva.
Sonoplasta
Sonoplasta viveu aflição no dia da
viveu aflição no dia da
inauguração da emissora comunitária
inauguração da emissora comunitária
traz a sua informação,às vezes a gente só repas-
sa no microfone,verificando a verdade para não
haver nenhuma notícia errada e também traz
os convidados para uma entrevista. Às vezes a
comunidade demora a acreditar que exista essa
possibilidade [de ter um espaço de portas aber-
tas]’’, fala Marcelo.
Marcelo cita o exemplo de um caso de doa-
ções de cadeiras de roda feitas por uma ouvin-
te. “Muitas vezes nós fazemos campanha para
arrecadar cestas básicas, arrecadar cadeira de
rodas. Teve uma coincidência uma vez muito
grande um dia desses. Eu estava chegando aqui
na rádio, e uma senhora tinha falecido, e ela ti-
nha deixado algumas cadeiras de rodas. O filho
dela queria que aquilo servisse para alguém, e
quando foi no final da tarde apareceu alguém
pedindo a cadeira de rodas”, relata. Marcelo Melo apresenta dois progranmas na emissora
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AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
12
Rádio Educadora de Extrema:
Rádio Educadora de Extrema:
Já pensou viver em um local sem internet e sem
celular? Onde você não consegue saber o que está
acontecendo na sua região? Mesmo que a tecnologia
esteja cada vez mais presente na sociedade, o acesso a
esse tipo de recurso ainda é desigual em algumas áre-
as.Manter a população informada se torna um desafio
em certos espaços geográficos.Esse é o caso de Extre-
ma,um distrito localizado a cerca de 310km da região
central de Porto Velho, a capital do estado de Rondô-
nia. Apesar dessa distância da região central de Porto
Velho, esse distrito pertence a capital de Rondônia.
“Lá em Extrema simplesmente não tem telefonia
móvel ainda.O acesso à internet é muito precário,não
tem aquela chamada ‘fibra ótica’.Internet não é confi-
ável, até tem, mas não funciona como deveria funcio-
nar. Deveria ter a telefonia móvel (...) No distrito de
Vista Alegre,por exemplo,que é bem próximo de Ex-
trema, já possui torre de celular e até de internet. Esse
distrito [Extrema] até foi esquecido”, relata Antônio
Maia, presidente da Federação das Associações das
Rádios Comunitárias de Rondônia (FARCOM/RO).
Os meios de comunicação tradicionais, em espe-
cial as rádios, são os veículos que contribuem para o
preenchimento dessas áreas escassas de informação.
O surgimento de um veículo de comunicação local
oferece à população uma realidade onde é possível ter
acesso a um canal aberto de exercício da cidadania e
de disseminação de notícias locais.Por conta disso,foi
criada a Rádio Educadora em Extrema. O presidente
da FARCOM/RO é também o coordenador da emis-
sora do distrito.
A rádio pôs fim ao quadro de “deserto de notícias”
vivido no local. Um deserto de notícia é definido
como um local que não possui produção de notícias,
seja por via de internet ou em rádio. A pesquisa Atlas
da Notícia de 2021 identificou que 5 em cada 10 mu-
nicípios estão nessa condição e consequentemente a
população vive em um deserto de notícia.
Em 2010, foi realizado um plebiscito, envolvendo
moradores de toda Porto Velho, e a população apro-
vou a emancipação do município,para criar o municí-
pio de Extrema. Apesar dessa aprovação, o município
Por: Emily Vitória
Por: Emily Vitória
Rádio Educadora cumpre papel social em um distrito sem telefonia móvel e com internet de difícil acesso
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Um fortalecimento de identidade
Um fortalecimento de identidade
não foi criado devido a impossibilidades no âmbito
legal. Isso porque uma Emenda Constitucional de
1996 dificultou a criação de novos municípios. De
acordo com a Emenda 15/1996, a Constituição pas-
sou a exigir, além de lei estadual e do plebiscito, a
edição de lei complementar federal e a divulgação
prévia dos Estudos de Viabilidade Municipal. Sendo
assim, esses trâmites não foram cumpridos, apesar de
Extrema ser mais um local mais populoso do que 15
municípios de Rondônia.
Extrema possui uma área de 5.515,87 km²,cerca de
2% da área total do Estado e sua população estimada
é de 9.847 habitantes. As lideranças locais entendem
que a dificuldade de acesso às tecnologias de informa-
ção estão diretamente relacionadas com o fato de ser
um local distante da região central do município ao
qual pertence, tornando-se esquecido.
Resta a voz da Rádio Educadora como forma de
concentrar as informações locais. A transmissora dis-
semina informações de utilidade e ajuda na educação
informal,tratando conteúdos sobre a política da região
e questões sociais, como por exemplo, informar para a
população sobre quais os seus direitos e deveres se-
gundo a legislação. Sem a internet e telefonia móvel,
o papel da rádio se tornou fundamental para noti-
ciar a população sobre os acontecimentos da região.
LOCAL DE FALA DA POPULAÇÃO
LOCAL DE FALA DA POPULAÇÃO
O preço da farinha, o quilo do feijão e a saca
do milho podem ser questões sem tanta relevân-
cia em grandes metrópoles, mas quando se trata
de uma pequena comunidade, são informações
que contribuem efetivamente para o cotidiano
do ouvinte. Segundo o presidente da Federação
das Associações das Rádios Comunitárias de
Rondônia (FARCOM/RO),
Antônio Maia, a
Rádio Educadora
é responsável por
orientar o traba-
lhador do campo.
“Sem a internet,
90% da população
fica antenada nas
notícias da Rádio Educadora. Nós falamos o preço
da castanha, do ovo, para aquele cidadão que está no
campo saiba vender e evite que um atravessador che-
gue e compre bem mais barato do que o preço de
mercado. Acontecem muitos casos em que uma de-
terminada quantidade de ovos está valendo 25 reais
e o agricultor vende aquela mesma quantidade por
cinco reais, por não está acompanhando o preço de
mercado. Aí nossa rádio cumpre esse papel de infor-
mar”, disse Antônio Maia.
A voz no alto-falante geralmente é familiar. Pode
ser a do vizinho, dona Maria ou do moço da taber-
na. É com essa dinâmica que a Rádio Educadora vem
se tornando um importante meio de comunicação da
região de Extrema. Com a chegada da Educadora, a
população da região passou a se sentir pertencentes
a um grupo social e, consequentemente, titulares em
debates e produção de conteúdo de interesse local,
que são essenciais para a manutenção e a existência
da rádio comunitária. “A nossa rádio é feita pelos
moradores de Extrema.Te-
mos os apresentadores
de cada horário, mas
a população sabe
que tem a porta
abertas para che-
gar com as suas
demandas, que
noticiamos”, sa-
lientou o diretor
da emissora.
Antônio Maia, locutor
e coordenador da Rádio
Educadora de Extrema
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VERSÕES
VERSÕES
O
percurso do jornal impresso tem estreita
relação com a história de Rondônia, sen-
do um veículo informativo presente na re-
gião noventa anos antes da instalação do estado, o que
ocorreu em 4 de janeiro de 1982, pela Lei Federal n.
41, de 22 de dezembro de 1981.” Tudo ainda estava
por fazer: a maioria dos municípios não existia,muitas
estradas não haviam sido abertas e o estado registrava
pouca concentração de pessoas.
HISTÓRIA DO IMPRESSO
HISTÓRIA DO IMPRESSO
O artigo “Resgate do passado pelas memórias e
períodos de formação dos jornais impressos”, escrito
pelos pesquisadores e professores da UNIR Allysson
Martins e Sandro Colferai, aponta três períodos sobre
a história da imprensa de Rondônia:
IMPRENSA DA BORRACHA
IMPRENSA DA BORRACHA
O primeiro grande ciclo é intitulado como Im-
prensa da Borracha, o qual se inicia em 1891 e vai
até o final do segundo período da borracha,em 1940.
Nesse momento, antes de 4 de janeiro de 1982, o
primeiro jornal impresso foi o Humaitaense (1891-
1917), no município de Humaitá, hoje pertencente
ao estado do Amazonas. O município estendia-se
desde a cachoeira de Santo Antônio até a parte que
viria a ser Porto Velho. Por outro lado, os temas das
publicações abarcavam a região do médio Madeira
até a cachoeira de Santo Antônio. Segundo o livro
“100 anos da imprensa de Rondônia”, Monteiro, o
empreendedor e comendador comprou equipamen-
tos gráficos e foi um dos responsáveis pela circula-
ção do jornal.
Jornal impresso primeiro,
Jornal impresso primeiro,
Rondônia depois
Rondônia depoisTexto e fotos: Lídia Aciole
Texto e fotos: Lídia Aciole
14 AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
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Jornais impressos iniciaram em Rondônia várias
décadas antes de o local se tornar estado
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VERSÕES
VERSÕES
Nessa época, o território era pouco conhecido e
explorado, mas isso começou a mudar com a pro-
dução do látex e a comercialização voltada ao mer-
cado internacional, gerando um curto período de
prosperidade, que motivou a povoação na região
amazônica. Durante esse ciclo, em 1907, iniciou-
-se a tentativa de construção da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré, com o objetivo de atravessar o
estado do Amazonas e o da futura Rondônia, pas-
sando pelo o estado do Mato Grosso, o que seria
de grande interesse para a industrialização do látex,
que enchia os olhos dos empresários em busca de
mais e mais fortunas.
Em 1912, foi instalado o município de Santo An-
tônio; e em 1951, o de Porto velho, então perten-
cente ao Amazonas.Conforme o historiador Abnael
Machado de Lima, a cidade contava com 15 ruas e
avenidas. Além disso, ela estava compreendida entre
as margens do Rio Madeira e a avenida principal,
a atual farquar. De acordo com o historiador Fran-
cisco Matias, os jornais do outro lado rio eram em
língua inglesa, a bandeira era a americana e qual-
quer crime cometido nas áreas brasileiras deixava de
existir ao cruzar o rio. Moravam na nascente de Por-
to Velho mais de duas mil pessoas, em sua maioria
ex-empregados da construtora da Estrada de Ferro.
Os funcionários, que vieram de diferentes partes
do mundo para trabalhar na construção, trouxeram
movimento ao lugar. A imprensa internacional foi
uma das responsáveis por criar os primeiros jor-
nais ao redor das margens do Rio Madeira, como o
The Porto Velho Courrier (1909), The Porto Velho
Marconigran (1910-1911) e The Porto Velho Ti-
mes (1910): voltados aos norte-americanos, foram
escritos em língua inglesa, o idioma falado pelos
técnicos e administradores da ferrovia.
De acordo com o livro “100 anos da imprensa
de Rondônia”, a construtora norte americana trou-
xe um sistema gráfico, cuja composição era conhe-
cida como “Caixa Francesa”, além de tipógrafos e
impressores. O The Porto Velho teve sua primeira
edição com 200 exemplares no dia 04 de Julho, dia
da independência dos Estados Unidos. A linha de
apoio do jornal citava “Porto Velho de Santo antô-
nio-Brazil”. Sua primeira edição foi marcada com
grandes acontecimentos como: morte do presiden-
te brasileiro Afonso Pena; o ataque de mosquitos,
abatendo toda a tripulação do Navio Veraston, que
subia o Rio Madeira rumo a Porto Velho; a prisão
de um arruaceiro; a morte do capataz João Batista e
o outras informações.
No dia 1 de janeiro de 1993, circulou em São An-
tônio o jornal “Extremo Norte” o primeiro em lín-
gua portuguesa, editado na região onde hoje se situa
o estado de Rondônia. Ele se identificava como um
jornal de propagandas, mas grande parte do seu es-
paço dedicava-se a reportagens e crônicas.
Nesse período, outros jornais circularam, como o
pioneiro “Município”. Sua primeira edição saiu em
12 de dezembro de 1915, ano de instalação do mu-
nicípio de Porto Velho. A redação e administração
funcionavam na avenida Sete de Setembro (segundo
o historiador Esron Menezes, entre as ruas Pruden-
tes de Morais e José de Alencar). O referido jornal
circulava sempre aos domingos, com uma tiragem
de 100 exemplares, sendo, também, o primeiro a
publicar fatos sociais da superintendência (prefei-
tura) e a manter uma coluna social que registrava
nome de visitantes e de aniversariantes.
Sua última edição circulou em 1917 quando a
oficina e seus equipamentos foram vendidos para o
fundador do Alto Madeira, fazendo com que outros
jornais surgissem, tais como o Madeirense (1917-
1931) e A Gazeta (1922-1931).
AUSENTES
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VERSÕES
VERSÕES 15
Matéria do jornal Alto Madeira de 1957 retrata en-
tendimento entre defensores de ideologias opostas
AUSENTES
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VERSÕES
VERSÕES
O segundo momento é intitulado como Impren-
sa do território (1940-1977), o de maior incentivo à
ocupação da região, devido à chamada “Marcha para
o Oeste”, ocorrida durante o governo de Getúlio
Vargas (1937-1945), especialmente com a instituição
do Estado Novo. Nessa época, Rondônia, enquanto
Território Federal do Guaporé, foi governada inicial-
mente por Aluísio Pinheiro Ferreira (1943-1946),
sendo este sucedido por outros oito governadores,
nomeados pelo Presidente da República. Motivado
por forças políticas, o periódico O Guaporé (1954-
1994) junto com Alto Madeira monopolizaram as
publicações e distribuições no estado.
