O jornal escolar apresenta vários artigos produzidos por alunos e professores sobre atividades realizadas, sugestões culturais e desafios. Inclui resumos de livros, filmes e poemas, trabalhos desenvolvidos em aulas, e secções sobre clubes e oficinas.
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
DeClara 23 maio 2019
1. Jornal do Agrupamento Escolas Clara de Resende
DeClaranº23,maio2019
Pedro Diogo, nº24, 6ºB
2. Editorial
Enigmas, desafios, anedotas, propostas de leitura,
visitas de estudo, passeios, contos, concursos,
comemorações, poemas, apresentações,
sugestões, cidadania e desenvolvimento…há
artigos de vários níveis de ensino, para todos os
gostos e idades!
A edição de maio é o resultado de muito trabalho
desenvolvido ao longo do ano, por alunos e
professores, que vale a pena ler!
Mais uma etapa que está, para os alunos, quase
concluída. Temos ainda os últimos testes e a
preocupação com os exames, para aqueles que os
vão fazer.
Claro que fazer testes e exames nunca é uma
tarefa fácil, ficamos ansiosos, nervosos, numa
expectativa do que virá pela frente. Mas r
Estudar e manter a calma é a melhor opção e
caminho para o sucesso.
Isabel Santos Pereira
2
Agrupamento Clara de Resende
EDITORIAL
AS NOSSAS ESCOLHAS ...
SUGESTÕES DO MÊS
O QUE ACONTECEU ...
DESAFIOS DO MÊS
O QUE ESCREVEM OS PROFESSORES
É BOM SABER ...
TRABALHOS DOS ALUNOS
CLUBES
OFICINAS DE APRENDIZAGEM
O QUE VAI ACONTECER...
OS NOSSOS ALUNOS
MEMSAGEM DA NOSSA ESCOLA
DeClara, nº 23 maio 2019
3. 3
Agrupamento Clara de Resende
CLUBESOFICINAS DE
APRENDIZAGEM
ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA CLARA DE RESENDE
2018-2019
Oficina de Leitura e Escrita Criativa
“Dá voz à Palavra”
Ler, Criar, Declamar, Poetizar, Ensaiar e …
Porque não experimentar?
4.ª feira das 13h:20m às 14h:10m
5.ª feira das 14h:25 às 15h:15m
do 5º ao 12º ano
Professora: Acilda Almeida
Mais informações e inscrições na Biblioteca Escolar
DeClara, nº 23 maio 2019
4. 4
RESPOSTAS AOS DESAFIOS
DE ABRIL
DESAFIOS DE MAIO
DeClara, nº 23 maio 2019
Qual é o perímetro da secção da piscina?
Solução: D) 16m
Desafio 1
Desafio 1
O João tem 13 moedas no bolso. Cada moeda é
de 5 ou de 10 cêntimos.
Qual dos seguintes valores não pode ser o valor
total das moedas do João.
Prof. Artur Neri
A) 80 cêntimos
B) 60 cêntimos
C) 70 cêntimos
D) 115 cêntimos
E) 125 cêntimos
Desafio 2
SOLUÇÃO: 4 diferenças.
Desafio 2
Descobre as 7 diferenças
5. Secas do mês
Atenção: Estas anedotas
são extremamente secas.
Mesmo muito secas!
As mais secas que já
alguma vez ouviste!
5
SUGESTÕES DO MÊS
Eu até contava uma piada sobre
química… mas tenho medo de que
não tenha uma boa reação.
«Quando caíres, estarei lá para ti»
(Chão)
Fui a um café que diz que tem tudo e
pedi uma sandes de tromba de
elefante. O empregado vira-se e diz:
-Está com azar, acabou-se agora
mesmo o pão!
Francisco Rodrigues, 9.ºB
DeClara, nº 23 maio 2019
Searching for Neverland
Este mês vou falar de um filme sobre a vida de um
cantor conhecido como o “rei da POP”. Este filme relata
a vida de Michael Jackson, contada pelos seus
seguranças, Bill e Javon.
Quando estes começaram a
trabalhar para o cantor e para a
sua família, quase abandonaram
as suas, pois tinham de fazer as
viagens que o cantor fazia.
Principalmente Bill começou a
ter uma relação muito forte com
Michael e com a sua família
tornando-se amigo e confidente destes. Michael só
queria o melhor para a sua família e queria que os seus
filhos tivessem uma vida normal, longe das câmaras e da
comunicação social. Michael estava afogado em dívidas
e, para as pagar, era obrigado a fazer muitos espetáculos,
bastante exigentes a nível físico que o deixavam exausto!
Durante uma sessão fotográfica, Michael fez amizade
com um estudante de cinema, no qual confiou a chefia
da sua equipa de segurança. Passado algum tempo este
despediu Bill e Javon, às escondidas de Michael, e eles
voltaram para junto das suas famílias. Mas Michael,
sentindo a falta de Bill, telefonou-lhe e pediu-lhe para ir
ao seu encontro.
Enquanto Bill fazia as malas viu na televisão a notícia da
morte de Michael Jackson, que, no dia 25 de Junho de
2009, devido a todo o stress e pressão que lhe foram
submetidos faleceu, na sua mansão, com uma paragem
cardíaca. Bill não chegou a tempo de conversaremntes
da su “partida”!
Existem muitas teorias, maioritariamente dos grandes
fãs de Michael, que este fingiu a sua morte para escapar
das dívidas, da fama, da falta de privacidadade e em
busca de uma vida melhor. Mas os factos apontam para
a real morte da estrela conhecida como o “rei do POP”.
Recomendo este filme a todos os que gostam de Michael
Jackson e de histórias de vida emocionantes!
Gonçalo Martins Torrão, 7º D
SUGESTÕES DO MÊS -
FILME
6. Numa ilha da costa de Devon, em plena época balnear, desenham-se os
contornos de um triângulo amoroso. Por uma (in)feliz coincidência, Poirot
encontra-se bem perto do desenrolar da ação. De férias e decidido a aproveitar
ao máximo (ou tanto quanto o detetive belga se permite) os efeitos benéficos
do sol e do ar marítimo, Poirot cedo abdica desses propósitos para dedicar toda
a sua atenção ao excêntrico grupo que com ele partilha o hotel. Mas
escondem-se motivos sombrios por detrás da aparente frivolidade destas
relações sociais, e nada nem ninguém parece conseguir demover o assassino
das suas sinistras intenções.
Francisco Manta, 9.ºB
3º Ciclo: “Morte na praia”, de Agatha Christie
6
SUGESTÕES DO MÊS
LEITURA
2º Ciclo: “História de um caracol que descobriu a importância da lentidão” de Luís
Sepúlveda
DeClara, nº 23 maio 2019
Um tempo múltiplo. Labiríntico. As histórias das sociedades humanas. Ricardo
Reis chega a Lisboa em finais de dezembro de 1935. Fica até setembro de 1936.
Uma personagem vinda de uma outra ficção, a da heteronímia de Fernando
Pessoa. E um movimento inverso, logo a começar: «Aqui onde o mar se acaba e
a terra principia»; o virar ao contrário o verso de Camões: «Onde a terra acaba
e o mar começa.» Em Camões, o movimento é da terra para o mar; no livro de
Saramago temos Ricardo Reis a regressar a Portugal por mar. É substituído o
movimento épico da partida. Mais uma vez, a história na escrita de Saramago.
E as relações entre a vida e a morte. Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de
dezembro e Fernando Pessoa morreu a 30 de novembro. Ricardo Reis visita-o
ao cemitério. Um tempo complexo. O fascismo consolida-se em Portugal.
Biblioteca Escolar
Ensino Secundário: “ O Ano da Morte de Ricardo Reis” de José
Saramago
Os caracóis que vivem no prado chamado País do Dente-de-Leão, sob a frondosa
planta do calicanto, estão habituados a um estilo de vida pachorrento e silencioso,
escondidos do olhar ávido dos outros animais, e a chamar uns aos outros
simplesmente «caracol». Um deles, no entanto, acha injusto não ter um nome e fica
especialmente interessado em conhecer os motivos da lentidão. Por isso, e apesar
da reprovação dos outros caracóis, embarca numa viagem que o vai levar ao
encontro de uma coruja melancólica e de uma tartaruga sábia, que o guiam na
compreensão do valor da memória e da verdadeira natureza da coragem, e o
ajudam a orientar os seus companheiros numa aventura ousada rumo à liberdade.
Biblioteca Escolar
7. 7
SUGESTÕES DO MÊS
DeClara, nº 23 maio 2019
Poema do mês de maio
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos,
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja fruto,
Pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos ,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é o dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
Paulo Tavares, 5ºE
O sonho
Aprende a
desenhar
um caracol
Foto do mês - maio mês do coração
8. TRABALHOS DOS
ALUNOS – 6º ANO
8
DeClara, nº 23 maio 2019
A arte de M.C.Escher-Módulo/Padrão-E.V.
23. 23
DeClara, nº 23 maio 2019
TRABALHOS DOS
ALUNOS – 7º ANO
Exercitação da elaboração de um texto narrativo sob
a forma de uma fábula desenvolvido nas aulas de
Português, 7ºano
Uma história de amizade
Ainda me lembro… há cinco anos, eu e o meu melhor
amigo, o João, íamos de férias, e tanto eu como ele
estávamos muito empolgados. Os pais dele tinham
demorado meses a marcá-las, mas, enfim,
conseguiram. Marcaram umas férias em Londres, e o
melhor é que também eu ia de férias, para um hotel
de cães. Eu e o João éramos os melhores amigos,
otimistas, contentes e animados.
Quando lá chegámos, fomos direitos à casa que eles
tinham alugado e, mais tarde, foram deixar-me no
hotel. Mal cheguei ao hotel, pensei que ia ser o meu
sonho, mas logo entendi que não. A despedida foi
dura, porém consegui dormir lá uma noite. O sítio
onde fiquei alojado era muito perto, aliás, em frente à
casa onde a minha família se encontrava. O hotel só
tinha cães egoístas, e não fazem o meu género. Por
isso, saí e fui à procura do meu dono. Naquele
momento, eu vi-o, estava numa gelataria com a
família, e eu ali abandonado. Fiz-lhe sinais e acenei-
lhe, mas ele… nada.
