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"SIMPÓSIO ECUMENISMO E MISSÃO – TESTEMUNHO CRISTÃO EM UM 
MUNDO PLURAL" 
Partilha do Simpósio Nacional Ecumenismo e Missão 2014 
São Paulo, agosto de 2014 
1 
Artur Peregrino* 
“As religiões servem na medida que ensinam a amar; se não o fazem, 
são nocivas porque subtraem energias humanas do seu fim 
verdadeiro” (Comblin). 
Testemunho cristão, em um mundo plural. Foi com esse lema que 
aconteceu o Simpósio Ecumenismo e Missão. O Conselho Nacional de Igrejas 
Cristãs (CONIC) promoveu o evento, em Vargem Grande Paulista (SP), entre os 
dias 21 e 24 de agosto, o qual foi organizado, em parceria com a Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e com as Comissões do 
Ecumenismo, do Laicato e da Ação Missionária da Conferência Nacional dos 
Bispos do Brasil (CNBB). 
O Simpósio foi aberto, com uma Celebração, na qual houve a participação 
das Igrejas participantes do CONIC, a saber: Igreja Evangélica de Confissão 
Luterana no Brasil; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Igreja Católica – CNBB; 
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Ortodoxa Síria. 
Com momentos de espiritualidade, houve um resgate da caminhada 
histórica do Movimento Ecumênico no Brasil, recordando a Conferência do 
Nordeste e o Concílio Ecumênico Vaticano II. 
O Pastor da Igreja Luterana no Brasil, Zwinglio Motta Dias, destacou a 
importância da Conferência do Nordeste para o mundo Protestante no início dos 
anos 60. A Conferência do Nordeste aconteceu, no Recife, em 1962 dentro de 
uma conjuntura internacional peculiar e foi um momento significativo que trouxe, 
à tona, os esforços de mobilização social. Pela primeira vez, na História do 
Protestantismo, os seus membros contaram com apoio da Academia. Destacou 
que o Protestantismo não foi capaz de perceber a dimensão social, cultural e 
nacional que era muito diferente dos Estados Unidos. Foi o desafio da realidade 
– injustiça e luta social – que levou a compreensão de um ecumenismo político. 
Muito mais por jovens das Igrejas que dos Setores institucionais. A Conferência 
do Nordeste foi derrotada, pelas Igrejas. Após o Golpe Militar, voltou-se à velha 
pequenez de um moralismo inconsequente que fechava-se à Graça do Cristo. 
Mas o Brasil democrático, hoje, torou-se, apenas, possível por causa das 
pequenas lutas do passado. 
* Mestre em Antropologia pela UFPE; prof. do Curso de Teologia na Unicap e integrante do 
Instituto Humanitas Unicap; pesquisador do Grupo de pesquisa UNICAP/CNPq Religiões, 
identidades e diálogos, na linha de pesquisa Diálogos inter-religiosos. Email: 
arturperegrino@gmail.com
O Professor JoanildoBurity, da Fundação Joaquim Nabuco, enfatizou a 
caminhada histórica, destacando, além da Conferência do Nordeste (1962), o 
Evangelho Social (1914), o Socialismo Religioso (1919), a Igreja Confessante 
(1938), a “Sociedade Responsável” (Assembléia Constitutiva do CMI 1948). 
Depois de 1962, caminha-se para uma conjuntura de virada pentecostal. Os 
pentecostais se posicionaram na invisibilidade (anos de 1950) à minoritização 
(anos 1980) e à hegemonia do Campo protestante (anos 2000). Considera-se, 
também, a fragmentação da geração ecumênica e de sua elaboração teológico-política. 