Nesse momento, o jornal impresso era a principal
ferramenta utilizada politicamente, pois servia como
espécie de assessoria.Dessa vez,tornou-se mais forte,
ganhando espaço e solidez.
Entre 1950 a 1980 aconteceram várias mudanças
no estado, pois a descoberta da Cassiterita gerou a
vinda de várias pessoas do centro-sul do País para o
centro-sul de Rondônia.
IMPRENSA DA COLONIZAÇÃO
IMPRENSA DA COLONIZAÇÃO
O último período,denominado Imprensa da Colo-
nização (1977-2015), foi marcado como um dos mais
movimentados,pois acompanhou o rápido crescimen-
to da população e a chegada de muitos imigrantes.
Enquanto isso, o Alto Madeira circulava em Por-
to Velho e ganhava o título de principal jornal, ao
circular juntamente com A Tribuna (1976-1992) e o
Estadão do Norte (1980-2015). As redações ferviam,
o estado crescia, os ônibus não paravam de chegar
nas rodoviárias devido à busca por um pedaço terra,
moradia e pão, tão prometidos pelo governo. Todos
os dias chegavam mais pessoas em busca de um reco-
meço e oportunidade. Foi um período marcado por
grandes jornais.
O Alto Madeira foi o único a acompanhar três
grandes ciclos de Rondônia, ele registrou os prin-
cipais acontecimentos da história do estado. Acom-
panhá-lo era uma forma de contemplar a história,
contada por meio do jornalismo. O fim da I Guerra
Mundial,quebra da borracha,a nacionalização da ma-
deira-Mamoré, a visita do presidente Getúlio Vargas
em 1940, a criação do território, a abertura da BR-29
(364), implantação dos primeiros municípios na BR-
364, a questão das duas hidrelétricas do Madeira; to-
dos esses temas foram abordados pelo citado jornal.
O jornal impresso leva a população a conhecer
como era o cotidiano, pois ao ler é possível visualizar
minimamente a dinâmica vivida ao redor de uma cida-
de.A história do jornal impresso é cheia de aventuras e
pioneirismo,e isso permitiu que o estado de Rondônia
perpetuasse as memórias dos seus pioneiros.
Guaporé e Alto Madeira
Guaporé e Alto Madeira eram os líderes de
eram os líderes de
público antes de Rondônia se tornar estado
público antes de Rondônia se tornar estado
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4 AUSENTES
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A imagem retrata como eram distribuídos os anúncios em edições de 1957, no jornal Alto Madeira
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Retoquista
Retoquista,
, uma das funções
uma das funções
extintas no jornal impresso
extintas no jornal impresso
A
s mudanças tecnológicas que os
jornais vivenciaram ao longo das
décadas fizeram com que vá-
rias profissões fossem extintas ou
substituídas. Um exemplo é a pro-
fissão de retoquista, função que consistia em procurar
as falhas nas letras dos jornais e consertá-las manual-
mente, fazendo um “retoque” com tinta.
Marcelina, recém-chegada do Amazonas na déca-
da de 1980, foi uma das pessoas que atuaram nesta
função.Na época,com 23 anos,ela conseguiu emprego
no jornal impresso Alto Madeira, dois dias depois de
chegar a Porto Velho.
Depois de uma “viagem no tempo”, recordando
suas experiências, dona Marcelina lembra que se
sentia em um lugar de prestígio, pois o Alto Madei-
ra era o jornal mais famoso da época. “Eu me sen-
tia importante em fazer parte da equipe do jornal,
pois na época era famoso na região. E eu sempre tive
grandes amizades com os colegas.”
Em contrapartida, a dona Marcelina e os colegas
de turno não tinham contato com a produção da no-
tícia. A correria para fechar o jornal, a busca pelas
fontes e a apuração eram etapas que passavam
despercebidas por aqueles que encaravam a
jornada noturna.
Dona Marcelina tem 63 anos, é amazonen-
se e chegou a Porto Velho na década de 1980,
com 23 anos, com o objetivo de conseguir
algum emprego. Ela conta como começou a
trabalhar no jornal impresso Alto Madeira:
“Eu fui em uma celebração [da missa] na
Catedral e encontrei um amigo que trabalhava
no jornal Alto Madeira, o qual me convidou para
trabalhar no jornal. Eu falei pra ele que não sabia,
que nunca tinha trabalhado em um jornal. Ele fa-
lou que era fácil, era pra ser retoquista. Foi então
que eu perguntei ‘o que era ser retoquista?’.”
E o amigo de Dona Marcelina explicou que
o trabalho de corrigir as falhas nas letras era
feito manualmente. Naquele período, o texto
era preparado manualmente, através de uma
máquina chamada linotipo, que, muitas vezes,
deixava imperfeições na escrita. Tais falhas preci-
savam ser corrigidas antes da finalização do jornal.
Nesse momento, atuava o retoquista, dando os
últimos retoques.
“O jornal era colocado em cima de uma
mesa de vidro, com uma lâmpada embai-
xo, pra gente achar as falhas”, relata.
Por: Ana Laura Gomes
Por: Ana Laura Gomes
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AUSENTES
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VERSÕES
VERSÕESAUSENTES
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VERSÕES 17
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VERSÕES
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Para ser contratada pelo Alto Madeira, dona
Marcelina foi apresentada ao dono do jornal, o se-
nhor Euro Tourinho, que aprovou a sua contratação.
A partir de então, ela faria parte da equipe noturna,
que carregava a missão de produzir o jornal para a
distribuição. A jornada era árdua, a equipe noturna
entrava às oito da noite e só saía quando o jornal
estava pronto.
O horário de saída era incerto,pois como os jornais
eram todos produzidos manualmente, o processo era
demorado. Dona Marcelina explica que o transporte
público era restrito, e que, por medo, muitas vezes
esperava amanhecer para, enfim, voltar para casa.
Uma das coisas que mais atrapalhava a produção
do jornal, dona Marcelina logo relembra, eram as
quedas constantes de energia: “Todo mundo queria ir
logo pra casa e precisava esperar a energia voltar para
terminar o jornal. Às vezes, ele saía atrasado, umas
sete ou oito horas da manhã, ao invés de cinco, mas
ele sempre saía!”, salienta.
Marcelina conta que a equipe era pequena, cer-
ca de seis ou sete pessoas. E ela, junto com a ami-
ga Conceição, de quem perdeu contato, assumiam a
função de retoquistas, corrigindo as falhas nas letras.
Dona Marcelina trabalhou dois anos no jornal e
diz recordar-se de poucas coisas. Entre elas, lembra-
-se que o chefe sempre foi muito tranquilo e não cos-
tumava aparecer à noite para acompanhar a produ-
ção. Dos jornalistas que trabalharam no jornal, dona
Marcelina cita um em especial: Ivan Marrocos, que
morreu precocemente em 1995,aos 43 anos de idade.
Dona Marcelina relembra que o jornal Alto Ma-
deira começou a perder força quando outros dois jor-
nais entraram em cena: “O Estadão e o Diário da
Amazônia”, o primeiro surgiu a partir de 1980, e o
segundo foi inaugurado em 1993.
Naquele período, o
texto
texto era preparado
manualmente
manualmente, através de
uma máquina chamada
linotipo
linotipo, que, muitas vezes,
deixava imperfeições
imperfeições
na escrita.
AUSENTES
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40 anos depois, dona Marcelina volta ao local onde era a sede do jornal Alto Madeira
Izabela Muniz
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Além da profissão de retoquista, outras pro-
fissões foram extintas ou se tornaram raras
dentro das redações. Isso aconteceu devido ao
avanço da tecnologia, que permitiu a criação de
novas formas de fazer jornalismo. Com isso, al-
guns processos se tornaram mais rápidos, fican-
do comum ao profissional do jornalismo reali-
zar multitarefas. Abaixo, listamos uma série de
profissões que se perderam ao longo do tempo:
Arquivista-Pesquisador
Arquivista-Pesquisador - O arquivista era
quem organizava e ajudava na conservação cul-
tural e técnica do arquivo redatorial, e quando
precisava-se de dados para, por exemplo, ela-
borar uma notícia, era ele quem pesquisava. O
arquivista também ficava responsável por con-
servar todas as edições antigas do jornal, para
atender a demanda de alguém que precisasse
acessar um conteúdo já publicado pelo veículo.
Linotipista
Linotipista - O linotipista operava a máquina
tipográfica chamada linotipo, que é uma máqui-
na tipográfica criada pelo alemão Ottmar Mer-
genthaler no século XIX. A referida máquia usa
caracteres pré-moldados a elevadas temperatu-
ras para a confecção de textos ou laudas gráficas.
Tituleiro
Tituleiro - O tituleiro era o responsável por
fazer os títulos. Essa tarefa podia ser realizada
ou não pelo tipógrafo. O tituleiro tinha a mis-
são de criar os títulos e recortar e colar letra por
letra, medindo o tamanho e garantindo que se-
riam utilizadas no espaço ideal.
Fotoliteiro
Fotoliteiro - É o operador da máquina de fo-
tolito, que substituiu o linotipo, sendo uma má-
quina mais moderna.
Encadernador
Encadernador - Encadernava manualmente
ou por meio de máquina os jornais impressos,
dobrava e recortava as folhas e montava as capas.
Gravador de chapa
Gravador de chapa - O gravador de chapa
operava sistemas de prova e copiava chapas, re-
alizando o serviço de pré-impressão gráfica. As
máquinas de fotolito são operadas com chapas,
que são impressas, para serem reproduzidas em
série, gerando assim as páginas do jornal. Para
se fazer uma impressão de jornal, é necessário
produzir uma chapa de alumínio, que vai ser-
vir de base para ser impressa nas cores magen-
ta, ciano, amarela e preta. E daí surge o jornal.
Quem produzia essas chapas de alumínio eram
os gravadores de chapa.
Paginador
Paginador - O paginador era quem organiza-
va o jornal na gráfica, colocando os textos e as
imagens ao longo das páginas na ordem correta,
montando, assim, o jornal.
Tipógrafo
Tipógrafo - A tipografia era usada para se
montar textos para serem impressos, os textos
eram montados a partir de chapas com as letras.
Como não existiam as plataformas digitais para
realizar o planejamento gráfico, havia um traba-
lho de montar os jornais letra a letra. Para isso, era
preciso calcular os tamanhos das letras e encaixá-
-las no lugar ideal.O tipógrafo era quem fazia esse
trabalho. Os softwares para planejamento gráfico
surgiram na década de 1980,mas o tipógrafo con-
tinuou atuando na criação de tipos/letras (popu-
larmente conhecidas como fontes) inéditas.
Outras profissões extintas nos jornais
Outras profissões extintas nos jornais
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES 19
Máquina linotipo era utilizada na produção de jornais
Arquivo do linotipista Mauro Nodari
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
O
trabalho do assessor de imprensa é di-
vulgar informações de seus clientes (em-
presas ou pessoas físicas) na mídia. Ele
tem o objetivo de trazer retorno midiático para as
empresas dos seus clientes, obtendo para aquelas a
melhor imagem possível. Porém, o profissional que
trabalha na redação de jornais, rádios ou televisões
não tem esse mesmo compromisso, pois atua com
“os valores de notícia” “os valores de notícia”; assim,
preocupa-se mais em observar os impactos sociais,
a proximidade, a imprevisibilidade ou o número de
pessoas impactadas.
Ser assessor de imprensa é uma das várias funções
dos jornalistas. Entretanto, o profissional que trabalha
como assessor de imprensa nem sempre é tido como
jornalista pelos colegas que estão na redação, já que os
objetivos dos assessores e dos jornalistas são opostos.
O esforço e a dedicação do assessor de imprensa
nem sempre são destacados, afinal ele entrega todo o
material pronto para ser divulgado, mas quase nunca
recebe os créditos por isso: raramente seu nome apa-
rece no trabalho publicado.
Sara Duque Estrada trabalhou em jornal impres-
so, em rádio e até na TV, todavia trabalhou mais
tempo com assessoria de imprensa, estando entre as
assessoras mais antigas de Rondônia.
Assessores de imprensa
Assessores de imprensa
Jornalistas que (quase) nunca assinam as matérias que produzem
Jornalistas que (quase) nunca assinam as matérias que produzem
Texto e foto: Lídia Aciole
Texto e foto: Lídia Aciole
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Arquivo pessoal
Sara Duque trabalha desde 1982 como assessora e enfrentou dificuldades para reconhecimento da profissão
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Ela se formou em Comunicação Social, com ha-
bilitação em Jornalismo, pela Universidade Estadu-
al de Londrina (UEL) e trabalhou como assessora
na Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia
(Caerd), no Governo do Estado de Rondônia e na
Câmara Municipal de Jaru.
