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Anota¸c˜oes sobre Mecˆanica-Dinˆamica.
Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
1
Sum´ario
1 Dinˆamica 4
1.1 Leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Primeira Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.2 Segunda Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.3 Regra do paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.4 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativ´ıstica . . . . . . . . . 12
1.1.5 Terceira Lei de Newton-Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Aplica¸c˜oes das leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.1 Pˆendulo cˆonico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.2 Plano inclinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.3 For¸ca sobre blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Energia mecˆanica e conserva¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.1 Unidades de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3.2 Energia cin´etica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3.3 Energia potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.4 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.5 Energia potencial el´astica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.6 Energia mecˆanica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.7 Sistema mecˆanico conservativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.3.8 Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica . . . . . . . . . . . . 22
1.4 Quantidade de movimento e impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4.1 Impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.5 Colis˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.6 Centro de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2
SUM ´ARIO 3
1.7 Gravita¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.8 Leis de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.8.1 1◦
lei de Kepler-Lei das ´orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.9 Lei de Newton da atra¸c˜ao das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.9.2 Estudo de movimento de sat´elites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.9.3 Velocidade de escape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.10 Campo gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.11 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
1.12 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Cap´ıtulo 1
Dinˆamica
Esse texto ainda n˜ao se encontra na sua vers˜ao final, sendo, por enquanto, cons-
titu´ıdo apenas de anota¸c˜oes informais, n˜ao tendo sido ainda revisado, ent˜ao leia com
cuidado e aten¸c˜ao a poss´ıveis erros, Sugest˜oes para melhoria do texto, corre¸c˜oes da
parte matem´atica ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu Email
rodrigo.uff.math@gmail.com.
Defini¸c˜ao 1 (Cinem´atica). Estudo o movimento e propriedades, mas n˜ao modela
suas poss´ıveis causas.
Defini¸c˜ao 2 (Dinˆamica). A dinˆamica ´e o estudo da rela¸c˜ao entre os movimentos dos
corpos e as causas desses movimentos .
1.1 Leis de Newton
Defini¸c˜ao 3 (Part´ıcula livre). Uma part´ıcula ´e dita ser livre, se ela est´a sujeita a
intera¸c˜ao resultante nula . Na pr´atica pode n˜ao existir particula livre, por´em podem existir
part´ıculas que se aproximam de tal conceito, caso suas intera¸c˜oes sejam consideradas
desprez´ıveis , como por exemplo part´ıculas muito afastadas uma das outras, ou tamb´em
caso as intera¸c˜oes com outras part´ıculas se cancelem , dando uma intera¸c˜ao resultante
nula.
4
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 5
1.1.1 Primeira Lei de Newton
Propriedade 1 (Primeira Lei de Newton - Lei da in´ercia). X Todo corpo em re-
pouso ou em MRU (movimento retil´ıneo uniforme) continua nesses estados a menos
que seja obrigado a alter´a-los por for¸cas aplicadas sobre ele.
X Toda part´ıcula livre possui velocidade constante, isto ´e, sua acelera¸c˜ao ´e nula.
Tal afirma¸c˜ao ´e chamada Lei de Newton, pois teria sido primeiramente enunciada por
Isaac Newton (1642 − 1727) .
As for¸cas a princ´ıpio se classificam em duas categorias:
X For¸cas de contato, que precisam de proximidade do objeto para atuar, como por
exemplo for¸cas geradas ao se puxar ou empurrar objetos.
X For¸cas de a¸c˜ao a distˆancia, chamadas tamb´em de for¸cas de campo. Por exemplo a
for¸ca que a Terra exerce sobre um obejto largado a certa altura.
Al´em disso for¸ca ´e grandeza vetorial.
Corol´ario 1. X Se uma part´ıcula livre possui velocidade constante n˜ao nula, ent˜ao
ela se move em linha reta .
X Se uma part´ıcula livre possui velocidade constante nula, ent˜ao ela est´a em repouso
.
X Portanto uma part´ıcula livre se move em linha reta ou est´a em repouso .
Se uma part´ıcula est´a sob a a¸c˜ao de v´arias for¸cas cuja resultante ´e zero, ent˜ao el´a esta
ou em repouso ou em movimento retil´ıneo uniforme.
Exemplo 1 (Bloco sobre uma mesa). Observamos que um bloco sobre uma mesa,
empurrado com velocidade constante v0, desliza com velocidade decrescente at´e parar.
Pela lei da in´ercia se n˜ao houvesse alguma for¸ca aplicada sobre o bloco, ele se moveria
com velocidade constante. Por´em, em geral temos a for¸ca de atrito e resistˆencia do ar,
que atuam sobre o bloco modificando sua velocidade, at´e que ele pare.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 6
X For¸ca de atrito ´e causada em geral pelo fato da superf´ıcie em que se desloca ser
´aspera.
X Podemos observar que quanto mais polida ´e uma superf´ıcie, maior o deslocamento
do bloco, considerando todas outras vari´aveis constantes.
X A resitˆencia do ar pode ser eliminada fazendo a experiˆencia no v´acuo.
Exemplo 2 (In´ercia e trem desacelerando ). Se um trem antes de movimentando
em velocidade constante posteriormente freia, as pessoas dentro dele por in´ercia tendem a
continuar com o movimento de velocidade constante e por isso s˜ao projetada para frente
em rela¸c˜ao ao trem.
Exemplo 3 (In´ercia e trem acelerando). Se um trem parado, come¸ca a acelerar,
pessoas dentro dele, por in´ercia, tendem a se manter em repouso, logo v˜ao se sentir,
projetadas para tr´as em rela¸c˜ao ao trem.
Exemplo 4 (Carro em curva). Um carro se movendo em movimento retil´ıneo
uniforme faz uma curva em uma estrada, os objetos dentro dele, por in´ercia, tendem a
manter o movimento retl´ıneo uniforme, por isso, se, por exemplo, a porta estiver aberta
algum objeto pode ser projetado para fora do carro.
Defini¸c˜ao 4 (Referencial inercial). Movimento ´e um conceito relativo, portanto
ao enunciar a lei da in´ercia, devemos indicar a qual sistema de referˆencia o movimento
da p´articula livre ´e referido. Iremos admitir que o movimento de uma part´ıcula livre
´e relativo a um observador, sistema ou part´ıcula que sejam tamb´em livres, isto ´e, n˜ao
estejam sujeitos a intera¸c˜oes com outras part´ıculas do universo. Tal tipo de referencial ´e
chamado de referencial inercial .
Os referenciais em que a lei da in´ercia vale s˜ao chamados referenciais inerciais.
Corol´ario 2. Sistemas inerciais de referˆencia n˜ao giram, pois existˆencia de rota¸c˜ao
implicaria em acelera¸c˜ao, devida a varia¸c˜ao de dire¸c˜ao do vetor velocidade.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 7
Exemplo 5 (Terra e referencial inercial). Devido a sua rota¸c˜ao em torno do seu
eixo e intera¸c˜ao gravitacional com o Sol e outros planetas do sistema solar, a Terra n˜ao
´e um sistema inercial de referˆencia. Por´em em alguns casos, pode-se considerar o efeito
de rota¸c˜ao da Terra e sua intera¸c˜ao gravitacional com outros planetas desprez´ıveis e por
isso pontos na Terra serem considerados aproximadamente referenciais inerciais.
Exemplo 6 (Sol e referencial inercial). O sol tamb´em n˜ao ´e um referencial inercial
por sua intera¸c˜ao gravitacional com , por exemplo, os planetas do sistema solar e seu
movimento orbital em torno do centro da nossa gal´axia , Via l´actea . O movimento do
Sol possui menor curvatura que o movimento da Terra ( pois o raio m´edio do movimento
do Sol ´e muito maior que o da Terra, portanto a semelhan¸ca do Sol a um referencial
inercial ´e muito maior . A acelera¸c˜ao orbital da Terra seria cerca de 150 milh˜oes de vezes
maior que a do Sol .
Defini¸c˜ao 5 (Massa de repouso- defini¸c˜ao operacional). A defini¸c˜ao operacional de
massa de repouso, ´e de um n´umero que atribu´ımos a um corpo A, sendo esse n´umero
obtido pela compara¸c˜ao do corpo A com um corpo tomado como padr˜ao B, usando o
pr´ınc´ıpio de uma balan¸ca de bra¸cos iguais, isto para os corpos A e B supostamente em
repouso .
Observa¸c˜ao 1. Pela defini¸c˜ao anterior, n˜ao sabemos se a massa ser´a a mesma se a
part´ıcula estiver em movimento ( acelerado ou n˜ao ), ou se depende da velocidade de um
corpo dado certo referencial . Por isso damos o nome anterior de massa de repouso , em
outras ocasi˜oes seria poss´ıvel o valor da massa variar.
Em nossa an´alise iremos considerar que a massa seja independente do movimento,
para valores de velocidade muito pequenas comparado com a velocidade da luz , faremos
uma discuss˜ao sobre isso em outra se¸c˜ao do texto.
Defini¸c˜ao 6 (Momento linear ou quantidade de movimento).
−→p = m.−→v
O momento linear de uma part´ıcula ´e o produto da sua massa pela sua velocidade.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 8
A lei da in´ercia pode ser descrita se usando o conceito de quantidade de movimento .
Propriedade 2 (Lei da in´ercia). Uma part´ıcula livre possui quantidade de movimento
constante em fun¸c˜ao do tempo .
1.1.2 Segunda Lei de Newton
Defini¸c˜ao 7 (For¸ca). Seja p = mv a quantidade de movimento de uma part´ıcula A,
definimos que a for¸ca resultante F na particula A como
F =
dp
dt
.
Propriedade 3 (Segunda Lei de Newton). Seja
−→
F a resultante de todas as for¸cas
que atuam sobre um ponto material de massa m, ent˜ao
−→
F = m.−→a ,
onde −→a ´e a acelera¸c˜ao do ponto material. A for¸ca e a acelera¸c˜ao s˜ao grandezas vetoriais,
a unidade da for¸ca ´e dada em (N) newtons e da acelera¸c˜ao em m/s2
. Temos que a for¸ca
e a acelera¸c˜ao tem o mesmo sentido. A massa m ´e tamb´em chamada de massa inercial ou
coeficiente de in´ercia, considerada constante em rela¸c˜ao ao tempo neste caso.
A segunda lei de Newton, tamb´em ´e chamada de lei fundamental da Dinˆamica ou
princ´ıpio fundamental da Dinˆamica.
Defini¸c˜ao 8 (Unidade de medida newton). Um newton ´e a intensidade de uma for¸ca
que, aplicada a um ponto material de massa 1kg, produz acelera¸c˜ao no ponto, cujo m´odulo
´e 1m/s2
.
Defini¸c˜ao 9 (Massa inercial). O valor de massa m, que aparece na express˜ao da
quantidade de movimento
p = mv
´e chamada de massa inercial .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 9
Demonstra¸c˜ao. Se considerarmos que a massa n˜ao varia com o tempo, temos
F =
d−→p
dt
= m.
d−→v
dt
= m.−→a
logo
m.−→a =
−→
F .
Equivalentemente, se definimos F = m.a com m constante, ent˜ao F =
dp
dt
pois
dp
dt
=
dmv
dt
= m.a .
Caso a massa n˜ao seja constante em rela¸c˜ao ao tempo tal identidade pode n˜ao valer
p = m(t).v(t) ⇒
dp
dt
= m′
(t)v(t) + m(t)v′
(t) = m′
(t)v(t) + m(t)a(t)
que ser´a igual a m(t)a(t) ⇔ m′
(t)v(t) = 0.
Corol´ario 3. Se a massa ´e constante e o movimento retil´ıneo, temos ⃗F = m.⃗a. e da´ı
⃗F e ⃗a possuem o mesmo sentido.
1. Se ⃗F possui o mesmo sentido de ⃗v, ent˜ao ⃗a possui o mesmo sentido de ⃗v. E nesse
caso dizemos que o movimento ´e acelerado.
2. Se ⃗F possui sentido contr´ario de ⃗v, ent˜ao ⃗a possui o mesmo sentido contr´ario de ⃗v.
E nesse caso dizemos que o movimento ´e retardado.
Exemplo 7. Suponha um movimento uniformemente acelerado, retil´ıneo, com F =
m.a, temos
F
m
= a, da´ı as equa¸c˜oes hor´arios ficam como
v = v0 +
F
m
t, s = s0 + v0t +
F
2m
t2
.
E da equa¸c˜ao de Torricelli
v = v0 + 2
F
m
δs.
Exemplo 8. Suponha que ´e um corpo se move em movimento retil´ıneo uniforme
com velocidade inicial v0, possuindo massa m, a partir do instante t = 0 se aplica no
corpo uma for¸ca constante F de sentido contr´ario ao movimento da part´ıcula, em qual
instante a part´ıcula para?
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 10
Temos que F = m.a, onde a ´e o m´odulo da acelera¸c˜ao, da´ı a =
F
m
. Da equa¸c˜ao hor´aria
temos que v = v0 − at, da´ı v = 0 implica v0 = at ⇒
t =
v0
a
=
m.v0
F
.
Portanto
t =
m.v0
F
.
Se quiseremos saber a distˆancia percorrida at´e o corpo parar, usamos a f´ormula de
Torricelli, com os dados do problema
v2
= v2
0 − 2a∆s ⇒ ∆s =
v2
0
2a
=
v2
0m
2F
.
Tal resultado tamb´em pode ser obtido usando s = s0 + v0t −
at2
2
.
1.1.3 Regra do paralelogramo
Propriedade 4 (Regra do Paralelogramo). Considere duas for¸cas ⃗F1 e ⃗F2, formando
um ˆangulo θ entre elas. Ent˜ao sendo F o m´odulo do vetor resultante da soma das for¸cas,
vale que
F2
= F2
1 + 2F1F2cos(θ) + F2
2 .
Demonstra¸c˜ao. Considere duas for¸cas ⃗F1 e ⃗F2, formando um ˆangulo θ entre elas.
Podemos arranjar o sistema de coordenadas de modo que
⃗F2 = (F2, 0),
ent˜ao o vetor ⃗F1 ser´a dado por
⃗F1 = (F1cos(θ), F1sen(θ)),
A soma dos vetores se faz componente a componente
⃗F = ⃗F1 + ⃗F2 = (F1cos(θ) + F2, F1sen(θ)),
e o m´odulo do vetor ´e dado por
F =
√
F2
1 sen2(θ) + F2
1 cos2(θ) + 2F1F2cos(θ) + F2
2 =
√
F2
1 + 2F1F2cos(θ) + F2
2 .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 11
Que d´a a regra do paralelogramo. Observe que usamos cos2
(x) + sen2
(x) = 1 e que dado
v = (x, y), seu m´odulo ´e dado por
√
x2 + y2 = |v|.
Corol´ario 4. Sendo um corpo de massa m, submetido a duas for¸cas ⃗F1, ⃗F2, com
ˆangulo θ entre elas, ent˜ao sua acelera¸c˜ao ´e dada por
a =
F
m
=
√
F2
1 + 2F1F2cos(θ) + F2
2
m
.
Corol´ario 5. Supondo que o ˆangulo entre as for¸cas ´e 90◦
, ent˜ao a regra do paralelo-
gramo fornece
F2
= F2
1 + F2
2 .
Que ´e uma forma do Teorema de Pit´agoras.
Exemplo 9. Se um corpo est´a submetido a for¸cas em sentido contr´ario, com mesmo
m´odulo, ent˜ao o corpo est´a em repouso ou movimento retil´ıneo uniforme, pois a resultante
das for¸cas se anula em cada dire¸c˜ao.
Exemplo 10 (PUC-SP-Arremesso de peso). No arremesso de peso, um atleta gira
um corpo rapidamente e depois o abandona. Se n˜ao houvesse a influˆencia da Terra, a
trajet´oria do corpo ap´os ser abandonado pelo atleta seria de que tipo?
Seria retil´ınea, pois n˜ao haveria mais for¸cas resultantes sobre o objeto, depois de
lan¸cado, a gravidade n˜ao seria considerada.
Exemplo 11 (VUNESP-SP-Cinto de seguran¸ca). As estat´ısticas indicam que o uso
de cinto de seguran¸ca deve ser obrigat´orio para prevenir les˜oes mais graves em motoristas
e passageiros no caso de acidentes. Fisicamente, a fun¸c˜ao do cinto est´a relacionada com
qual lei f´ısica?
Primeira lei de Newton, a lei da in´ercia, pois o corpo em movimento com certa velo-
cidade, tende a se manter com tal velocidade, quando o carro freia, o passageiro tende a
continuar com velocidade, por isso o efeito ´e ser arremessado para frente em rela¸c˜ao ao
carro.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 12
Exemplo 12. Para que um carrinho de massa m adquira acelera¸c˜ao de m´odulo a,
´e necess´ario que a for¸ca resultante tenha m´odulo F. Qual ´e o m´odulo da for¸ca resultante
para que um carrinho de massa c1m adquira uma acelera¸c˜ao de m´odulo c2a ?
Temos que F = m.a, multiplicando por c1.c2, obtemos
c1c2F = c1m.c2a,
logo a for¸ca deve ter m´odulo c1c2F.
Propriedade 5 (Plano inclinado). Uma massa m lan¸cada com velocidade v0 de um
plano inclinado de inclina¸c˜ao θ e comprimento l, sem atrito, atinge a base do plano com
velocidade v tal que
v2
= v2
0 + 2g(lsen(θ)).
Demonstra¸c˜ao. Decompomos a for¸ca peso na sua componente normal ao plano
inclinado e F na dire¸c˜ao ao longo do plano, n˜ao h´a resultante na dire¸c˜ao da normal pois ´e
cancelada pela for¸ca normal a resultante ´e apenas a for¸ca F que tem valor F = mgsen(θ) =
m.a logo a = gsen(θ) aplicando na f´ormula de Torriceli segue que v2
= v2
0 + 2g(lsen(θ)).
Corol´ario 6. Como sen(θ) =
h
l
, lsen(θ) = h, ent˜ao a velocidade final s´o depende
da altura n˜ao dependendo da inclina¸c˜ao ou comprimento. As velocidades adquiridas por
corpos descendo ao longo de planos de inclina¸c˜oes diferentes s˜ao iguais quando a altura
desses planos s˜ao iguais.
1.1.4 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativ´ıstica
Defini¸c˜ao 10 (Massa relativ´ıstica). Definimos a massa relativ´ıstica mr de um corpo
como
mr =
E
c2
,
onde E ´e sua energia e c ´e o valor da velocidade da luz .
Energia e momento dependem dos sistema de referˆencia, ent˜ao isto tamb´em se aplica
a massa relativ´ıstica, que pela defini¸c˜ao acima ´e um tipo de energia, pois ´e energia di-
vidido pela constante c2
, ela aumenta conforme a velocidade do corpo aumenta. Com
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 13
isso diferentes observadores podem discordar do valor da massa relativ´ıstica mr do corpo
.Por isso n˜ao usaremos aqui massa relativ´ıstica como sinˆonimo de massa, a defini¸c˜ao que
usaremos de massa garante a propriedade de que ela n˜ao muda com a velocidade.
A massa relativ´ıstica e a massa possuem valores similares a baixas velocidades, ent˜ao
s˜ao usualmente iguais em eventos do nosso dia-a-dia .
Propriedade 6. Vale que
E2
= (pc)2
+ (mc2
)2
onde E ´e a energia , p ´e o momento, m a massa inercial do objeto e c ´e o valor da
velocidade da luz, a massa m aqui tamb´em pode ser denotada por m0 . Vale tamb´em que
v =
pc2
E
.
Demonstra¸c˜ao.
Propriedade 7 (Propriedade da massa inercial , energia e momento). A massa inercial
n˜ao depende do observador , por isso tamb´em pode ser chamada de massa invariante.
Todos observadores concordam com a massa de um objeto, com essa defini¸c˜ao .
1. Se um objeto possui velocidade v = 0 em rela¸c˜ao a um observador , ent˜ao vale que
E = mc2
e p = 0.
2. Se um objeto est´a se movendo, relativo a um observador , ent˜ao o observador pode
medir para o objeto que E > mc2
e momento p > 0. O excesso de energia ´e resultante
da presen¸ca de movimento-energia.
Demonstra¸c˜ao.
