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ARGUMENTO
ONTOLÓGICO
ÍNDICE
• Introdução;
O projeto de Hume: a análise das
capacidades do entendimento humano
Hume pensa que faltou a Descartes uma investigação sobre as capacidades
do entendimento humano. Sem esta investigação não saberemos do que o
nosso entendimento é capaz e quais os seus limites.
Tal como Descartes, Hume recorre a uma abordagem fundamentalista para
responder ao problema do conhecimento.
• encara a experiência sensível com enorme suspeita.
• atribui o estatuto de crenças básicas justamente às crenças que provêm
da nossa experiência sensível imediata, como por exemplo a crença
“Estou, neste momento, a ter uma experiência da cor azul”.
O projeto de Hume: a análise das
capacidades do entendimento humano
Hume coloca na experiência sensível o maior grau de evidência a que
podemos aspirar quando procuramos saber como as coisas são.
A maioria dos empiristas tinha a crença de que, quando nascemos, a nossa
mente é como uma “tábua rasa”, uma folha em branco, que posteriormente
será preenchida pela experiência.
Daí ele ser um defensor do fundacionalismo empirista,
ou simplesmente, empirismo.
Os conteúdos da mente: impressões e ideias
A investigação do entendimento humano começa com a análise da mente e
dos seus conteúdos.Todos os conteúdos da mente são perceções.
Ex: sensações, pensamentos, sentimentos, desejos e emoções
impressões e ideias
As impressões e as ideias distinguem-se pelo grau de força
e intensidade com que se apresentam na nossa mente. As
impressões são perceções mais fortes e intensas (vívidas) do
que as ideias.
Os conteúdos da mente: impressões e ideias
As nossas impressões correspondem aos dados da nossa experiência
imediata, ou seja, às experiências que temos no momento em que
observamos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos, etc., e
caracterizam-se pelo seu enorme grau de intensidade e vivacidade.
As ideias são cópias enfraquecidas das impressões que surgem quando
recorremos à memória ou à imaginação para representarmos
mentalmente impressões que tivermos
anteriormente, e, portanto, são menos intensas e menos vívidas do
que as impressões.
Os conteúdos da mente: impressões e ideias
Hume reforça esta diferença através contraste entre sentir e
pensar:
Sentir uma dor é muito diferente de recordar uma dor sentida
anteriormente. A primeira experiência é forçosamente mais
vívida e mais intensa do que a segunda.
A origem das ideias: o Princípio da Cópia
Qual é a origem das impressões
e das ideias?
As impressões são causadas
pelas ideias
ou são as ideias que causam as
impressões?
Sendo imagens com
representações das
impressões, as ideias são cópias
destas.
A origem das ideias: o Princípio da Cópia
Hume reformula velho princípio aristotélico segundo o qual “ nada está no
intelecto sem que tenha passado pelos sentidos”.
Princípio da cópia – todas as ideias humanas são cópias de impressões.
Hume justifica a sua aceitação deste princípio com base na ideia de que um
cego de nascença seria incapaz de imaginar a cor azul, justamente porque
não possui qualquer impressão que corresponde a esta cor.
A origem das ideias: o Princípio da Cópia
A origem das nossas ideias é a experiência.
As ideias são cópias das nossas impressões. Se as ideias são cópias das
impressões, então não há ideias inatas. Não há ideias que não tenham sido
formadas a partir da experiência.
Por outro lado, a dependência das ideias em relação às impressões revela
que a experiência marca os limites do nosso conhecimento. Do que não
houver impressão sensível não haverá conhecimento.
A origem das ideias: o Princípio da Cópia
Será que Hume tem razão? Não haverá ideias que não correspondem a
nenhuma impressão?
Afinal de contas, se esse fosse o caso, como poderíamos ter as ideias de
centauro, sereia, cavalo alado, etc.?
Ideias simples e ideias complexas
A explicação que Hume apresenta para esta aparente inconsistência da sua teoria
baseia-se na distinção entre ideias simples e ideias complexas.
As ideias simples correspondem a impressões simples, ou seja, impressões de coisas que
não podem ser divididas em partes mais pequenas, a cor com a forma. Não podemos
criar ideias simples - não podemos ter a ideia de uma cor, de uma sensação tátil ou de um som
sem os experimentarmos diretamente, isto é, sem delas termos tido as respetivas impressões
simples.
As ideias complexas, por sua vez, correspondem à combinação de duas ou mais ideias
simples, nada mais podem conter do que ideias simples e a sua combinação. Estas
combinações podem ter a sua origem na memória, quando apresentam a mesma
configuração que tinham quando surgiram na experiência, ou podem ter a sua origem na
imaginação, quando correspondem a combinações inéditas de ideias simples.
Assim, através da imaginação, podemos combinar a forma de
um peixe com a forma de uma mulher para criar a ideia de
sereia.
Associação de ideias
Apesar de podermos através da imaginação formar ideias como a de
unicórnio e de sereia, faculdade de associar ideias não é arbitrária.
Obedece a regras, ou seja, a sua combinação e associação é regulada
por alguns princípios básicos.
Semelhança
Contiguidade
Causalidade
Associação de ideias
• a semelhança: quando duas ideias são semelhantes, a consideração de uma delas
conduz à consideração da outra. Por exemplo, é natural que a contemplação de
uma fotografia nos faça pensar na pessoa fotografada;
• a contiguidade: quando duas ideias são contíguas no espaço ou no tempo, a
consideração de uma delas evoca a consideração da outra. Por exemplo, se sei que
a sala de estar se situa no alinhamento da entrada da minha casa, é natural que me
venha à mente a representação de um desses espaços sempre que penso no outro.
O mesmo acontece quanto ao tempo: se é costume jantar depois do pôr do sol, é
natural que pense em comida de cada vez que o sol se põe.
• a causalidade: quando representamos duas ideias como correspondendo a uma
relação causa-efeito, o que é natural é que a consideração da causa nos transporte
para a consideração do efeito. Por exemplo, se pensarmos numa ferida é comum
pensarmos na dor que naturalmente lhe está associada.
Nota: o princípio da causalidade coloca sérios problemas à abordagem
empirista de David Hume. Mais tarde iremos ocupar-nos desta análise.
Os objetos do conhecimento humano
(Bifurcação de Hume)
Considerando a distinção entre ideias e impressões, Hume reduz todo o
conhecimento humano a dois tipos: relações de ideias e questões de
facto. Por outras palavras, temos duas formas de constituir
conhecimento: relacionando ideias e relacionando factos.
O conhecimento a priori (relação de ideias)
• pode ser obtido apenas mediante a análise do significado dos conceitos
envolvidos numa proposição. Por exemplo, para saber que a proposição “os
solteiros não são casados” é verdadeira, basta saber o significado dos
conceitos de “casado” e de “ solteiro”. Trata-se de uma verdade
necessária, pois a sua negação implica uma contradição nos termos;
• é característico de áreas como a matemática, geometria e a lógica;
• as relações de ideias são proposições que conhecemos a priori, sendo
proposições cuja verdade pode ser conhecida pela simples inspeção lógica
do seu conteúdo ou mediante demonstrações baseadas em raciocínios
dedutivos.
