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Variedade
Linguística
1.Variação histórica: a língua se altera de época
     para época, conforme as transformações
                   socioculturais
             que marcam cada tempo.
   2.Variação geográfica: de lugar para lugar
                      também
    há diferenças significativas dentro de uma
   língua. A fala da zona rural, por exemplo, é
                       muito
         diferente da fala da zona urbana.
3.Variação social: entre uma classe social e
                     outra
há diferentes modos de falar. Um magistrado,
  por exemplo, não fala como um operário.
   Entre as variantes sociais, costumam-se
                  distinguir
            duas grandes divisões:
  a) variedade culta (das pessoas com mais
                   prestígio
                    social);
 b) variedade popular (dos segmentos sociais
            com menos prestígio).
4.Variação de situação: um mesmo indivíduo
varia o próprio modo de falar, de acordo com
  as circunstâncias em que se situa o ato de
                   comunicação.
       Entre as variações de situação (ou
     variação de estilo), distinguem duas:
         a) estilo informal (espontâneo,
                descomprometido,
    com baixo grau de preocupação com a
                    linguagem);
 b) estilo formal (calculado, vigiado, com alto
                 grau de reflexão).
É importante ressaltar quatro considerações sobre
norma e variação, a fim de evitar mal-entendidos
                 por parte dos alunos:
I. a língua é, simultaneamente, um código – cujas
  possibilidades estruturais são predeterminadas
   – e um fato social sujeito às tensões que dão
                      dinamismo
     à sociedade. São diversas as possibilidades
      previstas pelo código linguístico; algumas
     se realizam, outras não. Entre as variantes
   documentadas, estabelece-se uma valoração
  que é relativa, pois depende do prestígio social
   dos usuários e da frequência estatística desse
                       emprego;
II. as regras expostas pelas gramáticas escolares
     pretensamente refletem a variante mais
  empregada pelos falantes de maior prestígio
      social, entretanto não há comprovação
                      científica
       disso. Muito ao contrário, os poucos e
    recentes estudos de linguística descritiva do
  português do Brasil têm revelado importantes
      divergências em relação às prescrições
                 dessas gramáticas;
III. ao contrário do que o falante comum
                   crê, não
  existe uma coincidência plena entre as
                 prescrições
       contidas nas obras dos diversos
                 gramáticos,
revelando que os métodos e fundamentos
  utilizados variam de autor para autor;
IV. as regras gramaticais não são eternas
                   nem
imutáveis. Os usos linguísticos se alteram
                   com
o tempo, o que faz com que as prescrições
                pedagógicas
             sejam renovadas.
Por isso, em termos de variação linguística, os
                     vestibulares
     em geral e o Enem têm elaborado questões
  visando às seguintes competências do candidato:

    • identificar no texto e descrever marcas de uma
                       dada variação;
• identificar o segmento social com que certa variação
                        se relaciona;
• interpretar a funcionalidade do uso de certa variação
                para a construção do texto;
• reescrever variações, traduzindo-as para a
                      língua
                      culta;
• avaliar se a escolha de determinada variação
                        está
adequada à circunstância de comunicação em
               que foi empregada;
  • sequestrar (arremedar) a variação de um
                      grupo
     social para caricaturá-lo e satirizá-lo.

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  • 2. 1.Variação histórica: a língua se altera de época para época, conforme as transformações socioculturais que marcam cada tempo. 2.Variação geográfica: de lugar para lugar também há diferenças significativas dentro de uma língua. A fala da zona rural, por exemplo, é muito diferente da fala da zona urbana.
  • 3. 3.Variação social: entre uma classe social e outra há diferentes modos de falar. Um magistrado, por exemplo, não fala como um operário. Entre as variantes sociais, costumam-se distinguir duas grandes divisões: a) variedade culta (das pessoas com mais prestígio social); b) variedade popular (dos segmentos sociais com menos prestígio).
  • 4. 4.Variação de situação: um mesmo indivíduo varia o próprio modo de falar, de acordo com as circunstâncias em que se situa o ato de comunicação. Entre as variações de situação (ou variação de estilo), distinguem duas: a) estilo informal (espontâneo, descomprometido, com baixo grau de preocupação com a linguagem); b) estilo formal (calculado, vigiado, com alto grau de reflexão).
  • 5. É importante ressaltar quatro considerações sobre norma e variação, a fim de evitar mal-entendidos por parte dos alunos: I. a língua é, simultaneamente, um código – cujas possibilidades estruturais são predeterminadas – e um fato social sujeito às tensões que dão dinamismo à sociedade. São diversas as possibilidades previstas pelo código linguístico; algumas se realizam, outras não. Entre as variantes documentadas, estabelece-se uma valoração que é relativa, pois depende do prestígio social dos usuários e da frequência estatística desse emprego;
  • 6. II. as regras expostas pelas gramáticas escolares pretensamente refletem a variante mais empregada pelos falantes de maior prestígio social, entretanto não há comprovação científica disso. Muito ao contrário, os poucos e recentes estudos de linguística descritiva do português do Brasil têm revelado importantes divergências em relação às prescrições dessas gramáticas;
  • 7. III. ao contrário do que o falante comum crê, não existe uma coincidência plena entre as prescrições contidas nas obras dos diversos gramáticos, revelando que os métodos e fundamentos utilizados variam de autor para autor;
  • 8. IV. as regras gramaticais não são eternas nem imutáveis. Os usos linguísticos se alteram com o tempo, o que faz com que as prescrições pedagógicas sejam renovadas.
  • 9. Por isso, em termos de variação linguística, os vestibulares em geral e o Enem têm elaborado questões visando às seguintes competências do candidato: • identificar no texto e descrever marcas de uma dada variação; • identificar o segmento social com que certa variação se relaciona; • interpretar a funcionalidade do uso de certa variação para a construção do texto;
  • 10. • reescrever variações, traduzindo-as para a língua culta; • avaliar se a escolha de determinada variação está adequada à circunstância de comunicação em que foi empregada; • sequestrar (arremedar) a variação de um grupo social para caricaturá-lo e satirizá-lo.