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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR
CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS E SAÚDE PÚBLICA
Controlo de Qualidade no Laboratório de Análises
Clínicas do Centro Médico da ENDE-EP no Período de
Agosto a Novembro de 2021
Autor: Hamilton Soares Barros, Nº 15591
Luanda, Junho de 2022
II
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR
CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS E SAÚDE PÚBLICA
Controlo de Qualidade no Laboratório de Análises
Clínicas do Centro Médico da ENDE-EP no Período de
Agosto a Novembro de 2021
Trabalho de Fim do Curso apresentado à
Faculdade de Ciências da Saúde e do
Bem-Estar da Universidade Metodista de
Angola como exigência parcial para
obtenção do grau académico de
Licenciado em Análises Clínicas e Saúde
Pública
Autor: Hamilton Soares Barros, Nº 15591
Orientador: Prof. Ismael Teles Rodrigues, MSc
Luanda, Junho de 2022
III
Epígrafe
“No final não são os anos de vida que
contam, mas a vida nesses anos”
(Abraham Lincoln)
IV
Dedicatória
Aos meus filhos:
Paulo Barros,
Faustina Barros,
Elizandra Barros e
Domilson Barros
V
Agradecimento
À Deus pelo dom da vida.
Ao meu Orientador Prof. Ismael Teles Rodrigues pela paciência e dedicação na
transferência de conhecimento.
Aos meus professores, em geral, que sempre farão parte da minha vida.
À minha família por todo apoio na minha formação profissional.
À minha esposa, Isabel Manuel, pelo apoio incondicional.
Aos meus amigos e colegas de jornada pelo apoio e companheirismo.
À Universidade Metodista de Angola pela formação.
À Divisão dos Serviços Médicos da ENDE-EP.
Muito obrigado!
VI
Resumo
O controlo de qualidade laboratorial é um conjunto de acções que visam
proporcionar maior segurança, eficiência e qualidade para a colheita e realização
de exames. Os laboratórios de análises clínicas realizam uma série de
procedimentos para avaliação clínica, pelo que é fundamental controlar a qualidade
durante as fases que compõem o processo analítico para a obtenção de um
diagnóstico adequado às necessidades do paciente e do profissional que solicitou
informações para subsidiar a terapêutica. A garantia da qualidade é alcançada
tendo-se absoluto controlo sobre todas as etapas do processo analítico, que
compreende as fases pré analítica, analítica e pós-analítica. Durante o processo
analítico de qualquer amostra biológica, há uma grande probabilidade de ocorrência
de erros ou inconformidades nos resultados, sendo que o elemento mais sensível
na produção de erros diz respeito à actividade humana, em que múltiplos indivíduos
interagem no processamento do espécime biológico. O presente trabalho objectiva
determinar a frequência de erros no laboratório clínico do Centro Médico da ENDE-
EP. Foi feito um estudo observacional descritivo e prospectivo no Centro Médico
da ENDE-EP, durante um período de 3 meses de 2021, observando-se a rotina
diária do pessoal do laboratório nas fases pré-analítica, analítica e pós-analítica.
De um total de 339 procedimentos realizados, observou-se 55 erros ou
inconformidades laboratoriais, sendo 62% na fase pré-analítica, 22% na fase
analítica e 16% na fase pós-analítica. Na fase pré-analítica predominaram a
proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante e volume insuficiente de
amostra, com 15%, respectivamente. Na fase analítica predominaram a falha no
equipamento, a contaminação entre amostras e a troca de amostras com 33%, 25%
e 25%, respectivamente. Na fase pós-analítica predominaram a interpretação
incorrecta dos resultados e a demora na liberação dos resultados, com 33%,
respectivamente. Em relação às secções, a Hematologia e a Bioquímica
apresentaram maior incidência de erros, com 53% e 31%, respectivamente. Estes
resultados devem-se, fundamentalmente ao fluxo excessivo de actividade no
laboratório, habilidade do técnico que executa os procedimentos e as condições de
funcionamento dos equipamentos.
Palavras-chave: Controlo de qualidade. Erros laboratoriais. Garantia da qualidade
VII
Abstract
Laboratory quality control is a set of actions that aim to provide greater safety,
efficiency and quality for colecting and testing. The laboratories of clinical analysis
perform a series of procedures for clinical evaluation, so it is essential to control the
quality during the phases that compose the analytical process to obtain a diagnosis
appropriate to the needs of the patient and the professional who requested
information to subsidize the therapy. Quality assurance is achieved by having
absolute control over all stages of the analytical process, which comprises the pre-
analytical, analytical and post-analytical phases. During the analytical process of
any biological sample, there is a high probability of errors or nonconformities in the
results, and the most sensitive element in the production of errors concerns human
activity, in which multiple individuals interact in the processing of the biological
specimen. The present work aims to determine the frequency of errors in the clinical
laboratory of the Medical Center of ENDE-EP. A descriptive and prospective
observational study was carried out at the NDE-EP Medical Center during a period
of 3 months of 2021, observing the daily routine of laboratory personnel in the pre-
analytical, analytical and post-analytical phases. Of a total of 339 procedures
performed, 55 errors were observed, 62% in the pre-analytical phase, 22% in the
analytical phase and 16% in the post-analytical phase. In the pre-analytical phase,
the incorrect proportion between blood and anticoagulant and insufficient sample
volume predominated, with 15%, respectively. In the analytical phase, equipment
failure, contamination between samples and sample exchange with 33%, 25% and
25%, respectively, predominated. In the post-analytical phase, the incorrect
interpretation of the results and the delay in the release of the results, with 33%,
respectively, predominated. As for the section, Hematology and Biochemistry
presented a higher incidence of errors, with 53% and 31%, respectively. These
results are due, fundamentally to the excessive flow of activity in the laboratory, the
skill of the technician who performs the procedures and the operating conditions of
the equipment.
Keywords: Quality control. Laboratory errors. Quality assurance
VIII
Índice
Capítulo I - Introdução ......................................................................................... 1
I. 1 - Fundamentação do problema ..................................................................... 3
I.1.1. Problema de investigação.......................................................................... 3
I.1.2. Justificativa................................................................................................. 3
I.1.3. Objecto de estudo...................................................................................... 4
I.1.4. Objectivos .................................................................................................. 4
I.1.4.1. Geral.................................................................................................... 4
I.1.4.2. Específicos .......................................................................................... 4
Capítulo II - Fundamentação Teórica.................................................................. 5
2.1. Conceito de controlo de qualidade............................................................ 5
2.2. História do controlo de qualidade.............................................................. 5
2.3. Qualidade no laboratório clínico................................................................ 8
2.4. Garantia da qualidade no laboratório clínico ............................................. 9
2.4.1. Medidas de controlo de qualidade interno ........................................ 10
2.4.2. Medidas de controlo de qualidade externo ....................................... 11
2.5. Utilidade dos exames laboratoriais ......................................................... 12
2.6. Erros no laboratório clínico...................................................................... 13
2.6.1. Fase pré-analítica............................................................................. 15
2.6.2. Fase analítica ................................................................................... 16
2.6.3. Fase pós-analítica ............................................................................ 16
2.7. Como lidar com erros no laboratório ....................................................... 17
2.8. Importância da padronização no laboratório clínico ................................ 19
Capítulo III - Metodologia................................................................................... 22
3.1. Tipo de estudo ........................................................................................ 22
3.2. Local de estudo....................................................................................... 22
3.3. Universo.................................................................................................. 22
3.4. Amostra................................................................................................... 22
3.5. Critérios de inclusão................................................................................ 23
3.6. Critérios de exclusão............................................................................... 23
3.7. Definição operacional das variáveis........................................................ 23
3.8. Instrumentos de investigação.................................................................. 24
3.9. Aspectos éticos ....................................................................................... 25
IX
Capítulo IV - Apresentação e discussão dos resultados................................ 26
4.1. Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico ................. 26
4.2. Distribuição dos erros na fase pré-analítica ............................................ 27
4.3. Distribuição dos erros na fase analítica................................................... 28
4.4. Distribuição dos erros na fase pós-analítica............................................ 29
4.5. Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório......................... 30
Conclusão ............................................................................................................ 32
Recomendações .................................................................................................. 33
Bibliografia............................................................................................................ 34
Apêndice .............................................................................................................. 39
Anexos ................................................................................................................. 42
X
Índice de tabelas
Tabela 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico............... 40
Tabela 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica ......................................... 40
Tabela 3: Distribuição dos erros na fase analítica................................................ 41
Tabela 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica......................................... 41
Tabela 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório...................... 41
XI
Índice de gráficos
Gráfico 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico .............. 26
Gráfico 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica......................................... 27
Gráfico 3: Distribuição dos erros na fase analítica ............................................... 28
Gráfico 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica ........................................ 29
Gráfico 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório ..................... 30
XII
Abreviaturas
AMSPML – Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina
Laboratorial
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Av. – Avenida
BPL – Boas Práticas Laboratoriais
CEQ – Controlo Externo de Qualidade
CIQ – Controlo Interno de Qualidade
ENDE-EP – Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade – Empresa
Pública
FIQC – Federação Internacional de Química Clínica
IIMA – Instituto de Investigação Médica de Angola
INIS – Instituto Nacional de Investigação em Saúde
INSP – Instituto Nacional de Saúde Pública
IPSPA – Instituto Provincial de Saúde Pública de Angola
IT – Instruções de Trabalho
MINSA – Ministério da Saúde
MQ – Manual da Qualidade
OMS – Organização Mundial da Saúde
PCR – Proteína C-reactiva
POP – Procedimentos Operacionais Padrão
RNL – Rede Nacional de Laboratórios
RT – Responsável Técnico
TP – Teste de Proficiência
1
Capítulo I - Introdução
O controlo de qualidade laboratorial é um conjunto de acções que visam
proporcionar maior segurança, eficiência e qualidade para a colheita e realização
de exames. (1)
O laboratório clínico é uma área cujo serviço destina-se à análise de amostras
biológicas com a finalidade de oferecer apoio ao diagnóstico e terapêutico. (2)
Os laboratórios de análises clínicas realizam uma série de procedimentos para
avaliação clínica, pelo que é fundamental controlar a qualidade durante as fases
que compõem o processo analítico para a obtenção de um diagnóstico adequado
às necessidades do paciente e do profissional que solicitou informações para
subsidiar a terapêutica. (3)
A qualidade é um conjunto de atributos e características de uma entidade ou
produto que determinam a sua aptidão para satisfazer necessidades e expectativas
da sociedade. (4)
Em um laboratório de análises clínicas, a garantia da qualidade é alcançada tendo-
se absoluto controlo sobre todas as etapas do processo analítico, que compreende
as fases pré analítica, analítica e pós-analítica. (1, 4)
A fase pré-analítica envolve a qualificação de amostras, que dependem do preparo
do paciente, da colheita realizada, do acondicionamento das amostras e do
transporte. A etapa analítica envolve o controlo e processamento do material
biológico por uma equipa competente, realizando exames em equipamentos em
óptimas condições de operação. A fase pós-analítica corresponde à etapa da
correlação clínico-laboratorial e a exacta interpretação clínica dos resultados. (1, 5)
O laboratório clínico deve assegurar que os resultados produzidos reflictam, de
forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes,
2
assegurando que não representem o resultado de alguma interferência no
processo. (3)
Durante o processo analítico de qualquer amostra biológica, há uma grande
probabilidade de ocorrência de erros ou inconformidades nos resultados, sendo que
o elemento mais sensível na produção de erros diz respeito à actividade humana,
em que múltiplos indivíduos interagem no processamento do espécime biológico.
(6, 7)
Desta forma, faz-se necessária a realização de um estudo que nos permita
conhecer os principais erros decorrentes da actividade laboratorial, de modo a que
se possa dar uma solução a estes.
3
I. 1 - Fundamentação do problema
I.1.1. Problema de investigação
O controlo de qualidade implica um conjunto de medidas que objectivam evitar,
identificar e resolver possíveis erros decorrentes da actividade laboratorial. Os erros
laboratoriais põem em causa a fiabilidade dos exames realizados em um laboratório
e impactam de forma negativa na decisão terapêutica do corpo clínico e na
segurança do paciente.
A prática laboratorial tem cada vez mais evidenciado a probabilidade de ocorrência
de erros durante as fases do processo analítico, comprometendo, de algum modo,
a decisão terapêutica do corpo clínico de uma unidade sanitária. Desta forma, o
presente estudo propõe-se a responder à seguinte questão: Qual é a frequência
de erros nos exames realizados no laboratório clínico do Centro Médico da
ENDE-EP?
I.1.2. Justificativa
A escolha do tema deve-se à necessidade de compreensão do quanto já se
abordou sobre o assunto e compará-lo com a nossa realidade em termos de prática
laboratorial.
O presente trabalho baseia-se no campo das ciências da saúde e constitui uma
mais-valia para a comunidade académica, bem como para gestores hospitalares.
A frequência de erros nos exames laboratoriais, com a consequente indicação
terapêutica inadequada são problemas que carecem de resolução imediata. O
presente estudo surge, desta forma, para identificar esses erros, a frequência com
que ocorrem esses erros e apontar medidas de controlo de qualidade que permitam
evita-los, dando, assim um contributo na melhoria da prática laboratorial clínica.
4
I.1.3. Objecto de estudo
Controlo de qualidade dos exames realizados no laboratório de análises clínicas do
Centro Médico da ENDE-EP.
I.1.4. Objectivos
I.1.4.1. Geral
Conhecer a frequência de erros no laboratório clínico do Centro Médico da ENDE-
EP no período de 13 de Agosto a 13 de Novembro de 2021.
I.1.4.2. Específicos
 Identificar os principais erros laboratoriais durante o processo analítico;
 Estimar a frequência de erros pré-analíticos;
 Estimar a frequência de erros analíticos;
 Estimar a frequência de erros pós-analíticos;
 Avaliar a frequência de erros segundo a secção do laboratório.
5
Capítulo II - Fundamentação Teórica
2.1. Conceito de controlo de qualidade
O controlo de qualidade consiste em um conjunto de técnicas e actividades
operacionais utilizadas para atender aos requisitos de qualidade. (8)
A qualidade tem sido definida como aptidão para o uso, a conformidade com os
requisitos e a busca da excelência. (1, 8)
Muitas vezes, no entanto, “garantia de qualidade” e “controlo de qualidade”
costumam ser usados de forma intercambiável, referindo-se às acções realizadas
para garantir a qualidade de um produto, serviço ou processo. (8)
Assim, importa igualmente, apresentar o conceito de garantia de qualidade.
A garantia de qualidade consiste em todas as actividades planeadas e sistemáticas
implementadas dentro do sistema de qualidade que podem ser demonstradas para
fornecer confiança de que um produto ou serviço atenderá aos requisitos de
qualidade. (8)
2.2. História do controlo de qualidade
A gestão de qualidade dos serviços laboratoriais com o acompanhamento de
indicadores de desempenho teve início na década de 80, nos Estados Unidos.
Pesquisadores e especialistas indicavam a importância deste tipo de processo, o
que levou profissionais de diversas organizações internacionais a estabelecer
critérios de avaliação de qualidade dos laboratórios. (9)
Embora o conceito de qualidade tenha existido desde os primórdios, o estudo e a
definição da qualidade foram destaque apenas no século passado, como descrito
a seguir.