O conhecimento de factos ou a posteriori
(questões de facto)
• só pode ser obtido através de impressões, ou seja, através da experiência, e
que nos fornece informação verdadeira acerca do mundo. Por exemplo, “A
neve é branca” é uma questão de facto, pois, para se saber que a neve é
branca, é preciso ter experiência de neve e da sua cor;
• não existe nada nos conceitos de “neve” e de “brancura” que torne a
proposição “a neve não é branca” uma contradição nos termos, logo o valor
de verdade das proposições relativas a questões de facto só pode ser
determinado a posteriori. Por isso, a verdade das proposições de facto é
contingente;
• o tipo de raciocínio subjacente às questões de facto é um raciocínio
indutivo.
Dois tipos de conhecimento
Relações
de ideias
 São constituídos por proposições que apenas relacionam ideias.
 São conhecimentos a priori porque podemos determinar a sua verdade sem
recorrer à experiência.
 A sua verdade é necessárias porque a sua negação implica uma impossibilidade
lógica, é contraditória.
 A sua certeza é absoluta.
 Baseiam-se no raciocínio dedutivo e na intuição lógica.
“36 é metade de 72.”
“Se A é maior que B e B maior
que C, então A é maior que C.”
“Todos os objetos castanhos
são coloridos.”
As proposições que exprimem e combinam ideias não nos dão qualquer informação sobre o que se passa no mundo. A razão por si só não
pode dizer-nos como as coisas são e acontecem no mundo.
Questões
de facto
 São constituídos por proposições que se referem a factos ou relacionam factos.
 São conhecimentos a posteriori porque não podemos mostrar a sua verdade sem
recorrer à experiência.
 A verdade das proposições que constituem os conhecimentos factuais é
contingente e não necessária porque a sua negação é logicamente concebível.
 O conhecimento de factos nunca poderá alcançar, assim, o tipo de certeza
(absoluta) que caracteriza o conhecimento relativo às relações de ideias.
 Os conhecimentos das ciências da natureza e das ciências humanas são exemplos
de conhecimentos factuais.
 Baseiam-se essencialmente em raciocínios indutivos.
“A diminuição do ozono
atmosférico é um efeito do
aumento da emissão de gases
poluentes.”
“Nairóbi é a capital do Quénia.”
“Quando afastamos um objeto
da superfície da Terra, temos de
vencer a força da gravidade que
sempre o atrai.”
As proposições que se referem a factos visam dar-nos conhecimentos sobre o que no mundo existe e acontece.
Hume…
• sustenta que apenas o conhecimento sobre questões de facto nos pode fornecer
informações sobre o mundo, pois as relações de ideias, embora expressem
verdades necessárias, referem-se apenas às relações entre o significado das
ideias envolvidas, mas nada dizem acerca do que existe (é verdade que nenhum
solteiro pode ser casado, mas isso não nos diz se existem solteiros ou não).
• rejeita a conclusão do argumento cético da regressão infinita, pois, embora
reconheça que as nossas cadeias de justificações podem regredir infinitamente,
deixando as nossas crenças injustificadas, também acredita que estas podem
desembocar num facto autoevidente, presente à nossa memória ou aos nossos
sentidos, que não precisa de justificação adicional e que serve de fundamento ou
justificação para as nossas restantes crenças.
A partir desta constatação, Hume propõe um critério para avaliar o valor de uma
investigação:
• caso se trate de uma investigação sobre questões de facto, terá de se basear, de
alguma forma, em impressões;
• se a investigação não se basear em impressões, então não poderá ultrapassar o
âmbito das relações de ideias.
Assim, considerando que existem apenas dois tipos de conhecimento – relações
de ideias e questões de facto – e uma vez que apenas conhecimento de questões
de facto nos fornece informações acerca do mundo, todo o nosso conhecimento
do mundo se baseia necessariamente em impressões.
O problema do conhecimento do mundo
Consideremos a seguinte proposição: Toda a água entra em ebulição a 100oC.
Trata-se de um conhecimento de facto por que relaciona dois factos ou
acontecimentos: o aquecimento da água a determinada temperatura e a sua
ebulição.
Que relação se estabelece entre estes dois factos?
Estabelece-se uma relação causal. O aquecimento da água a determinada
temperatura (A) é a causa da sua ebulição (B). O que significa isto? Não só que B
acontece depois de A, mas que A é causa de B. A relação causal aqui exemplificada
quer dizer que sempre que acontece A acontecerá B.
O problema do conhecimento do mundo
Para um empirista como Hume, o que se observa é uma relação de contiguidade. Os
acontecimentos, dirá, estão conjugados, mas não conectados.
Até agora a água entrou em ebulição quando atingiu esta temperatura e, no futuro, assim
continuará a acontecer. Tanto assim é que a partir de um certo aquecimento acreditamos
que podemos prever a ebulição da água. Ora, a previsão é uma forma de raciocínio
indutivo.
O conhecimento do mundo é constituído por relações causais e inferências indutivas
ou raciocínios indutivos.
relação necessária entre dois acontecimentos
“Toda a água entra em ebulição a
100oC”
Sempre que atinge 100oC água
entra em ebulição.
O problema do conhecimento do mundo
Como explicar a previsão?
Quando afirmamos que toda a água entra em ebulição a 100oC, criamos a
expectativa de que todas as vezes que a água for submetida a essa
temperatura entrará em ebulição.
O que está na base deste expectativa é a crença de que a natureza funciona
de forma regular ou, mais precisamente, de que o seu comportamento é
sempre o mesmo, uniforme.
O problema do conhecimento do mundo
Assim, na base das explicações mediante relação de causa e efeito e das nossas
previsões e generalizações (raciocínios indutivos) está a crença no princípio da
uniformidade da natureza.
Assim, o problema do conhecimento do mundo desdobra-se em vários problemas:
o o problema da causalidade;
o o problema da indução; e
o o problema da uniformidade da natureza.
Se a natureza não fosse regular e não tivesse
sempre o mesmo comportamento, seria
imprevisível e não poderíamos conhecer.
O problema da causalidade
De onde vem a ideia de causalidade?
Não se trata de uma relação de ideias, pois da sua negação não resulta qualquer
contradição. Por exemplo, ao ver uma bola de bilhar mover-se em direção a outra
posso perfeitamente conceber uma série de conhecimentos alternativos: posso
imaginar que ambas as bolas ficam paradas, que a segunda fica parada e a
primeira volta para trás, ou que a primeira para e a segunda se desloca numa ou
noutra direção, etc.
Resta-nos a possibilidade de se tratar de uma questão de facto. No entanto, é a
experiência não nos responde a isto, pois tudo o que vemos são dois
acontecimentos surgirem frequentemente associados, mas não temos qualquer
impressão sensível do que é essa suposta conexão necessária entre ambos.
