Este documento analisa o efeito das estruturas urbanas e vegetação no microclima e qualidade do ar de um quarteirão em Lisboa usando simulações computacionais. Os resultados mostram que a área tem um microclima agradável, com ventos mais fracos no jardim central e áreas protegidas dos ventos. Contudo, em ventos mais fortes há menos áreas de conforto, especialmente com ventos do norte.
Análise do potencial de negócio – caso de estudo de Benfica
O EFEITO DAS ESTRUTURAS URBANAS NAS VARIAÇÕES MICROCLIMÁTICAS - CASO DE ESTUDO DE TELHEIRAS SUL -
1. O EFEITO DAS ESTRUTURAS URBANAS NAS VARIAÇÕES MICROCLIMÁTICAS
- CASO DE ESTUDO DE TELHEIRAS SUL -
Igor Boieiro nº 32483 & Inês Frazão nº32811
Universidade de Lisboa
Resumo:
O presente estudo tem como objectivo analisar o efeito exercido pelas estruturas urbanas e a
vegetação na dispersão de poluentes atmosféricos, no conforto bioclimático e consequente impacto
na qualidade do ambiente urbano. Para tal, utilizou-se os programas informáticos, Envi-Met1
(Bruse, 1999) e Rayman 2(Matzarakis, Rutz and Mayer, 1999), vocacionados para a modelação das
interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera. Como área de estudo foi
seleccionado um quarteirão de Telheiras Sul, em Lisboa, devido às suas características urbanas e ao
elevado tráfego rodoviário próximo desta área.
Os resultados das simulações permitiram verificar que a área de estudo apresenta um
microclima urbano bastante agradável.
Palavras-chave: microclima, planeamento urbano
1.Introdução
O efeito das estruturas urbanas no clima e na qualidade do ar devem ser tidos em conta no
planeamento urbano e regional de forma a garantir o bem-estar das populações (Fig.1). Para se
realizar um planeamento urbano correcto é imperativo conhecer o clima urbano, no entanto, é
bastante complexo caracterizá-lo uma vez que este composto por inúmeros subsistemas ligados
entre si, através de trocas de energia, de massa e impulsos/dinâmica.
Há várias décadas que é reconhecida a influência da cidade na modificação, não apenas
dos campos de vento, mas também de outros fenómenos climáticos como a humidade e a
temperatura (ilha de calor urbano). (CHANDLER. 1965; ATKINSON, 1975 in Lopes, 2003).
Figura 1 – Relações entre o clima e o Homem (WMO, 1999)
1
Modelo tridimensional que simula as interacções entre a estrutura urbana, a vegetação e a atmosfera (microclima urbano).
2
Modelo tridimensional projectado para simular os fluxos de radiação de onda curta e longa, tendo em conta a estrutura urbana, a atmosfera e a
vegetação.
1
2. Neste sentido, o presente estudo tem como objectivo analisar e caracterizar a qualidade do
ambiente urbano, tendo em conta a influência das estruturas urbanas na variação da exposição solar,
dispersão de poluentes, conforto bioclimático e intensidade e direcção dos ventos.
Como área de estudo foi seleccionado um quarteirão residencial de Telheiras Sul (fig.2),
situado na ala norte da cidade de Lisboa (Lat:38º45’29.92’’N; Long: 9º10’40.98’’W). A área
estudada tem uma altitude média que ronda os 95m e uma exposição predominante a sul / sudoeste.
No que diz respeito ao edificado, este é principalmente multi-familiar com uma altura média que
ronda os 20 m. A área interior do quarteirão é ocupada por um amplo espaço verde e a área que
circunda as habitações é, de forma geral, utilizada como estacionamento e pautada por um número
significativo de árvores (figuras 2 e 3).
N
B
A
über 13.16
unter0.05 m/m
Edificado
C Árvores
Fonte:
Livemaps
Figura 2- Área de estudo Figura 3 - Representação 3D da área de estudo
2. Metodologia
A modelação microclimática da área de estudo foi elaborada com recurso aos programas
informáticos Envi-Met e Rayman.
Com recurso ao Envi-Met foram simulados os parâmetros velocidade e direcção média do
vento e a sua influencia na dispersão de poluentes PM10 (partículas inaláveis, de diâmetro inferior a
10 micrómetros) que constituem um elemento de poluição atmosférica, sendo neste projecto de
origem automóvel. A simulação foi elaborada numa grelha tridimensional, na qual foi desenhada a
estrutura urbana (edifícios, espaços verdes e a Av. General Norton de Matos como fonte de
poluição) com um pixel de 5m, que pareceu ser suficiente para a representação dos principais
aspectos da estrutura urbana.