1. De p = mv temos p = 0 pois v = 0 logo E2
= (pc)2
+ (mc2
)2
se resume em
E2
= (mc2
)2
⇒ E = mc2
pois ambas quantidades E e mc2
s˜ao n˜ao-negativas .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 14
2. Neste caso v ̸= 0 ent˜ao p ̸= 0 e da´ı
E2
= (pc)2
+ (mc2
)2
> (mc2
)2
⇒ E2
> (mc2
)2
⇒ E > mc2
.
Corol´ario 7. Com nossa defini¸c˜ao de massa (chamada de massa de repouso ou massa
inercial) E = mc2
vale apenas para um observador que n˜ao est´a se movendo com respeito
ao objeto . A defini¸c˜ao que adotamos de massa ´e independente do observador.
A ado¸c˜ao dessa defini¸c˜ao pode garantir uma maior facilidade ao se tratar do conceito
de massa, vejamos alguns outros corol´arios dessa defini¸c˜ao .
Corol´ario 8. 1. F´oton n˜ao possui massa e disso segue que sua velocidade ´e sempre
igual a velocidade da luz, em geral isso valendo para qualquer part´ıcula sem massa
.
De E2
= (pc)2
+(mc2
)2
, para o f´oton, segue que E2
= (pc)2
⇒ E = pc usando agora
que v =
pc2
E
segue que v = c , isto ´e, o f´oton, possui mesma velocidade que a da
luz . Se fosse tomada a defini¸c˜ao de massa relativ´ıstica, ent˜ao o F´oton possuiria tal,
pois ele possui energia .
2.
3.
N˜ao usaremos massa neste texto como massa relativ´ıstica , caso formos tratar dessa
´ultima tentaremos deixar claro .
Propriedade 8. Se uma part´ıcula possui massa ent˜ao sua velocidade ´e menor que a
velocidade da Luz .
Demonstra¸c˜ao. Temos que v =
pc2
E
e E =
√
(pc)2 + (mc2
)2
>0
>
√
(pc)2 = pc
logo E > pc ⇒
1
pc
>
1
E
multiplicando essa ´ultima desigualdade por pc2
de ambos lados
(supondo aqui p ≥ 0 ), segue que
c =
pc2
pc
>
pc2
E
= v
portanto c > v e a velocidade ´e menor que a velocidade da luz .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 15
Exemplo 13. Uma part´ıcula chamada Neutrino possui massa, portanto sua veloci-
dade ´e menor do que a velocidade da Luz.
Propriedade 9. A massa de um corpo n˜ao se altera se sua energia ou velocidade se
alteram .
Tentaremos evitar o termo massa relativ´ıstica e usar massa sempre como significado
de massa de repouso . Massa relativ´ıstica seria apenas um tipo de energia da part´ıcula
renomeada.
1.1.5 Terceira Lei de Newton-Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao
Propriedade 10 (Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao). Se um corpo A exerce uma for¸ca em um
corpo B ent˜ao o corpo B simultaneamente exerce uma for¸ca de mesma magnitude no
corpo A, ambas as for¸cas possuindo mesma dire¸c˜ao por´em sentidos opostos.
Exemplo 14. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados num
plano horizontal sem atrito , sendo A encostado em B . Com os blocos em repouso,
aplica-se em A uma for¸ca constante ⃗F paralela ao plano de apoio, sabendo que as massas
de A e B s˜ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resistˆencia do ar, calcule:
1. O m´odulo da acelera¸c˜ao do sistema .
2. A intensidade da for¸ca de contato entre os blocos .
1. Temos que F = (mA + mB)a logo a =
F
mA + mB
.
2. Sendo ⃗FAB a for¸ca de A aplicada em B, temos que
FAB = a.mB ⇒ FAB =
F
mA + mB
.mb.
FBA possui a mesma intensidade pela lei de a¸c˜ao e rea¸c˜ao .
Exemplo 15. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados num
plano horizontal sem atrito , sendo A e B interligados por um fio ideal . Com os blocos
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 16
em repouso, aplica-se em A uma for¸ca constante ⃗F paralela ao plano de apoio, sabendo
que as massas de A e B s˜ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resistˆencia
do ar, calcule:
1. O m´odulo da acelera¸c˜ao do sistema .
2. A intensidade da for¸ca de tra¸c˜ao no fio .
1. Temos que F = (mA + mB)a logo a =
F
mA + mB
. Como no exemplo anterior.
2. A tra¸c˜ao no fio possui intensidade igual a for¸ca que acelera o bloco A,
T = mA.a = mA.
F
mA + mB
.
1.2 Aplica¸c˜oes das leis de Newton
1.2.1 Pˆendulo cˆonico
Defini¸c˜ao 11 (Pˆendulo cˆonico). O pˆendulo cˆonico ´e um sistema que consiste em uma
part´ıcula de massa m que gira em movimento circular uniforme descrevendo um c´ırculo
de raio r suspensa por um fio de comprimento l preso a um ponto fixo O′
de tal maneira
que o fio descreve a superf´ıcie de um cone de ˆangulo de abertura θ com sen(θ) =
r
l
.
Propriedade 11. Em um pˆendulo cˆonico temos
1. A velocidade linear ´e dada por
v =
√
tg(θ)rg.
2. A tra¸c˜ao no fio ´e dada por
T =
mg
cos(θ)
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 17
Figura 1.1: Pˆendulo cˆonico
Demonstra¸c˜ao.
Sejam w a velocidade angular do movimento circular uniforme, g a acelera¸c˜ao da
gravidade no local. Temos uma for¸ca sobre o fio T ( tens˜ao) e a for¸ca gravitacional
F = mg, a for¸ca resultante , soma das duas for¸cas, deve ser a for¸ca centr´ıpeta
F = mg + T.
1. Formando um triˆangulo com o peso, tens˜ao e centr´ıpeta, temos tg(θ) =
F
mg
=
(lembre que tangente ´e igual `a
cateto oposto
cateto adjacente
) mas a for¸ca centr´ıpeta ´e dada por
macp onde acp = w2
r ´e a acelera¸c˜ao centr´ıpeta , substituindo na equa¸c˜ao anterior
temos
=
mw2
r
mg
=
w2
r
g
=
usando agora que v = wr, tem-se
=
w2
r
g
=
w2
r2
rg
=
v2
rg
= tg(θ) ⇒ v =
√
tg(θ)rg.
2. Ainda no triˆangulo com o peso, tens˜ao e centr´ıpeta, temos que
cos(θ) =
mg
T
pois o cosseno ´e o cateto adjacente sobre hipotenusa do triˆangulo, logo T =
mg
cos(θ)
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 18
1.2.2 Plano inclinado
Propriedade 12. Na figura abaixo representamos um bloco em repouso sobre um
plano inclinado. O coeficiente de atrito est´atico entre o bloco e o plano ´e µ . Supondo
que o bloco esteja na iminˆencia de movimento, vale que tg(α) = µ.
Figura 1.2: Plano inclinado
Demonstra¸c˜ao. Tomamos o eixo x ao longo do plano inclinado. Decompomos
a for¸ca peso em suas componentes Fx e Fy. Como n˜ao temos movimento sobre o eixo y,
tem-se |N| = |Fy| e a for¸ca resultante est´a ao longo do eixo x. O vetor p ´e parelalo ao
segmento CA o vetor Fx ´e paralelo ao segmento CB (veja a figura). Portanto o ˆangulo
entre p e Fx ´e β, o ˆangulo entre Fx e Fy ´e de 90◦
pois s˜ao perpendiculares, sendo o ˆangulo
entre os vetores P e Fy v, temos no triˆangulo ABC a soma dos ˆangulos α+β +90◦
= 180◦
e no triˆangulo com as for¸cas β + 90◦
+ x = 180◦
portanto
α + β + 90◦
= 180◦
= β + 90◦
+ x
o que implica x = α como mostramos no esquema de for¸cas da figura.
Usando no triˆangulo a rela¸c˜ao tg(α) =
cateto oposto
cateto adjacente
=
|Fx|
|Fy|
tem-se
tg(α) =
|Fx|
N
temos ainda que a for¸ca resultante ´e dada por Fr = Fx −Fat em repouso temos Fr = 0
portanto |Fat| = µ|N| = |Fx| e da´ı
tg(α) =
|Fx|
N
=
µ|N|
N
= µ.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 19
1.2.3 For¸ca sobre blocos
Exemplo 16. Suponha trˆes blocos com massas m1, m2, m3, colocados juntos orde-
nadamente conforme seus ´ındices , uma for¸ca F1 aplicada em m1 no sentido de m1 para
m3 e outra for¸ca F2 aplicada em m3 no sentido de m3 para m1. Sendo o local onde est˜ao
apoiados os blocos com coeficiente de atrito η, e |F1| > |F2| calcule a acelera¸c˜ao do sistema
.
A for¸ca de atrito ´e dada por FAT = η.N a normal no sistema considerando todos trˆes
blocos ´e de aproximadamente (m1 + m2 + m3).10 = N , onde aproximamos g = 10, ent˜ao
a FAT = (m1 + m2 + m3).10.η
A for¸ca resultante ´e
Fr = F1 − F2 − FAT = F1 − F2 − (m1 + m2 + m3).10.η,
usando a lei de Newton, temos que Fr = ms.a onde ms = m1 + m2 + m3 ´e a massa do
sistema
ent˜ao temos
F1 − F2 − (m1 + m2 + m3).10.η = (m1 + m2 + m3).a ⇒
a =
F1 − F2
(m1 + m2 + m3)
− 10η.
Suponha por exemplo F1 = 100 N , F2 = 50 N , m1 + m2 + m3 = 20, η =
1
10
, logo
a =
50
20
− 10
1
10
= 2, 5 − 1 = 1, 5 m/s2
.
1.3 Energia mecˆanica e conserva¸c˜ao
Propriedade 13. N˜ao iremos definir o conceito de energia, mas iremos considerar
algumas de suas propriedades.
X A energia pode se manifestar de diferentes formas como: energia t´ermica, el´etrica,
mecˆanica entre outras.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 20
X A energia total do universo ´e constante.
X A energia ´e de natureza escalar e pode ser representada por um n´umero, n˜ao sendo
necess´arias outras informa¸c˜oes, como dire¸c˜ao e sentido que caracterizam vetores em
Rn
, n ≤ 3.
Exemplo 17. Alguns tipos de energia
X T´ermica
X El´etrica
X Luminosa
X Qu´ımica
X Mecˆanica
X Atˆomica
X Potencial
X Potencial el´astica
X Cin´etica
1.3.1 Unidades de energia
Defini¸c˜ao 12 (Unidade de energia). As unidades de energia s˜ao as mesmas que de
trabalho e potˆencia. A unidade de energia no SI ´e o joule simbolizado por J. Algumas
outras unidades de energia s˜ao as seguintes
X Caloria simbolizada por cal, utilizada em fenˆomenos t´ermicos. Vale 1 cal ∼= 4, 19 J.
X Quilowatt-hora, simbolizada por kWh, utilizada em eletrot´ecnica. Vale que 1 kWh =
3, 6.106
J.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 21
X El´etron-volt , simbolizada por eV , utilizada nos estudos do ´atomo. Vale que 1 eV =
1, 602.10−19
J.
1.3.2 Energia cin´etica
Defini¸c˜ao 13 (Energia cin´etica). Suponha fixado um referencial. Uma part´ıcula de
massa m e velocidade v (em m´odulo) possui energia cin´etica
Ec =
mv2
2
.
Lembrando que a massa deve ser dada em kg e a velocidade em m/s para que o
resultado seja em Joules.
Corol´ario 9. A energia cin´etica ´e sempre positiva, pois m ≥ 0 e v2
≥ 0.
Exemplo 18. Um carro ocupado pode pesar cerca de 1500 kg se ele se move com
velocidade 100km/h ∼= 28m/s ent˜ao ele possui uma energia cin´etica de aproximadamente
588 000 joules. Se ele estiver `a 60 km/h ∼= 17m/s ent˜ao ele possui uma energia cin´etica
de aproximadamente 216 750 joules.
Um ˆonibus grande lotado, pode pesar cerca de 18 toneladas, se ele se move `a 60 km/h ∼=
17m/s ent˜ao possui energia cin´etica aproxima de 2 601 000 joules.
1.3.3 Energia potencial
1.3.4 Energia potencial gravitacional
Defini¸c˜ao 14 (Energia potencial gravitacional). Na proximidade da Terra, fixado
um plano horizontal de referˆencia a partir do qual se mede a altura h de uma part´ıcula de
massa m e considerando a acelera¸c˜ao da gravidade como g, define-se a energia potˆencia
gravitacional de tal part´ıcula como
Ep = mgh
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 22
1.3.5 Energia potencial el´astica
Defini¸c˜ao 15 (Energia potencial el´astica). Considere uma mola de constante el´astica
K, fixa numa parede e inicialmente livre de deforma¸c˜oes, se ela sofre uma deforma¸c˜ao de
δx e possui energia potencial el´astica
Ee =
K(∆x)2
2
.
1.3.6 Energia mecˆanica
Defini¸c˜ao 16 (Energia mecˆanica). Definimos a energia mecˆanica de um sistema
como
Em = Ec + Ep.
Para um sistema de n part´ıculas sob a a¸c˜ao do campo gravitacional g a grandeza que
se conserva ´e
Em =
n∑
k=1
mkv2
k
2
+ gmkhk
onde mk, vk e hk s˜ao dados da k-´esima part´ıcula.
1.3.7 Sistema mecˆanico conservativo
Defini¸c˜ao 17 (Sistema mecˆanico conservativo). Um sistema mecˆanico ´e dito ser con-
servativo se transforma exclusivamente energia potencial em cin´etica ou energia cin´etica
em potencial.
Defini¸c˜ao 18 (For¸cas conservativas). S˜ao for¸cas que realizam trabalho em sistemas
mecˆanico conservativos.
Exemplo 19 (Exemplos de for¸cas conservativas). For¸cas como gravitacional, el´astica
e eletrost´atica s˜ao for¸cas conservativas.
Defini¸c˜ao 19 (For¸cas dissipativas). S˜ao for¸cas que transformam energia mecˆanica
em outras formas de energia, n˜ao sendo cin´etica ou potencial.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 23
Exemplo 20 (Exemplos de for¸cas dissipativas). For¸cas como de atrito, resistˆencia
viscosa em l´ıquidos, resistˆencia do ar s˜ao for¸cas dissipativas.
1.3.8 Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica
Propriedade 14 (Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica). A energia mecˆanica
em sistemas conservativos ´e constante, valendo
Et = Em = Ec + Ep.
Exemplo 21. Um autom´ovel de m kg est´a no alto de uma ladeira molhada pela
chuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o autom´ovel perde
o freio e desliza pela ladeira sem atrito.
X Como n˜ao temos atrito consideramos apenas apenas a for¸ca gravitacional e normal
(normal n˜ao realiza trabalho) que s˜ao conservativas
X No topo da ladeira temos a energia mecˆanica Et = mgh o autom´ovel freiado n˜ao
possui energia cin´etica apenas a energia potencial gravitacional .
X No p´e da ladeira toda energia mecˆanica se transforma em energia cin´etica, pois no
p´e da ladeira a altura h = 0, temos ent˜ao a energia mecˆanica igual a energia cin´etica,
igualamos com o resultado anterior
Et =
mv2
2
= mgh ⇒
cancelando a massa m, tem-se
v2
2
= gh ⇒ v =
√
2gh, ent˜ao encontramos a veloci-
dade no p´e da ladeira que ´e dada por
v =
√
2gh.
Perceba que a velocidade n˜ao depende da massa, depende apenas da altura e da
acelera¸c˜ao da gravidade local .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 24
Exemplo 22. Um garotinho esquim´o desastrado escorrega do alto do seu iglu, um
domo esf´erico de gelo de r metros de altura (vamos tomar como exemplo r = 3).
1. De que altura acima do solo ele cai?
2. A que distˆancia da parede do iglu ele cai?
Figura 1.3:
Representaremos o garotinho por um ponto material G, uma part´ıcula .
1. Enquanto o ponto toca no iglu temos um movimento circular. A for¸ca de rea¸c˜ao
normal ´e sempre perpendicular a superf´ıcie de contato, no ponto, a gravidade aponta
para o centro da Terra. Vamos calcular a for¸ca centripeta , que aponta para o centro
do domo, para isso devemos decompor o peso na dire¸c˜ao radial Pr , para deduzir
a resultante centripeta . Sendo θ o ˆangulo que d´a a posi¸c˜ao da part´ıcula, como na
figura, temos
cos(θ) =
cateto adjacente
hipotenusa
cos(θ) =
Pr
P
⇒ Pr = mgcos(θ)
onde Pr ´e a componente radial do peso . A diferen¸ca entre a componente radial do
peso a da normal resulta na for¸ca centripeta, logo em m´odulo temos
mgcos(θ) − N(θ) = Fcp = macp =
mv(θ)2
r
⇒ N(θ) = mgcos(θ) −
mv(θ)2
r
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 25
Tomando o n´ıvel zero no solo, por conserva¸c˜ao de energia mecˆanica tem-se que a
energia potencial no topo do iglu ´e mgr, ela se conserva ent˜ao em um ponto qualquer
do iglu temos
mgr = mgrcos(θ) +
mv(θ)2
2
a express˜ao rcos(θ) aparece acima, pois ´e altura depois de percorrido um ˆangulo θ,
basta fazer a proje¸c˜ao sobre o eixo y. Da identidade acima simplificando os termos,
temos uma express˜ao para a velocidade
v(θ)2
2
= gr(1 − cos(θ)) ⇒ v(θ) =
√
2gr(1 − cos(θ))
agora usamos tal express˜ao para velocidade e substitu´ımos na express˜ao encontrada
para a normal
N(θ) = mgcos(θ) −
mv(θ)2
r
= mgcos(θ) −
2mgr(1 − cos(θ))
r
=
= mgcos(θ) − 2mg + 2mgcos(θ) = 3mgcos(θ) − 2mg = N(θ).
O part´ıcula perde contato com o domo quando a for¸ca normal se anula N(θ) = 0,
usando a express˜ao anterior temos
3mgcos(θ) − 2mg ⇒ cos(θ) =
2
3
com isso deduzimos tamb´em
sen(θ) =
√
1 − cos2(θ) =
√
1 − cos2(θ) =
√
1 −
4
9
=
√
9 − 4
9
=
√
5
3
.
A altura ´e dada por y0 = rcos(θ), substitu´ındo o valor cos(θ) =
2
3
tem-se
y =
2r
3
em especial se r = 3 temos y = 2, estamos medindo a altura em metros. A distˆancia
da origem x0 em que ele abandona o iglu ´e dada por x0 = rsen(θ)
x0 = r
√
5
3
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 26
em especial se r = 3 temos x0 =
√
5. Ent˜ao encontramos a altura de que ele cai o
iglu, 2 metros .
2. Ao abandonar o domo o garoto faz com velocidade
v0 =
√
2gr(1 − cos(θ)) =
√
2gr
3
onde substitu´ımos cos(θ) =
2
3
e simplificamos, tomando agora r = 3, ficamos com
v0 =
√
2g 4, 43m/s.
A partir do momento em que o garoto cai, ele descreve uma trajet´oria parab´olica.
Temos movimento com componentes no eixo x e y, em x o movimento ´e uniforme
x = x0 + v0cos(θ)t
o fator v0cos(θ) aparece pois ´e a velocidade v0 projetada sobre o eixo x, para a
componente do movimento sobre o eixo y
y = y0 − v0sen(θ)t −
gt2
2
queremos y = 0, substituindo em y os valores encontrados para y0, v0, sen(θ) tem-se
0 =
2r
3
−
√
2gr
3
√
5
3
t −
gt2
2
⇒
gt2
2
+
√
10gr
27
t −
2r
3
= 0
que ´e uma equa¸c˜ao de segundo grau em t, que possui ra´ız positiva
t =
√
46gr
27
−
√
10gr
27
g
se tomamos r = 3, g = 9, 8, temos t 0, 38 s. Agora calculamos a distˆancia da qual
se cai do iglu
x = x0 + v0cos(θ)t ⇒ x =
√
5r
3
+
√
2gr
3
2
3
t
no caso substituindo g = 9, 8, r = 3 e t = 0, 38 temos
x 3, 36 m
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 27
em rela¸c˜ao a parede do iglu a distˆancia que o garoto atinge do solo ´e
d = x − r = 3, 36 − 3 = 0, 36 m.
