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O EFEITO DAS ESTRUTURAS URBANAS NAS VARIAÇÕES MICROCLIMÁTICAS
                                     - CASO DE ESTUDO DE TELHEIRAS SUL -


                                        Igor Boieiro nº 32483 & Inês Frazão nº32811
                                                   Universidade de Lisboa
          Resumo:

        O presente estudo tem como objectivo analisar o efeito exercido pelas estruturas urbanas e a
vegetação na dispersão de poluentes atmosféricos, no conforto bioclimático e consequente impacto
na qualidade do ambiente urbano. Para tal, utilizou-se os programas informáticos, Envi-Met1
(Bruse, 1999) e Rayman 2(Matzarakis, Rutz and Mayer, 1999), vocacionados para a modelação das
interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera. Como área de estudo foi
seleccionado um quarteirão de Telheiras Sul, em Lisboa, devido às suas características urbanas e ao
elevado tráfego rodoviário próximo desta área.
        Os resultados das simulações permitiram verificar que a área de estudo apresenta um
microclima urbano bastante agradável.


        Palavras-chave: microclima, planeamento urbano

        1.Introdução

          O efeito das estruturas urbanas no clima e na qualidade do ar devem ser tidos em conta no
planeamento urbano e regional de forma a garantir o bem-estar das populações (Fig.1). Para se
realizar um planeamento urbano correcto é imperativo conhecer o clima urbano, no entanto, é
bastante complexo caracterizá-lo uma vez que este composto por inúmeros subsistemas ligados
entre si, através de trocas de energia, de massa e impulsos/dinâmica.
          Há várias décadas que é reconhecida a influência da cidade na modificação, não apenas
dos campos de vento, mas também de outros fenómenos climáticos como a humidade e a
temperatura (ilha de calor urbano). (CHANDLER. 1965; ATKINSON, 1975 in Lopes, 2003).




                                       Figura 1 – Relações entre o clima e o Homem (WMO, 1999)
1
 Modelo tridimensional que simula as interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera (microclima urbano).
2
 Modelo tridimensional projectado para simular os fluxos de radiação de onda curta e longa, tendo em conta a estrutura urbana, a atmosfera e a
vegetação.

                                                                         1
Neste sentido, o presente estudo tem como objectivo analisar e caracterizar a qualidade do
ambiente urbano, tendo em conta a influência das estruturas urbanas na variação da exposição solar,
dispersão de poluentes, conforto bioclimático e intensidade e direcção dos ventos.
        Como área de estudo foi seleccionado um quarteirão residencial de Telheiras Sul (fig.2),
situado na ala norte da cidade de Lisboa (Lat:38º45’29.92’’N; Long: 9º10’40.98’’W). A área
estudada tem uma altitude média que ronda os 95m e uma exposição predominante a sul / sudoeste.
No que diz respeito ao edificado, este é principalmente multi-familiar com uma altura média que
ronda os 20 m. A área interior do quarteirão é ocupada por um amplo espaço verde e a área que
circunda as habitações é, de forma geral, utilizada como estacionamento e pautada por um número
significativo de árvores (figuras 2 e 3).




                                              N
         B




               A

                                                                                                             über 13.16
                                                                                                             unter0.05 m/m




                                                                                                             Edificado
                             C                                                                               Árvores




   Fonte:
   Livemaps


               Figura 2- Área de estudo                      Figura 3 - Representação 3D da área de estudo


2. Metodologia
      A modelação microclimática da área de estudo foi elaborada com recurso aos programas
informáticos Envi-Met e Rayman.
      Com recurso ao Envi-Met foram simulados os parâmetros velocidade e direcção média do
vento e a sua influencia na dispersão de poluentes PM10 (partículas inaláveis, de diâmetro inferior a
10 micrómetros) que constituem um elemento de poluição atmosférica, sendo neste projecto de
origem automóvel. A simulação foi elaborada numa grelha tridimensional, na qual foi desenhada a
estrutura urbana (edifícios, espaços verdes e a Av. General Norton de Matos como fonte de
poluição) com um pixel de 5m, que pareceu ser suficiente para a representação dos principais
aspectos da estrutura urbana.

                                                  2
A simulação da direcção e velocidade média do vento foi elaborada considerando um ponto
de origem de 10m do solo a sul e a norte. A escolha do vento do quadrante de sul deve-se ao facto
de aí se encontrar a fonte de poluição. A escolha do vento de quadrante de norte foi por este ser,
segundo Lopes (2003), um dos ventos que tem mais importância no regime anual de Lisboa. No
que concerne às velocidades modeladas foram escolhidas as de 3m/s (vento fraco), 10m/s (vento
forte) e 20m/s (vento muito forte).
           Na variação da exposição solar, com recurso ao Raymam calculou-se o número de horas de
radiação solar directa, a variação das sombras e o Sky View Factor 3 (SVF). Para isso foi realizado
um modelo da área de estudo com os edifícios e as árvores (tendo em consideração o tipo de
folhagem - folha caduca e folha perene). Os períodos de estudo foram os equinócios (Março e
Setembro) e solstícios (Junho e Dezembro). No que diz respeito, à modelação da variação das
sombras, foram definidos períodos de duas em duas horas, iniciando às 8h e terminando às 20h. Em
relação ao SVF importa ainda salientar que foi calculado para três locais distintos assinalados na
figura 2.


3. Resultados dos modelos

3.1 Modelação do vento

        O vento é um factor que exerce influência sobre a qualidade do ar, o conforto (mecânico e
térmico) e a saúde humana. No que diz respeito ao conforto e à saúde humana, a influência do vento
pode fazer-se sentir através das transferências de calor do corpo humano para a atmosfera
(termorregulação). Normalmente o vento desempenha a função de arrefecimento, podendo ser
positiva ou negativa de acordo com a temperatura do ar. É positiva quando reduz a sensação de
calor e negativa quando aumenta a sensação de frio.
        O conforto mecânico depende dos efeitos desagradáveis que o vento pode provocar, tais
como, dificuldades na deslocação dos indivíduos e o levantamento de poeiras e lixo.
        O vento no meio urbano depende do vento regional, no entanto os padrões diários dependem
das forças de atrito que, por sua vez, resultam da rugosidade 4 da estrutura urbana e das diferenças
na estabilidade atmosférica urbana/rural provocadas pela ilha de calor urbano, sobretudo à noite
(Lopes 2003). Em resultado das forças de atrito ocorre uma diminuição significativa da velocidade
média do vento nas cidades, no entanto, podem suceder acelerações (em ruas por onde o vento é
canalizado) e turbilhões locais (flutuações da velocidade e direcção do vento, tanto a barlavento


3
 O factor de visão do céu (sky view factor, SVF) e a razão entre a porção de céu observado a partir de um determinado ponto da superfície terrestre e
aquela que esta potencialmente disponível (Oke, 1987, p. 404 in Lopes (2003)).
4
  Corresponde a altura a partir do solo, onde a velocidade do vento é igual a zero, se o perfil do vento tiver uma variação logarítimica com a altitude
(Lopes, 2003)