Criam-se muitos grupos que procuram viver um ecumenismo, debaixo 
do guarda-chuva do Catolicismo Libertador. Também o impacto da pluralização: 
ideologias, identidades, diversidade religiosa, impactos da globalização. Nas 
Igrejas Protestantes, esteve muito próximo o esvaziamento da presença de 
geração ecumênica. Outra geração ecumênica vai chegando, mas de maneira 
diferente. Exige-se uma nova postura de diálogo. O Ecumenismo torna-se 
apenas, um aspecto. Não é mais como antes: a luta contra o sistema. Constata-se, 
também, a desterritorialização do Cristianismo. O Movimento Ecumênico 
coloca-se dentro de um novo contexto. Existe um claro movimento para o Norte, 
proporcionado pelo Movimento Pentecostal. Na realidade, ocorre um movimento 
do Sul para o Norte. Vive-se hoje, um desafio. A pergunta é a seguinte: sem 
carismáticos e pentecostais haverá futuro ecumênico? A resposta é não. Mesmo 
nos movimento ecumênico há presença carismática e pentecostal. Nesse 
redesenho global, hodierno, o movimento carismático e pentecostal é núcleo 
central. Não é possível saber o quê e o como fazer. Todos se encontram nas 
mãos do Espírito. 
O Padre Oscar Beozzo, teólogo e historiador, destacou que após a 
celebração de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 
na Basílica de São Paulo Extramuros, o inesperado anúncio do Concílio, por 
João XXIII: 25 de janeiro de 1959. “Pronuncio perante vós, por certo tremendo 
um pouco de emoção, mas ao mesmo tempo com humilde resolução de 
propósito, o nome e a proposta de duas celebrações: um Sínodo diocesano para 
a Urbe e um Concílio geral para a Igreja universal”. Destacou que João XXIII fez 
o discurso de abertura (Gaudet Mater Ecclesia) onde propõe algumas linhas 
mestras. Vejamos: 
Atitude confiante e positiva - afastando-se dos Profetas da Desventura que 
anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim 
do mundo (IV.3), ressalte-se, serenamente, a apresentação da verdade. A Igreja 
deve responder às exigências do nosso tempo. Uma coisa é a substância do 
“depositum fidei”, isto é, as verdades contidas na nossa doutrina, e outra é a 
formulação com que são enunciadas, conservando-lhes, contudo, o mesmo 
sentido e o mesmo alcance (VI.5). Busca ecumênica pela unidade dos católicos, 
dos cristãos, dos fieis de Religiões não cristãs e de todo gênero humano. 
Veneráveis irmãos, isto se propõe o Concílio Ecumênico Vaticano II, que, ao 
mesmo tempo, que une as melhores energias da Igreja e se empenha por fazer 
acolher pelos homens mais favoravelmente o anúncio da salvação, como que 
prepara e consolida o caminho para aquela unidade do gênero humano, que 
se requer como fundamento necessário para que a cidade terrestre se conforme 
2
à semelhança da celeste «na qual reina a verdade, é lei a caridade, e a extensão 
é a eternidade (VIII.4). A Igreja sempre se opôs a estes erros; muitas vezes até 
os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere 
usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer 
melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que 
renovando condenações (VII.2). Será preciso atribuir muita importância a esta 
forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e dever-se-á 
utilizar a maneira de apresentar as coisas que mais correspondam ao magistério, 
cujo caráter é prevalentemente pastoral (VI.5). Que o Concílio corresponda 
às necessidades e esperanças dos diversos povos. Queira o céu que as vossas 
canseiras e o vosso trabalho, para o qual se dirigem não só os olhares de todos 
os povos, mas também as esperanças do mundo inteiro, correspondam 
plenamente às aspirações universais (IX.4). 
Assim, o Padre Oscar Beozzo destacou que é fundamental olhar para 
essa caminhada longa da Igreja que se abriu para o diálogo com o mundo. 
Destacou que, em 05 de junho de 1960 – surge o Secretariado para a unidade 
dos Cristãos que teve, como secretário o Cardeal Agostinho Bea. Isso foi uma 
porta aberta da Igreja para o diálogo porque, até então, a Igreja Católica não 
tinha uma interlocução com as Igrejas cristãs. 
Debates, a partir das temáticas expostas, conduziram para outro 
momento em que foram apresentados uma análise e um diagnóstico dos 
desafios para a Missão. Este momento teve a contribuição da Ir. Ignes 
Costalunga ( PUC-PR) que refletiu sobre a complexidade do mundo em que se 
vive. Perguntava: o que há em nossas instituições? O que significa fé, sim, 
Instituição, não? Também, o Pastor Roberto Zwetsch (EST- Escola Superior de 
Teologia - RS) enfatizou que, em relação ao Brasil, dever-se-ia perceber a 
grande ascensão da Igreja Católica e, também, de Igrejas do Protestantismo 
histórico. Enfim, todas essas alterações têm consequências para a prática do 
Ecumenismo e da Missão. 