Ent˜ao a distˆancia que ele cai do iglu ´e de 0, 36 metros.
1.4 Quantidade de movimento e impulso
Defini¸c˜ao 20 (Quantidade de movimento). Dado um ponto p com massa m e velo-
cidade ⃗v, definimos a quantidade de movimento do ponto como
⃗P = m⃗v.
A quantidade de movimento tamb´em ´e chamada de momento linear , momentum ou
momento . A unidade do momento no SI ´e kg.m/s.
Corol´ario 10. X A quantidade de movimento e a velocidade tem a mesma dire¸c˜ao
e mesmo sentido, pois m ≥ 0.
Propriedade 15. Em um sistema fechado (que n˜ao troca mat´eria com o meio externo
nem possui for¸cas agindo sobre ele) o momento total ´e constante.
Exemplo 23. Um monstro de 4 kg, nadando com velocidade de 1, 0 m/s, engole um
outro de 1 kg, que estava em repouso, e continua nadando no mesmo sentido. Determine
a velocidade, em m/s, do monstro maior, imediatamente ap´os a ingest˜ao.
Aplicamos conserva¸c˜ao de momento, inicialmente temos em kg.m/s
p0 = 4.1 = 4,
e depois
p1 = 5.v,
nessa ´ultima equa¸c˜ao somamos as massas. Temos ent˜ao
4 = 5v ⇒ v =
4
5
m/s.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 28
1.4.1 Impulso
Defini¸c˜ao 21 (Impulso). Definimos o impulso ⃗I em um intervalo de tempo [t1, t2]
como o vetor
⃗I =
∫ t2
t1
⃗F(t)dt.
Propriedade 16. O impulso ´e a igual a varia¸c˜ao de quantidade de movimento, isto
´e, o impulso em [t1, t2] ´e dado por ⃗I = ⃗P(t2) − ⃗P(t1) = m⃗v2 − m⃗v1.
Demonstra¸c˜ao. Vale ⃗F =
d⃗P
dt
, substituindo na integral segue que
⃗I =
∫ t2
t1
⃗F(t)dt =
∫ t2
t1
d⃗P
dt
dt = ⃗P(t2) − ⃗P(t1) = m⃗v2 − m⃗v1.
Corol´ario 11. (Sem rigor analisar) Fixados t1 e t2, podemos considerar uma for¸ca
m´edia ⃗Fm tal que
⃗I =
∫ t2
t1
⃗F(t)dt = ⃗Fm(t2 − t1) = ⃗Fm∆t.
Neste caso temos que
m⃗v2 − m⃗v1 = ⃗Fm∆t.
Exemplo 24. Um autom´ovel de m kg est´a no alto de uma ladeira molhada pela
chuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o autom´ovel perde
o freio e desliza pela ladeira sem atrito. J´a sabemos que sua velocidade ao p´e da ladeira
´e dada por v =
√
2gh.
No p´e da ladeira o autom´ovel atinge uma parede que o faz parar em ∆t segundos, qual
a for¸ca m´edia que o autom´ovel sofrer´a?
X Vamos usar a identidade
mv2 − mv1 = Fm∆t
com v2 = 0 pois o autom´ovel para por hip´otese ao se chocar, v1 = v =
√
2gh ent˜ao
temos
−mv = Fm∆t ⇒ Fm =
−mv
∆t
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 29
Fm =
−m
√
2gh
∆t
X Se o tempo para o autom´ovel parar ´e multiplicado por um fator l ent˜ao a nova for¸ca
m´edia ser´a dada por
−mv
l∆t
=
Fm
−mv
∆t
1
l
=
Fm
l
a for¸ca m´edia resultante ´e dividida por l.
Perceba que a velocidade n˜ao depende da massa, depende apenas da altura e da
acelera¸c˜ao da gravidade local .
1.5 Colis˜oes
Propriedade 17. Sejam duas part´ıculas (1) e (2) que se movem ao longo de uma reta
e colidem elasticamente, como por exemplo uma colis˜ao entre duas bolas de bilhar. Sejam
m1 e m2 as massas e v1i, v2i as velocidades antes da colis˜ao, com a velocidade relativa
satisfazendo
v1i − v2i > 0,
estamos usando o ´ındice i para denotar a velocidade na posi¸c˜ao inicial . Supomos que
as part´ıculas est˜ao sujeitas apenas `as for¸cas internas de intera¸c˜ao que atuam durante a
colis˜ao, de forma que o momento total do sistema se conserva e a colis˜ao seja el´astica
(energia cin´etica se conserva).
Nessas condi¸c˜oes temos as velocidades finais v1f , v2f das part´ıculas (1) e (2)
v1f =
2m2v2i + (m1 − m2)v1i
m1 + m2
v2f =
2m1v1i + (m2 − m1)v2i
m1 + m2
Demonstra¸c˜ao. Temos por conserva¸c˜ao de energia cin´etica que
m1
v2
1i
2
+ m2
v2
2i
2
= m1
v2
1f
2
+ m2
v2
2f
2
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 30
para as energias cin´eticas antes e depois da colis˜ao , multiplicando as express˜oes acima
por 2 temos
m1v2
1i + m2v2
2i = m1v2
1f + m2v2
2f
agora iremos usar o produto not´avel a2
− b2
= (a − b)(a + b), a express˜ao acima implica
ap´os isolar os termos com coeficientes m1 e m2 no mesmo lado da equa¸c˜ao que
m1(v2
1i − v2
1f ) = m2(v2
2f − v2
2i) =
agora usando o produto not´avel ficamos com
m1(v1i − v1f )(v1i + v1f ) = m2(v2f − v2i)(v2f + v2i).
Usando a conserva¸c˜ao de quantidade de movimento
m1v1i + m2v2i = m1v1f + m2v2f
novamente isolando os termos com coeficientes m1 e m2 no mesmo lado da equa¸c˜ao segue
que
m1(v1i − v1f ) = m2(v2f − m2v2i)
que s˜ao exatamente os termos marcados na outra equa¸c˜ao, sendo ambos n˜ao nulo podemos
os cancelar da equa¸c˜ao anterior ficando com
v1i + v1f = v2f + v2i.
Com isso temos v1f = v2f + v2i − v1i, substituindo em m1v1i + m2v2i = m1v1f + m2v2f ,
tem-se
m1v1i + m2v2i = m1(v2f + v2i − v1i) + m2v2f = m1v2f + m1v2i − m1v1i + m2v2f
colocando em evidˆencia os coeficientes v1i e v2i segue que
2m1v1i + (m2 − m1)v2i = (m1 + m2)v2f
portanto
v2f =
2m1v1i + (m2 − m1)v2i
m1 + m2
.
Agora finalmente, usando que v1i + v1f = v2f + v2i tem-se v1f = v2f + v2i − v1i, usando
a express˜ao obtida para v2f e substituindo temos
v1f =
2m1v1i + (m2 − m1)v2i
m1 + m2
+(v2i−v1i) =
2m1v1i + (m2 − m1)v2i
m1 + m2
+(v2i−v1i)
m1 + m2
m1 + m2
=
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 31
simplificando chegamos em
=
2m2v2i + (m1 − m2)v1i
m1 + m2
.
Com isso provamos as duas identidades como quer´ıamos demonstrar.
Exemplo 25. Uma part´ıcula de massa m desloca-se com velocidade v em dire¸c˜ao
a duas outras idˆenticas de massa m′
, alinhadas com ela, inicialmente separadas e em
repouso. As colis˜oes entre as part´ıculas sao todas el´asticas.
1. Mostre que se m ≤ m′
temos duas colis˜oes e calcule a velocidade final das trˆes
part´ıculas.
2. Mostre que, para m > m′
, haver´a trˆes colis˜oes, e calcule as velocidades finais das
trˆes part´ıculas
3. Verifique que, no caso (1), o resultado para a primeira e a terceira part´ıcula e o
mesmo que se a part´ıcula intermediaria n˜ao existisse.
1. Usamos os resultados que demonstramos na propriedade anterior com v2i = 0, m1 =
m e m2 = m′
, com isso temos as velocidades
v1f =
(m − m′
)v1i
m′ + m
v2f =
2mv1i
m′ + m
como m ≤ m′
⇒ m − m′
≤ 0, por isso a velocidade v1f ´e nula ou possui sentido
contr´ario ao da velocidade de v2f , logo a primeira part´ıcula n˜ao entre em choque
novamente com as outras. A segunda part´ıcula se choca com a terceira. Usamos
novamente as equa¸c˜oes que deduzimos anteriormente. Agora com m1 = m2 = m′
,
v′
2i = 0 e v′
1i =
2mv1i
m + m′
o valor que obtemos para a velocidade da segunda part´ıcula.
Com isso temos
v′
1f =
2m2
0
v′
2i +
0
(m1 − m2) v′
1i
m1 + m2
= 0
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 32
v′
2f =
2m1v′
1i +
0
(m2 − m1)v′
2i
m1 + m2
=
2mv′
1i
2m
= v′
1i =
2mv1i
m + m′
´e igual a velocidade da part´ıcula 2 ao t´ermino da colis˜ao anterior, ent˜ao com isso
resolvemos tamb´em o caso (3) .
2. Se m > m′
, usando resultado do item anterior para o primeiro choque v1f =
(m − m′
)v1i
m + m′
, v2f =
2mv1i
m′ + m
, como m − m′
> 0 as velocidades possuem mesmo
sentido e dire¸c˜ao, por´em v2f > v1f pois 2m > m − m′
. A part´ıcula (2) se choca
com a (3), pelo item anterior (3) fica com velocidade
2mv1i
m + m′
= v3 e (2) com ve-
locidade nula, portanto (2) ´e alcan¸cada pela part´ıcula (1) e calculamos novamente
as velocidades resultantes usando as express˜oes conhecidas, como um novo sistema
com dados
v′
1i =
(m − m′
)v1i
m + m′
, v′
2i = 0
logo pelas express˜oes temos as resultantes v′
1f e v′
2f como velocidades finais de (1) e
(2) respectivamente dadas por
v′
1f =
m − m′
m + m′
v′
1i =
m − m′
m + m′
m − m′
m + m′
v1i
v′
2f =
2m
m + m′
v′
1i =
2m
m + m′
m − m′
m + m′
v1i
agora as trˆes part´ıculas n˜ao voltam a se chocar pois
v3f =
2mv1i
m + m′
> v′
2f =
2m
m + m′
m − m′
m + m′
v1i
pois cancelando os termos idˆenticos (positivos) de ambos lados da desigualdade ela
equivale a 1 >
m − m′
m + m′
⇔ m+m′
> m−m′
que realmente vale. Al´em disso tamb´em
temos v′
2f > v′
1f pois 2m > m − m′
e da´ı
v′
2f
2m
m + m′
m − m′
m + m′
v1i >
v′
1f
m − m′
m + m′
m − m′
m + m′
v1i,
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 33
resumindo, a velocidade final da part´ıcula (3) ´e maior que a velocidade final da
part´ıcula (2) que por sua vez ´e maior que a velocidade da part´ıcula (1), em s´ımbolos
v3f > v′
2f > v′
1f ,
logo as part´ıculas n˜ao voltam a se chocar e temos apenas 3 colis˜oes.
As velocidades finais s˜ao
v3f =
2mv1i
m + m′
v′
2f =
2m
m + m′
m − m′
m + m′
v1i
v′
1f =
m − m′
m + m′
m − m′
m + m′
v1i
onde v1i ´e a velocidade inicial da part´ıcula (1).
1.6 Centro de massa
Defini¸c˜ao 22 (Centro de massa). Sejam n corpos pontuais , cada corpo k com
posi¸c˜ao (xk, yk, zk) em R3
e massa mk, ent˜ao o centro de massa dessa configura¸c˜ao de n
part´ıculas ´e (x, y, z) , onde
x =
n∑
k=1
mkxk
M
y =
n∑
k=1
mkyk
M
z =
n∑
k=1
mkzk
M
e M =
n∑
k=1
mk.
Para um corpo de estrutura cont´ınua de densidade ρ =
dm
dV
que depende do ponto as
coordenadas do centro de massa s˜ao dadas por
ys =
∫
ρ.xsdV
∫
ρdV
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 34
onde as coordenadas do corpo s˜ao (xs)n
1 .
Corol´ario 12. Como ρ =
dm
dV
ent˜ao
∫
ρdV = M e
∫
ρ.xsdV =
∫
xsdm, portanto
ys =
∫
xsdm
M
.
Exemplo 26. 1. Calcule as coordenadas do centro de massa de uma placa de
metal (disco) indicada na figura, um c´ırculo de raio r de qual foi removido um c´ırculo
de raio s onde o centro dos c´ırculos distam de l unidades . Considerando o disco de
densidade uniforme d.
Figura 1.4: Discos
Por simetria temos que o centro de massa do disco com a parte retirada (que cha-
maremos de X) deve estar sobre o eixo y, tendo coordenada em y denotada por
yx e massa mx . O disco completo sem parte removida possui centro no ponto
(0, 0) = (xc, yc). Consideramos o disco D na parte retirada com a densidade d e
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 35
massa mD, ele possui centro de massa no centro geom´etrico que denotaremos por
yD, por equa¸c˜ao do centro de massa temos que
yc
=0
=
mDyD + mxyx
mD + mx
⇒ 0 = mDyD + mxyx ⇒ yx = −
−mDyD
mx
.
Temos que a densidade ´e dada por d =
m
V
, onde m ´e massa e V ´e o volume, logo
V.d = m o volume ´e dado por V = A.c onde c ´e a espessura do disco , portanto
mD = AD.c.d e mx = Ax.c.d pois possuem a mesma densidade d logo
mD
mx
=
AD.c.d
Ax.c.d
=
AD
Ax
calculamos agora Ax, temos que sua ´area ´e igual a ´area do disco completo πr2
subtra´ıdo da ´area do disco D, que ´e πs2
logo
Ax = πr2
− πs2
= π(r2
− s2
)
e AD = πs2
portanto
mD
mx
=
πs2
π(r2 − s2)
=
s2
(r2 − s2)
substituindo todas express˜oes temos
yx = −
s2
(r2 − s2)
=
s2
(s2 − r2)
yD
como a separa¸c˜ao entre os centro do disco completo (0, 0) e do disco D ´e de l, temos
yD = l
por isso tem-se
yx =
s2
l
(s2 − r2)
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 36
2. Suponha que seja colocado no lugar do espa¸co subtra´ıdo D um disco de material
com densidade constante ρ, qual ´e o centro de massa do sistema resultante?
O disco D agora pode ser considerado como se sua massa estivesse concentrada em
seu centro, sua densidade ´e
ρ =
m
V
=
m
πs2c
⇒ ρπs2
c = m.
o novo centro de massa ter´a coordenada em y dada por
y =
myD + mxyx
m + mx
onde
ρ =
m
V
=
m
πs2c
⇒ m = ρπs2
c,
mx
d
= V ⇒ mx = V d = (π)(r2
− s2
)cd
logo temos os dados
m = ρπs2
c
yD = l
mx = (π)(r2
− s2
)cd
yx =
s2
l
(s2 − r2)
substituindo os valores na express˜ao y =
myD + mxyx
m + mx
, temos
y =
ρπs2
cl + (π)(r2
− s2
)cd s2l
(s2−r2)
ρπs2c + (π)(r2 − s2)cd
=
simplificando os termos em comum tem-se
y =
ρs2
l − s2
ld
ρs2 + (r2 − s2)d
=
(ρ − d)(s2
l)
ρs2 + (r2 − s2)d
.
y =
(ρ − d)(s2
l)
ρs2 + (r2 − s2)d
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 37
Lembre que as coordenadas em x (abscissa ) do centro de massa no problema 1) e 2)
s˜ao ambas x = 0 por simetria.
1.7 Gravita¸c˜ao
Defini¸c˜ao 23 (Gravita¸c˜ao). Gravita¸c˜ao ´e o estudo das for¸cas de atra¸c˜ao entre massas
e dos movimentos de corpos submetidos a essas for¸cas.
A gravita¸c˜ao ´e a mais fraca de todas as intera¸c˜oes conhecidas, por´em ´e considerada a
primeira a ser cuidadosamente estudada . Das intera¸c˜oes fraca, forte, gravitacional e ele-
tromagn´etica (que n˜ao ser˜ao tratadas aqui). Tomada a intera¸c˜ao forte como valendo uma
unidade, a eletromagn´etica ´e da ordem de 10−2
, fraca da ordem de 10−5
e gravitacional
da ordem de 10−38
.
X A gravidade ´e uma for¸ca de longo alcance, n˜ao havendo a princ´ıpio limita¸c˜ao entre
a distˆancia entre os corpos .
X ´E uma for¸ca somente atrativa. N˜ao existe repuls˜ao gravitacional.
X ´E por causa dessas caracter´ısticas que a gravidade domina v´arias ´areas de estudo na
astronomia. ´E a a¸c˜ao da for¸ca gravitacional que determina as ´orbitas dos planetas,
estrelas e gal´axias, assim como os ciclos de vida das estrelas e a evolu¸c˜ao do pr´oprio
Universo,
1.8 Leis de Kepler
Nesta se¸c˜ao apresentamos as Leis de Kepler1
para o movimento planet´ario, Kepler
teria descoberto tais leis a partir das medidas astronˆomicas de Tycho Brahe (1546−1601)
.
1.8.1 1◦
lei de Kepler-Lei das ´orbitas
Propriedade 18 (1◦
lei de Kepler-Lei das ´orbitas). As ´orbitas descritas pelos planetas
em redor do Sol s˜ao elipses , com o sol num dos focos.
1
Johannes Kepler (1571 − 1630)
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 38
Defini¸c˜ao 24 (Peri´elio e Af´elio ). O ponto em que a Terra est´a mais pr´oxima do Sol
´e chamada de Peri´elio e o ponto mais distante ´e chamado de Af´elio.
Denotaremos a distˆancia no Af´elio como dmax e no Peri´elio como dmin.
Defini¸c˜ao 25 (Raio m´edio da ´orbita). Definimos o raio m´edio da ´orbita R como
R =
dmin + dmax
2
.
Corol´ario 13. O raio m´edio da ´orbita ´e o semi-eixo maior da elipse.
Exemplo 27. Se a ´e o semi-eixo maior de uma elipse e c a semi-distˆancia focal a
raz˜ao e =
c
a
´e chamada de excentricidade da elipse. Para e = 0 a elipse degenera em um
c´ırculo, quanto maior o valor de e, mais achatada e distante de um c´ırculo uma elipse
est´a, com valores pequenos de e a elipse se aproxima mais da forma de um c´ırculo.
Planeta e
Terra 0,017
Vˆenus 0,007
As ´orbitas de Vˆenus e da Terra podem ser bem aproximadas por ´orbitas circulares, pois
a excentricidade delas ´e muito pequena e da´ı tais ´orbitas n˜ao se afastam muito da forma
de um c´ırculo , tal aproxima¸c˜ao n˜ao se distancia muito do que posto na primeira lei de
Kepler.
2◦
lei de Kepler-Lei das ´areas
Propriedade 19 (2◦
lei de Kepler). As ´areas varridas pelo vetor-posi¸c˜ao de um pla-
neta em rela¸c˜ao ao centro do Sol s˜ao diretamente proporcionais aos respectivos intervalos
de tempo gastos .
Sendo A a ´area e ∆t o intervalo de tempo, podemos escrever
A = va∆t.
Onde va > 0 ´e uma constante para cada planeta.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 39
Defini¸c˜ao 26 (Velocidade areolar ). O fator va na lei das ´areas
A = va∆t
´e chamado de velocidade areolar.
Observa¸c˜ao 2. A velocidade areolar para um planeta ´e constante , por´em o movi-
mento de um planeta ao longo de sua ´orbita pode n˜ao ser uniforme .
Propriedade 20. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve ´areas iguais em
tempos iguais.
Demonstra¸c˜ao. Simbolicamente, temos que o enunciado significa que se ∆t1 =
∆t2 = ∆t ent˜ao A1 = A2 . Por´em substituindo tais valores na express˜ao A = va∆t.
Temos
A1 = va∆t
A2 = va∆t
logo A1 = A2 as ´areas percorridas s˜ao iguais .
Defini¸c˜ao 27 (Peri´elio e Af´elio ). Seja um sistema compostos de planetas e uma
estrela. O ponto em que um planeta est´a mais pr´oxima da estrela ´e chamada de Peri´elio
e o ponto mais distante ´e chamado de Af´elio.