Voltei ao hotel e esperei… nunca chegou a vir buscar-
me, mas cá estou eu, cinco anos depois. Fui adotado
por uma grande família e vivo em Londres. Às vezes
penso… se o João não gostava de mim, ou sequer se
sabe o que é dar importância a alguém. Mas a
verdade é que não compreendo os humanos!
Ana Pinto, 7ºA
Lord, o cão que queria conhecer o mundo
Era uma vez um cão chamado Lord. Lord era castanho
e tinha, em algumas partes do corpo, umas pintinhas
brancas. Lord vivia numa casa grande com um gigante
jardim e um campo de futebol.
Era um cão muito meigo, dorminhoco e carente e
gostava muito de receber festinhas na barriga. Lord
vivia numa família constituída por duas pessoas:
Fernando e Fernanda. Fernando e Fernanda davam
muitas festas a Lord e davam-lhe também muita
comida, sendo o cão muito grato a eles. Porém, Lord
tinha um problema que os seus donos já tinham
detetado: era um cão com muita curiosidade em
saber o que se passava fora de sua casa e como era o
mundo lá fora. E, um dia, conseguiu escapar.
Era um sábado à tarde, num dia de verão, e Fernando
e Fernanda decidiram ir ver o jogo de futebol do seu
neto, Francisco, uma vez que era um jogo muito
importante, que poderia decidir o campeonato. Lord
achou que esta era a oportunidade perfeita para fugir,
visto que o jogo já tinha começado e o cão sentia que
os donos estavam com pressa. Mal o portão se abriu,
Lord começou a correr para um terreno à volta da
casa dos seus donos e, uma vez que Fernando e
Fernanda já tinham alguma idade, não o conseguiram
acompanhar muito tempo. Fernando ia devagarinho e
mantinha o cão ao alcance de o ver, até que Lord
passa a linha do comboio e, logo a seguir, o comboio
passa. Quando Fernando conseguiu passar, não havia
sinal do Lord e gritava:
- Lord! Lord! Anda cá!
Mas em vão! Lord já ia longe, e Fernando desistiu de o
procurar e voltou para casa, já sem vontade de ir ver o
jogo do neto. Ficava à espera que o cão voltasse.
Lord andou a conhecer as ruas para lá da linha do
comboio e estava a gostar muito do mundo. Até que,
horas depois, sentiu fome e quis voltar a casa. Aí,
sentiu-se arrependido e tentou voltar para trás, mas já
estava muito escuro. Andava às voltas e, a certa
altura, ouviu o barulho do comboio. Então conseguiu
descobrir a casa dos seus donos e tentou saltar e
saltar para subir o portão. Fernando ouviu logo as
patas do cão a bater no portão e foi buscá-lo. De
seguida, disse:
- Ai meu maroto! Nunca obedeces!
A partir daí, Lord perdeu a sua vontade de fugir.
Filipe Araújo, 7.º A
Professora Susana Silva
24. 24
DeClara, nº 23 maio 2019
CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO
Violência Doméstica
7º A
Folhetos elaborados em grupo, sobre Violência Doméstica pela turma do 7.º A na disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento, no 2.º período, em parceria pedagógica com as disciplinas de Geografia, TIC e a Biblioteca
Escolar.
O trabalho foi realizado com o intuito de sensibilizar os alunos para um problema social, na perspetiva de o
analisarem em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e com a Declaração Universal dos
Direitos dos Animais.
O tema foi proposto por mim, mas os subtemas foram selecionados pelos alunos: Violência contra as Mulheres,
Violência contra os Homens, Violência contra os Idosos, Violência contra os Filhos, Violência entre Irmãos e
Violência contra os Animais.
O tema foi introduzido através da visualização de documentários televisivos, foi desenvolvido com trabalho de
pesquisa de informação na internet sobre definição do fenómeno, causas e consequências do fenómeno, sua
relação com os Direitos Humanos/Direitos dos Animais e contactos úteis de apoio às vítimas.
O seu objetivo último foi sensibilizar a comunidade escolar para a problemática, através da distribuição dos
folhetos produzidos.
Professora Susana Silva
32. 32
DeClara, nº 23 maio 2019
TRABALHOS DOS
ALUNOS – 10º ANO
DIREITOS HUMANOS
Cidadania e Desenvolvimento
De acordo com o artigo 3, todos nós temos o direito á vida, á liberdade e á segurança. Porém, a
nossa segurança é posta em causa a partir do momento em que há uma má circulação dentro do
recinto escolar.
Em situação de entrada e saída da escola, nos corredores aos primeiros e últimos tempos, no
refeitório em horários de almoço e na papelaria, há um constante amontoado de pessoas, provocando
esta mesma má circulação. Estas situações podem provocar alguma violação na segurança, na medida
em que poderemos ser magoados, magoar ou até contribuir para o roubo de bens.
Para resolver este problema, decidimos propor uma série de medidas, tais como:
• 1ª- Colocação de máquinas digitais em pontos estratégicos para facilitar a compra de refeições,
materiais e até senhas para o bar. Isto poderia contribuir para uma maior fluidez na circulação.
• 2ª- Os porões de entrada deveriam ser abertos na sua totalidade para proporcionar um maior
espaço para as entradas e saídas do recinto escolar.
• 3ª- Melhor organização dos horários para diminuir a quantidade de pessoas em simultâneo dentro
da escola.
Apesar destas medidas parecerem irrelevantes, seriam um grande avanço para a escola. Se
começarmos com pequenos passos, podemos chegar longe e assim tornar o recinto escolar um local
mais agradável para os seus alunos estudarem e conviverem.
Luana Gomes
Luísa Rebelo
Mafalda Nogueira
Bruna Andrade
10ºC, Clara de Resende
Professora Helena Sereno
33. 33
DeClara, nº 23 maio 2019
TRABALHOS DOS
ALUNOS – 11º ANO
Pintando o Miradouro de Galafura
Não tenho pressa de voltar a andar.
O vento acerta o meu rosto e eu me sinto vivo: é
agora o meu êxtase:
tudo que outrora houve, se justifica finalmente.
Vejo a pintura.
Esta vista infinita de azuis e verdes tão claros e
vinhas e valsas tão implícitas
faz com que uma nuvem de sentimentos e
saudades chova sobre a minha memória:
Cresce em mim a necessidade de descrever a
pintura,
os pássaros que cantam em amarelo (e como quero
encantá-los como eles me encantam)
o rio que desvia dos relevos e das curvas (e como
eles desviam e se curvam tão cuidadosamente)
os montes que se sobrepõem e se montam uns
sobre os outros (e como são tão delicados);
aqui, nada há de bruto, os romances que aqui se
desenlaçam são irrefutáveis:
tudo que nasce aqui é fértil, porque faz nascer e
florescer os diferentes amores.
Deito o meu olhar no chão e sinto a pintura.
E se eu pudesse me apaixonar, se eu pudesse me
fazer apaixonar,
se eu pudesse banhar-me no ar, alado, seria aqui.
Tenho a certeza de que esta sensação vem de
Galafura, e não de mim.
Sensação tão pura... não parece querer ter fim...
Finamente consigo interiorizar a pintura:
as nuvens que sublinham o horizonte bucólico
confirmam: preciso voltar a andar.
Acaba a folha do meu papel, acaba a ponta do meu
lápis, meu tempo aqui se acaba...
Vou embora antes do pôr do sol, para não ver o
calor do sentimento irrefutável desbotar-se no
horizonte.
Lucas 11ºG- Visita de estudo ao Miradouro de São
Leonardo de Galafura no dia 29 de abril de 2019
Professora Linda Simões
34. 34
DeClara, nº 23 maio 2019
Viciados em palavras
Subir pra cima
Descer pra baixo
Dançando se faz uma rima
Nesse difícil e árduo encaixo
Entrar pra dentro
Sair pra fora
Voar como o vento
Numa caixa de pandora
As rimas se criam
As rimas se formam
Mas suas palavras engrupiram
E seus sentidos deformam
É uma «pegadinha» do mundo
Onde só uma verdade é correta
Que as palavras desse universo rotundo
Só se ajeitem nas mãos do poeta
Porque vêm os pleonasmos,
E deles a perissologia
Das regras do vocabulário, sarcasmo,
Já virou boa parte monotonia
Mas digo como sinto!
E sinto como penso!
E assim vou sorrindo,
Esse meu sorriso extenso
Sonhar um sonho,
Comer comida,
Rir de um jeito risonho,
Viver, bem vivida, a vida
Cheirar um cheiro,
Chorar um choro,
Escrever com paixão de um braseiro
As rimas do quotidiano duvidoso
Pois há quem diga que o mundo é dos
espertos
Nessa desilusão feita de engendradas
Mas nesse vai e vem de um acertamento
incerto,
Só sobrevivem, os viciados em palavras.
Poema de Luiza Linardi 11ºB
Professora Linda Simões
35. 35
O QUE ACONTECEU …
DeClara, nº 23 maio 2019
APRESENTAÇÃO TECA- Grupo de Teatro
Apresentação no Teatro Carlos Alberto
Durante este ano, o clube de teatro da escola participou no projeto “Gil Vicente,
Visitações”, em parceria com o Teatro Nacional S. João.
No passado dia 30 de março, pelas 16h30, realizou-se o espetáculo apresentado pelos
alunos no Teatro Carlos Alberto. A peça deste ano é constituída por excertos de três
peças de Gil Vicente: “Auto da Lusitânia”, “Comédia de Rubena” e “Auto da Feira”.
No entanto, o projeto na escola ainda não acabou. Ainda vão haver duas apresentações
da peça no final do ano letivo.
Francisco Manta, 9.ºB
36. 36
DeClara, nº 23 maio 2019
Surf…
Na passada segunda-feira, dia 14 de maio, alguns alunos da nossa turma, 12B, aceitaram o desafio
da professora Cristina Neves e participaram numa visita de estudo, no âmbito da disciplina de
educação física, à praia de Matosinhos com o intuito de fazer uma aula de surf de modo a adquirir
alguns conhecimentos tanto teóricos como práticos sobre a modalidade.