Década de 1920: após a Revolução Industrial e o aumento da produção em massa,
tornou-se importante definir e controlar melhor a qualidade dos produtos. (8)
6
Década de 1950: A profissão de qualidade expandiu-se para incluir a garantia de
qualidade e funções de auditoria de qualidade. Os líderes da verificação
independente da qualidade eram principalmente indústrias nas quais a saúde e a
segurança públicas eram primordiais. (8)
Década de 1980: As empresas perceberam que a qualidade não era apenas o
domínio dos produtos e processos de fabricação, e os princípios de gestão da
qualidade total foram desenvolvidos para incluir todos os processos em uma
empresa, incluindo funções de gerenciamento e sectores de serviços. (8, 10)
Houve muitas interpretações do que é a qualidade e actualmente os termos que
descrevem a qualidade incluem a redução da variação, o aumento do valor
agregado e a conformidade com as especificações. (8, 10)
Na área da saúde, a filosofia da qualidade não difere da aplicada nas indústrias. A
adequação do produto ou serviço aos anseios do cliente é um fundamento de
qualidade perfeitamente aplicável aos diversos serviços de assistência à saúde. (11)
Década de 1990: Houve um consenso sobre os objectivos da qualidade e suas
especificações no ambiente do laboratório clínico e assim foram definidos os
conceitos de controlo da qualidade, garantia da qualidade e gestão total da
qualidade. (11)
Na Europa, a organização The International Federation of Clinical Chemistry liderou
as iniciativas de padronização mundial dos indicadores laboratoriais, a partir de
2013. Desde então, foram estabelecidos alguns indicadores básicos que visam
aperfeiçoar e harmonizar o monitoramento de desempenho dos laboratórios
internacionais. (9)
Em Angola, a história do controlo de qualidade remonta ao ano de 1955 com a
criação do Instituto de Investigação Médica de Angola (IIMA) na província de Nova
Lisboa, actual Huambo, que em 1970, passou a designar-se Instituto Provincial de
7
Saúde Pública de Angola (IPSPA), com a sua sede em Luanda e subordinado ao
Governo Geral da Província de Angola. (12)
Em 1973, após a realização de estudos de caracterização exclusiva das doenças
endémicas de Angola (doença do sono, bilharziose, lepra, malária, dermatomicoses
e arboviroses), o IPSPA passou a subordinar directamente ao Instituto de Higiene
e Medicina Tropical de Lisboa/Portugal. Em 1981, com a independência de Angola
(1975) foi criada uma comissão que trabalhou na reformulação do Estatuto
Orgânico do IPSPA e propôs a criação do Instituto Nacional de Saúde Pública
(INSP) como órgão para o estudo e pesquisa na área da saúde, directamente
subordinado ao Ministério da Saúde (MINSA) com os seguintes objectivos
específicos: (12)
a) Executar e promover a pesquisa em saúde;
b) Formar o seu próprio pessoal em pesquisa;
c) Colher e produzir informação sobre pesquisa em saúde.
Em 2018, no quadro da aprovação do Decreto Presidencial nº 21/18 de 30 de
Janeiro, o Instituto Nacional de Saúde Pública passou a designar-se Instituto
Nacional de Investigação em Saúde (INIS), tendo como principal actividade o
desenvolvimento de acções no domínio da investigação no Sector da Saúde e
coordenar as iniciativas de outras entidades sanitárias com atribuições de
investigação científica em saúde. (12)
O INIS rege-se por um estatuto próprio e supervisiona a Rede Nacional de
Laboratórios (RNL) do país, primando pelo controlo de qualidade dos serviços
prestado pelos seus laboratórios para assegurar que os resultados produzidos
reflictam, de forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos
pacientes, assegurando que não representem o resultado de alguma interferência
no processo analítico, contribuindo desta forma na definição dos padrões técnicos
para o funcionamento dos laboratórios clínicos e ambiental nas distintas fases do
processo analítico: pré-analítica, analítica e pós-analítica. (13)
8
2.3. Qualidade no laboratório clínico
O constante progresso tecnológico na área laboratorial tem possibilitado a
ampliação do número e dos tipos de analitos passíveis de análise, aumentando,
significativamente, a importância do laboratório na decisão médica e na tomada de
condutas terapêuticas. (11)
Para Westgard e Darcy (14), “a medicina laboratorial pode ser considerada sector
pioneiro na área médica a promover e introduzir os conceitos da qualidade”.
O laboratório clínico deve assegurar que os resultados produzidos reflictam, de
forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes,
assegurando que não representem o resultado de alguma interferência no
processo. (15)
Para tal, é necessário o controlo desses processos, para que o laboratório seja
capaz de identificar possíveis falhas que possam vir a acontecer ou as que já
aconteceram. Além disso, o laboratório deverá estar preparado para agir
prontamente para evitar ou minimizar as consequências e a recorrência dessas
falhas. Isso tudo acaba por se traduzir em um processo chamado garantia da
qualidade. (3, 15)
A garantia da qualidade de todas as fases do processo analítico pode ser
conseguida por meio da padronização de cada uma das actividades envolvidas,
desde o atendimento ao paciente até a liberação do laudo. Com isso, pode-se
alcançar a qualidade que se almeja e, com a gestão da qualidade, garanti-la. (16)
Todas essas actividades no laboratório devem ser documentadas por meio de
procedimentos operacionais padrão (POP) ou instruções de trabalho (IT), que
deverão estar sempre acessíveis aos funcionários envolvidos nas actividades. (15,
16).
9
Os POP´s são documentos que descrevem detalhadamente cada actividade do
laboratório, como por exemplo, o atendimento ao cliente, a colheita de amostras,
limpeza e descarte de material, manipulação de equipamentos, a realização dos
diversos exames e a liberação de laudos. (2, 16)
Deve, igualmente, existir o Manual da Qualidade (MQ), que é o documento que
descreve todos os passos inerentes à obtenção de um programa para garantir a
qualidade em laboratórios e inclui os seguintes itens: organograma do laboratório,
responsabilidades, descrição do laboratório, política da qualidade, instalação do
laboratório, recursos humanos, auditorias internas e treinamentos. (4)
2.4. Garantia da qualidade no laboratório clínico
A garantia da qualidade corresponde ao conjunto de actividades planeadas e
sistemáticas de uma empresa, que garantem que os seus serviços atendem aos
requisitos da qualidade. (16)
Assim, entende-se que a garantia da qualidade compreende toda a acção
sistemática necessária para dar confiança aos serviços de laboratório a fim de
atender às necessidades de saúde do paciente e engloba as actividades
relacionadas com os processos pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos. (16, 17)
Em 1999, a Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina
Laboratorial (AMSPML) e a Federação Internacional de Química Clínica (FIQC)
divulgaram um documento sobre Princípios da Acreditação para Laboratórios
Clínicos, onde consta que “é do interesse dos pacientes, da sociedade e do governo
que os laboratórios clínicos operem dentro de altos padrões de competência
profissional e técnica pelas seguintes razões: (2, 4)
a) As decisões quanto ao diagnóstico, prognóstico e terapêutica são,
frequentemente, baseados nos resultados ou na interpretação de exames
laboratoriais, e, portanto, danos irreversíveis podem ser causados por
resultados errados;
10
b) Os usuários de serviços de laboratórios, tanto pacientes quanto médicos,
podem não possuir conhecimentos técnicos suficientes para avaliar se um
laboratório opera a um nível satisfatório de qualidade;
c) Os pacientes e, em menor grau, os médicos, podem não ter opção quanto a
que laboratório utilizar;
d) Os exames de laboratório podem ser dispendiosos e os pacientes, as
seguradoras, ou o governo, que pagam os exames, têm o direito de esperar
que o laboratório forneça informações válidas;
e) É do interesse dos laboratórios que sua competência seja atestada por
processo de auditoria, por comparação com padrões apropriados e que isto
se torne público”.
Deste modo, para garantir a qualidade dos seus serviços, o laboratório deve
implantar um sistema de qualidade aliado a um processo de gestão da qualidade
que possa dar sustento a todas as suas actividades. (16)
Dentre os métodos incluídos em um Programa de Garantia da Qualidade estão as
boas práticas laboratoriais (BPL), a padronização de técnicas, sistemas de controlo
de qualidade interno e externo, as análises estatísticas e os demais aspectos que
garantam a qualidade dos resultados levados aos clínicos. (4, 18)
As normas das boas práticas laboratoriais cobrem todas as técnicas envolvidas no
processo, transporte e armazenamento de material, treinamento de pessoal,
espaço e equipamento adequados. (4)
A garantia da qualidade no laboratório é conseguida mediante controlo interno e
externo da qualidade.
2.4.1. Medidas de controlo de qualidade interno
As medidas de controlo de qualidade interno (CIQ) consistem na monitorização da
aparelhagem e do material do laboratório. Para tal, podem ser utilizadas amostras-
controlo com resultados conhecidos, amostras replicada sem conhecimento dos
11
técnicos, avaliação dos métodos empregados, avaliação dos resultados dos
pacientes e correlação entre dados clínicos e laboratoriais. (16, 18)
Através do controlo interno pode-se avaliar o funcionamento confiável e eficiente
dos procedimentos laboratoriais para fornecer resultados válidos, que possam
contribuir eficazmente no estabelecimento do diagnóstico pelo clínico. (3, 16)
O CIQ tem a finalidade de garantir a reprodutibilidade (precisão), verificar a
calibração dos sistemas analíticos e indicar o momento de se promover acções
correctivas quando surgir uma situação de inconformidade. (16)
Todo laboratório deve estabelecer e manter um sistema próprio de controlo de
melhoria da qualidade, considerando o tipo, o volume e a complexidade dos
exames que realiza. (19)
A equipa da garantia da qualidade no laboratório clínico necessita de elementos
que permitam reconhecer as inconformidades, analisá-las e propor acções
correctivas e/ou preventivas. (17)
Uma das ferramentas que permitem fazer essa avaliação é o gráfico de controlo da
qualidade. (16, 17)
2.4.2. Medidas de controlo de qualidade externo
O controlo externo da qualidade (CEQ) é o controlo interlaboratorial. É um sistema
de controlo em que o resultado de cada exame do laboratório participante de um
programa é comparado com a média de consenso do seu grupo. (16)
A média de consenso para cada analito é calculada pelo patrocinador do programa
utilizando os resultados enviados pelos laboratórios, que são agrupados por
metodologias de ensaio empregadas. (16)
12
Deste modo, o CEQ tem por objecto padronizar os resultados de laboratórios
diferentes através da comparação interlaboratorial de análises de alíquotas do
mesmo material. (3)
As avaliações obtidas pelos programas de controlo de qualidade externo são
importantes para implementar o sistema de controlo interno. Pois, mesmo quando
todas as precauções possíveis são tomadas para assegurar a exactidão e a
precisão nos laboratórios, certos erros são detectados apenas através de uma
avaliação externa. (18)
2.4.2.1. Teste de proficiência
O teste de proficiência (TP) é um outro tipo de programa de avaliação externa da
qualidade para laboratórios clínicos. O TP consiste de amostras múltiplas de valor
desconhecido enviadas periodicamente aos laboratórios para realização de
ensaios ou identificação. (16, 18)
Os laboratórios são agrupados por metodologia e equipamento e os resultados são
comparados com os dos outros participantes. (3, 16)
A simples participação em um programa de ensaio de proficiência não garante o
bom desempenho dos testes avaliados. Os dados fornecidos devem ser utilizados
para comparação com resultados das diversas rodadas subsequentes. (11)
2.5. Utilidade dos exames laboratoriais
O valor dos exames laboratoriais na prática geral é amplamente reconhecido. O
seu uso, porém, tem aumentado nas últimas décadas, e questões sobre a
justificativa deste aumento e o seu provável prejuízo têm sido levantadas. (20)
Além disso, a variação entre médicos em pedidos de exames laboratoriais tem sido
grande. Factores como envolvimento no desenvolvimento de directrizes, trabalho
de grupo e experiência de mais de um ano com um certo problema foram
correlacionados com um menor número de solicitações de exames laboratoriais.
Queixas inexplicáveis e expectativas dos pacientes também têm sido
13
correlacionadas com o aumento da probabilidade solicitação de exames
laboratoriais. (20)
Os exames laboratoriais podem ser usados para vários fins. Um deles é diminuir a
incerteza diagnóstica em um paciente que apresenta um conjunto de sinais e
sintomas. Outro é o monitoramento de um conhecido problema de saúde ou
tratamento. Em terceiro lugar, um número bastante grande de exames são
solicitados para fins de triagem ou de apuração de casos. Por fim, acredita-se que
razões não médicas, como a solicitação do paciente, sejam responsáveis por uma
proporção de testes laboratoriais na prática geral. (21)
Para Speicher, Smith (6), os contextos clínicos podem ser agrupados em três
grandes categorias: diagnóstico, monitoramento e triagem, sendo os exames
laboratoriais solicitados por uma das seguintes razões:
a) Confirmação de uma suspeita clínica;
b) Gestão de um possível diagnóstico ou doença;
c) Para guia ou gestão terapêutica;
d) Para orientação prognóstica;
e) Para detecção de doença (triagem).
A crescente complexidade da assistência à saúde tem tornado cada vez mais árduo
o caminho para transferência do conhecimento científico para a prática clínica. Tal
complexidade impõe riscos de diversas magnitudes que, caso não sejam mitigados,
aumentam as chances de ocorrência de incidentes e danos aos pacientes. (2, 22)
2.6. Erros no laboratório clínico
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (23), “um erro é uma falha
(inconformidade) decorrente da execução de uma acção planeada, como
intencionado, ou a aplicação de um plano incorrecto”.
Para Plebani (24), “o erro laboratorial é uma falha ocorrida em qualquer parte do ciclo
laboratorial, ou seja, desde a solicitação médica até a interpretação e a reacção do
14
médico diante do resultado reportado, ou qualquer defeito na realização do teste
que gere um resultado inapropriado ou uma interpretação equivocada”.
Ainda de acordo com Hollensead, Lockwood, Elin (22), “os erros incluem todos os
defeitos ocorridos desde o pedido de exame até a liberação do resultado, incluindo
a interpretação apropriada e a reacção a este”.
Como descrito anteriormente, cada procedimento laboratorial é realizado segundo
princípios estabelecidos nos POP´s, com vista a garantia da qualidade, que se não
cumpridos são passíveis de erros.
A grande maioria dos profissionais de laboratório clínico realiza tarefas rotineiras e
repetitivas, executando as suas actividades em cumprimento aos POP´s e as
instruções de trabalho. (25)
Assim, segundo O´Kane (26), em relação a exames laboratoriais, uma “falha na
qualidade pode ser definida como qualquer falha na adequação aos requisitos de
qualidade necessários a uma óptima assistência ao paciente, o que inclui
problemas ocorridos nas fases pré-analítica, analítica e pós-analítica, ou seja,
desde a selecção do exame solicitado até o reporte do resultado e a apropriada
interpretação do médico, que pode resultar em gerenciamento incorrecto do
paciente”.