                                                                          3
como a sotavento dos edifícios). (Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. 2005).
A rugosidade pode ser medida através do parâmetro roughness lenght, o qual depende da altura,
forma e densidade de distribuição dos obstáculos. Neste estudo foi usado o valor típico para áreas
urbanas.
                 Da análise do modelo da velocidade média do vento de 10m/s e 20m/s (figura 3) constata-se
que existem três áreas distintas na estrutura representada que são, nomeadamente, o jardim central,
as áreas a oeste e este dos edifícios e a área a sul dos mesmos. As áreas com uma velocidade do
vento mais reduzida são limitadas principalmente ao jardim central e as áreas que têm uma
orientação perpendicular à direcção do vento.
                 Importa ainda salientar que o efeito dos edifícios é muito superior ao das árvores devido ao
carácter rígido e não permeável. As árvores são flexíveis e permeáveis. Os edifícios reduzem a
velocidade mas geram turbulência, com fortes variações de velocidade e direcção do vento.
                  No que diz respeito à movimentação dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana GANDEMER
(1975) apresentou uma sistematização e as suas implicações no conforto mecânico dos indivíduos.
Segundo Lopes (2003) essa síntese, ainda hoje é largamente utilizada em manuais de planeamento
urbano e o seu intuito foi o de generalizar esses conhecimentos e evitar situações de desconforto por
vezes esquecidas.
                 Dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana determinados por GANDEMER (1975), ocorrem na
área de estudo os efeitos de venturi, de barra, de canalização, de esquina e de abrigo.
                 Segundo Lopes (2003), dependendo da forma e área do edifício exposta ao vento formam-se
sempre nas zonas de embate anomalias positivas de pressão (redução da velocidade a barlavento) e
negativas                (áreas           de            sucção        a   sotavento).                        Consequentemente,                 nos              edifícios   expostos
perpendicularmente ao vento podem formar-se correntes transversais nas ruas em direcção as
pressões mais baixas, facto que é bem visível nas figuras 4 e 5.
                                 Vento Forte de Norte                                                                                      Vento Forte de Sul
                                          (10m/s)                                                                                                  (10m/s)


        60                                                                                                              60




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        40                                                                     Limiares de Conforto                     40                                                        Limiares de Conforto
                                                                                      below 5.0 m/s                                                                                      below 5.1 m/s
                                                                                      5.0 to 10.0 m/s                                                                                    5.1 to 10.1 m/s
                                                                                      10.0 to 15.0 m/s                                                                                   10.1 to 15.1 m/s
                                                                                                                Y (m)
Y (m)




                                                                                      15.0 to 20.0 m/s                                                                                   15.1 to 20.1 m/s
        30                                                                                                              30
                                                                                      above 20.0 m/s                                                                                     above 20.1 m/s


                                                                               Obstáculos Existentes
                                                                               Estrutura Urbana                                                                                   Obstáculos Existentes
                                                                                      Edificadp                                                                                          Edifícios
        20                                                                                                              20                                                               Árvores
                                                                                      Árvores




        10                                                                                                              10




        0                                                                                                               0
                                                                                                                             0   10   20              30         40    50    60
             0      10      20               30          40      50       60
                                          X (m)                                                                                                    X (m)

                                                    Figura 4 - Modelação do vento forte nos quadrantes norte e sul


                                                                                                         4
Nos obstáculos da área de estudo onde o vento incide num ângulo de cerca de 45 º em
edifícios com forma de paralelepípedo extenso, sucede um movimento turbilhonar a sotavento onde
ocorre um ligeiro aumento da velocidade (efeito de barra), que pode diminuir o conforto mecânico
dos indivíduos, mas neste caso pode ser observar que são mantidos níveis de conforto mecânico
razoáveis.
               Foram também identificadas áreas designadas com abrigos do vento, as quais têm grande
influência sobre as condições bioclimáticas, neste caso o jardim central. Apesar da redução da
velocidade do vento, a área é ampla e tem um nível de ventilação que promove a renovação do ar no
seu interior.
               É também notório nas figuras 4 e 5 que as ruas orientadas no sentido do vento predominante
propiciam a canalização dos fluxos de ar e o aumento da velocidade e/ou turbulência. Este efeito é,
particularmente, importante em situações de convergência do fluxo (efeito Venturi), onde podem ser
atingidos valores perigosos. Na área de estudo, apenas se verifica no estreitamento da entrada norte
do jardim central.
                         Vento Muito Forte de Norte                                                                  Vento Muito Forte de Sul
                                     (20m/s)                                                                                    (20m/s)


          60                                                                                           60




          50                                                                                           50




          40                                                         Limiares de Conforto              40                                                      Limiares de Comforto
                                                                            below 5.0 m/s                                                                             below 5.0 m/s
                                                                            5.0 to 10.0 m/s                                                                           5.0 to 10.0 m/s
                                                                            10.0 to 15.0 m/s                                                                          10.0 to 15.0 m/s
  Y (m)




                                                                            15.0 to 20.0 m/s
                                                                                               Y (m)




                                                                                                                                                                      15.0 to 20.0 m/s
          30                                                                                           30
                                                                            above 20.0 m/s                                                                            above 20.0 m/s



                                                                     Obstáculos Existentes                                                                     Obstáculos Existentes
                                                                            Edificado                                                                                 Edificado
          20                                                                Árvores                    20                                                             Árvores




          10                                                                                           10




          0                                                                                            0
               0    10    20            30            40   50   60                                          0   10   20            30           40   50   60
                                      X (m)                                                                                     X (m)

                                               Figura 5 - Modelo do vento muito forte nos quadrantes norte e sul


               Com seria de esperar com o aumento da velocidade do vento há uma redução geral das áreas
onde existe conforto mecânico, a única que se mantém relativamente constante é a área entre a
barreira e o primeiro conjunto de edifícios. É ainda notório que existem disparidades, em termos de
áreas de conforto mecânico, dependendo do quadrante de origem vento, sendo assim quando este é
de norte aumenta as áreas com o efeito perturbador, desagradável e perigoso para os peões. No
entanto, é de destacar que apesar de se ter modelado ventos muito fortes a área central apresenta



                                                                                        5
sempre níveis de conforto mecânico bastantes agradáveis. De salientar ainda, que com a
aproximação à barreira existe uma redução da velocidade do vento em todas as simulações.
      É de referir, que não foram tidos em conta os resultados dos modelos para o vento fraco visto
que este, na área de estudo, tem pouca relevância em termos de conforto mecânico.