A experiência revelou-se enriquecedora tanto do ponto de vista educativo, como lúdico. Após uma
pequena apresentação teórica do desporto em questão, das suas regras de segurança básicas e dos
cuidados a ter com o mar no geral, os alunos tiveram a oportunidade de passar à ação e de, depois
de algum tempo de aquecimento e de prática na areia, se aventurarem no mar.
Já na água, foram muitas as quedas decorridas antes de alguém se conseguir aguentar de pé na
prancha, apenas por uns instáveis décimos de segundo, mas a sensação de apanhar uma onda e as
gargalhadas que as tentativas falhadas provocavam impediram até os mais exigentes de se
sentirem frustrados.
Em suma, foi uma experiência divertida e enriquecedora que não deixou ninguém indiferente.
Carolina Cerveira Albuquerque, 12º
37. 37
DeClara, nº 23 maio 2019
Visita de Estudo a Serralves
Na manhã do dia 26 de abril a turma 8ºE realizou
uma visita de estudo a Serralves, na companhia das
professoras Sónia Noguera e Rita Mendonça,
respetivamente das disciplinas de Espanhol e
Educação Visual.
Esta visita teve como objetivo mostrar a importância
da reciclagem e foi proposta pela disciplina Oferta
Complementar, uma vez que o tema "carta da terra"
está a ser estudado nestas aulas.
Por volta das 9h15 dirigimo-nos bastantes
entusiasmados rumo ao nosso destino. Chegados ao
local, veio ao nosso encontro uma guia que nos
acompanhou e nos foi fornecendo informações
acerca das peças da artista Joana Vasconcelos.
Todos os objetos expostos eram feitos com materiais
do nosso dia a dia, tais como: plásticos, ferros, penas,
comprimidos, espelhos, tecidos, rendas...
Vimos inúmeras peças, como por exemplo um
coração vermelho gigante feito com talheres de
plástico que rodopiava lentamente ao som de alguns
dos mais conhecidos fados de Amália Rodrigues
("Gaivota");uma obra feita de telefones analógicos
que disparam uma espécie de sinfonia de tiros;
cerâmicas representando vários animais revestidos
com rendas em croché; uma máscara de espelhos;
uns sapatos feitos com panelas...
De todos os objetos expostos,
o que mais gostei foi do coração
vermelho gigante, devido à
originalidade do material de
Que era composto, bem como
da música que acompanhava o
rodopiar desta obra de arte.
A visita terminou às 12h30 com
o regresso à escola.
Gostei muito de conhecer as
obras de Joana Vasconcelos,
que me impressionaram pela
sua criatividade e originalidade
ao demonstrar que materiais do nosso dia a dia
podem ser utilizados na arte.
Considero que esta visita de estudo foi bastante útil,
pois deu-me a conhecer as obras da artista
Portuguesa tão reconhecida internacionalmente.
Maria Beatriz Ferreira 8ºE
38. 38
DeClara, nº 23 maio 2019
Visita de estudo a Serralves
7ºB
No dia 22 de março de 2019, a turma do 7ºB foi
ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves
ver a exposição “I´m your mirror”, de Joana
Vasconcelos, acompanhada pela Diretora de
Turma, Maria Jorge Rocha Urbano e pela
professora de Matemática, Carla Duarte.
Pelas nove horas, a turma e as professoras
acompanhantes deslocaram-se de autocarro
para Serralves e, pelas doze horas, regressaram
à Escola a pé.
Esta exposição reúne mais de trinta peças, umas
delas dentro do edifício e outras fora, nos
jardins. Da exposição constam as seguintes
obras: um candeeiro de tampões, uma máscara
de espelhos, uma pistola de telefones, um
helicóptero decorado com penas de avestruz e
um coração de Viana, feito com talheres de
plástico, entre muitas outras.
Esta exposição resultou da parceria entre o
Museu Guggenheim de Bilbao, o Museu de Arte
Contemporânea de Serralves e a Kunsthall de
Roterdão e é comissariada por Enrique Juncosa.
A turma considerou a visita “divertida e bastante
interessante”.
A Diretora de turma
Maria Jorge Urbano
39. 39
DeClara, nº 23 maio 2019
Caminho de Santiago…
Foi no dia 23 de abril que abrimos portas a uma
aventura, que nos abrimos a uma nova experiência,
que abraçamos com toda a força este grande desafio
que é o Caminho de Santiago. Mesmo antes de
partirmos, já alguns questionavam o porquê de ir, o
porquê de caminhar 120 quilómetros de mochila às
costas.
Saímos do Porto
dia 23 e fomos
até Valença
(de camionete),
onde ficamos
a dormir num
albergue que
nos disponibilizou
as credenciais dos peregrinos, um documento que
tínhamos de carimbar, pelo menos duas vezes por
dia, em cafés, restaurantes, lojas... Como vida de
albergue é um pouco diferente, nem toda a gente
dormiu bem, entre ressonos altos e luzes de
telemóveis. De lá começamos a nossa caminhada na
madrugada do dia seguinte. Eram 5:30h da manha
quando nos levantámos e, por volta das 6:15h,
começámos a caminhar rumo a Redondela.
Começámos bem e animados, com as mochilas às
costas e música a acompanhar. Mas o tempo estava
contra nós. Durante grande parte da caminhada
estivemos sujeitos a chuva e algum frio. Já
caminhávamos há cerca de uma hora e pouco,
quando percebemos que o grupo estava separado. O
grupo que ia à frente, com alguns caminheiros
experientes, acabou por se sentar e esperar pelos
restantes que tinham ficado para trás. Passaram 15
minutos, meia hora, 45 minutos e nós ainda à
espera, em frente à Catedral de Tui. Já tínhamos
carimbado as credenciais em dois sítios e ninguém
aparecia. Começámos a ligar às professoras (que
estavam no outro grupo) e nenhuma nos atendia, até
que decidimos começar com as partilhas de
localização no WhatsApp. De repente, recebemos a
localização do outro grupo que, sem terem passado
por nós, já se encontravam bem mais à frente no
caminho. Acabámos por nos encontrar num café a
meio do percurso, onde paramos para recarregar
forças. Voltamos a pôr-nos a caminho… já passava
das 14h, a fome começava a apertar, começavam as
dores nos pés, nas costas, o desespero começou a
aparecer. Andámos, andámos, andámos e não
víamos nenhum restaurante para almoçar. Estávamos
tão cansados que até o pão recesso do dia anterior
serviu para tapar um buraquinho ou outro no
estômago. Continuávamos a subir o monte, até que
demos de caras com um restaurante no meio do
nada, no meio da aldeia, onde parámos para
almoçar. Foi como um oásis no deserto! Almoçámos
bem e seguimos o nosso caminho até Redondela. A
parte da tarde foi mais tranquila, mas com mais
subidas e descidas a pique.
Quando vemos a placa a dizer “REDONDELA” nem
queríamos acreditar… bom demais! Após 32
quilómetros andados debaixo de chuva, só
queríamos um bom banho e um bom jantar. Nessa
noite ficámos num ginásio e ainda assistimos a um
jogo-treino de andebol. Tomámos banho, tratamos
das bolhas e das feridas e fomos ao supermercado
mais próximo tratar do pequeno almoço da manhã
seguinte e de alguns lanchinhos para transportarmos
connosco ao longo do dia vindouro. Fomos jantar e
nessa noite já começavam a aparecer as dores
musculares e a vontade de desistir. Uma colega
deixou-nos, nessa noite, por ter uma lesão que não
lhe permitia continuar. Outros estavam chateados
pelo tamanho da etapa e por termos caminhado com
a mochila às costas, mas acabou tudo por se resolver.
Acordámos no dia 25 de abril e a professora Cristina
diz-nos que conseguiu arranjar transporte de
mochilas… ufa! Contudo, os polícias que estavam na
esquadra ao lado do ginásio aconselharam-nos a não
caminhar naquele dia devido ao mau tempo
instalado. E assim foi. No dia 25 não caminhamos e
fomos de camionete Pontevedra, onde decidimos
que se o tempo melhorasse, de tarde
caminharíamos.
40. 40
DeClara, nº 23 maio 2019
Mas como disse, o tempo estava contra nós. De tarde
só piorou e até granizo
apanhámos. Voltámos a
apanhar uma camionete
e fomos para Barro, sítio
onde iríamos pernoitar.
Ficámos num ginásio,
tomamos um banho bem
quente e relaxante, fomos
ao supermercado tratar
de tudo o que precisávamos
… a mesma logística do
dia anterior. Uma das
professoras que foi connosco não estava em
condições de continuar o caminho e foi-se embora
para o Porto nessa noite. Estávamos todos bem, na
conversa, quando entra um grupo de homens e
mulheres que vinham treinar futebol no ginásio. Lá
estivemos a assistir e ainda alguns de nós jogaram
com aqueles. Foi divertido e aqueceu um bocadinho o
pavilhão que era um autêntico gelo. Dormimos bem e
no dia a seguir, começámos a caminhar com destino a
Pádron.
No dia 26, o tempo estava bem mais animador, já
havia sol e estávamos mais animados. O caminho
nesse dia fez-se extremamente bem. Entre carimbos,
barritas e fruta para nos dar energia, água para nos
refrescar, chegámos a Padrón. E a maior surpresa foi o
albergue onde ficámos. Parecia um hotel… foi uma
sensação excelente ver uma caminha com lençóis,
almofada e uma manta, um colchão! Naquela noite
sabíamos que íamos conseguir descansar bem.
Depois de compras, banhos e jantares, houve tempo
para um momento de jogo entre alguns de nós, onde
criámos laços e soltamos umas gargalhadas valentes.
Já ficava tarde e o nosso corpo pedia descanso.
Deitámo-nos e dormimos como anjos, até à manhã
seguinte.
Padrón-Santiago: a última etapa, a mais esperada!!