O processo que culmina na execução de um exame laboratorial inicia-se na
avaliação clínica, no estabelecimento de uma hipótese diagnóstica e na solicitação
de exames dirigida para os diagnósticos aventados. O processo final se concretiza
por meio da utilização, pelo médico, da informação gerada pelo laboratório. (6, 27)
Se forem fornecidos resultados imprecisos, as consequências podem ser muito
significativas, incluindo: tratamento desnecessário, complicações no tratamento,
atraso no diagnóstico correcto e exames adicionais e desnecessários. Essas
consequências resultam em aumento de custo no tempo e esforço de pessoal, e
muitas vezes em resultados ruins para os pacientes. (6, 28)
15
Para melhor compreender as fontes de erros em laboratórios clínicos, é necessário
conhecer e analisar as fases que compõem esse tipo de serviço de diagnóstico. (29)
As diversas etapas de execução de um exame são divididas, classicamente, em
três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica, sendo que cada etapa contempla
a possibilidade de erros que afectam a qualidade e a confiabilidade do resultado. (6,
27)
2.6.1. Fase pré-analítica
A fase pré-analítica compreende a etapa entre a solicitação e a realização do
exame no laboratório, sendo responsável por mais de dois terços dos erros
laboratoriais. Esta fase inicia com a solicitação da análise, passando pela obtenção
da amostra e termina com o início da análise propriamente dita. (25, 29, 30).
Importa aqui salientar que o médico solicitante, ou seus auxiliares directos, devem
ser responsáveis pela primeira instrução ao paciente sobre as condições requeridas
para a realização do exame informando-o sobre a eventual necessidade de
preparo, como jejum, interrupção do uso de alguma medicação, dieta específica,
ou ainda a não realização de actividade física antes da colheita das amostras. Outra
forma seria o paciente contactar o laboratório clínico, onde receberia informações
adicionais e complementares, como o melhor horário para a colheita e a
necessidade da retirada de frascos próprios para a colheita domiciliar de algum
material biológico. (29)
É na fase pré-analítica que ocorre a maior parte dos erros, os quais, normalmente
são oriundos da elevada rotatividade de pessoal do laboratório, negligência, falta
de entendimento sobre boas práticas em laboratório, treinamento ineficiente e falta
de orientação aos pacientes sobre os procedimentos que serão realizados. (24, 29)
Alguns estudos constataram que a fase pré-analítica é a mais vulnerável a erros,
sendo responsável por, aproximadamente, 60 a 90% dos erros laboratoriais (29, 31)
16
Alguns dos erros que podem ocorrer nesta fase são: interpretação inadequada da
requisição médica, identificação incorrecta do paciente, orientação inadequada ao
paciente, colheita inadequada, identificação incorrecta da amostra biológica,
preparação inadequada do paciente, horário incorrecto de colheita, volume
insuficiente de amostra, utilização de tubo de colheita inadequado, incorrecta
proporção entre sangue e anticoagulante, acondicionamento impróprio da amostra,
contaminações, ausência de informações sobre o uso de medicamentos, estase
venosa prolongada e centrifugação inadequada. (24, 29, 31)
2.6.2. Fase analítica
A fase analítica compreende o conjunto de operações utilizado na realização das
análises laboratoriais por um determinado método. Os processos envolvidos nesta
fase dão continuidade aos iniciados na fase pré-analítica. (29)
Nesta fase as diversas variáveis analíticas devem ser bem controladas a fim de
garantir que os resultados sejam precisos e exactos. (11)
São tidos em conta nesta fase parâmetros como confiabilidade (exactidão,
precisão, sensibilidade, especificidade e linearidade); praticidade (tipo de amostra,
volume, complexidade metodológica, duração do ensaio, estabilidade de
reagentes, robustez, interacção com amostras, equipamentos, custo e segurança
pessoal), calibração dos dispositivos de medição e ensaio (equipamentos, vidrarias
e pipetas) e limpeza da vidraria. (11, 21, 29)
Os erros observados frequentemente nesta fase são a falha no equipamento, perda
da amostra, troca de amostra, contaminação entre amostras, sistema analítico não
validado previamente à análise, falhas não detectadas no controlo interno de
qualidade, entre outros, constituindo entre 7 e 13% dos erros laboratoriais. (31, 32)
2.6.3. Fase pós-analítica
A fase pós-analítica, última fase dos procedimentos laboratoriais, inclui a emissão
e conferência dos resultados pelo Responsável Técnico (RT), nela os erros podem
17
variar de 18,5% a 47%, sendo que a grande maioria decorre da digitação errada de
informações relativas ao paciente e aos resultados. (24, 32)
Os erros frequentemente verificados nesta fase são: perda do resultado,
interpretação incorrecta do resultado e acção subsequente, erro na transcrição dos
resultados, tempo de liberação dos resultados acima do especificado, problemas
com o sistema de informação laboratorial e valores de referência e limites de
decisão inapropriados. (22, 31).
Teixeira, Chicote, Daneze (32) também relataram falhas de impressão
correspondentes a problemas técnicos com a impressora da unidade laboratorial e
falhas no sistema decorrentes da necessidade de manutenções, dificultando o
acesso ao cadastro de pacientes, inclusão de exames solicitados e digitação de
laudos.
Os erros na entrega do resultado têm um impacto significativo na segurança do
paciente, na carga de trabalho da equipa e nos custos para o laboratório. (31)
2.7. Como lidar com erros no laboratório
A auditoria clínica é um processo de melhoria contínua que determina a qualidade
do cuidado em relação às normas e inicia acções de melhoria quando estas não
são alcançadas. O ciclo de auditoria inclui as seguintes etapas: (33)
a) Observação da prática quotidiana;
b) Definição de normas;
c) Comparação da prática com normas e implementação de mudança.
Durante a realização do processo de controlo interno da qualidade, o profissional
de laboratório clínico enfrenta diversos desafios, principalmente relacionados aos
alertas do sistema, que indicam uma situação de não conformidade. Saber como
lidar com a perda do controlo e quais atitudes devem ser tomadas é essencial para
garantir os resultados dos exames. (34)
18
Os factores pré-analíticos são difíceis de monitorar e controlar, uma vez que grande
parte destes ocorre fora do laboratório. (16, 35)
Basques recomenda 7 atitudes para lidar com inconformidades no durante o
processo analítico: (34)
a) Inspecionar detalhadamente o gráfico de controlo e as regras violadas;
b) Analisar as possíveis causas de erros;
c) Realizar intervenções no sistema, visando corrigir o problema;
d) Anotar as medidas adoptadas para correcção;
e) Realizar nova corrida analítica, para controlo e amostras de pacientes;
f) Testar os novos dados;
g) Interpretar o resultado da última avaliação e decidir o encaminhamento.
Em relação aos erros pós-analíticos a Abbott Diagnostics recomenda: (36)
a) Notificação imediata dos valores críticos: resultados de testes que
representam valores críticos para o gerenciamento de pacientes precisam
ser transmitidos para o médico assim que possível, geralmente por uma
comunicação alternativa, como telefone, e-mail ou correio de texto;
b) Orientações interpretativas e informações de segurança: juntamente com o
resultado do teste, informações sobre intervalos de referência, possíveis
interferências na amostra e orientações interpretativas devem ser fornecidos
para garantir o uso seguro dos resultados dos testes;
c) Fornecimento de relatório de teste: relatórios de testes adequados devem
ser fornecidos, conforme necessário, para facilitar o atendimento de
pacientes;
d) Tempo de resposta: ao longo de todo o processo, da colheita de amostras à
geração de relatórios com os resultados dos testes, as amostras devem ser
rastreadas com o local e a hora para identificar atrasos ao longo de todo o
processo de teste total;
e) Reclamações de clientes: todo feedback de médicos, enfermeiros e
pacientes deve ser documentado para identificar problemas durante o
processo de teste total. Acções correctivas e preventivas devem ser
documentadas, e planos de melhoria devem ser realizados.
19
A importância de implantar um sistema de controlo de qualidade no laboratório de
análises clinica é reconhecer e minimizar os erros analíticos no laboratório, visando
avaliar o desempenho do mesmo e consequentemente obter resultados confiáveis
e seguros. Para atingir esse objectivo, a equipa responsável pela gestão do
laboratório deve implantar um Sistema de Controlo da Qualidade que permita aos
seus integrantes a garantia dos resultados diariamente seguindo alguns passos
como: tomar providências imediatas para eliminar as causas das não
conformidades encontradas, através de acções correctivas, tomando medidas
preventivas para evitar uma nova ocorrência das não conformidades encontradas.
(37)
2.8. Importância da padronização no laboratório clínico
O gerenciamento correcto de uma instituição de saúde garante sucesso aos
negócios. (38)
O mercado de medicina laboratorial tem se mostrado continuamente desafiador e
competitivo com os movimentos de consolidação de laboratórios em grandes redes.
Também pelos novos modelos de negócio, pelas tendências para industrialização
das operações, pela rápida evolução tecnológica, e uma demanda crescente por
maior produtividade nos laboratórios. Ao mesmo tempo, os pacientes buscam por
organizações que ofereçam o melhor atendimento, acesso rápido e eficiente aos
resultados com segurança. (9)
Os laboratórios de análises clínicas contribuem em evidências dos testes
laboratoriais, nas avaliações, tomada de decisão clínica, no diagnóstico, prevenção
e liberação dos resultados. (39)
Desta maneira, o laboratório de análises clínicas, como serviço de saúde, se presta
no atendimento dos seus clientes com rapidez, segurança, eficiência e eficácia. (40)
Sendo assim, os laboratórios clínicos vêm aprimorando o sistema de gestão da
qualidade com o uso de procedimentos padronizados, condizentes com
20
regulamentações técnicas e boas práticas de laboratório, podendo garantir a
confiabilidade dos resultados com o mínimo de erros e interferências e a integridade
das pessoas, instalações e equipamentos. (39, 40).
A importância da padronização no laboratório clinico se reflecte no estabelecimento
de uma maneira pré-definida para executar todas as etapas envolvidas na
realização de um determinado exame. Com ela é possível assegurar a monitoração
da qualidade dos resultados finais. (16, 40).
O principal benefício em se ter um modelo único que atenda todo o fluxo de trabalho
é a redução de erros e de retrabalho, o que influencia directamente na
produtividade dos colaboradores envolvidos. (19)
Diante de um mercado extremamente competitivo, e escassez momentânea de
recursos, os laboratórios precisam melhorar seu desempenho para garantir escala
e, ao mesmo tempo, investir em um bom ambiente de trabalho para os profissionais
e na qualidade no atendimento aos pacientes. Neste sentido, o uso de um sistema
de gestão laboratorial é a chave para tornar o processo prático e eficiente. (38)
A implementação de um sistema de gestão laboratorial traz, entre outros, os
seguintes benefícios: (41)
a) Rastreabilidade de amostras
Desde o momento em que é feita a emissão da senha até o resultado, cada
movimento feito pela amostra, dentro ou fora do laboratório, é registrado e
monitorado pelo sistema através de códigos de barras.
b) Escalabilidade do negócio
A evolução e o crescimento do negócio é possível por meio de uma plataforma que
pode se expandir em diversos ambientes e áreas técnicas. Dentre elas podemos
citar a expansão do atendimento ambulatorial, o aumento da relação com
laboratórios de apoio ou até mesmo crescimento de unidades hospitalares.
21
c) Aumento na agilidade da entrega dos resultados
O sistema de informação laboratorial também faz com que a liberação dos
resultados seja feita de forma automatizada, através da configuração de
parâmetros e flags, disponibilizando os resultados rapidamente assim que os
exames são processados.
d) Troca de informações
O sistema também garante segurança na troca de informações, o que é essencial
entre sistemas de hospitais, operadoras, laboratórios de apoio, etc. Todo esse
processo de transmissão de informações é rigorosamente rastreado, o que
assegura confiabilidade ao negócio.
e) Eficiência na área operacional
O sistema de gestão influencia directamente na agilidade e na automatização dos
processos, aprimorando o fluxo de trabalho e impactando positivamente na
diminuição dos erros;
Esse sistema oferece uma visão ampla de tudo o que é feito dentro do laboratório,
além de permitir o acompanhamento dos status das amostras em tempo real. Essa
visão dá ao gestor a possibilidade de agir antecipadamente à cenários específicos,
como por exemplo, evitar gargalos na produtividade do laboratório, garantindo um
funcionamento melhor para o mesmo.
f) Agilidade no atendimento ao cliente
Um bom sistema de gestão reflectirá em uma boa experiência ao cliente final do
laboratório: o paciente. Ele será atendido mais rapidamente, terá seu resultado em
um tempo menor e com maior confiabilidade.
22
Capítulo III - Metodologia
3.1. Tipo de estudo
Foi feito um estudo observacional descritivo, do tipo prospectivo. Para tal, por um
período de 3 meses, foi acompanhada a rotina diária de atendimento,
processamento e liberação de resultados do laboratório e os erros ou
inconformidades foram anotados à medida que ocorressem.
3.2. Local de estudo
O estudo foi feito no laboratório clínico do Centro Médico-Sede da ENDE-EP,
localizado na província de Luanda, Distrito Urbano da Maianga, na Av. Revolução
de Outubro. O laboratório do Centro Médico realiza, em média, cerca de 2200
exames por mês, funcionando com 8 técnicos distribuídos em 4 turnos.
3.3. Universo
O universo foi constituído por 2200 procedimentos realizados nas fases pré-
analítica, analítica e pós-analítica.
3.4. Amostra
Para amostra foram seleccionados e observados 339 procedimentos realizados
com utentes e respectivos espécimes biológicos, sendo diariamente seleccionados
os 4 primeiros utentes.
Para a fase pré-analítica foram observados todos os procedimentos realizados com
os referidos utentes: identificação do paciente, orientações dadas ao paciente,
colheita do espécime biológico e identificação do espécime.
Para a fase analítica foram observados os procedimentos realizados com as
amostras biológicas, ou seja, as análises propriamente ditas.
Para a fase pós-analítica foram observados o modo de interpretação dos
resultados, a transcrição, o registo e a entrega dos resultados ao utente.
23
3.5. Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo apenas procedimentos como registo, identificação e
orientações ao paciente, colheita, realização de exames, conferência, registo,
arquivo e liberação dos resultados, realizados no período de 13 de Agosto a 13
Novembro de 2021.
3.6. Critérios de exclusão
Foram excluídos do estudo erros de identificação do paciente, contidos na
requisição, porém ocorridos fora do laboratório, falhas na selecção de exames na
requisição, pelo médico, e amostras colhidas fora da unidade hospitalar que não
cumprissem com as orientações de conservação e transporte.
3.7. Definição operacional das variáveis
Variáveis Classificação Definição Escala de medição
Erro
laboratorial
Qualitativa
nominal
Segundo a falha
ocorrida durante o
processo analítico
Politómica
Erro pré-
analítico
Qualitativa
nominal
Segundo a falha
ocorrida durante a
fase pré-analítica
- Identificação
incorrecta do paciente
- Interpretação
incorrecta da
requisição
- Colheita inadequada
- Volume insuficiente
de amostra
Identificação incorrecta
da amostra
- Proporção incorrecta
sangue/anticoagulante
24
Erro analítico
Qualitativa
nominal
Segundo a falha
ocorrida durante a
fase analítica
- Falha no
equipamento
- Perda de amostra
- Troca de amostra
- Contaminação
Erro pós-
analítico
Qualitativa
nominal
Segundo a falha
ocorrida durante
pós-analítica
- Perda de resultados
- Interpretação
incorrecta do resultado
- Transcrição
incorrecta do resultado
- Demora na entrega
dos resultados
Secção
laboratorial
Qualitativa
nominal
Segundo a secção
do laboratório
conforme o exame
Hematologia,
Bioquímica, Serologia,
Urinologia,
Parasitologia
3.8. Instrumentos de investigação
O levantamento bibliográfico foi baseado em pesquisa de livros, manuais técnicos
e artigos científicos nas bases de dados Pubmed e Lilacs e em fontes de pesquisa
como Scielo e Google Académico, referentes ao tema escolhido.