O problema da causalidade
Hume não fica sem resposta para os problemas suscitados pelo princípio da
causalidade e recorre a uma experiência mental para nos mostrar que, apesar
de não haver uma impressão que corresponde diretamente, a ideia de
causalidade tem origem na experiência.
Alguém inexperiente, ainda que dotado das mais desenvolvidas capacidades
racionais, não saberia inferir o efeito a partir da sua respetiva causa numa
única ocorrência, apenas seria capaz de o fazer após verificar que estes dois
acontecimentos aparecem constantemente um a seguir ao outro.
O problema da causalidade
Deste modo, Hume conclui que na ideia de relação causal o que é necessário
entre dois acontecimentos mais não é do que a expectativa de que um deles, a que
chamamos efeito, irá ocorrer sempre que o outro, a que chamamos causa, ocorra.
Resulta do hábito
experiência que temos de uma conjunção constante de dois
acontecimentos, pelo que não se funda na razão, mas sim num
impulso natural e fundamental para o nosso dia a dia.
O Problema da indução
O problema da causalidade e o problema da indução estão intimamente
ligados. A ideia de causalidade e as inferências indutivas são a base da
formação das nossas crenças acerca do mundo.
Pensemos na seguinte proposição: A causa do congelamento da água é um
determinado arrefecimento da temperatura.
Afirmar que um dado arrefecimento de temperatura é sempre seguido pelo
congelamento da água e que por isso podemos prever este último
acontecimento de cada vez que o primeiro ocorrer, é ir para lá do que a
experiência imediata (limitada ao presente) nos permite. Ora, ir para além da
experiência imediata em direção ao que não observámos só é possível se
raciocinarmos indutivamente.
O Problema da indução
Que crença está na base das inferências indutivas? A crença de que a natureza se
comporta sempre da mesma maneira, de que o futuro repete o passado.
A esta crença dá Hume o nome de princípio da uniformidade da natureza
(PUN). Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução.
diz-nos que a natureza comportar no futuro
conforme se tem comportado até hoje.
O PUN é algo que, de forma mais ou menos
consciente, todos assumimos como verdadeiro.
O Problema da indução
Importa analisar dois aspetos do PUN:
1. o princípio da uniformidade da natureza não pode ser justificado a
priori, através do simples recurso a razão. Uma justificação a priori
implicaria que o PUN seria uma verdade necessária, cuja negação seria
contraditória. Mas é logicamente possível pensar que, apesar de até
agora a natureza se ter comportado sempre do mesmo modo, no futuro
ela deixe de se comportar assim.
O Problema da indução
2. o princípio da uniformidade da natureza não pode ser justificado a
posteriori, por intermédio da experiência. Não podemos observar toda
a natureza ou o futuro. Assim, como surge a crença em tal uniformidade?
Baseados em repetidas experiências passadas em que, por exemplo,
dado aumento de temperatura foi sempre seguido pela dilatação de um
dado corpo, concluímos que no futuro assim será. Trata-se de um
raciocínio indutivo.
Ora, é precisamente aqui que reside o problema. O PUN é a base dos
nossos raciocínios indutivos. Contudo, para o justificarmos, recorremos a
um raciocínio indutivo. Cometemos a falácia da petição de princípio
porque queremos justificar a indução, mas a única resposta que
encontramos é que é indução justifica a indução.
O Problema da indução
Se a justificação da indução é indutiva, as nossas crenças são indutivas e não
têm justificação epistémica legítima.
As relações causais e as inferências indutivas, nas quais o nosso
conhecimento do mundo se baseia, pressupõem a crença na regularidade da
natureza.
Sendo esta injustificável, temos de concluir que o conhecimento do mundo
não é possível no sentido em que não podemos justificar as nossas crenças
acerca dele.
O Problema do mundo exterior
Não é só o PUN que levanta problemas. Também a nossa crença no mundo
exterior será problematizada por Hume.
Todos nós assumimos como verdadeira a existência do mundo exterior às
nossas mentes, que não depende da nossa perceção e que é a verdadeira
causa das nossas impressões.
Mas Hume afirma que “nada pode estar presente à mente a não ser uma
imagem ou perceção, e (…) os sentidos são apenas as entradas por onde as
imagens são transportadas, sem conseguirem suscitar uma comunicação
imediata entre a mente e o objeto”.
É um erro confundir os objetos exteriores e o mundo
exterior à nossa mente com as nossas perceções deles.
O Problema do mundo exterior
Hume usa o seguinte argumento para justificar esta ideia:
“A mesa que vemos parece diminuir à medida que dela mais nos afastamos,
mas a mesa real, que existe independentemente de nós, não sofre qualquer
alteração; não era, pois, nada a não ser a sua imagem o que estava presente
ao espírito. Estes são os óbvios ditames da razão; e ninguém capaz de refletir
jamais duvidou de que as existências que consideramos quando dizemos esta
casa e aquela árvore não passam de perceções na mente, cópias ou
representações transitórias de outras existências que permanecem
uniformes e independentes.”
David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro.
O Problema do mundo exterior
Argumento de Hume para exemplificar
(1) Se a mesa que está presente na nossa mente fosse a mesa real, o seu
tamanho não se alterava em função da nossa perspetiva.
(2) Mas a mesa que está presente na nossa mente parece diminuir à medida
que dela mais nos afastamos, ou seja, o seu tamanho altera-se em função
da nossa perspetiva.
(3) Logo, aquilo que está presente na nossa mente não é a mesa real, mas
sim uma imagem ou representação da mesma.
O Problema do mundo exterior
Se aquilo que está presente na nossa mente não são os objetos reais, mas
sim uma imagem ou representação mental dos mesmos, então não estamos
em contacto direto com o mundo exterior.
Nesse caso, poderemos alguma vez estar certos de que os objetos exteriores
realmente existem e são a causa das nossas perceções?
Uma vez que se trata de uma questão que diz respeito à existência, uma
investigação desta natureza deve ser resolvida com recurso à experiência.
Não pode estender-se para além das nossas impressões e estas não
devem ser confundidas com os objetos exteriores em si mesmos.
Nunca poderemos sair do interior das nossas mentes.
O ceticismo de Hume
Para Hume, o nosso conhecimento do mundo não é constituído nem por verdades
indubitáveis nem por verdades prováveis.
O ceticismo de Hume não parece ser radical. Diz-se que é um ceticismo moderado
ou mitigado.
Hume considera que não podemos deixar de acreditar na ideia de regularidade
constante dos fenómenos porque, sem essa crença, a vida seria impraticável.
Não defende a suspensão dos nossos juízos sobre o mundo.
O ceticismo de Hume
Defende que devemos confiar nas nossas inferências causais e indutivas.
O nosso conhecimento do mundo não tem um fundamento racional e objetivo,
mas devemos confiar no hábito, «um grande dia da vida humana».
