1) A Fraternitas realizou seu 34o Encontro Nacional em Fátima para discutir o futuro do movimento e a Igreja que querem construir.
2) Participaram 38 pessoas no encontro onde discutiram estratégias regionais e elegeram um novo assistente espiritual, bispo D. Jacinto Botelho.
3) Membros refletiram sobre como manter a Fraternitas viva e relevante nos próximos 20 anos desde sua fundação.
1. Espiral ________________________________________________________________________ 1
espiralBoletim da Associação FRATERNITAS MOVIMENTO – N.º 51 – abril 2013-abril 2014
espiral.fraternitas@gmail.com | http://fraternitasmovimento.blogspot.pt
Futuro da Fraternitas discute-se em Fátima
FERNANDO FÉLIX, presidente
Por vontade dos sócios da Associação
Fraternitas Movimento, exerço, desde abril de
2011, a função de Presidente. Sou o quarto
coordenador deste Movimento. Em abril será
eleita a nova direção.
Somos padres casados, dispensados do
exercício do ministério, e formamos famílias
sacerdotais com as nossas mulheres. Estimamos o
sacerdócio. Valorizamos os sacerdotes. Apoiamos
a fidelidade à vocação recebida de Deus. Temos o
celibato como dom de Deus para o cumprimento
de uma missão. Somos, igualmente, sensíveis à
nova situação daqueles que pediram dispensa das
obrigações sacerdotais e abraçaram uma nova
condição de vida. Uns, porque crêem que era hora
de corrigir um caminho vocacional equivocado,
outros porque estão convictos de que é possível
coexistirem o sacerdócio casado e o sacerdócio
célibe. Sabemos que nem sempre são felizes,
porque precisam de apoio. E, por outro lado,
também aqueles que encontraram paz na nova
condição gostam de partilhar as suas alegrias e de
ajudar quem precisa de ajuda.
Graças ao Cónego Filipe Figueiredo, a
Fraternitas nasceu com seis objetivos (aprovados
pela Conferência Episcopal Portuguesa na
Assembleia Plenária de 2 a 5 de maio de 2000):
1. Ajudar espiritualmente os seus membros,
proporcionando-lhes um espaço de encontro
fraterno e acolhedor, onde se possam sentir
compreendidos e encorajados;
2. Fomentar a amizade, a convivência e a
solidariedade entre todos os seus membros;
3. Apoiar os membros que se encontrem em
dificuldades de qualquer ordem;
4. Estudar em Igreja formas de colaboração
visando o aproveitamento das capacidades e
potencialidades dos seus membros, nomeadamen-
te nas áreas da ação social e da educação religiosa
e cívica, bem como em atividades pastorais
consentâneas com a sua situação;
5. Proporcionar apoio espiritual aos padres que
deixaram o ministério e de modo particular aos
que ainda não regularizaram a sua situação;
6. Memorar espiritualmente os membros
falecidos e diligenciar assistência material e
espiritual aos seus familiares.
Para os cumprir, a Fraternitas: organiza retiros;
realiza encontros-convívio; colabora em cursos,
palestras e atividades culturais e teológicas;
promove ações sociais; publica o boletim Espiral
e marca presença na Internet; colabora com a
comunicação social e com entidades eclesiais.
Objetivos cumpridos?
Conhecemos e ouvimos falar de padres
diocesanos e de membros de congregações
religiosas que pediram a dispensa das obrigações
sacerdotais ou que iniciaram o processo ou, mais
recentemente, que se autodispensam… Será útil
apresentar-lhes a Fraternitas?
E nós, como nos vemos como Associação, e
como Movimento? Continuamos a sentir-nos
família, a ser apoiados? Gostamos de partilhar
com os demais membros as graças recebidas?
Este boletim é quase uma carta longa.
Precisamos que abram o vosso coração no 36.º
Encontro Nacional, em Fátima, de 24 a 26 de
abril. Participem! Façam-se presentes!
2. Espiral ________________________________________________________________________ 2
Reflexões sobre o 34.º Encontro Nacional,
de abril de 2013, em Fátima
URTÉLIA SILVA, secretária.
Decorreu na Casa Nossa Senhora das Dores,
em Fátima, o 34.º Encontro Nacional, com o tema
«Que Fraternitas queremos, para que Igreja?», de
26 a 28 de abril de 2013, tendo contribuído no
período da tarde de sábado, com o tema «Nós
Somos Igreja: Que Movimento para que Igreja?»,
Pedro Freitas, presidente cessante do Movimento
Nós Somos Igreja Internacional (MINSI),
atualmente responsável pela presença na Internet.
Em Portugal, é um dos dois responsáveis pela
informação na Internet (nsi.pt) e a Fraternitas está
inscrita na sua rede.
Inscreveram-se 41 pessoas, sendo 34
associados (10 casais, 13 singulares e a Tita) e 7
não associados (1 casal e 5 individuais).
Participaram 38 pessoas. O casal não associado é
da Igreja Batista, sendo ele pastor (e gere o
blogue http://fimdocelibatoja.blogspot.pt). Na
assembleia geral, participaram 35 associados.
Para este encontro, para além do convite
dirigido a padres dispensados e à espera de
dispensa não associados com endereço
electrónico, foram enviadas 15 cartas pelos CTT.
Foram quatro não associados a transmitirem a
impossibilidade de participação. Regista-se o
“recado” de José Rodrigues Lima, residente em
Viana do Castelo: «Não deixem cair o
profetismo. (…) Votos de uma boa vivência
fraternal, com o coração centrado em Cristo
Ressuscitado.» E foram vários os associados que
“justificaram” a não participação, a maioria por
motivos de doença dos próprios e/ou de
familiares a seu cargo.
As Orações da manhã e da tarde, e a “Tertúlia:
Poesia do Pão e do Vinho” foram preparadas e
conduzidas pelo casal A. Carlos Reis e Glória
Marques, de Vila Nova de Gaia.
O sábado de manhã foi dedicado a encontros
por grupos ao nível de regiões: Norte/Nordeste,
Centro e Lisboa/Sul e destinados à “Definição de
estratégias para a realização de encontros
regionais”. As equipas responsáveis organizarão e
comunicarão oportunamente.
Da Assembleia Geral
O secretariado informou que a média da idade
dos associados, apenas dos padres dispensados do
exercício ministerial, é de 73,55 anos.
Deu a conhecer a proposta de sócios – Olindo
Pinto Marques e Maria Evelina Ribeiro de
Oliveira, residentes em Marrazes/Leiria. Terão o
n.º 113. O casal tem duas filhas – a Cátia, em
Zurique, e a Joana, estudante, já participantes em
vários encontros nacionais. O Olindo é entendido
em música, ajudou e tem ajudado na animação
litúrgica, tocando órgão.
Comunicou o pedido de desvinculação do
casal Viana Pereira (Manuel e Maria Dolores
Varanda Machado), residentes em Rio Tinto.
O tesoureiro, Fernando Ribeiro Neves, devido
aos problemas de saúde, foi substituído por
António Almeida Duarte, também vogal da
direcção.
Foram aprovados os documentos da vida
específica da Associação (relatório e plano de
atvidades), ficando os da tesouraria para
apreciação e aprovação numa próxima assembleia
geral.
O presidente da mesa, José Serafim Alves de
Sousa, anterior presidente da direção, apresentou
as suas diligências na busca de um assistente
espiritual. Aceitou D. Jacinto Tomás de Carvalho
Botelho, que, após proposta da direção à
Conferência Episcopal Portuguesa, esperamos,
em esperança, a sua nomeação. D. Jacinto esteve
presente no término da assembleia geral e
presidiu à Eucaristia, no encerramento do
Encontro. É BEM-VINDO!
D. Jacinto Botelho nasceu a 11 de setembro de
1935, em Prados de Cima, Vila de Rua,
Moimenta da Beira. Foi ordenado presbítero em
15 de agosto de 1958. A nomeação episcopal
aconteceu a 31 de outubro de 1995 para Auxiliar
de Braga, com o título de Tácia Montana, e a
ordenação episcopal celebrou-se a 20 de janeiro
de 1996, na Sé de Lamego.
Foi bispo de Lamego de 20 de janeiro de 2000
até 19 de novembro de 2011, data da sua
resignação. É Bispo Emérito de Lamego desde 29
de janeiro de 2012.
3. Espiral ________________________________________________________________________ 3
«Na procura de caminhos novos»
ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal.
No domingo seguinte ao Encontro
Nacional da Fraternitas, em Fátima, visitei, na
Gulbenkian, em Lisboa, uma exposição
hostórico-científica. Esta destacava o impacto
que as grandes viagens oceânicas de
portugueses e espanhóis (séculos XV e XVI)
tiveram no conhecimento do mundo e na
ciência europeia. No termo desta visita,
impressionou-me uma frase de Francis Bacon
(1620), que registei: «Seria lamentável se, no
nosso tempo (1620), em que as regiões do
globo material foram abertas e reveladas, o
globo intelectual permanecesse encerrado
dentro dos estreitos confins das antigas
descobertas.» Esta frase conduziu-me ao
guião temático do Encontro Nacional: «Que
Fraternitas queremos, para que Igreja?»
a) Uma Igreja de inclusão – acolhedora e
clemente – ou uma Igreja centralista e
monárquica, blindada nos seus ritos e nos
seus dogmas?
b) Uma Igreja de comunhão na diversidade
de dons ou uma Igreja formatada e
monolítica, que impede o sopro do Espírito Santo?