  3.2. Modelação da concentração de PM10 para diferentes velocidades e direcções do vento

      Além de seus efeitos sobre o conforto térmico e dinâmico, o vento desempenha um papel
fundamental na dispersão dos poluentes atmosféricos, pois funciona como meio de transporte e
propagação. A localização e as características dos edifícios e da vegetação são factores que
influenciam a dispersão de poluentes numa escala microclimática, principalmente por causa das
alterações que provocam na direcção e velocidade do vento local.
      A concentração de partículas diminui rapidamente com o aumento da distância às fontes de
poluição mas, por outro lado, a velocidade do vento condiciona o volume de ar em que os poluentes
se vão difundir e a distância de transporte. Quanto maior a velocidade do vento, maior é o volume
de ar que passa pela fonte emissora por unidade de tempo e menor a concentração de poluentes
por unidade de volume; no entanto, um aumento demasiado da velocidade pode ter um efeito
negativo na qualidade do ar ao reduzir a altura efectiva das emissões. A direcção do vento é o
factor que determina quais os locais mais afectados pelas emissões de diferentes fontes (Lopes
2003). No que se refere ao transporte local dos poluentes, quando se tem em conta a proximidade
das fontes, a ventilação exerce um papel fundamental. Segundo Lopes (2003), se uma fonte de
poluição e a sua área circundante for bem ventilada durante o período de maior concentração, o
efeito do vento poderá melhorar a qualidade do ar ou até mesmo remover as substâncias poluentes
para locais menos prejudiciais.
      Da análise da figura 6, que representa os níveis de concentração e dispersão do poluente
PM10, pode-se retirar a conclusão que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de
poluentes. Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um
efeito retentor, que faz com que a poluição fique concentrada na fonte, em todas as velocidades e
direcções modeladas, havendo apenas uma pequena dispersão quando o vento tem origem no
quadrante sul, pois é aí que se situa a fonte de poluição.
      Há a salientar ainda dois factos, o primeiro é que a dispersão de PM10 varia na ordem inversa
da velocidade do vento, isto é, quanto menor a velocidade maior a dispersão de poluentes e
consequentemente a área afectada. O segundo é que quando o vento é de sul a barreira exercer um
efeito de positivo na protecção da área de estudo, enquanto, quando é de norte dificulta a dispersão
de PM10 para esse quadrante, o que faz com a poluição fique muito concentrada na fonte.



                                                   6
Figura 6. Modelação da concentração de PM10 para diferentes direcções e velocidades do vento
                            Vento Fraco de Norte                                                                                    Vento fraco de Sul
                                     (3m/s)                                                                                                  (3m/s)


        60                                                                                                     60




        50                                                                                                     50




                                                                    Concentração de PM10                                                                                                  Concentração PM10
                                                                             below 0.11 µg/m³                                                                                                      unter 0.20 µg/m³
        40                                                                                                     40                                                                                  0.20 bis 0.40 µg/m³
                                                                             0.11 to 0.22 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   0.40 bis 0.60 µg/m³
                                                                             0.22 to 0.33 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   0.60 bis 0.81 µg/m³
                                                                             0.33 to 0.44 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   0.81 bis 1.01 µg/m³
                                                                             0.44 to 0.55 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   1.01 bis 1.21 µg/m³
                                                                             0.55 to 0.66 µg/m³




                                                                                                       Y (m)
Y (m)




                                                                                                               30                                                                                  1.21 bis 1.41 µg/m³
        30                                                                   0.66 to 0.77 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   1.41 bis 1.61 µg/m³
                                                                             0.77 to 0.88 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   1.61 bis 1.81 µg/m³
                                                                             0.88 to 0.99 µg/m³
                                                                                                                                                                                                   über 1.81 µg/m³
                                                                             above 0.99 µg/m³

                                                                     Obstáculos Existentes                     20
                                                                                                                                                                                          Obstáculos Existentes
        20
                                                                    Classed LAD and Shelter
                                                                                                                                                                                                   Edificado
                                                                            Edificado                                                                                                              Árvores
                                                                            Árvores

                                                                                                               10
        10




                                                                                                                0
         0                                                                                                          0   10    20               30             40        50        60
             0   10    20              30          40   50    60
                                                                                                                                            X (m)
                                     X (m)

                            Vento Forte de Norte                                                                                   Vento Forte de Sul
                                                                                                                                           (10m/s)
                                     (10m/s)


                                                                                                               60
        60




                                                                                                               50
        50


                                                                                                                                                                                        Concentração PM10
                                                                     Concentração de PM10
                                                                                                                                                                                                 below 0.21 µg/m³
                                                                             below 0.10 µg/m³                  40                                                                                0.21 to 0.40 µg/m³
        40                                                                   0.10 to 0.20 µg/m³
                                                                                                                                                                                                 0.40 to 0.59 µg/m³
                                                                             0.20 to 0.30 µg/m³
                                                                                                                                                                                                 0.59 to 0.78 µg/m³
                                                                             0.30 to 0.40 µg/m³
                                                                                                                                                                                                 0.78 to 0.97 µg/m³
                                                                             0.40 to 0.50 µg/m³
                                                                                                                                                                                                 0.97 to 1.16 µg/m³
                                                                                                      Y (m)




                                                                             0.50 to 0.60 µg/m³                                                                                                  1.16 to 1.36 µg/m³
                                                                                                               30
Y (m)




        30                                                                   0.60 to 0.70 µg/m³                                                                                                  1.36 to 1.55 µg/m³
                                                                             0.70 to 0.80 µg/m³                                                                                                  1.55 to 1.74 µg/m³
                                                                             0.80 to 0.90 µg/m³                                                                                                  above 1.74 µg/m³
                                                                             above 0.90 µg/m³

                                                                                                               20
                                                                                                                                                                                        Obstáculos Existentes
        20
                                                                     Obstáculos Existentes
                                                                                                                                                                                                Edificado
                                                                            Edificado                                                                                                           Árvores
                                                                            Árvores

                                                                                                               10
        10




                                                                                                               0
        0                                                                                                           0   10   20               30         40         50        60
             0   10    20               30         40    50    60
                                                                                                                                           X (m)
                                     X (m)

                      Vento Muito Forte de Norte                                                                             Vento Muito Forte de Sul
                                    (20m/s)                                                                                               (20m/s)



        60                                                                                                     60




        50                                                                                                     50




                                                                    Concentração de PM10                                                                                               Concentração PM10
                                                                           below 0.07 µg/m³                                                                                                   unter 0.15 µg/m³
        40                                                                 0.07 to 0.14 µg/m³                  40                                                                             0.15 bis 0.29 µg/m³
                                                                           0.14 to 0.22 µg/m³                                                                                                 0.29 bis 0.42 µg/m³
                                                                           0.22 to 0.29 µg/m³                                                                                                 0.42 bis 0.56 µg/m³
                                                                           0.29 to 0.36 µg/m³                                                                                                 0.56 bis 0.69 µg/m³
                                                                           0.36 to 0.43 µg/m³                                                                                                 0.69 bis 0.83 µg/m³
                                                                                                      Y (m)
Y (m)




        30                                                                 0.43 to 0.50 µg/m³                  30                                                                             0.83 bis 0.96 µg/m³
                                                                           0.50 to 0.57 µg/m³                                                                                                 0.96 bis 1.10 µg/m³
                                                                           0.57 to 0.65 µg/m³                                                                                                 1.10 bis 1.23 µg/m³
                                                                           above 0.65 µg/m³                                                                                                   über 1.23 µg/m³


        20                                                                                                     20
                                                                    Obstáculos Existentes                                                                                              Obstáculos Existentes
                                                                           Edificado                                                                                                          Edificado
                                                                           Árvores                                                                                                            Árvores


        10                                                                                                     10




         0                                                                                                      0
             0   10    20              30          40   50    60                                                    0   10   20              30          40        50        60
                                     X (m)                                                                                                X (m)