Propriedade 21. No peri´elio, o planeta possui velocidade de transla¸c˜ao com in-
tensidade m´axima, enquanto no af´elio ele tem velocidade de transla¸c˜ao com intensidade
m´ınima.
Demonstra¸c˜ao.
3◦
lei de Kepler- Lei dos per´ıodos
Propriedade 22 (3◦
lei de Kepler- Lei dos per´ıodos). Sejam T1 e T2 per´ıodos de
revolu¸c˜ao de dois planetas cujas ´orbitas possuem raios m´edios R1 e R2 respectivamente,
ent˜ao vale que
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 40
(
T1
T2
)2
= (
R1
R2
)3
Os quadrados dos per´ıodos de revolu¸c˜ao de dois planetas quaisquer est˜ao entre si como
os cubos de suas distˆancias ao sol .
Tal rela¸c˜ao vale na verdade para movimentos em ´orbitas circulares, por´em se a excen-
tricidade da elipse for pequena tal rela¸c˜ao vale aproximadamente .
Propriedade 23. Para qualquer planeta do Sistema Solar vale que
R3
T2
= Kp
onde Kp ´e uma constante.
Demonstra¸c˜ao. Vale que
(
T1
T2
)2
= (
R1
R2
)3
logo
T2
1
R3
1
=
T2
2
R3
2
que e constante para cada planeta .
Defini¸c˜ao 28 (Constante de Kepler). A constante Kp da rela¸c˜ao
R3
T2
= Kp
´e chamada de constante de Kepler.
Exemplo 28. Suponha que a Terra e Vˆenus possuem raios m´edios de distˆancia ao
Sol de R2 = 1, 5108
km e R1 = 1, 1108
km respectivamente, o per´ıodo de revolu¸c˜ao da Terra
´e de 1 ano (aproximaremos para 365 dias.) Ent˜ao aplicando a Lei de Kepler podemos
deduzir uma aproxima¸c˜ao do per´ıodo de revolu¸c˜ao de Vˆenus
T2
1 = (
1, 1
1, 5
)3
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 41
que implica um valor aproximado de 219 dias (dependendo do n´umero de casas deci-
mais usadas pode-se chegar em outro valor, no caso usamos duas casas decimais em cada
opera¸c˜ao ), sendo que um valor mais pr´oximo do per´ıodo da ´orbita ´e 224, 65 dias, o que
n˜ao difere muito.
Observa¸c˜ao 3 (Universalidade das leis de Kepler). As propriedades apresentadas
aqui, chamadas de Leis de Kepler s˜ao tidas como universais, valendo para o Sistema Solar
, qualquer outro sistema planet´ario no Universo em que exista uma grande massa central
em torno da qual gravitem massas menores, por exemplo ela tamb´em vale para planetas
e seus sat´elites naturais ou artificiais.
Exemplo 29. Dois corpos A e B em ´orbitas circulares ao redor de C, possuem raio
de ´orbita Ra > Rb. Em que intervalo de valores se situa a distˆancia entre os corpos? .
X A distˆancia ´e m´ınima quando ambos A, B e C est˜ao alinhados e B est´a entre C e
A, neste caso a distˆancia entre B e A mede Ra − Rb.
Suponha que n˜ao seja nas condi¸c˜oes acima, formamos um triˆangulo CAA′
,onde
A′
´e outro ponto na ´orbita de A. CAA′
´e is´osceles, ˆangulos iguais A′ = A = α
. Tra¸camos BA′
No triˆangulo BA′
A o ˆangulo BA′A ´e menor que α logo seu lado
oposto BA possui comprimento menor que BA′
pois a ˆangulos maiores se opoem
lados maiores.
X A distˆancia ´e m´axima quando, C est´a entre B e A, pontos alinhados neste caso a
distˆancia ´e Ra + Rb. Consideramos neste caso um triˆangulo AA′
C ele ´e is´osceles ,
tra¸camos A′
B e temos o triˆangulo AA′
B com ˆangulo AA′B = β maior que α =
AA′B, logo AB o lado oposto a β possui medida maior que A′
B lado oposto a α no
triˆangulo AA′
B .
X Podemos deduzir que esses s˜ao realmentes pontos de m´aximo e m´ınimo usando
coordenadas . Tomamos A = (rbcos(θ), rbsen(θ)) , B = (ra, 0) .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 42
d(A, B)2
= (rbcos(θ)−ra)2
+r2
b sen2
(θ) = r2
b cos2
(θ)−2rbracos(θ)+r2
a+r2
b sen2
(θ) = r2
b +r2
a−2rbracos(θ
derivando temos f′
(θ) = 2rbrasen(θ) que se anula em θ = 0 ou θ = π.
1.9 Lei de Newton da atra¸c˜ao das massas
Propriedade 24 (Lei de gravita¸c˜ao de Newton). Sejam corpos A e B cujos centros
de massa est˜ao separados por uma distˆancia rAB, ent˜ao :
X A e B possuem quantidades positivas mA, mB associadas, chamadas massas gravi-
tacionais
X Existem for¸cas FAB e FBA, que satisfazem
FAB = −FBA,
FAB sendo a for¸ca gravitacional aplicada pelo corpo A no corpo B .
X tais for¸cas possuindo intensidade
F =
GmAmB
r2
,
onde G ´e denominada constante da gravita¸c˜ao universal, sendo de valor aproximado
de
G = 6, 6710−11
Nm2
/kg2
.
Isaac Newton teria deduzido a equa¸c˜ao F =
GmAmB
r2
, usando as leis de Kepler,
para for¸ca que deveria existir entre dois planetas e depois generalizado para duas massas
quaisquer .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 43
Vamos tentar mostrar uma dedu¸c˜ao informal da lei da gravita¸c˜ao para um planeta
de massa m em um movimento circular uniforme ao redor de uma estrela de massa M
usando as Leis de Kepler .
Supondo o m´odulo da for¸ca F1 resultante no planeta , temos
F1 = m.acp = m
v2
r
onde r ´e a distˆancia entre o centro do planeta e da estrela . A velocidade possui
m´odulo constante , em uma volta completa, sendo T o per´ıodo , temos o comprimento da
circunferˆencia dado por 2πr, logo
v =
2πr
T
,
agora usamos a lei de Kepler T2
= kr3
onde k ´e constante, logo substituindo na
equa¸c˜ao da for¸ca, tem-se
F1 = m
4π2
r2
rT2
= m
4π2
r
T2
= m
4π2
r
kr3
= m
4π2
kr2
= m
k1
r2
logo a intera¸c˜ao gravitacional deve ser proporcional ao inverso do quadrado da distˆancia.
Supondo simetria o m´odulo da for¸ca sobre a estrela poderia ser
F2 = M
k2
r2
,
para constantes k1 e k2 , logo
F =
M.mG
r2
para alguma constante G . Newton ent˜ao teria generalizado tal resultado, o estendendo
para duas massas quaisquer .
1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial
Defini¸c˜ao 29 (Massa gravitacional). O valor de massa que aparece na Lei da gra-
vita¸c˜ao de Newton, que enunciamos acima ´e chamada de massa gravitacional , a princ´ıpio
n˜ao saber´ıamos se o valor da massa gravitacional de um corpo ´e igual ao valor de massa
inercial que aparece na defini¸c˜ao de quantidade de movimento p = mv.
Observa¸c˜ao 4. Supondo um corpo possuindo massa inercial mi e massa gravitacional
mg ent˜ao nas proximidades de um corpo maior de massa gravitacional M, temos g uma
acelera¸c˜ao da gravidade aproximadamente constante
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 44
F = mig =
MmgG
r2
⇒
mi
mg
=
GM
gr2
= K uma constante
Propriedade 25. Em sistemas ligados gravitacionalmente a for¸ca resultante gravita-
cional aponta para o centro de massa do sistema , em sistemas planet´arios, tal centro de
massa pode ser muito pr´oximo do centro da estrela ou remanescente estelar, mesmo que
a ´orbita seja el´ıptica , o centro de massa poderia n˜ao estar no centro da elipse e sim mais
pr´oximo do centro da estrela . O sol, maior corpo do sistema solar, coincide praticamente,
com o centro de massa do sistema solar e move-se muito mais lentamente do que qualquer
planeta. Por isso o Sol pode ser tomado como centro de referˆencia, pois ´e praticamente
um referencial inercial.
Exemplo 30 (Rela¸c˜ao entre acelera¸c˜ao da gravidade e massa da Terra). Considere
uma part´ıcula de massa m sobre a superf´ıcie da Terra , sendo portanto a distˆancia entre
a part´ıcula ao centro da Terra medindo r, o raio da Terra , M a massa da Terra, tem-se
que
F =
GmM
r2
= mg ⇒ g =
MG
r2
⇒ M =
gR2
G
.
Substituindo valores g = 9, 8m/s2
, r = 6, 37.106
e G = 6, 67.10−11
m3
/(kg.s2
) podemos
deduzir que a massa da Terra ´e aproximadamente 5, 98.1024
kg.
Exemplo 31 (Comparar duas massas por meio de intera¸c˜ao com uma outra). Sejam
dois corpo com massas m e m′
que desejamos comparar , colocados a uma mesma distˆancia
r de um outro corpo de massa conhecida M, como por exemplo, massa da Terra , as for¸cas
gravitacionais em quest˜ao s˜ao
F =
GMm
r2
, F′
=
GMm′
r2
⇒
F
F′
=
m
m′
.
Se tivermos modo de comprar for¸cas tal rela¸c˜ao acima possibilita um modo de com-
parar massas.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 45
1.9.2 Estudo de movimento de sat´elites
Propriedade 26 (Velocidade orbital de um sat´elite em movimento circular). Consi-
dere um sat´elite de massa m gravitando em ´orbita circular em torno de um planeta de
massa M. Sendo r o raio da ´orbita e G a constante da gravidade, ent˜ao
X A velocidade orbital ´e constante o movimento ´e circular uniforme e vale
v =
√
GM
r
.
v =
√
gr.
Demonstra¸c˜ao.
X A for¸ca resultante que o sat´elite recebe do planeta ´e a for¸ca resultante centr´ıpeta
no sat´elite F = Fcp
F =
GMm
r2
por´em Fcp = macp = m
v2
r
, portanto de F = Fcp, segue
GMm
r2
= m
v2
r
⇔
GM
r
= v2
⇔ v =
√
GM
r
.
Substituindo g =
GM
r2
, isto ´e, gr =
GM
r
temos a outra express˜ao .
Corol´ario 14 (Velocidade angular orbital de um sat´elite em movimento circular). A
velocidade angular w de um corpo em ´orbita circular de raio r em torno de um outro
corpo de massa M vale
w =
√
GM
r3
pois v = wr ⇒
v
r
= w da´ı , usando a express˜ao
v =
√
GM
r
⇒
v
r
=
√
GM
r3
= w.
Conclu´ımos que o valor de w independe de m e sat´elites diferentes percorrendo uma
mesma ´orbita circular n˜ao colidem entre si, j´a que suas velocidades angulares s˜ao iguais .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 46
Propriedade 27 (Raz˜ao de velocidade angular de sat´elites em movimento circular).
Seja um corpo de massa M possuindo dois sat´elites em movimento circular uniforme ao
redor dele com raios ri e re ent˜ao temos a seguinte rela¸c˜ao para suas velocidades angulares
w2
i
w2
e
=
r3
e
r3
i
.
Demonstra¸c˜ao.
wi =
√
GM
r3
i
we =
√
GM
r3
e
implicam
w2
i r3
i = GM = w2
er3
e
de onde a igualdade segue .
Propriedade 28 (Per´ıodo de revolu¸c˜ao de um sat´elite em movimento circular). O
per´ıodo de revolu¸c˜ao T de um sat´elite ao redor de um corpo de massa M e distˆancia do
centro de gravidade do corpo at´e o centro do sat´elite r ´e dado por
T = 2π
√
r3
GM
.
Demonstra¸c˜ao. Como o sat´elite realiza movimento circular uniforme, temos que
a velocidade ´e igual a raz˜ao do distˆancia percorrida em uma volta, que ´e 2πr dividido
pelo per´ıodo T
v =
2πr
T
usamos agora que v =
√
GM
r
.
O que implica
T =
2πr
√
r
√
GM
= 2π
√
r3
GM
como quer´ıamos demonstrar.
Corol´ario 15 (Per´ıodo independe da massa do satelite). O per´ıodo de orbitagem
independe da massa do sat´elite , pois a express˜ao T = 2π
√
r3
GM
, n˜ao depende dela .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 47
Corol´ario 16 (Massa de um planeta em fun¸c˜ao do per´ıodo e distˆancia). De T =
2πr
√
r
√
GM
= 2π
√
r3
GM
elevando ao quadrado, temos
T2
= 4π2 r3
GM
⇒ M = 4π2 r3
GT2
.
Podemos usar esse resultado para calcular novamente a massa da Terra, usando dados
relativos a Lua, r = 3, 84.108
m e P = 2, 36.106
s. Que garante a massa da Terra ser
aproximadamente 5, 98.1024
. Isso implica certa consistˆencia na Teoria .
Propriedade 29 (For¸ca em fun¸c˜ao da massa, distˆancia e per´ıodo). Dados T, m e
r para um corpo de massa m com movimento circular ao redor de outro de massa M, ´e
poss´ıvel encontrar a for¸ca F =
GmM
r2
em fun¸c˜ao de T, m e r . A for¸ca ´e dada por
F =
r4π2
M
T2
.
Demonstra¸c˜ao.
Temos que
T2
r3
=
4π2
GM
⇒ GM =
r3
T2
4π2
⇒
r4π2
m
T2
=
GMm
r2
.
Portanto
F =
GMm
r2
=
r4π2
m
T2
.
Propriedade 30 (Altura do sat´elite em fun¸c˜ao do per´ıodo). A altura h de um sat´elite
em movimento circular ao redor de um corpo de massa M ´e dada por
h =
3
√
GMT2
4π2
.
Demonstra¸c˜ao.
A for¸ca de atra¸c˜ao resultante exercida pela Terra sobre o sat´elite desempenha a fun¸c˜ao
de resultante centr´ıpeta no movimento circular e uniforme descrito por ele. F = Fcp
GMm
h2
= mw2
h
onde usamos a express˜ao da acelera¸c˜ao centr´ıpeta α =
v2
r
e v = wr. Temos tamb´em
que w =
2π
T
, substituindo tais express˜oes temos
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 48
GM
h2
= h
(
2π
T
)2
⇒ GM =
4π2
T2
h3
de onde segue que
h =
3
√
GMT2
4π2
como quer´ıamos demonstrar.
Exemplo 32. Supondo que a atra¸c˜ao gravitacional da nossa gal´axia, de massa
total Mg e raio Rg , atua como se toda a massa estivesse concentrada no seu centro, e
comparando a ´orbita circular de uma estrela situada na borda da gal´axia, de velocidade
vg , com a ´orbita da Terra em torno do Sol, de raio m´edio R , mostre que
Mg
Ms
=
Rgvg2
Rv2
onde Ms ´e a massa do Sol e v ´e a velocidade orbital da Terra em torno do Sol.
A velocidade orbital da Terra satisfaz pela propriedade anterior
Rv2
= GMs
onde ignoramos a massa de outros corpos, que n˜ao sejam o Sol ou a Terra , a velocidade
de uma estrela na borda da Gal´axia ´e dada por rela¸c˜ao similar
Rgv2
= GMg
dividindo ambas express˜oes tem-se
Mg
Ms
=
Rgvg2
Rv2
.
Propriedade 31 (Terceira lei de Kepler). Vale a terceira lei de Kepler
r3
T2
= Kp
e a constante Kp vale
GM
4π2
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 49
Demonstra¸c˜ao. Partindo da identidade T = 2π
√
r3
GM
, segue
T2
= 4π2 r3
GM
⇒
r3
T2
=
GM
4π2
.
Propriedade 32 (Velocidade areolar). A velocidade areolar vale
va =
1
2
√
GMr.
Demonstra¸c˜ao. Temos que
A = va∆t ⇒ va =
A
∆t
em uma volta completa, que vamos aproximar par um c´ırculo, temos que a ´area ´e de
πr2
e a varia¸c˜ao de tempo ´e o per´ıodo T = 2π
√
r3
GM
portanto
va =
πr2
2π
√
GM
r3
=
1
2
√
GMr.
Defini¸c˜ao 30 (Sat´elites estacion´arios). Um sat´elite estacion´ario de um corpo A em
rota¸c˜ao em torno do seu eixo, s˜ao corpos que possuem ´orbitas circulares em torno de
A que se apresentam parados em rela¸c˜ao a um referencial na superf´ıcie do corpo A que
acompanha seu movimento, na mesma taxa de rota¸c˜ao .
Exemplo 33 (Sat´elites estacion´arios da Terra). Sat´elites estacion´arios da Terra
possuem ´orbitas aproximadamente circulares contidas no plano equatorial, seu per´ıodo de
revolu¸c˜ao sendo proximo de 24 horas, igual ao per´ıodo de rota¸c˜ao do planeta, e de suas
´orbitas s˜ao de aproximadamente 6, 7 raios terrestres .
1.9.3 Velocidade de escape
Defini¸c˜ao 31 (Velocidade de escape). Velocidade de escape ´e a velocidade m´ınima
necess´aria para que um corpo se livre do campo gravitacional de um outro corpo B a
partir de uma certa distˆancia r do centro de gravidade de B.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 50
Propriedade 33. A velocidade de escape vale
v =
√
2GM
r
onde r ´e a distˆancia at´e o centro do corpo B , M a massa de B e G a constante da
gravidade .
Demonstra¸c˜ao. Como queremos a velocidade m´ınima, ela ser´a nula no infinito,
logo temos energia cin´etica nula no infinito, a energia potencial gravitacional tamb´em ser´a
nula no infinito pois Ep = −
GMm
r
tende a zero quando r → ∞, usamos ent˜ao conserva¸c˜ao
de energia mecˆanica, sendo ela nula no infinito por ser soma de energia cin´etica e potencial
Em = Ep + Ec, igualamos tal valor a energia a distˆancia r do centro do planeta, de onde
conclu´ımos que
mv2
2
−
GmM
r
= 0 ⇒
v2
2
=
GM
r
⇒ v =
√
2GM
r
Corol´ario 17. X O valor da velocidade de escape n˜ao depende da massa do corpo
que est´a sendo lan¸cado mas apenas da massa do corpo central e tamb´em n˜ao depende
do ˆangulo de lan¸camento.
X Quanto mais afastado o corpo estiver da superf´ıcie do corpo (maior r), menor ser´a
o valor da velocidade de escape.
X A express˜ao v =
√
2GM
r
sugere que se existirem corpos celestes com massas t˜ao
grandes e raios t˜ao pequenos de maneira que a velocidade de escape neles seja maior
que a velocidade da luz c, a luz n˜ao escaparia `a atra¸c˜ao gravitacional deles. Tais
corpos s˜ao chamados de Buracos negros.
Vale que a velocidade de escape ´e
v =
√
2gr
pois basta usar g =
GM
r2
logo gr =
GM
r
, substitu´ıdo em
√
2GM
r
segue o resultado .
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 51
1.10 Campo gravitacional
Defini¸c˜ao 32 (Campo). Campo ´e uma propriedade f´ısica que se estende por uma
regi˜ao do espa¸co , sendo a propriedade descrita nessa regi˜ao do espa¸co por uma fun¸c˜ao
da posi¸c˜ao e do tempo .
Em termos matem´aticos, um campo escalar ´e uma fun¸c˜ao f : Rn
→ R e um campo
vetorial uma fun¸c˜ao f : Rn
→ Rm
onde m > 1 .
Propriedade 34. Para cada intera¸c˜ao uma part´ıcula produz em torno de si um campo
correpondente . Toda intera¸c˜ao pode ser descrita por meio de campos .
Exemplo 34. Por´em nem todo campo ´e gerado por uma intera¸c˜ao, por exemplo po-
demos tomar um campo de velocidades da ´agua em um rio , ou um campo de temperatura
em uma sala.
Propriedade 35. Toda massa cria em torno de si um campo de for¸cas de natureza
gravitacional .
Defini¸c˜ao 33 (Campo gravitacional). O campo de for¸cas de natureza gravitacional
criado por uma certa quantidade de massa ´e chamado de campo gravitacional .