Atente-se na lei do celibato obrigatório: uma lei
imperativa que atropela o direito natural. Com um
sacerdócio ordenado plural – pelo qual a Fraternitas
se bate – daria mais crédito e fecundidade ao
sacerdócio celibatário e resolveria gravíssimos
problemas de evangelização.
E nesta procura de caminhos novos, a Fraternitas
vai mantendo diálogo cooperante com movimentos e
comunidades de base, onde se faz sentir o sopro do
Espírito, como é o caso do movimento Nós Somos
Igreja, representado no Encontro pelo seu ex-
presidente Pedro Freitas; e a comunidade do P.e
Rui
Santiago, que nos vai estimulando através dos
contributos do casal sacerdotal Carlos Reis e Glória.
E este intercâmbio fecundo esteve bem presente neste
como noutros encontros Fraternitas.
E nele se memoraram, como sempre, todos os
membros falecidos, e os viúvos e as viúvas. E nunca
como neste Encontro o peso dos singles foi tão
visível, mostrando que a idade não perdoa e há que
refletir no futuro – futuro em que seremos
acompanhados pelo novo assistente espiritual, o
emérito bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho.
Caminhando para os 20 anos da Fraternitas
ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal.
«Não há história definitiva, pela simples
razão de que a palavra pronunciada, por mais
fundadora e fecunda que possa ser, está ela
própria sujeita ao tempo, torna-se ela própria
passado, objeto de outras experiências, i que
quer dizer que tem de ser constantemente
renovada, constantemente pronunciada, para
se manter viva. A sua relação com uma
instruída Palavra eterna exige a sua
atualização constante, para que o tempo não
devore tudo» (José Mattoso, A Escrita da
História).
Em agosto de 2016, faz a Fraternitas 20
anos de vida – 20 anos de testemunho
profético coletivo, cujo significado é lembrar
que o Cristianismo nasceu plural e plural
Deus o quer, respeitando os carismas e as
opções individuais de cada pessoa.
Para manter vivo este elã profético vamos
memorar um texto de João Simão, de 31 de
julho de 1999, na Casa Nossa Senhora do Carmo, em
Fátima, que marca o espírito e o rumo destes 20 anos
de caminhada:
«Era uma vez um padre, e mais outro, e mais
outro, e outro ainda, que, por uma razão ou por outra,
nesta circunstancia ou naquela, mas geralmente por
coerência, um dia deixaram de exercer o ministério.
Para conseguir a dispensa oficial, foi necessário dizer
muitas coisas sobre a sua sintonia teórica com uma
entidade concreta – a Igreja. Mas o objetico era
alcançar a paz com a sua consciência e com a Igreja.
Ontem, a dispensa do ministério era uma pena
canónica. Hoje, também pode ser uma concessão.
Mas as condições inerentes a essa dispensa e a
prática seguida após a concessão, quase fazem
equivaler as duas situações. Há, todavia, uma
diferença: é que agora é possível a paz.
Na sociedade civil estes homens são geralmente
cidadãos válidos, com uma situação social
conquistada a pulso, colaborativos, reconhecidos pela
sua atuação e respeitados. Constituem mesmo a
4. Espiral ________________________________________________________________________ 4
tradução prática, no terreno, da doutrina que
outrora pregaram.
Mas na sociedade eclesial aquela paz tem o
seu preço: a proscrição, a condição de
renegado, o «nec nominetur in vobis» («nem
sequer se fale entre vós»). Humilhados, sem
direitos, constituídos abaixo dos leigos.
Isolados por força da formação recebida,
nostálgicos dum ideal que lhes animou a alma
na juventude – e que não se perde nunca.
Disponíveis, mas desaproveitados. Aptos, mas
não queridos. Tudo isto em nome de um
princípio não fundamental. Par anão abrir
brechas num dado ordenamento disciplinar.
Para aí estavam, cada um em seu canto,
anónimos, marginais, não sabendo uns dos
outros. Sem ninguém que verdadeiramente os
entendesse.
Um dia surgiu um homem da Igreja que
resolveu convocá-los para um retiro. Esse
retiro, também mercê da forma como foi
conduzido pelo Senhor D. Serafim, acabou
por ser o encontro dos desencontrados, a
descoberta dos irmãos e das irmãs, o nascimento de
uma nova família, a Fraternitas. Parece que já nos
conhecíamos desde sempre! Encontrámos um
ambiente onde todos nos entendemos, onde as
palavras saídas de dentro são entendidas em toda a
sua profundidade. A alma pôde abrir-se porque
encontrou eco noutra alma igual. Há lá coisa mais
bonita do que sentir-se entre irmãos?
A Igreja do futuro será de pequenas comunidades,
constituídas não em função do território, mas das
afinidades. Estas unem mais do que aquele. Todas
estas comunidades são caminho para o Pai. A sua
importância está aí. A Fraternitas pretende ser uma
dessas pequenas comunidades dentro da Igreja.
Este homem é o Senhor Cónego Filipe Marques
de Figueiredo, filho de Aveiro e sacerdote de Évora.
Homem de Deus e dos irmãos, com vocação para os
marginalizados. Os membros desta pequena
comunidade nascente não podem deixar de
manifestar ao Cónego Filipe a sua gratidão pela
iniciativa de nos chamar e pelo amparo a nós
dispensado. Pedimos a Deus que o “faça” continuar
connosco, para nos ajudar a seguir o caminho certo.»
Haver verbo e não haver verba
ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal.
Este trocadilho sábio ouvi-o no contexto do
III Colóquio Internacional de Teologias
Feministas (Lisboa, 15 e 16 de novembro de
2013). Disse-o Teresa Toldy, presidente da
Associação Portuguesa de Teologias Feministas
na hora de dar conta aos participantes da vida da
Associação e do lançamento do livro do II
Colóquio Internacional (novembro de 2012). É
que, contrariamente a 2011, em que do colóquio
houve edição do livro em papel e em suporte
digital, de 2012 só foi possível a edição digital,
por «haver verbo mas não haver verba».
Este comportamento sensato e tão bem
expresso conduziu-me a uma reflexão sobre a
situação financeira da Fraternitas, que agora torno
pública:
1 – Situação real na captação de ativos certos
(ou seja, quotas). Num universo aproximado de
90 sócios pagantes:
a) Em 2011, pagaram quotas 38 casais e 9
individuais.
b) Em 2012, pagaram quotas 37 casais e 9
individuais.
c) Em 2013, até novembro, pagaram quotas 21
casais e 7 individuais.
2 – Face a esta realidade houve necessidade de
tomar decisões para garantir a sobrevivência da
Fraternitas – corpus profético coletivo a chamar
ordeiramente a pluralidade no ministério
ordenado e o respeito pelas leis da natureza. Entre
as várias decisões a comunicar na próxima
Assembleia Geral (25 de abril de 2014, em
Fátima), registe-se a suspensão de três edições do
«Espiral», de que todos se deram conta.
3 – Apelamos, agora, aos que têm quotas em
atraso a conveniência em liquidá-las, ao menos
parcialmente, até ao fim de 2014.
Lembramos: a) A quota por casal é de 30
euros e a quota de individual é 20 euros
b) O número da conta da Fraternitas (NIB), no
Millennium BCP é 0033 0000 4521 8426 660 05.
4 – Quem tiver dúvidas sobre se tem quotas
em atraso, consulte o secretariado ou tesoureiro,
que, prontamente, responderá.
5 – Contactos do Tesoureiro: o novo tesoureiro
será eleito na Assembleia Geral em abril
próximo. Até lá, exerce António Duarte. Telefone
fixo 213 620 963; telemóvel 934 915 878.
Morada: R. Aliança Operária, 64, 4º Esq.| 1200-
049 Lisboa.
5. Espiral ________________________________________________________________________ 5
Perante esta crise, confiemos em Deus
(Acróstico composto do Livro dos Salmos, por JOÃO DA SILVA, sócio 59)
Povo de Deus, confia n´Ele em qualquer situação.
Ele protege a vida dos seus fiéis e liberta-os da mão dos injustos.
Reforça o vigor do Seu povo!
A esperança dos pobres jamais se frustrará.
Nossos antepassados confiavam em Deus … e Ele os salvava.
Todo o ser que respira, louve a Javé!
Ele é o nosso refúgio e a nossa força.
Estão os nossos olhos fixos em Javé, nosso Deus.
Se Javé não guarda a cidade, em vão vigiam os guardas.
Tem compaixão de nós, Javé, porque estamos fartos de desprezo!
A nossa vida está deveras feita do sarcasmo dos satisfeitos…
Cada qual mente ao seu próximo …e com grandes intenções.
Reconheço agora que Javé dá a vitória ao seu ungido…
Inclina o teu Céu e desce Javé …
Soberba do injusto persegue o infeliz.