Bom tempo, boa disposição. Etapa fácil e a motivação
era outra. Estávamos quase a chegar a Santiago…
Houve tempo para fotografias, para gelados, para
cantar, foi um dia excelente.
Enquanto estávamos a caminhar vemos, ao longe, a
catedral de Santiago e de cada vez que passávamos os
marcos dos quilómetros e víamos que já tínhamos
andado mais um, crescia o orgulho por não termos
desistido e termos aguentado, mesmo face a algumas
adversidades que surgiram. Andámos, andámos,
andámos e chegamos a Santiago. A sensação de ver
de frente a catedral é única. É o fim de longos dias de
luta, de superação, de ânimo e desânimo, de dores….
É o concretizar de que nós fomos capazes, e nada
paga isso. É indiscritível.
Foram dias incríveis onde nos pusemos à prova, onde
refletimos, onde organizámos ideias, onde nos
conhecemos a nós e aos outros que ao nosso lado
caminhavam. Onde ajudámos e fomos ajudados.
Onde aprendemos e ensinamos. Onde partilhámos.
Onde abrimos o nosso coração à aventura. Onde
desenvolvemos imensas valências que nos tornam
melhores.
Como é giro olhar para trás e ver que um simples
“Buen Camiño” de um peregrino que não
conhecíamos também nos dava forças para continuar.
Como é bom vermos o que foram para nós as
prioridades, ao longo do caminho. E o valor que
dávamos a cada refeição? É tão bom e gratificante a
sensação de missão cumprida. E é tão engraçado
querermos voltar, mesmo depois das adversidades.
Também tivemos momentos em que pensámos que
não iríamos voltar, mas agora, dizemos, com toda a
certeza, que para o ano repetiremos, como equipa
sénior. O receber da Compostela, a missa do
peregrino, e até mesmo o comprar das lembranças é
a concretização de uma missão, que não terminou em
Santiago.
E tudo isto
vamos levar
connosco, bem
dentro de nós,
daqui para a
frente…
Carolina Pinto e Melo, 12º C
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DeClara, nº 23 maio 2019
Visita de estudo a Tormes
(Apreciação crítica)
No âmbito do estudo da obra “Os Maias”, os alunos
do 11º ano efetuaram, no dia 12 de março, uma
visita de estudo à Fundação Eça de Queiroz, situada
em Tormes, no concelho de Baião. No cômputo
geral, esta visita revelou-se não só didática como
também muito interessante, conseguindo conciliar
eficazmente uma componente de caráter
essencialmente informativo com alguns momentos
de humor e descontração, sem (quase) nunca fazer
perder o foco dos envolvidos.
Com efeito, a pior parte do dia quiçá tenham sido
mesmo as viagens, de aproximadamente três horas
no total, incluindo algumas estradas mais sinuosas,
como é tão típico nas proximidades do Rio Douro.
Chegados à estação de Aregos (ou de Tormes),
fomos desde logo surpreendidos por uma
representação da personagem Melchior do
romance “A Cidade e as Serras” por parte de um
competente ator da Associação Caminhos de
Jacinto, que nos viria a acompanhar em diversas
fases da visita (fazendo também o papel do próprio
Eça). Esta pequena dramatização foi importante
para o enquadramento do percurso pedestre que
de seguida realizámos, tal como relatado na obra,
desde a estação junto ao rio até à Fundação, o que
corresponde a cerca de dois quilómetros e meio.
Esta longa caminhada foi sendo interrompida
pontualmente para que pudéssemos ler excertos
deste romance, contribuindo para uma melhor
contextualização da obra.
Foi já à hora de almoço que chegámos à Fundação
Eça de Queiroz, na qual, aqueles que assim
decidiram tiveram a oportunidade de saborear um
almoço excecional, com destaque para o tradicional
arroz de favas, sobremaneira apreciado pelo
protagonista Jacinto no romance referido.
Da parte da tarde, começámos por ver um
documentário da vida e obra de Eça, que se revelou
importante para o aprofundamento da nossa
familiarização com a biografia do escritor.
Prosseguimos com a visita guiada à casa que Eça
outrora conheceu, e que hoje alberga mobiliário da
sua habitação em Paris, para além de outros
objetos pessoais, tais como cartas ou reflexões
individuais sobre os mais variados temas. Isto
permitiu-nos fundamentalmente experienciar um
pouco do que seria o seu quotidiano no fim do
século XIX.
Esta visita a Tormes foi, indubitavelmente,
imprescindível para o nosso conhecimento de “A
Cidade e as Serras”, mas foi igualmente crucial para
a melhor compreensão d’ “Os Maias”, na medida
em que ficámos a saber incomparavelmente mais
da vida de Eça de Queirós e do ambiente físico e
histórico em que viveu. De facto, uma só visita
pode ser, por vezes, mais elucidativa que horas a fio
de aulas à volta do mesmo assunto. Só nos
devemos questionar sobre a razão de não o
fazermos mais frequentemente.
Pedro Figueiredo, 11.º C
Vasco Castro, 11.º C
Professora Arminda Vieira
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DeClara, nº 23 maio 2019
VISITA DE ESTUDO AO
MUSEU SOARES DOS REIS
A turma do 6º F, no passado dia 15 de maio de
2019 efetuou uma visita de estudo ao Museu
Soares dos Reis, acompanhados pela diretora de
turma, o professor de EV e a professora de HGP,
tendo sido feita uma sensibilização e motivação
anteriormente no âmbito da Arte e da História.
Pretendendo que, analisando uma determinada
peça do museu, os alunos compreenderão melhor
a linha do tempo, pois estarão diante de um objeto
que não faz parte de seu quotidiano e através
dessa análise fica mais evidente a diferença
temporal entre um período e outro. Também o
aspeto crítico dos alunos se desenvolve.
Visitaram a exposição temporária Urban
Sketchees, as esculturas mais emblemáticas de
Soares dos Reis. Os alunos desenharam em dois
ambientes do museu no jardim exterior e em
frente à estátua do Desterrado. De seguida,
visitaram os quadros de Silva Porto, e a professora
de História completou informação dada já
anteriormente na sala de aula.
Foi uma aula diferente, com um destaque para
alguns conteúdos e procedimentos que podem ser
explorados nas disciplinas de História e EV como
forma de não apenas levar os alunos ao museu,
mas também trazer as informações e
aprendizagens da visita ao museu para a sala de
aula.
Os professores: Manuela Almeida, Laurentina
Alegria e Gabriel Fraga.
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DeClara, nº 23 maio 2019
Mostra Projetos SEI - Sociedade, Escola e Investigação
Escola Básica e Secundária Clara de Resende
8 de maio 2019
O Projeto Sociedade, Escola e Investigação (SEI) é uma iniciativa da Câmara Municipal do Porto em
colaboração com várias instituições de Ensino Superior/Centros de Investigação e Agrupamentos de Escolas
do Porto. Pretende-se com esta ação tripartida criar redes de proximidade que permitam fomentar nos
estudantes de vários níveis de ensino o gosto pela Investigação e o contato direto com o trabalho
desenvolvido nas Universidades, contribuindo assim para o desenvolvimento das suas capacidades técnico-
científicas.
Os resultados obtidos pelos vários estudantes envolvidos neste Projeto foram divulgados sob a forma de uma
Mostra de Ciência que teve lugar nos dias 8 e 9 de maio na Biblioteca Almeida Garrett.
Durante a sessão foram apresentados, sob a forma de comunicações, projeção de filmes, exposição de
trabalhos e posters, os trabalhos de investigação concebidos e desenvolvidos por alunos do 2º, 3º ciclo e
Secundário de vários estabelecimentos do ensino público do Porto durante este ano letivo, sob a orientação
de professores e investigadores de instituições de ensino superior público e um centro de investigação da
cidade.
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DeClara, nº 23 maio 2019
O Projeto SEI da Escola Básica e Secundária Clara de Resende está associado à FEUP (Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto) e os alunos envolvidos apresentaram na tarde do dia 8 de maio os
projetos desenvolvidos:
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DeClara, nº 23 maio 2019
• Cork Island
• Cartão Universal de Fidelização
Este projeto, para além de promover a cultura científica, proporciona condições para que, de forma contínua
e sistemática, se desenvolvam, entre as escolas e instituições do ensino superior e centros de investigação,
atividades e projetos nas diferentes áreas científicas, estimulando relações de proximidade entre as
diferentes entidades e alavancando o nível de conhecimento científico das crianças e jovens, contribuindo
para o sucesso escolar.
Com a realização do evento, os alunos envolvidos desenvolveram igualmente competências na área da
comunicação (escrita e verbal), postura e saber estar, fundamentais para o seu futuro académico e
profissional. Por exemplo, cada comunicação tem a duração máxima de 15 minutos, tal como nos congressos
científicos.
Este projeto reveste-se de grande importância na disseminação do conhecimento científico e constitui um
relevante contributo para o cumprimento das Metas da Estratégia 2020.
P´Equipa de Projetos
Parabéns aos alunos pelo seu empenho, e aos professores que os acompanham
neste tipo de projetos que são de extrema importância no seu crescimento.
Trabalho desenvolvido no âmbito do
tema da disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento Direitos Humanos.
CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO ATIVISTAS – PELO 5D
Biblioteca Escolar
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DeClara, nº 23 maio 2019
Lock It
No âmbito da feira da Júnior Achievement a equipa Lock It participou na mostra das empresas no
Mercado Ferreira Borges.
A experiência foi positiva e enriquecedora.
Tivemos a ainda o apoio de antigos alunos -Cristiano e Beatriz num dos dias da mostra.
O Cristiano também já tinha participado nesta mostra no ano passado.
A equipa Lock It está de parabéns pelo excelente trabalho apresentado.
A Coordenadora da Equipa de projetos
Professora Isabel Pinto
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DeClara, nº 23 maio 2019
9 DE MAIO
DIA DA EUROPA
Exposição no átrio da Escola sobre a Europa e apresentação, no Auditório da escola, dos trabalhos
desenvolvidos pelos alunos da turma do 7º A, ao longo do 2º período, na disciplina de Geografia,
sobre os países da União Europeia a uma turma de 5º ano.