Sara Duque entrou na área em 1982, e contou que,
enquanto era assessora, ouvia coisas como “Você está
na assessoria de imprensa, mas você é jornalista, não
sabe nada de jornalismo”. Porém, ela não via dessa
forma, e argumenta que lançava um olhar jornalís-
tico sobre as pautas, pesquisando e checando as in-
formações. Quando chegou a Rondônia, Sara viveu
uma realidade bem diferente da que conhecemos hoje
dentro dos departamentos
governamentais:
“Quando cheguei, a assessoria do governo de Getú-
lio Vargas era muito forte,o governador de Rondônia,
Jorge Teixeira, era militar e mantinha pessoas forma-
das em relações públicas.Naquela época,as assessorias
de imprensa eram privativas de pessoas formadas em
relações públicas”. Paralelo a isso, havia um departa-
mento de jornalistas, cujos integrantes pensavam não
estar fazendo trabalho de assessoria de imprensa, pois
para eles o que faziam se tratava de cerimonial,proto-
colo, estando eles ali apenas para fazer releases.
E foi assim que os jornalistas começaram a entrar
nas assessorias de imprensa. Nos dias de hoje, são as
figuras principais.
Ela também compartilhou experiências marcantes
em sua jornada como jornalista no Primeiro Colóquio
de Comunicação e Cultura na Amazônia Rondo-
niense (CANOAR),realizado em novembro de 2022,
pelo curso de jornalismo na Universidade Federal de
Rondônia (UNIR). Uma das mais marcantes ocorreu
em 1992, quando era assessora do Instituto Nacional
de Serviço Social (INSS). Naquela ocasião, a chefe do
INSS do município de Cacoal a procurou para infor-
mar que 120 pessoas ficariam sem receber pagamento,
e o único meio de comunicação que chegava aos ouvi-
dos da população era a Rádio Nacional da Amazônia.
E nessa rádio tinha um programa apresen-
tado por Artemisa Azevedo, que passava
novelas no horário da tarde: “Às 11 ho-
ras da manhã, consegui o contato da
apresentadora, que prontamente se
ofereceu para divulgar os 120 no-
mes da lista durante a programa-
ção. Resultado? No outro dia, no
horário da manhã, havia 80 pesso-
as esperando em frente ao posto
do INSS em Cacoal.” Além dis-
so, ela afirmou que o jornalismo
tem um poder transformador
quando cumpre o seu papel de
levar a informação: “Você salva
vidas, coloca o pão na mesa, tira
o pão da mesa e até mata. Esse é
o poder da comunicação, você faz o
que quiser, você conta a verdade e tem
muita gente que conta mentiras, mas essas
pessoas tiveram seus pagamentos salvos, logo
depois apareceram 120 pessoas no posto”, in-
formou Sara Duque.
21
Sara Duque recebeu homenagem
do curso de Jornalismo da Unir
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Na atualidade, o contato entre assessores de im-
prensa e jornalistas é facilitado graças ao uso do what-
sapp,pois as informações das fontes são recebidas ins-
tantaneamente. No entanto, nem sempre esse contato
foi tão ágil assim. Com as mudanças tecnológicas,
modificaram-se também algumas técnicas do jorna-
lismo,inclusive na distribuição de releases,que inicial-
mente tinham um formato padrão de 30 linhas e 70
caracteres, mas hoje são enviados textos e conteúdos
jornalísticos em diversos formatos digitais (foto,áudio,
vídeo etc).
Antes da utilização do e-mail e do whatsapp, os re-
leases seguiram um percurso bem diferente, já que as
tecnologias criadas ao longo do século XX eram bem
distintas das que conhecemos hoje.
O fax e o telex, tecnologias criadas entre as déca-
das de 1920 e 1930, foram facilitadores no processo
de entrega dos releases. Sem o uso das tecnologias, os
assessores muitas vezes se deslocavam com um mo-
torista para as redações, para entregar as sugestões de
matérias em mãos.
O telex era uma máquina parecida com a de escre-
ver, só que bem maior, que agilizou bem mais a
entrega de releases com um plano de ende-
reçamento numérico, terminais únicos que
enviavam uma mensagem para qualquer
outro terminal. Sara Duque Estrada relata
que quando chegou a Rondônia em 1982
todas as instituições e empresas maiores
já tinham o telex funcionando.
O fax começou a ser usado pelas as-
sessorias de imprensa de Rondônia no
final dos anos 80, e esse uso aumentou
na década de 1990. O fax funcionava
basicamente como um scanner, conver-
tendo um arquivo impresso em uma imagem
digitalizada; depois a imagem era enviada pela
linha telefônica para outra máquina e,logo após,
a impressora do receptor produzia uma cópia do
documento.
“Eu fui aprender a passar fax em Brasília no ga-
binete da presidência”, diz Sara Duque Estrada.
Ela conta que a cada 15 dias uma pessoas de di-
ferentes estados assessorava o presidente em Brasília.
“Precisei passar o fax e não sabia, mas o subchefe de
gabinete foi me ensinar” - disse ela. Segundo a entre-
vistada, o equipamento era uma preciosidade e ficava
dentro de uma sala muito especial, mas depois de um
certo tempo se popularizou.
Naquele tempo, a Embratel dominava a questão do
telex: “Ele era um aparelho de domínio da Embratel,
eles cobravam pelo aluguel e instalação e pretendiam
fazer a mesma coisa com o fax,só que foi muito difícil,
pois o fax era um telefone com uma máquina copiado-
ra e xerox,sendo bem mais simples que o telex”- disse.
Sara conta que no ano de 1992, alguns amigos jor-
nalistas, que moravam em Brasília, já tinham fax em
casa: “Essa história de home office não é de hoje, aqui
em Rondônia já era mais difícil, em função da dis-
tância encarecer o aparelho. Posso dizer que nos anos
2000 ainda tinha gente que usava fax, mas não era
muito,porque o e-mail surge cerca de 1995.Foi quan-
do aconteceu a explosão da internet, e ele sobrevive
por muito tempo, agora que as pessoas começaram a
usar whatsapp”.
Avanço das tecnologias refletiu em mudanças
Avanço das tecnologias refletiu em mudanças
no modo de trabalho dos assessores de imprensa
no modo de trabalho dos assessores de imprensa
22
Telex era usado para envio de releases
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Fotógrafo
Fotógrafo foi agredido durante
foi agredido durante
greve de policiais nos anos 1990
greve de policiais nos anos 1990
O ano de 1993 foi marcado por muitas greves,
envolvendo servidores públicos, professores, mo-
toristas de ônibus, bombeiros e policiais. Marcos
Grutzmacher é fotógrafo e atuou no Jornal Diário
da Amazônia em 1993, onde cobria boa parte das
paralisações de trabalhadores. Segundo o profissio-
nal, houve uma grande e única greve dos policiais
militares de trânsito naquele ano. Ele conta que, no
dia, saiu para cobrir a manifestação que acontecia
na frente do batalhão da Polícia Militar de Trânsi-
to, localizado entre a rua Benjamin Constant com
Campos Sales, e como os policiais não podiam rea-
lizar a greve, as mulheres tomaram a frente e ficaram
esperando os militares na porta do Batalhão. Ao sa-
írem, retiravam suas fardas em forma de “protesto”.
Ao fotografar a situação que se corria, os policiais
notaram não somente a presença do fotógrafo, mas
que era o único profissional de imprensa em meio
a greve, e naquele momento aconteceu a agres-
são física por parte da Polícia Militar contra Mar-
cos Grutzmacher. Ele relata que houve danos não
somente físicos, mas também dos seus equipamen-
tos de trabalho. Marcos foi levado para um pronto
atendimento e disse que mesmo prestando um bo-
letim de ocorrência, ninguém foi responsabilizado.
Analisando o fato três décadas depois, ele re-
flete que sua atitude foi irresponsável e im-
prudente, pois ele não observou que esta-
va sozinho, e que não havia outros jornalistas e
fotógrafos por perto, tornando- se um alvo “fácil”.
Marcos trabalha atualmente na Assembleia Legis-
lativa,local onde ingressou como jornalista concursado
em 1984. Além disso, ele é formado em publicidade,
educação física e pós-graduado em ciências políticas.
Marcos Grutzmacher é fotógrafo desde a déca-
da de 70. Sua trajetória com a fotografia começou
no laboratório fotográfico de sua família, quando
aprendeu a manipular uma câmera com seu ir-
mão, onde desenvolveu técnicas do fotojornalismo.
O primeiro jornal com o qual trabalhou era o
Jornal Fronteira do Iguaçu, na cidade de Cascavel,
no Paraná. Ele ainda trabalhou no Jornal Paraná,
também de Cascavel e no jornal O Dia, no Rio de
Janeiro, antes de se transferir para Porto Velho. Em
Rondônia, Marcos trabalhou no Estadão de Ron-
dônia, Jornal Guaporé, Tribuna, Alto Madeira, Par-
celeiro, Diário da Amazônia e Folha de Rondônia.
Analisando o fato três
três
décadas
décadas depois, ele
reflete que sua atitude
foi irresponsável
irresponsável e
imprudente
imprudente.
Marcos no exércicio no trabalho como fotógrafo
Arquivo pessoal
23
Por: Alana Bentes
Por: Alana Bentes
QUEM É MARCOS GRUTZMACHER?
QUEM É MARCOS GRUTZMACHER?
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VERSÕES
VERSÕESAUSENTES
AUSENTES
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VERSÕES
Jornal Alto Madeira
Jornal Alto Madeira e a
e a
memória rondoniense
memória rondoniense
A
o folhear as páginas do antigo jornal im-
presso Alto Madeira, é possível fazer uma
viagem histórica por Rondônia. Os ende-
reços, escolas e antigos comércios ajudam a ima-
ginar o processo de desenvolvimento da cidade e
construir a memória rondoniense.
Com a retirada de cena da maioria dos jornais
impressos, foi perdida também parte do registro
histórico da cidade, pois a vida cotidiana e a proxi-
midade com a população já não é mais tão presente.
Separamos algumas fotos dos jornais das déca-
das de 1950 e 1970, que retratam o desenvolvimen-
do de Rondônia, registrados nas páginas do jornal
Alto Madeira, como a presença dos esportes, acon-
tecimentos políticos, desenvolvimento urbano e até
algumas publicidades.