                                                                                                  7
3.3 Modelação da variação da sombra

                    A figura 7 representa a trajectória aparente do Sol e a sua influência na variação da
quantidade de sombra na área de estudo. Os movimentos de rotação e translação da terra alteram os
valores do ângulo de incidência dos raios solares. Desta forma, verifica-se que é no solstício de
Junho que ocorrem mais horas de radiação solar no local, pois, é fase em que o sol durante o seu
movimento aparente na esfera celeste atinge o maior ângulo de incidência sobre o hemisfério norte.
Em oposição, é no solstício de Dezembro que ocorrem menos horas de radiação solar, uma vez que
nesta altura do ano os raios solares têm maior incidência sobre o hemisfério norte. Entre os
equinócios, as semelhanças são muito grandes, pois nessa altura do ano os raios solares têm maior
incidência sobre o equador. No que diz respeito ao movimento de rotação da terra ao longo do dia,
verifica-se que a sombra vai seguindo o sentido contrário aos raios solares, ou seja, existe maior
quantidade de sombra nas primeiras horas do dia no quadrante oeste dos edifícios e com o passar
das horas esta vai passando para o quadrante este.
              Da observação retira-se ainda que a área central ao longo das horas e das estações do ano
apresenta níveis de acesso solar significativos, tornado este local bastante agradável para
actividades de lazer e indirectamente poderá ter impactos positivos na eficiência energética dos
edifícios.

               Equinócio de Março                          Solstício de Junho                 Equinócio de Setembro               Solstício de Dezembro
                                      N                                       N                                           N                                       N




8h    W                                   E   W                                       E   W                                   E   W                                   E




                                      S                                       S                                           S                                       S

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                                      N                                       N                                           N                                       N




10h   W                                   E   W                                       E   W                                   E   W                                   E




                                      S                                       S                                           S                                       S

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  Figura 7 - Trajectória aparente do sol e a sua influência na variação da quantidade de sombra



                                                                                  8
Equinócio de Março                                       Solstício de Junho                           Equinócio de Setembro                                Solstício de Dezembro
                                       N                                                 N                                                        N                                           N




12h   W                                    E      W                                              E         W                                              E   W                                   E




                                       S                                                 S                                                        S                                           S

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                                       N                                                 N                                                        N                                           N




14h   W                                    E        W                                            E           W                                            E   W                                   E




                                       S                                                 S                                                        S                                           S

                                                                                                                  © 1999 - 2005 Ray Man Pro
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                                       N                                                 N                                                        N                                           N




16h   W                                    E       W                                             E          W                                             E   W                                   E




                                       S                                                 S                                                        S                                           S

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                                       N                                             N                                                        N                                               N




18h   W                                    EW                                                E       W                                                E       W                                   E




                                       S                                             S                                                        S                                               S

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 Figura 7 - Trajectória aparente do sol e a sua influência na variação da quantidade de sombra
                                         (continuação)



                                                                                             9
3.4. Diagrama Polar

                   A figura 8 representa a ocultação do céu para os três locais da área de estudo (identificados na
figura 1) e os trajectos do sol para os solstícios e equinócios. Da observação do quadro 1, constata-
se que é no Solstício de Junho que os locais em análise tem maior radiação solar directa. Como
seria de esperar é no Solstício de Dezembro que os locais têm menos horas com radiação solar
directa.
                                                 Quadro 1 - Caracterização dos locais resultantes do diagrama polar

 Locais de                                                                                     Nascer do sol                                  Pôr-do-sol                                           Nº aproximado de horas com radiação solar
                                      Movimento Anual do Sol                                                                                                                 SVF
Observação                                                                                       (h:mm)                                        (h:mm)                                                               directa
  Local A                                                                                                                                                                    0.725                                     8
 Local B                                                                                           6:39                                            18:49                     0.730                                                                 6
                                       Equinócio de Primavera
 Local C                                                                                                                                                                     0.582                                                                 6
 Local A                                                                                                                                                                     0.725                                                                 11
 Local B                                                                                                                                           20:04                     0.730                                                                 7
                                            Solstício de Verão
                                                                                                   5:11
 Local C                                                                                                                                                                     0.582                                                                 7
 Local A                                                                                                                                                                     0.725                                                                 8
 Local B                                                                                           6:22                                            18:33                     0.730                                                                 6
                                           Equinócio de Outono
 Local C                                                                                                                                                                     0.582                                                                 6
 Local A                                                                                                                                                                     0.725                                                                 6
 Local B                                                                                           7:52                                                                      0.730                                                                 2
                                           Solstício de Inverno
                                                                                                                                                   17:19
 Local C                                                                                                                                                                     0.582                                                                 2



                        Segundo Andrade (2004), num ponto da superfície da terra (ou mais propriamente do
oceano) do qual seja visível a totalidade do hemisfério celeste, o SVF é igual 1 (a ocultação visual
do céu é nula) e a exposição à radiação solar directa (na ausência de nuvens) tem duração máxima
possível. Com a existência de obstáculos que obstruam parte do céu o SVF vai diminuir. No que se
refere à posição dos obstáculos, estes podem provocar a ocultação do Sol numa das suas
trajectórias. Com auxílio do quadro 1 e da figura 8 constata-se que os três locais em estudo têm um
SVF relativamente elevado, ou seja, os edifícios circundantes às áreas escolhidas não provocam
grande ocultação do céu, o que tem como resultado um número bastante significativo de horas de
radiação solar directa, principalmente no local A.
                                                      N                                                                                                  N                                                                                                   N

                                                      10                                                                                                 10                                                                                                  10

                                                      20                                                                                                 20                                                                                                  20

                                                      30                                                                                                 30                                                                                                  30

                                                      40                       22.6.                                                                     40                        22.6.                                                                     40                      22.6.

                                                      50                                                                                                 50
                                                                                                                                                                                                                                                             50
                                                      60                                                                                                 60
                                                                                                                                                                                                                                                             60
                                                      70                                                                                                 70
                                                                                                                                                                                                                                                             70
                                                      80                                                                                                 80
                                                                                                                                                                                                                                                             80
  22.9.                                                                                21.3.         22.9.                                                                                 21.3.
     W                                                                                 E                W                                                                                  E         22.9.                                                                                   21.3.
                                                                                       7                                                                                                   7            W                                                                                    E
                                                                                                                                                                                                                                                                                             7
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                                                      S                                                                                                  S
          © 1999 - 2005 Ray Man Pro                                                                          © 1999 - 2005 Ray Man Pro
                                                                                                                                                                                                                                                             S


                                            Local A                                                                                            Local B                                                                                              Local C
                                                                                                                                                                                                             © 1999 - 2005 Ray Man Pro




                                                                Figura 8 - Diagrama polar dos respectivos Equinócios e Solstícios
                                                                                                                                              10
Conclusão