O Documento “Testemunho Cristão num mundo plural” – recomendações 
sobre a prática do testemunho - foi objeto de estudos para trabalhos em grupos. 
O documento foi apresentado, pelo Pastor Walter Altmann (Pastor da Igreja 
Luterana no Brasil - IECLB) que destacou a importância do supramencionado 
documento, o qual, pela primeira vez na história, foi elaborado, em conjunto, pelo 
Conselho Mundial de Igrejas, pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso 
e pela Aliança Evangélica Mundial. No final da explanação sobre o 
Documento lançaram-se três perguntas que fizeram refletir sobre a relação entre 
Missão e Ecumenismo. As questões chamaram atenção para o contexto plural, 
as agendas múltiplas, os direitos humanos, sociais, culturais, econômicos e 
ambientais. Perguntava-se, como questão fundamental, o que é preciso mudar, 
nas compreensões missionárias, eclesiológicas, de todos. 
Palestras com os temas “Bíblia e Missão” e “Missão e ecumenismo: 
documentos, perspectivas de ação comum” foram os últimos elementos 
trabalhados para elaboração de um Documento comum, entre os participantes, 
com o título “Testemunho Cristão brasileiro em um mundo plural”. 
3
A Professora Wanda Deifelt (EST- Escola Superior de Teologia - RS) 
apresentou o tema revisitando metodologias missionárias, a partir dos Atos dos 
Apóstolos. Lembrou o (des)encontro entre as religiões a partir de John Hick que 
menciona três modelos de interação: exclusivismo (no qual o outro é 
demonizado e deve ser subjugado à “verdade” da Religião dominante ou 
colonizadora), inclusivismo (onde o aspectos de outras tradições religiosas ou 
filosofias de vida são interpretadas como expressões incipientes da Religião 
dominante), pluralismo (no qual há um diálogo interreligioso enfocando 
aspectos mais comuns/compartilhados, ou seja, aquilo que une e não o que 
separa). 
O biblista Carlos Mesters nos ajudou a responder à questão de como 
anunciar Deus, hoje. Dizia que uma nova experiência de Deus não vem, com a 
razão, mas vem pelos pés. Muito mais que falar sobre Deus é viver a maneira 
de Deu. A Boa Nova é descobrir o rastro de Deus. Para agir, no mundo, é preciso 
olhar, de perto, como Jesus foi “missionário de Deus”. Alguns traços 
fundamentais de Jesus que passam a ser elementos fundamentais para a 
Missão cristã no mundo. Veja-se: Jesus acolhe os excluídos, sobretudo os 
doentes; Jesus vai ao encontro das pessoas, inclusive chamando-as para segui-lo; 
Jesus reconstrói a vida comunitária nos povoados da Galiléia; Jesus recupera 
a dimensão caseira e festiva da Fé; Jesus recupera a igualdade entre homem e 
mulher; Jesus supera as barreiras de gênero, religião, raça e classe; Jesus 
recupera o humano universal. Carlos Mesters fez uma reflexão sobre a prática 
missionária na época do cativeiro bíblico e hoje. Por fim, concluiu dizendo que é 
preciso tirar o véu para revelar o Reino de Deus. 