Ele não desprezou, nem desdenhou a desgraça do pobre…
Celebrai o Deus dos deuses, porque o Seu Amor é para sempre!
O Senhor levanta-se, os seus inimigos debandam.
Não, os arrogantes não se mantêm na sua presença.
Feliz a Nação cujo Deus é Javé.
Invocamos o nome de Javé, nosso Deus.
Ele está perto de todos aqueles que O invocam…
Meus inimigos recuarão, quando eu Te invocar…
O indigente não será esquecido para sempre.
Sabei que Javé faz maravilhas pelo seu fiel…
Ele é um escudo para os que n´Ele se abrigam.
Muitos dizem: “Quem nos fará ver a felicidade?”
De Ti, Javé, vem a salvação e a bênção para o Teu povo.
Eles vão tremer de medo, porque Deus está com os justos.
Um descanso para a alma: a Lei de Javé é perfeita.
Senhor nosso Deus, como é poderoso o Teu Nome em toda a Terra!
O árduo caminho da construção do futuro
MANUEL ANTÓNIO RIBEIRO, sócio 81.
Todos os tempos de grandes viragens são
sempre causticados pela provação da incerteza e
do sofrimento. É o que está a acontecer com as
atuais mudanças de paradigma, impostas pela
presente crise, fazendo recair brutalmente sobre
nós medidas de austeridade muito mais dolorosas
do que pensávamos. São realidades
particularmente contaminadas por terríveis sinais
de desagregação. Tantas e tão perturbadoras são
as ondas de choque que este fenómeno está a
provocar na nossa sociedade, e até dentro de cada
um de nós, que se torna desnecessário aqui
recordá-las. Basta acompanhar as notícias que nos
entram pela casa dentro, para confirmarmos que
as portas do futuro parecem aferrolhar-se mais em
cada dia que passa. Ao vermos que nenhuma luz
6. Espiral ________________________________________________________________________ 6
se vislumbra ao fundo da escuridão do nosso
presente, cresce em muitos o sentimento de que
estamos aprisionados, com medonhos ferrolhos,
dentro de uma espiral de desespero.
É neste contexto que os alicerces da nossa
Esperança são postos à prova. Não são muitos os
que conseguem descortinar sinais que possam
levar a acreditar que no ser humano existe o
suficiente potencial de energia, capaz de fazer
inventar novos caminhos de futuro. Mas aqueles
que o conseguem testemunham diante de nós que
tudo se torna possível quando acreditamos que a
luz de Deus opera na opacidade do mundo. Foi
preciso ter chegado esta crise para constatarmos
que muitas das realidades em que assentava a
nossa confiança eram acenos inebriantes de um
espiritualismo desencarnado ou ilusões insensatas
de uma cultura fechada à transcendência, que, aos
poucos, foi rasurando os laços de comunhão que
deveriam plasmar o modo de estar na vida.
A presente crise e as distorções que ela
provoca, de que são exemplo a riqueza cada vez
mais mal distribuída e o número de vítimas a
tornar-se multidão, tem pelo menos o mérito de
mostrar como era vã a visão triunfalista com que
até há pouco tempo encarávamos a construção do
futuro. E o que se passa ao nível social e
económico pode também aplicar-se a alguns dos
contornos da crise no seio da Igreja, com
escândalos de vária natureza, que têm desfigurado
o seu rosto. Quando nos críamos muito seguros
de nós mesmos, descobrimos, da maneira mais
brutal, como eram débeis as realidades em que
assentava a construção da nossa confiança. Agora
que os acontecimentos nos forçam a conhecer
melhor as nossas debilidades, precisamos de
aprender como lidar com elas, abrindo-nos à
misericórdia de Deus, que transfigura as forças
rebeldes que existem dentro de nós.
As palavras e os gestos com que o papa
Francisco se apresentou à Igreja e ao mundo
surgem como um símbolo indicador do Norte que
deve guiar o caminho do futuro da Igreja… e do
mundo. É um sinal de esperança termos um papa
que no seu ministério de bispo adotou um estilo
de vida próximo dos irmãos, compartilhando a
condição ordinária do cidadão comum. É um
sinal muito significativo que ele, antes de dar a
sua bênção aos fiéis reunidos na praça de S.
Pedro, lhes tivesse pedido para invocarem de
Deus a bênção para o papa. É um sinal
iluminador saber que Jorge Mario Bergoglio
tenha pautado o seu ministério na Argentina pela
denúncia do poder corruptor do donos do
dinheiro, levantando a voz para denunciar as
injustiças sociais e a dignidade negada. O mundo
precisa destes sinais que mostrem que a Igreja se
constrói numa aproximação a cada pessoa, no
respeito pelo que ela é, sem um projeto prévio
para aqueles a quem se dirige, testemunhando
simplesmente o caminhar para o nosso Pai
comum, numa relação de não poder, de igualdade
e de reciprocidade.
Porque testemunhamos que Deus não desertou
deste nosso mundo, não podemos desesperar do
nosso tempo, em que a angústia e a ansiedade
aferrolham as portas do futuro de muitos dos
nossos contemporâneos. João Paulo II, no
encontro mundial da juventude de Toronto, em
2002, testemunhava «ter visto muitas coisas na
vida para estar convencido de maneira inabalável
que nenhuma dificuldade nem nenhum medo
podem ser tão grandes que consigam abafar
completamente a esperança que brota
eternamente do coração». É um testemunho
luminoso que nos deverá contagiar no meio da
crise por que atravessamos, que é
fundamentalmente uma crise de confiança. Não
se pode viver exclusivamente do que se vê e se
sabe, sem qualquer abertura confiante a um
horizonte que está para além de nós. A nossa vida
para nada serviria, se perdêssemos as razões de
viver, pois o ser humano só desabrocha à medida
dos olhares de confiança que sobre ele se lançam.
Como nos dizia o irmão Roger, feliz aquele que
caminha da dúvida para a claridade de uma
humilde confiança em Deus.
Nesta época escurecida por tantas realidades
sombrias, os cristãos viveriam de uma confiança
ilusória se não agissem nas situações concretas,
limitando-se a ser sentinelas adormecidas, num
contexto em que a humanidade vende a sua alma
nas praças financeiras. Por isso, o tempo de
Páscoa, que celebra o acontecimento fundador do
Cristianismo deve constituir para os cristãos um
acréscimo de motivação para agirem no mundo.
Faz-nos bem relembrar que a luz da madrugada
da Ressurreição irrompeu, após três dias de densa
escuridão, imposta pela morte, que parecia
mostrar-se triunfante. É o poeta Carlos Drumond
de Andrade que nos lembra que «a escuridão
estende-se, mas não elimina o sucedâneo da
estrela nas mãos».
Celebrar a Páscoa é sempre a proclamação de
que o lugar do túmulo vazio deixou de ser um
cemitério de morte para se transformar num
7. Espiral ________________________________________________________________________ 7
jardim de vida, mesmo que a nossa condição
humana seja tantas vezes a de caminhar à luz de
uma estrela no meio da noite. Como se tornaria
mais límpida a nossa confiança, se acolhêssemos
o eterno como «esse marulho em nós de um mar
profundo», intuído pelo mesmo poeta.
Breves dos associados
URTELIA SILVA, secretária.
Este artigo começou a ser editado para o
segundo trimestre de 2013. Foi sofrendo
remodelações durante os trimestres seguintes. Ei-
lo agora com traços do primeiro artigo, do
segundo e do terceiro. É a quarto atualização…
António Carlos Reis – Escreveu a Glória, sua
mulher, em 7 de fevereiro: «Só para vos dizer que
... foi um dia estranho este nosso dia de
aniversário (de matrimónio, a 5 de fevereiro,
ocorrido em 2000). Na consulta do meio dia,
recebemos a informação de que o PET dava
notícias das que não se desejam – as
sombras/nódulos dos dois pulmões resolveram
captar os iões que lhe foram apresentados... o que
quer dizer que a tuberculose dos 20 anos, à
partida, não deixa esse tipo de possibilidade e é
preciso saber o que são. Mas, o exame marcado
para dia 13 acabou por ser feito hoje numa vaga
que aconteceu inesperada no serviço de
imagiologia quando estávamos na consulta de
pneumo. Foi só mudar de pavilhão e... Já está!
Duas horas de recobro e nova TAC para
confirmar que estava tudo bem – durante o exame
aconteceram duas hemoptises violentas... e como
pode acontecer um pneumotórax quando destas
manobras, mais vale prevenir. Graças a Deus tudo
estabilizou e não aconteceu mais nada. (…)
Olhando para tudo isto só consigo, (…) dar
Graças a Deus pelo Amor vivido nestes 39 anos...
e pela gente boa e simpática e cuidadosa que nos
tem aparecido pela frente neste Hospital de
Gaia... e pelo Amor e amizade e cumplicidade de
todos vós, que nos fazem TÃO BEM!!! Um
abraço a todos, de nós dois, Glória e Carlos
P.S. 1: E se quiserem saber mais podem ir ao
blogue http://derrotarmontanhas.blogspot.pt de 7
de fevereiro.