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DeClara, nº 23 maio 2019
No âmbito da disciplina de Ciências e para assinalar o Dia da Biodiversidade os alunos de 8ºano da
professora Paula Sanches elaboraram cartazes digitais que estão visíveis no Blogue das bibliotecas do
Agrupamento, expostos na biblioteca escolar e serão apresentados em sala de aula.
Biblioteca Escolar
Dia da Biodiversidade
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DeClara, nº 23 maio 2019
Road Show da FEUP
No dia 6 de maio, a Faculdade de Engenharia do Porto esteve no auditório da nossa escola para
apresentar as turmas do 12ano as diferentes opções de cursos, de áreas de investigação e especialização.
O Professor Oliveira começou com uma apresentação da formal da faculdade e do seu relacionamento
com áreas tao diversas como: energia renovável, recursos e ambiente, cidades e infraestruturas,
produção industrial, vida e saúde e informação e comunicação.
A FEUP está muito bem posicionada nos rankings internacionais sendo a primeira faculdade portuguesa
na maioria das áreas.
Apresentou os diferentes percursos académicos e mostrou dados relativos a empregabilidade dos seus
estudantes - 93% estão empregados até seis meses de conclusão do curso.
Por fim, apresentou outras vertentes da faculdade como voluntariado, teatro, desporto, música,
mobilidade e competição entre outras
Em seguida, o Professor Flores apresentou mais detalhadamente o curso de Engenharia Informática e a
Engenheira Susana deu o seu testemunho da Bioengenharia que foi a sua opção de estudos.
Finalmente os alunos que quiseram colocaram dúvidas e questões aos presentes surgindo um debate
entre a plateia e os Professores.
Avaliação positiva, experiência a repetir!
Professora Isabel Pinto
Equipa dos projetos
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DeClara, nº 23 maio 2019
AULAS SEM FRONTEIRAS
De novo, a Escola Clara de Resende, abre horizontes aos nossos alunos, trazendo até eles jovens
estudantes, do programa Erasmus, da Universidade do Porto de várias nacionalidades, Alemã,
Polaca, República Checa e Brasil no âmbito do projeto Aulas sem Fronteiras da Câmara Municipal
do Porto.
A partilha, a troca de saberes e experiências, tornou os 50 minutos letivos num manancial sem
fronteiras de novas realidades, costumes, tradições e diversidade de culturas contados na primeira
pessoa.
Os envolvidos nesta atividade avaliaram-na positivamente, e no futuro aguardam-se novos
estudantes…
A todos os envolvidos, um BIG obrigado e voltem sempre.
Equipa de Projetos CR
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O QUE ESTÁ A
ACONTECER...
DeClara, nº 23 maio 2019
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DeClara, nº 23 maio 2019
EXPOSIÇÃO PABLO PICASSO
Porto recebe enorme exposição de Pablo Picasso
São mais de cem obras inéditas para ver entre 30 de maio e 11 de setembro no Palácio das
Artes.
Esta é aquela que promete ser a maior exposição de sempre de Pablo Picasso em Portugal. Chama-se
“Suite Vollard” e vai poder ser visitada a partir de 30 de maio no Palácio das Artes, em plena baixa da
cidade do Porto.
A coleção foi adquirida pela fundação espanhola Mapfre em 2008, vai estar exposta “pela primeira vez
em Portugal” até 11 de setembro e resulta de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia do
Porto e a Casa de Vinho do Porto Taylor’s.
Inclui mais de cem obras originais cedidas com gravuras desenhadas por Pablo Picasso entre 1930 e
1937. Segundo a página oficial do evento, “as gravuras não seguem nenhuma sequência lógica nas
imagens” e a cronologia temporal obedeceu principalmente aos “eventos externos e pessoais do
artista”.
Os bilhetes custam 10€ e podem ser comprados no site da exposição. As entradas são grátis para
miúdos até aos 12 anos e há descontos de 50 por cento para jovens entre os 12 e os 17 anos e para
estudantes.
No final da visita, como parte integrante da experiência e incluído no bilhete, os visitantes adultos
podem provar um cálice de vinho do Porto no espaço Taylor’s Lounge, junto às salas da exposição
texto
Sara Curado, in NIT 9/5/2019
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DeClara, nº 23 maio 2019
OS NOSSOS ALUNOS
“Sam” 10º F
Informação inútil:
«4’33’’» é uma música da autoria de John Cage, de 1952, que é composta por
quatro minutos e meio de silêncio. A sua primeira apresentação foi no piano,
apesar de poder ser interpretada em qualquer outro instrumento. Esta é uma
peça precursora da arte conceitual, por criar a expectativa e não executar uma
única nota musical.
Francisco Manta, 9.ºB
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DeClara, nº 23 maio 2019
FAMÍLIA
A família é muito valiosa
E muito preciosa
Ninguém é feliz sem ela
E faz lembrar uma aguarela
Tem cor, encantos
e sentimentos
Espalhando amor e alegria
É o nosso motor de energia
Está sempre pronta a ajudar,
Quando algo nos está a magoar
É amor e dedicação
E está sempre presente no nosso coração
Protege-nos dos perigos
E dos nossos inimigos
Quer acima de tudo o nosso bem
E ajuda-nos como ninguém!
Beatriz Ferreira 8ºE
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DeClara, nº 23 maio 2019
O QUE ESCREVEM OS
PROFESSORES
Sua Majestade: O Rei que amou a bruxa.
Há muito, muito tempo, num país distante, rico em searas e florestas, habitavam um jovem rei e uma jovem
rainha.
Viviam tranquilamente no seu enorme palácio dourado rodeado de acácias, de bétulas, de jasmineiros e
madressilvas. O palácio maravilhoso tinha grandes janelas que pareciam os olhos do mundo e de onde se podia
ver um maravilhoso lago cujas águas levemente azuladas estremeciam à mais pequenina aragem.
O rei e a rainha não tinham sido escolhidos pelos pais, como era costume e, por isso, eram muito felizes e
amavam muito o seu povo que também os amava muito.
No mês de maio, o reino ficou em festa durante dias e dias porque, finalmente, a rainha dava à luz um
maravilhoso menino de olhos clarinhos como o céu mais claro e de cabelos finos como as algas levíssimas que
esvoaçam ao vento.
Passado um mês, a criança foi batizada na capela do palácio decorada de flores campestres que enchiam o ar
leve com o seu cheiro doce. E o príncipe, apertando fragilmente o seu guizo de ouro, era aplaudido pelo povo,
feliz por ter um rei que sucederia ao seu pai quando este, subindo no feixe de luz, se fosse reunir aos outros reis
que, como ele, também tinham governado aquele reino.
Contudo, na floresta habitava uma bruxa que raramente era vista e que morava sozinha num casebre sombrio
entre as rochas junto ao pequeno rio que atravessava os jardins do palácio. Era muito velha e muito má e
passava o tempo a cozinhar poções mágicas com que, em segredo, dizia-se enfeitiçava os animais da floresta,
tornando-os transparentes.
Todos se queriam ver livres desta bruxa terrível, mas ninguém, se atrevia a aproximar-se do seu casebre escuro,
porque, segundo se dizia, o cheiro das poções era muito perigoso, pois quem se aproximasse do casebre ficava
com a pele levemente azulada.
O rei já tinha feito saber que daria um quarto do seu reino a quem se atrevesse a expulsar a terrível bruxa.
Foram muitos os que se alistaram para esta perigosa tarefa, mas o cheiro que as poções mágicas lançavam era
tão intenso que todos fugiam antes de chegarem perto da sua morada.
E os que se aproximavam um pouco, com os olhos girando intensamente, contavam que tinham ouvido gritos
muito agudos, pois, segundo se dizia, a bruxa esfregava os enormes caldeirões com cobras e polia-os com baba
de caracol.
Ora, no dia do batizado, esta cobriu todo o seu corpo com um maravilhoso vestido feito de fetos, madressilvas e
gerânios e cobriu os seus cabelos esguedelhados com uma bela coroa de papoilas que brilhava intensamente à
luz do sol.
Estava de facto muito linda! Mesmo muito linda! Ninguém podia imaginar que era a bruxa terrível.
– Hoje é um dia especial. Sei que sou muita amada. Vim, por isso, cavalgando sem parar, da parte mais a sul do
reino por onde andei alguns dias em viagem.
E, aproximando-se da pequena criança, deitou sobre a sua cabecinha loira uma poção mágica feita de trevos
esmagados, de lírios e de rosas que ela tinha cozinhado e misturado com uma substância pegajosa que tinha ido
buscar ao fundo da Terra.
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E, rindo tão alto e tão fino que parecia o quebrar de um cristal foi-se embora cantarolando:
Oh! este lindo príncipe
Um lindo fado vai ter
Que por mais que ele tenha
Nunca saberá escolher!
E, abrindo a sua boca desdentada de onde deixou cair um dente esburacado que se sumiu num
pequeno buraco do soalho continuou:
Pós de perlimpimpim
Ah! ah! ah eu lhe vim dar
Cozidos no caldeirão
E que o vão encantar
Os cortesãos ficaram cheio de medo, olharam uns para os outros com os olhos arregalados, mas não
puderam fazer nada.
E levantando a velha saia esburacada que se prendeu nos espinhos de uma roseira, foi de novo, para o
seu casebre de onde saiu imediatamente um fumo tão escuro que o céu perdeu o tom azulado.
O príncipe crescia e os seus olhos tinham um brilho tão intenso que os pássaros vinham comer no seu
colo e as feras adormeciam a seu lado.
Contudo, uma só coisa, entristecia os seus pais e tornava os seus dias mais tristes e mais sombrios.
Na verdade, o príncipe raramente saia o seu quarto. Como não era capaz de escolher, ficava horas e
horas sentado sobre as pernas, abrindo e fechando com ar tristonho os livros que estavam na prateleira do
seu quarto. Sem os ler, colocava-os em cima do tapete, tocava no pequeno sino de ouro que estava
dependurado na porta. Uma das criadas vinha logo e colocava-os na prateleira decorada com pérolas
cristalinas, rubis, ágatas e esmeraldas.