Na parte final do simpósio, foi feito um trabalho de grupo para ler e 
destacar elementos para um testemunho cristão, num mundo de pluralismo 
religioso. Destaque-se o relato de um dos grupos que apresenta a noção por 
onde andou a conclusão do simpósio. Veja-se: definir, preliminarmente, 
conceitos de Ecumenismo e Missão; tomar em conta as iniciativas que as bases, 
já, realizaram, dando-lhes apoio, reconhecimento e incentivo; recolher 
experiências e iniciativas que foram apresentadas no Seminário, pois estas 
podem ajudar na compreensão, tanto do Ecumenismo como da Missão; 
foi enfatizada a necessidade de as Igrejas reconhecerem, de maneira mais 
ampla e autorizada, os Ministérios femininos e que implementem a 
participação das mulheres, em todas as esferas de decisão das Igrejas; 
cada Igreja invista na formação ecumênica dos leigos e leigas, assim como na 
dos clérigos; que os que ensinam na área do ecumenismo e do diálogo inter-religioso 
tenham, também, uma prática, neste mesmo campo do Ecumenismo e 
do diálogo com outras Religiões; que regiões, dioceses e até mesmo paróquias 
e comunidades tenham pessoas ou Comissão responsável pelo diálogo 
ecumênico e por iniciativas conjuntas com outras Igrejas e Religiões; 
recomenda-se que todas as Igrejas e membros fraternos presentes coloquem o 
Documento “Testemunho Cristão” nos seus “sites” e “blogs”; seria bom que, em 
certo trecho do Documento, por iniciativa do CONIC, seja inserido um adendo 
sobre a importância da equidade de gênero, no diálogo ecumênico e 
interreligioso. 
Uma Celebração ecumênica, com destaque para a unidade na 
diversidade, concluiu o Simpósio Ecumenismo e Missão - Testemunho cristão 
4
em um mundo plural. Promovido pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs 
(CONIC), com apoio das Comissões para o Ecumenismo, Laicato e Ação 
Missionária da CNBB e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), 
o evento reuniu cerca de 100 representantes de diversas Igrejas cristãs, em 
Vargem Grande Paulista (SP). A Pastora Rome Bencke, Secretária-geral do 
CONIC agradeceu a todos, no final da Celebração e disse “que todo material do 
Simpósio será estudado com carinho, mas que fazendo um discernimento com 
a coordenação do Simpósio, achou-se por bem, por vários motivos, não elaborar 
um documento final neste momento. Atente-se para o Espírito que sopra onde, 
quando e como quer”. 
Vale destacar dois Eventos nos quais deve haver empenho, de maneira 
particular. O primeiro é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que 
acontecerá em 2015 e será preparado pelo Brasil. Será uma contribuição do 
Brasil para o mundo. O segundo é a Campanha da Fraternidade de 2016 que 
voltará a ser ecumênica. Com esses comunicados, todos se abraçaram e 
voltaram para suas casas na disposição de lutarem pela unidade dos cristãos e 
agirem em favor do diálogo entre as religiões. 
Elias Wolff, assessor da Conferência Nacional do Bispos do Brasil para o 
ecumenismo e o diálogo inter-religioso, nos exortava no final: “Com todos, 
avançamos pelas tortuosas, mas belas e esperançosas, trilhas da reflexão sobre 
os caminhos de Diálogo ecumênico, inter-religioso e intercultural”. 
5

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Testemunho Cristão em Mundo Plural

  • 1. "SIMPÓSIO ECUMENISMO E MISSÃO – TESTEMUNHO CRISTÃO EM UM MUNDO PLURAL" Partilha do Simpósio Nacional Ecumenismo e Missão 2014 São Paulo, agosto de 2014 1 Artur Peregrino* “As religiões servem na medida que ensinam a amar; se não o fazem, são nocivas porque subtraem energias humanas do seu fim verdadeiro” (Comblin). Testemunho cristão, em um mundo plural. Foi com esse lema que aconteceu o Simpósio Ecumenismo e Missão. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) promoveu o evento, em Vargem Grande Paulista (SP), entre os dias 21 e 24 de agosto, o qual foi organizado, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e com as Comissões do Ecumenismo, do Laicato e da Ação Missionária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Simpósio foi aberto, com uma Celebração, na qual houve a participação das Igrejas participantes do CONIC, a saber: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Igreja Católica – CNBB; Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Ortodoxa Síria. Com momentos de espiritualidade, houve um resgate da caminhada histórica do Movimento Ecumênico no Brasil, recordando a Conferência do Nordeste e o Concílio Ecumênico Vaticano II. O Pastor da Igreja Luterana no Brasil, Zwinglio Motta Dias, destacou a importância da Conferência do Nordeste para o mundo Protestante no início dos anos 60. A Conferência do Nordeste aconteceu, no Recife, em 1962 dentro de uma conjuntura internacional peculiar e foi um momento significativo que trouxe, à tona, os esforços de mobilização social. Pela primeira vez, na História do Protestantismo, os seus membros contaram com apoio da Academia. Destacou que o Protestantismo não foi capaz de perceber a dimensão social, cultural e nacional que era muito diferente dos Estados Unidos. Foi o desafio da realidade – injustiça e luta social – que levou a compreensão de um ecumenismo político. Muito mais por jovens das Igrejas que dos Setores institucionais. A Conferência do Nordeste foi derrotada, pelas Igrejas. Após o Golpe Militar, voltou-se à velha pequenez de um moralismo inconsequente que fechava-se à Graça do Cristo. Mas o Brasil democrático, hoje, torou-se, apenas, possível por causa das pequenas lutas do passado. * Mestre em Antropologia pela UFPE; prof. do Curso de Teologia na Unicap e integrante do Instituto Humanitas Unicap; pesquisador do Grupo de pesquisa UNICAP/CNPq Religiões, identidades e diálogos, na linha de pesquisa Diálogos inter-religiosos. Email: arturperegrino@gmail.com
  • 2. O Professor JoanildoBurity, da Fundação Joaquim Nabuco, enfatizou a caminhada histórica, destacando, além da Conferência do Nordeste (1962), o Evangelho Social (1914), o Socialismo Religioso (1919), a Igreja Confessante (1938), a “Sociedade Responsável” (Assembléia Constitutiva do CMI 1948). Depois de 1962, caminha-se para uma conjuntura de virada pentecostal. Os pentecostais se posicionaram na invisibilidade (anos de 1950) à minoritização (anos 1980) e à hegemonia do Campo protestante (anos 2000). Considera-se, também, a fragmentação da geração ecumênica e de sua elaboração teológico-política. Criam-se muitos grupos que procuram viver um ecumenismo, debaixo do guarda-chuva do Catolicismo Libertador. Também o impacto da pluralização: ideologias, identidades, diversidade religiosa, impactos da globalização. Nas Igrejas Protestantes, esteve muito próximo o esvaziamento da presença de geração ecumênica. Outra geração ecumênica vai chegando, mas de maneira diferente. Exige-se uma nova postura de diálogo. O Ecumenismo torna-se apenas, um aspecto. Não é mais como antes: a luta contra o sistema. Constata-se, também, a desterritorialização do Cristianismo. O Movimento Ecumênico coloca-se dentro de um novo contexto. Existe um claro movimento para o Norte, proporcionado pelo Movimento Pentecostal. Na realidade, ocorre um movimento do Sul para o Norte. Vive-se hoje, um desafio. A pergunta é a seguinte: sem carismáticos e pentecostais haverá futuro ecumênico? A resposta é não. Mesmo nos movimento ecumênico há presença carismática e pentecostal. Nesse redesenho global, hodierno, o movimento carismático e pentecostal é núcleo central. Não é possível saber o quê e o como fazer. Todos se encontram nas mãos do Espírito. O Padre Oscar Beozzo, teólogo e historiador, destacou que após a celebração de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na Basílica de São Paulo Extramuros, o inesperado anúncio do Concílio, por João XXIII: 25 de janeiro de 1959. “Pronuncio perante vós, por certo tremendo um pouco de emoção, mas ao mesmo tempo com humilde resolução de propósito, o nome e a proposta de duas celebrações: um Sínodo diocesano para a Urbe e um Concílio geral para a Igreja universal”. Destacou que João XXIII fez o discurso de abertura (Gaudet Mater Ecclesia) onde propõe algumas linhas mestras. Vejamos: Atitude confiante e positiva - afastando-se dos Profetas da Desventura que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo (IV.3), ressalte-se, serenamente, a apresentação da verdade. A Igreja deve responder às exigências do nosso tempo. Uma coisa é a substância do “depositum fidei”, isto é, as verdades contidas na nossa doutrina, e outra é a formulação com que são enunciadas, conservando-lhes, contudo, o mesmo sentido e o mesmo alcance (VI.5). Busca ecumênica pela unidade dos católicos, dos cristãos, dos fieis de Religiões não cristãs e de todo gênero humano. Veneráveis irmãos, isto se propõe o Concílio Ecumênico Vaticano II, que, ao mesmo tempo, que une as melhores energias da Igreja e se empenha por fazer acolher pelos homens mais favoravelmente o anúncio da salvação, como que prepara e consolida o caminho para aquela unidade do gênero humano, que se requer como fundamento necessário para que a cidade terrestre se conforme 2