      O estudo microclimático de um quarteirão de Telheiras Sul permitiu tirar algumas conclusões
interessantes. Uma delas é que o vento dominante da cidade de Lisboa (N/NW) tem um efeito
significativo no conforto mecânico da área, mas apenas se torna incomodativo quando são atingidas
velocidades superiores a 10 m/s, de resto apresenta níveis bastantes agradáveis no espaço verde
central e na área entre a barreira e o bloco de habitação junta a mesma.
      Outro ponto a salientar é que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de poluentes.
Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um efeito
redutor, na velocidade do vento e consequentemente na dispersão de poluentes, em todas as
velocidades e direcções modeladas.
      Em termos de acesso solar o quarteirão estudado apresenta também níveis de acesso solar
bastante satisfatórios, tornado este local bastante agradável para actividades de lazer e
indirectamente poderá ter impactos positivos na eficiência energética dos edifícios.
      Espaços públicos atractivos ao ar livre podem servir como elementos fundamentais para
reforçar a concepção de qualidade de vida nas zonas urbanas e para diminuir os efeitos negativos da
urbanização. Com o intuito de cumprir essa missão e também de servir como pequeno oásis no
ambiente artificial, os espaços ao ar livre visam satisfazer as expectativas dos potenciais utilizadores
e oferecer a combinação certa entre a estrutura ambiental, económica e social.
      Segundo Bruse (2005), o microclima de uma área é um dos principais factores que
impulsionam a percepção individual e avaliação de um ambiente ao ar livre. A conjugação de sol,
sombra e abrigos contra o vento proporciona condições agradáveis para atrair pessoas que, em
contrapartida, irão tornar estas áreas mais atraentes para lojas, restaurantes ou outras instalações, em
função dos níveis de frequentação dos cidadãos.
      Por tudo o que foi anteriormente nomeado, os estudos microclimáticos devem ser tidos em
conta no planeamento urbano, para que se reduzam os efeitos climáticos negativos e maximizem os
positivos.




                                                  11
Bibliografia:

Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. (2005) - Orientações climáticas para o
ordenamento em Lisboa, Área de Investigação de Geo-Ecologia Centro de Estudos Geográficos da
Universidade de Lisboa.

Andrade, H. (2004) - Bioclima Humano e Temperatura do Ar em Lisboa, Tese de Doutoramento
apresentada à Universidade de Lisboa

Bruse, M. (1999) - Simulating microscale climate interactions in complex terrain with a high-
resolution numerical model: A case study for the Sydney CBD Area Model Description, Bochum,
Cologne, Department of Geography, University of Bochum, University of Cologne.


Bruse, M. (2005) - Assessing urban microclimate from the user’s perspective – Multi-Agent
systems as a new tool in urban biometeorology. Ann. Meteorol. (41), 137-140


Lopes, A. (2003) - Modificações no clima urbano de Lisboa como consequência do crescimento
urbano. Vento, ilha de calor de superfície e balanço energético. PhD, Centro de Estudos
Geográficos, Faculdade de Letras. Lisboa, Universidade de Lisboa: 375p.


Matzarakis, A., Rutz, F; Mayer, H. (1999) - Estimation and calculation of the mean radiation
temperature in urban structures from the point of view of human biometreorology, Vol. 15º
International Congress of Biometeorology & International Conference on Urban Climatology,
Sydney - Australia, Macquarke University.


WMO, (1999) - Climate and human health. World climate News 14, 3-5.




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O EFEITO DAS ESTRUTURAS URBANAS NAS VARIAÇÕES MICROCLIMÁTICAS - CASO DE ESTUDO DE TELHEIRAS SUL -