Defini¸c˜ao 34 (Campo atrativo). Um campo ´e atrativo se as part´ıculas submetidas
exclusivamente aos seus efeitos s˜ao puxadas para junto do ponto onde o campo ´e gerado.
Propriedade 36. O campo gravitacional ´e atrativo .
Defini¸c˜ao 35 (Linhas de for¸ca). Linhas de for¸ca de um campo s˜ao linhas que repre-
sentam, em cada ponto, a orienta¸c˜ao da for¸ca que atua numa part´ıcula, chamada corpo
de prova, que ´e submetida apenas aos efeitos desse campo .
Trataremos aqui apenas de linhas de for¸ca geradas pelo campo gravitacional .
Propriedade 37. Se um corpo massivo for esf´erico e homogˆeneo, suas linhas de for¸ca
ter˜ao a dire¸c˜ao do raio da esfera em cada ponto , sendo orientadas para o centro do corpo
.
CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 52
1.11 Energia potencial gravitacional
Propriedade 38.
Demonstra¸c˜ao.
1.12 Agradecimentos
X Agradecemos a Gabriel Lefundes por ajuda apontando erros no texto, obrigado!
X
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  • 2. 1
  • 3. Sum´ario 1 Dinˆamica 4 1.1 Leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1.1 Primeira Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.2 Segunda Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.1.3 Regra do paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.1.4 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativ´ıstica . . . . . . . . . 12 1.1.5 Terceira Lei de Newton-Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . 15 1.2 Aplica¸c˜oes das leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.1 Pˆendulo cˆonico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.2 Plano inclinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.2.3 For¸ca sobre blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3 Energia mecˆanica e conserva¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.3.1 Unidades de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.3.2 Energia cin´etica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.3.3 Energia potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.3.4 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.3.5 Energia potencial el´astica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.3.6 Energia mecˆanica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.3.7 Sistema mecˆanico conservativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.3.8 Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica . . . . . . . . . . . . 22 1.4 Quantidade de movimento e impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.4.1 Impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.5 Colis˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1.6 Centro de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2
  • 4. SUM ´ARIO 3 1.7 Gravita¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.8 Leis de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.8.1 1◦ lei de Kepler-Lei das ´orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.9 Lei de Newton da atra¸c˜ao das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.9.2 Estudo de movimento de sat´elites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 1.9.3 Velocidade de escape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 1.10 Campo gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 1.11 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 1.12 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
  • 5. Cap´ıtulo 1 Dinˆamica Esse texto ainda n˜ao se encontra na sua vers˜ao final, sendo, por enquanto, cons- titu´ıdo apenas de anota¸c˜oes informais, n˜ao tendo sido ainda revisado, ent˜ao leia com cuidado e aten¸c˜ao a poss´ıveis erros, Sugest˜oes para melhoria do texto, corre¸c˜oes da parte matem´atica ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu Email rodrigo.uff.math@gmail.com. Defini¸c˜ao 1 (Cinem´atica). Estudo o movimento e propriedades, mas n˜ao modela suas poss´ıveis causas. Defini¸c˜ao 2 (Dinˆamica). A dinˆamica ´e o estudo da rela¸c˜ao entre os movimentos dos corpos e as causas desses movimentos . 1.1 Leis de Newton Defini¸c˜ao 3 (Part´ıcula livre). Uma part´ıcula ´e dita ser livre, se ela est´a sujeita a intera¸c˜ao resultante nula . Na pr´atica pode n˜ao existir particula livre, por´em podem existir part´ıculas que se aproximam de tal conceito, caso suas intera¸c˜oes sejam consideradas desprez´ıveis , como por exemplo part´ıculas muito afastadas uma das outras, ou tamb´em caso as intera¸c˜oes com outras part´ıculas se cancelem , dando uma intera¸c˜ao resultante nula. 4
  • 6. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 5 1.1.1 Primeira Lei de Newton Propriedade 1 (Primeira Lei de Newton - Lei da in´ercia). X Todo corpo em re- pouso ou em MRU (movimento retil´ıneo uniforme) continua nesses estados a menos que seja obrigado a alter´a-los por for¸cas aplicadas sobre ele. X Toda part´ıcula livre possui velocidade constante, isto ´e, sua acelera¸c˜ao ´e nula. Tal afirma¸c˜ao ´e chamada Lei de Newton, pois teria sido primeiramente enunciada por Isaac Newton (1642 − 1727) . As for¸cas a princ´ıpio se classificam em duas categorias: X For¸cas de contato, que precisam de proximidade do objeto para atuar, como por exemplo for¸cas geradas ao se puxar ou empurrar objetos. X For¸cas de a¸c˜ao a distˆancia, chamadas tamb´em de for¸cas de campo. Por exemplo a for¸ca que a Terra exerce sobre um obejto largado a certa altura. Al´em disso for¸ca ´e grandeza vetorial. Corol´ario 1. X Se uma part´ıcula livre possui velocidade constante n˜ao nula, ent˜ao ela se move em linha reta . X Se uma part´ıcula livre possui velocidade constante nula, ent˜ao ela est´a em repouso . X Portanto uma part´ıcula livre se move em linha reta ou est´a em repouso . Se uma part´ıcula est´a sob a a¸c˜ao de v´arias for¸cas cuja resultante ´e zero, ent˜ao el´a esta ou em repouso ou em movimento retil´ıneo uniforme. Exemplo 1 (Bloco sobre uma mesa). Observamos que um bloco sobre uma mesa, empurrado com velocidade constante v0, desliza com velocidade decrescente at´e parar. Pela lei da in´ercia se n˜ao houvesse alguma for¸ca aplicada sobre o bloco, ele se moveria com velocidade constante. Por´em, em geral temos a for¸ca de atrito e resistˆencia do ar, que atuam sobre o bloco modificando sua velocidade, at´e que ele pare.
  • 7. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 6 X For¸ca de atrito ´e causada em geral pelo fato da superf´ıcie em que se desloca ser ´aspera. X Podemos observar que quanto mais polida ´e uma superf´ıcie, maior o deslocamento do bloco, considerando todas outras vari´aveis constantes. X A resitˆencia do ar pode ser eliminada fazendo a experiˆencia no v´acuo. Exemplo 2 (In´ercia e trem desacelerando ). Se um trem antes de movimentando em velocidade constante posteriormente freia, as pessoas dentro dele por in´ercia tendem a continuar com o movimento de velocidade constante e por isso s˜ao projetada para frente em rela¸c˜ao ao trem. Exemplo 3 (In´ercia e trem acelerando). Se um trem parado, come¸ca a acelerar, pessoas dentro dele, por in´ercia, tendem a se manter em repouso, logo v˜ao se sentir, projetadas para tr´as em rela¸c˜ao ao trem. Exemplo 4 (Carro em curva). Um carro se movendo em movimento retil´ıneo uniforme faz uma curva em uma estrada, os objetos dentro dele, por in´ercia, tendem a manter o movimento retl´ıneo uniforme, por isso, se, por exemplo, a porta estiver aberta algum objeto pode ser projetado para fora do carro. Defini¸c˜ao 4 (Referencial inercial). Movimento ´e um conceito relativo, portanto ao enunciar a lei da in´ercia, devemos indicar a qual sistema de referˆencia o movimento da p´articula livre ´e referido. Iremos admitir que o movimento de uma part´ıcula livre ´e relativo a um observador, sistema ou part´ıcula que sejam tamb´em livres, isto ´e, n˜ao estejam sujeitos a intera¸c˜oes com outras part´ıculas do universo. Tal tipo de referencial ´e chamado de referencial inercial . Os referenciais em que a lei da in´ercia vale s˜ao chamados referenciais inerciais. Corol´ario 2. Sistemas inerciais de referˆencia n˜ao giram, pois existˆencia de rota¸c˜ao implicaria em acelera¸c˜ao, devida a varia¸c˜ao de dire¸c˜ao do vetor velocidade.
  • 8. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 7 Exemplo 5 (Terra e referencial inercial). Devido a sua rota¸c˜ao em torno do seu eixo e intera¸c˜ao gravitacional com o Sol e outros planetas do sistema solar, a Terra n˜ao ´e um sistema inercial de referˆencia. Por´em em alguns casos, pode-se considerar o efeito de rota¸c˜ao da Terra e sua intera¸c˜ao gravitacional com outros planetas desprez´ıveis e por isso pontos na Terra serem considerados aproximadamente referenciais inerciais. Exemplo 6 (Sol e referencial inercial). O sol tamb´em n˜ao ´e um referencial inercial por sua intera¸c˜ao gravitacional com , por exemplo, os planetas do sistema solar e seu movimento orbital em torno do centro da nossa gal´axia , Via l´actea . O movimento do Sol possui menor curvatura que o movimento da Terra ( pois o raio m´edio do movimento do Sol ´e muito maior que o da Terra, portanto a semelhan¸ca do Sol a um referencial inercial ´e muito maior . A acelera¸c˜ao orbital da Terra seria cerca de 150 milh˜oes de vezes maior que a do Sol . Defini¸c˜ao 5 (Massa de repouso- defini¸c˜ao operacional). A defini¸c˜ao operacional de massa de repouso, ´e de um n´umero que atribu´ımos a um corpo A, sendo esse n´umero obtido pela compara¸c˜ao do corpo A com um corpo tomado como padr˜ao B, usando o pr´ınc´ıpio de uma balan¸ca de bra¸cos iguais, isto para os corpos A e B supostamente em repouso . Observa¸c˜ao 1. Pela defini¸c˜ao anterior, n˜ao sabemos se a massa ser´a a mesma se a part´ıcula estiver em movimento ( acelerado ou n˜ao ), ou se depende da velocidade de um corpo dado certo referencial . Por isso damos o nome anterior de massa de repouso , em outras ocasi˜oes seria poss´ıvel o valor da massa variar. Em nossa an´alise iremos considerar que a massa seja independente do movimento, para valores de velocidade muito pequenas comparado com a velocidade da luz , faremos uma discuss˜ao sobre isso em outra se¸c˜ao do texto. Defini¸c˜ao 6 (Momento linear ou quantidade de movimento). −→p = m.−→v O momento linear de uma part´ıcula ´e o produto da sua massa pela sua velocidade.
  • 9. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 8 A lei da in´ercia pode ser descrita se usando o conceito de quantidade de movimento . Propriedade 2 (Lei da in´ercia). Uma part´ıcula livre possui quantidade de movimento constante em fun¸c˜ao do tempo . 1.1.2 Segunda Lei de Newton Defini¸c˜ao 7 (For¸ca). Seja p = mv a quantidade de movimento de uma part´ıcula A, definimos que a for¸ca resultante F na particula A como F = dp dt . Propriedade 3 (Segunda Lei de Newton). Seja −→ F a resultante de todas as for¸cas que atuam sobre um ponto material de massa m, ent˜ao −→ F = m.−→a , onde −→a ´e a acelera¸c˜ao do ponto material. A for¸ca e a acelera¸c˜ao s˜ao grandezas vetoriais, a unidade da for¸ca ´e dada em (N) newtons e da acelera¸c˜ao em m/s2 . Temos que a for¸ca e a acelera¸c˜ao tem o mesmo sentido. A massa m ´e tamb´em chamada de massa inercial ou coeficiente de in´ercia, considerada constante em rela¸c˜ao ao tempo neste caso. A segunda lei de Newton, tamb´em ´e chamada de lei fundamental da Dinˆamica ou princ´ıpio fundamental da Dinˆamica. Defini¸c˜ao 8 (Unidade de medida newton). Um newton ´e a intensidade de uma for¸ca que, aplicada a um ponto material de massa 1kg, produz acelera¸c˜ao no ponto, cujo m´odulo ´e 1m/s2 . Defini¸c˜ao 9 (Massa inercial). O valor de massa m, que aparece na express˜ao da quantidade de movimento p = mv ´e chamada de massa inercial .
  • 10. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 9 Demonstra¸c˜ao. Se considerarmos que a massa n˜ao varia com o tempo, temos F = d−→p dt = m. d−→v dt = m.−→a logo m.−→a = −→ F . Equivalentemente, se definimos F = m.a com m constante, ent˜ao F = dp dt pois dp dt = dmv dt = m.a . Caso a massa n˜ao seja constante em rela¸c˜ao ao tempo tal identidade pode n˜ao valer p = m(t).v(t) ⇒ dp dt = m′ (t)v(t) + m(t)v′ (t) = m′ (t)v(t) + m(t)a(t) que ser´a igual a m(t)a(t) ⇔ m′ (t)v(t) = 0. Corol´ario 3. Se a massa ´e constante e o movimento retil´ıneo, temos ⃗F = m.⃗a. e da´ı ⃗F e ⃗a possuem o mesmo sentido. 1. Se ⃗F possui o mesmo sentido de ⃗v, ent˜ao ⃗a possui o mesmo sentido de ⃗v. E nesse caso dizemos que o movimento ´e acelerado. 2. Se ⃗F possui sentido contr´ario de ⃗v, ent˜ao ⃗a possui o mesmo sentido contr´ario de ⃗v. E nesse caso dizemos que o movimento ´e retardado. Exemplo 7. Suponha um movimento uniformemente acelerado, retil´ıneo, com F = m.a, temos F m = a, da´ı as equa¸c˜oes hor´arios ficam como v = v0 + F m t, s = s0 + v0t + F 2m t2 . E da equa¸c˜ao de Torricelli v = v0 + 2 F m δs. Exemplo 8. Suponha que ´e um corpo se move em movimento retil´ıneo uniforme com velocidade inicial v0, possuindo massa m, a partir do instante t = 0 se aplica no corpo uma for¸ca constante F de sentido contr´ario ao movimento da part´ıcula, em qual instante a part´ıcula para?
  • 11. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 10 Temos que F = m.a, onde a ´e o m´odulo da acelera¸c˜ao, da´ı a = F m . Da equa¸c˜ao hor´aria temos que v = v0 − at, da´ı v = 0 implica v0 = at ⇒ t = v0 a = m.v0 F . Portanto t = m.v0 F . Se quiseremos saber a distˆancia percorrida at´e o corpo parar, usamos a f´ormula de Torricelli, com os dados do problema v2 = v2 0 − 2a∆s ⇒ ∆s = v2 0 2a = v2 0m 2F . Tal resultado tamb´em pode ser obtido usando s = s0 + v0t − at2 2 . 1.1.3 Regra do paralelogramo Propriedade 4 (Regra do Paralelogramo). Considere duas for¸cas ⃗F1 e ⃗F2, formando um ˆangulo θ entre elas. Ent˜ao sendo F o m´odulo do vetor resultante da soma das for¸cas, vale que F2 = F2 1 + 2F1F2cos(θ) + F2 2 . Demonstra¸c˜ao. Considere duas for¸cas ⃗F1 e ⃗F2, formando um ˆangulo θ entre elas. Podemos arranjar o sistema de coordenadas de modo que ⃗F2 = (F2, 0), ent˜ao o vetor ⃗F1 ser´a dado por ⃗F1 = (F1cos(θ), F1sen(θ)), A soma dos vetores se faz componente a componente ⃗F = ⃗F1 + ⃗F2 = (F1cos(θ) + F2, F1sen(θ)), e o m´odulo do vetor ´e dado por F = √ F2 1 sen2(θ) + F2 1 cos2(θ) + 2F1F2cos(θ) + F2 2 = √ F2 1 + 2F1F2cos(θ) + F2 2 .
  • 12. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 11 Que d´a a regra do paralelogramo. Observe que usamos cos2 (x) + sen2 (x) = 1 e que dado v = (x, y), seu m´odulo ´e dado por √ x2 + y2 = |v|. Corol´ario 4. Sendo um corpo de massa m, submetido a duas for¸cas ⃗F1, ⃗F2, com ˆangulo θ entre elas, ent˜ao sua acelera¸c˜ao ´e dada por a = F m = √ F2 1 + 2F1F2cos(θ) + F2 2 m . Corol´ario 5. Supondo que o ˆangulo entre as for¸cas ´e 90◦ , ent˜ao a regra do paralelo- gramo fornece F2 = F2 1 + F2 2 . Que ´e uma forma do Teorema de Pit´agoras. Exemplo 9. Se um corpo est´a submetido a for¸cas em sentido contr´ario, com mesmo m´odulo, ent˜ao o corpo est´a em repouso ou movimento retil´ıneo uniforme, pois a resultante das for¸cas se anula em cada dire¸c˜ao. Exemplo 10 (PUC-SP-Arremesso de peso). No arremesso de peso, um atleta gira um corpo rapidamente e depois o abandona. Se n˜ao houvesse a influˆencia da Terra, a trajet´oria do corpo ap´os ser abandonado pelo atleta seria de que tipo? Seria retil´ınea, pois n˜ao haveria mais for¸cas resultantes sobre o objeto, depois de lan¸cado, a gravidade n˜ao seria considerada. Exemplo 11 (VUNESP-SP-Cinto de seguran¸ca). As estat´ısticas indicam que o uso de cinto de seguran¸ca deve ser obrigat´orio para prevenir les˜oes mais graves em motoristas e passageiros no caso de acidentes. Fisicamente, a fun¸c˜ao do cinto est´a relacionada com qual lei f´ısica? Primeira lei de Newton, a lei da in´ercia, pois o corpo em movimento com certa velo- cidade, tende a se manter com tal velocidade, quando o carro freia, o passageiro tende a continuar com velocidade, por isso o efeito ´e ser arremessado para frente em rela¸c˜ao ao carro.
  • 13. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 12 Exemplo 12. Para que um carrinho de massa m adquira acelera¸c˜ao de m´odulo a, ´e necess´ario que a for¸ca resultante tenha m´odulo F. Qual ´e o m´odulo da for¸ca resultante para que um carrinho de massa c1m adquira uma acelera¸c˜ao de m´odulo c2a ? Temos que F = m.a, multiplicando por c1.c2, obtemos c1c2F = c1m.c2a, logo a for¸ca deve ter m´odulo c1c2F. Propriedade 5 (Plano inclinado). Uma massa m lan¸cada com velocidade v0 de um plano inclinado de inclina¸c˜ao θ e comprimento l, sem atrito, atinge a base do plano com velocidade v tal que v2 = v2 0 + 2g(lsen(θ)). Demonstra¸c˜ao. Decompomos a for¸ca peso na sua componente normal ao plano inclinado e F na dire¸c˜ao ao longo do plano, n˜ao h´a resultante na dire¸c˜ao da normal pois ´e cancelada pela for¸ca normal a resultante ´e apenas a for¸ca F que tem valor F = mgsen(θ) = m.a logo a = gsen(θ) aplicando na f´ormula de Torriceli segue que v2 = v2 0 + 2g(lsen(θ)). Corol´ario 6. Como sen(θ) = h l , lsen(θ) = h, ent˜ao a velocidade final s´o depende da altura n˜ao dependendo da inclina¸c˜ao ou comprimento. As velocidades adquiridas por corpos descendo ao longo de planos de inclina¸c˜oes diferentes s˜ao iguais quando a altura desses planos s˜ao iguais. 1.1.4 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativ´ıstica Defini¸c˜ao 10 (Massa relativ´ıstica). Definimos a massa relativ´ıstica mr de um corpo como mr = E c2 , onde E ´e sua energia e c ´e o valor da velocidade da luz . Energia e momento dependem dos sistema de referˆencia, ent˜ao isto tamb´em se aplica a massa relativ´ıstica, que pela defini¸c˜ao acima ´e um tipo de energia, pois ´e energia di- vidido pela constante c2 , ela aumenta conforme a velocidade do corpo aumenta. Com
  • 14. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 13 isso diferentes observadores podem discordar do valor da massa relativ´ıstica mr do corpo .Por isso n˜ao usaremos aqui massa relativ´ıstica como sinˆonimo de massa, a defini¸c˜ao que usaremos de massa garante a propriedade de que ela n˜ao muda com a velocidade. A massa relativ´ıstica e a massa possuem valores similares a baixas velocidades, ent˜ao s˜ao usualmente iguais em eventos do nosso dia-a-dia . Propriedade 6. Vale que E2 = (pc)2 + (mc2 )2 onde E ´e a energia , p ´e o momento, m a massa inercial do objeto e c ´e o valor da velocidade da luz, a massa m aqui tamb´em pode ser denotada por m0 . Vale tamb´em que v = pc2 E . Demonstra¸c˜ao. Propriedade 7 (Propriedade da massa inercial , energia e momento). A massa inercial n˜ao depende do observador , por isso tamb´em pode ser chamada de massa invariante. Todos observadores concordam com a massa de um objeto, com essa defini¸c˜ao . 1. Se um objeto possui velocidade v = 0 em rela¸c˜ao a um observador , ent˜ao vale que E = mc2 e p = 0. 2. Se um objeto est´a se movendo, relativo a um observador , ent˜ao o observador pode medir para o objeto que E > mc2 e momento p > 0. O excesso de energia ´e resultante da presen¸ca de movimento-energia. Demonstra¸c˜ao. 1. De p = mv temos p = 0 pois v = 0 logo E2 = (pc)2 + (mc2 )2 se resume em E2 = (mc2 )2 ⇒ E = mc2 pois ambas quantidades E e mc2 s˜ao n˜ao-negativas .