  • 3. à semelhança da celeste «na qual reina a verdade, é lei a caridade, e a extensão é a eternidade (VIII.4). A Igreja sempre se opôs a estes erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações (VII.2). Será preciso atribuir muita importância a esta forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e dever-se-á utilizar a maneira de apresentar as coisas que mais correspondam ao magistério, cujo caráter é prevalentemente pastoral (VI.5). Que o Concílio corresponda às necessidades e esperanças dos diversos povos. Queira o céu que as vossas canseiras e o vosso trabalho, para o qual se dirigem não só os olhares de todos os povos, mas também as esperanças do mundo inteiro, correspondam plenamente às aspirações universais (IX.4). Assim, o Padre Oscar Beozzo destacou que é fundamental olhar para essa caminhada longa da Igreja que se abriu para o diálogo com o mundo. Destacou que, em 05 de junho de 1960 – surge o Secretariado para a unidade dos Cristãos que teve, como secretário o Cardeal Agostinho Bea. Isso foi uma porta aberta da Igreja para o diálogo porque, até então, a Igreja Católica não tinha uma interlocução com as Igrejas cristãs. Debates, a partir das temáticas expostas, conduziram para outro momento em que foram apresentados uma análise e um diagnóstico dos desafios para a Missão. Este momento teve a contribuição da Ir. Ignes Costalunga ( PUC-PR) que refletiu sobre a complexidade do mundo em que se vive. Perguntava: o que há em nossas instituições? O que significa fé, sim, Instituição, não? Também, o Pastor Roberto Zwetsch (EST- Escola Superior de Teologia - RS) enfatizou que, em relação ao Brasil, dever-se-ia perceber a grande ascensão da Igreja Católica e, também, de Igrejas do Protestantismo histórico. Enfim, todas essas alterações têm consequências para a prática do Ecumenismo e da Missão. O Documento “Testemunho Cristão num mundo plural” – recomendações sobre a prática do testemunho - foi objeto de estudos para trabalhos em grupos. O documento foi apresentado, pelo Pastor Walter Altmann (Pastor da Igreja Luterana no Brasil - IECLB) que destacou a importância do supramencionado documento, o qual, pela primeira vez na história, foi elaborado, em conjunto, pelo Conselho Mundial de Igrejas, pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e pela Aliança Evangélica Mundial. No final da explanação sobre o Documento lançaram-se três perguntas que fizeram refletir sobre a relação entre Missão e Ecumenismo. As questões chamaram atenção para o contexto plural, as agendas múltiplas, os direitos humanos, sociais, culturais, econômicos e ambientais. Perguntava-se, como questão fundamental, o que é preciso mudar, nas compreensões missionárias, eclesiológicas, de todos. Palestras com os temas “Bíblia e Missão” e “Missão e ecumenismo: documentos, perspectivas de ação comum” foram os últimos elementos trabalhados para elaboração de um Documento comum, entre os participantes, com o título “Testemunho Cristão brasileiro em um mundo plural”. 3
