SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  21
Padre António Vieira
O PROCESSO ARGUMENTATIVO
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Sermão  vem do latim,  sermone, e originariamente significa conversação. O  significado do termo evoluiu para um discurso religioso, pregado geralmente no púlpito. Chama-se  prédica  porque se desenvolve a partir de um  conceito predicável , ou seja, que é possível de ser pregado.  Esse conceito predicável é um  texto bíblico  que o orador comenta de acordo com  o tema  e as teses que se propõe a desenvolver.
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Tema  – Vieira abre os sermões evocando uma passagem bíblica que ilustre o assunto sobre o qual vai pregar. Essa citação bíblica será retomada insistentemente em toda a peça oratória e serve para despertar e manter a atenção do leitor ou ouvinte. Funciona como um enunciado da tese.
Intróito  – O orador expõe o plano geral do sermão antecipando os elementos que serão desenvolvidos e definindo os termos essenciais à compreensão do argumento.
Invocação  – O sermonista invoca a protecção divina ou da Virgem Maria, para que inspirem a pregação.
Argumentação  – O pregador propõe a tese, sustentando-a com exemplos bíblicos, encíclicas papais, obras teológicas dos doutores da Igreja. Vale-se de todo o arsenal da lógica e da estilística (silogismos, sofismas, associações inesperadas, paradoxos, trocadilhos). Utiliza o método parenético que consiste em lançar o argumento e pensar todas as possibilidades de contestação do ouvinte/leitor, antecipando-se às conclusões do auditório e desarmando as possíveis objecções.
Peroração ou Epílogo  – O orador apresenta a conclusão e exorta (aconselha) a observância das verdades morais pregadas.
 
O  Sermão da Sexagésima  foi um dos mais famosos. Através dele, o pregador esmerou-se na retórica, contando com sua memória prodigiosa e rara habilidade no domínio da palavra.  O  Sermão da Sexagésima   versa sobre a arte de pregar. Nele, Vieira usa de uma metáfora:  pregar é semear .
 
O sermão é um todo de  10 pequenos capítulos  e é considerado seu mais importante sermão:  uma crítica monumental ao estilo barroco, sobretudo ao Cultismo .  Como foi pregado na Capela Real, em Portugal, podemos concluir que o auditório era particular, composto por católicos da nobreza portuguesa da época. O autor procura aproximar-se do auditório dirigindo-lhe perguntas que ele mesmo, o autor, responde. O autor procurou no sermão a adesão do auditório à sua tese principal de que se não havia conversões em massa ao catolicismo na sua época era por culpa dos pregadores de então.
Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos),  Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos  seus, que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus.
ESTRUTURA DO SERMÃO
1- PRÓLOGO: parte que inicia o sermão. Tema:  passagem do evangelho que irá ilustrar o sermão. Intróito ou exórdio:  exposição do plano do discurso. Apresenta grande variedade de temas, abordando questões filosóficas, políticas ou morais. Factos históricos ou sociais também entram em pauta no sermão.  (capítulos I e II)  Invocação:  pedido de auxílio divino. Geralmente é feito à Virgem Maria.
2- DESENVOLVIMENTO ou ARGUMENTAÇÃO: corpo do sermão.  (capítulos III a VIII)  Uso de vários recursos retóricos: exemplificação, comparações, indagações,  deduções, enfim, uma série de procedimentos argumentativos. Para fortalecer a argumentação recorre-se a passagens bíblicas, além daquela utilizada como tema.  Proposta do tema é seguida da antecipação de qualquer possibilidade de questionamento ou de contestação que possa ser empreendida pelo auditório, anulando-se assim qualquer forma de refutação.
3- PERORAÇÃO ou CONCLUSÃO:  recapitulação do tema com o epílogo.  (capítulos IX e X)  Faz-se a EXORTAÇÃO, ou seja, a advertência relativa aos valores propostos pelo sermão. OBS. O sucesso do sermão se deve à aplicação da RETÓRICA, ciência criada por Aristóteles, desenvolvida em Roma e amplamente utilizada pelos pensadores cristãos.  “(...) arte de achar os meios de persuasão que cada caso comporta.”
 