  • 15. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 14 2. Neste caso v ̸= 0 ent˜ao p ̸= 0 e da´ı E2 = (pc)2 + (mc2 )2 > (mc2 )2 ⇒ E2 > (mc2 )2 ⇒ E > mc2 . Corol´ario 7. Com nossa defini¸c˜ao de massa (chamada de massa de repouso ou massa inercial) E = mc2 vale apenas para um observador que n˜ao est´a se movendo com respeito ao objeto . A defini¸c˜ao que adotamos de massa ´e independente do observador. A ado¸c˜ao dessa defini¸c˜ao pode garantir uma maior facilidade ao se tratar do conceito de massa, vejamos alguns outros corol´arios dessa defini¸c˜ao . Corol´ario 8. 1. F´oton n˜ao possui massa e disso segue que sua velocidade ´e sempre igual a velocidade da luz, em geral isso valendo para qualquer part´ıcula sem massa . De E2 = (pc)2 +(mc2 )2 , para o f´oton, segue que E2 = (pc)2 ⇒ E = pc usando agora que v = pc2 E segue que v = c , isto ´e, o f´oton, possui mesma velocidade que a da luz . Se fosse tomada a defini¸c˜ao de massa relativ´ıstica, ent˜ao o F´oton possuiria tal, pois ele possui energia . 2. 3. N˜ao usaremos massa neste texto como massa relativ´ıstica , caso formos tratar dessa ´ultima tentaremos deixar claro . Propriedade 8. Se uma part´ıcula possui massa ent˜ao sua velocidade ´e menor que a velocidade da Luz . Demonstra¸c˜ao. Temos que v = pc2 E e E = √ (pc)2 + (mc2 )2 >0 > √ (pc)2 = pc logo E > pc ⇒ 1 pc > 1 E multiplicando essa ´ultima desigualdade por pc2 de ambos lados (supondo aqui p ≥ 0 ), segue que c = pc2 pc > pc2 E = v portanto c > v e a velocidade ´e menor que a velocidade da luz .
  • 16. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 15 Exemplo 13. Uma part´ıcula chamada Neutrino possui massa, portanto sua veloci- dade ´e menor do que a velocidade da Luz. Propriedade 9. A massa de um corpo n˜ao se altera se sua energia ou velocidade se alteram . Tentaremos evitar o termo massa relativ´ıstica e usar massa sempre como significado de massa de repouso . Massa relativ´ıstica seria apenas um tipo de energia da part´ıcula renomeada. 1.1.5 Terceira Lei de Newton-Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao Propriedade 10 (Lei da a¸c˜ao e rea¸c˜ao). Se um corpo A exerce uma for¸ca em um corpo B ent˜ao o corpo B simultaneamente exerce uma for¸ca de mesma magnitude no corpo A, ambas as for¸cas possuindo mesma dire¸c˜ao por´em sentidos opostos. Exemplo 14. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados num plano horizontal sem atrito , sendo A encostado em B . Com os blocos em repouso, aplica-se em A uma for¸ca constante ⃗F paralela ao plano de apoio, sabendo que as massas de A e B s˜ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resistˆencia do ar, calcule: 1. O m´odulo da acelera¸c˜ao do sistema . 2. A intensidade da for¸ca de contato entre os blocos . 1. Temos que F = (mA + mB)a logo a = F mA + mB . 2. Sendo ⃗FAB a for¸ca de A aplicada em B, temos que FAB = a.mB ⇒ FAB = F mA + mB .mb. FBA possui a mesma intensidade pela lei de a¸c˜ao e rea¸c˜ao . Exemplo 15. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados num plano horizontal sem atrito , sendo A e B interligados por um fio ideal . Com os blocos
  • 17. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 16 em repouso, aplica-se em A uma for¸ca constante ⃗F paralela ao plano de apoio, sabendo que as massas de A e B s˜ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resistˆencia do ar, calcule: 1. O m´odulo da acelera¸c˜ao do sistema . 2. A intensidade da for¸ca de tra¸c˜ao no fio . 1. Temos que F = (mA + mB)a logo a = F mA + mB . Como no exemplo anterior. 2. A tra¸c˜ao no fio possui intensidade igual a for¸ca que acelera o bloco A, T = mA.a = mA. F mA + mB . 1.2 Aplica¸c˜oes das leis de Newton 1.2.1 Pˆendulo cˆonico Defini¸c˜ao 11 (Pˆendulo cˆonico). O pˆendulo cˆonico ´e um sistema que consiste em uma part´ıcula de massa m que gira em movimento circular uniforme descrevendo um c´ırculo de raio r suspensa por um fio de comprimento l preso a um ponto fixo O′ de tal maneira que o fio descreve a superf´ıcie de um cone de ˆangulo de abertura θ com sen(θ) = r l . Propriedade 11. Em um pˆendulo cˆonico temos 1. A velocidade linear ´e dada por v = √ tg(θ)rg. 2. A tra¸c˜ao no fio ´e dada por T = mg cos(θ) .
  • 18. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 17 Figura 1.1: Pˆendulo cˆonico Demonstra¸c˜ao. Sejam w a velocidade angular do movimento circular uniforme, g a acelera¸c˜ao da gravidade no local. Temos uma for¸ca sobre o fio T ( tens˜ao) e a for¸ca gravitacional F = mg, a for¸ca resultante , soma das duas for¸cas, deve ser a for¸ca centr´ıpeta F = mg + T. 1. Formando um triˆangulo com o peso, tens˜ao e centr´ıpeta, temos tg(θ) = F mg = (lembre que tangente ´e igual `a cateto oposto cateto adjacente ) mas a for¸ca centr´ıpeta ´e dada por macp onde acp = w2 r ´e a acelera¸c˜ao centr´ıpeta , substituindo na equa¸c˜ao anterior temos = mw2 r mg = w2 r g = usando agora que v = wr, tem-se = w2 r g = w2 r2 rg = v2 rg = tg(θ) ⇒ v = √ tg(θ)rg. 2. Ainda no triˆangulo com o peso, tens˜ao e centr´ıpeta, temos que cos(θ) = mg T pois o cosseno ´e o cateto adjacente sobre hipotenusa do triˆangulo, logo T = mg cos(θ) .
  • 19. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 18 1.2.2 Plano inclinado Propriedade 12. Na figura abaixo representamos um bloco em repouso sobre um plano inclinado. O coeficiente de atrito est´atico entre o bloco e o plano ´e µ . Supondo que o bloco esteja na iminˆencia de movimento, vale que tg(α) = µ. Figura 1.2: Plano inclinado Demonstra¸c˜ao. Tomamos o eixo x ao longo do plano inclinado. Decompomos a for¸ca peso em suas componentes Fx e Fy. Como n˜ao temos movimento sobre o eixo y, tem-se |N| = |Fy| e a for¸ca resultante est´a ao longo do eixo x. O vetor p ´e parelalo ao segmento CA o vetor Fx ´e paralelo ao segmento CB (veja a figura). Portanto o ˆangulo entre p e Fx ´e β, o ˆangulo entre Fx e Fy ´e de 90◦ pois s˜ao perpendiculares, sendo o ˆangulo entre os vetores P e Fy v, temos no triˆangulo ABC a soma dos ˆangulos α+β +90◦ = 180◦ e no triˆangulo com as for¸cas β + 90◦ + x = 180◦ portanto α + β + 90◦ = 180◦ = β + 90◦ + x o que implica x = α como mostramos no esquema de for¸cas da figura. Usando no triˆangulo a rela¸c˜ao tg(α) = cateto oposto cateto adjacente = |Fx| |Fy| tem-se tg(α) = |Fx| N temos ainda que a for¸ca resultante ´e dada por Fr = Fx −Fat em repouso temos Fr = 0 portanto |Fat| = µ|N| = |Fx| e da´ı tg(α) = |Fx| N = µ|N| N = µ.
  • 20. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 19 1.2.3 For¸ca sobre blocos Exemplo 16. Suponha trˆes blocos com massas m1, m2, m3, colocados juntos orde- nadamente conforme seus ´ındices , uma for¸ca F1 aplicada em m1 no sentido de m1 para m3 e outra for¸ca F2 aplicada em m3 no sentido de m3 para m1. Sendo o local onde est˜ao apoiados os blocos com coeficiente de atrito η, e |F1| > |F2| calcule a acelera¸c˜ao do sistema . A for¸ca de atrito ´e dada por FAT = η.N a normal no sistema considerando todos trˆes blocos ´e de aproximadamente (m1 + m2 + m3).10 = N , onde aproximamos g = 10, ent˜ao a FAT = (m1 + m2 + m3).10.η A for¸ca resultante ´e Fr = F1 − F2 − FAT = F1 − F2 − (m1 + m2 + m3).10.η, usando a lei de Newton, temos que Fr = ms.a onde ms = m1 + m2 + m3 ´e a massa do sistema ent˜ao temos F1 − F2 − (m1 + m2 + m3).10.η = (m1 + m2 + m3).a ⇒ a = F1 − F2 (m1 + m2 + m3) − 10η. Suponha por exemplo F1 = 100 N , F2 = 50 N , m1 + m2 + m3 = 20, η = 1 10 , logo a = 50 20 − 10 1 10 = 2, 5 − 1 = 1, 5 m/s2 . 1.3 Energia mecˆanica e conserva¸c˜ao Propriedade 13. N˜ao iremos definir o conceito de energia, mas iremos considerar algumas de suas propriedades. X A energia pode se manifestar de diferentes formas como: energia t´ermica, el´etrica, mecˆanica entre outras.
  • 21. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 20 X A energia total do universo ´e constante. X A energia ´e de natureza escalar e pode ser representada por um n´umero, n˜ao sendo necess´arias outras informa¸c˜oes, como dire¸c˜ao e sentido que caracterizam vetores em Rn , n ≤ 3. Exemplo 17. Alguns tipos de energia X T´ermica X El´etrica X Luminosa X Qu´ımica X Mecˆanica X Atˆomica X Potencial X Potencial el´astica X Cin´etica 1.3.1 Unidades de energia Defini¸c˜ao 12 (Unidade de energia). As unidades de energia s˜ao as mesmas que de trabalho e potˆencia. A unidade de energia no SI ´e o joule simbolizado por J. Algumas outras unidades de energia s˜ao as seguintes X Caloria simbolizada por cal, utilizada em fenˆomenos t´ermicos. Vale 1 cal ∼= 4, 19 J. X Quilowatt-hora, simbolizada por kWh, utilizada em eletrot´ecnica. Vale que 1 kWh = 3, 6.106 J.
  • 22. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 21 X El´etron-volt , simbolizada por eV , utilizada nos estudos do ´atomo. Vale que 1 eV = 1, 602.10−19 J. 1.3.2 Energia cin´etica Defini¸c˜ao 13 (Energia cin´etica). Suponha fixado um referencial. Uma part´ıcula de massa m e velocidade v (em m´odulo) possui energia cin´etica Ec = mv2 2 . Lembrando que a massa deve ser dada em kg e a velocidade em m/s para que o resultado seja em Joules. Corol´ario 9. A energia cin´etica ´e sempre positiva, pois m ≥ 0 e v2 ≥ 0. Exemplo 18. Um carro ocupado pode pesar cerca de 1500 kg se ele se move com velocidade 100km/h ∼= 28m/s ent˜ao ele possui uma energia cin´etica de aproximadamente 588 000 joules. Se ele estiver `a 60 km/h ∼= 17m/s ent˜ao ele possui uma energia cin´etica de aproximadamente 216 750 joules. Um ˆonibus grande lotado, pode pesar cerca de 18 toneladas, se ele se move `a 60 km/h ∼= 17m/s ent˜ao possui energia cin´etica aproxima de 2 601 000 joules. 1.3.3 Energia potencial 1.3.4 Energia potencial gravitacional Defini¸c˜ao 14 (Energia potencial gravitacional). Na proximidade da Terra, fixado um plano horizontal de referˆencia a partir do qual se mede a altura h de uma part´ıcula de massa m e considerando a acelera¸c˜ao da gravidade como g, define-se a energia potˆencia gravitacional de tal part´ıcula como Ep = mgh
  • 23. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 22 1.3.5 Energia potencial el´astica Defini¸c˜ao 15 (Energia potencial el´astica). Considere uma mola de constante el´astica K, fixa numa parede e inicialmente livre de deforma¸c˜oes, se ela sofre uma deforma¸c˜ao de δx e possui energia potencial el´astica Ee = K(∆x)2 2 . 1.3.6 Energia mecˆanica Defini¸c˜ao 16 (Energia mecˆanica). Definimos a energia mecˆanica de um sistema como Em = Ec + Ep. Para um sistema de n part´ıculas sob a a¸c˜ao do campo gravitacional g a grandeza que se conserva ´e Em = n∑ k=1 mkv2 k 2 + gmkhk onde mk, vk e hk s˜ao dados da k-´esima part´ıcula. 1.3.7 Sistema mecˆanico conservativo Defini¸c˜ao 17 (Sistema mecˆanico conservativo). Um sistema mecˆanico ´e dito ser con- servativo se transforma exclusivamente energia potencial em cin´etica ou energia cin´etica em potencial. Defini¸c˜ao 18 (For¸cas conservativas). S˜ao for¸cas que realizam trabalho em sistemas mecˆanico conservativos. Exemplo 19 (Exemplos de for¸cas conservativas). For¸cas como gravitacional, el´astica e eletrost´atica s˜ao for¸cas conservativas. Defini¸c˜ao 19 (For¸cas dissipativas). S˜ao for¸cas que transformam energia mecˆanica em outras formas de energia, n˜ao sendo cin´etica ou potencial.
  • 24. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 23 Exemplo 20 (Exemplos de for¸cas dissipativas). For¸cas como de atrito, resistˆencia viscosa em l´ıquidos, resistˆencia do ar s˜ao for¸cas dissipativas. 1.3.8 Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica Propriedade 14 (Princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia mecˆanica). A energia mecˆanica em sistemas conservativos ´e constante, valendo Et = Em = Ec + Ep. Exemplo 21. Um autom´ovel de m kg est´a no alto de uma ladeira molhada pela chuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o autom´ovel perde o freio e desliza pela ladeira sem atrito. X Como n˜ao temos atrito consideramos apenas apenas a for¸ca gravitacional e normal (normal n˜ao realiza trabalho) que s˜ao conservativas X No topo da ladeira temos a energia mecˆanica Et = mgh o autom´ovel freiado n˜ao possui energia cin´etica apenas a energia potencial gravitacional . X No p´e da ladeira toda energia mecˆanica se transforma em energia cin´etica, pois no p´e da ladeira a altura h = 0, temos ent˜ao a energia mecˆanica igual a energia cin´etica, igualamos com o resultado anterior Et = mv2 2 = mgh ⇒ cancelando a massa m, tem-se v2 2 = gh ⇒ v = √ 2gh, ent˜ao encontramos a veloci- dade no p´e da ladeira que ´e dada por v = √ 2gh. Perceba que a velocidade n˜ao depende da massa, depende apenas da altura e da acelera¸c˜ao da gravidade local .
  • 25. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 24 Exemplo 22. Um garotinho esquim´o desastrado escorrega do alto do seu iglu, um domo esf´erico de gelo de r metros de altura (vamos tomar como exemplo r = 3). 1. De que altura acima do solo ele cai? 2. A que distˆancia da parede do iglu ele cai? Figura 1.3: Representaremos o garotinho por um ponto material G, uma part´ıcula . 1. Enquanto o ponto toca no iglu temos um movimento circular. A for¸ca de rea¸c˜ao normal ´e sempre perpendicular a superf´ıcie de contato, no ponto, a gravidade aponta para o centro da Terra. Vamos calcular a for¸ca centripeta , que aponta para o centro do domo, para isso devemos decompor o peso na dire¸c˜ao radial Pr , para deduzir a resultante centripeta . Sendo θ o ˆangulo que d´a a posi¸c˜ao da part´ıcula, como na figura, temos cos(θ) = cateto adjacente hipotenusa cos(θ) = Pr P ⇒ Pr = mgcos(θ) onde Pr ´e a componente radial do peso . A diferen¸ca entre a componente radial do peso a da normal resulta na for¸ca centripeta, logo em m´odulo temos mgcos(θ) − N(θ) = Fcp = macp = mv(θ)2 r ⇒ N(θ) = mgcos(θ) − mv(θ)2 r .
  • 26. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 25 Tomando o n´ıvel zero no solo, por conserva¸c˜ao de energia mecˆanica tem-se que a energia potencial no topo do iglu ´e mgr, ela se conserva ent˜ao em um ponto qualquer do iglu temos mgr = mgrcos(θ) + mv(θ)2 2 a express˜ao rcos(θ) aparece acima, pois ´e altura depois de percorrido um ˆangulo θ, basta fazer a proje¸c˜ao sobre o eixo y. Da identidade acima simplificando os termos, temos uma express˜ao para a velocidade v(θ)2 2 = gr(1 − cos(θ)) ⇒ v(θ) = √ 2gr(1 − cos(θ)) agora usamos tal express˜ao para velocidade e substitu´ımos na express˜ao encontrada para a normal N(θ) = mgcos(θ) − mv(θ)2 r = mgcos(θ) − 2mgr(1 − cos(θ)) r = = mgcos(θ) − 2mg + 2mgcos(θ) = 3mgcos(θ) − 2mg = N(θ). O part´ıcula perde contato com o domo quando a for¸ca normal se anula N(θ) = 0, usando a express˜ao anterior temos 3mgcos(θ) − 2mg ⇒ cos(θ) = 2 3 com isso deduzimos tamb´em sen(θ) = √ 1 − cos2(θ) = √ 1 − cos2(θ) = √ 1 − 4 9 = √ 9 − 4 9 = √ 5 3 . A altura ´e dada por y0 = rcos(θ), substitu´ındo o valor cos(θ) = 2 3 tem-se y = 2r 3 em especial se r = 3 temos y = 2, estamos medindo a altura em metros. A distˆancia da origem x0 em que ele abandona o iglu ´e dada por x0 = rsen(θ) x0 = r √ 5 3
  • 27. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 26 em especial se r = 3 temos x0 = √ 5. Ent˜ao encontramos a altura de que ele cai o iglu, 2 metros . 2. Ao abandonar o domo o garoto faz com velocidade v0 = √ 2gr(1 − cos(θ)) = √ 2gr 3 onde substitu´ımos cos(θ) = 2 3 e simplificamos, tomando agora r = 3, ficamos com v0 = √ 2g 4, 43m/s. A partir do momento em que o garoto cai, ele descreve uma trajet´oria parab´olica. Temos movimento com componentes no eixo x e y, em x o movimento ´e uniforme x = x0 + v0cos(θ)t o fator v0cos(θ) aparece pois ´e a velocidade v0 projetada sobre o eixo x, para a componente do movimento sobre o eixo y y = y0 − v0sen(θ)t − gt2 2 queremos y = 0, substituindo em y os valores encontrados para y0, v0, sen(θ) tem-se 0 = 2r 3 − √ 2gr 3 √ 5 3 t − gt2 2 ⇒ gt2 2 + √ 10gr 27 t − 2r 3 = 0 que ´e uma equa¸c˜ao de segundo grau em t, que possui ra´ız positiva t = √ 46gr 27 − √ 10gr 27 g se tomamos r = 3, g = 9, 8, temos t 0, 38 s. Agora calculamos a distˆancia da qual se cai do iglu x = x0 + v0cos(θ)t ⇒ x = √ 5r 3 + √ 2gr 3 2 3 t no caso substituindo g = 9, 8, r = 3 e t = 0, 38 temos x 3, 36 m
  • 28. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 27 em rela¸c˜ao a parede do iglu a distˆancia que o garoto atinge do solo ´e d = x − r = 3, 36 − 3 = 0, 36 m. Ent˜ao a distˆancia que ele cai do iglu ´e de 0, 36 metros. 1.4 Quantidade de movimento e impulso Defini¸c˜ao 20 (Quantidade de movimento). Dado um ponto p com massa m e velo- cidade ⃗v, definimos a quantidade de movimento do ponto como ⃗P = m⃗v. A quantidade de movimento tamb´em ´e chamada de momento linear , momentum ou momento . A unidade do momento no SI ´e kg.m/s. Corol´ario 10. X A quantidade de movimento e a velocidade tem a mesma dire¸c˜ao e mesmo sentido, pois m ≥ 0. Propriedade 15. Em um sistema fechado (que n˜ao troca mat´eria com o meio externo nem possui for¸cas agindo sobre ele) o momento total ´e constante. Exemplo 23. Um monstro de 4 kg, nadando com velocidade de 1, 0 m/s, engole um outro de 1 kg, que estava em repouso, e continua nadando no mesmo sentido. Determine a velocidade, em m/s, do monstro maior, imediatamente ap´os a ingest˜ao. Aplicamos conserva¸c˜ao de momento, inicialmente temos em kg.m/s p0 = 4.1 = 4, e depois p1 = 5.v, nessa ´ultima equa¸c˜ao somamos as massas. Temos ent˜ao 4 = 5v ⇒ v = 4 5 m/s.