2
3. A simulação da direcção e velocidade média do vento foi elaborada considerando um ponto
de origem de 10m do solo a sul e a norte. A escolha do vento do quadrante de sul deve-se ao facto
de aí se encontrar a fonte de poluição. A escolha do vento de quadrante de norte foi por este ser,
segundo Lopes (2003), um dos ventos que tem mais importância no regime anual de Lisboa. No
que concerne às velocidades modeladas foram escolhidas as de 3m/s (vento fraco), 10m/s (vento
forte) e 20m/s (vento muito forte).
Na variação da exposição solar, com recurso ao Raymam calculou-se o número de horas de
radiação solar directa, a variação das sombras e o Sky View Factor 3 (SVF). Para isso foi realizado
um modelo da área de estudo com os edifícios e as árvores (tendo em consideração o tipo de
folhagem - folha caduca e folha perene). Os períodos de estudo foram os equinócios (Março e
Setembro) e solstícios (Junho e Dezembro). No que diz respeito, à modelação da variação das
sombras, foram definidos períodos de duas em duas horas, iniciando às 8h e terminando às 20h. Em
relação ao SVF importa ainda salientar que foi calculado para três locais distintos assinalados na
figura 2.
3. Resultados dos modelos
3.1 Modelação do vento
O vento é um factor que exerce influência sobre a qualidade do ar, o conforto (mecânico e
térmico) e a saúde humana. No que diz respeito ao conforto e à saúde humana, a influência do vento
pode fazer-se sentir através das transferências de calor do corpo humano para a atmosfera
(termorregulação). Normalmente o vento desempenha a função de arrefecimento, podendo ser
positiva ou negativa de acordo com a temperatura do ar. É positiva quando reduz a sensação de
calor e negativa quando aumenta a sensação de frio.
O conforto mecânico depende dos efeitos desagradáveis que o vento pode provocar, tais
como, dificuldades na deslocação dos indivíduos e o levantamento de poeiras e lixo.
O vento no meio urbano depende do vento regional, no entanto os padrões diários dependem
das forças de atrito que, por sua vez, resultam da rugosidade 4 da estrutura urbana e das diferenças
na estabilidade atmosférica urbana/rural provocadas pela ilha de calor urbano, sobretudo à noite
(Lopes 2003). Em resultado das forças de atrito ocorre uma diminuição significativa da velocidade
média do vento nas cidades, no entanto, podem suceder acelerações (em ruas por onde o vento é
canalizado) e turbilhões locais (flutuações da velocidade e direcção do vento, tanto a barlavento
3
O factor de visão do céu (sky view factor, SVF) e a razão entre a porção de céu observado a partir de um determinado ponto da superfície terrestre e
aquela que esta potencialmente disponível (Oke, 1987, p. 404 in Lopes (2003)).
4
Corresponde a altura a partir do solo, onde a velocidade do vento é igual a zero, se o perfil do vento tiver uma variação logarítimica com a altitude
(Lopes, 2003)
3
4. como a sotavento dos edifícios). (Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. 2005).
A rugosidade pode ser medida através do parâmetro roughness lenght, o qual depende da altura,
forma e densidade de distribuição dos obstáculos. Neste estudo foi usado o valor típico para áreas
urbanas.
Da análise do modelo da velocidade média do vento de 10m/s e 20m/s (figura 3) constata-se
que existem três áreas distintas na estrutura representada que são, nomeadamente, o jardim central,
as áreas a oeste e este dos edifícios e a área a sul dos mesmos. As áreas com uma velocidade do
vento mais reduzida são limitadas principalmente ao jardim central e as áreas que têm uma
orientação perpendicular à direcção do vento.
Importa ainda salientar que o efeito dos edifícios é muito superior ao das árvores devido ao
carácter rígido e não permeável. As árvores são flexíveis e permeáveis. Os edifícios reduzem a
velocidade mas geram turbulência, com fortes variações de velocidade e direcção do vento.
No que diz respeito à movimentação dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana GANDEMER
(1975) apresentou uma sistematização e as suas implicações no conforto mecânico dos indivíduos.
Segundo Lopes (2003) essa síntese, ainda hoje é largamente utilizada em manuais de planeamento
urbano e o seu intuito foi o de generalizar esses conhecimentos e evitar situações de desconforto por
vezes esquecidas.
