O documento relata sobre o X Encontro Nacional da Associação Fraternitas Movimento, onde se discutiu sobre a Nova Evangelização e novos caminhos para a Igreja. Também fala sobre a necessidade da Igreja se adaptar aos tempos modernos e escutar mais a realidade social, ao invés de se apegar apenas à tradição. Por fim, resume brevemente alguns pontos abordados em encontros regionais da associação.
1. espiral
boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO
Nº 11 - Abril / Junho de 2003
HOJE E AMANHÃ
O X Encontro Nacional da Associação Fraterni-
tas Movimento foi mais um passo importante
na nossa caminhada como Associação. Sobre o
tema “Nova Evangelização, Novos Caminhos da
Igreja” ouvimos o Senhor D. Albino Cleto, Bispo de
Coimbra, e Frei Bento Domingues, OP.
Faz sempre bem ouvir o que têm para nos dizer os
especialistas que reflectem sobre estes temas. Disseram
que tudo no mundo evolui, até mesmo a estrutura ecle-
siástica. Só que, nesta, a tendência não é para evoluir
nem para trilhar caminhos não andados. Como se ela
estivesse sempre certa, nunca cometesse erros. Como
se as concepções do mundo e das coisas, e também das
pessoas, estivessem fixas, imutáveis. Como se a verda- Rostos da Fraternitas: o futuro já chegou...
de toda, universal, estivesse ali clara e distinta, com-
preensível a todos, abrangendo todos os sectores da vida pírito de acolhimento, mas também com a consciência
humana, com respostas bastantes e adequadas para to- de que isso é o que se pode arranjar”. Há muito mais
das as interrogações, angústias, necessidades, proble- para além disso.
mas, aspirações. Em suma, um sistema completo, per- Uma vez institucionalizada, a Igreja organizou-se
(continua na pág. 2)
feito.
Mas foi-nos dito lá: “O mundo da Igreja tradicional
Sumário:
acabou. Até o mundo da nossa infância já não existe”.
Então a primeira coisa que há a fazer agora é escutar a
realidade social em que a gente vive. E, quando se trata
de perceber qual o sentido da caminhada a cumprir, é Ecos de... Lisboa 3
preciso ter sempre presente que o Senhor Jesus é o mais
X Encontro Nacional 4/5
novo de todos nós. Ele é a vanguarda. Importa, por isso,
procurar saber o que Jesus fez e ensinou, a maneira como Cartas 7
actuou, com quem se entendia, como os discípulos fo-
ram apreendendo a sua mensagem através do que fazia Novos Sócios da FRATERNITAS 7
e dizia, pelo modo como abordava as pessoas e as aco-
lhia e como, após a ressurreição, essa mensagem era Conclusões do X Encontro da FRATERNITAS 8
transmitida. “Cada coisa nova deve encarar-se com es-
2. 2 espiral
(continuação da pág. 1) 2002, da Associação Alemã dos vamente restrito. Mesmo os padres
em unidades pastorais chamadas Padres católicos casados e suas Es- no activo que transgridem a lei do
paróquias. Esta milenar organização posas (VKPF), por onde se vê que celibato, fazem-no de forma a evi-
da Igreja em paróquias está profun- esta associação decidiu reforçar a tar a luz da publicidade por medo
damente enraizada na tradição cris- divulgação das suas actividades, das sanções eclesiásticas. Então co-
tã. Paroquianos eram os que viviam aumentar o serviço de consultadoria, lhe-se a impressão de se tratar de um
numa determinada circunscrição valorizar a cooperação com outros problema clerical marginal, desinte-
paroquial sob a responsabilidade grupos eclesiais de base e criar o ar- ressante para quem está de fora. Na
dum pároco. Era na paróquia que se quivo da VKPF. verdade, é muito mais gratificante
desenrolava a vida cristã das pesso- Noutro documento o actual pre- ter como alvo a visão duma Igreja
as desde o nascimento até à morte. sidente, Ernst Sillmann, questiona as renovada, do que estar sempre a es-
A realidade moderna subverteu vantagens de a VKPF se associar a tigmatizar injustiças concretas que
esta organização, por duas ordens de outros movimentos reformadores de não atingem a grande maioria dos
razões. base (p. ex., Nós Somos Igreja, Ini- membros da Igreja. Eu não auguro
Em primeiro lugar, porque já não ciativa Igreja de Base, etc.) e chega um futuro esplendoroso a uma Igre-
há padres em número suficiente para à conclusão de que a VKPF, tendo ja que no presente não escuta os pro-
o provimento das paróquias. Em se- definido como meta a abolição da lei testos contra as injustiças, ainda que
gundo lugar, porque as pessoas têm do celibato obrigatório, corre o ris- tais protestos não tenham perspecti-
a possibilidade de participar nas ce- co de ficar isolada na sua reivindi- vas de êxito”.