Para a recolha dados foi acompanhada, por um período de 3 meses a rotina de
atendimento, processamento e liberação de laudo do laboratório clínico do Centro
Médico da ENDE-EP.
Os dados foram recolhidos mediante fichas de recolha de dados sectorizadas em
fase pré-analítica, fase analítica e fase pós-analítica (ver anexos), pré-elaborados
e discutidos com o orientador. Os dados foram inseridos em sistema informatizado
e analisados em frequências absolutas e percentagens, mediante o programa
estatístico Excel 2013. Os resultados foram apresentados sob a forma de tabelas
e gráficos, elaborados, igualmente, no programa Microsoft Excel 2013; o texto
digitado no programa Microsoft Word 2013 e apresentado no software PowerPoint
2013.
25
3.9. Aspectos éticos
Para a recolha de dados foi escrita uma carta pedindo autorização para o efeito,
dirigida à Direcção do Centro Médico da ENDE-EP. Os dados foram recolhidos
após autorização da Direcção do Centro e os resultados foram mantidos em sigilo,
sendo apenas utilizados para fim académico.
26
Capítulo IV - Apresentação e discussão dos resultados
De um total de 339 procedimentos, observou-se 55 erros ou inconformidades
laboratoriais, cuja distribuição é descrita como se segue.
4.1. Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico
Quanto à fase do processo analítico, a fase pré-analítica registou maior
percentagem de erros (62%), conforme consta no gráfico 1.
Gráfico 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico. Laboratório Clínico
do Centro Médico da ENDE-EP, 2021
Fonte: Dados do Autor
A fase pré-analítica é uma fase muito sensível e geralmente apresenta maior
número de variáveis. Este facto, além do fluxo de pacientes atendidos nessa fase,
provavelmente justificaria a maior percentagem de erros em relação às outras
fases.
Estes resultados coincidem com os resultados obtidos por Wislocki, em 2011, onde
a frequência de erros foi de 68% na fase pré-analítica e de 18% na fase pós-
analítica. (25)
Entretanto, não coincidem com os resultados obtidos por Teixeira, Chicote, Daneze,
em 2016, onde a frequência de erros foi de 21,26% na fase pré-analítica; 54,90%
na fase analítica e 23,83% na fase pós-analítica. (32)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Fase pré-analítica Fase analítica Fase pós-analítica
62%
22%
16%
27
4.2. Distribuição dos erros na fase pré-analítica
Em relação à fase pré-analítica, a proporção incorrecta entre sangue e
anticoagulante e volume insuficiente de amostra predominaram com 15%,
respectivamente, seguidos por colheita inadequada e orientação inadequada ao
paciente com 12%, respectivamente (gráfico 2).
Gráfico 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico
da ENDE-EP, 2021
Fonte: Dados do Autor
Estes resultados não coincidem com os resultados obtidos por Guimarães e
colaboradores, em 2011, onde a colheita inadequada ocorreu com 2,1%; a
interpretação incorrecta da solicitação médica com 3,2%; erro na identificação do
paciente, com 3%; a colheita em tubo inadequado com 3% e incorrecta proporção
entre sangue e anticoagulante com 13%. (29)
A diferença entre estes resultados poderá ser devida a tempos diferentes, autores
diferentes, entre outros factores. Entretanto, a preparação, a segurança do técnico
e a orientação dada ao paciente nos dias prévios à realização da colheita, bem
como o fluxo de actividade no laboratório, provavelmente estariam na base do
predomínio dessas variáveis.
6%
9%
12%
6%
9%
12%
15%
9%
9%
15%
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16%
Identificação incorrecta do paciente
Interpretação incorrecta da requisição
Orientação inadequada ao paciente
Preparação inadequada do paciente
Horário incorrecto da colheita
Colheita inadequada
Volume insuficiente de amostra
Identificação incorrecta da amostra
Utilização de tubo inadequado
Proporção incorrecta sengue/anticoagulante
28
4.3. Distribuição dos erros na fase analítica
Quanto à fase analítica, predominaram a falha no equipamento com 33% de
ocorrência, a contaminação entre amostras e a troca de amostras com 25%,
respectivamente, conforme consta no gráfico 3.
Gráfico 3: Distribuição dos erros na fase analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico da
ENDE-EP, 2021
Fonte: Dados do Autor
Teixeira e colaboradores, em 2016, obtiveram 68% erros por contaminação entre
amostras e 5% de erros por falha no equipamento, o que não coincide com os
resultados obtidos no presente estudo. (32)
A predominância desses erros é, geralmente, devida à preparação, falta de atenção
do técnico na execução dos procedimentos e à não calibração e verificação do
estado dos equipamentos antes da realização dos exames.
Os erros por contaminação entre amostras, contudo, ocorreram na realização de
exames de serologia (executados manualmente) como Reacção de Widal, PCR,
Factor Reumatoide, entre outros.
33%
17%
25%
25%
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35
Falha do equipamento
Perda de amostra
Troca de amostra
Contaminação entre amostras
29
4.4. Distribuição dos erros na fase pós-analítica
Quanto à fase pós-analítica, ocorreram, predominantemente, a interpretação
incorrecta dos resultados e a demora na entrega dos mesmos, com 33%,
respectivamente. A transcrição incorrecta dos resultados ocorreu com 22%,
conforme mostra o gráfico 4.
Gráfico 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico
da ENDE-EP, 2021
Fonte: Dados do Autor
Esses erros geralmente ocorrem por falta de atenção do técnico, avaria ou
inexistência de um sistema automatizado no laboratório.
De acordo com Teixeira e colaboradores, em 2016, a transcrição incorrecta dos
resultados teve maior incidência, o que não coincide com o resultado do presente
trabalho, devendo-se, principalmente, à distrações durante o procedimento. (32)
De modo geral, nota-se grande heterogeneidade nos valores obtidos para uma
mesma variável nas publicações relacionadas. (27)
11%
33%
22%
33%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Perda de resultados
Interpretação incorrecta de resultados
Transcrição incorrecta dos resultados
Demora na entrega dos resultados
30
4.5. Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório
Quanto à distribuição dos erros segundo a secção do laboratório, a Hematologia
registou maior ocorrência de erros (53%), seguido pela secção de Bioquímica
(31%), conforme mostra o gráfico 5.
Gráfico 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório. Laboratório Clínico do
Centro Médico da ENDE-EP, 2021
Fonte: Dados do Autor
Os erros registados na secção de Hematologia estiveram fundamentalmente
relacionados à colheita inadequada, volume insuficiente de amostra, proporção
incorrecta entre sangue e anticoagulante, identificação incorrecta da amostra, falha
no equipamento e interpretação incorrecta dos resultados, sugerindo, deste modo,
atenção redobrada em todas as fases desta secção.
Quanto à secção de Bioquímica, as incorformidades estiveram relacionadas à
volume insuficiente de amostra, orientação inadequada ao paciente, horário
incorrecto da colheita, perda de amostra por falha do equipamento, interpretação
incorrecta dos resultados e perda de resultados.
Hematologia
53%
Bioquímica
31%
Serologia
7%
Parasitologia
4%
Urinologia
5%
Hematologia Bioquímica Serologia Parasitologia Urinologia
31
Teixeira e colaboradores, em 2016, obtiveram 12% de erros em Hematologia; 17 %
em Bioquímica; 2 % em Serologia; 0,05% em Parasitologia e 66% em Urinologia, o
que não coincide com os resultados obtidos no presente estudo. (32)
Embora exista uma literatura científica abundante que lida com o aumento da
qualidade laboratorial (principalmente analítica), a literatura sobre erros na
medicina laboratorial é escassa. Uma das razões para isso, além da insuficiente
atenção dada ao problema, é a dificuldade prática em relatar e medir o número de
erros. (46)
32
Conclusão
Os erros laboratoriais ocorrem com maior frequência na fase pré-analítica.
Na fase pré-analítica predominaram a proporção incorrecta entre sangue e
anticoagulante, volume insuficiente de amostra, colheita inadequada e orientação
inadequada ao paciente.
Os erros na fase analítica ocorreram predominantemente por falha no equipamento
e por contaminação entre amostras.
Na fase pós-analítica, os principais erros foram a interpretação incorrecta dos
resultados, transcrição incorrecta de resultados e demora na liberação dos
resultados.
A secção de Hematologia, por ser a área com maior fluxo de exames registou maior
incidência de erros, sendo colheita inadequada, volume insuficiente de amostra e
proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante os mais frequentes.
33
Recomendações
Ao Ministério da Saúde
Que a Rede Nacional de Laboratórios amplie a vigilância dos procedimentos
efectuados pelos laboratórios, quer públicos, quer privados, garantindo
monitoramento mais eficiente e actualizações.
Ao Centro Médico da ENDE
Que se esteja atento às actualizações do Ministério da Saúde no que diz respeito
a procedimentos laboratoriais no sentido de garantir treinamento constante da
equipa técnica do laboratório, desde o atendimento na recepção até a liberação do
laudo, mantendo-os constantemente actualizados;
Que haja maior investimento na garantia da qualidade, implementando um sistema
de gestão laboratorial.
A Universidade Metodista de Angola
Que os resultados obtidos neste estudo possam contribuir para que os futuros
técnicos de laboratório tenham maior noção do profissionalismo que a prática
laboratorial requer, garantindo, deste modo, maior qualidade e confiabilidade dos
resultados produzidos no laboratório clínico.
34
Bibliografia
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Viana do Castelo: Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto
Politécnico de Viana do Castelo; 2011.
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analytical issues. Clin Lab Med. 2008 Junho; 28(2): p. 282-94.
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38
47. Conte R. Management of errors in a clinical laboratory. [Online].; 2016.
39
Apêndice
Apêndice A - Ficha de recolha de dados
Erros frequentes no laboratório clínico
Levantamento de dados referentes ao mês de _________________
Secção
Erros Hematologia Bioquímica Serologia Parasitologia Urinálise
Pré-analíticos
Identificação incorrecta do
paciente
Interpretação incorrecta da
requisição
Orientação inadequada ao
paciente
Preparação inadequada do
paciente
Horário incorrecto da colheita
Colheita inadequada
Volume insuficiente de amostra
Identificação incorrecta da
amostra
Utilização de tubo inadequado
Proporção incorrecta entre
sangue/anticoagulante
Analíticos
Falha no equipamento
Perda de amostra
Troca de amostra
Contaminação entre amostras
Pós-analíticos
Perda de resultados
Interpretação incorrecta do
resultado
Erro na transcrição dos
resultados
Demora na entrega dos
resultados
40
Apêndice B - Tabelas de saída de resultados
Tabela 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico
Fase n %
Fase pré-analítica 34 62%
Fase analítica 12 22%
Fase pós-analítica 9 16%
Total 55 100%
Fonte: Dados do autor
Tabela 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica
Erros n %
Identificação incorrecta do paciente 2 6%
Interpretação incorrecta da requisição 3
9%
Orientação inadequada ao paciente 4 12%
Preparação inadequada do paciente 2 6%
Horário incorrecto da colheita 3
9%
Colheita inadequada 4
12%
Volume insuficiente de amostra 5 15%
Identificação incorrecta da amostra 3 9%
Utilização de tubo inadequado 3
9%
Proporção incorrecta sengue/anticoagulante 5 15%
Total 34 100%
Fonte: Dados do autor
41
Tabela 3: Distribuição dos erros na fase analítica
Erros n %
Falha do equipamento 4 33%
Perda de amostra 2 17%
Troca de amostra 3 25%
Contaminação entre amostras 3 25%
Total 12 100%
Fonte: Dados do autor
Tabela 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica
Erros n %
Perda de resultados 1 11%
Interpretação incorrecta de resultados 3 33%
Transcrição incorrecta dos resultados 2 22%
Demora na entrega dos resultados 3 33%
Total 9 100%
Fonte: Dados do autor
Tabela 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório
Secção n %
Hematologia 29 53%
Bioquímica 17 31%
Serologia 4 7%
Parasitologia 2 4%
Urinologia 3 5%
Total 55 100%
Fonte: Dados do autor
42
Anexos
Anexo A - Solicitação da colheita de dados
43
Anexo B - Autorização da colheita de dados

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  • 1. UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS E SAÚDE PÚBLICA Controlo de Qualidade no Laboratório de Análises Clínicas do Centro Médico da ENDE-EP no Período de Agosto a Novembro de 2021 Autor: Hamilton Soares Barros, Nº 15591 Luanda, Junho de 2022
  • 2. II UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS E SAÚDE PÚBLICA Controlo de Qualidade no Laboratório de Análises Clínicas do Centro Médico da ENDE-EP no Período de Agosto a Novembro de 2021 Trabalho de Fim do Curso apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde e do Bem-Estar da Universidade Metodista de Angola como exigência parcial para obtenção do grau académico de Licenciado em Análises Clínicas e Saúde Pública Autor: Hamilton Soares Barros, Nº 15591 Orientador: Prof. Ismael Teles Rodrigues, MSc Luanda, Junho de 2022
  • 3. III Epígrafe “No final não são os anos de vida que contam, mas a vida nesses anos” (Abraham Lincoln)
  • 4. IV Dedicatória Aos meus filhos: Paulo Barros, Faustina Barros, Elizandra Barros e Domilson Barros
  • 5. V Agradecimento À Deus pelo dom da vida. Ao meu Orientador Prof. Ismael Teles Rodrigues pela paciência e dedicação na transferência de conhecimento. Aos meus professores, em geral, que sempre farão parte da minha vida. À minha família por todo apoio na minha formação profissional. À minha esposa, Isabel Manuel, pelo apoio incondicional. Aos meus amigos e colegas de jornada pelo apoio e companheirismo. À Universidade Metodista de Angola pela formação. À Divisão dos Serviços Médicos da ENDE-EP. Muito obrigado!