À esquerda
À esquerda Jornal Alto
Jornal Alto
Madeira notícia, em 1979, os
Madeira notícia, em 1979, os
recordes de atletismo no jogos
recordes de atletismo no jogos
escolares, em Porto Velho
escolares, em Porto Velho
Abaixo
Abaixo informações no mes-
informações no mes-
mo ano sobre a assinatura de
mo ano sobre a assinatura de
convênio para ampliação do
convênio para ampliação do
CERON
CERON
SESSÃO DE FOTOS
Por: Alana Bentes, Evelyn Morales e Lídia Aciole
Por: Alana Bentes, Evelyn Morales e Lídia Aciole
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VERSÕES
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24
AUSENTES
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VERSÕES
VERSÕES 25
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VERSÕES
VERSÕES
Agenda do Governador
Jorge Teixeira era anun-
ciada no Alto Madeira
em 1979
Jornalista e fotógrafo atra-
vessam o Brasil para testar a
então nova pick-up Fiat-147,
em 1979
Acordo político entre forças
políticas oposioras é noticiada
no jornal Alto Madeira de 1958
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Publicidade do Porto Velho Hotel
no jornal Alto Madeira, em 1957
Em 1958, mulheres concordam
com submissão aos homens por
questões religiosas
Governadoras-mirins foram
escolhidas para o ato no Dia
das Crianças, em 1979
AUSENTES
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VERSÕES
VERSÕES
26
AUSENTES
AUSENTES
VERSÕES
VERSÕES
Alto Madeira disponibiliza
espaço para sugestões de te-
mas para serem apurados no
jornal, em 1979
Anúncio dos aniversariantes da
semana na coluna social, em 1958
Rádio Caiari é elogiada por valorizar
a cultura em publicação do jornal Alto
Madeira, de 1979
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  • 2. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES REC aborda a importância de protagonizar vozes esquecidas REC aborda a importância de protagonizar vozes esquecidas Sumário 2 Editores Editores Agressão Agressão Escute entrevistas com diretores de três jornais de Rondônia Escute entrevistas com diretores de três jornais de Rondônia Profissionais são tidos como “não jornalistas” pelos colegas Profissionais são tidos como “não jornalistas” pelos colegas Fotógrafo fala de quando foi espancado por cobrir greve Fotógrafo fala de quando foi espancado por cobrir greve Leia na página 10 Leia na página 10 30 30Capa Capa Os jornais foram criados Os jornais foram criados em Rondônia antes do em Rondônia antes do surgimento do estado. surgimento do estado. Os ciclos econômicos Os ciclos econômicos do Território do Guaporé do Território do Guaporé ajudam a entender a ajudam a entender a história dos veículos história dos veículos impressos locais. impressos locais. Leia na página 14 Leia na página 14 5 6 20 23 Cronologia Cronologia Opinião Opinião 4 Assessores Assessores Dona Marcelina foi contratada como retoquista pelo jornal Alto Madeira, logo na sua chegada a Rondônia no início da década de 1980. A convite da revista Versões Ausentes, Marcelina retornou ao local onde ficava a sede do jornal, na avenida Sete de Setembro Izabela Muniz A edição de estreia da A edição de estreia da revista Versões Ausentes revista Versões Ausentes traz um álbum de fotos traz um álbum de fotos de edições históricas do de edições históricas do jornal Alto Madeira. As jornal Alto Madeira. As páginas registradas são páginas registradas são dos anos de 1950 e 1970. dos anos de 1950 e 1970. Veja na página 24 Veja na página 24 Sessão de fotos Sessão de fotos Distrito Distrito 12 Comunitárias Comunitárias Emissoras dividem a mesma frequência e sinais se cruzam Emissoras dividem a mesma frequência e sinais se cruzam Em Extrema, emissora de rádio supre a falta de informações Em Extrema, emissora de rádio supre a falta de informações
  • 3. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Editorial Um mesmo período ou fato histórico pode ser contado a partir de inúmeras versões.Essas versões podem ser até antagônicas. Apesar disso, conhece- mos, recorrentemente, os fatos históricos através de uma só versão: a oficial. Essa não se torna ofi- cial por ser a mais verdadeira, mas sim por imposi- ções ideológicas, financeiras, estruturais, etc. A revista Versões Ausentes nasce com o obje- tivo de contar “outras versões”, aquelas que não estão narradas em livros oficiais. O objetivo é re- tratar fatos históricos que não são contados em li- vros oficiais, mas que estão vivos nas memórias de pessoas que viveram aqueles momentos. Serão edições temáticas, de frequência trimes- tral. As pessoas envolvidas na elaboração desta revista fazem parte do Departamento Acadêmi- co de Comunicação da Universidade Federal de Rondônia (DACOM/UNIR). Com isso, a escolha natural da equipe foi a de abordar sobre a Mídia na primeira edição. Quando buscamos falar sobre a História da Mí- dia, a versão oficial é, recorrentemente, aquela con- tada por artistas e jornalistas de grande renome, bem como por fundadores de veículos dos maiores centros econômicos do país. A história rondoniense, por si, é uma versão au- sente, por não ser um grande centro econômico do Brasil. O nosso desejo foi viajar a fundo neste universo das versões ausentes e trazer histórias de pessoas que ajudam a construir a História da Mí- dia de Rondônia, mas não são as mais lembradas pelo público ou mesmo por historiadores locais. Na capa, temos a dona Marcelina, uma ex-reto- quista, profissão hoje extinta. Uma retoquista con- sertava as palavras que haviam sido impressas com falhas. Ela faz parte daquela imprensa não noti- ciada, aqueles profissionais que não participavam diretamente do processo de criação de notícias. Para narrar sobre o rádio, optamos por mostrar o cenário das rádios comunitárias, as emissoras que não têm fins lucrativos e são as mais perse- guidas, por enfatizarem críticas sociais. Trazemos ainda a história de um fotógrafo que foi espancado ao fazer uma cobertura jornalística nos anos 1990. Ainda há a versão dos assessores de imprensa, que até têm os seus textos publicados, mas, não os assi- nam e, com isso, o público não sabe quem eles são. Enfim, buscamos viajar no tempo e resgatar essas versões ausentes para que vocês conheçam melhor sobre a História de Rondônia, assim como nós passamos a conhecer ao realizar esta apuração jornalística. 3 “Versões Ausentes”é uma publicação do grupo de extensão e pesquisa BARRAS - Bloco de Ações “Versões Ausentes”é uma publicação do grupo de extensão e pesquisa BARRAS - Bloco de Ações em Rap, Rádio e Ausências Sonoras. em Rap, Rádio e Ausências Sonoras. Editores: Editores: Professor Dr. Carlos Guerra Júnior, Professora Dra. Evelyn Morales e João Noé. Reportagens: Reportagens: Alana Bentes; Ana Laura Gomes; Emily Vitória, Lídia Aciole do Carmo e Márcia Chaves. Infografia: Infografia: Alana Bentes. Fotografia Fotografia: Izabela Muniz e Professora Dra. Evelyn Morales. Foto de capa: Foto de capa: Izabela Muniz. Edição de capa: Edição de capa: Alana Bentes. Diagramação e Identidade Visual: Diagramação e Identidade Visual: Alana Bentes; Ana Laura Gomes e Professor Dr. Carlos Guerra Júnior. Revisor: Revisor: Elton Emanuel Brito Cavalcante. Expediente
  • 4. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Opinião Opinião As vozes silenciadas, as versões que não estão nos holofotes, são parte de um contexto que não é alea- tório. Não é por acaso. Não é algo sem razão. Não é aleatório, pelo fato de fazermos parte de uma sociedade heterogênea, dividida, com clas- sificações, distinções; e isso inclui e exclui muitos sujeitos, em razão do que possuem, do que fazem, do que defendem, do que produzem, do que “são”, mesmo não sendo “sãos”. Isto é, se o percurso do sujeito não gera lucro, não conserva modelos de “normalidade ou padrão social”e não contribui para a “ordem e o progresso”, ele não é parte do pódio dos vencedores, do modelo de sucesso pela meri- tocracia, não tem espaço, não recebe o aplauso da plateia. Quando tem espaço, quando se torna refe- rência, quando recebe aplausos, há sempre a dúvida sobre sua legitimidade. Esta sociedade da inclusão excludente é mate- rializada pela disputa de projetos que interessam a poucos. Poucos e fortes que detém poder de voz e de decisão herdado e para além das necessidades de seus bolsos e competências. As vozes são silenciadas, não por acaso, em razão da rede de arranjos que articula meticulosamente mecanismos de invisibilidade dos sujeitos. As vo- zes são silenciadas com tempo certo, com estratégia elaborada, pois só interessa que apareçam quando houver, contraditoriamente, necessidade de ecoar algo que possa perenizar seu silenciamento. Não é algo sem razão, especialmente pelo teor que muitos sujeitos silenciados teriam e têm a dizer e que precisam dizer: eles estão aqui, fazem parte e são parte desta excludente sociedade. Agem por si e pelos outros, em comunhão. Seguem aos poucos e com muitos. Reverberam suas lutas por meio das brechas que encontram e as ocupam, pois precisam ocupar, precisam reverberar, precisam seguir para não serem ainda mais invisibilizados. As ausências se encontram no embate da presen- ça dos que querem apagar as marcas e os percursos dos que se sobressaem em suas potências. Não que- rem que os muitos ausentes apareçam. A presença dos ausentes se fortalece nas lutas coletivas e con- trárias ao apagamento da história, no reavivamento de suas estradas e no brilho de suas palavras. Desse modo, suas vozes precisam existir, pois fazem sen- tido aos muitos que também são silenciados e pre- cisam de voz. E o que tem a ver com cidadania? Tem a ver com o percurso, com o modo como estes visíveis e invi- síveis sem encontram e se desencontram no lugar comum e incomum. Tem a ver com o grito das vo- zes silenciadas e dos que gritam para abafar os sons. A cidadania não é pílula mágica, não está no piloto automático e nem existe, de fato, para fazer valer o direito (e deveres) em uma sociedade. É um proces- so. É uma construção. É luta. E que não haja enga- no: ela também é um projeto que ora inclui e exclui. As vozes fazem parte deste jogo, especialmente, seu volume e calibre. Enquanto os que excluem têm os megafones blindados; os excluídos precisam juntar suas vozes em coletivo para um ecoar mais forte e intenso. Enquanto os que excluem ativam seus me- canismos para desagregar e deslegitimar os coleti- vos; os excluídos buscam a unidade para o fortale- cimento de seus movimentos silenciados. Assim, vozes e silêncios, reverberações brandas e grosseiras, exclusões e inclusões, presenças e ausên- cias se encontram e se desencontram, nessa dança de cores e potências borradas, desiguais e cheias de versões contraditórias e determinadas que é a socie- dade. Que as versões sejam outras e mais presentes; não para ocupar o lugar dos que as excluem, mas para fazer parte do movimento da história e soar indispensável e legítima, sempre! *REC é um grupo de extensão e pesquisa da Universidade Federal de Rondõnia (UNIR), coor- denado pela professora Dra. Evelyn Morales e par- ceiro da Revista Versões Ausentes, no processo de edição de conteúdo 4 Por:Grupo de Pesquisa e Extensão Rádio,Educação e Cidadania (REC/UNIR/CNPq)*
  • 5. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 5 As As vozes vozesdos diretores dos jornais dos diretores dos jornais O jornalista Geovane Berno entrevistou os diretores dos três O jornalista Geovane Berno entrevistou os diretores dos três principais jornais impressos de Rondônia. Confira os Qr-Codes principais jornais impressos de Rondônia. Confira os Qr-Codes Euro Tourinho Euro Tourinho Waldir Costa Waldir Costa Osmar Silva Osmar Silva Ao longo da história do jornalismo de Rondônia, os três jornais de maior circulação de notícias locais foram Alto Madeira, Diário da Amazônia e O Par- celeiro. O jornalista Geovane Berno entrevistou di- retores dos três veículos e cedeu esse conteúdo, com exclusividade, para a revista Versões Ausentes. Nas entrevistas, o foco é no lado pessoal e na trajetória de vida desses profissionais. Euro Tourinho, Walder Costa e Osmar Silva são os jornalistas entrevistados. Depois de oito anos da fundação do primeiro jornal de Rondônia, em 1917, começa a circular um dos maiores e principais jornais de Rondônia, o Alto Madeira, que ficou ativo por exatamente um centenário: de 1917 a 2017. Euro Tourinho foi um dos seus diretores e faleceu em novembro de 2019. Ele entrou como repórter do jornal Alto Madeira e virou diretor do veículo. “O ápice do Alto Madei- ra foi na década de 80, tínhamos quinze redatores dentro da redação, fora os técnicos. Sempre foi ma- tutino, o jornal aí rodava diário. Depois aí veio uma máquina mais aperfeiçoada e nós fomos melhoran- do a cada dia”, relata Euro. Mesmo surgido no interior, o Parceleiro conseguiu circular em várias partes de Rondônia. O veículo foi fundado em 19 de maio de 1979 e nasceu à luz de vela no Clube do Gesa, em Ariquemes.“Os primeiros jor- nais profissionais impressos do interior de Rondônia fui eu quem fundei, O Parceleiro em 1979 e o Gaze- ta de Rondônia 1980 em Ji-Paraná, ambos semanais com 3 mil exemplares”, enfatiza Osmar Silva. O Diário da Amazônia é o caçula entre os jor- nais abordados. O veículo começou a circular em 13 de setembro de 1993. O Diário da Amazônia e a Gazeta de Rondônia são os únicos jornais diários que ainda são publicados no estado. “O Diário da Amazônia é um jornal diferenciado, foi o primei- ro jornal que circulou colorido e com computador de RIP com rede”, salienta Waldir Costa, primeiro editor-chefe do Diário da Amazônia. O foco da nossa revista são em versões ausentes, aquelas menos conhecidas pelo público. No entan- to, trazemos os relatos dos diretores porque nessas entrevistas há uma abordagem sobre a importância de cada setor em um jornal impresso. Além disso, no aspecto pessoal, o foco é em momentos pouco conhecidos das trajetórias deles, ao invés dos textos amplamente conhecidos. Acesse as entrevistas na íntegra dos diretores e fundadores dos Jornais Alto Madeira, Diário da Amazônia e O Parceleiro, no QR Code abaixo. Por: Alana Bentes Por: Alana Bentes