lebrações eucarísticas em qualquer cação, já que, para os outros movi-
agora, também da Internet,
igreja ou capela, ou noutro local ou
ambiente humano onde se sintam
bem. Mercê das grandes facilidades
mentos reformadores, a discussão do
celibato é uma questão ultrapassa-
da. Há temas muito mais importan-
E uma citação da alocução de
despedida dum padre ame-
ricano, o pároco da Igreja de Todos-
de transporte, criam-se grupos de tes que preocupam esses movimen-
tos. Mas a consequência disso é que -os-Santos, dos seus paroquianos,
vivência e celebração da fé tendo por porque se ia casar. Dizia a dado pas-
base, não já o território, mas as afi- as propostas de reforma por que se
batem e a realidade eclesial se estão so: “Esta decisão é ainda mais difí-
nidades pessoais. Hoje-em-dia já
a afastar cada vez mais, resultando cil porque no mais íntimo do meu
não temos só “paroquianos”, temos
daí, por um lado, que a autoridade coração eu sinto que tenho vocação
também “parqueanos”, ou seja,
eclesiástica recusa o diálogo e, por para o sacerdócio ordenado da Igre-
aqueles que se deslocam ao encon-
outro, que os movimentos acabam ja Católica romana. Amo o sacer-
tro dum líder e de pessoas com as
mesmas afinidades mútuas. Mas não por se resignar. dócio. Amo o ministério. Amo a pas-
deixa de ser uma pena que se tenha É neste contexto que Ernst toral. Não amo o celibato. Porque
deixado perder uma instituição pa- Sillmann faz realçar a força e a fra- hoje estão ligados, não posso conti-
roquial de tão grande tradição e ta- queza da VKPF no círculo dos ou- nuar. Disse-me um amigo meu:
manha riqueza humana e social. tros movimentos de reforma da Igre- ‘Agora entendes o que significa ser
ja: mulher na Igreja de hoje’. Talvez
urante a Assembleia Geral “A nossa força está em que nós,
D da nossa Associação surgi-
ram várias ideias quer no
sentido de a Fraternitas entrar em
por experiência própria, designamos
a injustiça concreta pelo nome e
apresentamos sugestões concretas
seja isso. É terrivelmente penoso.
Por isso me preocupa o futuro da
Igreja. As nossas comunidades pa-
roquiais estão colocadas em situa-
contacto com organizações congé- para remediar essa injustiça. ções delicadas. Continuamos a pôr
neres doutros países, trocando ex- Enquanto a Igreja persistir em o celibato acima das ordens sacras,
periências, quer para se escrever a manter a actual lei do celibato, ha-
a abstinência sexual acima da parti-
história da nossa Associação, de verá sempre gente — homens, mu-
cipação eucarística. Subvertemos as
como surgiu e cresceu. lheres e crianças — que sofre por
nossas prioridades.” !
Já depois da nossa Assembleia causa dela e não se resignará.
Geral vim a descobrir na Internet as Ao contrário, a fraqueza da
conclusões duma reunião homóloga, VKPF está no facto de o círculo das Aveiro, 2003-05-24
realizada na data de 18-20 Outubro vítimas directas dessa lei ser relati- João Simão
3. espiral 2
e c o s d e . . .
teólogos e cristãos...”, enquanto o
... Lisboa Professor Carlos Azevedo, Vice-Rei-
tor da Universidade Católica do Por-
Realizou-se na Casa de Retiros da Falou, em seguida, da finalidade to, afirmara: “Não há dúvida que o
Buraca, em Benfica, o IV Encontro dos Encontros Regionais, que é pro- Concílio provocou uma mudança fun-
Regional de Lisboa da Fraternitas, curar dar a conhecer os verdadeiros damental na Igreja. Mas, após uma
presidido pelo Senhor Cardeal Patri- objectivos e actividades da Fraterni- fase de exaltação, veio um momento
arca, em que estiveram presentes 32 tas, esclarecer dúvidas e corrigir er- de decepção, ao descobrir o peso da
participantes, 4 dos quais pela pri- ros ou falsas notícias...” E apontou inércia da Instituição, com resistên-
meira vez. casos concretos de falsidades e men- cia à mudança...”