Tal como ameaçara a terrível bruxa desdentada, o príncipe não conseguia ler nenhum, porque nunca
sabia qual deles devia escolher.
Todos acreditavam que, um dia, quando fosse rei, seria um rei decidido. Sim, porque era filho
único e teria de governar um reino rico em planícies, searas e montanhas.
O príncipe era agora um jovem encantador de sorriso maravilhosamente doce.
No palácio que se refletia nas águas azuladas do lago, havia muitas festas que duravam vários dias. E,
por isso, o palácio e os seus maravilhosos jardins enchiam-se de príncipes e princesas vindos dos reinos mais
distantes. Dançavam alegremente nas enormes salas de paredes rosa, onde se refletia a luz dos cristais e se
ouvia doce canto da água que escorria para o lago.
Sim, mas não era só a beleza do príncipe que trazia todos ao palácio. Era também a sua voz doce que
domava os leões, os tigres brutos e esfomeados. E todas as princesas sonhavam, um dia, casar-se com aquele
príncipe de olhos doces e de sorriso doce que quase nunca aparecia nas festas.
E quando alguém perguntava a algum criado porque razão não aparecia, este dava sempre a mesma
resposta.
–O príncipe é um príncipe, mas já é o rei. Ao rei nada se pode perguntar.
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Nos dias em que havia baile, o príncipe ficava todo o dia em frente ao espelho vestindo e despindo os
inúmeros trajes que colocava sob a cama.
–Este tom de azul é muito intenso. Aquela com quem vou dançar vai confundir-me com a água quando
for passear de braço dado para junto do lago. Serei da cor do lago e ela não vai saber para qual de nós os dois
vai olhar. Será terrível!
– Mas, sua Majestade, porque não escolhe este verde– perguntava o velho aio que o vira nascer.
– É uma escolha terrível, terrível, muito terrível – disse desolado colocando a cabeça entre as mãos.
Serei da cor do jardim. E junto das flores terei um ar esbatido. Nem repararão em mim.
E, um a um tirava dos longos armários todos os trajes que se empilhavam em cima da cama. Ficava no
quarto horas e horas. Depois, exausto, adormecia e só se levantava já o sol se erguia nos seus tons de laranja
e de rosa. Como já era tarde, deixava-se, vestir pelo velho criado. Quando chegava ao enorme salão
debruçado sobre o jardim, toda a corte emudecida de espanto proferia um maravilhoso e sonoro ah como
nunca se ouvira. Mas já todos estavam cansados. As princesas já não dançavam mais, já tinham os vestidos
amarrotados, os olhos sombrios e os pés delicados já não entravam nos sapatos esguios e encostavam a
cabeça nas poltronas de veludo vermelho que se espalhavam pela sala.
O príncipe regressava, então, ao seu quarto e adormecia de imediato sonhando com um baile onde, ao
som de uma música timbrada, redopiava ligeiro durante horas e horas. E no dia seguinte, cansado, vinha para
a sala para almoçar com os príncipes e princesas que tinham sido convidados a ficar no palácio. Mas, quando
chegava à mesa, tornava-se ainda mais triste. Tinha que escolher entre dezenas e dezenas de pratos que
perfumavam o ar com os seus aromas variados. Geralmente só começava a comer já o dia ia adiantado e,
quando acabava, já quase todos tinham ido embora, já trotavam pelas estreitas estradas do reino em direção
aos seus reinos ou repousavam nos aposentos do palácio.
Por vezes, adormecia e deixava descair sobre a mesa a sua cabecinha loira e a sua pequenina coroa
tombava também molemente como um fardo sobre a toalha debruada a ouro. E os dias eram imensamente
sombrios, duros e monótonos.
Os seus pais estavam desesperados. Mas o que podiam então fazer se a bruxa era aos olhos de todos
terrivelmente invencível?
Ora, num dia chuvoso de Inverno, algo inexplicável aconteceu. A bruxa, que não gostava da claridade e
nunca saia do casebre, colocou na clareira da grande floresta os seus três enormes caldeirões. O vento forte
enchia o ar de faúlhas azuladas que esvoaçavam por todo o lado.
Pela ampla janela do quarto do príncipe via-se de forma clara a bruxa que atiçava as brasas debaixo do
seu enorme caldeirão de ferro de pernas tão carcomidas que parecia, a cada momento, ir tombar sobre as
brasas. Mexia e remexia a poção mágica com um enorme garfo feito de dentes de leão atados uns aos outros
com minúsculas tranças feitas de crinas de cavalo. Sobre uma pedra, estavam alinhadas oito minúsculas
panelas de barro cheias de água fervente e onde a bruxa colocava incessantemente dentes de leão, camomila,
erva cidreira, carqueja e hortelã. Depois encheu com este líquido quatro tijelas enormes, deixou-o arrefecer e
de um só trago engoliu todo o líquido.
De olhos mortiços, sentou-se sobre uma pedra e deixou descair a cabeça sobre as mãos e pôs-se a
chorar convulsivamente durante horas e horas. As brasas esmoreceram, os potes deixaram de ferver, as
faúlhas pousaram sobre a relva e a noite chegou.
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DeClara, nº 23 maio 2019
Agora já não chorava. Varria a clareira com uma enorme vassoura feita de madressilvas e ria tão alto e
de uma forma sinistra que parecia o sibilar de uma serpente. Às vezes, cantarolava sem cessar uma lengalenga
incompreensível, mas tão sentida que aqueles que a ouviam se deliciavam e se esqueciam que era ela quem
estava a cantar.
E, estranhamente, no dia seguinte na clareira só havia pequenas pétalas de flores que esvoaçavam
levemente.
Ora, para espanto de todos, o céu invernio tornou-se levemente azulado. Durante meses e meses, a
enorme chaminé não fumegou e só se ouvia ao longe o gemido da bruxa, mas tão baixinho que às vezes mais
parecia o sussurrar dos abetos.
E, debruçado sobre o peitoril da janela do seu quarto, o príncipe com o olhar vago entristecia-se com a
tristeza da bruxa, imaginava a imensidão da sua tristeza, a sua solidão sem fim o desconforto do seu casebre.
Por vezes, arrastando a voz, cantava ao mesmo tempo que a bruxa e o canto de ambos era estranhamente
melodioso.
E os dias do rei e da rainha ficaram ainda mais sombrios.
O seu filho estava decerto doente e tudo o que lhe estava a acontecer era por causa da sua solidão e da
sua tristeza e do encantamento terrível da terrível bruxa.
E, mais uma vez se multiplicaram as festas e os bailes. Os salões encheram-se de bobos, de
saltimbancos, jograis, trovadores, músicos, dançarinos, mágicos, que divertiam os convidados. Mas nada fazia
diminuir a tristeza do príncipe.
E, mais uma vez, o rei enviou mensageiros por todo o reino oferecendo metade do reino àquele que
fosse capaz de expulsar a terrível bruxa.
Mas, quando príncipe tomou conhecimento da decisão dos pais, mandou chamar de imediato todos os
conselheiros que se reuniram no enorme salão na ala direita do palácio atapetado de vermelho e onde
reluziam as pratas e os cristais.
Ao longe ouvia-se o gemer da velha nora e, por entre o sussurrar dos abetos, a voz calma da bruxa que
cantava baixinho enquanto atiçava o fogo nos seus caldeirões.
– Porque teimais em expulsar a bruxa que mora lá longe no fundo da floresta? A mim não me perturba
e, por isso ficará onde quiser estar. E não tenho mais nada a dizer.
E um a um, os conselheiros, brancos como cera, entreolharam-se e emudeceram. O seu príncipe estaria
decerto louco e nada podiam fazer.
E, repentinamente, o príncipe tornou-se mais alegre e o seu olhar doce ainda mais doce. Era frequente
vê-lo passear pelos campos a perder de vista, pelos bosques longínquos, pelas pradarias cobertas de trevos,
de boninas e de girassóis.
O aio, que quase sempre o acompanhava, vinha feliz e contava que o tinha visto poisar com ar
encantado a cabeça sobre um tronco rugoso e cavalgar alegremente nos densos bosques. Contava também
que o vira deliciado, mergulhar os pés nas águas gélidas da fonte e seguir por caminhos perigosos mesmo
quando amargurado lhe dizia que estes eram perigosíssimos.
–Todos os caminhos são caminhos e onde há coragem não há caminhos difíceis.
Nos dias soalheiros, a bruxa sentada à porta do seu casebre e, cantarolando baixinho, remendava as
suas velhas roupas enquanto atiçava as brasas debaixo dos caldeirões que ferviam lentamente. Havia muito
tempo que da sua chaminé não saia o fumo azulado e havia muito tempo que o vapor das suas poções não
subia no ar. Apenas a voz tristonha se elevava no ar e apenas o vapor dos caldeirões subia no ar morno.
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DeClara, nº 23 maio 2019
E, se não fossem aqueles terríveis dias em que ela enchera o ar de faúlhas, ninguém se lembraria que,
naquele lugar sombrio, morava a velha bruxa.
Certo dia, cansado de cavalgar, o príncipe tomou a vereda que o levava à clareira que ficava apenas
alguns metros do seu casebre. Ao longe avistavam-se os campos cobertos de margaridas e que pareciam, uma
toalha enorme magnificamente branca coberta de flores campestres. Nos prados as vacas de largas ancas ao
lado das pequenas crias comiam rapidamente a erva. Depois calmamente traziam a erva de novo à boca para
a ruminar com ar calmo na luz tranquila da tarde. As rãs, como uma orquestra afinada, coaxavam alegremente
enchendo o ar leve com o vozeirão da sua voz imensamente alegre.
O seu aio recuou, estremeceu e ficou tão pálido como nunca se vira ninguém.
– Senhor, meu príncipe, não podeis ir por aí. Não podeis pôr vossa vida em risco –disse gaguejando.
–Não te preocupes! A vida é um risco contínuo. Temos apenas que ser cautelosos. Sem o risco tudo é
muito triste, sombrio e muito melancólico. Já imaginaste como seria a vida ,se não houvesse perigos?