  • 6. VI Resumo O controlo de qualidade laboratorial é um conjunto de acções que visam proporcionar maior segurança, eficiência e qualidade para a colheita e realização de exames. Os laboratórios de análises clínicas realizam uma série de procedimentos para avaliação clínica, pelo que é fundamental controlar a qualidade durante as fases que compõem o processo analítico para a obtenção de um diagnóstico adequado às necessidades do paciente e do profissional que solicitou informações para subsidiar a terapêutica. A garantia da qualidade é alcançada tendo-se absoluto controlo sobre todas as etapas do processo analítico, que compreende as fases pré analítica, analítica e pós-analítica. Durante o processo analítico de qualquer amostra biológica, há uma grande probabilidade de ocorrência de erros ou inconformidades nos resultados, sendo que o elemento mais sensível na produção de erros diz respeito à actividade humana, em que múltiplos indivíduos interagem no processamento do espécime biológico. O presente trabalho objectiva determinar a frequência de erros no laboratório clínico do Centro Médico da ENDE- EP. Foi feito um estudo observacional descritivo e prospectivo no Centro Médico da ENDE-EP, durante um período de 3 meses de 2021, observando-se a rotina diária do pessoal do laboratório nas fases pré-analítica, analítica e pós-analítica. De um total de 339 procedimentos realizados, observou-se 55 erros ou inconformidades laboratoriais, sendo 62% na fase pré-analítica, 22% na fase analítica e 16% na fase pós-analítica. Na fase pré-analítica predominaram a proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante e volume insuficiente de amostra, com 15%, respectivamente. Na fase analítica predominaram a falha no equipamento, a contaminação entre amostras e a troca de amostras com 33%, 25% e 25%, respectivamente. Na fase pós-analítica predominaram a interpretação incorrecta dos resultados e a demora na liberação dos resultados, com 33%, respectivamente. Em relação às secções, a Hematologia e a Bioquímica apresentaram maior incidência de erros, com 53% e 31%, respectivamente. Estes resultados devem-se, fundamentalmente ao fluxo excessivo de actividade no laboratório, habilidade do técnico que executa os procedimentos e as condições de funcionamento dos equipamentos. Palavras-chave: Controlo de qualidade. Erros laboratoriais. Garantia da qualidade
  • 7. VII Abstract Laboratory quality control is a set of actions that aim to provide greater safety, efficiency and quality for colecting and testing. The laboratories of clinical analysis perform a series of procedures for clinical evaluation, so it is essential to control the quality during the phases that compose the analytical process to obtain a diagnosis appropriate to the needs of the patient and the professional who requested information to subsidize the therapy. Quality assurance is achieved by having absolute control over all stages of the analytical process, which comprises the pre- analytical, analytical and post-analytical phases. During the analytical process of any biological sample, there is a high probability of errors or nonconformities in the results, and the most sensitive element in the production of errors concerns human activity, in which multiple individuals interact in the processing of the biological specimen. The present work aims to determine the frequency of errors in the clinical laboratory of the Medical Center of ENDE-EP. A descriptive and prospective observational study was carried out at the NDE-EP Medical Center during a period of 3 months of 2021, observing the daily routine of laboratory personnel in the pre- analytical, analytical and post-analytical phases. Of a total of 339 procedures performed, 55 errors were observed, 62% in the pre-analytical phase, 22% in the analytical phase and 16% in the post-analytical phase. In the pre-analytical phase, the incorrect proportion between blood and anticoagulant and insufficient sample volume predominated, with 15%, respectively. In the analytical phase, equipment failure, contamination between samples and sample exchange with 33%, 25% and 25%, respectively, predominated. In the post-analytical phase, the incorrect interpretation of the results and the delay in the release of the results, with 33%, respectively, predominated. As for the section, Hematology and Biochemistry presented a higher incidence of errors, with 53% and 31%, respectively. These results are due, fundamentally to the excessive flow of activity in the laboratory, the skill of the technician who performs the procedures and the operating conditions of the equipment. Keywords: Quality control. Laboratory errors. Quality assurance
  • 8. VIII Índice Capítulo I - Introdução ......................................................................................... 1 I. 1 - Fundamentação do problema ..................................................................... 3 I.1.1. Problema de investigação.......................................................................... 3 I.1.2. Justificativa................................................................................................. 3 I.1.3. Objecto de estudo...................................................................................... 4 I.1.4. Objectivos .................................................................................................. 4 I.1.4.1. Geral.................................................................................................... 4 I.1.4.2. Específicos .......................................................................................... 4 Capítulo II - Fundamentação Teórica.................................................................. 5 2.1. Conceito de controlo de qualidade............................................................ 5 2.2. História do controlo de qualidade.............................................................. 5 2.3. Qualidade no laboratório clínico................................................................ 8 2.4. Garantia da qualidade no laboratório clínico ............................................. 9 2.4.1. Medidas de controlo de qualidade interno ........................................ 10 2.4.2. Medidas de controlo de qualidade externo ....................................... 11 2.5. Utilidade dos exames laboratoriais ......................................................... 12 2.6. Erros no laboratório clínico...................................................................... 13 2.6.1. Fase pré-analítica............................................................................. 15 2.6.2. Fase analítica ................................................................................... 16 2.6.3. Fase pós-analítica ............................................................................ 16 2.7. Como lidar com erros no laboratório ....................................................... 17 2.8. Importância da padronização no laboratório clínico ................................ 19 Capítulo III - Metodologia................................................................................... 22 3.1. Tipo de estudo ........................................................................................ 22 3.2. Local de estudo....................................................................................... 22 3.3. Universo.................................................................................................. 22 3.4. Amostra................................................................................................... 22 3.5. Critérios de inclusão................................................................................ 23 3.6. Critérios de exclusão............................................................................... 23 3.7. Definição operacional das variáveis........................................................ 23 3.8. Instrumentos de investigação.................................................................. 24 3.9. Aspectos éticos ....................................................................................... 25
  • 9. IX Capítulo IV - Apresentação e discussão dos resultados................................ 26 4.1. Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico ................. 26 4.2. Distribuição dos erros na fase pré-analítica ............................................ 27 4.3. Distribuição dos erros na fase analítica................................................... 28 4.4. Distribuição dos erros na fase pós-analítica............................................ 29 4.5. Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório......................... 30 Conclusão ............................................................................................................ 32 Recomendações .................................................................................................. 33 Bibliografia............................................................................................................ 34 Apêndice .............................................................................................................. 39 Anexos ................................................................................................................. 42
  • 10. X Índice de tabelas Tabela 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico............... 40 Tabela 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica ......................................... 40 Tabela 3: Distribuição dos erros na fase analítica................................................ 41 Tabela 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica......................................... 41 Tabela 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório...................... 41
  • 11. XI Índice de gráficos Gráfico 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico .............. 26 Gráfico 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica......................................... 27 Gráfico 3: Distribuição dos erros na fase analítica ............................................... 28 Gráfico 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica ........................................ 29 Gráfico 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório ..................... 30
  • 12. XII Abreviaturas AMSPML – Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina Laboratorial ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária Av. – Avenida BPL – Boas Práticas Laboratoriais CEQ – Controlo Externo de Qualidade CIQ – Controlo Interno de Qualidade ENDE-EP – Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade – Empresa Pública FIQC – Federação Internacional de Química Clínica IIMA – Instituto de Investigação Médica de Angola INIS – Instituto Nacional de Investigação em Saúde INSP – Instituto Nacional de Saúde Pública IPSPA – Instituto Provincial de Saúde Pública de Angola IT – Instruções de Trabalho MINSA – Ministério da Saúde MQ – Manual da Qualidade OMS – Organização Mundial da Saúde PCR – Proteína C-reactiva POP – Procedimentos Operacionais Padrão RNL – Rede Nacional de Laboratórios RT – Responsável Técnico TP – Teste de Proficiência
  • 13. 1 Capítulo I - Introdução O controlo de qualidade laboratorial é um conjunto de acções que visam proporcionar maior segurança, eficiência e qualidade para a colheita e realização de exames. (1) O laboratório clínico é uma área cujo serviço destina-se à análise de amostras biológicas com a finalidade de oferecer apoio ao diagnóstico e terapêutico. (2) Os laboratórios de análises clínicas realizam uma série de procedimentos para avaliação clínica, pelo que é fundamental controlar a qualidade durante as fases que compõem o processo analítico para a obtenção de um diagnóstico adequado às necessidades do paciente e do profissional que solicitou informações para subsidiar a terapêutica. (3) A qualidade é um conjunto de atributos e características de uma entidade ou produto que determinam a sua aptidão para satisfazer necessidades e expectativas da sociedade. (4) Em um laboratório de análises clínicas, a garantia da qualidade é alcançada tendo- se absoluto controlo sobre todas as etapas do processo analítico, que compreende as fases pré analítica, analítica e pós-analítica. (1, 4) A fase pré-analítica envolve a qualificação de amostras, que dependem do preparo do paciente, da colheita realizada, do acondicionamento das amostras e do transporte. A etapa analítica envolve o controlo e processamento do material biológico por uma equipa competente, realizando exames em equipamentos em óptimas condições de operação. A fase pós-analítica corresponde à etapa da correlação clínico-laboratorial e a exacta interpretação clínica dos resultados. (1, 5) O laboratório clínico deve assegurar que os resultados produzidos reflictam, de forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes,
  • 14. 2 assegurando que não representem o resultado de alguma interferência no processo. (3) Durante o processo analítico de qualquer amostra biológica, há uma grande probabilidade de ocorrência de erros ou inconformidades nos resultados, sendo que o elemento mais sensível na produção de erros diz respeito à actividade humana, em que múltiplos indivíduos interagem no processamento do espécime biológico. (6, 7) Desta forma, faz-se necessária a realização de um estudo que nos permita conhecer os principais erros decorrentes da actividade laboratorial, de modo a que se possa dar uma solução a estes.
  • 15. 3 I. 1 - Fundamentação do problema I.1.1. Problema de investigação O controlo de qualidade implica um conjunto de medidas que objectivam evitar, identificar e resolver possíveis erros decorrentes da actividade laboratorial. Os erros laboratoriais põem em causa a fiabilidade dos exames realizados em um laboratório e impactam de forma negativa na decisão terapêutica do corpo clínico e na segurança do paciente. A prática laboratorial tem cada vez mais evidenciado a probabilidade de ocorrência de erros durante as fases do processo analítico, comprometendo, de algum modo, a decisão terapêutica do corpo clínico de uma unidade sanitária. Desta forma, o presente estudo propõe-se a responder à seguinte questão: Qual é a frequência de erros nos exames realizados no laboratório clínico do Centro Médico da ENDE-EP? I.1.2. Justificativa A escolha do tema deve-se à necessidade de compreensão do quanto já se abordou sobre o assunto e compará-lo com a nossa realidade em termos de prática laboratorial. O presente trabalho baseia-se no campo das ciências da saúde e constitui uma mais-valia para a comunidade académica, bem como para gestores hospitalares. A frequência de erros nos exames laboratoriais, com a consequente indicação terapêutica inadequada são problemas que carecem de resolução imediata. O presente estudo surge, desta forma, para identificar esses erros, a frequência com que ocorrem esses erros e apontar medidas de controlo de qualidade que permitam evita-los, dando, assim um contributo na melhoria da prática laboratorial clínica.
  • 16. 4 I.1.3. Objecto de estudo Controlo de qualidade dos exames realizados no laboratório de análises clínicas do Centro Médico da ENDE-EP. I.1.4. Objectivos I.1.4.1. Geral Conhecer a frequência de erros no laboratório clínico do Centro Médico da ENDE- EP no período de 13 de Agosto a 13 de Novembro de 2021. I.1.4.2. Específicos  Identificar os principais erros laboratoriais durante o processo analítico;  Estimar a frequência de erros pré-analíticos;  Estimar a frequência de erros analíticos;  Estimar a frequência de erros pós-analíticos;  Avaliar a frequência de erros segundo a secção do laboratório.
  • 17. 5 Capítulo II - Fundamentação Teórica 2.1. Conceito de controlo de qualidade O controlo de qualidade consiste em um conjunto de técnicas e actividades operacionais utilizadas para atender aos requisitos de qualidade. (8) A qualidade tem sido definida como aptidão para o uso, a conformidade com os requisitos e a busca da excelência. (1, 8) Muitas vezes, no entanto, “garantia de qualidade” e “controlo de qualidade” costumam ser usados de forma intercambiável, referindo-se às acções realizadas para garantir a qualidade de um produto, serviço ou processo. (8) Assim, importa igualmente, apresentar o conceito de garantia de qualidade. A garantia de qualidade consiste em todas as actividades planeadas e sistemáticas implementadas dentro do sistema de qualidade que podem ser demonstradas para fornecer confiança de que um produto ou serviço atenderá aos requisitos de qualidade. (8) 2.2. História do controlo de qualidade A gestão de qualidade dos serviços laboratoriais com o acompanhamento de indicadores de desempenho teve início na década de 80, nos Estados Unidos. Pesquisadores e especialistas indicavam a importância deste tipo de processo, o que levou profissionais de diversas organizações internacionais a estabelecer critérios de avaliação de qualidade dos laboratórios. (9) Embora o conceito de qualidade tenha existido desde os primórdios, o estudo e a definição da qualidade foram destaque apenas no século passado, como descrito a seguir. Década de 1920: após a Revolução Industrial e o aumento da produção em massa, tornou-se importante definir e controlar melhor a qualidade dos produtos. (8)
  • 18. 6 Década de 1950: A profissão de qualidade expandiu-se para incluir a garantia de qualidade e funções de auditoria de qualidade. Os líderes da verificação independente da qualidade eram principalmente indústrias nas quais a saúde e a segurança públicas eram primordiais. (8) Década de 1980: As empresas perceberam que a qualidade não era apenas o domínio dos produtos e processos de fabricação, e os princípios de gestão da qualidade total foram desenvolvidos para incluir todos os processos em uma empresa, incluindo funções de gerenciamento e sectores de serviços. (8, 10) Houve muitas interpretações do que é a qualidade e actualmente os termos que descrevem a qualidade incluem a redução da variação, o aumento do valor agregado e a conformidade com as especificações. (8, 10) Na área da saúde, a filosofia da qualidade não difere da aplicada nas indústrias. A adequação do produto ou serviço aos anseios do cliente é um fundamento de qualidade perfeitamente aplicável aos diversos serviços de assistência à saúde. (11) Década de 1990: Houve um consenso sobre os objectivos da qualidade e suas especificações no ambiente do laboratório clínico e assim foram definidos os conceitos de controlo da qualidade, garantia da qualidade e gestão total da qualidade. (11) Na Europa, a organização The International Federation of Clinical Chemistry liderou as iniciativas de padronização mundial dos indicadores laboratoriais, a partir de 2013. Desde então, foram estabelecidos alguns indicadores básicos que visam aperfeiçoar e harmonizar o monitoramento de desempenho dos laboratórios internacionais. (9) Em Angola, a história do controlo de qualidade remonta ao ano de 1955 com a criação do Instituto de Investigação Médica de Angola (IIMA) na província de Nova Lisboa, actual Huambo, que em 1970, passou a designar-se Instituto Provincial de
  • 19. 7 Saúde Pública de Angola (IPSPA), com a sua sede em Luanda e subordinado ao Governo Geral da Província de Angola. (12) Em 1973, após a realização de estudos de caracterização exclusiva das doenças endémicas de Angola (doença do sono, bilharziose, lepra, malária, dermatomicoses e arboviroses), o IPSPA passou a subordinar directamente ao Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa/Portugal. Em 1981, com a independência de Angola (1975) foi criada uma comissão que trabalhou na reformulação do Estatuto Orgânico do IPSPA e propôs a criação do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) como órgão para o estudo e pesquisa na área da saúde, directamente subordinado ao Ministério da Saúde (MINSA) com os seguintes objectivos específicos: (12) a) Executar e promover a pesquisa em saúde; b) Formar o seu próprio pessoal em pesquisa; c) Colher e produzir informação sobre pesquisa em saúde. Em 2018, no quadro da aprovação do Decreto Presidencial nº 21/18 de 30 de Janeiro, o Instituto Nacional de Saúde Pública passou a designar-se Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS), tendo como principal actividade o desenvolvimento de acções no domínio da investigação no Sector da Saúde e coordenar as iniciativas de outras entidades sanitárias com atribuições de investigação científica em saúde. (12) O INIS rege-se por um estatuto próprio e supervisiona a Rede Nacional de Laboratórios (RNL) do país, primando pelo controlo de qualidade dos serviços prestado pelos seus laboratórios para assegurar que os resultados produzidos reflictam, de forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes, assegurando que não representem o resultado de alguma interferência no processo analítico, contribuindo desta forma na definição dos padrões técnicos para o funcionamento dos laboratórios clínicos e ambiental nas distintas fases do processo analítico: pré-analítica, analítica e pós-analítica. (13)
  • 20. 8 2.3. Qualidade no laboratório clínico O constante progresso tecnológico na área laboratorial tem possibilitado a ampliação do número e dos tipos de analitos passíveis de análise, aumentando, significativamente, a importância do laboratório na decisão médica e na tomada de condutas terapêuticas. (11) Para Westgard e Darcy (14), “a medicina laboratorial pode ser considerada sector pioneiro na área médica a promover e introduzir os conceitos da qualidade”. O laboratório clínico deve assegurar que os resultados produzidos reflictam, de forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes, assegurando que não representem o resultado de alguma interferência no processo. (15) Para tal, é necessário o controlo desses processos, para que o laboratório seja capaz de identificar possíveis falhas que possam vir a acontecer ou as que já aconteceram. Além disso, o laboratório deverá estar preparado para agir prontamente para evitar ou minimizar as consequências e a recorrência dessas falhas. Isso tudo acaba por se traduzir em um processo chamado garantia da qualidade. (3, 15) A garantia da qualidade de todas as fases do processo analítico pode ser conseguida por meio da padronização de cada uma das actividades envolvidas, desde o atendimento ao paciente até a liberação do laudo. Com isso, pode-se alcançar a qualidade que se almeja e, com a gestão da qualidade, garanti-la. (16) Todas essas actividades no laboratório devem ser documentadas por meio de procedimentos operacionais padrão (POP) ou instruções de trabalho (IT), que deverão estar sempre acessíveis aos funcionários envolvidos nas actividades. (15, 16).
