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PROFESSOR: ANTONIO CAVALCANTE
EQUIPE:
CYBELLE FREIRE AIRES
PAULO EDUARDO CRUZ LOPES FILHO
IURITAVARES DE SOUSA
A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO – CAP. 11
Pierre Clastres (1934-1977)
• Foi um relevante antropólogo e etnógrafo
francês, conhecido por seus trabalhos de
antropologia política e por sua pesquisa sobre
sociedades ameríndias sul-americanas
não-andinas, isto é, as sociedades da Floresta,
como os povos Tupi, Tupi-Guarani,
Guarani-Kaiowá, Yanomami e, principalmente,
os Guayaki do Paraguai.
• Em 1974, reúne uma série de ensaios e artigos
sobre essas sociedades em um livro e publica
com o título A sociedade contra o Estado:
Pesquisas de Antropologia Política.
Sociedades da FlorestaTropical ≠ Sociedades Andinas:
Os Relatos de Soldados, Missionários eViajantes Europeus
dos séculos XVI e XVII
• Pierre Clastres observa que os primeiros
relatos sobre as culturas dos altos
planaltos andinos e as culturas da Floresta
Tropical são contrastantes, porém, essas
diferenças são acentuadas
exageradamente na sucessão do tempo;
• Surge o mito de uma Americana
pré-colombiana inteiramente entregue à
selvageria, com exceção da região andina,
onde os Incas tinham conseguido fazer
triunfar a civilização.
• Segundo Clastres, essas concepções simplistas
sobre as sociedades da Floresta Tropical não são
ingênuas, visto que harmonizavam com os
objetivos da colonização de levar a civilização para
os “selvagens”;
• Tal pensamento cristalizou-se em uma verdadeira
tradição, influenciando os etnólogos
americanicistas;
• Sem conhecimento do posicionamento dos autores
que relataram o processo de colonização nos
territórios americanos, os etnólogos produziram
por muito tempo pesquisas imparciais,
determinadas pelo o ponto de vista dos primeiros
exploradores.
Estado de Civilização ≠ Civilização de Estado
• Não há nada que fundamente a relação arbitrária entre ESTADO DE CIVILIZAÇÃO e
CIVILIZAÇÃO DE ESTADO, designando este último como termo necessário a toda sociedade;
• O julgamento de que as sociedades primitivas são sociedades sem Estado em si é verdadeira,
mas dissimula uma opinião, um juízo de valor: “Não se pode imaginar a sociedade sem o
Estado, o Estado é o destino de toda sociedade”;
• Os etnólogos etnocentristas tendem a interpretar que as sociedades primitivas pararam no
curso da história, não alçando o último estágio da evolução de uma civilização: a formação do
Estado;
• Já que as sociedades primitivas não possuem Estado, consideram-nas sociedades não
verdadeiras, incompletas, incapazes de revelar modelos de organização social e político
precisos para os estudiosos.
As Sociedades Primitivas Sob o Estigma da Falta
• Pierre Clastres nota que as sociedades arcaicas são determinadas de maneira
negativa sob o critério da falta: sociedade sem Estado, sociedade sem escrita,
sociedade sem história.
• No Plano econômico: sociedades de economia de subsistência. Também não
dispõem de mercado.
• Todavia, pode objetar o bom senso, para que serve um mercado se não há
excedentes?
• Por que as sociedades primitivas não produzem excedentes?
• Invocam-se o subequipamento técnico, a inferioridade tecnológica.
A Preguiça Ameríndia:
Contradição em Relação ao Paradigma da Precariedade
• Longe de constatar uma economia de
subsistência nas sociedades da Floresta
Tropical, os primeiros europeus a desembarcar
no Brasil descreveram a existência de
guerreiros de grande estatura, mulheres fortes
e crianças robustas nos primeiros aldeamentos
indígenas avistados.
• As poucas horas que os nativos destinavam ao
trabalho irritavam colonizadores portugueses e
franceses.