Contenu connexe

Tendances

Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
 
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasFrei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasMaria Rodrigues
 
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)lurdesmartins
 
Resumos Exame Nacional Português 12º ano
Resumos Exame Nacional Português 12º ano Resumos Exame Nacional Português 12º ano
Resumos Exame Nacional Português 12º ano Paula Pereira
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana SofiaJoana Azevedo
 
Álvaro de Campos
Álvaro de CamposÁlvaro de Campos
Álvaro de CamposAna Isabel
 
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoAmor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoLurdes Augusto
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteHelena Coutinho
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lurdes Augusto
 

Tendances (20)

Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasFrei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
 
Cantigas de amigo
Cantigas de amigoCantigas de amigo
Cantigas de amigo
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)
Os Lusíadas - epopeia e estrutura (revisões)
 
Resumos Exame Nacional Português 12º ano
Resumos Exame Nacional Português 12º ano Resumos Exame Nacional Português 12º ano
Resumos Exame Nacional Português 12º ano
 
Episodios maias
Episodios maiasEpisodios maias
Episodios maias
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
 
Coesão gramatical
Coesão gramaticalCoesão gramatical
Coesão gramatical
 
Figuras de estilo
Figuras de estiloFiguras de estilo
Figuras de estilo
 
Álvaro de Campos
Álvaro de CamposÁlvaro de Campos
Álvaro de Campos
 
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoAmor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
 
Atos de fala
Atos de falaAtos de fala
Atos de fala
 
Actos ilocutorios
Actos ilocutoriosActos ilocutorios
Actos ilocutorios
 
Lírica camoniana
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camoniana
 
Frei luís de sousa
Frei luís de sousaFrei luís de sousa
Frei luís de sousa
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
As cantigas de amigo
As cantigas de amigoAs cantigas de amigo
As cantigas de amigo
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzente
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões
 

Similaire à Sermão Sexagésima

3 estrutura do sermão de santo antónio aos peixes
3  estrutura do sermão de santo antónio aos peixes3  estrutura do sermão de santo antónio aos peixes
3 estrutura do sermão de santo antónio aos peixesAntónio Fernandes
 
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docx
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docxHOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docx
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docxKellySousa49
 
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptx
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptxHOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptx
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptxAngeloNunes10
 
Homilética arte de pregar
Homilética   arte de pregar Homilética   arte de pregar
Homilética arte de pregar Paulo Ferreira
 
30 homilética arte de preparar e pregar sermões
30 homilética   arte de preparar e pregar sermões30 homilética   arte de preparar e pregar sermões
30 homilética arte de preparar e pregar sermõesssuser615052
 
Persuadir e convencer ethos, pathos e logos corrigido
Persuadir e convencer  ethos, pathos e logos corrigidoPersuadir e convencer  ethos, pathos e logos corrigido
Persuadir e convencer ethos, pathos e logos corrigidoj_sdias
 
Sermão de Santo António aos Peixes- Resumos
Sermão de Santo António aos Peixes- ResumosSermão de Santo António aos Peixes- Resumos
Sermão de Santo António aos Peixes- ResumosNome Sobrenome
 

Similaire à Sermão Sexagésima (20)

3 estrutura do sermão de santo antónio aos peixes
3  estrutura do sermão de santo antónio aos peixes3  estrutura do sermão de santo antónio aos peixes
3 estrutura do sermão de santo antónio aos peixes
 
HOMILÉTICA
HOMILÉTICA HOMILÉTICA
HOMILÉTICA
 
Homilética
HomiléticaHomilética
Homilética
 
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docx
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docxHOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docx
HOMILÉTICA -a arte de preparar e pregar sermões.docx
 
HOMILETICA._CFE.pdf
HOMILETICA._CFE.pdfHOMILETICA._CFE.pdf
HOMILETICA._CFE.pdf
 
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptx
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptxHOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptx
HOMILÉTICA 2 (Parte 2 - Tipos de sermões).pptx
 