Dos fluxos de ar sobre a estrutura urbana determinados por GANDEMER (1975), ocorrem na
área de estudo os efeitos de venturi, de barra, de canalização, de esquina e de abrigo.
Segundo Lopes (2003), dependendo da forma e área do edifício exposta ao vento formam-se
sempre nas zonas de embate anomalias positivas de pressão (redução da velocidade a barlavento) e
negativas (áreas de sucção a sotavento). Consequentemente, nos edifícios expostos
perpendicularmente ao vento podem formar-se correntes transversais nas ruas em direcção as
pressões mais baixas, facto que é bem visível nas figuras 4 e 5.
Vento Forte de Norte Vento Forte de Sul
(10m/s) (10m/s)
60 60
50 50
40 Limiares de Conforto 40 Limiares de Conforto
below 5.0 m/s below 5.1 m/s
5.0 to 10.0 m/s 5.1 to 10.1 m/s
10.0 to 15.0 m/s 10.1 to 15.1 m/s
Y (m)
Y (m)
15.0 to 20.0 m/s 15.1 to 20.1 m/s
30 30
above 20.0 m/s above 20.1 m/s
Obstáculos Existentes
Estrutura Urbana Obstáculos Existentes
Edificadp Edifícios
20 20 Árvores
Árvores
10 10
0 0
0 10 20 30 40 50 60
0 10 20 30 40 50 60
X (m) X (m)
Figura 4 - Modelação do vento forte nos quadrantes norte e sul
4
5. Nos obstáculos da área de estudo onde o vento incide num ângulo de cerca de 45 º em
edifícios com forma de paralelepípedo extenso, sucede um movimento turbilhonar a sotavento onde
ocorre um ligeiro aumento da velocidade (efeito de barra), que pode diminuir o conforto mecânico
dos indivíduos, mas neste caso pode ser observar que são mantidos níveis de conforto mecânico
razoáveis.
Foram também identificadas áreas designadas com abrigos do vento, as quais têm grande
influência sobre as condições bioclimáticas, neste caso o jardim central. Apesar da redução da
velocidade do vento, a área é ampla e tem um nível de ventilação que promove a renovação do ar no
seu interior.
É também notório nas figuras 4 e 5 que as ruas orientadas no sentido do vento predominante
propiciam a canalização dos fluxos de ar e o aumento da velocidade e/ou turbulência. Este efeito é,
particularmente, importante em situações de convergência do fluxo (efeito Venturi), onde podem ser
atingidos valores perigosos. Na área de estudo, apenas se verifica no estreitamento da entrada norte
do jardim central.
Vento Muito Forte de Norte Vento Muito Forte de Sul
(20m/s) (20m/s)
60 60
50 50
40 Limiares de Conforto 40 Limiares de Comforto
below 5.0 m/s below 5.0 m/s
5.0 to 10.0 m/s 5.0 to 10.0 m/s
10.0 to 15.0 m/s 10.0 to 15.0 m/s
Y (m)
15.0 to 20.0 m/s
Y (m)
15.0 to 20.0 m/s
30 30
above 20.0 m/s above 20.0 m/s
Obstáculos Existentes Obstáculos Existentes
Edificado Edificado
20 Árvores 20 Árvores
10 10
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
X (m) X (m)
Figura 5 - Modelo do vento muito forte nos quadrantes norte e sul
Com seria de esperar com o aumento da velocidade do vento há uma redução geral das áreas
onde existe conforto mecânico, a única que se mantém relativamente constante é a área entre a
barreira e o primeiro conjunto de edifícios. É ainda notório que existem disparidades, em termos de
áreas de conforto mecânico, dependendo do quadrante de origem vento, sendo assim quando este é
de norte aumenta as áreas com o efeito perturbador, desagradável e perigoso para os peões. No
entanto, é de destacar que apesar de se ter modelado ventos muito fortes a área central apresenta
5
6. sempre níveis de conforto mecânico bastantes agradáveis. De salientar ainda, que com a
aproximação à barreira existe uma redução da velocidade do vento em todas as simulações.
É de referir, que não foram tidos em conta os resultados dos modelos para o vento fraco visto
que este, na área de estudo, tem pouca relevância em termos de conforto mecânico.