  • 29. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 28 1.4.1 Impulso Defini¸c˜ao 21 (Impulso). Definimos o impulso ⃗I em um intervalo de tempo [t1, t2] como o vetor ⃗I = ∫ t2 t1 ⃗F(t)dt. Propriedade 16. O impulso ´e a igual a varia¸c˜ao de quantidade de movimento, isto ´e, o impulso em [t1, t2] ´e dado por ⃗I = ⃗P(t2) − ⃗P(t1) = m⃗v2 − m⃗v1. Demonstra¸c˜ao. Vale ⃗F = d⃗P dt , substituindo na integral segue que ⃗I = ∫ t2 t1 ⃗F(t)dt = ∫ t2 t1 d⃗P dt dt = ⃗P(t2) − ⃗P(t1) = m⃗v2 − m⃗v1. Corol´ario 11. (Sem rigor analisar) Fixados t1 e t2, podemos considerar uma for¸ca m´edia ⃗Fm tal que ⃗I = ∫ t2 t1 ⃗F(t)dt = ⃗Fm(t2 − t1) = ⃗Fm∆t. Neste caso temos que m⃗v2 − m⃗v1 = ⃗Fm∆t. Exemplo 24. Um autom´ovel de m kg est´a no alto de uma ladeira molhada pela chuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o autom´ovel perde o freio e desliza pela ladeira sem atrito. J´a sabemos que sua velocidade ao p´e da ladeira ´e dada por v = √ 2gh. No p´e da ladeira o autom´ovel atinge uma parede que o faz parar em ∆t segundos, qual a for¸ca m´edia que o autom´ovel sofrer´a? X Vamos usar a identidade mv2 − mv1 = Fm∆t com v2 = 0 pois o autom´ovel para por hip´otese ao se chocar, v1 = v = √ 2gh ent˜ao temos −mv = Fm∆t ⇒ Fm = −mv ∆t .
  • 30. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 29 Fm = −m √ 2gh ∆t X Se o tempo para o autom´ovel parar ´e multiplicado por um fator l ent˜ao a nova for¸ca m´edia ser´a dada por −mv l∆t = Fm −mv ∆t 1 l = Fm l a for¸ca m´edia resultante ´e dividida por l. Perceba que a velocidade n˜ao depende da massa, depende apenas da altura e da acelera¸c˜ao da gravidade local . 1.5 Colis˜oes Propriedade 17. Sejam duas part´ıculas (1) e (2) que se movem ao longo de uma reta e colidem elasticamente, como por exemplo uma colis˜ao entre duas bolas de bilhar. Sejam m1 e m2 as massas e v1i, v2i as velocidades antes da colis˜ao, com a velocidade relativa satisfazendo v1i − v2i > 0, estamos usando o ´ındice i para denotar a velocidade na posi¸c˜ao inicial . Supomos que as part´ıculas est˜ao sujeitas apenas `as for¸cas internas de intera¸c˜ao que atuam durante a colis˜ao, de forma que o momento total do sistema se conserva e a colis˜ao seja el´astica (energia cin´etica se conserva). Nessas condi¸c˜oes temos as velocidades finais v1f , v2f das part´ıculas (1) e (2) v1f = 2m2v2i + (m1 − m2)v1i m1 + m2 v2f = 2m1v1i + (m2 − m1)v2i m1 + m2 Demonstra¸c˜ao. Temos por conserva¸c˜ao de energia cin´etica que m1 v2 1i 2 + m2 v2 2i 2 = m1 v2 1f 2 + m2 v2 2f 2
  • 31. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 30 para as energias cin´eticas antes e depois da colis˜ao , multiplicando as express˜oes acima por 2 temos m1v2 1i + m2v2 2i = m1v2 1f + m2v2 2f agora iremos usar o produto not´avel a2 − b2 = (a − b)(a + b), a express˜ao acima implica ap´os isolar os termos com coeficientes m1 e m2 no mesmo lado da equa¸c˜ao que m1(v2 1i − v2 1f ) = m2(v2 2f − v2 2i) = agora usando o produto not´avel ficamos com m1(v1i − v1f )(v1i + v1f ) = m2(v2f − v2i)(v2f + v2i). Usando a conserva¸c˜ao de quantidade de movimento m1v1i + m2v2i = m1v1f + m2v2f novamente isolando os termos com coeficientes m1 e m2 no mesmo lado da equa¸c˜ao segue que m1(v1i − v1f ) = m2(v2f − m2v2i) que s˜ao exatamente os termos marcados na outra equa¸c˜ao, sendo ambos n˜ao nulo podemos os cancelar da equa¸c˜ao anterior ficando com v1i + v1f = v2f + v2i. Com isso temos v1f = v2f + v2i − v1i, substituindo em m1v1i + m2v2i = m1v1f + m2v2f , tem-se m1v1i + m2v2i = m1(v2f + v2i − v1i) + m2v2f = m1v2f + m1v2i − m1v1i + m2v2f colocando em evidˆencia os coeficientes v1i e v2i segue que 2m1v1i + (m2 − m1)v2i = (m1 + m2)v2f portanto v2f = 2m1v1i + (m2 − m1)v2i m1 + m2 . Agora finalmente, usando que v1i + v1f = v2f + v2i tem-se v1f = v2f + v2i − v1i, usando a express˜ao obtida para v2f e substituindo temos v1f = 2m1v1i + (m2 − m1)v2i m1 + m2 +(v2i−v1i) = 2m1v1i + (m2 − m1)v2i m1 + m2 +(v2i−v1i) m1 + m2 m1 + m2 =
  • 32. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 31 simplificando chegamos em = 2m2v2i + (m1 − m2)v1i m1 + m2 . Com isso provamos as duas identidades como quer´ıamos demonstrar. Exemplo 25. Uma part´ıcula de massa m desloca-se com velocidade v em dire¸c˜ao a duas outras idˆenticas de massa m′ , alinhadas com ela, inicialmente separadas e em repouso. As colis˜oes entre as part´ıculas sao todas el´asticas. 1. Mostre que se m ≤ m′ temos duas colis˜oes e calcule a velocidade final das trˆes part´ıculas. 2. Mostre que, para m > m′ , haver´a trˆes colis˜oes, e calcule as velocidades finais das trˆes part´ıculas 3. Verifique que, no caso (1), o resultado para a primeira e a terceira part´ıcula e o mesmo que se a part´ıcula intermediaria n˜ao existisse. 1. Usamos os resultados que demonstramos na propriedade anterior com v2i = 0, m1 = m e m2 = m′ , com isso temos as velocidades v1f = (m − m′ )v1i m′ + m v2f = 2mv1i m′ + m como m ≤ m′ ⇒ m − m′ ≤ 0, por isso a velocidade v1f ´e nula ou possui sentido contr´ario ao da velocidade de v2f , logo a primeira part´ıcula n˜ao entre em choque novamente com as outras. A segunda part´ıcula se choca com a terceira. Usamos novamente as equa¸c˜oes que deduzimos anteriormente. Agora com m1 = m2 = m′ , v′ 2i = 0 e v′ 1i = 2mv1i m + m′ o valor que obtemos para a velocidade da segunda part´ıcula. Com isso temos v′ 1f = 2m2 0 v′ 2i + 0 (m1 − m2) v′ 1i m1 + m2 = 0
  • 33. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 32 v′ 2f = 2m1v′ 1i + 0 (m2 − m1)v′ 2i m1 + m2 = 2mv′ 1i 2m = v′ 1i = 2mv1i m + m′ ´e igual a velocidade da part´ıcula 2 ao t´ermino da colis˜ao anterior, ent˜ao com isso resolvemos tamb´em o caso (3) . 2. Se m > m′ , usando resultado do item anterior para o primeiro choque v1f = (m − m′ )v1i m + m′ , v2f = 2mv1i m′ + m , como m − m′ > 0 as velocidades possuem mesmo sentido e dire¸c˜ao, por´em v2f > v1f pois 2m > m − m′ . A part´ıcula (2) se choca com a (3), pelo item anterior (3) fica com velocidade 2mv1i m + m′ = v3 e (2) com ve- locidade nula, portanto (2) ´e alcan¸cada pela part´ıcula (1) e calculamos novamente as velocidades resultantes usando as express˜oes conhecidas, como um novo sistema com dados v′ 1i = (m − m′ )v1i m + m′ , v′ 2i = 0 logo pelas express˜oes temos as resultantes v′ 1f e v′ 2f como velocidades finais de (1) e (2) respectivamente dadas por v′ 1f = m − m′ m + m′ v′ 1i = m − m′ m + m′ m − m′ m + m′ v1i v′ 2f = 2m m + m′ v′ 1i = 2m m + m′ m − m′ m + m′ v1i agora as trˆes part´ıculas n˜ao voltam a se chocar pois v3f = 2mv1i m + m′ > v′ 2f = 2m m + m′ m − m′ m + m′ v1i pois cancelando os termos idˆenticos (positivos) de ambos lados da desigualdade ela equivale a 1 > m − m′ m + m′ ⇔ m+m′ > m−m′ que realmente vale. Al´em disso tamb´em temos v′ 2f > v′ 1f pois 2m > m − m′ e da´ı v′ 2f 2m m + m′ m − m′ m + m′ v1i > v′ 1f m − m′ m + m′ m − m′ m + m′ v1i,
  • 34. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 33 resumindo, a velocidade final da part´ıcula (3) ´e maior que a velocidade final da part´ıcula (2) que por sua vez ´e maior que a velocidade da part´ıcula (1), em s´ımbolos v3f > v′ 2f > v′ 1f , logo as part´ıculas n˜ao voltam a se chocar e temos apenas 3 colis˜oes. As velocidades finais s˜ao v3f = 2mv1i m + m′ v′ 2f = 2m m + m′ m − m′ m + m′ v1i v′ 1f = m − m′ m + m′ m − m′ m + m′ v1i onde v1i ´e a velocidade inicial da part´ıcula (1). 1.6 Centro de massa Defini¸c˜ao 22 (Centro de massa). Sejam n corpos pontuais , cada corpo k com posi¸c˜ao (xk, yk, zk) em R3 e massa mk, ent˜ao o centro de massa dessa configura¸c˜ao de n part´ıculas ´e (x, y, z) , onde x = n∑ k=1 mkxk M y = n∑ k=1 mkyk M z = n∑ k=1 mkzk M e M = n∑ k=1 mk. Para um corpo de estrutura cont´ınua de densidade ρ = dm dV que depende do ponto as coordenadas do centro de massa s˜ao dadas por ys = ∫ ρ.xsdV ∫ ρdV
  • 35. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 34 onde as coordenadas do corpo s˜ao (xs)n 1 . Corol´ario 12. Como ρ = dm dV ent˜ao ∫ ρdV = M e ∫ ρ.xsdV = ∫ xsdm, portanto ys = ∫ xsdm M . Exemplo 26. 1. Calcule as coordenadas do centro de massa de uma placa de metal (disco) indicada na figura, um c´ırculo de raio r de qual foi removido um c´ırculo de raio s onde o centro dos c´ırculos distam de l unidades . Considerando o disco de densidade uniforme d. Figura 1.4: Discos Por simetria temos que o centro de massa do disco com a parte retirada (que cha- maremos de X) deve estar sobre o eixo y, tendo coordenada em y denotada por yx e massa mx . O disco completo sem parte removida possui centro no ponto (0, 0) = (xc, yc). Consideramos o disco D na parte retirada com a densidade d e
  • 36. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 35 massa mD, ele possui centro de massa no centro geom´etrico que denotaremos por yD, por equa¸c˜ao do centro de massa temos que yc =0 = mDyD + mxyx mD + mx ⇒ 0 = mDyD + mxyx ⇒ yx = − −mDyD mx . Temos que a densidade ´e dada por d = m V , onde m ´e massa e V ´e o volume, logo V.d = m o volume ´e dado por V = A.c onde c ´e a espessura do disco , portanto mD = AD.c.d e mx = Ax.c.d pois possuem a mesma densidade d logo mD mx = AD.c.d Ax.c.d = AD Ax calculamos agora Ax, temos que sua ´area ´e igual a ´area do disco completo πr2 subtra´ıdo da ´area do disco D, que ´e πs2 logo Ax = πr2 − πs2 = π(r2 − s2 ) e AD = πs2 portanto mD mx = πs2 π(r2 − s2) = s2 (r2 − s2) substituindo todas express˜oes temos yx = − s2 (r2 − s2) = s2 (s2 − r2) yD como a separa¸c˜ao entre os centro do disco completo (0, 0) e do disco D ´e de l, temos yD = l por isso tem-se yx = s2 l (s2 − r2) .
  • 37. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 36 2. Suponha que seja colocado no lugar do espa¸co subtra´ıdo D um disco de material com densidade constante ρ, qual ´e o centro de massa do sistema resultante? O disco D agora pode ser considerado como se sua massa estivesse concentrada em seu centro, sua densidade ´e ρ = m V = m πs2c ⇒ ρπs2 c = m. o novo centro de massa ter´a coordenada em y dada por y = myD + mxyx m + mx onde ρ = m V = m πs2c ⇒ m = ρπs2 c, mx d = V ⇒ mx = V d = (π)(r2 − s2 )cd logo temos os dados m = ρπs2 c yD = l mx = (π)(r2 − s2 )cd yx = s2 l (s2 − r2) substituindo os valores na express˜ao y = myD + mxyx m + mx , temos y = ρπs2 cl + (π)(r2 − s2 )cd s2l (s2−r2) ρπs2c + (π)(r2 − s2)cd = simplificando os termos em comum tem-se y = ρs2 l − s2 ld ρs2 + (r2 − s2)d = (ρ − d)(s2 l) ρs2 + (r2 − s2)d . y = (ρ − d)(s2 l) ρs2 + (r2 − s2)d .
  • 38. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 37 Lembre que as coordenadas em x (abscissa ) do centro de massa no problema 1) e 2) s˜ao ambas x = 0 por simetria. 1.7 Gravita¸c˜ao Defini¸c˜ao 23 (Gravita¸c˜ao). Gravita¸c˜ao ´e o estudo das for¸cas de atra¸c˜ao entre massas e dos movimentos de corpos submetidos a essas for¸cas. A gravita¸c˜ao ´e a mais fraca de todas as intera¸c˜oes conhecidas, por´em ´e considerada a primeira a ser cuidadosamente estudada . Das intera¸c˜oes fraca, forte, gravitacional e ele- tromagn´etica (que n˜ao ser˜ao tratadas aqui). Tomada a intera¸c˜ao forte como valendo uma unidade, a eletromagn´etica ´e da ordem de 10−2 , fraca da ordem de 10−5 e gravitacional da ordem de 10−38 . X A gravidade ´e uma for¸ca de longo alcance, n˜ao havendo a princ´ıpio limita¸c˜ao entre a distˆancia entre os corpos . X ´E uma for¸ca somente atrativa. N˜ao existe repuls˜ao gravitacional. X ´E por causa dessas caracter´ısticas que a gravidade domina v´arias ´areas de estudo na astronomia. ´E a a¸c˜ao da for¸ca gravitacional que determina as ´orbitas dos planetas, estrelas e gal´axias, assim como os ciclos de vida das estrelas e a evolu¸c˜ao do pr´oprio Universo, 1.8 Leis de Kepler Nesta se¸c˜ao apresentamos as Leis de Kepler1 para o movimento planet´ario, Kepler teria descoberto tais leis a partir das medidas astronˆomicas de Tycho Brahe (1546−1601) . 1.8.1 1◦ lei de Kepler-Lei das ´orbitas Propriedade 18 (1◦ lei de Kepler-Lei das ´orbitas). As ´orbitas descritas pelos planetas em redor do Sol s˜ao elipses , com o sol num dos focos. 1 Johannes Kepler (1571 − 1630)
  • 39. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 38 Defini¸c˜ao 24 (Peri´elio e Af´elio ). O ponto em que a Terra est´a mais pr´oxima do Sol ´e chamada de Peri´elio e o ponto mais distante ´e chamado de Af´elio. Denotaremos a distˆancia no Af´elio como dmax e no Peri´elio como dmin. Defini¸c˜ao 25 (Raio m´edio da ´orbita). Definimos o raio m´edio da ´orbita R como R = dmin + dmax 2 . Corol´ario 13. O raio m´edio da ´orbita ´e o semi-eixo maior da elipse. Exemplo 27. Se a ´e o semi-eixo maior de uma elipse e c a semi-distˆancia focal a raz˜ao e = c a ´e chamada de excentricidade da elipse. Para e = 0 a elipse degenera em um c´ırculo, quanto maior o valor de e, mais achatada e distante de um c´ırculo uma elipse est´a, com valores pequenos de e a elipse se aproxima mais da forma de um c´ırculo. Planeta e Terra 0,017 Vˆenus 0,007 As ´orbitas de Vˆenus e da Terra podem ser bem aproximadas por ´orbitas circulares, pois a excentricidade delas ´e muito pequena e da´ı tais ´orbitas n˜ao se afastam muito da forma de um c´ırculo , tal aproxima¸c˜ao n˜ao se distancia muito do que posto na primeira lei de Kepler. 2◦ lei de Kepler-Lei das ´areas Propriedade 19 (2◦ lei de Kepler). As ´areas varridas pelo vetor-posi¸c˜ao de um pla- neta em rela¸c˜ao ao centro do Sol s˜ao diretamente proporcionais aos respectivos intervalos de tempo gastos . Sendo A a ´area e ∆t o intervalo de tempo, podemos escrever A = va∆t. Onde va > 0 ´e uma constante para cada planeta.