  • 4. A Professora Wanda Deifelt (EST- Escola Superior de Teologia - RS) apresentou o tema revisitando metodologias missionárias, a partir dos Atos dos Apóstolos. Lembrou o (des)encontro entre as religiões a partir de John Hick que menciona três modelos de interação: exclusivismo (no qual o outro é demonizado e deve ser subjugado à “verdade” da Religião dominante ou colonizadora), inclusivismo (onde o aspectos de outras tradições religiosas ou filosofias de vida são interpretadas como expressões incipientes da Religião dominante), pluralismo (no qual há um diálogo interreligioso enfocando aspectos mais comuns/compartilhados, ou seja, aquilo que une e não o que separa). O biblista Carlos Mesters nos ajudou a responder à questão de como anunciar Deus, hoje. Dizia que uma nova experiência de Deus não vem, com a razão, mas vem pelos pés. Muito mais que falar sobre Deus é viver a maneira de Deu. A Boa Nova é descobrir o rastro de Deus. Para agir, no mundo, é preciso olhar, de perto, como Jesus foi “missionário de Deus”. Alguns traços fundamentais de Jesus que passam a ser elementos fundamentais para a Missão cristã no mundo. Veja-se: Jesus acolhe os excluídos, sobretudo os doentes; Jesus vai ao encontro das pessoas, inclusive chamando-as para segui-lo; Jesus reconstrói a vida comunitária nos povoados da Galiléia; Jesus recupera a dimensão caseira e festiva da Fé; Jesus recupera a igualdade entre homem e mulher; Jesus supera as barreiras de gênero, religião, raça e classe; Jesus recupera o humano universal. Carlos Mesters fez uma reflexão sobre a prática missionária na época do cativeiro bíblico e hoje. Por fim, concluiu dizendo que é preciso tirar o véu para revelar o Reino de Deus. Na parte final do simpósio, foi feito um trabalho de grupo para ler e destacar elementos para um testemunho cristão, num mundo de pluralismo religioso. Destaque-se o relato de um dos grupos que apresenta a noção por onde andou a conclusão do simpósio. Veja-se: definir, preliminarmente, conceitos de Ecumenismo e Missão; tomar em conta as iniciativas que as bases, já, realizaram, dando-lhes apoio, reconhecimento e incentivo; recolher experiências e iniciativas que foram apresentadas no Seminário, pois estas podem ajudar na compreensão, tanto do Ecumenismo como da Missão; foi enfatizada a necessidade de as Igrejas reconhecerem, de maneira mais ampla e autorizada, os Ministérios femininos e que implementem a participação das mulheres, em todas as esferas de decisão das Igrejas; cada Igreja invista na formação ecumênica dos leigos e leigas, assim como na dos clérigos; que os que ensinam na área do ecumenismo e do diálogo inter-religioso tenham, também, uma prática, neste mesmo campo do Ecumenismo e do diálogo com outras Religiões; que regiões, dioceses e até mesmo paróquias e comunidades tenham pessoas ou Comissão responsável pelo diálogo ecumênico e por iniciativas conjuntas com outras Igrejas e Religiões; recomenda-se que todas as Igrejas e membros fraternos presentes coloquem o Documento “Testemunho Cristão” nos seus “sites” e “blogs”; seria bom que, em certo trecho do Documento, por iniciativa do CONIC, seja inserido um adendo sobre a importância da equidade de gênero, no diálogo ecumênico e interreligioso. Uma Celebração ecumênica, com destaque para a unidade na diversidade, concluiu o Simpósio Ecumenismo e Missão - Testemunho cristão 4
  • 5. em um mundo plural. Promovido pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), com apoio das Comissões para o Ecumenismo, Laicato e Ação Missionária da CNBB e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), o evento reuniu cerca de 100 representantes de diversas Igrejas cristãs, em Vargem Grande Paulista (SP). A Pastora Rome Bencke, Secretária-geral do CONIC agradeceu a todos, no final da Celebração e disse “que todo material do Simpósio será estudado com carinho, mas que fazendo um discernimento com a coordenação do Simpósio, achou-se por bem, por vários motivos, não elaborar um documento final neste momento. Atente-se para o Espírito que sopra onde, quando e como quer”. Vale destacar dois Eventos nos quais deve haver empenho, de maneira particular. O primeiro é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que acontecerá em 2015 e será preparado pelo Brasil. Será uma contribuição do Brasil para o mundo. O segundo é a Campanha da Fraternidade de 2016 que voltará a ser ecumênica. Com esses comunicados, todos se abraçaram e voltaram para suas casas na disposição de lutarem pela unidade dos cristãos e agirem em favor do diálogo entre as religiões. Elias Wolff, assessor da Conferência Nacional do Bispos do Brasil para o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, nos exortava no final: “Com todos, avançamos pelas tortuosas, mas belas e esperançosas, trilhas da reflexão sobre os caminhos de Diálogo ecumênico, inter-religioso e intercultural”. 5