  • 6. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES A A legislação brasileira prevê três modelos legislação brasileira prevê três modelos de radiodifusão (comercial, educativo e de radiodifusão (comercial, educativo e comunitária). Nesta matéria, trataremos comunitária). Nesta matéria, trataremos sobre a rádio comunitária, que tem o objetivo de sobre a rádio comunitária, que tem o objetivo de funcionar como um canal de comunicação dedicado funcionar como um canal de comunicação dedicado exclusivamente à comunidade. As rádios comunitá- exclusivamente à comunidade. As rádios comunitá- rias devem ser operadas, pertencer e ser influencia- rias devem ser operadas, pertencer e ser influencia- das pelas comunidades que servem. Essas emissoras das pelas comunidades que servem. Essas emissoras são sem fins lucrativos e fornecem um mecanismo são sem fins lucrativos e fornecem um mecanismo para permitir que indivíduos ou grupos possam di- para permitir que indivíduos ou grupos possam di- vulgar ideias, manifestações culturais, hábitos so- vulgar ideias, manifestações culturais, hábitos so- ciais e tradições. A programação deve ser pluralista, ciais e tradições. A programação deve ser pluralista, dando voz a todos os habitantes da região que quei- dando voz a todos os habitantes da região que quei- ram se expressar por meio dela. ram se expressar por meio dela. As rádios comunitárias são regidas pela lei 9.612/1998, que criou o Serviço de Radiodifusão Co- munitária (RadCom), e pelo Decreto 2.615/1998, que regulamentou a referida lei. As emissoras funcionam em Frequência Modulada (FM), de baixa potência (25 Watts) e com cobertura restrita a 1 km a partir da antena transmissora. No âmbito do Ministério das Comunicações,o Radcom contém normas que trazem todas as regras sobre como serão processados os pe- didos de outorga (nome dado a autorização oficial) e como o serviço deverá ser prestado. As emissoras comunitárias criticam alguns pon- tos da lei, como a limitação da frequência e os impe- dimentos para divulgação do apoio cultural, que ge- ralmente é o que mantém a emissora funcionando. O apoio cultural é uma das poucas fontes de renda das emissoras. Esses apoios se assemelham às publi- cidades, mas não podem conter informações de Rádios comunitárias Rádios comunitárias dividem a dividem a frequência 105,9 em Porto Velho frequência 105,9 em Porto Velho As emissoras Transamazônica, Rio Madeira e Tempo de Paz As emissoras Transamazônica, Rio Madeira e Tempo de Paz operam no canal 105.9 e, em alguns locais, acabam se cruzando operam no canal 105.9 e, em alguns locais, acabam se cruzando Izabela Muniz A lei das determina que as comunitárias dividam o canal e atuem com 25 Watts de potência, o que prevê uma cobertura de 1km Por: Márcia Chaves Por: Márcia Chaves 6
  • 7. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES preços e produtos, além de ser restrito ao raio de 1km de onde as emissoras estão instaladas. As rá- dios comunitárias esperam que a lei seja reformulada, neste aspecto, dando mais liberdade a elas. Atualmente, no estado de Rondônia existem 41 emissoras de rádio comunitárias outorgadas, quatro delas ficam localizadas em Porto Velho, a capital do estado, as emissoras Transamazônica, Rio Madeira, Tempo de Paz, e a Rádio Educadora no distrito do município,em Extrema.Todas elas fazem as mesmas críticas referente a lei Radcom, as rádios comunitá- rias da capital reclamam de mais um ponto da lei, a utilização da mesma frequência, a 105.9, que faz com que em um ponto da cidade elas se cruzem e acabam atrapalhando a programação uma da outra. TRANSAMAZÔNICA TRANSAMAZÔNICA A primeira rádio comunitária licenciada em Por- to Velho é a Transamazônica, que este ano comple- ta 22 anos. A emissora foi inaugurada no dia 17 de setembro de 2001 na esquina da principal avenida da cidade, a Jorge Teixeira, com a rua José Cama- cho. O grande idealizador foi Francisco de Assis Calixto. Completamente apaixonado por rádio, Calixto já se inseria no meio fazendo manutenções desde seus 13 anos, quando na época as rádios ain- da funcionavam em pontos específicos da cidade no alto de postes, como conta o seu filho, Henry Alves Calixto, ex-presidente da emissora. “Meu pai tinha um sonho desde criança. Ele tinha uns 13 anos, ele fazia aquela rádio de poste, tinha um nome lá que ele falava, mas é aquele de poste. Ele co- meçou a gostar do assunto, começou a dar manuten- ção,e foi por isso que até mesmo ele se tornou técnico, né?! De tanta vontade que ele tinha, ele começou a aprender a ser técnico de eletrônica.Daí ele ficou com isso na cabeça de ter rádio”, relata Henry Calixto. Depois de tantas tentativas, Francisco apostou que o modelo de rádio comunitária seria viável para realizar o seu sonho, já que a concessão não é dada apenas por questões econômicas. A concessão depende prioritariamente do impacto social que a futura emissora pretende proporcionar para a co- munidade onde pretende se instalar. “Por mais que seja uma concessão temporária, não é algo de leilão, né?! E daí o papai conseguiu, fez a associação, fundou a empresa, e daí depois de dois anos saiu em Brasília, só que não saiu do Ministério da Comunicação, eles não liberaram a outorga que tava tudo certinho. Daí eles fizeram a documentação para poder entrar com mandado de segurança, já que estava tudo certo e daí quan- do tava enviando para Brasília, né? Porque tudo era demorado, chegou outorga, né?! E aí, a gente inau- gurou e fez todos os procedimentos sensatos para administrar a emissora’’, conta Henry. Izabela Muniz Na maioria das cidades, essa potência só atinge a área prevista, mas em Porto Velho, as emissoras vão além devido a cidade ser plana 7
  • 8. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 8 A rádio Transamazônica teve expressiva ascensão no início, com a audiência e apoiadores que pagavam menos por anúncio e alcançava mais pessoas. As rá- dios comerciais, que, em sua maioria, estão nas mãos de políticos na cidade, se incomodaram chegando a atacar com diversas denúncias,e a perseguir a emisso- ra comunitária para que fosse fechada. “A gente tava ganhando algo, mas automatica- mente perdendo, porque vinha fiscalização, vinha um monte de multas sem necessidade. A gente ia, recorria, ganhava. Só que cada uma dessas que che- gavam já era algo que a gente não nomeava, não conseguia administrar. Porque tanta perseguição por algo tão simples que a gente não está fazendo nada de errado. A gente andava na linha, e daí chegou um certo momento que tipo assim, ‘vamos tentar parar de tentar entrar junto com o pessoal, porque a gente vai sempre tá batendo em alguém que não possa ba- ter’. Então a gente parou de tentar tomar cliente de quem já tinha outras emissoras para a gente não ficar prejudicado’’, afirma Henry. As rádios comunitárias não sofrem apenas com a concorrência das rádios comerciais. Como a lei não permite que sejam anunciados preços ou mar- cas dos produtos, o atual modelo de apoio cultu- ral coloca à prova a continuidade das rádios comuni tárias, pois muitas emissoras lidam com a falta de recursos financeiros suficientes para funcionarem, como é o caso da rádio Transamazônica. Henry lista as dificuldades que a rádio passa por conta da lei. “A Radcom atrapalha bastante na questão financei- ra,né? É o que mais pega porque o que acontece,hoje a rádio comunitária só pode se ter um custo através de apoios culturais. Antigamente a gente tinha be- nefício do Governo Federal, Assembleia Legislativa, Prefeitura e Governo, que era o que automaticamente sustentava a emissora, daí entrou um conselheiro do Tribunal de Contas, não vou falar o nome. E ele sim- plesmente vetou esse auxílio[...] a Radcom bloqueia vários serviços, por exemplo, o apoio cultural anti- gamente só poderia ser de 15 segundos. Onde você consegue falar algum apoio cultural em 15 segundos? Você mal fala o endereço da pessoa, o telefone, e aca- bou os 15 segundos[...] Depois disso saiu um projeto de lei, né? Que prorroga por mais 15 segundos, mas ainda simplesmente não podendo falar o preço, nem a marca, nem a forma de pagamento. Então, com isso, a gente continua ainda tendo atritos para conseguir conquistar algum cliente’’, reclama Henry. Amazonilo Queiroz da Silva, mais conhecido como Silva Queiroz, trabalha com rádio há mais de 50 anos. Só na rádio Transamazônica são mais de 10 anos, onde atualmente comanda o programa Linha de Frente aos sábados das 14h até às 16h, voluntaria- mente.Queiroz também reclama das limitações da lei Radcom, além das que Henry listou. Queiroz aponta mais uma,o compartilhamento da mesma frequência, a 105,9. A lei prevê que todas as emissoras comuni- tárias de uma cidade dividam uma mesma frequência. Por isso, limita a potência em 25 Watts, o que é pre- visto como suficiente para atingir uma área de 1km. Além disso, há uma distância mínima de 5km entre a sede de uma emissora e outra emissora comunitária, para evitar o choque. Em cidades com muitas irregu- laridades e prédios, como São Paulo, a potência de 25 Watts é suficiente para evitar os choques. No entanto, como Porto Velho é uma cidade plana, os sinais das emissoras comunitárias em determinado ponto se en- contram e se sobrepõem, misturando as mensagens. “Aqui é difícil, porque aqui o comercial, o merchan, essas coisas, o apoio cultural é muito difícil, porque existe um tabu muito grande.‘Ah, é comunitária? não, não quero anunciar,porque não chega.Ninguém ouve. Não sei o que’. É um tabu danado, pelo menos aqui. Eu acho que lá fora também, em em qualquer lu- gar, até porque as frequências são as mesmas quando chega determinado ponto é tudo misturado, mistura tudo,se tiver todas as três,você vai ouvir as três ao mes- Izabela Muniz Locutores afirmam que não são remunerados
  • 9. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES mo tempo no rádio volante, andando, né? Em movimento no rádio do carro. Em casa você pode até ter um rádio monitor, se você fizer as posições pro rádio, pro monitor, você até pode conseguir sintoni- zar’’, conta Queiroz. Silva Queiroz diz que chegou a sair de uma emissora comercial para ir para uma rádio comunitária por conta da censura ao trabalho que ele estava desempenhando, e afirma gostar da sensação de liberdade que a rádio Transamazônica lhe proporciona. “Na verdade, qualquer rádio eu faria, tanto a comercial quanto a comunitária. Só que eu vim para comunitária por falta de opção nas rádios comerciais, porque as rádios comerciais não me aceitariam do jeito que eu sou,do jeito de como eu conduzo o programa.Eu sou muito polêmico, eu sou muito crítico, eu gosto muito de política, de montar quebra-cabeça para fazer, para ver aonde a gente vai chegar. Tudo isso. Nós fizemos muito isso aqui.[...] Foi quando eu decolei para a rá- dio comunitária, porque era a única que me aceitava, e me aceitam até hoje. Porque ninguém me amordaça aqui’’, ressaltou Silva. A paixão por rádio e o desejo de se manter ainda de portas abertas é o que faz a rádio Transamazônica persistir, apesar de não haver recursos suficientes os próprios voluntários que trabalham na rádio ajudam como podem. Queiroz conta que já chegou a trazer uma lâmpada de casa para manter o estúdio bem ilu- minado. Em uma de nossas visitas a rádio, o micro- fone do apresentador não funcionou e o programa atrasou. Mas, apesar de toda a resistência dentro da rádio, em certos momentos o desânimo se manifesta no dia a dia. “Eu digo que tem horas que eu tô aqui no sábado, tô achando que não tem ninguém ouvindo a rádio. Eu peço muito a interação desse povo, e não tenho. Tem hora que eu fico assim totalmente desanimado,o Emanuel [sonoplasta da emissora] sabe disso,eu disse ‘Puxa vida,nós estamos fazendo,se empenhando tan- to para passar tudo isso que sabemos pros ouvintes, e acabando ficando assim, tipo falando sozinho sabe?’. É isso que eu penso, é desse jeito que eu vejo”, desa- bafa Queiroz. Emanuel Soares Pinheiro é o sonoplasta do pro- grama Linha de Frente e divide a locução com Quei 9 roz. Ele descobriu a sua paixão pela comunicação por volta de 2005, quando ainda morava em Manaus e participava de uma comunidade religiosa onde fazia a locução de arraiais, festas comunitárias e afins. Foi a partir de 2010,quando veio para Rondônia,que Ema- nuel conheceu Francisco Calixto enquanto frequenta- va uma paróquia. “Conheci ele lá na igreja, aí depois eu soube da Rá- dio Transamazônica, eu comecei a vir aqui. Vim, con- versei com a dona Neiva [esposa de Francisco],porque eu queria fazer um programa religioso. Conversamos e acabei fazendo o programa religioso.Fazia uma hora no sábado e uma hora no domingo.Chamava-se Água Viva, o programa. Aí convidei alguns amigos para fazermos. Fizemos aí durante, eu acho que, uns dois anos’’, relembra Emanuel. A relação de Emanuel com a rádio comunitária Transamazônica vai muito além.Ele trabalha também com construção civil, e foi responsável pela edificação dos estúdios novos da sede.Ele chegou a trabalhar por quatro anos de carteira assinada na rádio, mas atual- mente trabalha voluntariamente e comanda o progra- ma Estação 105, que é transmitido todos os sábados de meio-dia até às 14h.Emanuel conta que suas moti- vações para continuar e o seu desejo de fazer parte da rádio e pelo seu carinho pela família Calixto. “Ao longo dos anos,eu me tornei membro da família deles, eu tenho uma liberdade muito grande aqui,com eles. E essa amizade, esse laço aí, é o que me mantém aqui.[...] E toda vez que há uma necessidade de fazer alguma coisa para a comunidade, a rádio está sempre disponível”, salienta Emanuel. Izabela Muniz Silva Queiroz pede flexibilidade na lei da Radcom para obter anúncios