  • 40. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 39 Defini¸c˜ao 26 (Velocidade areolar ). O fator va na lei das ´areas A = va∆t ´e chamado de velocidade areolar. Observa¸c˜ao 2. A velocidade areolar para um planeta ´e constante , por´em o movi- mento de um planeta ao longo de sua ´orbita pode n˜ao ser uniforme . Propriedade 20. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve ´areas iguais em tempos iguais. Demonstra¸c˜ao. Simbolicamente, temos que o enunciado significa que se ∆t1 = ∆t2 = ∆t ent˜ao A1 = A2 . Por´em substituindo tais valores na express˜ao A = va∆t. Temos A1 = va∆t A2 = va∆t logo A1 = A2 as ´areas percorridas s˜ao iguais . Defini¸c˜ao 27 (Peri´elio e Af´elio ). Seja um sistema compostos de planetas e uma estrela. O ponto em que um planeta est´a mais pr´oxima da estrela ´e chamada de Peri´elio e o ponto mais distante ´e chamado de Af´elio. Propriedade 21. No peri´elio, o planeta possui velocidade de transla¸c˜ao com in- tensidade m´axima, enquanto no af´elio ele tem velocidade de transla¸c˜ao com intensidade m´ınima. Demonstra¸c˜ao. 3◦ lei de Kepler- Lei dos per´ıodos Propriedade 22 (3◦ lei de Kepler- Lei dos per´ıodos). Sejam T1 e T2 per´ıodos de revolu¸c˜ao de dois planetas cujas ´orbitas possuem raios m´edios R1 e R2 respectivamente, ent˜ao vale que
  • 41. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 40 ( T1 T2 )2 = ( R1 R2 )3 Os quadrados dos per´ıodos de revolu¸c˜ao de dois planetas quaisquer est˜ao entre si como os cubos de suas distˆancias ao sol . Tal rela¸c˜ao vale na verdade para movimentos em ´orbitas circulares, por´em se a excen- tricidade da elipse for pequena tal rela¸c˜ao vale aproximadamente . Propriedade 23. Para qualquer planeta do Sistema Solar vale que R3 T2 = Kp onde Kp ´e uma constante. Demonstra¸c˜ao. Vale que ( T1 T2 )2 = ( R1 R2 )3 logo T2 1 R3 1 = T2 2 R3 2 que e constante para cada planeta . Defini¸c˜ao 28 (Constante de Kepler). A constante Kp da rela¸c˜ao R3 T2 = Kp ´e chamada de constante de Kepler. Exemplo 28. Suponha que a Terra e Vˆenus possuem raios m´edios de distˆancia ao Sol de R2 = 1, 5108 km e R1 = 1, 1108 km respectivamente, o per´ıodo de revolu¸c˜ao da Terra ´e de 1 ano (aproximaremos para 365 dias.) Ent˜ao aplicando a Lei de Kepler podemos deduzir uma aproxima¸c˜ao do per´ıodo de revolu¸c˜ao de Vˆenus T2 1 = ( 1, 1 1, 5 )3
  • 42. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 41 que implica um valor aproximado de 219 dias (dependendo do n´umero de casas deci- mais usadas pode-se chegar em outro valor, no caso usamos duas casas decimais em cada opera¸c˜ao ), sendo que um valor mais pr´oximo do per´ıodo da ´orbita ´e 224, 65 dias, o que n˜ao difere muito. Observa¸c˜ao 3 (Universalidade das leis de Kepler). As propriedades apresentadas aqui, chamadas de Leis de Kepler s˜ao tidas como universais, valendo para o Sistema Solar , qualquer outro sistema planet´ario no Universo em que exista uma grande massa central em torno da qual gravitem massas menores, por exemplo ela tamb´em vale para planetas e seus sat´elites naturais ou artificiais. Exemplo 29. Dois corpos A e B em ´orbitas circulares ao redor de C, possuem raio de ´orbita Ra > Rb. Em que intervalo de valores se situa a distˆancia entre os corpos? . X A distˆancia ´e m´ınima quando ambos A, B e C est˜ao alinhados e B est´a entre C e A, neste caso a distˆancia entre B e A mede Ra − Rb. Suponha que n˜ao seja nas condi¸c˜oes acima, formamos um triˆangulo CAA′ ,onde A′ ´e outro ponto na ´orbita de A. CAA′ ´e is´osceles, ˆangulos iguais A′ = A = α . Tra¸camos BA′ No triˆangulo BA′ A o ˆangulo BA′A ´e menor que α logo seu lado oposto BA possui comprimento menor que BA′ pois a ˆangulos maiores se opoem lados maiores. X A distˆancia ´e m´axima quando, C est´a entre B e A, pontos alinhados neste caso a distˆancia ´e Ra + Rb. Consideramos neste caso um triˆangulo AA′ C ele ´e is´osceles , tra¸camos A′ B e temos o triˆangulo AA′ B com ˆangulo AA′B = β maior que α = AA′B, logo AB o lado oposto a β possui medida maior que A′ B lado oposto a α no triˆangulo AA′ B . X Podemos deduzir que esses s˜ao realmentes pontos de m´aximo e m´ınimo usando coordenadas . Tomamos A = (rbcos(θ), rbsen(θ)) , B = (ra, 0) .
  • 43. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 42 d(A, B)2 = (rbcos(θ)−ra)2 +r2 b sen2 (θ) = r2 b cos2 (θ)−2rbracos(θ)+r2 a+r2 b sen2 (θ) = r2 b +r2 a−2rbracos(θ derivando temos f′ (θ) = 2rbrasen(θ) que se anula em θ = 0 ou θ = π. 1.9 Lei de Newton da atra¸c˜ao das massas Propriedade 24 (Lei de gravita¸c˜ao de Newton). Sejam corpos A e B cujos centros de massa est˜ao separados por uma distˆancia rAB, ent˜ao : X A e B possuem quantidades positivas mA, mB associadas, chamadas massas gravi- tacionais X Existem for¸cas FAB e FBA, que satisfazem FAB = −FBA, FAB sendo a for¸ca gravitacional aplicada pelo corpo A no corpo B . X tais for¸cas possuindo intensidade F = GmAmB r2 , onde G ´e denominada constante da gravita¸c˜ao universal, sendo de valor aproximado de G = 6, 6710−11 Nm2 /kg2 . Isaac Newton teria deduzido a equa¸c˜ao F = GmAmB r2 , usando as leis de Kepler, para for¸ca que deveria existir entre dois planetas e depois generalizado para duas massas quaisquer .
  • 44. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 43 Vamos tentar mostrar uma dedu¸c˜ao informal da lei da gravita¸c˜ao para um planeta de massa m em um movimento circular uniforme ao redor de uma estrela de massa M usando as Leis de Kepler . Supondo o m´odulo da for¸ca F1 resultante no planeta , temos F1 = m.acp = m v2 r onde r ´e a distˆancia entre o centro do planeta e da estrela . A velocidade possui m´odulo constante , em uma volta completa, sendo T o per´ıodo , temos o comprimento da circunferˆencia dado por 2πr, logo v = 2πr T , agora usamos a lei de Kepler T2 = kr3 onde k ´e constante, logo substituindo na equa¸c˜ao da for¸ca, tem-se F1 = m 4π2 r2 rT2 = m 4π2 r T2 = m 4π2 r kr3 = m 4π2 kr2 = m k1 r2 logo a intera¸c˜ao gravitacional deve ser proporcional ao inverso do quadrado da distˆancia. Supondo simetria o m´odulo da for¸ca sobre a estrela poderia ser F2 = M k2 r2 , para constantes k1 e k2 , logo F = M.mG r2 para alguma constante G . Newton ent˜ao teria generalizado tal resultado, o estendendo para duas massas quaisquer . 1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial Defini¸c˜ao 29 (Massa gravitacional). O valor de massa que aparece na Lei da gra- vita¸c˜ao de Newton, que enunciamos acima ´e chamada de massa gravitacional , a princ´ıpio n˜ao saber´ıamos se o valor da massa gravitacional de um corpo ´e igual ao valor de massa inercial que aparece na defini¸c˜ao de quantidade de movimento p = mv. Observa¸c˜ao 4. Supondo um corpo possuindo massa inercial mi e massa gravitacional mg ent˜ao nas proximidades de um corpo maior de massa gravitacional M, temos g uma acelera¸c˜ao da gravidade aproximadamente constante
  • 45. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 44 F = mig = MmgG r2 ⇒ mi mg = GM gr2 = K uma constante Propriedade 25. Em sistemas ligados gravitacionalmente a for¸ca resultante gravita- cional aponta para o centro de massa do sistema , em sistemas planet´arios, tal centro de massa pode ser muito pr´oximo do centro da estrela ou remanescente estelar, mesmo que a ´orbita seja el´ıptica , o centro de massa poderia n˜ao estar no centro da elipse e sim mais pr´oximo do centro da estrela . O sol, maior corpo do sistema solar, coincide praticamente, com o centro de massa do sistema solar e move-se muito mais lentamente do que qualquer planeta. Por isso o Sol pode ser tomado como centro de referˆencia, pois ´e praticamente um referencial inercial. Exemplo 30 (Rela¸c˜ao entre acelera¸c˜ao da gravidade e massa da Terra). Considere uma part´ıcula de massa m sobre a superf´ıcie da Terra , sendo portanto a distˆancia entre a part´ıcula ao centro da Terra medindo r, o raio da Terra , M a massa da Terra, tem-se que F = GmM r2 = mg ⇒ g = MG r2 ⇒ M = gR2 G . Substituindo valores g = 9, 8m/s2 , r = 6, 37.106 e G = 6, 67.10−11 m3 /(kg.s2 ) podemos deduzir que a massa da Terra ´e aproximadamente 5, 98.1024 kg. Exemplo 31 (Comparar duas massas por meio de intera¸c˜ao com uma outra). Sejam dois corpo com massas m e m′ que desejamos comparar , colocados a uma mesma distˆancia r de um outro corpo de massa conhecida M, como por exemplo, massa da Terra , as for¸cas gravitacionais em quest˜ao s˜ao F = GMm r2 , F′ = GMm′ r2 ⇒ F F′ = m m′ . Se tivermos modo de comprar for¸cas tal rela¸c˜ao acima possibilita um modo de com- parar massas.
  • 46. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 45 1.9.2 Estudo de movimento de sat´elites Propriedade 26 (Velocidade orbital de um sat´elite em movimento circular). Consi- dere um sat´elite de massa m gravitando em ´orbita circular em torno de um planeta de massa M. Sendo r o raio da ´orbita e G a constante da gravidade, ent˜ao X A velocidade orbital ´e constante o movimento ´e circular uniforme e vale v = √ GM r . v = √ gr. Demonstra¸c˜ao. X A for¸ca resultante que o sat´elite recebe do planeta ´e a for¸ca resultante centr´ıpeta no sat´elite F = Fcp F = GMm r2 por´em Fcp = macp = m v2 r , portanto de F = Fcp, segue GMm r2 = m v2 r ⇔ GM r = v2 ⇔ v = √ GM r . Substituindo g = GM r2 , isto ´e, gr = GM r temos a outra express˜ao . Corol´ario 14 (Velocidade angular orbital de um sat´elite em movimento circular). A velocidade angular w de um corpo em ´orbita circular de raio r em torno de um outro corpo de massa M vale w = √ GM r3 pois v = wr ⇒ v r = w da´ı , usando a express˜ao v = √ GM r ⇒ v r = √ GM r3 = w. Conclu´ımos que o valor de w independe de m e sat´elites diferentes percorrendo uma mesma ´orbita circular n˜ao colidem entre si, j´a que suas velocidades angulares s˜ao iguais .
  • 47. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 46 Propriedade 27 (Raz˜ao de velocidade angular de sat´elites em movimento circular). Seja um corpo de massa M possuindo dois sat´elites em movimento circular uniforme ao redor dele com raios ri e re ent˜ao temos a seguinte rela¸c˜ao para suas velocidades angulares w2 i w2 e = r3 e r3 i . Demonstra¸c˜ao. wi = √ GM r3 i we = √ GM r3 e implicam w2 i r3 i = GM = w2 er3 e de onde a igualdade segue . Propriedade 28 (Per´ıodo de revolu¸c˜ao de um sat´elite em movimento circular). O per´ıodo de revolu¸c˜ao T de um sat´elite ao redor de um corpo de massa M e distˆancia do centro de gravidade do corpo at´e o centro do sat´elite r ´e dado por T = 2π √ r3 GM . Demonstra¸c˜ao. Como o sat´elite realiza movimento circular uniforme, temos que a velocidade ´e igual a raz˜ao do distˆancia percorrida em uma volta, que ´e 2πr dividido pelo per´ıodo T v = 2πr T usamos agora que v = √ GM r . O que implica T = 2πr √ r √ GM = 2π √ r3 GM como quer´ıamos demonstrar. Corol´ario 15 (Per´ıodo independe da massa do satelite). O per´ıodo de orbitagem independe da massa do sat´elite , pois a express˜ao T = 2π √ r3 GM , n˜ao depende dela .
  • 48. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 47 Corol´ario 16 (Massa de um planeta em fun¸c˜ao do per´ıodo e distˆancia). De T = 2πr √ r √ GM = 2π √ r3 GM elevando ao quadrado, temos T2 = 4π2 r3 GM ⇒ M = 4π2 r3 GT2 . Podemos usar esse resultado para calcular novamente a massa da Terra, usando dados relativos a Lua, r = 3, 84.108 m e P = 2, 36.106 s. Que garante a massa da Terra ser aproximadamente 5, 98.1024 . Isso implica certa consistˆencia na Teoria . Propriedade 29 (For¸ca em fun¸c˜ao da massa, distˆancia e per´ıodo). Dados T, m e r para um corpo de massa m com movimento circular ao redor de outro de massa M, ´e poss´ıvel encontrar a for¸ca F = GmM r2 em fun¸c˜ao de T, m e r . A for¸ca ´e dada por F = r4π2 M T2 . Demonstra¸c˜ao. Temos que T2 r3 = 4π2 GM ⇒ GM = r3 T2 4π2 ⇒ r4π2 m T2 = GMm r2 . Portanto F = GMm r2 = r4π2 m T2 . Propriedade 30 (Altura do sat´elite em fun¸c˜ao do per´ıodo). A altura h de um sat´elite em movimento circular ao redor de um corpo de massa M ´e dada por h = 3 √ GMT2 4π2 . Demonstra¸c˜ao. A for¸ca de atra¸c˜ao resultante exercida pela Terra sobre o sat´elite desempenha a fun¸c˜ao de resultante centr´ıpeta no movimento circular e uniforme descrito por ele. F = Fcp GMm h2 = mw2 h onde usamos a express˜ao da acelera¸c˜ao centr´ıpeta α = v2 r e v = wr. Temos tamb´em que w = 2π T , substituindo tais express˜oes temos
  • 49. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 48 GM h2 = h ( 2π T )2 ⇒ GM = 4π2 T2 h3 de onde segue que h = 3 √ GMT2 4π2 como quer´ıamos demonstrar. Exemplo 32. Supondo que a atra¸c˜ao gravitacional da nossa gal´axia, de massa total Mg e raio Rg , atua como se toda a massa estivesse concentrada no seu centro, e comparando a ´orbita circular de uma estrela situada na borda da gal´axia, de velocidade vg , com a ´orbita da Terra em torno do Sol, de raio m´edio R , mostre que Mg Ms = Rgvg2 Rv2 onde Ms ´e a massa do Sol e v ´e a velocidade orbital da Terra em torno do Sol. A velocidade orbital da Terra satisfaz pela propriedade anterior Rv2 = GMs onde ignoramos a massa de outros corpos, que n˜ao sejam o Sol ou a Terra , a velocidade de uma estrela na borda da Gal´axia ´e dada por rela¸c˜ao similar Rgv2 = GMg dividindo ambas express˜oes tem-se Mg Ms = Rgvg2 Rv2 . Propriedade 31 (Terceira lei de Kepler). Vale a terceira lei de Kepler r3 T2 = Kp e a constante Kp vale GM 4π2 .
  • 50. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 49 Demonstra¸c˜ao. Partindo da identidade T = 2π √ r3 GM , segue T2 = 4π2 r3 GM ⇒ r3 T2 = GM 4π2 . Propriedade 32 (Velocidade areolar). A velocidade areolar vale va = 1 2 √ GMr. Demonstra¸c˜ao. Temos que A = va∆t ⇒ va = A ∆t em uma volta completa, que vamos aproximar par um c´ırculo, temos que a ´area ´e de πr2 e a varia¸c˜ao de tempo ´e o per´ıodo T = 2π √ r3 GM portanto va = πr2 2π √ GM r3 = 1 2 √ GMr. Defini¸c˜ao 30 (Sat´elites estacion´arios). Um sat´elite estacion´ario de um corpo A em rota¸c˜ao em torno do seu eixo, s˜ao corpos que possuem ´orbitas circulares em torno de A que se apresentam parados em rela¸c˜ao a um referencial na superf´ıcie do corpo A que acompanha seu movimento, na mesma taxa de rota¸c˜ao . Exemplo 33 (Sat´elites estacion´arios da Terra). Sat´elites estacion´arios da Terra possuem ´orbitas aproximadamente circulares contidas no plano equatorial, seu per´ıodo de revolu¸c˜ao sendo proximo de 24 horas, igual ao per´ıodo de rota¸c˜ao do planeta, e de suas ´orbitas s˜ao de aproximadamente 6, 7 raios terrestres . 1.9.3 Velocidade de escape Defini¸c˜ao 31 (Velocidade de escape). Velocidade de escape ´e a velocidade m´ınima necess´aria para que um corpo se livre do campo gravitacional de um outro corpo B a partir de uma certa distˆancia r do centro de gravidade de B.
  • 51. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 50 Propriedade 33. A velocidade de escape vale v = √ 2GM r onde r ´e a distˆancia at´e o centro do corpo B , M a massa de B e G a constante da gravidade . Demonstra¸c˜ao. Como queremos a velocidade m´ınima, ela ser´a nula no infinito, logo temos energia cin´etica nula no infinito, a energia potencial gravitacional tamb´em ser´a nula no infinito pois Ep = − GMm r tende a zero quando r → ∞, usamos ent˜ao conserva¸c˜ao de energia mecˆanica, sendo ela nula no infinito por ser soma de energia cin´etica e potencial Em = Ep + Ec, igualamos tal valor a energia a distˆancia r do centro do planeta, de onde conclu´ımos que mv2 2 − GmM r = 0 ⇒ v2 2 = GM r ⇒ v = √ 2GM r Corol´ario 17. X O valor da velocidade de escape n˜ao depende da massa do corpo que est´a sendo lan¸cado mas apenas da massa do corpo central e tamb´em n˜ao depende do ˆangulo de lan¸camento. X Quanto mais afastado o corpo estiver da superf´ıcie do corpo (maior r), menor ser´a o valor da velocidade de escape. X A express˜ao v = √ 2GM r sugere que se existirem corpos celestes com massas t˜ao grandes e raios t˜ao pequenos de maneira que a velocidade de escape neles seja maior que a velocidade da luz c, a luz n˜ao escaparia `a atra¸c˜ao gravitacional deles. Tais corpos s˜ao chamados de Buracos negros. Vale que a velocidade de escape ´e v = √ 2gr pois basta usar g = GM r2 logo gr = GM r , substitu´ıdo em √ 2GM r segue o resultado .
  • 52. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 51 1.10 Campo gravitacional Defini¸c˜ao 32 (Campo). Campo ´e uma propriedade f´ısica que se estende por uma regi˜ao do espa¸co , sendo a propriedade descrita nessa regi˜ao do espa¸co por uma fun¸c˜ao da posi¸c˜ao e do tempo . Em termos matem´aticos, um campo escalar ´e uma fun¸c˜ao f : Rn → R e um campo vetorial uma fun¸c˜ao f : Rn → Rm onde m > 1 . Propriedade 34. Para cada intera¸c˜ao uma part´ıcula produz em torno de si um campo correpondente . Toda intera¸c˜ao pode ser descrita por meio de campos . Exemplo 34. Por´em nem todo campo ´e gerado por uma intera¸c˜ao, por exemplo po- demos tomar um campo de velocidades da ´agua em um rio , ou um campo de temperatura em uma sala. Propriedade 35. Toda massa cria em torno de si um campo de for¸cas de natureza gravitacional . Defini¸c˜ao 33 (Campo gravitacional). O campo de for¸cas de natureza gravitacional criado por uma certa quantidade de massa ´e chamado de campo gravitacional . Defini¸c˜ao 34 (Campo atrativo). Um campo ´e atrativo se as part´ıculas submetidas exclusivamente aos seus efeitos s˜ao puxadas para junto do ponto onde o campo ´e gerado. Propriedade 36. O campo gravitacional ´e atrativo . Defini¸c˜ao 35 (Linhas de for¸ca). Linhas de for¸ca de um campo s˜ao linhas que repre- sentam, em cada ponto, a orienta¸c˜ao da for¸ca que atua numa part´ıcula, chamada corpo de prova, que ´e submetida apenas aos efeitos desse campo . Trataremos aqui apenas de linhas de for¸ca geradas pelo campo gravitacional . Propriedade 37. Se um corpo massivo for esf´erico e homogˆeneo, suas linhas de for¸ca ter˜ao a dire¸c˜ao do raio da esfera em cada ponto , sendo orientadas para o centro do corpo .
  • 53. CAP´ITULO 1. DIN ˆAMICA 52 1.11 Energia potencial gravitacional Propriedade 38. Demonstra¸c˜ao. 1.12 Agradecimentos X Agradecemos a Gabriel Lefundes por ajuda apontando erros no texto, obrigado! X X