Confirma-se, assim, a ideia de tiras, como o artigo inserido no jor- Ao terminar a saudação ao Se-
quanto os Encontros Regionais são nal diocesano, Badaladas, da paró- nhor Patriarca, o Carlos Leonel afir-
úteis para tornar mais conhecido o quia de Torres Vedras. mou: “Senhor Patriarca, alguns de
Movimento e afastar de algumas Não é possível ignorar a incon- nós atravessaram vales tenebrosos,
“mentes” a ideia de que a Fraternitas gruência teológica da ligação do ce- caminhos de humilhação, de vergo-
é uma Associação de “saudosistas”. libato ao Sacramento da Ordem...” nha, de abandono, de esquecimento...
Aqueles que têm coragem para ven- Sobre a nossa disponibilidade, Alguns vacilaram! Vacilaram na Fé,
cer estas ideias preconcebidas — e disse que “não somos obrigados a ser uns, e outros vacilaram na confiança
falsíssimas, como, depois, confir- funcionários do sagrado, mas esco- na Igreja.
mam, “com saber de experiência fei- lhemos alguns caminhos para servir Mas nós estamos aqui! Estamos
to”, como diria o nosso Épico — vêm, a Igreja...” aqui para dizer que estamos vivos,
sentem-se bem e felizes no meio de Quanto à nossa imagem de padres que somos felizes ao lado das nossas
irmãos e amigos, unidos pelo mes- casados, lembrou que “o sacerdote ca- esposas, dos nossos filhos e alguns já
mo Ideal. sado não é uma nódoa na Igreja, mas junto dos netos.
Vale a pena o esforço dispendido alguém que tomou uma decisão e Estamos aqui para dar testemu-
pelos grupos de cada Região para que uma posição por coerência e hones- nho da nossa vida familiar, da paz
os Encontros Regionais se intensifi- tidade...” interior que sentimos, do esforço que
quem. Recordou ainda que “o papel das fazemos para sermos fiéis à Mensa-
Mas, feito este pequeno exórdio, nossas esposas é fundamental na nos- gem do Evangelho...”
vamos à crónica do Encontro. sa aprendizagem de homens casados Terminadas que foram as palavras
Todos aguardámos, no átrio, a e a sua posição de mulheres casadas do Carlos Leonel, iniciaram-se os tes-
chegada do Senhor Patriarca que, de com um padre nem sempre é fácil...” temunhos dos participantes, come-
cara sorridente, a todos cumprimen- E mais adiante, afirmou: “Na nossa çando o Pacheco de Andrade por nos
tou, infundindo-nos a convicção que reflexão, temos verificado que a His- confessar quanto tinha gostado do
tínhamos no meio de nós Alguém que tória é um processo de mudança e nós último Curso Bíblico orientado pelo
nos conhecia bem como bem conhe- somos também actores da mudança Artur Oliveira, sobre os “Evange-
cia o nosso Movimento. e fazemos parte da geração que abre lhos da Infância”. “Foi com certa des-
Dirigimo-nos para a sala onde ia as portas do futuro. confiança, disse, que aceitei o convi-
decorrer o Encontro, tendo o Carlos A Igreja precisa de repensar a mo- te para participar nesse Curso, pois
Leonel aberto a sessão com palavras tivação religiosa e evangélica do ce- pensei que ia encontrar um grupo de
de saudação ao Senhor Patriarca e, libato...” colegas cheios de frustrações e, com
começando por lhe agradecer a sua E depois de recordar que no dia grande surpresa minha, encontrei um
presença neste Encontro, sublinhou 11 p.p. se celebrara o quadragésimo ambiente normalíssimo, alegre, sin-
este gesto, “não isolado na sua acti- aniversário da abertura do Concílio cero e pleno de altruísmo, com gran-
vidade pastoral, mas antes ligado à Vaticano II, lembrou as palavras de de maturidade e frescura.”