Lógica deTrabalho das Sociedades da Floresta
Tropical
• Os índios Yanomami da Amazônia venezuelana destinam uma média de 3 horas
diárias ao trabalho, incluindo todas as atividades;
• Ao realizar uma estimativa de tempo que os índios Guayaki dedicam ao trabalho,
Pierre Clastres conclui que – não todos os dias – eles trabalham aproximadamente
metade do dia, entre os horários de 6 e 11 horas da manhã;
• Diante desses dados, conclui-se que as sociedades primitivas não vivem de uma
economia de subsistência, isto é, não trabalham em busca permanente de
assegurar a sobrevivência. Na verdade, utilizam o tempo ocioso para outros
afazeres, como rituais religiosos, lazer, etc.
• As sociedades primitivas não vivem sob as escassez de recursos, e as poucas horas
dedicadas ao trabalho suprem suas necessidades satisfatoriamente.
POR QUE AS SOCIEDADES PRIMITIVAS PRESERVAM-SE SEM
ESTADO?
• As sociedades primitivas não reconhecem uma autoridade capaz de controlar o destino do grupo. O líder
surge na guerra e é escolhido por sua expertise na coordenação de batalhas. Quando o embate entre
duas tribos encerra, cada membro retorna à sua rotina. Caso o líder continue a dar voz de comando, é
deixado para trás;
• “Se parece ainda impossível determinar as condições de aparecimento do Estado, podemos em troca
precisar as condições de seu não-aparecimento, e os textos que foram aqui reunidos tentam cercar o
espaço do político nas sociedades sem Estado. Sem fé, sem lei, sem rei: o que no século XVI o Ocidente
dizia dos índios pode estender-se sem dificuldade a toda sociedade primitiva. Este pode ser mesmo o
critério de distinção: uma sociedade é primitiva se nela falta o rei, como fonte legítima da lei, isto é, a
máquina estatal. Inversamente, toda sociedade não-primitiva é uma sociedade de Estado: pouco importa
o regime socioeconômico em vigor. É por isso que podemos reagrupar numa mesma classe os grandes
despotismos arcaicos – reis, imperadores da China ou dos Andes, faraós –, as monarquias mais recentes –
O Estado sou eu – ou os sistemas sociais contemporâneos, quer o capitalismo seja liberal como na Europa
ocidental, ou de Estado como alhures…” (Página 183, CLASTRES, Pierre)
PRIMEIRA PERGUNTA
1)
SEGUNDA PERGUNTA
2)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• http://acracia.org/pierre-clastres-y-las-sociedades-contra-el-estado/
OBRIGADOS !!!

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  • 1. PROFESSOR: ANTONIO CAVALCANTE EQUIPE: CYBELLE FREIRE AIRES PAULO EDUARDO CRUZ LOPES FILHO IURITAVARES DE SOUSA A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO – CAP. 11
  • 2. Pierre Clastres (1934-1977) • Foi um relevante antropólogo e etnógrafo francês, conhecido por seus trabalhos de antropologia política e por sua pesquisa sobre sociedades ameríndias sul-americanas não-andinas, isto é, as sociedades da Floresta, como os povos Tupi, Tupi-Guarani, Guarani-Kaiowá, Yanomami e, principalmente, os Guayaki do Paraguai. • Em 1974, reúne uma série de ensaios e artigos sobre essas sociedades em um livro e publica com o título A sociedade contra o Estado: Pesquisas de Antropologia Política.
  • 3. Sociedades da FlorestaTropical ≠ Sociedades Andinas: Os Relatos de Soldados, Missionários eViajantes Europeus dos séculos XVI e XVII
  • 4. • Pierre Clastres observa que os primeiros relatos sobre as culturas dos altos planaltos andinos e as culturas da Floresta Tropical são contrastantes, porém, essas diferenças são acentuadas exageradamente na sucessão do tempo; • Surge o mito de uma Americana pré-colombiana inteiramente entregue à selvageria, com exceção da região andina, onde os Incas tinham conseguido fazer triunfar a civilização.
  • 5. • Segundo Clastres, essas concepções simplistas sobre as sociedades da Floresta Tropical não são ingênuas, visto que harmonizavam com os objetivos da colonização de levar a civilização para os “selvagens”; • Tal pensamento cristalizou-se em uma verdadeira tradição, influenciando os etnólogos americanicistas; • Sem conhecimento do posicionamento dos autores que relataram o processo de colonização nos territórios americanos, os etnólogos produziram por muito tempo pesquisas imparciais, determinadas pelo o ponto de vista dos primeiros exploradores.