P.S. 2: Para além disto, penso, há o carcinoma
da glândula salivar direita... mas ESTAMOS
BEM! A Graça de Deus é IMENSA e nos
acompanhará sempre. Acreditamos e serenamos
nessa certeza.... (…).»
Momentos depois acrescentava: «Interna-
mento às 8h30 de segunda-feira próxima.
Cirurgia em ORL.»
E a operação decorreu bem. Quanto à
comunicação entre nós, adiantou: «(…) Faz como
for melhor, mas, se mandares a alguém, pede que
aguardem notícias que nós daremos assim que
houver. Mandaremos depois essas para ti para
reencaminhares. Não vale a pena por meio mundo
em sobressalto...»
António de Jesus Branco – Foi submetido a
uma intervenção cirúrgica ao coração (problemas
na válvula mitral), pela segunda vez, em meados
de 2013.
António José L. Regadas e Carla Paula M.
Moura – Contraíram o matrimónio (o rescrito
finalmente chegou!) em 30 de abril, lado a lado
com as duas filhotas – Matilde, de 8 anos, e
Marta, de 3 anos. Foi madrinha a associada
Lucília Soares.
Antonio Limas (Buenos Aires), dia 20 de
março, por correio eletrónico: «No te imaginas la
sorpresa y emoción, hasta las lágrimas, que me
tomó a mi y a casi todos los argentinos por
nuestro Papa Francisco. Un antes y un después,
un aire fresco corre por toda la tierra. Gracias.»
António Tavares Cardoso – Na sequência de
duas pneumonias, contraídas já nos finais de
2012, surgiu uma bronquite em meados de junho.
Sentiu a vida “presa por um fio”.
Armando Marques da Silva – Encontro com
o casal em 31 de agosto. Regressaram
definitivamente aos EUA, Estado de Montana,
em 7 de setembro (Pamela A. Krebsbach é
americana). Residentes em Freiria, Caranguejeira,
a Pamela há 24 anos em Portugal, deixam a casa,
o carro, muitos e muitos livros e outro material
doados à paróquia, para se aproximarem dos três
filhos, netos e um bisneto que nasceu em janeiro.
Sem casa (nem carro) nem muitos «teres e
haveres», chegaram finalmente aos seus entes
queridos. Ficaram livros editados em Portugal e
um ainda em processo de edição do autor, Quem
matou a Laurissílvia - o fogo ou a espada?, para
abraçar livros editados e a editar nos Estados
Unidos. «Mais uma vez a refazer a vida.» A
8. Espiral ________________________________________________________________________ 8
despedir-se, afirmou, sorrindo, apoiado na sua
bengalinha: «Espero reencontrar-vos a todos,
LÁ», apontando para o céu.
Augusto Campos Oliveira – Faleceu o irmão
mais novo, com 68 anos, na noite de 24 para 25
de maio. Embora fosse diabético, com alguns
problemas cardíacos, teve um internamento
recente de uma semana, (…). Partiu
«inesperadamente».
Braúlio e Maria José Martins – Batismo do
neto no dia de aniversário deste avô.
Carolina Eira e Costa – Foi submetida a uma
intervenção cirúrgica em 15 de outubro. As dores
artríticas são uma constante.
Aliás, são muitos e muitas a padecerem de
«dores nos ossos».
Clara (e Alberto José) Marinho – Enviou um
postal com um pensamento de Confúcio, em 11
de abril. Seguem-se excertos: «Neste tempo
pascal, em que as nossas quedas foram lançadas
no mar da Misericórdia Divina, é tempo de nos
alegrarmos e com Ele afastarmo-nos dos
pedregulhos que nos possam surpreender.
Entretanto, vamos tentando ser Cireneus e deixar
que os outros nos dêem uma mãozita. Foi o que
aconteceu, na semana antes da Páscoa, quando o
meu marido ia para a Eucaristia e levar Jesus a
quem não podia ir, que ao atravessar a estrada,
beijou o chão, ficando com uma fractura num
dedo da mão, e a unha foi fazer parte da terra que
pisamos. (…) Esperamos alegremente esse
encontro.» (Referia-se à participação no Encontro
Nacional, onde afinal não puderam ir, por
motivos de saúde.
Fernando Félix, dia 22 de maio, por correio
eletrónico, em busca de um dia de fim de semana
para a direção reunir – «Em todos os domingos,
temos atividades de animação missionária em
paróquias. Neste mês de maio já fizemos mais de
mil quilómetros. Mas está a ser muito bom,
porque alimenta o entusiasmo. E a palavra
entusiasmo vem do grego, a partir da junção de
três palavras: «en», «theos» e «asm». «Theos» é
Deus, «en» é um prefixo que significa dentro e
«asm» designa em ação. Portanto, literalmente,
entusiasmo significa «Deus dentro de nós em
acção». Neste momento, a ida ao Peru está, feliz e
entusiasticamente, a consumir-nos o tempo.» O
casal partiu dia 7 de julho para voluntariado
missionário de um mês.
E, no dia 24 de maio – «Da reportagem que
ontem passou na RTP 1, Linha da Frente «Pecado
na Igreja», depois de agradecer a colaboração de
Francisco M. Sousa Monteiro e do casal
Fernandes, Maria Isabel e Vasco: «O programa
foi seguido por 484 500 pessoas. Oxalá o
programa, que mexeu com as águas, nos ajude a
avançar para o que muito desejamos: que o
celibato seja opcional e não obrigatório e que,
para quem o deseje, seja possível o exercício do
sacerdócio casado.»
Eliseu e Maria de Lurdes Seara – Nasceu o
neto Miguel Duarte em 11 de julho. O batizado
realizou-se no primeiro fim de semana de
outubro.
Fernando Neves (tesoureiro até à assembleia
geral de 28 de abril) – Vai esperando em
Esperança melhoras do seu estado de saúde,
devido à gamopatia monoclonal e à amiloidose,
que implicam para além das consultas,
hemodiálise, quimioterapia e ozonoterapia, cada
um na sua terra. E para a hemodiálise, fez nova
fístula no Hospital de S. João no Porto, tendo
ainda pontos, já que a primeira feita em junho,
aqui em Coimbra, não resultou.
No dia 12 de abril – «(...) Uma palavrinha de
gratidão para todos os irmãos da Fraternitas que,
em orações e outras presenças de carinho, tanto se
têm preocupado com a minha saúde. Domingo
próximo, ao meio dia, tomo o avião para
Duderstadt, Alemanha, na esperança de que
alguma coisa de bom aconteça nesta primeira
sessão, de 10 dias, em princípio.» Foi-se-lhe
aplicada a primeira vacina.
21 de maio – Parte de novo para Duderstadt, a
fim de ser submetido à segunda sessão de
tratamentos, incluindo a vacina. No dia 27 foram
abordados por uma repórter da TVI, mas não foi
visto na reportagem.
Ao longo do ano foi ensaiando uma peça
dramática em seis atos, «Paixão de Cristo», sendo
exibida na Quaresma duas vezes na Igreja
Paroquial da terra onde reside, Palhaça, e outras
duas no Centro Cultural de Ílhavo, integrando o
programa da Missão Jubilar da Diocese de
Aveiro. Esteve presente numa das sessões o bispo
de Aveiro, D. António Francisco dos Santos.
Cito excertos do artigo no Jornal da Bairrada,
de 14 de março: «Oitocentas pessoas assistiram
(…) à estreia da segunda temporada da encenação
da «Paixão de Cristo», (…) projeto que, desde o
ano passado, mobiliza mais de uma centena e
meia de pessoas de forma inovadora e
completamente voluntária. (…) Peça dramática
em seis atos, que embora centrada no mistério
pascal de Jesus, não se fica na exploração
9. Espiral ________________________________________________________________________ 9
mórbida do sofrimento. Procura ser um forte
apelo ao compromisso e à vivência da Fé.»
Francisco M. Sousa Monteiro, dia 20 de
abril, por correio eletrónico – «Acontece que
recentemente a Pastoral dos Ciganos foi
convidada, candidatou-se e foi aceite na
Plataforma dos Direitos Fundamentais da
Agência dos Direitos Fundamentais da UE. E este
organismo convidou-nos para a sua próxima
reunião em Viena de 24 a 26 de abril (2013) onde
irei representar a ONPC. Por isso, não poderei ir
ao Encontro ao qual desejo, no entanto, o maior
sucesso no Senhor para o bem da Igreja cheia de
esperança.»
Higino Rodrigues Valente, em Diário de
Coimbra/Domingo, de 19 de maio: «Santiago da
Guarda, no concelho de Ansião, inaugurou a
requalificação do polidesportivo e zonas
adjacentes, numa cerimónia presidida pelo
presidente da Câmara Municipal de Ansião. Na
ocasião foi também descerrada a placa
toponímica Dr. Higino Rodrigues Valente, que
homenageia o primeiro presidente da Câmara
local, e foi benzida, pelo Bispo de Coimbra, a
primeira pedra das futuras instalações do Centro
Social e Paroquial.»
Este associado de mobilidade limitada, serve-
se de uma cadeira de rodas para desbravar
caminhos.