  • 1. O EFEITO DAS ESTRUTURAS URBANAS NAS VARIAÇÕES MICROCLIMÁTICAS - CASO DE ESTUDO DE TELHEIRAS SUL - Igor Boieiro nº 32483 & Inês Frazão nº32811 Universidade de Lisboa Resumo: O presente estudo tem como objectivo analisar o efeito exercido pelas estruturas urbanas e a vegetação na dispersão de poluentes atmosféricos, no conforto bioclimático e consequente impacto na qualidade do ambiente urbano. Para tal, utilizou-se os programas informáticos, Envi-Met1 (Bruse, 1999) e Rayman 2(Matzarakis, Rutz and Mayer, 1999), vocacionados para a modelação das interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera. Como área de estudo foi seleccionado um quarteirão de Telheiras Sul, em Lisboa, devido às suas características urbanas e ao elevado tráfego rodoviário próximo desta área. Os resultados das simulações permitiram verificar que a área de estudo apresenta um microclima urbano bastante agradável. Palavras-chave: microclima, planeamento urbano 1.Introdução O efeito das estruturas urbanas no clima e na qualidade do ar devem ser tidos em conta no planeamento urbano e regional de forma a garantir o bem-estar das populações (Fig.1). Para se realizar um planeamento urbano correcto é imperativo conhecer o clima urbano, no entanto, é bastante complexo caracterizá-lo uma vez que este composto por inúmeros subsistemas ligados entre si, através de trocas de energia, de massa e impulsos/dinâmica. Há várias décadas que é reconhecida a influência da cidade na modificação, não apenas dos campos de vento, mas também de outros fenómenos climáticos como a humidade e a temperatura (ilha de calor urbano). (CHANDLER. 1965; ATKINSON, 1975 in Lopes, 2003). Figura 1 – Relações entre o clima e o Homem (WMO, 1999) 1 Modelo tridimensional que simula as interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera (microclima urbano). 2 Modelo tridimensional projectado para simular os fluxos de radiação de onda curta e longa, tendo em conta a estrutura urbana, a atmosfera e a vegetação. 1
  • 2. Neste sentido, o presente estudo tem como objectivo analisar e caracterizar a qualidade do ambiente urbano, tendo em conta a influência das estruturas urbanas na variação da exposição solar, dispersão de poluentes, conforto bioclimático e intensidade e direcção dos ventos. Como área de estudo foi seleccionado um quarteirão residencial de Telheiras Sul (fig.2), situado na ala norte da cidade de Lisboa (Lat:38º45’29.92’’N; Long: 9º10’40.98’’W). A área estudada tem uma altitude média que ronda os 95m e uma exposição predominante a sul / sudoeste. No que diz respeito ao edificado, este é principalmente multi-familiar com uma altura média que ronda os 20 m. A área interior do quarteirão é ocupada por um amplo espaço verde e a área que circunda as habitações é, de forma geral, utilizada como estacionamento e pautada por um número significativo de árvores (figuras 2 e 3). N B A über 13.16 unter0.05 m/m Edificado C Árvores Fonte: Livemaps Figura 2- Área de estudo Figura 3 - Representação 3D da área de estudo 2. Metodologia A modelação microclimática da área de estudo foi elaborada com recurso aos programas informáticos Envi-Met e Rayman. Com recurso ao Envi-Met foram simulados os parâmetros velocidade e direcção média do vento e a sua influencia na dispersão de poluentes PM10 (partículas inaláveis, de diâmetro inferior a 10 micrómetros) que constituem um elemento de poluição atmosférica, sendo neste projecto de origem automóvel. A simulação foi elaborada numa grelha tridimensional, na qual foi desenhada a estrutura urbana (edifícios, espaços verdes e a Av. General Norton de Matos como fonte de poluição) com um pixel de 5m, que pareceu ser suficiente para a representação dos principais aspectos da estrutura urbana. 2
  • 3. A simulação da direcção e velocidade média do vento foi elaborada considerando um ponto de origem de 10m do solo a sul e a norte. A escolha do vento do quadrante de sul deve-se ao facto de aí se encontrar a fonte de poluição. A escolha do vento de quadrante de norte foi por este ser, segundo Lopes (2003), um dos ventos que tem mais importância no regime anual de Lisboa. No que concerne às velocidades modeladas foram escolhidas as de 3m/s (vento fraco), 10m/s (vento forte) e 20m/s (vento muito forte). Na variação da exposição solar, com recurso ao Raymam calculou-se o número de horas de radiação solar directa, a variação das sombras e o Sky View Factor 3 (SVF). Para isso foi realizado um modelo da área de estudo com os edifícios e as árvores (tendo em consideração o tipo de folhagem - folha caduca e folha perene). Os períodos de estudo foram os equinócios (Março e Setembro) e solstícios (Junho e Dezembro). No que diz respeito, à modelação da variação das sombras, foram definidos períodos de duas em duas horas, iniciando às 8h e terminando às 20h. Em relação ao SVF importa ainda salientar que foi calculado para três locais distintos assinalados na figura 2. 3. Resultados dos modelos 3.1 Modelação do vento O vento é um factor que exerce influência sobre a qualidade do ar, o conforto (mecânico e térmico) e a saúde humana. No que diz respeito ao conforto e à saúde humana, a influência do vento pode fazer-se sentir através das transferências de calor do corpo humano para a atmosfera (termorregulação). Normalmente o vento desempenha a função de arrefecimento, podendo ser positiva ou negativa de acordo com a temperatura do ar. É positiva quando reduz a sensação de calor e negativa quando aumenta a sensação de frio. O conforto mecânico depende dos efeitos desagradáveis que o vento pode provocar, tais como, dificuldades na deslocação dos indivíduos e o levantamento de poeiras e lixo. O vento no meio urbano depende do vento regional, no entanto os padrões diários dependem das forças de atrito que, por sua vez, resultam da rugosidade 4 da estrutura urbana e das diferenças na estabilidade atmosférica urbana/rural provocadas pela ilha de calor urbano, sobretudo à noite (Lopes 2003). Em resultado das forças de atrito ocorre uma diminuição significativa da velocidade média do vento nas cidades, no entanto, podem suceder acelerações (em ruas por onde o vento é canalizado) e turbilhões locais (flutuações da velocidade e direcção do vento, tanto a barlavento 3 O factor de visão do céu (sky view factor, SVF) e a razão entre a porção de céu observado a partir de um determinado ponto da superfície terrestre e aquela que esta potencialmente disponível (Oke, 1987, p. 404 in Lopes (2003)). 4 Corresponde a altura a partir do solo, onde a velocidade do vento é igual a zero, se o perfil do vento tiver uma variação logarítimica com a altitude (Lopes, 2003) 3
  • 4. como a sotavento dos edifícios). (Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. 2005). A rugosidade pode ser medida através do parâmetro roughness lenght, o qual depende da altura, forma e densidade de distribuição dos obstáculos. Neste estudo foi usado o valor típico para áreas urbanas. Da análise do modelo da velocidade média do vento de 10m/s e 20m/s (figura 3) constata-se que existem três áreas distintas na estrutura representada que são, nomeadamente, o jardim central, as áreas a oeste e este dos edifícios e a área a sul dos mesmos. As áreas com uma velocidade do vento mais reduzida são limitadas principalmente ao jardim central e as áreas que têm uma orientação perpendicular à direcção do vento. Importa ainda salientar que o efeito dos edifícios é muito superior ao das árvores devido ao carácter rígido e não permeável. As árvores são flexíveis e permeáveis. Os edifícios reduzem a velocidade mas geram turbulência, com fortes variações de velocidade e direcção do vento. No que diz respeito à movimentação dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana GANDEMER (1975) apresentou uma sistematização e as suas implicações no conforto mecânico dos indivíduos. Segundo Lopes (2003) essa síntese, ainda hoje é largamente utilizada em manuais de planeamento urbano e o seu intuito foi o de generalizar esses conhecimentos e evitar situações de desconforto por vezes esquecidas. Dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana determinados por GANDEMER (1975), ocorrem na área de estudo os efeitos de venturi, de barra, de canalização, de esquina e de abrigo. Segundo Lopes (2003), dependendo da forma e área do edifício exposta ao vento formam-se sempre nas zonas de embate anomalias positivas de pressão (redução da velocidade a barlavento) e negativas (áreas de sucção a sotavento). Consequentemente, nos edifícios expostos perpendicularmente ao vento podem formar-se correntes transversais nas ruas em direcção as pressões mais baixas, facto que é bem visível nas figuras 4 e 5. Vento Forte de Norte Vento Forte de Sul (10m/s) (10m/s) 60 60 50 50 40 Limiares de Conforto 40 Limiares de Conforto below 5.0 m/s below 5.1 m/s 5.0 to 10.0 m/s 5.1 to 10.1 m/s 10.0 to 15.0 m/s 10.1 to 15.1 m/s Y (m) Y (m) 15.0 to 20.0 m/s 15.1 to 20.1 m/s 30 30 above 20.0 m/s above 20.1 m/s Obstáculos Existentes Estrutura Urbana Obstáculos Existentes Edificadp Edifícios 20 20 Árvores Árvores 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 X (m) X (m) Figura 4 - Modelação do vento forte nos quadrantes norte e sul 4