3.2. Modelação da concentração de PM10 para diferentes velocidades e direcções do vento
Além de seus efeitos sobre o conforto térmico e dinâmico, o vento desempenha um papel
fundamental na dispersão dos poluentes atmosféricos, pois funciona como meio de transporte e
propagação. A localização e as características dos edifícios e da vegetação são factores que
influenciam a dispersão de poluentes numa escala microclimática, principalmente por causa das
alterações que provocam na direcção e velocidade do vento local.
A concentração de partículas diminui rapidamente com o aumento da distância às fontes de
poluição mas, por outro lado, a velocidade do vento condiciona o volume de ar em que os poluentes
se vão difundir e a distância de transporte. Quanto maior a velocidade do vento, maior é o volume
de ar que passa pela fonte emissora por unidade de tempo e menor a concentração de poluentes
por unidade de volume; no entanto, um aumento demasiado da velocidade pode ter um efeito
negativo na qualidade do ar ao reduzir a altura efectiva das emissões. A direcção do vento é o
factor que determina quais os locais mais afectados pelas emissões de diferentes fontes (Lopes
2003). No que se refere ao transporte local dos poluentes, quando se tem em conta a proximidade
das fontes, a ventilação exerce um papel fundamental. Segundo Lopes (2003), se uma fonte de
poluição e a sua área circundante for bem ventilada durante o período de maior concentração, o
efeito do vento poderá melhorar a qualidade do ar ou até mesmo remover as substâncias poluentes
para locais menos prejudiciais.
Da análise da figura 6, que representa os níveis de concentração e dispersão do poluente
PM10, pode-se retirar a conclusão que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de
poluentes. Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um
efeito retentor, que faz com que a poluição fique concentrada na fonte, em todas as velocidades e
direcções modeladas, havendo apenas uma pequena dispersão quando o vento tem origem no
quadrante sul, pois é aí que se situa a fonte de poluição.
Há a salientar ainda dois factos, o primeiro é que a dispersão de PM10 varia na ordem inversa
da velocidade do vento, isto é, quanto menor a velocidade maior a dispersão de poluentes e
consequentemente a área afectada. O segundo é que quando o vento é de sul a barreira exercer um
efeito de positivo na protecção da área de estudo, enquanto, quando é de norte dificulta a dispersão
de PM10 para esse quadrante, o que faz com a poluição fique muito concentrada na fonte.
6
7. Figura 6. Modelação da concentração de PM10 para diferentes direcções e velocidades do vento
Vento Fraco de Norte Vento fraco de Sul
(3m/s) (3m/s)
60 60
50 50
Concentração de PM10 Concentração PM10
below 0.11 µg/m³ unter 0.20 µg/m³
40 40 0.20 bis 0.40 µg/m³
0.11 to 0.22 µg/m³
0.40 bis 0.60 µg/m³
0.22 to 0.33 µg/m³
0.60 bis 0.81 µg/m³
0.33 to 0.44 µg/m³
0.81 bis 1.01 µg/m³
0.44 to 0.55 µg/m³
1.01 bis 1.21 µg/m³
0.55 to 0.66 µg/m³
Y (m)
Y (m)
30 1.21 bis 1.41 µg/m³
30 0.66 to 0.77 µg/m³
1.41 bis 1.61 µg/m³
0.77 to 0.88 µg/m³
1.61 bis 1.81 µg/m³
0.88 to 0.99 µg/m³
über 1.81 µg/m³
above 0.99 µg/m³
Obstáculos Existentes 20
Obstáculos Existentes
20
Classed LAD and Shelter
Edificado
Edificado Árvores
Árvores
10
10
0
0 0 10 20 30 40 50 60
0 10 20 30 40 50 60
X (m)
X (m)
Vento Forte de Norte Vento Forte de Sul
(10m/s)
(10m/s)
60
60
50
50
Concentração PM10
Concentração de PM10
below 0.21 µg/m³
below 0.10 µg/m³ 40 0.21 to 0.40 µg/m³
40 0.10 to 0.20 µg/m³
0.40 to 0.59 µg/m³
0.20 to 0.30 µg/m³
0.59 to 0.78 µg/m³
0.30 to 0.40 µg/m³
0.78 to 0.97 µg/m³
0.40 to 0.50 µg/m³
0.97 to 1.16 µg/m³
Y (m)
0.50 to 0.60 µg/m³ 1.16 to 1.36 µg/m³
30
Y (m)
30 0.60 to 0.70 µg/m³ 1.36 to 1.55 µg/m³
0.70 to 0.80 µg/m³ 1.55 to 1.74 µg/m³
0.80 to 0.90 µg/m³ above 1.74 µg/m³
above 0.90 µg/m³
20
Obstáculos Existentes