Esta confiança nesse instinto natural, a que Hume chama «sabedoria da
natureza», depositada em nós, parece que é suficiente para sustentar a presumível
verdade das nossas crenças sobre o mundo.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
O contraexemplo do matiz de azul desconhecido
A primeira objeção que iremos considerar é um contraexemplo ao Princípio da
Cópia apresentado pelo próprio Hume, após ter formulado o argumento do cego
de nascença.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
“Suponhamos (...) que uma pessoa foi dotada de visão durante trinta anos e se
familiarizou perfeitamente com cores de todos os tipos, com exceção, digamos, de um
determinado matiz de azul, com o qual nunca calhou se deparar. Suponhamos que todos
os diferentes matizes dessa cor, com exceção daquele único, sejam colocados perante
essa pessoa, descendo gradualmente do mais escuro para o mais claro. É óbvio que ela
perceberá um vazio no lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que nesse lugar há uma
distância entre as cores contíguas maior do que em qualquer outro.
Assim, a minha pergunta é se lhe seria possível, a partir da sua própria imaginação, suprir
essa deficiência e trazer à sua mente a ideia daquele matiz em particular, apesar de este
nunca lhe ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito que poucos
serão de opinião de que tal não lhe seja possível, o que pode servir como prova de que as
ideias simples nem sempre são, em todos os casos, derivadas das impressões
correspondentes, embora este exemplo seja tão singular que quase não vale a pena
assinalá-lo, e tampouco merece que, apenas por sua causa, devamos modificar a nossa
tese geral.”
David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano,Trad. João Paulo Monteiro, Lisboa: INCM, 2002.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Embora Hume acreditasse que a maioria de nós estaria tentada a afirmar que,
nestas circunstâncias, a pessoa seria capaz de imaginar o matiz de azul em falta,
mesmo na ausência da impressão correspondente, desvaloriza o contraexemplo
por considerá-lo uma situação demasiado invulgar para que realmente possa por
em causa o Princípio da Cópia.
Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul
desconhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê?
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Objeção à imagem da mente como tábua rasa
O filósofo americano Jerry Fodor propôs um argumento que põe em causa a
crença partilhada pelos empiristas de que, à nascença, a nossa mente é como uma
tábua rasa (ou folha em branco).
“Aprender uma língua (incluindo, é claro, uma primeira língua) implica aprender o
que os predicados desse língua significam implica uma determinação da sua
extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender
que determinadas regras se lhes aplicam (…). Mas não podemos aprender que R
se aplica a P a menos que tenhamos uma língua em que P e R possam ser
representados. Portanto, não podemos aprender uma língua a menos que já
tenhamos uma língua.”
Jerry Fodor (1976), The language of thought.Trad. LuísVeríssimo, Hassocks, Sussex: Harvester Press.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Explicitamente formulado, o argumento diz-nos o seguinte:
1. Para aprender uma Língua temos de aprender regras.
2. Para aprender regras temos de ser capazes de as representar.
3. Para aprender uma Língua temos de ser capazes de representar regras. (De I e 2)
4. Para poder representar regras temos de ter algum conhecimento linguístico.
5. Para aprender uma Língua temos de algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4)
6. Quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua.
7. Se quando nascemos temos a de aprender uma Língua e para aprender uma Língua
temos de ter algum conhecimento linguístico, então existe conhecimento linguístico
inato.
8. Logo, existe conhecimento linguístico inato. (De 5 a 7)
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Assim, uma vez que à nascença somos capazes de aprender uma Língua e
qualquer processo de aprendizagem de uma Língua pressupõe algum
conhecimento linguístico, Fodor acredita ter demonstrado a existência de
conhecimento linguístico inato.
Se encararmos este conhecimento inato do funcionamento da língua como
genuíno conhecimento acerca do mundo, teremos de abandonar a ideia de que, à
nascença, a mente é uma tábua rasa (ou folha em branco).
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Objeção baseada na argumentação a favor da melhor explicação
Hume considera que a nossa crença na Uniformidade da Natureza e na existência
dos objetos do mundo exterior não tem qualquer fundamento racional. Bertrand
Russell contesta seriamente estas posições céticas de Hume por considerar que a
sua ideia de "fundamento racional" (ou "racionalmente justificável") é demasiado
estreita.
Hume parece admitir que nenhuma crença está racionalmente justificada, a
menos que exista uma prova definitiva da sua verdade.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Para Russell, pode ser racional acreditar numa crença, mesmo na ausência deste
tipo de prova, desde que, de entre as alternativas disponíveis para explicar a nossa
experiência, exista uma hipótese mais plausível do que todas as outras; é mais
racional acreditar na sua verdade do que em qualquer uma das alternativas.
Este tipo de argumentação designa-se por argumentação a favor da explicação e
é um bom exemplo de abdução - um processo de inferência que se apoia num
conjunto de dados para extrair com um certo grau de plausibilidade uma
conclusão que vai além dos mesmos.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Assim, Russell sustenta que:
“Num certo sentido, tem de se admitir que nunca podemos provar a
existência de outras coisas para além de nós mesmos e das nossas experiências.
Nenhum absurdo lógico resulta da hipótese de que o mundo consiste em mim
próprio e nos meus pensamentos e sentires e sensações, e que tudo o resto é
mera fantasia. (...) Não há impossibilidade lógica na suposição de que toda a vida
é um sonho, no qual nós próprios criamos todos os objetos com que nos
deparamos. Mas apesar de não ser logicamente impossível, não há qualquer razão
para supor que é verdadeira; e é, de facto, uma hipótese muito menos simples,
encarada como meio para dar conta dos factos da nossa própria vida, do que a
hipótese de senso comum de que há realmente objetos independentes de nós,
cuja ação sobre nós causa as sensações.”
Bertrand Russell, Os Problemas da Filosofia.Trad. Desidério Murcho. Lisboa: Edições 70.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Russell ilustra o seu argumento através da análise do comportamento de um gato:
Quando vemos um gato aparecer numa parte da sala e posteriormente nos
apercebemos que este está noutro espaço da casa, parece bastante mais aceitável
a hipótese de que ele se deslocou de um lado para o outro quando não o
estávamos a observar, passando por uma série de posições intermédias, do que
aceitar a possibilidade de o gato ter simplesmente desaparecido da sala quando
deixámos de o observar para voltar a aparecer no novo espaço. Além disso, se o
gato não existisse independentemente das nossas perceções do mesmo, torna-se
bastante difícil perceber por que razão se comporta como se tivesse fome em
intervalos de tempo mais ou menos regulares, quer estejamos a observá-lo quer
não.
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Esta estratégia argumentativa aplica-se igualmente ao princípio da causalidade.
Hume sugere que a nossa crença de que existe uma relação causal (ou conexão
necessária) entre diferentes objetos ou acontecimentos não tem qualquer
fundamento racional e corresponde apenas à expectativa de que um deles ocorra
sempre que o outro ocorrer, devido à experiência que temos da conjunção
constante desses dois acontecimentos.