coragem que teve de possuir para re- Maria de Lurdes Pintasilgo à T.S.F. Seguiu-se a Maria Cristina Fer-
solver a situação injusta do Pe. Feli- e do Doutor Carlos Azevedo na Uni- reira da Silva para nos tornar cientes
cidade bem assim como o caso do versidade Católica. A primeira afir- de quanto se sentia feliz por Deus lhe
nosso associado Abílio Tavares Car- mara que “o Concílio não nasceu do ter dado a graça de a unir a um ho-
doso e... outros...” zero. Nasceu da reflexão de muitos (continua nas págs. 6 e 7)
4. 4 espiral
X ENCONTRO NACION
Na Casa de Nossa Senhora das viverem os irmão em harmonia!” — abriu por mão de D. Albino Cleto,
Dores, em Fátima, realizou-se de 24 Sl. 132,1). E assim é. O que a bispo de Coimbra, que conduzindo-
a 27 de Abril, o X Encontro FRATERNITAS pretende com -nos com segurança através das di-
Nacional da Associação Fraternitas/ quanto programa e realiza é a vida versas formas por que se fez evan-
Movimento. O X Encontro Nacional em harmonia. E porque em harmo- gelização no decurso destes dois
em apenas 7 anos, além de 17 nia, já não surpreende a alegria ex- milénios de Cristianismo, nos levou
Encontros Regionais em diversos plosiva de voltarmos a ter connosco a concluir não podermos continuar
pontos do país e 5 Cursos Bíblicos. o Domingos Moreira e a sua Maria anunciando um Deus–bombeiro, um
Quem diria?! Celeste, nem a mais suave de go- Deus que é remédio para tudo. E já
Não há duvida nenhuma de que zarmos com ver, a par dos frescos que uma das maiores carências do
hoje a FRATERNITAS é, além de 85 anos do Manuel Ferreira da Silva, Mundo de hoje é a da relação, a de
sólida associação, um autêntico o rebentar da vida naquela mão termos com quem nos relacionar, nos
movimento. Mas, movimento em cheia de crianças e até de bebés. É abrir, com quem partilhar, há que fa-
que sentido? Apenas num só sentido verdade: a família da FRATER- zer da relação um núcleo central da
— o vertical; no sentido de ser mais NITAS contou desta vez — e que Nova Evangelização. Daí a neces-
e serem melhores. Ser mais, como bom que isso foi! — com a presença sidade de um culto diferente de
Participantes no
associação, na fidelidade à Fé Cristã. da Ana Helena que já disse “Pala- Deus, de nova linguagem, de outras
Serem melhores os seus membros, vra do Senhor” a uma leitura da Eu- experiências de Igreja. Quiçá, de
no conhecimento, na vivência, no caristia, como com a do Filipe que inventarmos uma outra liturgia
testemunho e no serviço quotidiano se faz a isso, da já habitual (e diria europeia.
e circunstancial dessa mesma Fé, mesmo: indispensável?) Joana, da do A tarde do primeiro dia do En-
não fossem eles sacerdotes dispen- David que ainda não sabe bem que contro foi preenchida pela realização
sados do ministério, casados ou não. está no Mundo, o que sucede igual- estatutária da Assembleia Geral da
E temo-lo visto: na vida e na morte; mente ao Samuel, e das do Daniel e FRATERNITAS. Apreciados o
na saúde e na doença; na alegria e do Guilherme. Enfim, é mesmo a Relatório de Actividades de 2002-
na tristeza; no prazer e na dor; na Vida, o mistério da Vida, aquela que 2003 e as Contas da Gerência de
companhia e na solidão; no trabalho mais facilmente nos leva ao Mistério 2002, foram os mesmos aprovados
e na aposentação. Sempre. E nas de Deus. como não podia deixar de ser, já que,
mais diversas circunstâncias. Na Sob o signo de “Nova Evan- entre nós, “não é o homem que foi
verdade, algo de novo se passa en- gelização. Novos Caminhos da feito para o sábado, mas o sábado
tre nós. Igreja”, o X Encontro Nacional para o homem” (Mc. 2,27). Quer
Com efeito, de cada vez que nos
juntamos para um Encontro, um
Retiro, um Curso ou apenas uma
estatutária e supostamente anódina
Assembleia Geral, mais se repercute
no ambiente e na circunstância a voz
quente e exultante do salmista: Ecce
quam bonum et quam iucundum
habitare fratres in unum! (Para os
que continuam aborrecendo o latim
jeronimiano da Vulgata, aqui vai o
português da Liturgia das Horas:
“Oh! Como é bom e agradável Frei Bento Domingues, orientando uma das reflexões.
5. espiral 4
5
N A L D A F R AT E R N I TA S
um consigo mesmo. À luz do Evan- que é de todos e para todos os seres
gelho, naturalmente.” humanos. Será isso que a Igreja e
Por fim, foi rejeitada uma os cristãos de hoje anunciam? Ou,
proposta de alteração aos Estatutos, pelo contrário, a nossa maior
a qual previa que o presidente da preocupação (e ocupação) como
direcção não podia ser reeleito para cristãos é colocar Deus ao nosso
o mesmo cargo por mais de dois serviço, é captar Deus para o nosso
mandatos sucessivos. lado?