  • 6. Estado de Civilização ≠ Civilização de Estado • Não há nada que fundamente a relação arbitrária entre ESTADO DE CIVILIZAÇÃO e CIVILIZAÇÃO DE ESTADO, designando este último como termo necessário a toda sociedade; • O julgamento de que as sociedades primitivas são sociedades sem Estado em si é verdadeira, mas dissimula uma opinião, um juízo de valor: “Não se pode imaginar a sociedade sem o Estado, o Estado é o destino de toda sociedade”; • Os etnólogos etnocentristas tendem a interpretar que as sociedades primitivas pararam no curso da história, não alçando o último estágio da evolução de uma civilização: a formação do Estado; • Já que as sociedades primitivas não possuem Estado, consideram-nas sociedades não verdadeiras, incompletas, incapazes de revelar modelos de organização social e político precisos para os estudiosos.
  • 7. As Sociedades Primitivas Sob o Estigma da Falta • Pierre Clastres nota que as sociedades arcaicas são determinadas de maneira negativa sob o critério da falta: sociedade sem Estado, sociedade sem escrita, sociedade sem história. • No Plano econômico: sociedades de economia de subsistência. Também não dispõem de mercado. • Todavia, pode objetar o bom senso, para que serve um mercado se não há excedentes? • Por que as sociedades primitivas não produzem excedentes? • Invocam-se o subequipamento técnico, a inferioridade tecnológica.
  • 8. A Preguiça Ameríndia: Contradição em Relação ao Paradigma da Precariedade • Longe de constatar uma economia de subsistência nas sociedades da Floresta Tropical, os primeiros europeus a desembarcar no Brasil descreveram a existência de guerreiros de grande estatura, mulheres fortes e crianças robustas nos primeiros aldeamentos indígenas avistados. • As poucas horas que os nativos destinavam ao trabalho irritavam colonizadores portugueses e franceses.
  • 9. Lógica deTrabalho das Sociedades da Floresta Tropical • Os índios Yanomami da Amazônia venezuelana destinam uma média de 3 horas diárias ao trabalho, incluindo todas as atividades; • Ao realizar uma estimativa de tempo que os índios Guayaki dedicam ao trabalho, Pierre Clastres conclui que – não todos os dias – eles trabalham aproximadamente metade do dia, entre os horários de 6 e 11 horas da manhã; • Diante desses dados, conclui-se que as sociedades primitivas não vivem de uma economia de subsistência, isto é, não trabalham em busca permanente de assegurar a sobrevivência. Na verdade, utilizam o tempo ocioso para outros afazeres, como rituais religiosos, lazer, etc. • As sociedades primitivas não vivem sob as escassez de recursos, e as poucas horas dedicadas ao trabalho suprem suas necessidades satisfatoriamente.
  • 10. POR QUE AS SOCIEDADES PRIMITIVAS PRESERVAM-SE SEM ESTADO? • As sociedades primitivas não reconhecem uma autoridade capaz de controlar o destino do grupo. O líder surge na guerra e é escolhido por sua expertise na coordenação de batalhas. Quando o embate entre duas tribos encerra, cada membro retorna à sua rotina. Caso o líder continue a dar voz de comando, é deixado para trás; • “Se parece ainda impossível determinar as condições de aparecimento do Estado, podemos em troca precisar as condições de seu não-aparecimento, e os textos que foram aqui reunidos tentam cercar o espaço do político nas sociedades sem Estado. Sem fé, sem lei, sem rei: o que no século XVI o Ocidente dizia dos índios pode estender-se sem dificuldade a toda sociedade primitiva. Este pode ser mesmo o critério de distinção: uma sociedade é primitiva se nela falta o rei, como fonte legítima da lei, isto é, a máquina estatal. Inversamente, toda sociedade não-primitiva é uma sociedade de Estado: pouco importa o regime socioeconômico em vigor. É por isso que podemos reagrupar numa mesma classe os grandes despotismos arcaicos – reis, imperadores da China ou dos Andes, faraós –, as monarquias mais recentes – O Estado sou eu – ou os sistemas sociais contemporâneos, quer o capitalismo seja liberal como na Europa ocidental, ou de Estado como alhures…” (Página 183, CLASTRES, Pierre)