Jacinto Sousa Gil – Mais um livro em quatro
Volumes Documentais – CARVIDE” (sua
freguesia natal, de Leiria), lançado em 16 de
fevereiro, no Salão do Povo, em Carvide, e
apresentado pela sua prima, Dr.ª Maria Cecília
Gil. O casal Olindo e Maria Evelina participaram
na cerimónia, representando a Fraternitas.
Demorou uma dezena de anos a escrever,
acrescentou o autor, encontrando-se a escrever
um outro.
João Tavares, e-moderador do MFPC/Br
(Movimento das Famílias de Padres Casados) e
Associação RUMOS, cujo sítio é
www.padrescasados.org, enviava-nos diariamente
material «para o bem da Igreja cheia de
esperança». Atualmente, já não envia, pelo que é
de toda o interesse aceder àquele portal.
José e Antónia Sampaio Ferreira – Estão a
caminho da sexta neta (a segunda da parte do
filho Zé).
José Ramos Mendes, dia 14 de maio, por
correio eletrónico – «Cá estou a dar “sinais de
vida”, num momento em que a artrite reumatóide
me tem tolhido um pouco a mobilidade física e
acarretado uma certa preguiça mental. Mas as
notícias que vais enviando, essas devoro-as.
Gosto daquela das diaconisas alemãs, sobretudo
por ser um cardeal a levantar o problema. O
Espírito parece estar hoje mais actuante na Igreja,
talvez após a eleição do Papa Francisco. Mas
entendo que é tempo também de se pôr já, (e este
"já" é já ontem era tarde), o assunto do celibato
como opção e não, como está, condição “sine qua
non” para a ordenação sacerdotal. Eu que
contacto diariamente com a gente humilde das
paróquias da minha Região Pastoral ouço os seus
desabafos por não terem quem aos domingos lhes
celebre a Eucaristia, ficando-se habitualmente por
Celebrações da Palavra que, normalmente, são
como Deus sabe. Mas certamente não aprova.
Parece-me ser este o momento do Espírito actuar.
Para isso é indispensável, penso eu, a nossa ação
enquanto membros da Igreja, ordenados
sacerdotes para bem dos fiéis, e que a hierarquia
teima em ignorar, para não dizer hostilizar. A
Igreja do nosso tempo precisa de padres que
sejam isso mesmo pais, no sentido teológico da
palavra, e chefes de família, se for essa a sua
opção. Teimar num celibato obrigatório para a
ordenação sacerdotal é destruir a própria Igreja,
porque é privar os fiéis da assistência espiritual
em termos sacramentais a que têm direito e lhes é
devida.»
Foi reeleito por mais quatro anos, nas eleições
autárquicas últimas, presidente da assembleia
municipal do seu concelho natal – Pampilhosa da
Serra, residindo contudo em Arganil.
Lúcio e Bárbara Sousa – No dia de parabéns
da Bárbara (3 de fevereiro), afirma muito feliz:
«E já lá vão três netas, e vem a quarta a caminho
– duas do filho mais velho, e uma, do filho do
meio, que reside no Japão. O mais novo é pároco
em Pias (Alentejo). A mãe faleceu em 10 de
junho, tendo 92 anos (12 com Alzheimer).
Manoel Calçada Pombal – Faleceu a mãe,
em 15 de outubro.
Manuel e Judite Paiva – Em 24 de abril
nasceu o Dinis (quinto neto) de uma gravidez
difícil que mereceu um acompanhamento mais
cuidado.
Manuel Paiva foi recuperando de vários
problemas de saúde, de entre eles, um enfisema
pulmonar, uma conjuntivite prolongada que
dificultou o trabalho ao computador.
Graças a Deus já estão operacionais para
participarem no encontro próximo de abril.
10. Espiral ________________________________________________________________________ 10
Manuel Nabais Antunes – Continua
secretário da Assembleia Geral da Santa Casa de
Misericórdia de Sesimbra, onde também faz parte
da direção da Associação Socorros Mútuos.
Maria Isabel Beires Fernandes – Faleceu a
mãe no sábado 27 de abril, após vários anos de se
encontrar acamada. O irmão que residia com a
mãe, teve um enfarte de miocárdio em meados de
janeiro. Teve também tias muito doentes, o
mesmo se passando com outros familiares da
parte do Vasco. O casal foi brindado com mais
um neto, o José Maria, que nasceu em 15 de
dezembro.
Maria Manuela Frada – Nasceu mais uma
neta, Ana, a quarta (com 2 manos e 1 mana), em
6 de fevereiro.
Fausta de Jesus - Em dia de aniversário, 6 de
julho, para transmitir os votos natalícios em nome
da Fraternidade, sou surpreendida com a notícia
que David Simões Rodrigues já falecera há um
ano e meio, em 26 de dezembro de 2011, apesar
de continuar a enviar o “Espiral” com o nome de
ambos. «Continuo a não conviver nada bem com
a sua partida, apesar de fazer parte de dois Coros
e estar comprometida com tarefas sociais - por
exemplo, voluntária no Lar da Santa Casa da
Misericórdia. Isto tudo em Santa Maria da Feira.»
David Simões Rodrigues, sócio n.º 91, nasceu
em 6 de julho de 1930, em Seiça, concelho de
Ourém. Ordenou-se em 19 de dezembro de 1955,
em Leiria. Casou em 20 de agosto de 1975 com
Fausta de Jesus Ferreira de Barros S.R., na
diocese de Leiria, não havendo filhos. O casal
residia em Esmoriz, concelho de Ovar, distrito de
Aveiro, onde ainda reside a viúva. Participaram
no primeiro Retiro e num Encontro no Porto e em
Gaia. Foi escrevendo um livro sobre todas as
freguesias do concelho de Ourém, só lhe faltava
uma. Volvido este tempo e apesar disso, irá ser
publicado oportunamente, prometendo nós
anunciá-lo.
Olindo Marques e Maria Evelina Oliveira –
São voluntários na Fundação Arca da Aliança, em
Fátima, cujo fundador foi o P.e
Joaquim R.
Ventura. Fazendo parte da Ala dos Amigos,
desempenham «alguma função do canal de
comunicação», elaborando o boletim Arca da
Aliança. Animam também cerimónias litúrgicas.
Em 1 de setembro de 2013, a Aldeia
Intergeracional inaugurou o Solar das Bem-
aventuranças com capacidade para 80 idosos…
Para mais informações consultar www.arca-
alianca.org.
Rogério Carpentier e Virgolina Cabrita – A
Virgolina, não obstante ser invisual, faz uma
leitura nas missas vespertinas, seguindo
naturalmente o seu livro em braille. Note-se que o
casal trabalhou em conjunto na conversão para a
escrita braille de todo o Antigo Testamento, facto
inéditob diz ele, afirmando que se saiba, só existe
do Novo Testamento – sendo portanto uma
edição única e inédita! O Rogério continua com o
grande entrosamento paroquial, estando sempre a
si confiadas a orientação das cerimónias fúnebres.
Salomão Morgado – Teve um “AVCzinho”
nos inícios de novembro, mas «nada de grave»,
afirmou.
As notícias não escritas, boas e menos boas,
são incomparavelmente bem mais extensivas, que
estas abreviadas. As nossas orações de uns pelos
outros.
Morreu ou vive para sempre?
JOSÉ AUGUSTO S. VIEIRA, padre casado.
Francisco Carlos Martins Valente, sócio
fundador n.º 48, nasceu em 16 de maio de 1928,
em Constantim, concelho de Vila Real. Ordenou-
se em 4 de abril de 1953, em Vila Real.
Era viúvo de Maria Lúcia Guedes da Costa
Valente, que faleceu em 6 de julho de 2011. O
casal residia em Peso da Régua (onde foi
bancário) deixando três filhos: Francisco Carlos,
Domingos Belmiro e Graça Maria, em cuja casa
(Amarante) passou a viver logo após a viuvez.
«Zé, morreu o meu tio Francisco. Como éreis
muito amigos, resolvi telefonar-te.» Foi assim
que, naquela tarde do dia 1 de junho de 2013,
recebi a notícia da morte de Francisco Carlos
Martins Valente.
A vida proporciona-nos episódios que são
verdadeiramente desconcertantes. O dia 1 de
junho anuncia já que o verão, símbolo da pujança
da vida, está próximo. O dia 1 de junho é
mundialmente dedicado à criança, a alegria e o
amor em botão lentamente a desabrochar. Na
tarde desse dia, celebrava o quarto aniversário da
11. Espiral ________________________________________________________________________ 11
minha neta mais velha e decorria concomitan-
temente o convívio pela realização do baptismo
do meu netinho mais novo. Tantas razões para
sorrisos de tanta felicidade!... De repente, o
telefone toca e anuncia-me que o nosso amigo
Francisco acabava de morrer.
Após o ligeiro diálogo com a Maria Joaquina,
vesti o silêncio da minha dor e saudade e recolhi-
me por instantes na solidão do meu nada. A
Maria Joaquina é, por afinidade, sobrinha do
Francisco. Estava casada com o Domingos
Valente (meu colega de escola primária), o
sobrinho mais querido do Francisco, falecido em
Janeiro do ano passado.