Esta parte do X Encontro Na- Claro que uma Nova Evan-
cional terminou com uma agradável gelização deverá, em primeiro lugar,
notícia: a Antónia Sampaio Ferreira, deixar Deus à vontade; como que
Secretária da Direcção, anunciou libertá-l’O — Spiritus ubi vult
que, a partir daquela data, existia na spirat (Jo. 3,8). Depois, perguntar:
Web uma página da FRATERNITAS, De que é que o Mundo e a Huma-
lá passando a vir tudo. Abram-na e nidade de hoje mais precisam? (A
leiam-na. Mais, dêem-na a ler. O tal necessidade e até dever de escu-
X Encontro Nacional (na foto não couberam todos!...).
endereço electrónico é: ta). Em seguida: Que é que Deus tem
dizer: cumpre-se a letra dos www.geocities.com/fraternitasmovimento. de novo que deva ser anun-ciado? E
Estatutos como quem serve porque No sábado 26 tivemos o anunciá-lo. Possivelmente, usando
ama, e não como quem serve, ou se dominicano frei Bento Domingues uma nova linguagem que se traduza
serve, por outra qualquer razão. que, repegando o tema de “Nova tanto em palavras como em obras.
Acima da lei, a pessoa do outro! Evangelização, Novos Caminhos E nunca esquecendo: Ninguém deita
da Igreja”, andou connosco todo o vinho novo em odres velhos; se o
Também foi apreciado e votado
fizer, o vinho romperá os odres e
favoravelmente o Plano de Ac- dia à procura do que possa, hoje em
perde-se o vinho, tal como os odres.
tividades para 2003-2004, o qual dia, ser novo na Evangelização. Isto
Mas, vinho novo em odres novos
contempla, já para 28 de Novembro/ porque, se a evangelização de Jesus
(Mc. 2,22).
1 de Dezembro, um Curso de de Nazaré trouxe ao Mundo de então
algo de novo (para ter sido “evan- O X Encontro Nacional fechou
Actualização Teológica sobre “Os
gelização” deve ter trazido uma com chave de ouro. Na manhã de
Novíssimos”. O XI Encontro Na-
nova boa), do mesmo passo a nossa Domingo 27, precedendo a Missa de
cional está marcado para de 23 a 25
Encerramento (uma autêntica Eu-
de Abril de 2004, e intensificar-se- só será evangelização se trouxer al-
-Caris-tia), o Pacheco de Andrade
-á a realização de Encontros go de novo ao Mundo de hoje. Para
traçou-nos — e ninguém melhor do
Regionais, inclusive nos Açores. O tanto, há que indagar, em primeiro
que ele para no-lo fazer — um
Plano de Actividades deposita igual- lugar, se a Igreja atrai os jovens, pois
retrato da personalidade, do
mente as maiores esperanças no bo- trata-se de rejuvenescê-la. Em
pensamento e da obra do que foi
letim Espiral, que “pode ser um segundo lugar, é preciso fazer dela
bispo do Porto, D. António Ferreira
instrumento importante, não só para (Igreja) uma instância de escuta ao
Gomes, um verdadeiro Sacerdote e
dar a conhecer a FRATERNITAS, Mundo, de atenção à realidade, a fim
Profeta. Só não foi rei porque, para
como também para nos ajudar a de lhes poder levar depois algo de
tanto, teria de violar a própria
reflectir sobre a problemática que novo, no sentido de Boa-Nova.
consciência, violentando-se, o que
envolve a situação eclesial dos seus Na verdade, o que Jesus de Na- D. António jamais faria. Uma
membros, clarificando as razões da zaré trouxe de novo ao Mundo foi a perpétua e permanente lição para
alteração de trajectória profissional revelação de um Deus voltado para todos nós! !
e procurando a reconciliação de cada o ser humano (relação), de um Deus A. & A.
6. 6 espiral
(continuação da pág. 3) Alguém que tinha dentro de si um aqui. Nunca vos transformeis em gru-
vulcão em ebulição e que ainda não po de pressão.”
mem que vive tão intensamente o entrara em actividade, pois era a pri- A Eucaristia
amor de Deus e o amor aos homens, meira vez que contactava com gente Terminados os trabalhos da ma-
seus irmãos, com especial relevo, da Fraternitas, lança, em lavas nhã, dirigimo-nos à Capela para vi-
como não podia deixar de ser, aque- incandescentes, o que lhe ia na alma. vermos a Eucaristia sob a presidên-
les que são mais irmãos, ela e os três Estava ainda muito magoado, o nos- cia do Senhor Patriarca. Embora o
filhos que, por graça de Deus, procu- so Poço!... Esperamos em Deus que tempo não fosse muito para a prepa-
ram ser apóstolos no meio em que já se encontre melhor, neste momen- ração dos cânticos, a Celebração foi
vivem. Assim, em vez de um, são cin- to. viva e participada, tornando-se assim
co a fazer apostolado e a viverem em Porque se aproximava a hora da o centro do Encontro. E, alimenta-
Igreja. Eucaristia e uma vez que o Senhor dos com o Pão do Espírito, fomos ali-
O Abílio Cardoso tomou a pala- Patriarca, que presidia à mesma, não mentar-nos com o outro pão.