–Sim – disse timidamente o aio de olhos tão redondos que pareciam ter dobrado o seu tamanho.
–São as coisas imperfeitas que a vida nos mostra que nos ensinam a amar com o coração as coisas
belas.
E olhando à sua volta, acrescentou:
–Se o meu jardim tivesse sempre as plantas floridas, se as árvores não despissem as suas folhas, se os
rios não se enchessem de águas turvas, não saberia o que é a Primavera. Não haveria razões para me
debruçar na varanda para ver ao longe os campos cobertos de boninas, margaridas, trevos e papoilas.
Também já não ficaria feliz ao ver os ventos arrastarem as últimas nuvens cinzentas para, finalmente, poder
mergulhar os pés nas fontes claras e nos rios de água transparente.
–Sim. Tem razão. Mas não é assim tão simples – disse gaguejando, pois não estava habituado a ouvir ao
seu príncipe falar assim tão decidido.
–As coisas são o que nós quisermos. Nós temos que nos sentir felizes com o que a vida nos dá. Já me
ouviste alguma vez amaldiçoar a minha sorte ou lamentar-me da minha tristeza?
–Mas há a bruxa, terrivelmente terrível – arriscou o conselheiro. O senhor meu príncipe já viu como ela
tem andado tão calada? De certeza que tem andado a experimentar novos ingredientes para pôr nas suas
poções. Em breve o perigo será ainda muito maior, tenho a certeza. Talvez esteja mesmo a pensar em nos
expulsar daqui. É muito, muito terrível. Ouvi dizer que dentro do seu casebre há milhares de pássaros
encantados, animais com quatro cabeças, milhares de plantas venenosas, e pedras que transformam os que
se aproximam em pedras muito duras.
–É capaz… Mas diz-me. Já me viste alguma vez amaldiçoar a minha má sorte?
– Não, não vi.
– Pois então o caminho que devo seguir é a vereda que leva à clareira. Estás assustado porque a minha
pele poderá ficar levemente azulada?
– Sim...
– Pois, o tom azulado, talvez nem seja até azulado. Algum dia viste alguém assim?
– Ver... assim… não vi. Mas se todos dizem que sim é porque é.
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– A pele é apenas a nossa pele, não é a nossa alma. O importante é a nossa maneira de estar no mundo.
Branca, negra, vermelha, amarela ou levemente azulada que importa? Somos todos humanos, com um coração
que bate. O importante é que o nosso coração seja grande. O importante é não estarmos no mundo como se
estivéssemos sozinhos.
–Irei sozinho disse o príncipe.
–Não posso. Sou responsável por vós.
–Não agora. Regressa ao palácio. Regressarei em breve.
E tomando o pequeno atalho à direita ladeado de velhos castanheiros, cedros e tuias o príncipe chegou à
clareia. À volta reinava um silêncio quase total.
Apenas se ouvia o canto das cigarras cantando sem parar sob um choupo que se debruçava sobre o
riacho e o coaxar sonoro das rãs saltitando no charco
Retirou de um alforge um velho alaúde brilhante como uma pérola e começou a tocar uma ária
antiquíssima, muito triste, mas melodiosa. O alaúde com o seu pequeno braço parecia uma gota enorme de
água brilhante e magnífica. A sua parte de trás composta por pequenas ripas parecia uma pequena pipa.
E, repentinamente, a alegria do príncipe despareceu como num passe de magia. Pousou delicadamente o
alaúde sobre a relva de um verde tão escuro que parecia uma pedra de jade.
O príncipe tocara a mesma ária pela quinta vez e não era capaz de escolher outra.
Pousou o alaude sob o tronco rugoso de um castanheiro e deu alguns passos em direção ao casebre da
bruxa que, sentada sobre uma rocha, alisava docemente com os dedos os cabelos emaranhados.
Viu, então, que as suas mãos eram esguias e delicadas, os seus olhos de um azul profundo e os seus pés
muito verdes. Caminhava vagarosamente arrastando uns velhos sapatos que cobrira com flores de camomila e
atara com folhas de louro que entrançara de uma forma invulgar.
E, maravilhado, voltou ao castelo e passou a noite a sonhar com a bruxa que tinha os olhos mais doces
que todas as princesas com quem tinha dançado nas longas noites de baile.
E os dias do príncipe deixaram de ser sombrios e enevoados. Passou a sair a cavalo logo de manhã e só
voltava ao início da tarde.
Mas os seus pais continuavam tristes. O seu filho crescera, já devia tomar decisões nas coisas
importantes do reino. Preocupava-os que, um dia, o seu reino ficasse sem rei e que todos os tesouros
acumulados durante longos anos se perdessem.
E, enquanto o velho rei se reunia com os conselheiros, o príncipe passava horas olhando os campos
extensos e a clareira onde morava a bruxa.
Numa manhã chuvosa de Inverno, saíra sozinho ainda o sol se escondia por trás das altas montanhas. Os
relâmpagos iluminavam o ar escuro e as nuvens eram tão escuras que parecem poisar levemente sobre a terra.
O príncipe embrenhou-se nos bosques sombrios e atravessou o pequeno rio.
Mas, repentinamente, o céu tornou-se ainda mais sombrio e a chuva era tão forte que parecia alagar
toda a terra. O vento era tão cruel que parecia arrancar uma a uma todas as árvores da floresta. As ervas de
raízes transparentes dobravam sobre o chão o seu caule mole.
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O príncipe perdeu-se nos bosques. Estava pálido. As suas vestes de seda estavam rasgadas, os seus
sapatos de fivelas de ouro estavam esburacados, o seu manto enlameado, os seus cabelos esguedelhados.
Queria atravessar o estreito rio, mas o caudal triplicara o volume em menos de uma hora.
E, tiritando, aconchegara-se na concavidade de uma rocha, esperava que a chuva abrandasse. Mas o rio
tornara-se intransponível.
O rei mandou os criados procurar o príncipe, mas os terrenos estavam tão alagados que nenhum deles
era capaz de avançar mais do que alguns metros.
Os mensageiros do rei fizeram saber por todo o reino que seria imensamente recompensado aquele que
salvasse o príncipe.
Mas havia a terrível bruxa que todos odiavam.
Que importavam as riquezas se podiam ficar à mercê daquela terrível feiticeira? De que lhes valia o reino
se tivessem que viver a vida inteira no meio dos animais de sete cabeças e de sete patas, a ver os potes que
ferviam noite e dia? Quem é que lhes podia garantir que não teriam de viver acorrentados a vida inteira na
escuridão do seu casebre?
E, ainda que sonhando com a recompensa, cada um encontrava uma desculpa para não ir.
E, aos olhos de todos, a bruxa tornara-se ainda mais bruxa.
Da sua chaminé saia noite e dia um fumo escuríssimo que tornava mais sombrio o ar já tão sombrio.
Por momentos, uma nesga mais clara abrira o céu e a bruxa saíra para o bosque.
De repente, vira o príncipe estendido quase sem força. E, arrastando-o com cautela, conduziu-o ao seu
casebre.
O príncipe não se movia. Por muito tempo julgou que o frio lhe trazia visões. Não se assustou, pois pôde
ver de perto as suas mãos suaves, os seus dedos esguios, a sua pele macia e os seus olhos cor do mar.
Com as suas mãos delicadas aquecia as suas mãos gélidas enquanto lhe dava a beber uma infusão de
ervas que ela recolhera cuidadosamente à porta do casebre.
E, pouco a pouco, o príncipe adormecera.
Cobriu-o delicadamente com uma colcha feita de pequenos bocadinhos de pele que cosera
cuidadosamente e decorara com pétalas de flores.
Quando o príncipe acordou, alisava docemente os seus cabelos e olhava-o intensamente.
Era parecido com o príncipe que ela vira na clareira e com o qual sonhara horas e horas e esperara
pacientemente horas e horas até que se debruçasse na varanda.
E enquanto colocava achas na fogueira disse-lhe:
– Partirás quando quiseres.
– Eu sei– disse o príncipe.
Ela calou-se e, sob os seus cabelos, ouvia-se um leve soluçar.
– Porque choras?
– Porque por algumas horas esqueci a solidão, ouvi o teu coração humano que batia, e senti nas minhas
mãos o calor frio das tuas mãos. E agora que partirás, os dias para mim serão ainda mais tristes, as horas mais
arrastadas e o vazio ainda maior.
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– Os meus dias também são tristes e minha solidão é do tamanho do mundo.
– Eu sei…. A minha dor é, por isso, muito, muito grande.
–Mas porquê?
– Vou então contar-te um pouco da minha vida. Não sou, como todos dizem, uma bruxa, sou uma
Trevofada, ou seja, uma bruxa que se alimenta de trevo.
–Mas porquê?
–Pois… é uma longa história triste e antiga.
–Sim?
–Deveria ser rainha de um reino do qual perdi a memória. Mas a rainha desse reino tinha poderes
estranhos. Como era muito apaixonada pelo rei, transformou-me numa Trevofada para que pudesse casar com
ele, como queria.
Contudo, a rainha das feiticeiras encarregue de me enfeitiçar teve pena de mim. Decidiu que não
envelheceria, mas não teria pés humanos, mas estes pés verdes que podes ver. Foi uma promessa terrível. Só
voltaria a ter pés humanos se um príncipe aceitasse casar comigo. E o príncipe que enfeiticei também deixaria
de estar enfeitiçado.
–Oh – disse o príncipe comovido. Mas isso é terrível.
–Muito. Nenhum príncipe irá casar com uma Trevofada esguedelhada que vive num casebre pobre num
canto da floresta.
– Não podes desistir, talvez alguém possa amar-te de verdade.
–Ninguém se aproximará de mim.
E, repentinamente começou a chorar.
– Por minha culpa o príncipe está enfeitiçado. Não saberá escolher. Por isso não governará o reino, e não
casará, porque não conseguirá escolher E fui eu que ajudei a feiticeira. Agora vejo-o ao longe na sua solidão e
não posso fazer nada, porque não me é permitido retirar o que já foi feito.
–Mas tu já viste alguma vez esse príncipe?