Homilética I - M3
Homilética I - M3Homilética I - M3
Homilética I - M3
 
Slide show modulo iii
Slide show modulo iiiSlide show modulo iii
Slide show modulo iii
 
Aula 09-homilética-v1
Aula 09-homilética-v1Aula 09-homilética-v1
Aula 09-homilética-v1
 
HOMILÉTICA (1).pptx
HOMILÉTICA (1).pptxHOMILÉTICA (1).pptx
HOMILÉTICA (1).pptx
 
Homiletica artedepregar1-151116223307-lva1-app6891
Homiletica artedepregar1-151116223307-lva1-app6891Homiletica artedepregar1-151116223307-lva1-app6891
Homiletica artedepregar1-151116223307-lva1-app6891
 
Homilética arte de pregar
Homilética   arte de pregar Homilética   arte de pregar
Homilética arte de pregar
 
Homilética etecam
Homilética etecamHomilética etecam
Homilética etecam
 
INTER DO TEXTO
INTER DO TEXTOINTER DO TEXTO
INTER DO TEXTO
 
Pregação segmentada
Pregação segmentadaPregação segmentada
Pregação segmentada
 
30 homilética arte de preparar e pregar sermões
30 homilética   arte de preparar e pregar sermões30 homilética   arte de preparar e pregar sermões
30 homilética arte de preparar e pregar sermões
 
Homilética I - CURSO BÁSICO EM TEOLOGIA
Homilética I - CURSO BÁSICO EM TEOLOGIAHomilética I - CURSO BÁSICO EM TEOLOGIA
Homilética I - CURSO BÁSICO EM TEOLOGIA
 
Aula 07-homilética-v2
Aula 07-homilética-v2Aula 07-homilética-v2
Aula 07-homilética-v2
 
Persuadir e convencer ethos, pathos e logos corrigido
Persuadir e convencer  ethos, pathos e logos corrigidoPersuadir e convencer  ethos, pathos e logos corrigido
Persuadir e convencer ethos, pathos e logos corrigido
 
Sermão de Santo António aos Peixes- Resumos
Sermão de Santo António aos Peixes- ResumosSermão de Santo António aos Peixes- Resumos
Sermão de Santo António aos Peixes- Resumos
 

Plus de Helena Coutinho

Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasHelena Coutinho
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particularHelena Coutinho
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralHelena Coutinho
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particularHelena Coutinho
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraHelena Coutinho
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibirHelena Coutinho
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaHelena Coutinho
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaHelena Coutinho
 

Plus de Helena Coutinho (20)

. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
 
Relato hagiografico
Relato hagiograficoRelato hagiografico
Relato hagiografico
 
P.ant vieira bio
P.ant vieira bioP.ant vieira bio
P.ant vieira bio
 
Epígrafe sermao
Epígrafe sermaoEpígrafe sermao
Epígrafe sermao
 
Cap vi
Cap viCap vi
Cap vi
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particular
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geral
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particular
 
Cap ii louvores geral
Cap ii louvores geralCap ii louvores geral
Cap ii louvores geral
 
1. introd e estrutura
1. introd e estrutura1. introd e estrutura
1. introd e estrutura
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieira
 
. O texto dramático
. O texto dramático. O texto dramático
. O texto dramático
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir
 
Fls figuras reais
Fls figuras reaisFls figuras reais
Fls figuras reais
 
. Enredo
. Enredo. Enredo
. Enredo
 
. A obra e o contexto
. A obra e o contexto. A obra e o contexto
. A obra e o contexto
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob servia
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereça
 

Dernier

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 

Dernier (20)