  • 10. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES “A gente ganha pouco, mas se diverte. Tem que ter essa vocação e gostar. Com o tempo você vai se adaptando às entrevistas, aos assuntos. Mas a gen- te gosta’’. As palavras acima são de Marcelo Melo, que lidera dois programas diários na outra emissora comunitária de Porto Velho: a rádio Rio Madeira. Marcelo Melo apresenta o Porto Show, das 13h às 14h e o programa Fim de Tarde das 18h às 19h. A emissora funciona no bairro Vila Eletronor- te, na zona Sul da capital. A sede da emissora fica no mesmo endereço da Igreja São José Operário, mas o apresentador afirma que existe uma indepen- dência dos locutores, em relação à Igreja. Uma das normas da Radcom proíbe que as emissoras façam proselitismo religioso. Essa independência, segun- do Marcelo, ocorre com espaços sendo concedidos a diversas religiões. Marcelo dedica várias horas do seu dia a Rio Ma- deira, pois é responsável pela produção, ao contac- tar entrevistados e escolher as músicas que irão ser transmitidas. Além disso, circula pelo comércio local em busca de apoios culturais. A rádio comunitária não é a única fonte de renda de Marcelo, pois ele também apresenta um progra- ma de televisão e realiza lives em suas redes sociais, com o objetivo de oferecer mais produtos aos seus apoiadores. “Essa questão do patrocínio é um diferencial por um lado muito grande, porque a gente tem que ter uma estrutura, tem aqui um sonoplasta, tem toda a questão do funcionamento operacional da rádio. Alguma autoridade, deputado, senador, ou o pró- prio presidente tem que ver algum projeto que pos- sa abrir um pouco mais o ‘leque’ [opções de patro- cínio] das rádios comunitárias [...] O diferencial da rádio comercial é viver do capital, já o nosso (rádio comunitária) quer está interagindo com a popula- ção”, conta Marcelo. O apresentador afirma que um diferencial da rá- dio comunitária é oferecer portas abertas para a co- munidade. A Radcom determina que as emissoras comunitárias devem servir as comunidades onde es- tão instaladas, concedendo voz para as pessoas. De acordo com Marcelo, esses objetivos são atendidos, anunciando constantemente que a emissora está de portas abertas para a comunidade. “A gente sempre anuncia aqui que a rádio comuni- tária Rio Madeira está de portas abertas. Aí a pessoa Rádio Rio Madeira Rádio Rio Madeira dá voz dá voz para as pessoas da zona Sul para as pessoas da zona Sul Emissora fica localizada no mesmo endereço da Igreja São José Operário, no bairro Vila Eletronorte Por: Márcia Chaves / Fotos: Izabela Muniz Por: Márcia Chaves / Fotos: Izabela Muniz 10
  • 11. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES O sonoplasta Plínio Silva afirmou que viveu mo- mentos de aflição logo no dia de inauguração da rá- dio Rio Madeira. Plínio era o responsável por abrir a emissora, para transmitir o programa político eleito- ral gratuito, que foi o responsável por estrear o fun- cionamento da emissora. No en- tanto, a chave para abrir a porta da emissora simples- mente não esta- va abrindo. Com isso, ele pensou de imediato que a emissora poderia sofrer multas se- veras. Depois de inúmeras tentati- vas, o profissional conseguiu abrir e colocou o programa no ar quando faltavam poucos se- gundos do horário previsto.Ele afirmou que foi o mo- mento de maior aflição em sua carreira profissional. “A primeira vez que eu vim trabalhar nessa rá- dio aqui estava começando o horário político. No primeiro dia do horário político, começava seis da manhã e acabava seis e meia. [...] Eu acordei era cinco e meia da manhã. Eu tinha que estar na rádio às seis para pas- sar a programação política. Se não pagava uma mul- ta, com um valor muito alto. Quan- do eu cheguei só tinha uma chave da frente, quando eu rodei, quebrou. [...] A chave tinha quebrado, eu tirei, coloquei, encaixei e rodei e abriu. Eu saí correndo para a mesa de som, e já estava começando a contagem de 10 segundos para começar a programação política’’, conta Plínio Silva. Sonoplasta Sonoplasta viveu aflição no dia da viveu aflição no dia da inauguração da emissora comunitária inauguração da emissora comunitária traz a sua informação,às vezes a gente só repas- sa no microfone,verificando a verdade para não haver nenhuma notícia errada e também traz os convidados para uma entrevista. Às vezes a comunidade demora a acreditar que exista essa possibilidade [de ter um espaço de portas aber- tas]’’, fala Marcelo. Marcelo cita o exemplo de um caso de doa- ções de cadeiras de roda feitas por uma ouvin- te. “Muitas vezes nós fazemos campanha para arrecadar cestas básicas, arrecadar cadeira de rodas. Teve uma coincidência uma vez muito grande um dia desses. Eu estava chegando aqui na rádio, e uma senhora tinha falecido, e ela ti- nha deixado algumas cadeiras de rodas. O filho dela queria que aquilo servisse para alguém, e quando foi no final da tarde apareceu alguém pedindo a cadeira de rodas”, relata. Marcelo Melo apresenta dois progranmas na emissora 11
  • 12. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 12 Rádio Educadora de Extrema: Rádio Educadora de Extrema: Já pensou viver em um local sem internet e sem celular? Onde você não consegue saber o que está acontecendo na sua região? Mesmo que a tecnologia esteja cada vez mais presente na sociedade, o acesso a esse tipo de recurso ainda é desigual em algumas áre- as.Manter a população informada se torna um desafio em certos espaços geográficos.Esse é o caso de Extre- ma,um distrito localizado a cerca de 310km da região central de Porto Velho, a capital do estado de Rondô- nia. Apesar dessa distância da região central de Porto Velho, esse distrito pertence a capital de Rondônia. “Lá em Extrema simplesmente não tem telefonia móvel ainda.O acesso à internet é muito precário,não tem aquela chamada ‘fibra ótica’.Internet não é confi- ável, até tem, mas não funciona como deveria funcio- nar. Deveria ter a telefonia móvel (...) No distrito de Vista Alegre,por exemplo,que é bem próximo de Ex- trema, já possui torre de celular e até de internet. Esse distrito [Extrema] até foi esquecido”, relata Antônio Maia, presidente da Federação das Associações das Rádios Comunitárias de Rondônia (FARCOM/RO). Os meios de comunicação tradicionais, em espe- cial as rádios, são os veículos que contribuem para o preenchimento dessas áreas escassas de informação. O surgimento de um veículo de comunicação local oferece à população uma realidade onde é possível ter acesso a um canal aberto de exercício da cidadania e de disseminação de notícias locais.Por conta disso,foi criada a Rádio Educadora em Extrema. O presidente da FARCOM/RO é também o coordenador da emis- sora do distrito. A rádio pôs fim ao quadro de “deserto de notícias” vivido no local. Um deserto de notícia é definido como um local que não possui produção de notícias, seja por via de internet ou em rádio. A pesquisa Atlas da Notícia de 2021 identificou que 5 em cada 10 mu- nicípios estão nessa condição e consequentemente a população vive em um deserto de notícia. Em 2010, foi realizado um plebiscito, envolvendo moradores de toda Porto Velho, e a população apro- vou a emancipação do município,para criar o municí- pio de Extrema. Apesar dessa aprovação, o município Por: Emily Vitória Por: Emily Vitória Rádio Educadora cumpre papel social em um distrito sem telefonia móvel e com internet de difícil acesso
  • 13. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Um fortalecimento de identidade Um fortalecimento de identidade não foi criado devido a impossibilidades no âmbito legal. Isso porque uma Emenda Constitucional de 1996 dificultou a criação de novos municípios. De acordo com a Emenda 15/1996, a Constituição pas- sou a exigir, além de lei estadual e do plebiscito, a edição de lei complementar federal e a divulgação prévia dos Estudos de Viabilidade Municipal. Sendo assim, esses trâmites não foram cumpridos, apesar de Extrema ser mais um local mais populoso do que 15 municípios de Rondônia. Extrema possui uma área de 5.515,87 km²,cerca de 2% da área total do Estado e sua população estimada é de 9.847 habitantes. As lideranças locais entendem que a dificuldade de acesso às tecnologias de informa- ção estão diretamente relacionadas com o fato de ser um local distante da região central do município ao qual pertence, tornando-se esquecido. Resta a voz da Rádio Educadora como forma de concentrar as informações locais. A transmissora dis- semina informações de utilidade e ajuda na educação informal,tratando conteúdos sobre a política da região e questões sociais, como por exemplo, informar para a população sobre quais os seus direitos e deveres se- gundo a legislação. Sem a internet e telefonia móvel, o papel da rádio se tornou fundamental para noti- ciar a população sobre os acontecimentos da região. LOCAL DE FALA DA POPULAÇÃO LOCAL DE FALA DA POPULAÇÃO O preço da farinha, o quilo do feijão e a saca do milho podem ser questões sem tanta relevân- cia em grandes metrópoles, mas quando se trata de uma pequena comunidade, são informações que contribuem efetivamente para o cotidiano do ouvinte. Segundo o presidente da Federação das Associações das Rádios Comunitárias de Rondônia (FARCOM/RO), Antônio Maia, a Rádio Educadora é responsável por orientar o traba- lhador do campo. “Sem a internet, 90% da população fica antenada nas notícias da Rádio Educadora. Nós falamos o preço da castanha, do ovo, para aquele cidadão que está no campo saiba vender e evite que um atravessador che- gue e compre bem mais barato do que o preço de mercado. Acontecem muitos casos em que uma de- terminada quantidade de ovos está valendo 25 reais e o agricultor vende aquela mesma quantidade por cinco reais, por não está acompanhando o preço de mercado. Aí nossa rádio cumpre esse papel de infor- mar”, disse Antônio Maia. A voz no alto-falante geralmente é familiar. Pode ser a do vizinho, dona Maria ou do moço da taber- na. É com essa dinâmica que a Rádio Educadora vem se tornando um importante meio de comunicação da região de Extrema. Com a chegada da Educadora, a população da região passou a se sentir pertencentes a um grupo social e, consequentemente, titulares em debates e produção de conteúdo de interesse local, que são essenciais para a manutenção e a existência da rádio comunitária. “A nossa rádio é feita pelos moradores de Extrema.Te- mos os apresentadores de cada horário, mas a população sabe que tem a porta abertas para che- gar com as suas demandas, que noticiamos”, sa- lientou o diretor da emissora. Antônio Maia, locutor e coordenador da Rádio Educadora de Extrema
  • 14. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES O percurso do jornal impresso tem estreita relação com a história de Rondônia, sen- do um veículo informativo presente na re- gião noventa anos antes da instalação do estado, o que ocorreu em 4 de janeiro de 1982, pela Lei Federal n. 41, de 22 de dezembro de 1981.” Tudo ainda estava por fazer: a maioria dos municípios não existia,muitas estradas não haviam sido abertas e o estado registrava pouca concentração de pessoas. HISTÓRIA DO IMPRESSO HISTÓRIA DO IMPRESSO O artigo “Resgate do passado pelas memórias e períodos de formação dos jornais impressos”, escrito pelos pesquisadores e professores da UNIR Allysson Martins e Sandro Colferai, aponta três períodos sobre a história da imprensa de Rondônia: IMPRENSA DA BORRACHA IMPRENSA DA BORRACHA O primeiro grande ciclo é intitulado como Im- prensa da Borracha, o qual se inicia em 1891 e vai até o final do segundo período da borracha,em 1940. Nesse momento, antes de 4 de janeiro de 1982, o primeiro jornal impresso foi o Humaitaense (1891- 1917), no município de Humaitá, hoje pertencente ao estado do Amazonas. O município estendia-se desde a cachoeira de Santo Antônio até a parte que viria a ser Porto Velho. Por outro lado, os temas das publicações abarcavam a região do médio Madeira até a cachoeira de Santo Antônio. Segundo o livro “100 anos da imprensa de Rondônia”, Monteiro, o empreendedor e comendador comprou equipamen- tos gráficos e foi um dos responsáveis pela circula- ção do jornal. Jornal impresso primeiro, Jornal impresso primeiro, Rondônia depois Rondônia depoisTexto e fotos: Lídia Aciole Texto e fotos: Lídia Aciole 14 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Jornais impressos iniciaram em Rondônia várias décadas antes de o local se tornar estado