vra para nos dizer que “embora per- dispunha de mais tempo, foram in- Após o almoço, frugal, mas ale-
tença à Fraternitas, a sua assiduida- terrompidas as intervenções que con- gre e comunicativo, e depois de uns
de às actividades tem sido pouca, pois tinuariam de tarde, após o almoço, momentos de convívio fraterno, vol-
pensava que os objectivos desta se re- tendo o Senhor Cardeal Patriarca en- támos à sala para continuarmos a
duzissem a fazer renascer a nostal- cerrado a sessão da manhã com pa- vivência dos testemunhos.
gia e o regresso ao passado... Feliz- lavras repassadas de amizade frater- Estes foram iniciados por um ca-
mente que já pude sentir que é preci- nalmente sacerdotal. sal novo, novo em idade e novo nos
samente o contrário e que, como pa- Depois de saudar todos os presen- Encontros, pois era a primeira vez
dres casados, temos um papel impor- tes, uma vez mais, falou-nos da ale- que tomava contacto connosco: o
tante a desempenhar na Igreja...” gria que sentia por se encontrar no Vicente e a Cidália, acompanhados
A sua mulher, a Maria da Luz, meio de nós, elementos da Fraterni- do seu lindo pimpolho, o Samuel. A
“pegou” na palavra do Abílio e, com tas, da aceitação que esta sempre ti- Cidália começou por nos falar das
um misto de graça e de verdade, deu- vera entre os elementos da Conferên- dificuldades de vária ordem por que
nos conhecimento de que conhecera cia Episcopal, afirmando que “Os têm passado, a começar pela língua,
o Abílio não como padre, e muito Bispos achavam que a Fraternitas dado que o Vicente não é português.
menos como ex-Reitor do Seminário poderia preencher uma lacuna exis- Terminou o seu depoimento afirman-
dos Olivais, mas num convívio de tente no seio da Igreja... Esta situa- do que se sentiam felizes por terem
colegas da escola onde ambos eram ção de padres casados é nova, na Igre- participado neste Encontro.
professores. Foi nesse convívio que ja, e devemos pensar que ela não es- Depois foi a vez do nosso Presi-
a chefe da secretaria lhe falou das tava preparada para a enfrentar. Te- dente tomar a palavra para recordar
muitas qualidades do professor Abí- mos de ser compreesivos para certa a todos os presentes que um dos prin-
lio, pessoa muito inteligente e sem- demora de abertura da legislação da cipais objectivos da Fraternitas é en-
pre disponível para aceitar todos os Igreja a este e outros problemas... Não contrar um Ponto onde todos aqueles
trabalhos que mais ninguém queria. há dúvida que o contributo da Fra- que iniciaram uma caminhada e de-
O único problema foi quando, já ena- ternitas tem que ser assinalado no pois mudaram de direcção se possam
morada do professor, confessou o seu processo histórico da Igreja em Por- encontrar e sentir que todos fomos
tic...tac... de coração à mãe e esta lhe tugal... Estamos num período de chamados por Deus à felicidade e que
diz que o eleito do seu coração era mudança... Estamos num período de podemos chegar a Ele por caminhos
padre e que fora ele quem presidira antítese e não sabemos bem quando vários. “A Fraternitas apoia a mudan-
às suas Bodas de Prata!... chegaremos à síntese... A Igreja tem ça assim como apoia o casamento.
Vem a seguir o Jana, no uso da de ter a capacidade para aceitar a Este é uma opção válida e todos nós
palavra, para nos relatar o seu per- pluralidade no seio da verdade e da temos de sentir que não estamos er-
curso até ingressar na Fraternitas e o sinceridade, como é o vosso caso... rados. Tudo acontece por bem e para
que esta representa para ele: “[...] Um Como Movimento de Igreja, nunca nosso bem...”