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 

Sermão Sexagésima

  • 3.
  • 4.
  • 5. Sermão vem do latim, sermone, e originariamente significa conversação. O significado do termo evoluiu para um discurso religioso, pregado geralmente no púlpito. Chama-se prédica porque se desenvolve a partir de um conceito predicável , ou seja, que é possível de ser pregado. Esse conceito predicável é um texto bíblico que o orador comenta de acordo com o tema e as teses que se propõe a desenvolver.
  • 6.
  • 7. Tema – Vieira abre os sermões evocando uma passagem bíblica que ilustre o assunto sobre o qual vai pregar. Essa citação bíblica será retomada insistentemente em toda a peça oratória e serve para despertar e manter a atenção do leitor ou ouvinte. Funciona como um enunciado da tese.
  • 8. Intróito – O orador expõe o plano geral do sermão antecipando os elementos que serão desenvolvidos e definindo os termos essenciais à compreensão do argumento.
  • 9. Invocação – O sermonista invoca a protecção divina ou da Virgem Maria, para que inspirem a pregação.
  • 10. Argumentação – O pregador propõe a tese, sustentando-a com exemplos bíblicos, encíclicas papais, obras teológicas dos doutores da Igreja. Vale-se de todo o arsenal da lógica e da estilística (silogismos, sofismas, associações inesperadas, paradoxos, trocadilhos). Utiliza o método parenético que consiste em lançar o argumento e pensar todas as possibilidades de contestação do ouvinte/leitor, antecipando-se às conclusões do auditório e desarmando as possíveis objecções.
  • 11. Peroração ou Epílogo – O orador apresenta a conclusão e exorta (aconselha) a observância das verdades morais pregadas.
  • 12.  
  • 13. O Sermão da Sexagésima foi um dos mais famosos. Através dele, o pregador esmerou-se na retórica, contando com sua memória prodigiosa e rara habilidade no domínio da palavra. O Sermão da Sexagésima versa sobre a arte de pregar. Nele, Vieira usa de uma metáfora: pregar é semear .
  • 14.  
  • 15. O sermão é um todo de 10 pequenos capítulos e é considerado seu mais importante sermão: uma crítica monumental ao estilo barroco, sobretudo ao Cultismo . Como foi pregado na Capela Real, em Portugal, podemos concluir que o auditório era particular, composto por católicos da nobreza portuguesa da época. O autor procura aproximar-se do auditório dirigindo-lhe perguntas que ele mesmo, o autor, responde. O autor procurou no sermão a adesão do auditório à sua tese principal de que se não havia conversões em massa ao catolicismo na sua época era por culpa dos pregadores de então.
  • 16. Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos), Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus, que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus.
  • 18. 1- PRÓLOGO: parte que inicia o sermão. Tema: passagem do evangelho que irá ilustrar o sermão. Intróito ou exórdio: exposição do plano do discurso. Apresenta grande variedade de temas, abordando questões filosóficas, políticas ou morais. Factos históricos ou sociais também entram em pauta no sermão. (capítulos I e II) Invocação: pedido de auxílio divino. Geralmente é feito à Virgem Maria.
  • 19. 2- DESENVOLVIMENTO ou ARGUMENTAÇÃO: corpo do sermão. (capítulos III a VIII) Uso de vários recursos retóricos: exemplificação, comparações, indagações, deduções, enfim, uma série de procedimentos argumentativos. Para fortalecer a argumentação recorre-se a passagens bíblicas, além daquela utilizada como tema. Proposta do tema é seguida da antecipação de qualquer possibilidade de questionamento ou de contestação que possa ser empreendida pelo auditório, anulando-se assim qualquer forma de refutação.
  • 20. 3- PERORAÇÃO ou CONCLUSÃO: recapitulação do tema com o epílogo. (capítulos IX e X) Faz-se a EXORTAÇÃO, ou seja, a advertência relativa aos valores propostos pelo sermão. OBS. O sucesso do sermão se deve à aplicação da RETÓRICA, ciência criada por Aristóteles, desenvolvida em Roma e amplamente utilizada pelos pensadores cristãos. “(...) arte de achar os meios de persuasão que cada caso comporta.”
  • 21.  

Notes de l'éditeur

  1. (capítulos I e II)
  2. Sexagésima é o domingo anterior ao domingo de carnaval. Correspondia aproximadamente a 60 dias antes da Páscoa.