  • 5. Nos obstáculos da área de estudo onde o vento incide num ângulo de cerca de 45 º em edifícios com forma de paralelepípedo extenso, sucede um movimento turbilhonar a sotavento onde ocorre um ligeiro aumento da velocidade (efeito de barra), que pode diminuir o conforto mecânico dos indivíduos, mas neste caso pode ser observar que são mantidos níveis de conforto mecânico razoáveis. Foram também identificadas áreas designadas com abrigos do vento, as quais têm grande influência sobre as condições bioclimáticas, neste caso o jardim central. Apesar da redução da velocidade do vento, a área é ampla e tem um nível de ventilação que promove a renovação do ar no seu interior. É também notório nas figuras 4 e 5 que as ruas orientadas no sentido do vento predominante propiciam a canalização dos fluxos de ar e o aumento da velocidade e/ou turbulência. Este efeito é, particularmente, importante em situações de convergência do fluxo (efeito Venturi), onde podem ser atingidos valores perigosos. Na área de estudo, apenas se verifica no estreitamento da entrada norte do jardim central. Vento Muito Forte de Norte Vento Muito Forte de Sul (20m/s) (20m/s) 60 60 50 50 40 Limiares de Conforto 40 Limiares de Comforto below 5.0 m/s below 5.0 m/s 5.0 to 10.0 m/s 5.0 to 10.0 m/s 10.0 to 15.0 m/s 10.0 to 15.0 m/s Y (m) 15.0 to 20.0 m/s Y (m) 15.0 to 20.0 m/s 30 30 above 20.0 m/s above 20.0 m/s Obstáculos Existentes Obstáculos Existentes Edificado Edificado 20 Árvores 20 Árvores 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 X (m) X (m) Figura 5 - Modelo do vento muito forte nos quadrantes norte e sul Com seria de esperar com o aumento da velocidade do vento há uma redução geral das áreas onde existe conforto mecânico, a única que se mantém relativamente constante é a área entre a barreira e o primeiro conjunto de edifícios. É ainda notório que existem disparidades, em termos de áreas de conforto mecânico, dependendo do quadrante de origem vento, sendo assim quando este é de norte aumenta as áreas com o efeito perturbador, desagradável e perigoso para os peões. No entanto, é de destacar que apesar de se ter modelado ventos muito fortes a área central apresenta 5
  • 6. sempre níveis de conforto mecânico bastantes agradáveis. De salientar ainda, que com a aproximação à barreira existe uma redução da velocidade do vento em todas as simulações. É de referir, que não foram tidos em conta os resultados dos modelos para o vento fraco visto que este, na área de estudo, tem pouca relevância em termos de conforto mecânico. 3.2. Modelação da concentração de PM10 para diferentes velocidades e direcções do vento Além de seus efeitos sobre o conforto térmico e dinâmico, o vento desempenha um papel fundamental na dispersão dos poluentes atmosféricos, pois funciona como meio de transporte e propagação. A localização e as características dos edifícios e da vegetação são factores que influenciam a dispersão de poluentes numa escala microclimática, principalmente por causa das alterações que provocam na direcção e velocidade do vento local. A concentração de partículas diminui rapidamente com o aumento da distância às fontes de poluição mas, por outro lado, a velocidade do vento condiciona o volume de ar em que os poluentes se vão difundir e a distância de transporte. Quanto maior a velocidade do vento, maior é o volume de ar que passa pela fonte emissora por unidade de tempo e menor a concentração de poluentes por unidade de volume; no entanto, um aumento demasiado da velocidade pode ter um efeito negativo na qualidade do ar ao reduzir a altura efectiva das emissões. A direcção do vento é o factor que determina quais os locais mais afectados pelas emissões de diferentes fontes (Lopes 2003). No que se refere ao transporte local dos poluentes, quando se tem em conta a proximidade das fontes, a ventilação exerce um papel fundamental. Segundo Lopes (2003), se uma fonte de poluição e a sua área circundante for bem ventilada durante o período de maior concentração, o efeito do vento poderá melhorar a qualidade do ar ou até mesmo remover as substâncias poluentes para locais menos prejudiciais. Da análise da figura 6, que representa os níveis de concentração e dispersão do poluente PM10, pode-se retirar a conclusão que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de poluentes. Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um efeito retentor, que faz com que a poluição fique concentrada na fonte, em todas as velocidades e direcções modeladas, havendo apenas uma pequena dispersão quando o vento tem origem no quadrante sul, pois é aí que se situa a fonte de poluição. Há a salientar ainda dois factos, o primeiro é que a dispersão de PM10 varia na ordem inversa da velocidade do vento, isto é, quanto menor a velocidade maior a dispersão de poluentes e consequentemente a área afectada. O segundo é que quando o vento é de sul a barreira exercer um efeito de positivo na protecção da área de estudo, enquanto, quando é de norte dificulta a dispersão de PM10 para esse quadrante, o que faz com a poluição fique muito concentrada na fonte. 6
  • 7. Figura 6. Modelação da concentração de PM10 para diferentes direcções e velocidades do vento Vento Fraco de Norte Vento fraco de Sul (3m/s) (3m/s) 60 60 50 50 Concentração de PM10 Concentração PM10 below 0.11 µg/m³ unter 0.20 µg/m³ 40 40 0.20 bis 0.40 µg/m³ 0.11 to 0.22 µg/m³ 0.40 bis 0.60 µg/m³ 0.22 to 0.33 µg/m³ 0.60 bis 0.81 µg/m³ 0.33 to 0.44 µg/m³ 0.81 bis 1.01 µg/m³ 0.44 to 0.55 µg/m³ 1.01 bis 1.21 µg/m³ 0.55 to 0.66 µg/m³ Y (m) Y (m) 30 1.21 bis 1.41 µg/m³ 30 0.66 to 0.77 µg/m³ 1.41 bis 1.61 µg/m³ 0.77 to 0.88 µg/m³ 1.61 bis 1.81 µg/m³ 0.88 to 0.99 µg/m³ über 1.81 µg/m³ above 0.99 µg/m³ Obstáculos Existentes 20 Obstáculos Existentes 20 Classed LAD and Shelter Edificado Edificado Árvores Árvores 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 X (m) X (m) Vento Forte de Norte Vento Forte de Sul (10m/s) (10m/s) 60 60 50 50 Concentração PM10 Concentração de PM10 below 0.21 µg/m³ below 0.10 µg/m³ 40 0.21 to 0.40 µg/m³ 40 0.10 to 0.20 µg/m³ 0.40 to 0.59 µg/m³ 0.20 to 0.30 µg/m³ 0.59 to 0.78 µg/m³ 0.30 to 0.40 µg/m³ 0.78 to 0.97 µg/m³ 0.40 to 0.50 µg/m³ 0.97 to 1.16 µg/m³ Y (m) 0.50 to 0.60 µg/m³ 1.16 to 1.36 µg/m³ 30 Y (m) 30 0.60 to 0.70 µg/m³ 1.36 to 1.55 µg/m³ 0.70 to 0.80 µg/m³ 1.55 to 1.74 µg/m³ 0.80 to 0.90 µg/m³ above 1.74 µg/m³ above 0.90 µg/m³ 20 Obstáculos Existentes 20 Obstáculos Existentes Edificado Edificado Árvores Árvores 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 X (m) X (m) Vento Muito Forte de Norte Vento Muito Forte de Sul (20m/s) (20m/s) 60 60 50 50 Concentração de PM10 Concentração PM10 below 0.07 µg/m³ unter 0.15 µg/m³ 40 0.07 to 0.14 µg/m³ 40 0.15 bis 0.29 µg/m³ 0.14 to 0.22 µg/m³ 0.29 bis 0.42 µg/m³ 0.22 to 0.29 µg/m³ 0.42 bis 0.56 µg/m³ 0.29 to 0.36 µg/m³ 0.56 bis 0.69 µg/m³ 0.36 to 0.43 µg/m³ 0.69 bis 0.83 µg/m³ Y (m) Y (m) 30 0.43 to 0.50 µg/m³ 30 0.83 bis 0.96 µg/m³ 0.50 to 0.57 µg/m³ 0.96 bis 1.10 µg/m³ 0.57 to 0.65 µg/m³ 1.10 bis 1.23 µg/m³ above 0.65 µg/m³ über 1.23 µg/m³ 20 20 Obstáculos Existentes Obstáculos Existentes Edificado Edificado Árvores Árvores 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 X (m) X (m) 7