Mas se Hume estiver certo, como se explica essa conjunção constante? Parece
mais racional aceitar que as relações causais, de facto, existem do que supor que
essas conjunções constantes simplesmente ocorrem no mundo de um modo
casual.

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  • 3. O projeto de Hume: a análise das capacidades do entendimento humano Hume pensa que faltou a Descartes uma investigação sobre as capacidades do entendimento humano. Sem esta investigação não saberemos do que o nosso entendimento é capaz e quais os seus limites. Tal como Descartes, Hume recorre a uma abordagem fundamentalista para responder ao problema do conhecimento. • encara a experiência sensível com enorme suspeita. • atribui o estatuto de crenças básicas justamente às crenças que provêm da nossa experiência sensível imediata, como por exemplo a crença “Estou, neste momento, a ter uma experiência da cor azul”.
  • 4. O projeto de Hume: a análise das capacidades do entendimento humano Hume coloca na experiência sensível o maior grau de evidência a que podemos aspirar quando procuramos saber como as coisas são. A maioria dos empiristas tinha a crença de que, quando nascemos, a nossa mente é como uma “tábua rasa”, uma folha em branco, que posteriormente será preenchida pela experiência. Daí ele ser um defensor do fundacionalismo empirista, ou simplesmente, empirismo.
  • 5. Os conteúdos da mente: impressões e ideias A investigação do entendimento humano começa com a análise da mente e dos seus conteúdos.Todos os conteúdos da mente são perceções. Ex: sensações, pensamentos, sentimentos, desejos e emoções impressões e ideias As impressões e as ideias distinguem-se pelo grau de força e intensidade com que se apresentam na nossa mente. As impressões são perceções mais fortes e intensas (vívidas) do que as ideias.
  • 6. Os conteúdos da mente: impressões e ideias As nossas impressões correspondem aos dados da nossa experiência imediata, ou seja, às experiências que temos no momento em que observamos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos, etc., e caracterizam-se pelo seu enorme grau de intensidade e vivacidade. As ideias são cópias enfraquecidas das impressões que surgem quando recorremos à memória ou à imaginação para representarmos mentalmente impressões que tivermos anteriormente, e, portanto, são menos intensas e menos vívidas do que as impressões.
  • 7. Os conteúdos da mente: impressões e ideias Hume reforça esta diferença através contraste entre sentir e pensar: Sentir uma dor é muito diferente de recordar uma dor sentida anteriormente. A primeira experiência é forçosamente mais vívida e mais intensa do que a segunda.
  • 8. A origem das ideias: o Princípio da Cópia Qual é a origem das impressões e das ideias? As impressões são causadas pelas ideias ou são as ideias que causam as impressões? Sendo imagens com representações das impressões, as ideias são cópias destas.
  • 9. A origem das ideias: o Princípio da Cópia Hume reformula velho princípio aristotélico segundo o qual “ nada está no intelecto sem que tenha passado pelos sentidos”. Princípio da cópia – todas as ideias humanas são cópias de impressões. Hume justifica a sua aceitação deste princípio com base na ideia de que um cego de nascença seria incapaz de imaginar a cor azul, justamente porque não possui qualquer impressão que corresponde a esta cor.
  • 10. A origem das ideias: o Princípio da Cópia A origem das nossas ideias é a experiência. As ideias são cópias das nossas impressões. Se as ideias são cópias das impressões, então não há ideias inatas. Não há ideias que não tenham sido formadas a partir da experiência. Por outro lado, a dependência das ideias em relação às impressões revela que a experiência marca os limites do nosso conhecimento. Do que não houver impressão sensível não haverá conhecimento.
  • 11. A origem das ideias: o Princípio da Cópia Será que Hume tem razão? Não haverá ideias que não correspondem a nenhuma impressão? Afinal de contas, se esse fosse o caso, como poderíamos ter as ideias de centauro, sereia, cavalo alado, etc.?
  • 12. Ideias simples e ideias complexas A explicação que Hume apresenta para esta aparente inconsistência da sua teoria baseia-se na distinção entre ideias simples e ideias complexas. As ideias simples correspondem a impressões simples, ou seja, impressões de coisas que não podem ser divididas em partes mais pequenas, a cor com a forma. Não podemos criar ideias simples - não podemos ter a ideia de uma cor, de uma sensação tátil ou de um som sem os experimentarmos diretamente, isto é, sem delas termos tido as respetivas impressões simples. As ideias complexas, por sua vez, correspondem à combinação de duas ou mais ideias simples, nada mais podem conter do que ideias simples e a sua combinação. Estas combinações podem ter a sua origem na memória, quando apresentam a mesma configuração que tinham quando surgiram na experiência, ou podem ter a sua origem na imaginação, quando correspondem a combinações inéditas de ideias simples. Assim, através da imaginação, podemos combinar a forma de um peixe com a forma de uma mulher para criar a ideia de sereia.
  • 13. Associação de ideias Apesar de podermos através da imaginação formar ideias como a de unicórnio e de sereia, faculdade de associar ideias não é arbitrária. Obedece a regras, ou seja, a sua combinação e associação é regulada por alguns princípios básicos. Semelhança Contiguidade Causalidade
  • 14. Associação de ideias • a semelhança: quando duas ideias são semelhantes, a consideração de uma delas conduz à consideração da outra. Por exemplo, é natural que a contemplação de uma fotografia nos faça pensar na pessoa fotografada; • a contiguidade: quando duas ideias são contíguas no espaço ou no tempo, a consideração de uma delas evoca a consideração da outra. Por exemplo, se sei que a sala de estar se situa no alinhamento da entrada da minha casa, é natural que me venha à mente a representação de um desses espaços sempre que penso no outro. O mesmo acontece quanto ao tempo: se é costume jantar depois do pôr do sol, é natural que pense em comida de cada vez que o sol se põe. • a causalidade: quando representamos duas ideias como correspondendo a uma relação causa-efeito, o que é natural é que a consideração da causa nos transporte para a consideração do efeito. Por exemplo, se pensarmos numa ferida é comum pensarmos na dor que naturalmente lhe está associada. Nota: o princípio da causalidade coloca sérios problemas à abordagem empirista de David Hume. Mais tarde iremos ocupar-nos desta análise.
  • 15. Os objetos do conhecimento humano (Bifurcação de Hume) Considerando a distinção entre ideias e impressões, Hume reduz todo o conhecimento humano a dois tipos: relações de ideias e questões de facto. Por outras palavras, temos duas formas de constituir conhecimento: relacionando ideias e relacionando factos.
  • 16. O conhecimento a priori (relação de ideias) • pode ser obtido apenas mediante a análise do significado dos conceitos envolvidos numa proposição. Por exemplo, para saber que a proposição “os solteiros não são casados” é verdadeira, basta saber o significado dos conceitos de “casado” e de “ solteiro”. Trata-se de uma verdade necessária, pois a sua negação implica uma contradição nos termos; • é característico de áreas como a matemática, geometria e a lógica; • as relações de ideias são proposições que conhecemos a priori, sendo proposições cuja verdade pode ser conhecida pela simples inspeção lógica do seu conteúdo ou mediante demonstrações baseadas em raciocínios dedutivos.