Evocar o Francisco, por sugestão do colega
Bráulio, é para mim um dever. As cenas do filme
da nossa proximidade trazem-me as imagens de
um “senhor” (tal como o pai, o senhor Domingos)
que, na aldeia, dispensava a toda a gente um
sorriso singular e a simpatia de uma
disponibilidade imediata. Em férias, era o “ídolo”
dos movimentos da paróquia desde a Catequese à
Ação Católica e Apostolado da Oração, passando
pelos grupos do teatro e desporto. Nas missas
dominicais sobressaíam os seus dotes de tenor
rivalizando com algumas vozes bem timbradas
que sempre houve em Constantim. Ainda vivem
admiradoras desses seus dotes. No Orfeão do
Seminário de Vila Real, dirigido pelo P.e
Minhava, ganhara estatuto de solista tal como o
Fernando Costa (também já falecido). Entrei no
Seminário no ano letivo de 1951/1952 e quantas
vezes me procurava para saber se tudo estava
bem ou se precisava de alguma coisa. Em 1953,
adolescente ainda, fui convidado a participar nas
cerimónias da sua Missa Nova e no “banquete”
oferecido pelos pais na sua própria casa. Já na
paróquia de Barqueiros, e eu no 8.º ou 9.º ano,
quis que presidisse à visita pascal acompanhado
pelo sobrinho Domingos.
Homem de carácter, de princípios e de
convicções, contraiu matrimónio, que viveu com
felicidade a avaliar por conversas havidas com a
esposa e filhos na nossa terra natal que ele
adorava visitar. Sofreu muito nos últimos anos
por, a vários títulos, não poder realizar esta
viagem. Foi, sobretudo, um homem de fé quer no
exercício do sacerdócio quer na comunhão do
matrimónio.
Por isso, homem de fé, o Francisco não
morreu. A morte atinge apenas a matéria, o corpo
matéria, o cadáver que desce à terra para se
transformar em pó. O corpo espírito e a alma, o
ser indestrutível comparece diante de Deus, do
Deus Amor, do Deus Misericórdia. Deste mundo
visível – o do tempo, do espaço, do biológico, da
matéria e do cósmico acontece a ascensão ao
mundo do invisível – o do eterno, do infinito e,
portanto, do misterioso e do inefável. A morte
liberta o ser e o ser liberto pela morte ressuscita
para a vida eterna.
Francisco Carlos Martins Valente partiu à
nossa frente e, segundo o pensamento de uma
jovem de 22 anos expresso num poema de que
transcrevo estes versos, ele não morreu mesmo
«Porque a Morte é a Ressurreição/a Libertação,/ a
Comunicação total/ com o Amor total.»
Ele foi sempre “valente”
JOSÉ SILVA PINTO, sócio 67.
Foi chamado prós Anjinhos, este nosso
querido e saudoso, duplamente irmão: pelo
Batismo e pelo nosso fraterno/irmanado
sacramento da Ordem, Francisco Carlos Martins
Valente! Coloco ponto de admiração porque ele
foi sempre “valente”, quer como estudante, quer
como superior do Seminário de Vila Real, onde
foi meu Prefeito, mas “perfeito”. Isto é: de ótimo
caráter, como o de todos os transmontanos, mas
dócil, compreensivo, bom educador, seguindo os
mais modernos princípios pedagógicos. Sempre
muito atento e solícito às várias necessidades dos
seus educandos, vendo-se, perfeitamente, nele
uma dedicação inultrapassável e propondo-se,
mui discretamente, exemplo a seguir.
Foi membro do Órfeão, de 70 a 80 elementos,
tendo sido “solista” habitual, com o Fernando
Costa, desde os «tiples» (voz dos mais novitos),
até primeiro tenor, tendo sido louvado pelo nosso
querido e admirado maestro, Mons. Ângelo
Minhava, atualmente com bons 95 anos, aquando
na celebração das Bodas de Ouro da diocese de
Vila Real, de cuja organização tive de fazer parte
por residir no Porto, onde se conseguiu levarmos
dois ótimos grupos corais, então dirigidos por
dois ex-seminaristas de Vila Real! Então, o
maestro teceu-lhe merecidíssimos louvores! – Em
abono da justiça, devo dizer que tinha um cuidado
12. Espiral ________________________________________________________________________ 12
especial pelos estudantes residentes a sul de Vila
Real, que eram em número muito inferior aos que
moravam a norte de Vila Real – no entanto sem
benefício de maior para com uns, com qualquer
prejuízo para os outros. Conseguiu “agradar a
gregos e a troianos”!
Depois de ordenado, foi nomeado pároco de
Barqueiros, uma freguesia a confinar, pela
margem direita do rio Douro e com a diocese do
Porto. Lá, fez um trabalho apostólico de muito
valor, em todas as vértices, desde a catequese aos
mais novos, passando pelos adolescentes,
preparação de noivos, assistência aos recém-
casados; lançamento de vários movimentos
apostólicos e uma atenção especialíssima aos
doentes e aos sós. Tinha, por cuidado máximo,
não partir ninguém para o último chamamento
divino, sem ir devidamente preparado com os
sacramentos e sacramentais que a Santa Igreja
tem para todos nós.
Durante a sua doença, muito prolongada, viveu
na Régua. Era muito visitado pelos seus antigos
paroquianos e muito respeitado nesta cidade,
onde se encontrava com os colegas mais
próximos, convivendo um pouco, par descontrair,
no Café Nacional ou no Imperial, onde
trocávamos ideias sobre as iniciativas pastorais
nas paróquias. Já há alguns anos, não saía de
casa. Ultimamente, viveu em Amarante em casa
de familiares, que não tinha na Régua. Os
Anjinhos o vieram buscar em 21 de maio (mês
consagrado ao Imaculado Coração de
Maria/Nossa Senhora do Rosário de Fátima),
indo a sepultar no cemitério do Peso da Régua. A
Santa Missa do 7.º dia foi celebrada na Igreja de
Nosso Senhor do Cruzeiro, da Régua. Tanto o
féretro como esta Eucaristia foram muito
concorridas, estando nesta o seu colega Dr.
Augusto Pires da Mota, que fez a primeira leitura
e o signatário que cantou o Salmo Responsorial,
cuja tarefa faz, de muito bom gosto, nas
eucaristias vespertinas.
Desejamos PAZ à sua alma, como para nós,
quando lá chegarmos.
As minhas bodas de ouro sacerdotais (1963 – 2013)
BRÁULIO MARTINS, sócio 36.
No dia 21 de julho celebrei as minhas Bodas
de Ouro Sacerdotais (50.º aniversário da minha
ordenação sacerdotal). Foi no dia 21 de julho de
1963 que recebi o sacramento da Ordem, que me
fez sacerdote para sempre. Durante 12 anos,
procurei exercer com dignidade as minhas
funções sacerdotais. No entanto, comecei a não
me sentir realizado nem como homem nem como
padre. O celibato tornou-se para mim um fardo
demasiado pesado, conduzindo ao esmagamento
da minha personalidade.
Porque sempre procurei ser honesto e coerente
comigo mesmo, rejeitando qualquer atitude de
vida ambígua, resolvi pedir à Santa Sé a dispensa
das obrigações inerentes ao estado eclesiástico.
Iniciei o processo em 10 de maio de 1975.
Concedida a dispensa, celebrei o meu casamento
com a Maria José no dia 15 de agosto do mesmo
ano. Há trinta e oito anos que somos muito felizes
na companhia dos nossos três filhos.
Nestes trinta e oito anos de casamento, tenho
procurado viver o meu sacerdócio com muita fé e
uma paz de consciência como nunca sentira antes.
Para tal reconheço que muito tem contribuído o
Movimento dos padres casados, Fraternitas, a que
eu e a Maria José pertencemos e onde nos
sentimos todos unidos pela amizade e pelo
sacramento da Ordem.
É muito rica e gratificante para nós a
participação nos encontros do Movimento, em
Fátima, sempre que podemos e donde saímos
com as baterias carregadas para continuarmos a
viver com muita intensidade a fé e o espírito
sacerdotal que nos anima.
A celebração das minhas Bodas de Ouro
Sacerdotais teve dois momentos: no último
domingo de junho e primeira segunda-feira de
julho, reunimo-nos em Fátima, como é habitual
todos os anos, todos os colegas ainda vivos, que
terminámos o curso teológico no ano de 1963.
Éramos dez. Um não se ordenou, mas continua
muito ligado à Igreja, na diocese de Leiria. Dos
nove que fomos ordenados, dois já faleceram, um
é bispo e dois casámos.
Nestes encontros participam sempre a Maria
José e a esposa do outro colega.
Um dos momentos do encontro deste ano, cujo
tema era «As nossas Bodas de Ouro Sacerdotais»,
foi dedicado ao testemunho de cada um sobre os
seus 50 anos de sacerdócio. No meu testemunho
comecei por salientar o sentido que fazia para
13. Espiral ________________________________________________________________________ 13
mim, padre casado, estar ali a celebrar as Bodas
de Ouro Sacerdotais juntamente com os colegas
em exercício. É que eu considero-me um padre
casado e não um ex-padre. Eu fui dispensado e
não excluído. Por isso continua vivo em mim o
sacerdote ordenado há 50 anos.