Polo que nos tem ajudado a actuali- deveis desistir, mas antes procurar O Francisco Silva testemunhou,
zar a nossa formação e onde se vive possuir a virtude da Esperança...” depois, a alegria que sente à sua vol-
um ambiente mais fraterno, de pro- E terminou as suas palavras de ta quando vai de visita à Paróquia
funda amizade...” Pastor com um apelo: “Peço-vos que onde exercera o sacerdócio.
Depois... depois... foi a onda!... procedais como o tendes feito até
7. espiral 6
✑ Cartas...
Estimados Consócios da Fraternitas
Recebi o vosso postal — fruto da reunião de Sempre defendi e defendo que o sofrimento é
25 de Abril. Obrigado! um valor. E precioso. A todos — obrigado!
Com o auxílio duma lupa consegui ler todos A todos — Paz em Cristo.
os nomes: de A (Abílio) a Z (Zélia). Casal Nabais
Nessa tarefa, a memória segredou-me o Sesimbra, Maio de 2003
aforismo “se amas alguém, não lhe ouças apenas
os sons, escuta-lhes os silêncios também”. Escu-
tei. MANUEL NABAIS
Deus brindou-nos com muitas alegrias e rosas Lg. D. Nuno Álvares Pereira, 17 - 1º Esqº
(dois filhos, dois netos e três netas). Hoje prova- 2970-662 SESIMBRA
Telf.: 212 233 537
nos com os espinhos.
muito bem e se comprometeu a tra- a Igreja e os irmãos e não apenas
Seguiu-se o testemunho do Fer- tar da sua dispensa do exercício das um...”
reira da Silva que nos afirmou ter-se Ordens para que a Igreja não perdes- A hora ia adiantada, havia alguns
recusado a responder aos inquéritos se um filho que tanto lhe tinha dado. participantes de longe e tínhamos de
da Santa Sé por achar que eles feri- “Hoje, sinto-me felicíssimo no seio encerrar o Encontro com as palavras
am a sua dignidade de homem e de da minha família e, com a minha do nosso Presidente, João Simão, que
padre. Valeu-lhe o Bispo D. Júlio mulher e meus três filhos, como ela acrescentou ao que já havia dito: “A
Tavares Rebimbas, que o conhecia há pouco disse, somos cinco a servir Fraternitas estabelece uma empatia
entre todos, cada um com seu feitio,
Novos Sócios da FATERNITAS a sua maneira de ser e de pensar, mas
uma coisa temos em comum, e isso
Admitidos na Reunião de Direcção de 17 de Maio de 2003
nos une: o sacerdócio e a necessida-
Nº 95 - MANUEL FERREIRA DA SILVA e MARIA CRISTINA GONÇALVES VIEIRA
de de nos encontrarmos para desaba-
DE CASTRO
far e pôr em comum aquilo por que
Rua Prof. Mira Fernandes, Lote 17 - 3º Dtº passámos. É urgente que o caminho
1900-380 LISBOA aberto aos nossos irmãos leigos pos-
sa ser o princípio de mudança na
Nº 96 - BRÁULIO VEIGA MARTINS e MARIA JOSÉ DE ALMEIDA SANTOS
MARTINS
Igreja para que esta aproveite os pa-
Tv. 1º de Maio, 80 dres casados e que renasça uma nova
5425-052 VIDAGO Igreja de Cristo...”
Muitos abraços de despedida e ou-
Nº 97 - VINCENT NORBERT DE SOUZA e CIDÁLIA JOSÉ DE MATOS COSTA
tro dos vossos, !