  • 21. 9 Os POP´s são documentos que descrevem detalhadamente cada actividade do laboratório, como por exemplo, o atendimento ao cliente, a colheita de amostras, limpeza e descarte de material, manipulação de equipamentos, a realização dos diversos exames e a liberação de laudos. (2, 16) Deve, igualmente, existir o Manual da Qualidade (MQ), que é o documento que descreve todos os passos inerentes à obtenção de um programa para garantir a qualidade em laboratórios e inclui os seguintes itens: organograma do laboratório, responsabilidades, descrição do laboratório, política da qualidade, instalação do laboratório, recursos humanos, auditorias internas e treinamentos. (4) 2.4. Garantia da qualidade no laboratório clínico A garantia da qualidade corresponde ao conjunto de actividades planeadas e sistemáticas de uma empresa, que garantem que os seus serviços atendem aos requisitos da qualidade. (16) Assim, entende-se que a garantia da qualidade compreende toda a acção sistemática necessária para dar confiança aos serviços de laboratório a fim de atender às necessidades de saúde do paciente e engloba as actividades relacionadas com os processos pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos. (16, 17) Em 1999, a Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina Laboratorial (AMSPML) e a Federação Internacional de Química Clínica (FIQC) divulgaram um documento sobre Princípios da Acreditação para Laboratórios Clínicos, onde consta que “é do interesse dos pacientes, da sociedade e do governo que os laboratórios clínicos operem dentro de altos padrões de competência profissional e técnica pelas seguintes razões: (2, 4) a) As decisões quanto ao diagnóstico, prognóstico e terapêutica são, frequentemente, baseados nos resultados ou na interpretação de exames laboratoriais, e, portanto, danos irreversíveis podem ser causados por resultados errados;
  • 22. 10 b) Os usuários de serviços de laboratórios, tanto pacientes quanto médicos, podem não possuir conhecimentos técnicos suficientes para avaliar se um laboratório opera a um nível satisfatório de qualidade; c) Os pacientes e, em menor grau, os médicos, podem não ter opção quanto a que laboratório utilizar; d) Os exames de laboratório podem ser dispendiosos e os pacientes, as seguradoras, ou o governo, que pagam os exames, têm o direito de esperar que o laboratório forneça informações válidas; e) É do interesse dos laboratórios que sua competência seja atestada por processo de auditoria, por comparação com padrões apropriados e que isto se torne público”. Deste modo, para garantir a qualidade dos seus serviços, o laboratório deve implantar um sistema de qualidade aliado a um processo de gestão da qualidade que possa dar sustento a todas as suas actividades. (16) Dentre os métodos incluídos em um Programa de Garantia da Qualidade estão as boas práticas laboratoriais (BPL), a padronização de técnicas, sistemas de controlo de qualidade interno e externo, as análises estatísticas e os demais aspectos que garantam a qualidade dos resultados levados aos clínicos. (4, 18) As normas das boas práticas laboratoriais cobrem todas as técnicas envolvidas no processo, transporte e armazenamento de material, treinamento de pessoal, espaço e equipamento adequados. (4) A garantia da qualidade no laboratório é conseguida mediante controlo interno e externo da qualidade. 2.4.1. Medidas de controlo de qualidade interno As medidas de controlo de qualidade interno (CIQ) consistem na monitorização da aparelhagem e do material do laboratório. Para tal, podem ser utilizadas amostras- controlo com resultados conhecidos, amostras replicada sem conhecimento dos
  • 23. 11 técnicos, avaliação dos métodos empregados, avaliação dos resultados dos pacientes e correlação entre dados clínicos e laboratoriais. (16, 18) Através do controlo interno pode-se avaliar o funcionamento confiável e eficiente dos procedimentos laboratoriais para fornecer resultados válidos, que possam contribuir eficazmente no estabelecimento do diagnóstico pelo clínico. (3, 16) O CIQ tem a finalidade de garantir a reprodutibilidade (precisão), verificar a calibração dos sistemas analíticos e indicar o momento de se promover acções correctivas quando surgir uma situação de inconformidade. (16) Todo laboratório deve estabelecer e manter um sistema próprio de controlo de melhoria da qualidade, considerando o tipo, o volume e a complexidade dos exames que realiza. (19) A equipa da garantia da qualidade no laboratório clínico necessita de elementos que permitam reconhecer as inconformidades, analisá-las e propor acções correctivas e/ou preventivas. (17) Uma das ferramentas que permitem fazer essa avaliação é o gráfico de controlo da qualidade. (16, 17) 2.4.2. Medidas de controlo de qualidade externo O controlo externo da qualidade (CEQ) é o controlo interlaboratorial. É um sistema de controlo em que o resultado de cada exame do laboratório participante de um programa é comparado com a média de consenso do seu grupo. (16) A média de consenso para cada analito é calculada pelo patrocinador do programa utilizando os resultados enviados pelos laboratórios, que são agrupados por metodologias de ensaio empregadas. (16)
  • 24. 12 Deste modo, o CEQ tem por objecto padronizar os resultados de laboratórios diferentes através da comparação interlaboratorial de análises de alíquotas do mesmo material. (3) As avaliações obtidas pelos programas de controlo de qualidade externo são importantes para implementar o sistema de controlo interno. Pois, mesmo quando todas as precauções possíveis são tomadas para assegurar a exactidão e a precisão nos laboratórios, certos erros são detectados apenas através de uma avaliação externa. (18) 2.4.2.1. Teste de proficiência O teste de proficiência (TP) é um outro tipo de programa de avaliação externa da qualidade para laboratórios clínicos. O TP consiste de amostras múltiplas de valor desconhecido enviadas periodicamente aos laboratórios para realização de ensaios ou identificação. (16, 18) Os laboratórios são agrupados por metodologia e equipamento e os resultados são comparados com os dos outros participantes. (3, 16) A simples participação em um programa de ensaio de proficiência não garante o bom desempenho dos testes avaliados. Os dados fornecidos devem ser utilizados para comparação com resultados das diversas rodadas subsequentes. (11) 2.5. Utilidade dos exames laboratoriais O valor dos exames laboratoriais na prática geral é amplamente reconhecido. O seu uso, porém, tem aumentado nas últimas décadas, e questões sobre a justificativa deste aumento e o seu provável prejuízo têm sido levantadas. (20) Além disso, a variação entre médicos em pedidos de exames laboratoriais tem sido grande. Factores como envolvimento no desenvolvimento de directrizes, trabalho de grupo e experiência de mais de um ano com um certo problema foram correlacionados com um menor número de solicitações de exames laboratoriais. Queixas inexplicáveis e expectativas dos pacientes também têm sido
  • 25. 13 correlacionadas com o aumento da probabilidade solicitação de exames laboratoriais. (20) Os exames laboratoriais podem ser usados para vários fins. Um deles é diminuir a incerteza diagnóstica em um paciente que apresenta um conjunto de sinais e sintomas. Outro é o monitoramento de um conhecido problema de saúde ou tratamento. Em terceiro lugar, um número bastante grande de exames são solicitados para fins de triagem ou de apuração de casos. Por fim, acredita-se que razões não médicas, como a solicitação do paciente, sejam responsáveis por uma proporção de testes laboratoriais na prática geral. (21) Para Speicher, Smith (6), os contextos clínicos podem ser agrupados em três grandes categorias: diagnóstico, monitoramento e triagem, sendo os exames laboratoriais solicitados por uma das seguintes razões: a) Confirmação de uma suspeita clínica; b) Gestão de um possível diagnóstico ou doença; c) Para guia ou gestão terapêutica; d) Para orientação prognóstica; e) Para detecção de doença (triagem). A crescente complexidade da assistência à saúde tem tornado cada vez mais árduo o caminho para transferência do conhecimento científico para a prática clínica. Tal complexidade impõe riscos de diversas magnitudes que, caso não sejam mitigados, aumentam as chances de ocorrência de incidentes e danos aos pacientes. (2, 22) 2.6. Erros no laboratório clínico Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (23), “um erro é uma falha (inconformidade) decorrente da execução de uma acção planeada, como intencionado, ou a aplicação de um plano incorrecto”. Para Plebani (24), “o erro laboratorial é uma falha ocorrida em qualquer parte do ciclo laboratorial, ou seja, desde a solicitação médica até a interpretação e a reacção do
  • 26. 14 médico diante do resultado reportado, ou qualquer defeito na realização do teste que gere um resultado inapropriado ou uma interpretação equivocada”. Ainda de acordo com Hollensead, Lockwood, Elin (22), “os erros incluem todos os defeitos ocorridos desde o pedido de exame até a liberação do resultado, incluindo a interpretação apropriada e a reacção a este”. Como descrito anteriormente, cada procedimento laboratorial é realizado segundo princípios estabelecidos nos POP´s, com vista a garantia da qualidade, que se não cumpridos são passíveis de erros. A grande maioria dos profissionais de laboratório clínico realiza tarefas rotineiras e repetitivas, executando as suas actividades em cumprimento aos POP´s e as instruções de trabalho. (25) Assim, segundo O´Kane (26), em relação a exames laboratoriais, uma “falha na qualidade pode ser definida como qualquer falha na adequação aos requisitos de qualidade necessários a uma óptima assistência ao paciente, o que inclui problemas ocorridos nas fases pré-analítica, analítica e pós-analítica, ou seja, desde a selecção do exame solicitado até o reporte do resultado e a apropriada interpretação do médico, que pode resultar em gerenciamento incorrecto do paciente”. O processo que culmina na execução de um exame laboratorial inicia-se na avaliação clínica, no estabelecimento de uma hipótese diagnóstica e na solicitação de exames dirigida para os diagnósticos aventados. O processo final se concretiza por meio da utilização, pelo médico, da informação gerada pelo laboratório. (6, 27) Se forem fornecidos resultados imprecisos, as consequências podem ser muito significativas, incluindo: tratamento desnecessário, complicações no tratamento, atraso no diagnóstico correcto e exames adicionais e desnecessários. Essas consequências resultam em aumento de custo no tempo e esforço de pessoal, e muitas vezes em resultados ruins para os pacientes. (6, 28)
  • 27. 15 Para melhor compreender as fontes de erros em laboratórios clínicos, é necessário conhecer e analisar as fases que compõem esse tipo de serviço de diagnóstico. (29) As diversas etapas de execução de um exame são divididas, classicamente, em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica, sendo que cada etapa contempla a possibilidade de erros que afectam a qualidade e a confiabilidade do resultado. (6, 27) 2.6.1. Fase pré-analítica A fase pré-analítica compreende a etapa entre a solicitação e a realização do exame no laboratório, sendo responsável por mais de dois terços dos erros laboratoriais. Esta fase inicia com a solicitação da análise, passando pela obtenção da amostra e termina com o início da análise propriamente dita. (25, 29, 30). Importa aqui salientar que o médico solicitante, ou seus auxiliares directos, devem ser responsáveis pela primeira instrução ao paciente sobre as condições requeridas para a realização do exame informando-o sobre a eventual necessidade de preparo, como jejum, interrupção do uso de alguma medicação, dieta específica, ou ainda a não realização de actividade física antes da colheita das amostras. Outra forma seria o paciente contactar o laboratório clínico, onde receberia informações adicionais e complementares, como o melhor horário para a colheita e a necessidade da retirada de frascos próprios para a colheita domiciliar de algum material biológico. (29) É na fase pré-analítica que ocorre a maior parte dos erros, os quais, normalmente são oriundos da elevada rotatividade de pessoal do laboratório, negligência, falta de entendimento sobre boas práticas em laboratório, treinamento ineficiente e falta de orientação aos pacientes sobre os procedimentos que serão realizados. (24, 29) Alguns estudos constataram que a fase pré-analítica é a mais vulnerável a erros, sendo responsável por, aproximadamente, 60 a 90% dos erros laboratoriais (29, 31)
  • 28. 16 Alguns dos erros que podem ocorrer nesta fase são: interpretação inadequada da requisição médica, identificação incorrecta do paciente, orientação inadequada ao paciente, colheita inadequada, identificação incorrecta da amostra biológica, preparação inadequada do paciente, horário incorrecto de colheita, volume insuficiente de amostra, utilização de tubo de colheita inadequado, incorrecta proporção entre sangue e anticoagulante, acondicionamento impróprio da amostra, contaminações, ausência de informações sobre o uso de medicamentos, estase venosa prolongada e centrifugação inadequada. (24, 29, 31) 2.6.2. Fase analítica A fase analítica compreende o conjunto de operações utilizado na realização das análises laboratoriais por um determinado método. Os processos envolvidos nesta fase dão continuidade aos iniciados na fase pré-analítica. (29) Nesta fase as diversas variáveis analíticas devem ser bem controladas a fim de garantir que os resultados sejam precisos e exactos. (11) São tidos em conta nesta fase parâmetros como confiabilidade (exactidão, precisão, sensibilidade, especificidade e linearidade); praticidade (tipo de amostra, volume, complexidade metodológica, duração do ensaio, estabilidade de reagentes, robustez, interacção com amostras, equipamentos, custo e segurança pessoal), calibração dos dispositivos de medição e ensaio (equipamentos, vidrarias e pipetas) e limpeza da vidraria. (11, 21, 29) Os erros observados frequentemente nesta fase são a falha no equipamento, perda da amostra, troca de amostra, contaminação entre amostras, sistema analítico não validado previamente à análise, falhas não detectadas no controlo interno de qualidade, entre outros, constituindo entre 7 e 13% dos erros laboratoriais. (31, 32) 2.6.3. Fase pós-analítica A fase pós-analítica, última fase dos procedimentos laboratoriais, inclui a emissão e conferência dos resultados pelo Responsável Técnico (RT), nela os erros podem
  • 29. 17 variar de 18,5% a 47%, sendo que a grande maioria decorre da digitação errada de informações relativas ao paciente e aos resultados. (24, 32) Os erros frequentemente verificados nesta fase são: perda do resultado, interpretação incorrecta do resultado e acção subsequente, erro na transcrição dos resultados, tempo de liberação dos resultados acima do especificado, problemas com o sistema de informação laboratorial e valores de referência e limites de decisão inapropriados. (22, 31). Teixeira, Chicote, Daneze (32) também relataram falhas de impressão correspondentes a problemas técnicos com a impressora da unidade laboratorial e falhas no sistema decorrentes da necessidade de manutenções, dificultando o acesso ao cadastro de pacientes, inclusão de exames solicitados e digitação de laudos. Os erros na entrega do resultado têm um impacto significativo na segurança do paciente, na carga de trabalho da equipa e nos custos para o laboratório. (31) 2.7. Como lidar com erros no laboratório A auditoria clínica é um processo de melhoria contínua que determina a qualidade do cuidado em relação às normas e inicia acções de melhoria quando estas não são alcançadas. O ciclo de auditoria inclui as seguintes etapas: (33) a) Observação da prática quotidiana; b) Definição de normas; c) Comparação da prática com normas e implementação de mudança. Durante a realização do processo de controlo interno da qualidade, o profissional de laboratório clínico enfrenta diversos desafios, principalmente relacionados aos alertas do sistema, que indicam uma situação de não conformidade. Saber como lidar com a perda do controlo e quais atitudes devem ser tomadas é essencial para garantir os resultados dos exames. (34)
  • 30. 18 Os factores pré-analíticos são difíceis de monitorar e controlar, uma vez que grande parte destes ocorre fora do laboratório. (16, 35) Basques recomenda 7 atitudes para lidar com inconformidades no durante o processo analítico: (34) a) Inspecionar detalhadamente o gráfico de controlo e as regras violadas; b) Analisar as possíveis causas de erros; c) Realizar intervenções no sistema, visando corrigir o problema; d) Anotar as medidas adoptadas para correcção; e) Realizar nova corrida analítica, para controlo e amostras de pacientes; f) Testar os novos dados; g) Interpretar o resultado da última avaliação e decidir o encaminhamento. Em relação aos erros pós-analíticos a Abbott Diagnostics recomenda: (36) a) Notificação imediata dos valores críticos: resultados de testes que representam valores críticos para o gerenciamento de pacientes precisam ser transmitidos para o médico assim que possível, geralmente por uma comunicação alternativa, como telefone, e-mail ou correio de texto; b) Orientações interpretativas e informações de segurança: juntamente com o resultado do teste, informações sobre intervalos de referência, possíveis interferências na amostra e orientações interpretativas devem ser fornecidos para garantir o uso seguro dos resultados dos testes; c) Fornecimento de relatório de teste: relatórios de testes adequados devem ser fornecidos, conforme necessário, para facilitar o atendimento de pacientes; d) Tempo de resposta: ao longo de todo o processo, da colheita de amostras à geração de relatórios com os resultados dos testes, as amostras devem ser rastreadas com o local e a hora para identificar atrasos ao longo de todo o processo de teste total; e) Reclamações de clientes: todo feedback de médicos, enfermeiros e pacientes deve ser documentado para identificar problemas durante o processo de teste total. Acções correctivas e preventivas devem ser documentadas, e planos de melhoria devem ser realizados.