O encontro, como sempre, terminou com a
celebração da missa, presidida pelo nosso bispo,
que eu, intimamente, concelebrei com a certeza
de que Deus a aceitou.
O almoço desse dia foi especial, tendo direito
a bolo, parabéns cantados e à respectiva foto para
mais tarde recordar.
No dia 4 de Agosto, 50.º aniversário da minha
missa nova, a festa foi em família, recebendo os
parabéns da Maria José, dos filhos e de amigos.
Recordando mais uma vez os dez que
terminámos o Curso Teológico, cada um de nós
empenhou no caminho escolhido o melhor do seu
ser ou do seu saber. Pelo que, se me fosse dada a
possibilidade de voltar atrás nos 62 anos contados
a partir da minha entrada no Seminário, voltaria a
fazer o mesmo trajeto. Terminado o Curso
Teológico, prostrar-me-ia de novo nas lajes da Sé
Catedral no dia da ordenação e assumiria funções
sacerdotais. Estes anos da minha vida não foram
um mero acidente.
Só me arrependo das minhas infidelidades no
exercício das minhas funções sacerdotais.
À Igreja, não o posso esquecer, devo quase
tudo o que sou.
Produção literária dos associados
Livros editados no triénio 2000-2002 e em 2013
URTÉLIA SILVA, secretária.
O secretariado encontra-se a inventariar as
obras editadas dos associados e vai baseando-se
nos dados dos livros de que dispõe, na sequência
adotada – os que vão sendo publicados no próprio
ano e/ou num triénio recuando no tempo. Para ver
os anos de 2003 a 2012, ver boletins Espiral
anteriores.
A MORTE do JUSTO, de Artur Cunha de
Oliveira (2013), edição do Instituto Açoriano de
Cultura / Angra do Heroísmo, digitação e revisão
de Antonieta Lopes Oliveira, [formato 24x17x1,9
com 374 páginas].
Em Nota Prévia: «Este livro foi escrito em
2004 (…). E porque “ressuscitá-lo” agora? Pela
simples razão de que se destinava a ser o primeiro
de uma série em que me propunha um como que
regresso às origens e focar, não à maneira de
apologia, mas baseado em critérios científicos, o
que me parece essencial no Cristianismo.»
Na Contracapa: «Esta é uma leitura
compreensiva e compreensível do “Evangelho da
Paixão”. Compreensiva porque, tomando por base
o texto do primigénio evangelista Marcos, vamo-
nos dando conta de como variam os restantes:
Mateus, Lucas e João. Compreensível porque,
pela aplicação das regras da hermenêutica bíblica,
podemos igualmente ir-nos dando conta do que
terá sido a Última Ceia, a Prisão, o Julgamento de
Pilatos e a Morte e Sepultura do Senhor Jesus,
apesar de toda a ganga devocional que no decurso
do tempo lhes fomos ajuntando. Uma, de facto, é
a história fatual. Outra, a história religiosa. E a
Bíblia é mais um livro de Religião que de
História.
Não se imagina, porém, o peso que,
religiosamente, o “Evangelho da Paixão” tem
exercido sobre nós. Entra-se no edifício de uma
igreja e o que predomina é a imagem do Senhor
Jesus crucificado, assim como as catorze estações
da Via-Sacra a adornar as paredes de cada lado. E
o Senhor Jesus matando a fome aos famintos? E o
Senhor Jesus curando as misérias materiais e
espirituais de homens e mulheres? E o Senhor
Jesus indo ao encontro dos marginalizados de
toda a sorte? E o Senhor Jesus denunciando as
injustiças e condenando a hipocrisia de oligarcas
sacros e profanos?...
Queiramos ou não, é respirando este ar
contrafeito da Paixão que facilmente nos
esquecemos de que o Cristianismo é, sobretudo,
uma religião de compromisso: «E sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e até
aos confins do mundo» (Act.1,8b). Testemunhas
de atividade e não de passividade. «Dei-vos
exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais
também» (Jo 13, 15).
Pedido a IAC: www.iac-azores.org / iac@iac-
azores.org. Alto das Covas, 67 / 9700 Angra do
Heroísmo – AÇORES. Telefone: 295 215 825.
14. Espiral ________________________________________________________________________ 14
MISSÃO ABREVIADA do Padre MANUEL
COUTO – UM ABEIRAMENTO
CONTEXTUADO, de Alberto Osório de Castro
(2002), editado pelo Grupo Cultural AQUAE
FLAVIAE e autor; patrocínios das Câmaras
Municipais de Chaves e de Vila Pouca de Aguiar,
[formato 23,6x17x1,5 com 191 páginas].
Do Prefácio, por António Abel Rodrigues
Canavarro: «Este estudo, tendo em conta a época
(século XIX) em que viveu o P.e
Manuel do Couto
e o contexto (Missões Populares) em que nasceu
a sua obra (Missão Abreviada), torna vitalmente
presente a “Bíblia das Aldeias” à nossa
experiência de crentes e abre-nos caminhos de
compreensão e interpretação de uma obra que
marcou profundamente a vivência cristã dos
lugares em que, de modo particular, o “Apóstolo
de Trás-os-Montes” desenvolveu a sua atividade
pastoral de pregador de Missões Populares e, de
um modo geral, todo o país onde a sua obra se
divulgou e teve um notável êxito editorial.
Vivendo numa época de grandes mutações
político-religiosas e, por isso, difícil de
caraterizar e ainda pouco estudada, devido a uma
leitura superficial, muitas vezes literal, o P.e
Manuel Couto e a sua obra foram vítimas de
preconceitos teológicos (jansenismo, tremendis-
mo, negativismo, rigorismo) e de uma supra
exaltação por parte do povo sempre propenso
para o extraordinário do fator religioso (milagres
que lhe são atribuídos, fama de santidade que lhe
é reconhecida, culto que lhe é prestado).
Na contracapa e da conclusão: «(…) As
Missões Populares foram um instrumento
essencial na evangelização europeia e também em
Portugal, nomeadamente no século XIX, em que
atingiram, nomeadamente entre nós, o que
poderemos denominar de “idade de ouro”, tal foi
a sua importância e impacte. O atual mapa
religioso do país reflete bem a sua realização
nesse século.
O P.e
Manuel Couto, inteligente como era,
desprendido e inteiramente devotado à causa da
evangelização, compreendeu que a pregação das
Missões Populares era uma forma eficaz de
evangelizar e recristianizar sobretudo as
populações rurais. Aliás, a zona que o P.e
Couto
percorreu, ainda hoje, na diocese de Vila Real, é a
que apresenta maior índice de prática cristã!
Missão Abreviada surgiu como o
prolongamento, por escrito, das Missões
Populares (…).» De concepção quase linear,
simples na linguagem e argumentação,
socorrendo-se dos instrumentos que bem
conhecia da prática das Missões Populares, P.e
Couto constrói um livro que irá erguer uma
determinada forma de cristianismo.
Mas nem sempre o fim e o uso que o autor
pensa para a sua obra são perfeitamente atingidos.
Julgamos que foi o que aconteceu com Missão
Abreviada. Indiscriminada, desordenada e foi
utilizada abusivamente. Não integrada em plano
ou projeto pastoral, servindo apenas como
“muleta” para ausência de formação cristã
(recordemos, a não obrigação de homilia nas
missas, mesmo ao domingo, o que só com o
Concílio Vaticano II foi alterado!), com a
facilidade que contém em si mesma de ser, pela
sua simplicidade, pela sua linguagem terra-a-
terra, facilmente memorizável (e é um dos seus
valores!), Missão Abreviada tornou-se o “pronto
socorro” de muitos párocos e de responsáveis
pela “cura de almas”. O que gerou algum
desvirtuamento da obra. Acabou por sofrer um
prolongamento de vida, quase até à exaustão, para
o que lhe mudou, o último editor, a subtitulação,
passando-a de livro “formativo” de e para as
missões, a livro de orações, como acabou por
ficar conhecido.»
A ORDEM DA TRINDADE E A
SOCIEDADE PORTUENSE – Séculos XVIII,
XIX e XX, Boaventura Santos Silveira, (2001 -
aquando do evento Porto 2001-Capital Europeia
da Cultura), [formato A4, com 392 páginas]
DIÁLOGOS do Homem com o seu Deus no
Tempo Novo – Vol. 1, Salomão Duarte
Morgado, (2000), 2.ª edição do autor policopiada
(50 exemplares), [formato A4, com 196 páginas].
Na última página: «Tenho formação teológica
mas “estou reduzido ao estado laical”, o estado de
Pedro. Sou casado como Pedro, com o “trunfo
estratégico de, (…) em mim ficar radicalmente
desfeita a atual distinção entre clérigo e leigo! E
mais: Tu sabes de, como eu, pela minha formação
teológica e pela Tua Presença, contra ventos e
marés, proclamo o essencial e sei o que fazer do
acessório! E outra coisa que me espanta por
completo: o Papa para o Tempo Novo deve trazer
uma missão especial em relação aos judeus: é
preciso proclamar de novo que Tu és o seu
Messias e eles não devem esperar outro. Ora tu
andas-me sempre a dizer isso e sabes o que sinto
da Tua fidelidade às Tuas promessas! Abençoa-
me, Jesus, para eu não ficar esmagado!