  • 15. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Nessa época, o território era pouco conhecido e explorado, mas isso começou a mudar com a pro- dução do látex e a comercialização voltada ao mer- cado internacional, gerando um curto período de prosperidade, que motivou a povoação na região amazônica. Durante esse ciclo, em 1907, iniciou- -se a tentativa de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, com o objetivo de atravessar o estado do Amazonas e o da futura Rondônia, pas- sando pelo o estado do Mato Grosso, o que seria de grande interesse para a industrialização do látex, que enchia os olhos dos empresários em busca de mais e mais fortunas. Em 1912, foi instalado o município de Santo An- tônio; e em 1951, o de Porto velho, então perten- cente ao Amazonas.Conforme o historiador Abnael Machado de Lima, a cidade contava com 15 ruas e avenidas. Além disso, ela estava compreendida entre as margens do Rio Madeira e a avenida principal, a atual farquar. De acordo com o historiador Fran- cisco Matias, os jornais do outro lado rio eram em língua inglesa, a bandeira era a americana e qual- quer crime cometido nas áreas brasileiras deixava de existir ao cruzar o rio. Moravam na nascente de Por- to Velho mais de duas mil pessoas, em sua maioria ex-empregados da construtora da Estrada de Ferro. Os funcionários, que vieram de diferentes partes do mundo para trabalhar na construção, trouxeram movimento ao lugar. A imprensa internacional foi uma das responsáveis por criar os primeiros jor- nais ao redor das margens do Rio Madeira, como o The Porto Velho Courrier (1909), The Porto Velho Marconigran (1910-1911) e The Porto Velho Ti- mes (1910): voltados aos norte-americanos, foram escritos em língua inglesa, o idioma falado pelos técnicos e administradores da ferrovia. De acordo com o livro “100 anos da imprensa de Rondônia”, a construtora norte americana trou- xe um sistema gráfico, cuja composição era conhe- cida como “Caixa Francesa”, além de tipógrafos e impressores. O The Porto Velho teve sua primeira edição com 200 exemplares no dia 04 de Julho, dia da independência dos Estados Unidos. A linha de apoio do jornal citava “Porto Velho de Santo antô- nio-Brazil”. Sua primeira edição foi marcada com grandes acontecimentos como: morte do presiden- te brasileiro Afonso Pena; o ataque de mosquitos, abatendo toda a tripulação do Navio Veraston, que subia o Rio Madeira rumo a Porto Velho; a prisão de um arruaceiro; a morte do capataz João Batista e o outras informações. No dia 1 de janeiro de 1993, circulou em São An- tônio o jornal “Extremo Norte” o primeiro em lín- gua portuguesa, editado na região onde hoje se situa o estado de Rondônia. Ele se identificava como um jornal de propagandas, mas grande parte do seu es- paço dedicava-se a reportagens e crônicas. Nesse período, outros jornais circularam, como o pioneiro “Município”. Sua primeira edição saiu em 12 de dezembro de 1915, ano de instalação do mu- nicípio de Porto Velho. A redação e administração funcionavam na avenida Sete de Setembro (segundo o historiador Esron Menezes, entre as ruas Pruden- tes de Morais e José de Alencar). O referido jornal circulava sempre aos domingos, com uma tiragem de 100 exemplares, sendo, também, o primeiro a publicar fatos sociais da superintendência (prefei- tura) e a manter uma coluna social que registrava nome de visitantes e de aniversariantes. Sua última edição circulou em 1917 quando a oficina e seus equipamentos foram vendidos para o fundador do Alto Madeira, fazendo com que outros jornais surgissem, tais como o Madeirense (1917- 1931) e A Gazeta (1922-1931). AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 15 Matéria do jornal Alto Madeira de 1957 retrata en- tendimento entre defensores de ideologias opostas
  • 16. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES O segundo momento é intitulado como Impren- sa do território (1940-1977), o de maior incentivo à ocupação da região, devido à chamada “Marcha para o Oeste”, ocorrida durante o governo de Getúlio Vargas (1937-1945), especialmente com a instituição do Estado Novo. Nessa época, Rondônia, enquanto Território Federal do Guaporé, foi governada inicial- mente por Aluísio Pinheiro Ferreira (1943-1946), sendo este sucedido por outros oito governadores, nomeados pelo Presidente da República. Motivado por forças políticas, o periódico O Guaporé (1954- 1994) junto com Alto Madeira monopolizaram as publicações e distribuições no estado. Nesse momento, o jornal impresso era a principal ferramenta utilizada politicamente, pois servia como espécie de assessoria.Dessa vez,tornou-se mais forte, ganhando espaço e solidez. Entre 1950 a 1980 aconteceram várias mudanças no estado, pois a descoberta da Cassiterita gerou a vinda de várias pessoas do centro-sul do País para o centro-sul de Rondônia. IMPRENSA DA COLONIZAÇÃO IMPRENSA DA COLONIZAÇÃO O último período,denominado Imprensa da Colo- nização (1977-2015), foi marcado como um dos mais movimentados,pois acompanhou o rápido crescimen- to da população e a chegada de muitos imigrantes. Enquanto isso, o Alto Madeira circulava em Por- to Velho e ganhava o título de principal jornal, ao circular juntamente com A Tribuna (1976-1992) e o Estadão do Norte (1980-2015). As redações ferviam, o estado crescia, os ônibus não paravam de chegar nas rodoviárias devido à busca por um pedaço terra, moradia e pão, tão prometidos pelo governo. Todos os dias chegavam mais pessoas em busca de um reco- meço e oportunidade. Foi um período marcado por grandes jornais. O Alto Madeira foi o único a acompanhar três grandes ciclos de Rondônia, ele registrou os prin- cipais acontecimentos da história do estado. Acom- panhá-lo era uma forma de contemplar a história, contada por meio do jornalismo. O fim da I Guerra Mundial,quebra da borracha,a nacionalização da ma- deira-Mamoré, a visita do presidente Getúlio Vargas em 1940, a criação do território, a abertura da BR-29 (364), implantação dos primeiros municípios na BR- 364, a questão das duas hidrelétricas do Madeira; to- dos esses temas foram abordados pelo citado jornal. O jornal impresso leva a população a conhecer como era o cotidiano, pois ao ler é possível visualizar minimamente a dinâmica vivida ao redor de uma cida- de.A história do jornal impresso é cheia de aventuras e pioneirismo,e isso permitiu que o estado de Rondônia perpetuasse as memórias dos seus pioneiros. Guaporé e Alto Madeira Guaporé e Alto Madeira eram os líderes de eram os líderes de público antes de Rondônia se tornar estado público antes de Rondônia se tornar estado 20 4 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 16 A imagem retrata como eram distribuídos os anúncios em edições de 1957, no jornal Alto Madeira
  • 17. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Retoquista Retoquista, , uma das funções uma das funções extintas no jornal impresso extintas no jornal impresso A s mudanças tecnológicas que os jornais vivenciaram ao longo das décadas fizeram com que vá- rias profissões fossem extintas ou substituídas. Um exemplo é a pro- fissão de retoquista, função que consistia em procurar as falhas nas letras dos jornais e consertá-las manual- mente, fazendo um “retoque” com tinta. Marcelina, recém-chegada do Amazonas na déca- da de 1980, foi uma das pessoas que atuaram nesta função.Na época,com 23 anos,ela conseguiu emprego no jornal impresso Alto Madeira, dois dias depois de chegar a Porto Velho. Depois de uma “viagem no tempo”, recordando suas experiências, dona Marcelina lembra que se sentia em um lugar de prestígio, pois o Alto Madei- ra era o jornal mais famoso da época. “Eu me sen- tia importante em fazer parte da equipe do jornal, pois na época era famoso na região. E eu sempre tive grandes amizades com os colegas.” Em contrapartida, a dona Marcelina e os colegas de turno não tinham contato com a produção da no- tícia. A correria para fechar o jornal, a busca pelas fontes e a apuração eram etapas que passavam despercebidas por aqueles que encaravam a jornada noturna. Dona Marcelina tem 63 anos, é amazonen- se e chegou a Porto Velho na década de 1980, com 23 anos, com o objetivo de conseguir algum emprego. Ela conta como começou a trabalhar no jornal impresso Alto Madeira: “Eu fui em uma celebração [da missa] na Catedral e encontrei um amigo que trabalhava no jornal Alto Madeira, o qual me convidou para trabalhar no jornal. Eu falei pra ele que não sabia, que nunca tinha trabalhado em um jornal. Ele fa- lou que era fácil, era pra ser retoquista. Foi então que eu perguntei ‘o que era ser retoquista?’.” E o amigo de Dona Marcelina explicou que o trabalho de corrigir as falhas nas letras era feito manualmente. Naquele período, o texto era preparado manualmente, através de uma máquina chamada linotipo, que, muitas vezes, deixava imperfeições na escrita. Tais falhas preci- savam ser corrigidas antes da finalização do jornal. Nesse momento, atuava o retoquista, dando os últimos retoques. “O jornal era colocado em cima de uma mesa de vidro, com uma lâmpada embai- xo, pra gente achar as falhas”, relata. Por: Ana Laura Gomes Por: Ana Laura Gomes 4 3 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕESAUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 17
  • 18. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Para ser contratada pelo Alto Madeira, dona Marcelina foi apresentada ao dono do jornal, o se- nhor Euro Tourinho, que aprovou a sua contratação. A partir de então, ela faria parte da equipe noturna, que carregava a missão de produzir o jornal para a distribuição. A jornada era árdua, a equipe noturna entrava às oito da noite e só saía quando o jornal estava pronto. O horário de saída era incerto,pois como os jornais eram todos produzidos manualmente, o processo era demorado. Dona Marcelina explica que o transporte público era restrito, e que, por medo, muitas vezes esperava amanhecer para, enfim, voltar para casa. Uma das coisas que mais atrapalhava a produção do jornal, dona Marcelina logo relembra, eram as quedas constantes de energia: “Todo mundo queria ir logo pra casa e precisava esperar a energia voltar para terminar o jornal. Às vezes, ele saía atrasado, umas sete ou oito horas da manhã, ao invés de cinco, mas ele sempre saía!”, salienta. Marcelina conta que a equipe era pequena, cer- ca de seis ou sete pessoas. E ela, junto com a ami- ga Conceição, de quem perdeu contato, assumiam a função de retoquistas, corrigindo as falhas nas letras. Dona Marcelina trabalhou dois anos no jornal e diz recordar-se de poucas coisas. Entre elas, lembra- -se que o chefe sempre foi muito tranquilo e não cos- tumava aparecer à noite para acompanhar a produ- ção. Dos jornalistas que trabalharam no jornal, dona Marcelina cita um em especial: Ivan Marrocos, que morreu precocemente em 1995,aos 43 anos de idade. Dona Marcelina relembra que o jornal Alto Ma- deira começou a perder força quando outros dois jor- nais entraram em cena: “O Estadão e o Diário da Amazônia”, o primeiro surgiu a partir de 1980, e o segundo foi inaugurado em 1993. Naquele período, o texto texto era preparado manualmente manualmente, através de uma máquina chamada linotipo linotipo, que, muitas vezes, deixava imperfeições imperfeições na escrita. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 18 40 anos depois, dona Marcelina volta ao local onde era a sede do jornal Alto Madeira Izabela Muniz
  • 19. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Além da profissão de retoquista, outras pro- fissões foram extintas ou se tornaram raras dentro das redações. Isso aconteceu devido ao avanço da tecnologia, que permitiu a criação de novas formas de fazer jornalismo. Com isso, al- guns processos se tornaram mais rápidos, fican- do comum ao profissional do jornalismo reali- zar multitarefas. Abaixo, listamos uma série de profissões que se perderam ao longo do tempo: Arquivista-Pesquisador Arquivista-Pesquisador - O arquivista era quem organizava e ajudava na conservação cul- tural e técnica do arquivo redatorial, e quando precisava-se de dados para, por exemplo, ela- borar uma notícia, era ele quem pesquisava. O arquivista também ficava responsável por con- servar todas as edições antigas do jornal, para atender a demanda de alguém que precisasse acessar um conteúdo já publicado pelo veículo. Linotipista Linotipista - O linotipista operava a máquina tipográfica chamada linotipo, que é uma máqui- na tipográfica criada pelo alemão Ottmar Mer- genthaler no século XIX. A referida máquia usa caracteres pré-moldados a elevadas temperatu- ras para a confecção de textos ou laudas gráficas. Tituleiro Tituleiro - O tituleiro era o responsável por fazer os títulos. Essa tarefa podia ser realizada ou não pelo tipógrafo. O tituleiro tinha a mis- são de criar os títulos e recortar e colar letra por letra, medindo o tamanho e garantindo que se- riam utilizadas no espaço ideal. Fotoliteiro Fotoliteiro - É o operador da máquina de fo- tolito, que substituiu o linotipo, sendo uma má- quina mais moderna. Encadernador Encadernador - Encadernava manualmente ou por meio de máquina os jornais impressos, dobrava e recortava as folhas e montava as capas. Gravador de chapa Gravador de chapa - O gravador de chapa operava sistemas de prova e copiava chapas, re- alizando o serviço de pré-impressão gráfica. As máquinas de fotolito são operadas com chapas, que são impressas, para serem reproduzidas em série, gerando assim as páginas do jornal. Para se fazer uma impressão de jornal, é necessário produzir uma chapa de alumínio, que vai ser- vir de base para ser impressa nas cores magen- ta, ciano, amarela e preta. E daí surge o jornal. Quem produzia essas chapas de alumínio eram os gravadores de chapa. Paginador Paginador - O paginador era quem organiza- va o jornal na gráfica, colocando os textos e as imagens ao longo das páginas na ordem correta, montando, assim, o jornal. Tipógrafo Tipógrafo - A tipografia era usada para se montar textos para serem impressos, os textos eram montados a partir de chapas com as letras. Como não existiam as plataformas digitais para realizar o planejamento gráfico, havia um traba- lho de montar os jornais letra a letra. Para isso, era preciso calcular os tamanhos das letras e encaixá- -las no lugar ideal.O tipógrafo era quem fazia esse trabalho. Os softwares para planejamento gráfico surgiram na década de 1980,mas o tipógrafo con- tinuou atuando na criação de tipos/letras (popu- larmente conhecidas como fontes) inéditas. Outras profissões extintas nos jornais Outras profissões extintas nos jornais AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 19 Máquina linotipo era utilizada na produção de jornais Arquivo do linotipista Mauro Nodari