–Sim. Um dia vi-o na clareira. Os seus olhos eram tristes, mas imensamente doces os mais doces que se
pode imaginar. A partir desse dia, deixei de cozinhar as poções mágicas com que entretinha os meus dias e
passei a olhar noite e dia a clareira por onde o vi chegar. Mas não voltou. E, os meus dias ficaram ainda mais
tristes. Às vezes vejo-o ao longe debruçado na varanda e, o meu coração bate tão intensamente que parece
saltar do peito. E, sofro, sofro muito, porque sei que o príncipe não vai querer para esposa uma Trevofada.
–Conheço o jardineiro do palácio. Vou pedir-lhe que te deixe ir ao baile para que possas ver de perto o
príncipe. Tenho a certeza que vais poder ir –disse o príncipe sorrindo.
No dia seguinte, o príncipe voltou ao palácio, mas voltou de imediato ao casebre.
–Está combinado. Amanhã irás ao baile.
E, agoniada, pôs-se a chamar pela rainha das feiticeiras.
–Que me queres?
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–Fui convidada para ir ao palácio, mas como posso ir se não tenho vestidos nem sapatos?
– Vou trazer o vestido mais belo e os sapatos mais cristalinos, mas já sabes que não perderás os teus
enormes pés verdes. Terás dores muito fortes, porque os teus pés não foram feitos para usares sapatos.
–Assim será.
E no dia seguinte era o dia do baile. Via ao longe as tochas do salão de baile e os eu coração estremecia.
Mas era como lhe tinha dito a rainha das fadas. Os seus pés estavam doridos, e era como se a cada
momento pisasse minúsculos pedacinhos de vidro. Mas ela suportava tudo com ar sereno e cobria com o seu
maravilhoso vestido de musseline os seus pés verdes e dançava com tanta leveza que todos se maravilhavam.
O príncipe convidou-a para dançar.
O coração saltava-lhe do peito e cada vez pequenos vidros pareciam dilacerar os seus pés. E não desistiu
e dançou a noite inteira.
O príncipe convidou-a a passear no jardim.
E, repentinamente, olhou, de mais perto, os olhos que brilhavam imensamente sob o brilho do luar e
reconheceu o olhar doce e as mãos esguias que aquecera na noite gélida em que o príncipe se perdera.
E todo o reino estava feliz pelo seu príncipe.
E os dias iam correndo e os habitantes entristeciam-se porque já não havia bruxa para temer e a floresta
tinha perdido a sua magia.
Conto inédito da
Professora Maria Acilda Almeida
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É BOM SABER ...
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Curiosidade..
As Maias
Na noite de 30 de Abril para 1 de Maio, há um
hábito recorrente nos quatro cantos do país,
embora com pequenas variantes: a colocação de
Maias à porta.
Todos os anos, de 30 de Abril para 1 de Maio é
tradição no Minho, Douro e Beira Alta, que se
coloquem à porta ou janelas de casa ramalhetes de
giestas amarelas, também conhecidas por maias por
florirem em Maio. Todavia, noutras regiões de
Portugal é também celebrado, embora de forma algo
diferente [1].
Leite de Vasconcelos [3] refere o costume português
das Maias como a mais antiga menção desta festa
popular, festa evidentemente naturalística, posto
mais ou menos desviada da sua significação
primitiva, já pelo próprio Paganismo, já pelo
Cristianismo, creio que se acha nestas linhas da
Postura da câmara de Lisboa de 1385: «Outro sim
estabelecemos que daqui em diante em esta Cidade
e em seu termo não se cantem as Janeiras nem
Maias, nem outro nenhum mês do ano».
É referido também que as origens desta tradição, de
reminiscências pagãs, encontra-se ligada a ritos de
fertilidade, do início da Primavera e do novo ano
agrícola, tal como se afirme que afasta o mau-olhado
e as bruxas de casa [1] [2].
As Maias propriamente ditas constam de duas
partes: o enramalhamento das portas, e o “Maio-
moço”. A primeira é celebrada no 1º de Maio no
Minho, Douro, Beira Alta, entre outros, onde se
enfeitam “as portas das casas com ramos de giestas,
chamadas Maias (…). O povo dá destes costumes
duas explicações (…):
Quando a Virgem foi para o Egipto, deixou pelo
caminho muitos ramos de giesta para não se enganar
na volta;
Quando Jesus Cristo nasceu, os Judeus procuraram-
no para o matarem, e, como soubessem que ele
estava em certa casa, colocaram-lhe à porta um ramo
de giesta, a fim de no dia seguinte o prenderem.
Nesse dia porém, todas as casas da povoação
apareceram marcadas, e os Judeus não puderam dar
com ele [3].
Com o advento do Cristianismo atribuiu-se a este
velho ritual pagão um carácter religioso ligado à
Festa da Santa Cruz e, mesmo, ao Corpo de Deus. A
lenda, alusiva a esta tradição, que com mais
frequência se ouve no Alto Minho, reza assim:
Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga
para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para
garantir que conseguiria eliminar o Menino, Herodes
dispunha-se a mandar matar todas as crianças.
Perante a possibilidade de um tão significativo
morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que
tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele
próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa
onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo
um sinal para que os soldados a procurassem e
consumassem o crime... A proposta do "Judas" foi
aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados
à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos
soldados quando, na manhã seguinte, encontraram
todas as casas da aldeia com ramos de giesta florida
à porta, gorando-se, assim, a possibilidade do
Menino Jesus, ser morto [2].
Daí terá vindo essa tradição de colocar ramos e
giestas (ou conjuntamente com outras flores,
(continua...)
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coroas), nas portas e janelas das casas, na véspera do
1º de Maio. De registar, ainda, que no Alto Minho
este costume se estende aos carros de bois, aos
automóveis, aos tratores, etc. Em certas localidades,
coloca-se o raminho de giesta porque... o Maio é
tolo! Noutras, os rapazes que estão para casar,
metem por baixo das portas das casas das moças "de
bom comportamento" (sem disso elas se
aperceberem) uma "maia de rosas" [2]
[1] Falcão do Minho, 2006. Tradição das Maias. Site
disponível: Jornal Falcão do Minho; URL:
http://www.falcaodominho.pt/jornal/fm_news.php?nid=3
8.
[2] RTAM, 2004. Os Maios… As Maias. Site Disponível:
RTAM – Região de Turismo do Alto Minho; URL:
http://www.rtam.pt/index.php?id_categoria=3&id_item=4
10.
[3] Vasconcelos, José Leite de, 1938. OPÚSCULOS Volume V
– Etnologia (Parte I). Imprensa Nacional, Lisboa.
Chico Buarque é o vencedor do Prémio Camões
2019. A decisão foi tomada pelo júri da 31ª edição do
prémio, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de
Janeiro.
Esta é a distinção de maior prestígio da Língua
Portuguesa!
Chico Buarque foi já distinguido duas vezes com o
prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no
Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010,
obra com que também venceu o antigo Prémio
Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste",
em 2006.
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara
Rowland e Manuel Frias Martins, indicados pelo
Ministério português da Cultura, pelos brasileiros
António Cícero Correia Lima e António Carlos
Hohlfeldt, pela professora angolana Ana Paula
Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel
Ngomane, como explica a correspondente da SIC no
Brasil, Ivani Flora.
O escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de
Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de
Janeiro.
Estreou-se nas Letras com o romance "Estorvo",
publicado em 1991, a que se seguiram obras como
"Benjamim", "Tantas palavras" e "O Irmão Alemão",
publicado em 2014.
Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois
pelo conjunto da obra literária.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa
foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com
o objetivo de distinguir um autor "cuja obra
contribua para a projeção e reconhecimento do
património literário e cultural da língua comum".
O prémio Camões foi atribuído pela primeira vez, em
1989, ao escritor Miguel Torga.
Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-
verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha
fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr.
Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.
Biblioteca Escolar
PRÉMIO CAMÕES 2019
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A Propósito de ….
ESCHER
Maurits Cornelis Escher nasceu em Leeurwarden, Holanda do Norte, no dia 17 de
junho de 1898 e morreu em Hilversum, Holanda do Norte, no dia 27 de março de
1972.
Em 1903 a família mudou-se para Amhelm, onde Maurits logo cedo mostrou o seu
talento para o desenho e recebeu o incentivo dos professores. Em 1919 ingressou na School of Architecture
and Decorative Artes, em Haarlem. Ao desenvolver o interesse por desenho e gravura, passou então a estudar
Artes Decorativas abandonando a arquitetura.
Em 1921, Escher e a sua família estiveram em Itália, que se tornou um dos lugares prediletos do artista. Mais
tarde voltou à Itália onde visitou diversas cidades, entre elas, Florença, Siena e Ravello, onde procurou
inspiração para os seus trabalhos.
Em 1923, estando em Itália, conheceu Jetta Umiker, com quem se casou a 12 de junho de 1924 em Roma, teve
três filhos e comprou uma casa em 1926.
Escher viveu no anonimato até 1951, quando começou a vender as suas xilogravuras e litogravuras. Em 1954
passou a destacar-se pela geometria constante nas suas obras, uma característica da arte islâmica. Foi
considerado um artista matemático, sobretudo geométrico.
A obra de Escher atravessou várias fases:
• O “período das paisagens” (1922-1937), época em que viveu na Itália, quando representou as
estradas sinuosas do campo italiano e sua arquitetura densa de pequenas cidades das encostas;
• O “período das Metamorfoses” (1937-1945), quando uma forma ou objeto eram transformados
em algo completamente diferente – tornando-se um dos temas favoritos de Escher;
• O “período das gravuras subordinadas à perspectiva” (1946-1956);
• O “período da aproximação ao infinito” (1956-1970).
Entre as obras de Escher destacam-se:
• “Torre de Babel” (19289;
• “Metamorfoses” - a série (1937 a 1940);
• “Another World” (1947);
• “Côncavo e Convexo” (1955);
• “Subindo e Descendo” (1960);
• “Queda d’água” (1961).
Pineta of Calvi Corsica, 1933;Realism
Drawing Hands; Biblioteca Escolar