  • 17. O conhecimento de factos ou a posteriori (questões de facto) • só pode ser obtido através de impressões, ou seja, através da experiência, e que nos fornece informação verdadeira acerca do mundo. Por exemplo, “A neve é branca” é uma questão de facto, pois, para se saber que a neve é branca, é preciso ter experiência de neve e da sua cor; • não existe nada nos conceitos de “neve” e de “brancura” que torne a proposição “a neve não é branca” uma contradição nos termos, logo o valor de verdade das proposições relativas a questões de facto só pode ser determinado a posteriori. Por isso, a verdade das proposições de facto é contingente; • o tipo de raciocínio subjacente às questões de facto é um raciocínio indutivo.
  • 18. Dois tipos de conhecimento Relações de ideias  São constituídos por proposições que apenas relacionam ideias.  São conhecimentos a priori porque podemos determinar a sua verdade sem recorrer à experiência.  A sua verdade é necessárias porque a sua negação implica uma impossibilidade lógica, é contraditória.  A sua certeza é absoluta.  Baseiam-se no raciocínio dedutivo e na intuição lógica. “36 é metade de 72.” “Se A é maior que B e B maior que C, então A é maior que C.” “Todos os objetos castanhos são coloridos.” As proposições que exprimem e combinam ideias não nos dão qualquer informação sobre o que se passa no mundo. A razão por si só não pode dizer-nos como as coisas são e acontecem no mundo. Questões de facto  São constituídos por proposições que se referem a factos ou relacionam factos.  São conhecimentos a posteriori porque não podemos mostrar a sua verdade sem recorrer à experiência.  A verdade das proposições que constituem os conhecimentos factuais é contingente e não necessária porque a sua negação é logicamente concebível.  O conhecimento de factos nunca poderá alcançar, assim, o tipo de certeza (absoluta) que caracteriza o conhecimento relativo às relações de ideias.  Os conhecimentos das ciências da natureza e das ciências humanas são exemplos de conhecimentos factuais.  Baseiam-se essencialmente em raciocínios indutivos. “A diminuição do ozono atmosférico é um efeito do aumento da emissão de gases poluentes.” “Nairóbi é a capital do Quénia.” “Quando afastamos um objeto da superfície da Terra, temos de vencer a força da gravidade que sempre o atrai.” As proposições que se referem a factos visam dar-nos conhecimentos sobre o que no mundo existe e acontece.
  • 19. Hume… • sustenta que apenas o conhecimento sobre questões de facto nos pode fornecer informações sobre o mundo, pois as relações de ideias, embora expressem verdades necessárias, referem-se apenas às relações entre o significado das ideias envolvidas, mas nada dizem acerca do que existe (é verdade que nenhum solteiro pode ser casado, mas isso não nos diz se existem solteiros ou não). • rejeita a conclusão do argumento cético da regressão infinita, pois, embora reconheça que as nossas cadeias de justificações podem regredir infinitamente, deixando as nossas crenças injustificadas, também acredita que estas podem desembocar num facto autoevidente, presente à nossa memória ou aos nossos sentidos, que não precisa de justificação adicional e que serve de fundamento ou justificação para as nossas restantes crenças.
  • 20. A partir desta constatação, Hume propõe um critério para avaliar o valor de uma investigação: • caso se trate de uma investigação sobre questões de facto, terá de se basear, de alguma forma, em impressões; • se a investigação não se basear em impressões, então não poderá ultrapassar o âmbito das relações de ideias. Assim, considerando que existem apenas dois tipos de conhecimento – relações de ideias e questões de facto – e uma vez que apenas conhecimento de questões de facto nos fornece informações acerca do mundo, todo o nosso conhecimento do mundo se baseia necessariamente em impressões.
  • 21. O problema do conhecimento do mundo Consideremos a seguinte proposição: Toda a água entra em ebulição a 100oC. Trata-se de um conhecimento de facto por que relaciona dois factos ou acontecimentos: o aquecimento da água a determinada temperatura e a sua ebulição. Que relação se estabelece entre estes dois factos? Estabelece-se uma relação causal. O aquecimento da água a determinada temperatura (A) é a causa da sua ebulição (B). O que significa isto? Não só que B acontece depois de A, mas que A é causa de B. A relação causal aqui exemplificada quer dizer que sempre que acontece A acontecerá B.
  • 22. O problema do conhecimento do mundo Para um empirista como Hume, o que se observa é uma relação de contiguidade. Os acontecimentos, dirá, estão conjugados, mas não conectados. Até agora a água entrou em ebulição quando atingiu esta temperatura e, no futuro, assim continuará a acontecer. Tanto assim é que a partir de um certo aquecimento acreditamos que podemos prever a ebulição da água. Ora, a previsão é uma forma de raciocínio indutivo. O conhecimento do mundo é constituído por relações causais e inferências indutivas ou raciocínios indutivos. relação necessária entre dois acontecimentos “Toda a água entra em ebulição a 100oC” Sempre que atinge 100oC água entra em ebulição.
  • 23. O problema do conhecimento do mundo Como explicar a previsão? Quando afirmamos que toda a água entra em ebulição a 100oC, criamos a expectativa de que todas as vezes que a água for submetida a essa temperatura entrará em ebulição. O que está na base deste expectativa é a crença de que a natureza funciona de forma regular ou, mais precisamente, de que o seu comportamento é sempre o mesmo, uniforme.
  • 24. O problema do conhecimento do mundo Assim, na base das explicações mediante relação de causa e efeito e das nossas previsões e generalizações (raciocínios indutivos) está a crença no princípio da uniformidade da natureza. Assim, o problema do conhecimento do mundo desdobra-se em vários problemas: o o problema da causalidade; o o problema da indução; e o o problema da uniformidade da natureza. Se a natureza não fosse regular e não tivesse sempre o mesmo comportamento, seria imprevisível e não poderíamos conhecer.
  • 25. O problema da causalidade De onde vem a ideia de causalidade? Não se trata de uma relação de ideias, pois da sua negação não resulta qualquer contradição. Por exemplo, ao ver uma bola de bilhar mover-se em direção a outra posso perfeitamente conceber uma série de conhecimentos alternativos: posso imaginar que ambas as bolas ficam paradas, que a segunda fica parada e a primeira volta para trás, ou que a primeira para e a segunda se desloca numa ou noutra direção, etc. Resta-nos a possibilidade de se tratar de uma questão de facto. No entanto, é a experiência não nos responde a isto, pois tudo o que vemos são dois acontecimentos surgirem frequentemente associados, mas não temos qualquer impressão sensível do que é essa suposta conexão necessária entre ambos.