20
Obstáculos Existentes
Edificado
Edificado Árvores
Árvores
10
10
0
0 0 10 20 30 40 50 60
0 10 20 30 40 50 60
X (m)
X (m)
Vento Muito Forte de Norte Vento Muito Forte de Sul
(20m/s) (20m/s)
60 60
50 50
Concentração de PM10 Concentração PM10
below 0.07 µg/m³ unter 0.15 µg/m³
40 0.07 to 0.14 µg/m³ 40 0.15 bis 0.29 µg/m³
0.14 to 0.22 µg/m³ 0.29 bis 0.42 µg/m³
0.22 to 0.29 µg/m³ 0.42 bis 0.56 µg/m³
0.29 to 0.36 µg/m³ 0.56 bis 0.69 µg/m³
0.36 to 0.43 µg/m³ 0.69 bis 0.83 µg/m³
Y (m)
Y (m)
30 0.43 to 0.50 µg/m³ 30 0.83 bis 0.96 µg/m³
0.50 to 0.57 µg/m³ 0.96 bis 1.10 µg/m³
0.57 to 0.65 µg/m³ 1.10 bis 1.23 µg/m³
above 0.65 µg/m³ über 1.23 µg/m³
20 20
Obstáculos Existentes Obstáculos Existentes
Edificado Edificado
Árvores Árvores
10 10
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
X (m) X (m)
7
11. Conclusão
O estudo microclimático de um quarteirão de Telheiras Sul permitiu tirar algumas conclusões
interessantes. Uma delas é que o vento dominante da cidade de Lisboa (N/NW) tem um efeito
significativo no conforto mecânico da área, mas apenas se torna incomodativo quando são atingidas
velocidades superiores a 10 m/s, de resto apresenta níveis bastantes agradáveis no espaço verde
central e na área entre a barreira e o bloco de habitação junta a mesma.
Outro ponto a salientar é que a área de estudo é pouco afectada pela dispersão de poluentes.
Tal facto deve-se à existência da uma barreira junto a fonte de poluição que exerce um efeito
redutor, na velocidade do vento e consequentemente na dispersão de poluentes, em todas as
velocidades e direcções modeladas.
Em termos de acesso solar o quarteirão estudado apresenta também níveis de acesso solar
bastante satisfatórios, tornado este local bastante agradável para actividades de lazer e
indirectamente poderá ter impactos positivos na eficiência energética dos edifícios.
Espaços públicos atractivos ao ar livre podem servir como elementos fundamentais para
reforçar a concepção de qualidade de vida nas zonas urbanas e para diminuir os efeitos negativos da
urbanização. Com o intuito de cumprir essa missão e também de servir como pequeno oásis no
ambiente artificial, os espaços ao ar livre visam satisfazer as expectativas dos potenciais utilizadores
e oferecer a combinação certa entre a estrutura ambiental, económica e social.
Segundo Bruse (2005), o microclima de uma área é um dos principais factores que
impulsionam a percepção individual e avaliação de um ambiente ao ar livre. A conjugação de sol,
sombra e abrigos contra o vento proporciona condições agradáveis para atrair pessoas que, em
contrapartida, irão tornar estas áreas mais atraentes para lojas, restaurantes ou outras instalações, em
função dos níveis de frequentação dos cidadãos.
Por tudo o que foi anteriormente nomeado, os estudos microclimáticos devem ser tidos em
conta no planeamento urbano, para que se reduzam os efeitos climáticos negativos e maximizem os
positivos.
11
12. Bibliografia:
Alcoforado, M.J. ; Lopes, A.; Andrade, H. ; Vasconcelos J. (2005) - Orientações climáticas para o
ordenamento em Lisboa, Área de Investigação de Geo-Ecologia Centro de Estudos Geográficos da
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Bruse, M. (1999) - Simulating microscale climate interactions in complex terrain with a high-
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Cologne, Department of Geography, University of Bochum, University of Cologne.
Bruse, M. (2005) - Assessing urban microclimate from the user’s perspective – Multi-Agent
systems as a new tool in urban biometeorology. Ann. Meteorol. (41), 137-140
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Matzarakis, A., Rutz, F; Mayer, H. (1999) - Estimation and calculation of the mean radiation
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WMO, (1999) - Climate and human health. World climate News 14, 3-5.
12