  • 8. 3.3 Modelação da variação da sombra A figura 7 representa a trajectória aparente do Sol e a sua influência na variação da quantidade de sombra na área de estudo. Os movimentos de rotação e translação da terra alteram os valores do ângulo de incidência dos raios solares. Desta forma, verifica-se que é no solstício de Junho que ocorrem mais horas de radiação solar no local, pois, é fase em que o sol durante o seu movimento aparente na esfera celeste atinge o maior ângulo de incidência sobre o hemisfério norte. Em oposição, é no solstício de Dezembro que ocorrem menos horas de radiação solar, uma vez que nesta altura do ano os raios solares têm maior incidência sobre o hemisfério norte. Entre os equinócios, as semelhanças são muito grandes, pois nessa altura do ano os raios solares têm maior incidência sobre o equador. No que diz respeito ao movimento de rotação da terra ao longo do dia, verifica-se que a sombra vai seguindo o sentido contrário aos raios solares, ou seja, existe maior quantidade de sombra nas primeiras horas do dia no quadrante oeste dos edifícios e com o passar das horas esta vai passando para o quadrante este. Da observação retira-se ainda que a área central ao longo das horas e das estações do ano apresenta níveis de acesso solar significativos, tornado este local bastante agradável para actividades de lazer e indirectamente poderá ter impactos positivos na eficiência energética dos edifícios. Equinócio de Março Solstício de Junho Equinócio de Setembro Solstício de Dezembro N N N N 8h W E W E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro N N N N 10h W E W E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro Figura 7 - Trajectória aparente do sol e a sua influência na variação da quantidade de sombra 8
  • 9. Equinócio de Março Solstício de Junho Equinócio de Setembro Solstício de Dezembro N N N N 12h W E W E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro N N N N 14h W E W E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro N N N N 16h W E W E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro N N N N 18h W EW E W E W E S S S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro Figura 7 - Trajectória aparente do sol e a sua influência na variação da quantidade de sombra (continuação) 9
  • 10. 3.4. Diagrama Polar A figura 8 representa a ocultação do céu para os três locais da área de estudo (identificados na figura 1) e os trajectos do sol para os solstícios e equinócios. Da observação do quadro 1, constata- se que é no Solstício de Junho que os locais em análise tem maior radiação solar directa. Como seria de esperar é no Solstício de Dezembro que os locais têm menos horas com radiação solar directa. Quadro 1 - Caracterização dos locais resultantes do diagrama polar Locais de Nascer do sol Pôr-do-sol Nº aproximado de horas com radiação solar Movimento Anual do Sol SVF Observação (h:mm) (h:mm) directa Local A 0.725 8 Local B 6:39 18:49 0.730 6 Equinócio de Primavera Local C 0.582 6 Local A 0.725 11 Local B 20:04 0.730 7 Solstício de Verão 5:11 Local C 0.582 7 Local A 0.725 8 Local B 6:22 18:33 0.730 6 Equinócio de Outono Local C 0.582 6 Local A 0.725 6 Local B 7:52 0.730 2 Solstício de Inverno 17:19 Local C 0.582 2 Segundo Andrade (2004), num ponto da superfície da terra (ou mais propriamente do oceano) do qual seja visível a totalidade do hemisfério celeste, o SVF é igual 1 (a ocultação visual do céu é nula) e a exposição à radiação solar directa (na ausência de nuvens) tem duração máxima possível. Com a existência de obstáculos que obstruam parte do céu o SVF vai diminuir. No que se refere à posição dos obstáculos, estes podem provocar a ocultação do Sol numa das suas trajectórias. Com auxílio do quadro 1 e da figura 8 constata-se que os três locais em estudo têm um SVF relativamente elevado, ou seja, os edifícios circundantes às áreas escolhidas não provocam grande ocultação do céu, o que tem como resultado um número bastante significativo de horas de radiação solar directa, principalmente no local A. N N N 10 10 10 20 20 20 30 30 30 40 22.6. 40 22.6. 40 22.6. 50 50 50 60 60 60 70 70 70 80 80 80 22.9. 21.3. 22.9. 21.3. W E W E 22.9. 21.3. 7 7 W E 7 18 18 18 8 8 17 17 8 9 9 17 16 16 9 10 10 16 15 15 11 11 10 14 12 14 12 15 13 13 11 21.12. 21.12. 14 12 13 21.12. S S © 1999 - 2005 Ray Man Pro © 1999 - 2005 Ray Man Pro S Local A Local B Local C © 1999 - 2005 Ray Man Pro Figura 8 - Diagrama polar dos respectivos Equinócios e Solstícios 10
  • 11. Conclusão O estudo microclimático de um quarteirão de Telheiras Sul permitiu tirar algumas conclusões interessantes. Uma delas é que o vento dominante da cidade de Lisboa (N/NW) tem um efeito significativo no conforto mecânico da área, mas apenas se torna incomodativo quando são atingidas velocidades superiores a 10 m/s, de resto apresenta níveis bastantes agradáveis no espaço verde central e na área entre a barreira e o bloco de habitação junta a mesma. Outro ponto a salientar é que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de poluentes. Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um efeito redutor, na velocidade do vento e consequentemente na dispersão de poluentes, em todas as velocidades e direcções modeladas. Em termos de acesso solar o quarteirão estudado apresenta também níveis de acesso solar bastante satisfatórios, tornado este local bastante agradável para actividades de lazer e indirectamente poderá ter impactos positivos na eficiência energética dos edifícios. Espaços públicos atractivos ao ar livre podem servir como elementos fundamentais para reforçar a concepção de qualidade de vida nas zonas urbanas e para diminuir os efeitos negativos da urbanização. Com o intuito de cumprir essa missão e também de servir como pequeno oásis no ambiente artificial, os espaços ao ar livre visam satisfazer as expectativas dos potenciais utilizadores e oferecer a combinação certa entre a estrutura ambiental, económica e social. Segundo Bruse (2005), o microclima de uma área é um dos principais factores que impulsionam a percepção individual e avaliação de um ambiente ao ar livre. A conjugação de sol, sombra e abrigos contra o vento proporciona condições agradáveis para atrair pessoas que, em contrapartida, irão tornar estas áreas mais atraentes para lojas, restaurantes ou outras instalações, em função dos níveis de frequentação dos cidadãos. Por tudo o que foi anteriormente nomeado, os estudos microclimáticos devem ser tidos em conta no planeamento urbano, para que se reduzam os efeitos climáticos negativos e maximizem os positivos. 11
  • 12. Bibliografia: Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. (2005) - Orientações climáticas para o ordenamento em Lisboa, Área de Investigação de Geo-Ecologia Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. Andrade, H. (2004) - Bioclima Humano e Temperatura do Ar em Lisboa, Tese de Doutoramento apresentada à Universidade de Lisboa Bruse, M. (1999) - Simulating microscale climate interactions in complex terrain with a high- resolution numerical model: A case study for the Sydney CBD Area Model Description, Bochum, Cologne, Department of Geography, University of Bochum, University of Cologne. Bruse, M. (2005) - Assessing urban microclimate from the user’s perspective – Multi-Agent systems as a new tool in urban biometeorology. Ann. Meteorol. (41), 137-140 Lopes, A. (2003) - Modificações no clima urbano de Lisboa como consequência do crescimento urbano. Vento, ilha de calor de superfície e balanço energético. PhD, Centro de Estudos Geográficos, Faculdade de Letras. Lisboa, Universidade de Lisboa: 375p. Matzarakis, A., Rutz, F; Mayer, H. (1999) - Estimation and calculation of the mean radiation temperature in urban structures from the point of view of human biometreorology, Vol. 15º International Congress of Biometeorology & International Conference on Urban Climatology, Sydney - Australia, Macquarke University. WMO, (1999) - Climate and human health. World climate News 14, 3-5. 12