  • 26. O problema da causalidade Hume não fica sem resposta para os problemas suscitados pelo princípio da causalidade e recorre a uma experiência mental para nos mostrar que, apesar de não haver uma impressão que corresponde diretamente, a ideia de causalidade tem origem na experiência. Alguém inexperiente, ainda que dotado das mais desenvolvidas capacidades racionais, não saberia inferir o efeito a partir da sua respetiva causa numa única ocorrência, apenas seria capaz de o fazer após verificar que estes dois acontecimentos aparecem constantemente um a seguir ao outro.
  • 27. O problema da causalidade Deste modo, Hume conclui que na ideia de relação causal o que é necessário entre dois acontecimentos mais não é do que a expectativa de que um deles, a que chamamos efeito, irá ocorrer sempre que o outro, a que chamamos causa, ocorra. Resulta do hábito experiência que temos de uma conjunção constante de dois acontecimentos, pelo que não se funda na razão, mas sim num impulso natural e fundamental para o nosso dia a dia.
  • 28. O Problema da indução O problema da causalidade e o problema da indução estão intimamente ligados. A ideia de causalidade e as inferências indutivas são a base da formação das nossas crenças acerca do mundo. Pensemos na seguinte proposição: A causa do congelamento da água é um determinado arrefecimento da temperatura. Afirmar que um dado arrefecimento de temperatura é sempre seguido pelo congelamento da água e que por isso podemos prever este último acontecimento de cada vez que o primeiro ocorrer, é ir para lá do que a experiência imediata (limitada ao presente) nos permite. Ora, ir para além da experiência imediata em direção ao que não observámos só é possível se raciocinarmos indutivamente.
  • 29. O Problema da indução Que crença está na base das inferências indutivas? A crença de que a natureza se comporta sempre da mesma maneira, de que o futuro repete o passado. A esta crença dá Hume o nome de princípio da uniformidade da natureza (PUN). Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução. diz-nos que a natureza comportar no futuro conforme se tem comportado até hoje. O PUN é algo que, de forma mais ou menos consciente, todos assumimos como verdadeiro.
  • 30. O Problema da indução Importa analisar dois aspetos do PUN: 1. o princípio da uniformidade da natureza não pode ser justificado a priori, através do simples recurso a razão. Uma justificação a priori implicaria que o PUN seria uma verdade necessária, cuja negação seria contraditória. Mas é logicamente possível pensar que, apesar de até agora a natureza se ter comportado sempre do mesmo modo, no futuro ela deixe de se comportar assim.
  • 31. O Problema da indução 2. o princípio da uniformidade da natureza não pode ser justificado a posteriori, por intermédio da experiência. Não podemos observar toda a natureza ou o futuro. Assim, como surge a crença em tal uniformidade? Baseados em repetidas experiências passadas em que, por exemplo, dado aumento de temperatura foi sempre seguido pela dilatação de um dado corpo, concluímos que no futuro assim será. Trata-se de um raciocínio indutivo. Ora, é precisamente aqui que reside o problema. O PUN é a base dos nossos raciocínios indutivos. Contudo, para o justificarmos, recorremos a um raciocínio indutivo. Cometemos a falácia da petição de princípio porque queremos justificar a indução, mas a única resposta que encontramos é que é indução justifica a indução.
  • 32. O Problema da indução Se a justificação da indução é indutiva, as nossas crenças são indutivas e não têm justificação epistémica legítima. As relações causais e as inferências indutivas, nas quais o nosso conhecimento do mundo se baseia, pressupõem a crença na regularidade da natureza. Sendo esta injustificável, temos de concluir que o conhecimento do mundo não é possível no sentido em que não podemos justificar as nossas crenças acerca dele.
  • 33. O Problema do mundo exterior Não é só o PUN que levanta problemas. Também a nossa crença no mundo exterior será problematizada por Hume. Todos nós assumimos como verdadeira a existência do mundo exterior às nossas mentes, que não depende da nossa perceção e que é a verdadeira causa das nossas impressões. Mas Hume afirma que “nada pode estar presente à mente a não ser uma imagem ou perceção, e (…) os sentidos são apenas as entradas por onde as imagens são transportadas, sem conseguirem suscitar uma comunicação imediata entre a mente e o objeto”. É um erro confundir os objetos exteriores e o mundo exterior à nossa mente com as nossas perceções deles.
  • 34. O Problema do mundo exterior Hume usa o seguinte argumento para justificar esta ideia: “A mesa que vemos parece diminuir à medida que dela mais nos afastamos, mas a mesa real, que existe independentemente de nós, não sofre qualquer alteração; não era, pois, nada a não ser a sua imagem o que estava presente ao espírito. Estes são os óbvios ditames da razão; e ninguém capaz de refletir jamais duvidou de que as existências que consideramos quando dizemos esta casa e aquela árvore não passam de perceções na mente, cópias ou representações transitórias de outras existências que permanecem uniformes e independentes.” David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro.
  • 35. O Problema do mundo exterior Argumento de Hume para exemplificar (1) Se a mesa que está presente na nossa mente fosse a mesa real, o seu tamanho não se alterava em função da nossa perspetiva. (2) Mas a mesa que está presente na nossa mente parece diminuir à medida que dela mais nos afastamos, ou seja, o seu tamanho altera-se em função da nossa perspetiva. (3) Logo, aquilo que está presente na nossa mente não é a mesa real, mas sim uma imagem ou representação da mesma.
  • 36. O Problema do mundo exterior Se aquilo que está presente na nossa mente não são os objetos reais, mas sim uma imagem ou representação mental dos mesmos, então não estamos em contacto direto com o mundo exterior. Nesse caso, poderemos alguma vez estar certos de que os objetos exteriores realmente existem e são a causa das nossas perceções? Uma vez que se trata de uma questão que diz respeito à existência, uma investigação desta natureza deve ser resolvida com recurso à experiência. Não pode estender-se para além das nossas impressões e estas não devem ser confundidas com os objetos exteriores em si mesmos. Nunca poderemos sair do interior das nossas mentes.
  • 37. O ceticismo de Hume Para Hume, o nosso conhecimento do mundo não é constituído nem por verdades indubitáveis nem por verdades prováveis. O ceticismo de Hume não parece ser radical. Diz-se que é um ceticismo moderado ou mitigado. Hume considera que não podemos deixar de acreditar na ideia de regularidade constante dos fenómenos porque, sem essa crença, a vida seria impraticável. Não defende a suspensão dos nossos juízos sobre o mundo.
  • 38. O ceticismo de Hume Defende que devemos confiar nas nossas inferências causais e indutivas. O nosso conhecimento do mundo não tem um fundamento racional e objetivo, mas devemos confiar no hábito, «um grande dia da vida humana». Esta confiança nesse instinto natural, a que Hume chama «sabedoria da natureza», depositada em nós, parece que é suficiente para sustentar a presumível verdade das nossas crenças sobre o mundo.