  • 31. 19 A importância de implantar um sistema de controlo de qualidade no laboratório de análises clinica é reconhecer e minimizar os erros analíticos no laboratório, visando avaliar o desempenho do mesmo e consequentemente obter resultados confiáveis e seguros. Para atingir esse objectivo, a equipa responsável pela gestão do laboratório deve implantar um Sistema de Controlo da Qualidade que permita aos seus integrantes a garantia dos resultados diariamente seguindo alguns passos como: tomar providências imediatas para eliminar as causas das não conformidades encontradas, através de acções correctivas, tomando medidas preventivas para evitar uma nova ocorrência das não conformidades encontradas. (37) 2.8. Importância da padronização no laboratório clínico O gerenciamento correcto de uma instituição de saúde garante sucesso aos negócios. (38) O mercado de medicina laboratorial tem se mostrado continuamente desafiador e competitivo com os movimentos de consolidação de laboratórios em grandes redes. Também pelos novos modelos de negócio, pelas tendências para industrialização das operações, pela rápida evolução tecnológica, e uma demanda crescente por maior produtividade nos laboratórios. Ao mesmo tempo, os pacientes buscam por organizações que ofereçam o melhor atendimento, acesso rápido e eficiente aos resultados com segurança. (9) Os laboratórios de análises clínicas contribuem em evidências dos testes laboratoriais, nas avaliações, tomada de decisão clínica, no diagnóstico, prevenção e liberação dos resultados. (39) Desta maneira, o laboratório de análises clínicas, como serviço de saúde, se presta no atendimento dos seus clientes com rapidez, segurança, eficiência e eficácia. (40) Sendo assim, os laboratórios clínicos vêm aprimorando o sistema de gestão da qualidade com o uso de procedimentos padronizados, condizentes com
  • 32. 20 regulamentações técnicas e boas práticas de laboratório, podendo garantir a confiabilidade dos resultados com o mínimo de erros e interferências e a integridade das pessoas, instalações e equipamentos. (39, 40). A importância da padronização no laboratório clinico se reflecte no estabelecimento de uma maneira pré-definida para executar todas as etapas envolvidas na realização de um determinado exame. Com ela é possível assegurar a monitoração da qualidade dos resultados finais. (16, 40). O principal benefício em se ter um modelo único que atenda todo o fluxo de trabalho é a redução de erros e de retrabalho, o que influencia directamente na produtividade dos colaboradores envolvidos. (19) Diante de um mercado extremamente competitivo, e escassez momentânea de recursos, os laboratórios precisam melhorar seu desempenho para garantir escala e, ao mesmo tempo, investir em um bom ambiente de trabalho para os profissionais e na qualidade no atendimento aos pacientes. Neste sentido, o uso de um sistema de gestão laboratorial é a chave para tornar o processo prático e eficiente. (38) A implementação de um sistema de gestão laboratorial traz, entre outros, os seguintes benefícios: (41) a) Rastreabilidade de amostras Desde o momento em que é feita a emissão da senha até o resultado, cada movimento feito pela amostra, dentro ou fora do laboratório, é registrado e monitorado pelo sistema através de códigos de barras. b) Escalabilidade do negócio A evolução e o crescimento do negócio é possível por meio de uma plataforma que pode se expandir em diversos ambientes e áreas técnicas. Dentre elas podemos citar a expansão do atendimento ambulatorial, o aumento da relação com laboratórios de apoio ou até mesmo crescimento de unidades hospitalares.
  • 33. 21 c) Aumento na agilidade da entrega dos resultados O sistema de informação laboratorial também faz com que a liberação dos resultados seja feita de forma automatizada, através da configuração de parâmetros e flags, disponibilizando os resultados rapidamente assim que os exames são processados. d) Troca de informações O sistema também garante segurança na troca de informações, o que é essencial entre sistemas de hospitais, operadoras, laboratórios de apoio, etc. Todo esse processo de transmissão de informações é rigorosamente rastreado, o que assegura confiabilidade ao negócio. e) Eficiência na área operacional O sistema de gestão influencia directamente na agilidade e na automatização dos processos, aprimorando o fluxo de trabalho e impactando positivamente na diminuição dos erros; Esse sistema oferece uma visão ampla de tudo o que é feito dentro do laboratório, além de permitir o acompanhamento dos status das amostras em tempo real. Essa visão dá ao gestor a possibilidade de agir antecipadamente à cenários específicos, como por exemplo, evitar gargalos na produtividade do laboratório, garantindo um funcionamento melhor para o mesmo. f) Agilidade no atendimento ao cliente Um bom sistema de gestão reflectirá em uma boa experiência ao cliente final do laboratório: o paciente. Ele será atendido mais rapidamente, terá seu resultado em um tempo menor e com maior confiabilidade.
  • 34. 22 Capítulo III - Metodologia 3.1. Tipo de estudo Foi feito um estudo observacional descritivo, do tipo prospectivo. Para tal, por um período de 3 meses, foi acompanhada a rotina diária de atendimento, processamento e liberação de resultados do laboratório e os erros ou inconformidades foram anotados à medida que ocorressem. 3.2. Local de estudo O estudo foi feito no laboratório clínico do Centro Médico-Sede da ENDE-EP, localizado na província de Luanda, Distrito Urbano da Maianga, na Av. Revolução de Outubro. O laboratório do Centro Médico realiza, em média, cerca de 2200 exames por mês, funcionando com 8 técnicos distribuídos em 4 turnos. 3.3. Universo O universo foi constituído por 2200 procedimentos realizados nas fases pré- analítica, analítica e pós-analítica. 3.4. Amostra Para amostra foram seleccionados e observados 339 procedimentos realizados com utentes e respectivos espécimes biológicos, sendo diariamente seleccionados os 4 primeiros utentes. Para a fase pré-analítica foram observados todos os procedimentos realizados com os referidos utentes: identificação do paciente, orientações dadas ao paciente, colheita do espécime biológico e identificação do espécime. Para a fase analítica foram observados os procedimentos realizados com as amostras biológicas, ou seja, as análises propriamente ditas. Para a fase pós-analítica foram observados o modo de interpretação dos resultados, a transcrição, o registo e a entrega dos resultados ao utente.
  • 35. 23 3.5. Critérios de inclusão Foram incluídos no estudo apenas procedimentos como registo, identificação e orientações ao paciente, colheita, realização de exames, conferência, registo, arquivo e liberação dos resultados, realizados no período de 13 de Agosto a 13 Novembro de 2021. 3.6. Critérios de exclusão Foram excluídos do estudo erros de identificação do paciente, contidos na requisição, porém ocorridos fora do laboratório, falhas na selecção de exames na requisição, pelo médico, e amostras colhidas fora da unidade hospitalar que não cumprissem com as orientações de conservação e transporte. 3.7. Definição operacional das variáveis Variáveis Classificação Definição Escala de medição Erro laboratorial Qualitativa nominal Segundo a falha ocorrida durante o processo analítico Politómica Erro pré- analítico Qualitativa nominal Segundo a falha ocorrida durante a fase pré-analítica - Identificação incorrecta do paciente - Interpretação incorrecta da requisição - Colheita inadequada - Volume insuficiente de amostra Identificação incorrecta da amostra - Proporção incorrecta sangue/anticoagulante
  • 36. 24 Erro analítico Qualitativa nominal Segundo a falha ocorrida durante a fase analítica - Falha no equipamento - Perda de amostra - Troca de amostra - Contaminação Erro pós- analítico Qualitativa nominal Segundo a falha ocorrida durante pós-analítica - Perda de resultados - Interpretação incorrecta do resultado - Transcrição incorrecta do resultado - Demora na entrega dos resultados Secção laboratorial Qualitativa nominal Segundo a secção do laboratório conforme o exame Hematologia, Bioquímica, Serologia, Urinologia, Parasitologia 3.8. Instrumentos de investigação O levantamento bibliográfico foi baseado em pesquisa de livros, manuais técnicos e artigos científicos nas bases de dados Pubmed e Lilacs e em fontes de pesquisa como Scielo e Google Académico, referentes ao tema escolhido. Para a recolha dados foi acompanhada, por um período de 3 meses a rotina de atendimento, processamento e liberação de laudo do laboratório clínico do Centro Médico da ENDE-EP. Os dados foram recolhidos mediante fichas de recolha de dados sectorizadas em fase pré-analítica, fase analítica e fase pós-analítica (ver anexos), pré-elaborados e discutidos com o orientador. Os dados foram inseridos em sistema informatizado e analisados em frequências absolutas e percentagens, mediante o programa estatístico Excel 2013. Os resultados foram apresentados sob a forma de tabelas e gráficos, elaborados, igualmente, no programa Microsoft Excel 2013; o texto digitado no programa Microsoft Word 2013 e apresentado no software PowerPoint 2013.
  • 37. 25 3.9. Aspectos éticos Para a recolha de dados foi escrita uma carta pedindo autorização para o efeito, dirigida à Direcção do Centro Médico da ENDE-EP. Os dados foram recolhidos após autorização da Direcção do Centro e os resultados foram mantidos em sigilo, sendo apenas utilizados para fim académico.