15. Espiral ________________________________________________________________________ 15
Encontro Nacional Fraternitas, 24-26 de abril
«CONCÍLIO VATICANO II – Memória e PROFECIA»
O 36.º Encontro Nacional do Movimento,
para todos os sócios e amigos, tem lugar na Casa
Nossa Senhora do Carmo, (casa em frente à
capelinha), com este programa:
Dia 24 (quinta-feira)
20h 00 – Jantar, antecedido de acolhimento.
21h15 – Encontro: apresentação do orientador
e lançamento do tema.
22h00 – Descanso.
Dia 25 (sexta-feira, feriado)
8h30 – Pequeno-almoço.
9h00 – Oração da manhã.
10h00 – Encontro
11h15 – Intervalo.
11h45 – Encontro.
13h00 – Almoço.
14h00 – ASSEMBLEIA GERAL
20h 00 – Jantar.
21h15 – Conclusão da Assembleia ou Tertúlia.
Dia 26 (sábado)
8h30 – Pequeno-almoço.
9h00 – Oração da manhã.
10h00 – Encontro: escrever carta ao Papa
12h00 – Eucaristia, com ensaio prévio.
13h00 – Almoço
INSCRIÇÃO: gratuita para sócios; dez euros
para não sócios.
Para a inscrição e informações sobre
alojamento, contactar Urtélia Silva, do
Secretariado, pelo telefone fixo 239 001 605 ou
telemóvel 914 754 706. Correio eletrónico:
secretariado.fraternitas@gmail.com.
Que ninguém deixe de ir por dificuldades
financeiras.
Todavia, aproveitemos o Encontro Nacional
para pagar as quotas de sócio relativas a 2014
(e/ou de anos anteriores em falta).
Quem desejar contribuir para o fundo de
partilha, pode fazê-lo com o tesoureiro ou no
ofertório da missa.
Quem não puder estar em Fátima, pode pagar
as quotas ou contribuir para o fundo de partilha,
fazendo depósito ou transferência bancária para o
NIB 0033 0000 5003 2983 24805, do Millennium
BCP.
O conferencista Dr. Augusto Rodrigues
Nasceu no lugar de Espinheiro, concelho de
Penela, a 30 de outubro de 1936.
Fez a instrução primária em Miranda do
Corvo; frequentou os seminários diocesanos de
Figueira da Foz e de Coimbra. Em 1955, foi para
Roma. Obteve licenciatura em Teologia na
Pontifícia Universidade Gregoriana e em Ciências
Bíblicas e Línguas Semíticas no Pontifício
Instituto Bíblico, entre 1955 e 1962.
Entre 1962 e 1963, frequentou a École
Biblique et Archéoligique Française de Jerusalém
tendo alcançado o grau de Mestre. Realizou
viagens científicas ao Iraque, Irão, Jordânia,
Egipto, Síria, Líbano, Chipre, Turquia e Grécia.
Chega à Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra em 1963, para a regência da cadeira
de História do Cristianismo. Nesta Faculdade teve
a seu cargo as disciplinas de Hebraico, Árabe,
História Comparada das Religiões, História da
Cultura e História da Cultura Portuguesa, História
da Universidade de Coimbra, entre outras.
Também a partir de 1963, regeu no Seminário de
Coimbra e no Instituto Superior de Estudos
Teológicos cadeiras de Sagrada Escritura.
Em 1975, defendeu a tese de doutoramento A
Cátedra de Sagrada Escritura na Universidade
de Coimbra – 1537-1640, tendo sido aprovado
por “unanimidade e louvor”.
Professor catedrático desde 1960, orientou
várias teses de doutoramento e de mestrado.
Participou em congressos e encontros
científicos realizados em Portugal e no
estrangeiro, apresentando comunicações
relacionadas com os seus interesses científicos.
Elaborou ao longo do tempo cerca de trezentos
trabalhos e colaborou em diversas Enciclopédias
nacionais e estrangeiras. Colabora semanalmente
no jornal Correio de Coimbra.
Foi pró-reitor da Universidade de Coimbra
para as comemorações dos 700 anos da sua
fundação em 1990-1994 e foi director do Arquivo
da Universidade de Coimbra entre 1980-2003.
Aposentou-se em 2003 depois de 43 anos ao
serviço da “Alma Mater Conimbrigensis”.
É padre dispensado do exercício ministerial.
Casado. Foi professor de vários associados da
Fraternitas, no Seminário Maior de Coimbra.
16. Espiral ________________________________________________________________________ 16
ASSEMBLEIA GERAL
Convocatória
Nos termos do Artigo 12.º dos Estatutos
convocam-se todos os sócios da Associação
Fraternitas Movimento, para a assembleia geral a
realizar no dia 25 de abril de 2014, pelas 14h, na
Casa Nossa Senhora do Carmo, em Fátima, com a
seguinte Ordem de Trabalhos:
1 – Apreciação e votação das duas últimas atas
das assembleias de 2012 e 2013.
2 – Apreciação e votação do relatório de
atividades abril 2013-abril 2014, e das contas de
2012 e 2013. Parecer do Conselho Fiscal.
3 – Análise da situação da Fraternitas.
3.1 - Eleição dos Corpos Gerentes para o
triénio 2014/2016.
3.2 – Apreciação e votação do plano de
atividades de abril de 2014 a abril de 2015, e do
orçamento para 2014.
4 – Outros assuntos.
A sociedade
à imagem da família
CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA
«Muitas vezes a família é encarada como um
refúgio que protege de um ambiente hostil da
sociedade que nos rodeia, um oásis de harmonia
no meio do deserto, um espaço de humanização
no meio de um mundo desumanizado. E é assim
de facto. Mas também podemos encarar a família
de outra perspetiva: como a fonte e o fermento de
onde parte a renovação da sociedade. É assim
através dos filhos, que se devem proteger das más
influências da sociedade, mas que também a esta
podem dar muito do que recebem na família.
Os valores que se vivem na família – a pessoa
amada e acolhida como ser único e irrepetível, o
amor gratuito, a solidariedade espontânea, a
autoridade como serviço, o valor do doente e do
idoso, a aliança da tradição e da inovação, a
unidade e complementaridade das dimensões
masculina e feminina, a fidelidade e o
compromisso – devem estender-se, por seu
intermédio, a toda a sociedade: às empresas, aos
serviços públicos, às escolas e hospitais, às
comunidades eclesiais, às associações. A família
é o modelo, o dever ser de qualquer convivência
humana.» (Nota Pastoral A força da família em
tempos de crise, 6.)
A nossa Igreja
está ferida e sofrida
JOSÉ SILVA PINTO, sócio 67.
Parece-me que já escrevi, uma vez, que nos
últimos 10 anos, a nossa Igreja perdeu «dois
milhões de católicos» (não são dois mil…). E
porquê? Onde estará a causa ou as causas?
Pessoalmente estou convicto de que a causa ou
causas estão no interior da própria Igreja: nas
suas estruturas na sua organização interna e “nos
seus encontros com os habitantes deste mundo”,
ao serviço do qual ela foi fundada, por quem quis
e pôde, por vontade legítima e poder próprio: se
quisermos, Deus, a Santíssima Trindade ou Jesus
Cristo só!...
Nos “seus encontros” – disse – ou
“desencontros” com o mundo: - pecado de co-
omissão ou omissão, tendo ambas levado ao
desabamento de “dois milhões de pedras vivas”
ou muito pouco vivas, mas que iam segurando o
grande edifício moral e espiritual desta
humanidade, nossos vizinhos, com quem
convivemos.
Nestes dez anos, tivemos dois papas: um que
está beatificado e outro que é já santificado.
Seriam papas para o nosso tempo ou teriam
deixado passar tempo a mais?
Nos tempos antecedentes à resignação e
durante ela, vieram ao de cima os casos de
centenas de sacerdotes (dons sagrados) que
brincavam à abjecta pedofilia, que já existia,
abertamente, no tempo do beato João Paulo II,
como apareceram «quatro purpurados» que
confirmaram ter tido casos, neste caso mesmo
antes de serem purpurados. Quem os designou
eram cegos? Ou os aceitantes não tinham
consciência de que tinham recebido sacramentos
que imprimem carácter e que as suas vidas
tinham a ver com terceiros?
Em finais de abril, ficámos a saber que, sendo
Portugal um país de envio de missionários
durante séculos, e de milhões de emigrantes, a
Igreja de Portugal recebeu muito recentemente
quatro sacerdotes (missionários ou não) para
assistirem pastoralmente os cristãos portugueses.
Ora, em todas as dioceses de Portugal há
sacerdotes dispensados, com a sua vida
organizada, que aceitavam de bom grado retomar
as funções pastorais, sem objetivos financeiros.
Assim o solicitem bispos e párocos.