  • 39. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume O contraexemplo do matiz de azul desconhecido A primeira objeção que iremos considerar é um contraexemplo ao Princípio da Cópia apresentado pelo próprio Hume, após ter formulado o argumento do cego de nascença.
  • 40. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume “Suponhamos (...) que uma pessoa foi dotada de visão durante trinta anos e se familiarizou perfeitamente com cores de todos os tipos, com exceção, digamos, de um determinado matiz de azul, com o qual nunca calhou se deparar. Suponhamos que todos os diferentes matizes dessa cor, com exceção daquele único, sejam colocados perante essa pessoa, descendo gradualmente do mais escuro para o mais claro. É óbvio que ela perceberá um vazio no lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que nesse lugar há uma distância entre as cores contíguas maior do que em qualquer outro. Assim, a minha pergunta é se lhe seria possível, a partir da sua própria imaginação, suprir essa deficiência e trazer à sua mente a ideia daquele matiz em particular, apesar de este nunca lhe ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito que poucos serão de opinião de que tal não lhe seja possível, o que pode servir como prova de que as ideias simples nem sempre são, em todos os casos, derivadas das impressões correspondentes, embora este exemplo seja tão singular que quase não vale a pena assinalá-lo, e tampouco merece que, apenas por sua causa, devamos modificar a nossa tese geral.” David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano,Trad. João Paulo Monteiro, Lisboa: INCM, 2002.
  • 41. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Embora Hume acreditasse que a maioria de nós estaria tentada a afirmar que, nestas circunstâncias, a pessoa seria capaz de imaginar o matiz de azul em falta, mesmo na ausência da impressão correspondente, desvaloriza o contraexemplo por considerá-lo uma situação demasiado invulgar para que realmente possa por em causa o Princípio da Cópia. Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul desconhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê?
  • 42. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Objeção à imagem da mente como tábua rasa O filósofo americano Jerry Fodor propôs um argumento que põe em causa a crença partilhada pelos empiristas de que, à nascença, a nossa mente é como uma tábua rasa (ou folha em branco). “Aprender uma língua (incluindo, é claro, uma primeira língua) implica aprender o que os predicados desse língua significam implica uma determinação da sua extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender que determinadas regras se lhes aplicam (…). Mas não podemos aprender que R se aplica a P a menos que tenhamos uma língua em que P e R possam ser representados. Portanto, não podemos aprender uma língua a menos que já tenhamos uma língua.” Jerry Fodor (1976), The language of thought.Trad. LuísVeríssimo, Hassocks, Sussex: Harvester Press.
  • 43. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Explicitamente formulado, o argumento diz-nos o seguinte: 1. Para aprender uma Língua temos de aprender regras. 2. Para aprender regras temos de ser capazes de as representar. 3. Para aprender uma Língua temos de ser capazes de representar regras. (De I e 2) 4. Para poder representar regras temos de ter algum conhecimento linguístico. 5. Para aprender uma Língua temos de algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4) 6. Quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua. 7. Se quando nascemos temos a de aprender uma Língua e para aprender uma Língua temos de ter algum conhecimento linguístico, então existe conhecimento linguístico inato. 8. Logo, existe conhecimento linguístico inato. (De 5 a 7)
  • 44. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Assim, uma vez que à nascença somos capazes de aprender uma Língua e qualquer processo de aprendizagem de uma Língua pressupõe algum conhecimento linguístico, Fodor acredita ter demonstrado a existência de conhecimento linguístico inato. Se encararmos este conhecimento inato do funcionamento da língua como genuíno conhecimento acerca do mundo, teremos de abandonar a ideia de que, à nascença, a mente é uma tábua rasa (ou folha em branco).
  • 45. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Objeção baseada na argumentação a favor da melhor explicação Hume considera que a nossa crença na Uniformidade da Natureza e na existência dos objetos do mundo exterior não tem qualquer fundamento racional. Bertrand Russell contesta seriamente estas posições céticas de Hume por considerar que a sua ideia de "fundamento racional" (ou "racionalmente justificável") é demasiado estreita. Hume parece admitir que nenhuma crença está racionalmente justificada, a menos que exista uma prova definitiva da sua verdade.
  • 46. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Para Russell, pode ser racional acreditar numa crença, mesmo na ausência deste tipo de prova, desde que, de entre as alternativas disponíveis para explicar a nossa experiência, exista uma hipótese mais plausível do que todas as outras; é mais racional acreditar na sua verdade do que em qualquer uma das alternativas. Este tipo de argumentação designa-se por argumentação a favor da explicação e é um bom exemplo de abdução - um processo de inferência que se apoia num conjunto de dados para extrair com um certo grau de plausibilidade uma conclusão que vai além dos mesmos.
  • 47. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Assim, Russell sustenta que: “Num certo sentido, tem de se admitir que nunca podemos provar a existência de outras coisas para além de nós mesmos e das nossas experiências. Nenhum absurdo lógico resulta da hipótese de que o mundo consiste em mim próprio e nos meus pensamentos e sentires e sensações, e que tudo o resto é mera fantasia. (...) Não há impossibilidade lógica na suposição de que toda a vida é um sonho, no qual nós próprios criamos todos os objetos com que nos deparamos. Mas apesar de não ser logicamente impossível, não há qualquer razão para supor que é verdadeira; e é, de facto, uma hipótese muito menos simples, encarada como meio para dar conta dos factos da nossa própria vida, do que a hipótese de senso comum de que há realmente objetos independentes de nós, cuja ação sobre nós causa as sensações.” Bertrand Russell, Os Problemas da Filosofia.Trad. Desidério Murcho. Lisboa: Edições 70.
  • 48. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Russell ilustra o seu argumento através da análise do comportamento de um gato: Quando vemos um gato aparecer numa parte da sala e posteriormente nos apercebemos que este está noutro espaço da casa, parece bastante mais aceitável a hipótese de que ele se deslocou de um lado para o outro quando não o estávamos a observar, passando por uma série de posições intermédias, do que aceitar a possibilidade de o gato ter simplesmente desaparecido da sala quando deixámos de o observar para voltar a aparecer no novo espaço. Além disso, se o gato não existisse independentemente das nossas perceções do mesmo, torna-se bastante difícil perceber por que razão se comporta como se tivesse fome em intervalos de tempo mais ou menos regulares, quer estejamos a observá-lo quer não.
  • 49. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume Esta estratégia argumentativa aplica-se igualmente ao princípio da causalidade. Hume sugere que a nossa crença de que existe uma relação causal (ou conexão necessária) entre diferentes objetos ou acontecimentos não tem qualquer fundamento racional e corresponde apenas à expectativa de que um deles ocorra sempre que o outro ocorrer, devido à experiência que temos da conjunção constante desses dois acontecimentos. Mas se Hume estiver certo, como se explica essa conjunção constante? Parece mais racional aceitar que as relações causais, de facto, existem do que supor que essas conjunções constantes simplesmente ocorrem no mundo de um modo casual.