Via Rara
2695-396 SANTA IRIA DE AZÓIA Maria Antónia
Nº 98 - DAVID MARQUES DA SILVA e PAULA DE JESUS CASTANHEIRA LOPES
e Zé Sampaio
DA SILVA
Rua Padre Mário Martins, Lote 15 - 2º Esqº
Secretariado:
2350-526 TORRES NOVAS e-mail: fraternitas@iol.pt
8. CONCLUSÕES
DO
X ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO FRATERNITAS MOVIMENTO
A Associação Fraternitas Movimen- manhã do dia 25, o Senhor D. Albino 2. É que a Igreja, para evangelizar, não
to realizou em Fátima, nos dias 24 a Cleto, Bispo de Coimbra. Após uma pode cair nas tentações em que Je-
27 de Abril de 2003, o seu X Encon- elucidativa panorâmica do que foi a sus de Nazaré não caiu, isto é, nas
tro Nacional que constou de duas par- Evangelização na Europa durante os tentações do poder, do domínio;
tes: uma, de reflexão sobre o tema dois primeiros milénios de Cristianis- 3. Sendo a evangelização, de sua natu-
“Nova Evangelização. Novos Cami- mo, a reflexão em conjunto levou às reza, uma “novidade”, a primeira
nhos da Igreja”, e a sessão anual ordi- seguintes conclusões: coisa a fazer é descobrir o que a
nária da Assembleia Geral. 1. Não podemos continuar com o anún- evangelização de Jesus Cristo trou-
I cio de um Deus-bombeiro, como se xe de novo. Essa novidade foi a re-
Sobre esta última, e depois de longa e n’Ele e na pessoa de Jesus Cristo re- velação de um Deus voltado para as
muito participada discussão e aprecia- sidisse o único remédio para todos pessoas, um Deus que é de todos sem
ção dos vários pontos da Ordem de Tra- os males de que sofre o nosso mun- excepção, e não um Deus apropria-
balhos por parte dos setenta sócios pre- do; do, isto é, posto ao serviço de ape-
sentes, a Assembleia Geral: 2. Uma vez que uma das maiores ne- nas alguns;
• Aprovou o Relatório de Actividades cessidades do mundo actual é a re- 4. Daí a necessidade primordial e ine-
e as Contas da Gerência, referentes lação inter-pessoal, a Nova Evangeli- lutável de a Igreja estar sempre atenta
a 2002; zação terá de fazer-se também, se- à realidade, de escutar continuamen-
• Aprovou igualmente o Plano de Ac- não mesmo sobretudo, pela prática te a Humanidade e cada ser humano
tividades para 2003 e a Previsão de novas formas de relação inter-pes- nas suas aspirações, de modo a aper-
Orçamental para o mesmo período; soal; ceber-se do “sentido novo” que a
• Recomendou à Direcção uma pos- 3. Nesse sentido, há que fazer apelo à Evangelização lhes pode trazer.
sível intensificação dos Encontros criatividade, porventura a uma Como consequência, o vinho novo
Regionais e a sua eventual extensão reinvenção da liturgia europeia, à da evangelização só pode ser trans-
às dioceses insulares, nomeadamen- transformação do actual serviço so- portado e conservado em odres no-
te à Diocese de Angra; cial da Igreja em serviço de amor, vos (Lc 2,22). A Igreja deve, por isso,
• Recomendou do mesmo passo à Di- em serviços que “incomodem”, e, ser e aparecer a todo o ser humano
recção que estude e envide esforços sem prejuízo do sagrado, a uma re- como instituição que escuta e serve,
no sentido de uma prudente abertu- modelação da linguagem cristã. mais atenta aos de fora, nomeada-
ra ao exterior, com o objectivo de es- III mente aos excluídos e marginaliza-
tabelecer parcerias com outras orga- Orientador da reflexão sobre o tema do dos, dando-lhes voz e vez;
nizações e movimentos laicais da Encontro, durante o dia 26, foi o do- 5. Assim, poder-se-á encarar a nova
Igreja, e de fraternas relações com minicano Frei Bento Domingues que, evangelização como instrumento
associações e movimentos congé- no seu estilo muito próprio e revelando para o rejuvenescimento da Igreja.
neres do estrangeiro; uma exemplar familiaridade com a Mas aqui há, em primeiro lugar, que
• Rejeitou uma proposta de alteração Mensagem Evangélica, nos proporcio- perguntar: Porque é que a Igreja não
do Artigo 9º dos Estatutos, a qual nou chegarmos às seguintes conclusões: atrai os jovens? Em segundo, e ten-
previa que o Presidente da Direcção 1. A Nova Evangelização e os Novos do em conta que, no início da Igreja,
não podia ser eleito para o mesmo Caminhos da Igreja, como quer que foram diferentes as testemunhas so-
cargo por mais de dois mandatos su- os entendamos, pertencem à ordem bre o Ressuscitado, porque é que
cessivos. dos meios e não à dos fins. Por con- hoje não há-de haver, como meio de
seguinte, devem ser sempre encara- evangelização, a pluralidade na uni-
II
dos como instrumentos e nunca dade?
No que concerne à reflexão sobre o
tema: “Nova Evangelização. Novos como definições de que “agora o ca- IV
Caminhos da Igreja”, foi orientador, na minho é por aqui”; Na parte da manhã do dia 27 foi evocada
a grande figura da Igreja portuguesa
que foi D. António Ferreira Gomes,
boletim da
espiral associação fraternitas movimento
pelo nosso colega Caetano António
Pacheco de Andrade.
Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO
Responsável: Alberto Osório de Castro
Abril de 2003
e-mail: a-osorio-c@clix.pt
Nº 11 - Abril/Junho de 2003
A DIRECÇÃO