  • 38. 26 Capítulo IV - Apresentação e discussão dos resultados De um total de 339 procedimentos, observou-se 55 erros ou inconformidades laboratoriais, cuja distribuição é descrita como se segue. 4.1. Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico Quanto à fase do processo analítico, a fase pré-analítica registou maior percentagem de erros (62%), conforme consta no gráfico 1. Gráfico 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico. Laboratório Clínico do Centro Médico da ENDE-EP, 2021 Fonte: Dados do Autor A fase pré-analítica é uma fase muito sensível e geralmente apresenta maior número de variáveis. Este facto, além do fluxo de pacientes atendidos nessa fase, provavelmente justificaria a maior percentagem de erros em relação às outras fases. Estes resultados coincidem com os resultados obtidos por Wislocki, em 2011, onde a frequência de erros foi de 68% na fase pré-analítica e de 18% na fase pós- analítica. (25) Entretanto, não coincidem com os resultados obtidos por Teixeira, Chicote, Daneze, em 2016, onde a frequência de erros foi de 21,26% na fase pré-analítica; 54,90% na fase analítica e 23,83% na fase pós-analítica. (32) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Fase pré-analítica Fase analítica Fase pós-analítica 62% 22% 16%
  • 39. 27 4.2. Distribuição dos erros na fase pré-analítica Em relação à fase pré-analítica, a proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante e volume insuficiente de amostra predominaram com 15%, respectivamente, seguidos por colheita inadequada e orientação inadequada ao paciente com 12%, respectivamente (gráfico 2). Gráfico 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico da ENDE-EP, 2021 Fonte: Dados do Autor Estes resultados não coincidem com os resultados obtidos por Guimarães e colaboradores, em 2011, onde a colheita inadequada ocorreu com 2,1%; a interpretação incorrecta da solicitação médica com 3,2%; erro na identificação do paciente, com 3%; a colheita em tubo inadequado com 3% e incorrecta proporção entre sangue e anticoagulante com 13%. (29) A diferença entre estes resultados poderá ser devida a tempos diferentes, autores diferentes, entre outros factores. Entretanto, a preparação, a segurança do técnico e a orientação dada ao paciente nos dias prévios à realização da colheita, bem como o fluxo de actividade no laboratório, provavelmente estariam na base do predomínio dessas variáveis. 6% 9% 12% 6% 9% 12% 15% 9% 9% 15% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% Identificação incorrecta do paciente Interpretação incorrecta da requisição Orientação inadequada ao paciente Preparação inadequada do paciente Horário incorrecto da colheita Colheita inadequada Volume insuficiente de amostra Identificação incorrecta da amostra Utilização de tubo inadequado Proporção incorrecta sengue/anticoagulante
  • 40. 28 4.3. Distribuição dos erros na fase analítica Quanto à fase analítica, predominaram a falha no equipamento com 33% de ocorrência, a contaminação entre amostras e a troca de amostras com 25%, respectivamente, conforme consta no gráfico 3. Gráfico 3: Distribuição dos erros na fase analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico da ENDE-EP, 2021 Fonte: Dados do Autor Teixeira e colaboradores, em 2016, obtiveram 68% erros por contaminação entre amostras e 5% de erros por falha no equipamento, o que não coincide com os resultados obtidos no presente estudo. (32) A predominância desses erros é, geralmente, devida à preparação, falta de atenção do técnico na execução dos procedimentos e à não calibração e verificação do estado dos equipamentos antes da realização dos exames. Os erros por contaminação entre amostras, contudo, ocorreram na realização de exames de serologia (executados manualmente) como Reacção de Widal, PCR, Factor Reumatoide, entre outros. 33% 17% 25% 25% 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 Falha do equipamento Perda de amostra Troca de amostra Contaminação entre amostras
  • 41. 29 4.4. Distribuição dos erros na fase pós-analítica Quanto à fase pós-analítica, ocorreram, predominantemente, a interpretação incorrecta dos resultados e a demora na entrega dos mesmos, com 33%, respectivamente. A transcrição incorrecta dos resultados ocorreu com 22%, conforme mostra o gráfico 4. Gráfico 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica. Laboratório Clínico do Centro Médico da ENDE-EP, 2021 Fonte: Dados do Autor Esses erros geralmente ocorrem por falta de atenção do técnico, avaria ou inexistência de um sistema automatizado no laboratório. De acordo com Teixeira e colaboradores, em 2016, a transcrição incorrecta dos resultados teve maior incidência, o que não coincide com o resultado do presente trabalho, devendo-se, principalmente, à distrações durante o procedimento. (32) De modo geral, nota-se grande heterogeneidade nos valores obtidos para uma mesma variável nas publicações relacionadas. (27) 11% 33% 22% 33% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Perda de resultados Interpretação incorrecta de resultados Transcrição incorrecta dos resultados Demora na entrega dos resultados
  • 42. 30 4.5. Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório Quanto à distribuição dos erros segundo a secção do laboratório, a Hematologia registou maior ocorrência de erros (53%), seguido pela secção de Bioquímica (31%), conforme mostra o gráfico 5. Gráfico 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório. Laboratório Clínico do Centro Médico da ENDE-EP, 2021 Fonte: Dados do Autor Os erros registados na secção de Hematologia estiveram fundamentalmente relacionados à colheita inadequada, volume insuficiente de amostra, proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante, identificação incorrecta da amostra, falha no equipamento e interpretação incorrecta dos resultados, sugerindo, deste modo, atenção redobrada em todas as fases desta secção. Quanto à secção de Bioquímica, as incorformidades estiveram relacionadas à volume insuficiente de amostra, orientação inadequada ao paciente, horário incorrecto da colheita, perda de amostra por falha do equipamento, interpretação incorrecta dos resultados e perda de resultados. Hematologia 53% Bioquímica 31% Serologia 7% Parasitologia 4% Urinologia 5% Hematologia Bioquímica Serologia Parasitologia Urinologia
  • 43. 31 Teixeira e colaboradores, em 2016, obtiveram 12% de erros em Hematologia; 17 % em Bioquímica; 2 % em Serologia; 0,05% em Parasitologia e 66% em Urinologia, o que não coincide com os resultados obtidos no presente estudo. (32) Embora exista uma literatura científica abundante que lida com o aumento da qualidade laboratorial (principalmente analítica), a literatura sobre erros na medicina laboratorial é escassa. Uma das razões para isso, além da insuficiente atenção dada ao problema, é a dificuldade prática em relatar e medir o número de erros. (46)
  • 44. 32 Conclusão Os erros laboratoriais ocorrem com maior frequência na fase pré-analítica. Na fase pré-analítica predominaram a proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante, volume insuficiente de amostra, colheita inadequada e orientação inadequada ao paciente. Os erros na fase analítica ocorreram predominantemente por falha no equipamento e por contaminação entre amostras. Na fase pós-analítica, os principais erros foram a interpretação incorrecta dos resultados, transcrição incorrecta de resultados e demora na liberação dos resultados. A secção de Hematologia, por ser a área com maior fluxo de exames registou maior incidência de erros, sendo colheita inadequada, volume insuficiente de amostra e proporção incorrecta entre sangue e anticoagulante os mais frequentes.
  • 45. 33 Recomendações Ao Ministério da Saúde Que a Rede Nacional de Laboratórios amplie a vigilância dos procedimentos efectuados pelos laboratórios, quer públicos, quer privados, garantindo monitoramento mais eficiente e actualizações. Ao Centro Médico da ENDE Que se esteja atento às actualizações do Ministério da Saúde no que diz respeito a procedimentos laboratoriais no sentido de garantir treinamento constante da equipa técnica do laboratório, desde o atendimento na recepção até a liberação do laudo, mantendo-os constantemente actualizados; Que haja maior investimento na garantia da qualidade, implementando um sistema de gestão laboratorial. A Universidade Metodista de Angola Que os resultados obtidos neste estudo possam contribuir para que os futuros técnicos de laboratório tenham maior noção do profissionalismo que a prática laboratorial requer, garantindo, deste modo, maior qualidade e confiabilidade dos resultados produzidos no laboratório clínico.
  • 46. 34 Bibliografia 1. Fortunato A. Gestão da qualidade em laboratórios clínicos. Tese de Mestrado. Viana do Castelo: Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Viana do Castelo; 2011. 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - Brasil. RESOLUÇÃO – RDC/ANVISA Nº. 302, de 13 de outubro de 2005. 2005.. 3. Chaves C. Controlo de qualidade no laboratório de análises clínicas. J Bras Patol Med Lab. 2010 Outubro; 46(5). 4. Departamento de Inspeção e Credenciamento da Qualidade (DICQ). Manual para Acreditação do Sistema de Gestão da Qualidade de Laboratórios Clínicos. 6th ed. São Paulo: DICQ/SBAC; 2013. 5. Suardíaz J, Cruz C, Colina A. Laboratório Clínico. 1st ed. Cutié M, editor. Havana: Editorial Ciências Médicas; 2004. 6. Speicher C, Smith J. Choosing effective laboratory tests. 1st ed. Meier A, Abbott D, Cowell M, Polizzano F, Vilk G, Wolf C, editors. Philadelphia: Saunders; 1983. 7. Oliveira G, Picheth G, Sumita N, Scartezini M. Controlo de qualidade na colheita do espécime diagnóstico sanguíneo: iluminando uma fase escura de erros pré-analíticos. Jornal Brasileiro de Patologia Médica Laboratorial. 2009 Dezembro; 45(6): p. 441-447. 8. Santos V. O que é o controlo de qualidade? Qual a sua função? [Online].; 2017 [cited 2019 Fevereiro 1. Available from: HYPERLINK "https://www.fm2s.com.br/o-que-e-o-controle-da-qualidade/". 9. Pixeon. Benchmarking dos indicadores de desempenho potencializa a gestão organizacional dos laboratórios. [Online].; 2020 [cited 2021 Outubro 28. Available from: HYPERLINK "https://materiais.pixeon.com/benchmarking- para-laboratorios". 10. Nunda H. Gestão da Qualidade na Unidade de Cuidados Intensivos da Clínica Multiperfil em Lunda - Angola. Dissertação de Mestrado. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa, Departamento de Ciências Económicas, Empresariais e Tecnológias; 2015. 11. Santos A, Júnior G. Controlo de qualidade em laboratórios clínicos. Revista UNINGÁ. 2015 Setembro; 45(1): p. 60-67.
  • 47. 35 12. Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS). História do INIS. [Online]. [cited 2021 Outubro 2. Available from: HYPERLINK "http://www.inis.ao/index.php/institucional/historia". 13. Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS). Controlo de qualidade. [Online]. [cited 2021 Outubro 2. Available from: HYPERLINK "http://www.inis.ao/index.php/institucional/controlo-de-qualidade". 14. Westgard J, Darcy T. The truth about quality: medical usefulness and analytical reliability of laboratory tests. Clin Chim Acta. 2004; 346(1): p. 3-11. 15. Cezar F. Controlo de qualidade laboratorial: uma actualização em urinálise. Dissertação de Mestrado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Departamento de Ciências Farmacêuticas; 2016 Outubro. 16. Lopes H. Garantia e controlo da qualidade no laboratório clínico Belo Horizonte; 2003. 17. Rodrigues S. Garantia da qualidade. In 38º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial; 2014; São Paulo - Brasil. p. 144. 18. Hauser A. Programa de controlo de qualidade em Hematologia: variações interlaboratoriais para eritrograma e plaquetas em Curitiba e Região Metropolitana. Dissertação de Mestrado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Sector de Ciências da Saúde; 2003. 19. Pixeon. Como padronizar processos em laboratórios. [Online].; 2014 [cited 2020 Dezembro 17. Available from: HYPERLINK "https://www.pixeon.com/blog/como-padronizar-processos-em-laboratorios/". 20. Sutter AD, Bruel Avd, Devriese S, Mambourg F, Gaever VV, Verstraete A, et al. Laboratory tests in general practice 59C Kr, editor. Bruxelas: Belgian Health Care Knowledge Centre; 2007. 21. Santos C, Barbosa T, Neto J, Melo C, Aarão T, Silveira M. Controlo de qualidade no laboratório de análises clínicas na fase analítica: a segurança dos resultados. Braz. Journ. Hea. Rev. 2020 Agosto; 3(4): p. 8512-8523. 22. Hollensead S, Lockwood W, Elin R. Errors in pathology and laboratory medicine: consequences and prevention. J Surg Oncol. 2004 Dezembro; 88(3): p. 161-81.
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  • 49. 37 HYPERLINK "www.qualichart.com.br/blog/7-atitudes-para-saber-como-lidar- com-as-nao-conformidades-nos-laboratorios-clinicos/". 35. Akalin B, Veranyurt U. Analysis on the Errors in the Pre-analytical Process in a Clinical Microbiology Laboratory. Int J Basic Clin Studies. 2019; 8(1): p. 37-45. 36. Abbott Diagnostics. Como desenvolver um plano de QC com uma avaliação de risco. In Diagnostics A, editor. Controlo de qualidade baseado nos seis sigma: série do guia de aprendizagem.: Abbott Diagnostics; 2016. p. 65. 37. Santos C, Barbosa T, Neto J, Melo Cd, Aarão T, Silveira M. Controlo de qualidade no laboratório de análises clínicas na fase analítica: a segurança dos resultados. Braz Jorn Health Review. 2020 Júlio; 3(4): p. 8512-23. 38. Pixeon. Tecnologia em nuvem para gestão laboratorial. [Online].; 2016 [cited 2021 Outubro 29. Available from: HYPERLINK "https://materiais.pixeon.com/tecnologia-em-nuvem-para-gestao-laboratorial". 39. Lippi G, Fostini R, Guidi G. Quality improvement in laboratory medicine: extra- analytical issues. Clin Lab Med. 2008 Junho; 28(2): p. 282-94. 40. Dias V, Barquette F, Bello A. Padronização da qualidade: alinhando melhorias contínuas nos laboratórios de análises clínicas. Rev Bras Anal Clín. 2017 Fevereiro; 49(2): p. 164-9. 41. Matrix Saúde. Entenda agora o que é um LIS e as suas vantagens! [Online].; 2019 [cited 2021 Outubro 29. Available from: HYPERLINK "https://blog.matrixsaude.com/lis/". 42. Silva J. O que é controlo de qualidade laboratorial? [Online].; 2019 [cited 2021 Outubro 2. Available from: HYPERLINK "https://www.pixeon.com/blog/o-que- e-controle-de-qualidade-laboratorial/". 43. Organização Mundial da Saúde (OMS). Laboratory quality management system: handbook Geneva: OMS; 2011. 44. Giuseppe L, Chiozza L, Mattiuzzi C, Plebani M. Patient and sample identification: out of maze? J Med Biochem. 2016 Dezembro; 36(2): p. 107-112. 45. Prajapati B, Prajapati R, Vora H. Common laboratory errors. Ped Infec Disease. 2014 Março; 30(1): p. 1-5. 46. Bonini P, Plebani M, Ceriotti F, Rubboli F. Errors in laboratory medicine. Clin Chem. 2002 Fevereiro; 48(5): p. 691-698.
  • 50. 38 47. Conte R. Management of errors in a clinical laboratory. [Online].; 2016.
  • 51. 39 Apêndice Apêndice A - Ficha de recolha de dados Erros frequentes no laboratório clínico Levantamento de dados referentes ao mês de _________________ Secção Erros Hematologia Bioquímica Serologia Parasitologia Urinálise Pré-analíticos Identificação incorrecta do paciente Interpretação incorrecta da requisição Orientação inadequada ao paciente Preparação inadequada do paciente Horário incorrecto da colheita Colheita inadequada Volume insuficiente de amostra Identificação incorrecta da amostra Utilização de tubo inadequado Proporção incorrecta entre sangue/anticoagulante Analíticos Falha no equipamento Perda de amostra Troca de amostra Contaminação entre amostras Pós-analíticos Perda de resultados Interpretação incorrecta do resultado Erro na transcrição dos resultados Demora na entrega dos resultados
  • 52. 40 Apêndice B - Tabelas de saída de resultados Tabela 1: Distribuição dos erros segundo a fase do processo analítico Fase n % Fase pré-analítica 34 62% Fase analítica 12 22% Fase pós-analítica 9 16% Total 55 100% Fonte: Dados do autor Tabela 2: Distribuição dos erros na fase pré-analítica Erros n % Identificação incorrecta do paciente 2 6% Interpretação incorrecta da requisição 3 9% Orientação inadequada ao paciente 4 12% Preparação inadequada do paciente 2 6% Horário incorrecto da colheita 3 9% Colheita inadequada 4 12% Volume insuficiente de amostra 5 15% Identificação incorrecta da amostra 3 9% Utilização de tubo inadequado 3 9% Proporção incorrecta sengue/anticoagulante 5 15% Total 34 100% Fonte: Dados do autor
  • 53. 41 Tabela 3: Distribuição dos erros na fase analítica Erros n % Falha do equipamento 4 33% Perda de amostra 2 17% Troca de amostra 3 25% Contaminação entre amostras 3 25% Total 12 100% Fonte: Dados do autor Tabela 4: Distribuição dos erros na fase pós-analítica Erros n % Perda de resultados 1 11% Interpretação incorrecta de resultados 3 33% Transcrição incorrecta dos resultados 2 22% Demora na entrega dos resultados 3 33% Total 9 100% Fonte: Dados do autor Tabela 5: Distribuição dos erros segundo a secção do laboratório Secção n % Hematologia 29 53% Bioquímica 17 31% Serologia 4 7% Parasitologia 2 4% Urinologia 3 5% Total 55 100% Fonte: Dados do autor
  • 54. 42 Anexos Anexo A - Solicitação da colheita de dados
  • 55. 43 Anexo B - Autorização da colheita de dados