  • 20. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES O trabalho do assessor de imprensa é di- vulgar informações de seus clientes (em- presas ou pessoas físicas) na mídia. Ele tem o objetivo de trazer retorno midiático para as empresas dos seus clientes, obtendo para aquelas a melhor imagem possível. Porém, o profissional que trabalha na redação de jornais, rádios ou televisões não tem esse mesmo compromisso, pois atua com “os valores de notícia” “os valores de notícia”; assim, preocupa-se mais em observar os impactos sociais, a proximidade, a imprevisibilidade ou o número de pessoas impactadas. Ser assessor de imprensa é uma das várias funções dos jornalistas. Entretanto, o profissional que trabalha como assessor de imprensa nem sempre é tido como jornalista pelos colegas que estão na redação, já que os objetivos dos assessores e dos jornalistas são opostos. O esforço e a dedicação do assessor de imprensa nem sempre são destacados, afinal ele entrega todo o material pronto para ser divulgado, mas quase nunca recebe os créditos por isso: raramente seu nome apa- rece no trabalho publicado. Sara Duque Estrada trabalhou em jornal impres- so, em rádio e até na TV, todavia trabalhou mais tempo com assessoria de imprensa, estando entre as assessoras mais antigas de Rondônia. Assessores de imprensa Assessores de imprensa Jornalistas que (quase) nunca assinam as matérias que produzem Jornalistas que (quase) nunca assinam as matérias que produzem Texto e foto: Lídia Aciole Texto e foto: Lídia Aciole 20 Arquivo pessoal Sara Duque trabalha desde 1982 como assessora e enfrentou dificuldades para reconhecimento da profissão
  • 21. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Ela se formou em Comunicação Social, com ha- bilitação em Jornalismo, pela Universidade Estadu- al de Londrina (UEL) e trabalhou como assessora na Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), no Governo do Estado de Rondônia e na Câmara Municipal de Jaru. Sara Duque entrou na área em 1982, e contou que, enquanto era assessora, ouvia coisas como “Você está na assessoria de imprensa, mas você é jornalista, não sabe nada de jornalismo”. Porém, ela não via dessa forma, e argumenta que lançava um olhar jornalís- tico sobre as pautas, pesquisando e checando as in- formações. Quando chegou a Rondônia, Sara viveu uma realidade bem diferente da que conhecemos hoje dentro dos departamentos governamentais: “Quando cheguei, a assessoria do governo de Getú- lio Vargas era muito forte,o governador de Rondônia, Jorge Teixeira, era militar e mantinha pessoas forma- das em relações públicas.Naquela época,as assessorias de imprensa eram privativas de pessoas formadas em relações públicas”. Paralelo a isso, havia um departa- mento de jornalistas, cujos integrantes pensavam não estar fazendo trabalho de assessoria de imprensa, pois para eles o que faziam se tratava de cerimonial,proto- colo, estando eles ali apenas para fazer releases. E foi assim que os jornalistas começaram a entrar nas assessorias de imprensa. Nos dias de hoje, são as figuras principais. Ela também compartilhou experiências marcantes em sua jornada como jornalista no Primeiro Colóquio de Comunicação e Cultura na Amazônia Rondo- niense (CANOAR),realizado em novembro de 2022, pelo curso de jornalismo na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Uma das mais marcantes ocorreu em 1992, quando era assessora do Instituto Nacional de Serviço Social (INSS). Naquela ocasião, a chefe do INSS do município de Cacoal a procurou para infor- mar que 120 pessoas ficariam sem receber pagamento, e o único meio de comunicação que chegava aos ouvi- dos da população era a Rádio Nacional da Amazônia. E nessa rádio tinha um programa apresen- tado por Artemisa Azevedo, que passava novelas no horário da tarde: “Às 11 ho- ras da manhã, consegui o contato da apresentadora, que prontamente se ofereceu para divulgar os 120 no- mes da lista durante a programa- ção. Resultado? No outro dia, no horário da manhã, havia 80 pesso- as esperando em frente ao posto do INSS em Cacoal.” Além dis- so, ela afirmou que o jornalismo tem um poder transformador quando cumpre o seu papel de levar a informação: “Você salva vidas, coloca o pão na mesa, tira o pão da mesa e até mata. Esse é o poder da comunicação, você faz o que quiser, você conta a verdade e tem muita gente que conta mentiras, mas essas pessoas tiveram seus pagamentos salvos, logo depois apareceram 120 pessoas no posto”, in- formou Sara Duque. 21 Sara Duque recebeu homenagem do curso de Jornalismo da Unir
  • 22. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Na atualidade, o contato entre assessores de im- prensa e jornalistas é facilitado graças ao uso do what- sapp,pois as informações das fontes são recebidas ins- tantaneamente. No entanto, nem sempre esse contato foi tão ágil assim. Com as mudanças tecnológicas, modificaram-se também algumas técnicas do jorna- lismo,inclusive na distribuição de releases,que inicial- mente tinham um formato padrão de 30 linhas e 70 caracteres, mas hoje são enviados textos e conteúdos jornalísticos em diversos formatos digitais (foto,áudio, vídeo etc). Antes da utilização do e-mail e do whatsapp, os re- leases seguiram um percurso bem diferente, já que as tecnologias criadas ao longo do século XX eram bem distintas das que conhecemos hoje. O fax e o telex, tecnologias criadas entre as déca- das de 1920 e 1930, foram facilitadores no processo de entrega dos releases. Sem o uso das tecnologias, os assessores muitas vezes se deslocavam com um mo- torista para as redações, para entregar as sugestões de matérias em mãos. O telex era uma máquina parecida com a de escre- ver, só que bem maior, que agilizou bem mais a entrega de releases com um plano de ende- reçamento numérico, terminais únicos que enviavam uma mensagem para qualquer outro terminal. Sara Duque Estrada relata que quando chegou a Rondônia em 1982 todas as instituições e empresas maiores já tinham o telex funcionando. O fax começou a ser usado pelas as- sessorias de imprensa de Rondônia no final dos anos 80, e esse uso aumentou na década de 1990. O fax funcionava basicamente como um scanner, conver- tendo um arquivo impresso em uma imagem digitalizada; depois a imagem era enviada pela linha telefônica para outra máquina e,logo após, a impressora do receptor produzia uma cópia do documento. “Eu fui aprender a passar fax em Brasília no ga- binete da presidência”, diz Sara Duque Estrada. Ela conta que a cada 15 dias uma pessoas de di- ferentes estados assessorava o presidente em Brasília. “Precisei passar o fax e não sabia, mas o subchefe de gabinete foi me ensinar” - disse ela. Segundo a entre- vistada, o equipamento era uma preciosidade e ficava dentro de uma sala muito especial, mas depois de um certo tempo se popularizou. Naquele tempo, a Embratel dominava a questão do telex: “Ele era um aparelho de domínio da Embratel, eles cobravam pelo aluguel e instalação e pretendiam fazer a mesma coisa com o fax,só que foi muito difícil, pois o fax era um telefone com uma máquina copiado- ra e xerox,sendo bem mais simples que o telex”- disse. Sara conta que no ano de 1992, alguns amigos jor- nalistas, que moravam em Brasília, já tinham fax em casa: “Essa história de home office não é de hoje, aqui em Rondônia já era mais difícil, em função da dis- tância encarecer o aparelho. Posso dizer que nos anos 2000 ainda tinha gente que usava fax, mas não era muito,porque o e-mail surge cerca de 1995.Foi quan- do aconteceu a explosão da internet, e ele sobrevive por muito tempo, agora que as pessoas começaram a usar whatsapp”. Avanço das tecnologias refletiu em mudanças Avanço das tecnologias refletiu em mudanças no modo de trabalho dos assessores de imprensa no modo de trabalho dos assessores de imprensa 22 Telex era usado para envio de releases
  • 23. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Fotógrafo Fotógrafo foi agredido durante foi agredido durante greve de policiais nos anos 1990 greve de policiais nos anos 1990 O ano de 1993 foi marcado por muitas greves, envolvendo servidores públicos, professores, mo- toristas de ônibus, bombeiros e policiais. Marcos Grutzmacher é fotógrafo e atuou no Jornal Diário da Amazônia em 1993, onde cobria boa parte das paralisações de trabalhadores. Segundo o profissio- nal, houve uma grande e única greve dos policiais militares de trânsito naquele ano. Ele conta que, no dia, saiu para cobrir a manifestação que acontecia na frente do batalhão da Polícia Militar de Trânsi- to, localizado entre a rua Benjamin Constant com Campos Sales, e como os policiais não podiam rea- lizar a greve, as mulheres tomaram a frente e ficaram esperando os militares na porta do Batalhão. Ao sa- írem, retiravam suas fardas em forma de “protesto”. Ao fotografar a situação que se corria, os policiais notaram não somente a presença do fotógrafo, mas que era o único profissional de imprensa em meio a greve, e naquele momento aconteceu a agres- são física por parte da Polícia Militar contra Mar- cos Grutzmacher. Ele relata que houve danos não somente físicos, mas também dos seus equipamen- tos de trabalho. Marcos foi levado para um pronto atendimento e disse que mesmo prestando um bo- letim de ocorrência, ninguém foi responsabilizado. Analisando o fato três décadas depois, ele re- flete que sua atitude foi irresponsável e im- prudente, pois ele não observou que esta- va sozinho, e que não havia outros jornalistas e fotógrafos por perto, tornando- se um alvo “fácil”. Marcos trabalha atualmente na Assembleia Legis- lativa,local onde ingressou como jornalista concursado em 1984. Além disso, ele é formado em publicidade, educação física e pós-graduado em ciências políticas. Marcos Grutzmacher é fotógrafo desde a déca- da de 70. Sua trajetória com a fotografia começou no laboratório fotográfico de sua família, quando aprendeu a manipular uma câmera com seu ir- mão, onde desenvolveu técnicas do fotojornalismo. O primeiro jornal com o qual trabalhou era o Jornal Fronteira do Iguaçu, na cidade de Cascavel, no Paraná. Ele ainda trabalhou no Jornal Paraná, também de Cascavel e no jornal O Dia, no Rio de Janeiro, antes de se transferir para Porto Velho. Em Rondônia, Marcos trabalhou no Estadão de Ron- dônia, Jornal Guaporé, Tribuna, Alto Madeira, Par- celeiro, Diário da Amazônia e Folha de Rondônia. Analisando o fato três três décadas décadas depois, ele reflete que sua atitude foi irresponsável irresponsável e imprudente imprudente. Marcos no exércicio no trabalho como fotógrafo Arquivo pessoal 23 Por: Alana Bentes Por: Alana Bentes QUEM É MARCOS GRUTZMACHER? QUEM É MARCOS GRUTZMACHER?
  • 24. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕESAUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Jornal Alto Madeira Jornal Alto Madeira e a e a memória rondoniense memória rondoniense A o folhear as páginas do antigo jornal im- presso Alto Madeira, é possível fazer uma viagem histórica por Rondônia. Os ende- reços, escolas e antigos comércios ajudam a ima- ginar o processo de desenvolvimento da cidade e construir a memória rondoniense. Com a retirada de cena da maioria dos jornais impressos, foi perdida também parte do registro histórico da cidade, pois a vida cotidiana e a proxi- midade com a população já não é mais tão presente. Separamos algumas fotos dos jornais das déca- das de 1950 e 1970, que retratam o desenvolvimen- do de Rondônia, registrados nas páginas do jornal Alto Madeira, como a presença dos esportes, acon- tecimentos políticos, desenvolvimento urbano e até algumas publicidades. À esquerda À esquerda Jornal Alto Jornal Alto Madeira notícia, em 1979, os Madeira notícia, em 1979, os recordes de atletismo no jogos recordes de atletismo no jogos escolares, em Porto Velho escolares, em Porto Velho Abaixo Abaixo informações no mes- informações no mes- mo ano sobre a assinatura de mo ano sobre a assinatura de convênio para ampliação do convênio para ampliação do CERON CERON SESSÃO DE FOTOS Por: Alana Bentes, Evelyn Morales e Lídia Aciole Por: Alana Bentes, Evelyn Morales e Lídia Aciole AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 24
  • 25. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 25 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Agenda do Governador Jorge Teixeira era anun- ciada no Alto Madeira em 1979 Jornalista e fotógrafo atra- vessam o Brasil para testar a então nova pick-up Fiat-147, em 1979 Acordo político entre forças políticas oposioras é noticiada no jornal Alto Madeira de 1958
  • 26. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Publicidade do Porto Velho Hotel no jornal Alto Madeira, em 1957 Em 1958, mulheres concordam com submissão aos homens por questões religiosas Governadoras-mirins foram escolhidas para o ato no Dia das Crianças, em 1979 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 26
  • 27. AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES Alto Madeira disponibiliza espaço para sugestões de te- mas para serem apurados no jornal, em 1979 Anúncio dos aniversariantes da semana na coluna social, em 1958 Rádio Caiari é elogiada por valorizar a cultura em publicação do jornal Alto Madeira, de 1979 AUSENTES AUSENTES VERSÕES VERSÕES 27